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XI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA

1 a 5 de setembro de 2003

UNICAMP, Campinas, SP

GT: Gênero e Sociedade

Título do trabalho:

TEORIA POLÍTICA FEMINISTA: interpelando as noções de cidadania e de democracia

Silvana Aparecida Mariano


Professora substituta da Universidade Estadual de Londrina
Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina

silvanamariano@yahoo.com.br
Fone: (43) 3322-5888/ 3372-4162
Rua Mato Grosso, 937 – apto. 402
86.010-180 – Londrina/Pr.
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TEORIA POLÍTICA FEMINISTA: interpelando as noções de cidadania e de democracia

Silvana Aparecida Mariano

RESUMO
O trabalho busca refletir sobre a construção da teoria política feminista – mesmo sabendo que esta
também apresenta diversidades internas – de modo a analisar a forma como este pensamento vem
propondo alternativas políticas para problemas contemporâneos como desigualdade e diferença e suas
tentativas de estabelecer diálogos entre a experiência e os “problemas das mulheres”, com os quadros
mais gerais de interpelação das noções de cidadania e de democracia. Este cenário configura-se
também pelo crescente debate em torno da fecundidade das propostas teóricas oriundas do feminismo
e das inovações apresentadas pelos movimentos de mulheres em suas ações políticas. Considero que
algumas questões são centrais neste debate: suas propostas implicam em refundar ou em reacomodar
a democracia? O quanto suas bandeiras se articulam com demais problemas sociais, visando à uma
certa universalidade que amplie sua legitimidade política? Quais os reflexos gerados no interior do
Estado a partir da criação de novos formatos institucionais propostos pelo feminismo? Neste trabalho
apresenta-se algumas reflexões, visando ao desenvolvimento de pesquisas futuras.

INTRODUÇÃO

A exclusão das mulheres, bem como de outros grupos sociais, na arena pública, a
construção da noção de cidadania no ocidente e suas conseqüências para a formação do modelo de
democracia excludente, formam a condição histórica sobre a qual muitas feministas dirigem suas
críticas, com o propósito de contribuir para a construção de uma democracia inclusiva e pluralista.
A reflexão sobre cidadania e democracia, implicam, contudo, no debate sobre o
Estado, uma vez que este centraliza o poder político e assume a responsabilidade pela orientação das
políticas públicas. Neste caso, o formato institucional da organização do Estado adquire grande
relevância para se pensar na articulação em torno de demandas geradas pela sociedade, onde se inclui
o feminismo em particular e o movimento de mulheres em geral. Tem-se nisto, portanto, um dos pontos
de reflexão, debate, proposição e interferência do movimento de mulheres.
A crítica política feminista, especialmente nas últimas três décadas, apresenta uma
importante contribuição para o debate em torno de questões tratadas pelas teorias políticas. O
desenvolvimento, teórico e político, de uma concepção questionadora das relações sociais de gênero
constitui-se em um fator de questionamento dos pilares da democracia representativa e de promoção
da democracia participativa, o que tem provocado reflexos na organização do Estado.
A busca de novas formas de participação política e de criação de mecanismos que
favoreçam a participação feminina, são estratégias fundamentais na luta contra a desigualdade e na
defesa pela diferença. Para tanto, a teorização sobre gênero constitui-se numa importante ferramenta,
porém não sem dificuldades e desafios que até a atualidade são postos para reflexão.
Este mesmo cenário configura-se também pelo crescente debate em torno da
fecundidade das propostas teóricas oriundas do feminismo e das inovações apresentadas pelos
movimentos de mulheres em suas ações políticas. Algumas questões centrais têm colocado a própria
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produção feminista em questionamento: suas propostas implicam em refundar ou em reacomodar a


democracia? O quanto suas bandeiras se articulam com demais problemas sociais, visando à uma
certa universalidade que amplie sua legitimidade política? Quais os reflexos gerados no interior do
Estado a partir da criação de novos formatos intitucionais propostos pelo feminismo?
Assim, o objetivo deste trabalho é contribuir para a identificação de algumas
questões que deverão ser resolvidas futuramente em uma pesquisa que pretenda aprofundar a reflexão
sobre a construção da teoria política feminista – mesmo sabendo que esta também apresenta
diversidades internas–, e contribuir para a reflexão sobre as práticas políticas dos movimentos de
mulheres. Para tanto, focalizarei o esforço deste paper na reflexão sobre as problematizações
feministas em torno da democracia, das políticas públicas e do Estado.

