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EDUCAÇÃO BRASILEIRA
"(...) O homem não nasce homem: isto o sabem hoje tanto a fisiologia quanto a psicologia.
Grande parte do que transforma o homem em homem forma-se durante a sua vida, ou
melhor, durante o seu longo treinamento para tornar-se ele mesmo, em que se acumulam
sensações, experiências e noções, formam-se habilidades, constroem-se estruturas
biológicas - nervosas e musculares - não dados a priori pela natureza, mas fruto do
exercício que se desenvolve nas relações sociais, graças às quais o homem chega a executar
atos tantos” humanos “quanto” não naturais “, como o falar e o trabalhar segundo um plano
e um objetivo. Ou talvez o homem nasça homem, mas apenas enquanto possibilidade que,
para se atualizar, requer, sem dúvida, uma aprendizagem num contexto social adequado...'“.
Podemos explicar tais fatos sob o ponto de vista sociológico, político, etc. Mas não
podemos perder a sensibilidade.
Não podemos perder a capacidade de nos indignar. Podemos e devemos transformar nossas
lágrimas e nossa indignação em organização e luta. Devemos dirigir a luta contra a
sociedade capitalista que desumaniza o homem. Podemos e devemos lutar pelo socialismo.
Introdução
Em setembro de 2008 explode o mercado financeiro norte-americano, deflagrando, segundo
os analistas, a maior ou de igual proporção crise da economia financeira dos EUA desde
1929. O colapso financeiro se expande para a Europa, Ásia e América Latina. Trata-se de
uma agudização da crise estrutural do sistema capitalista que atinge o seu epicentro, os
EUA.
Na tentativa de amenizar a recessão econômica - alguns analistas já falam em depressão -
os governos realizam intervenção no mercado e drenam trilhões de dólares para salvar as
instituições financeiras e as empresas capitalistas, estatizando total ou parcialmente
empresas, a exemplo dos governos dos EUA e da Inglaterra.
Este quadro agônico do sistema capitalista coloca a pá de cal que faltava sobre o paradigma
neoliberal expresso nas diretrizes do Consenso de Washington (1989) e nas diretrizes da
Declaração Mundial de Educação para Todos (1990). Ao contrário do final da década de 90
no séc. XX, hoje é possível fazer um balanço do neoliberalismo definitivo e não provisório,
como afirmava Perry Anderson no ensaio "Balanço do Neoliberalismo (2):...” qualquer
balanço atual do neoliberalismo só pode ser provisório. Este é um movimento inacabado.
“Por enquanto, porém, é possível dar um veredicto acerca de sua atualidade durante quase
15 anos nos países mais ricos do mundo, a única área onde seus frutos parecem, podemos
dizer assim, maduros. Economicamente o neoliberalismo fracassou, não conseguindo
nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, o
neoliberalismo conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente
mais desiguais, emboca não tão desestatizadas como queria. Política e ideologicamente,
todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores
provavelmente jamais sonharam, disseminando a simples ideia de que não há mais
alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm que
adaptar-se a suas normas. Provavelmente nenhuma sabedoria convencional conseguiu um
predomínio tão abrangente desde o início do século como o neoliberalismo hoje. Este
fenômeno chama-se hegemonia, ainda que, naturalmente, milhões de pessoas não acreditem
em suas receitas e resistam a seus regimes. A tarefa de seus opositores é a de oferecer
outras receitas e preparar outros regimes. Apenas não há como prever quando ou onde vão
surgir. Historicamente, o momento de virada de uma onda é uma surpresa.
Sem sermos pretensiosos ou arrogantes, podemos afirmar categoricamente que, após mais
de duas décadas de hegemonia neoliberal, este paradigma fracassou nos seus objetivos, nas
economias dos países semicoloniais e dependentes, assim como no campo educativo, que é
o nosso foco. No entanto, não basta fazermos um balanço, é fundamental apontarmos
elementos de programa para superarmos a crise estrutural da educação nacional. Nesse
sentido, é vital que os trabalhadores apresentem alternativas programáticas e políticas para
superar este quadro agônico do sistema capitalista mundial, pois podemos estar frente a
uma virada histórica.
Assim, durante mais de duas décadas o imperialismo implantou planos de ajustes
neoliberais na educação, que alguns denominam reformas ou contra-reformas, no Brasil,
América Latina, África e Ásia, através de organismos multilaterais, como Banco Mundial
(BIRD), FMI, UNESCO, BID etc. Os impactos dessas medidas são desiguais de um país
para outro, mas as diretrizes são semelhantes: redução da participação do Estado e
realização de parcerias, com fundações, Ongs, empresas e sociedade civil na área
educacional.