FEMINISMO E DEMOCRACIA: debatendo a (des)igualdade e a diferença

O cenário político contemporâneo é fortemente macardo pelo debate em torno dos


direitos dos grupos minoritários, colocando na agenda política o debate sobre igualdade e diferença, o
que nos remete, muitas vezes, à reflexão sobre identidade.
Os recentes episódios no Brasil sobre a adoção de cotas nas universidades para
pessoas negras e afrodescendentes, mais uma vez – e talvez de forma mais incisiva do que outrora –,
fomentou esse debate e ampliou significativamente a atenção pública para a questão. Trata-se de um
tipo de ação afirmativa, tal como as cotas para candidaturas femininas nas eleições proporcionais.
Embora a questão não seja novidade no interior dos movimentos sociais,
principalmente no movimento negro e no movimento de mulheres, somente agora adquire uma
dimensão mais pública. Quando da criação das cotas para candidaturas femininas, também assistimos
ao alarde dos que ainda defendem a igualdade universal – e acreditam que ela existe. O problema
político gerado por essas iniciativas está centrado, ao meu ver, em uma questão: como pode o Estado
de direito conviver com as discriminações positivas?
É cada vez mais crescente o surgimento de demandas políticas da parte de grupos
identitários. Demandas essas que surgem dos movimentos sociais e não simplesmente brotam nas
brechas do Estado. A cada nova demanda assistimos, de um lado, o ataque à falsidade do princípio de
igualdade universal entre os indivíduos e, do outro lado, as defesas desse princípio. Estes são
fenômenos que têm gerado sérios desafios para a democracia.
A concepção hegemômica de democracia, orientada pelos princípios liberais,
funda-se na defesa de categorias universalizantes, como, por exemplo, a cidadania. Esta concepção
produz, em grande medida, uma incompatibilidade com as novas demandas identitárias.
Em muitas ocasiões essas tensões são explicitadas e/ou materializadas nas
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demandas por políticas públicas. Nas últimas décadas, no Brasil, o tema das políticas públicas tem
estado no centro dos debates sobre desigualdade (econômica) e injustiça (cultural ou simbólica),
debates estes fomentados sobretudo no interior de movimentos sociais em luta pelo reconhecimento
das formas de diferença, isto é, pelo reconhecimento das minorias. O feminismo e o movimento negro
podem ser apontados como os movimentos pioneiros nisto que podemos chamar de política identitária
ou política da diferença, que marcam o cenário denominado multicultural ou intercultural, dependendo
das orientações teóricas e políticas.
As reivindicações dos movimentos sociais, orientadas para as políticas públicas,
implicam numa concepção de que o Estado desempenha importante papel quanto ao patamar do
acesso das populações à cidadania, assim como representam questionamentos às tradicionais
concepções de democracia e de cidadania.
No que diz respeito à relação entre feminismo e políticas públicas, muito esforço
tem sido dedicado às reivindicações pela incorporação de gênero nas políticas públicas. Segundo
Virginia Guzman,

“Consideramos que as políticas públicas de governo incluem uma perspectiva de


gênero quando existe uma vontade explícita, de parte das autoridades, de promover
uma redistribuição entre os gêneros em termos de destinação de recursos, direitos
civis e de participação, posições de poder e autoridade e valorização do trabalho de
homens e mulheres.” (GUZMÁN, 2000, p. 77)

Portanto, inclui o propósito de revolucionar a ordem dos poderes entre os gêneros e


com ele a vida cotidiana, as relações, os papéis e os estatutos da mulher e do homem.