Junto com isso, procurou-se fortalecer a perda do sentido da universalidade e gratuidade da
Educação Pública, assim como da exclusividade do Estado como provedor. Porém, o
redimensionamento das funções públicas é diferente em cada um dos países; outro aspecto
de destaque é a descentralização. No Brasil é a municipalização da Educação Fundamental
e a política de fundos. No caso da Argentina, isso significou completar a provincialização, a
transferência da responsabilidade da educação a todas as províncias iniciada pela ditadura
militar. No México, ainda que isso tenha ocorrido, esse processo se deu em conjunto com
uma forte cumplicidade entre Estado e Sociedade Mexicana. E no Chile, um país unitário e
não federalista, a descentralização é, de fato, a privatização subsidiada pelo Estado, iniciada
na ditadura de Pinochet.
Embora o neoliberalismo tenha obtido avanços significativos na implantação de suas
políticas públicas nos sistemas educativos do Brasil e na América Latina, os objetivos
expressos na Declaração Mundial de Educação para Todos e depois reafirmados na
Conferência de Nova Déli, no Plano Decenal de Educação para Todos, produzido pela
Brasil em 1993, e no relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação
para o séc. XXI (Relatório Jacques Delors), na Conferência Mundial em Dakar, etc., na sua
maioria não obtiveram êxito quanto às suas metas. O número de analfabetos no mundo
continua no patamar de um bilhão de pessoas, cuja maioria é mulher. Os índices de
repetência e evasão escolar continuam elevados na maior parte das nações da América
Latina, África e Ásia.
No caso do Brasil, os Governos FHC (PSDB) e Lula (PT) não conseguiram erradicar o
analfabetismo; além disso, vivenciamos o crescimento do analfabetismo funcional. Os
índices de evasão e repetência continuam os mais elevados do mundo. E o fracasso escolas
é assustador. As avaliações externas como o SAEB, Prova Brasil, ENEM, acumulam
sucessivamente baixos índices de rendimento escolar entre 1995 e 2007. Numa só frase: o
Plano Decenal de Educação para Todos fracassou.
1. Erradicar o analfabetismo;
2. Universalizar a educação fundamental;
3. Eliminar a evasão e a repetência escolar;
4. Descentralização administrativa e financeira;
5. Priorizar a educação fundamental;
6. Dividir a responsabilidade entre o Estado e a sociedade, através de parcerias com
empresas, comunidade e a municipalização do ensino fundamental;
7. Avaliação de desempenho do (a) professor (a) e institucional; 8. Desenvolver o ensino à
distância e reestruturar a carreira docente.
Conclusão
Concepção de escola
A concepção de educação tem como referência a luta por uma sociedade socialista, uma
sociedade sem explorados e sem explora dores. Na luta contra o Estado capitalista
opinamos que a concepção de escola que defendemos está baseada nas seguintes ideias: a
auto determinação da escola, contra a inspeção escolar e pelo controle da escola sobre a
mesma, e a defesa da politécnica, ou seja, a defesa de uma escola que una o ensino
propedêutico ou formação geral com o ensino técnico profissional. Isto se torna uma
necessidade à medida que 86% das matrículas da educação básica estão na escola pública.
Neste sentido, ao vivermos numa etapa de hegemonia do Estado capitalista, somos contra a
escola unitária por entendermos que esta concepção hoje, sob esse Estado, significa a
defesa da inspeção escolar e o consequente controle político-ideológico das políticas
educacionais. Assim, quando o governo defende a escola unitária, está defendendo que o
Estado tenha o controle ideológico sobre a escola e imponha-lhe o neoliberalismo. Isto
significa aceitar seu receituário: descentralização do financiamento, parceria com a
comunidade e a iniciativa privada, o controle ideológico através da atual legislação
educacional, dos parâmetros curriculares e da avaliação da escola e do rendimento escolar.
A centralização do livro" didático melhorado" é o instrumento de capacitação e o sistema
nacional de avaliação (SAEB, Prova Brasil, ENADE), o instrumento de controle de
"qualidade" e de mercantilização do ensino.
Contra a inspeção escolar, defendemos a total autonomia didática, pedagógica e
administrativa e o fim dos órgãos de supervisão escolar.
A pirotécnica figura no programa da A.I.T., a I Internacional socialista, de 1886. Hoje
consideramo-na condição indispensável para que os jovens possam enfrentar os desafios da
sociedade contemporânea, que introduz a automação e os novos processos produtivos,
altera relações de produção e do trabalho, destrói e inventa novos postos de trabalho, cria o
desemprego estrutural etc... E exige mudanças na estrutura social e uma nova relação entre
educação e trabalho.
Portanto, como determinada pela LDB n. 9.394/96 e estabelecida pela política educacional
em curso, a dualidade na rede escolar sapara a formação profissional da educação geral e
engendra a formação de um homem parcial, limitado e anacrônico. Por isso, opinamos que
a escola deve articular de forma definitiva a teoria e a prática.
Gestão da escola
Notas:
(1)- MANACORDA, Mario Alighiero. Marx e a Pedagogia Moderna. São Paulo: Cortez,
1996.
(2) - In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo. Pós-Neoliberalismo. As políticas sociais e o
Estado Democrático. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
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Referências Bibliográficas