Em todos os casos de ações públicas, há a possibilidade de existir um viés ou


recorte de gênero, seja no sentido de reforçar padrões tradicionais de papéis masculino e feminino, seja
no sentido de transformá-los. Tanto o debate sobre gênero, quanto sobre políticas públicas,
representam formas de interpelar a democracia e a cidadania, em termos de distribuição de recursos e
de poder, os quais influenciam na capacidade de participação dos membros da sociedade.
A ação política feminista, orientada por uma teoria política também feminista, tem
apresentado importantes contribuições no sentido de desconstruir categorias universalizantes – que na
prática excluem as mulheres e outros grupos sociais da democracia e da cidadania – e afirmar o direito
à diferença, como forma de construir uma democracia inclusiva, ou ainda, radicalizar a democracia.
Ao transformar as bandeiras de luta em propostas de políticas públicas,
demandando do Estado a promoção de ações que visem a eliminar as desigualdades de gênero, as
feministas colocam em questão alguns princípios da democracia liberal, tais como a igualdade formal
entre os indivíduos, através da universalização dos direitos, e a neutralidade das instituições públicas.
A incorporação de tais demandas é vista, na perspectiva feminista, como condição para a ampliação da
democracia. Propõe, assim, uma concepção de democracia que seja inclusiva e não excludente, com
uma concepção de cidadania que inclua também os/as diferentes e não exclusivamente os/as iguais.
Portanto, as exigências das feministas pela incorporação de gênero nas políticas
públicas representam a desconstrução das idéias de cidadania universal e de sujeito universal,
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presentes na concepção liberal. Essa desconstrução provoca abalos em qualquer teoria política
fundada nesses princípios de universalidade.
Uma das questões fundamentais na teorização de gênero encontra-se na
compreensão de que, sendo as desigualdades de gênero socialmente construídas, estas, por
conseguinte, podem ser transformadas (SAFFIOTI, 1994). Disto resulta uma dupla aplicação do
conceito de gênero, como categoria analítica, visando a compreender e explicar as formas de
subordinação das mulheres; e como categoria política, servindo de instrumento para construir
identidades e de arcabouço para propor alternativas de luta que transformem a condição de
subordinação, visando à eqüidade de gênero.
Esta teorização converge para o debate sobre o Estado, uma vez que suas
determinações “alcançam os mais ocultos espaços da vida privada” (SAFFIOTI, 1994, p. 273), como
também a vida pública, e podem, por meio de projetos sociais e políticas públicas, produzir, reproduzir
ou transformar as relações de gênero (GUZMÁN, 2000).
Objetivando alçancar formas objetivas de interferir neste locus privilegiado de
poder, muitas ações feministas foram direcionadas desde a década de 80 para a criação de estruturas
governamentais no interior do Estado, introduzindo com istoalgumas inovações na burocracia estatal.
Penso que há nas experiências de órgãos como conselhos, coordenadorias, assessorias e secretarias
de políticas para mulheres, a potencialidade de novamente questionar a neutralidade do Estado e, com
ela, a noção de sujeito universal. Avaliar a influência exercida, de fato, na orientação das políticas
públicas setoriais, ainda exige a realização de pesquisas que possam apontar em que medida se
concretiza suas influências. Neste sentido, as temáticas relacionadas às políticas públicas adquirem
grande importância nas reivindicações feministas e constituem-se em importante objeto de debate e de
análise.
No decorrer da década de 90, especialmente a partir de 1995, com a realização da
IV Conferência Mundial sobre a Mulher, promovida pela ONU – Organização das Nações Unidas –, o
debate sobre a incorporação de gênero nas políticas públicas ganhou maior notoriedade pública e
apelo político, passando a apresentar-se nos mais variados segmentos sociais, políticos e estatais,
ampliando inegavelmente as influências feministas no conjunto da sociedade. Pode-se dizer que a
ampliação dos campos de influência feminista nas últimas décadas é fruto da teorização de gênero.
A importância da perspectiva de gênero está relacionada à democratização das
relações sociais entre homens e mulheres, partindo do entendimento de que estas são relações de
poder, conforme Joan Scott (SCOTT, 1990), as quais estruturam sistemas de desigualdades sociais.
Para tanto, as proposições de projetos e políticas públicas, quando orientados pela concepção portada
pela categoria “gênero”, implicam em vislumbrar impactos nessa estrutura de poder fundados nos
gêneros, visando, com isso, a promover o empoderamento das mulheres, de forma a abalar as relações
de subordinação.
Portanto, as reivindicações pela incorporação da perspectiva de gênero nas
políticas públicas partem da compreensão de que homens e mulheres ocupam papéis distintos na
sociedade, os quais fundamentam relações desiguais entre os sexos, que são construídas social e
historicamente. Pressupõe o entendimento de que a população não é homogênea e de que as políticas
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públicas não são neutras em relação às desigualdades sociais (MACHADO, 1999).


Tal compreensão, quando baseada em princípios feministas, implica na adoção de
uma concepção crítica sobre as relações de gênero e de uma perspectiva de que homens e mulheres
portam necessidades e interesses distintos, os quais devem ser incorporados nas ações de alcance
público, a fim de superar a condição de subordinação do feminino ao masculino. Dessa forma,
incorporar a perspectiva de gênero não significa apenas fazer elogio às diferenças entre os gêneros –
muito embora o tema da diferença esteja presente –, mas, sobretudo, de objetivar ações que coíbam a
desigualdade das mulheres. No arcabouço do pensamento feminista, teórico e político, gênero
constitui-se numa categoria de análise histórica e num método de planejamento. Para tanto, porta um
conteúdo crítico e emancipatório no que diz respeito às relações sociais desiguais entre homens e
mulheres (SILVEIRA, 1997; PRATT, 1999 apud COSTA e DINIZ, 1999; ALVAREZ, 2000b; GUZMÁN,
2000).
A perspectiva de gênero propõe, então, a criação de mecanismos que promovam o
empoderamento das mulheres, entendendo-o como uma questão coletiva e não individual.

“Os parâmetros do empoderamento são: construção de uma auto-imagem positiva,


autoconfiança, desenvolvimento da capacidade de se pensar criticamente,
construção de coesão de grupo e incentivo à decisão e ação” (YOUNG, 1993, p. 158
apud MACHADO, 1999, p. 33).

Na perspectiva de empoderamento coloca-se “claramente a necessidade de


mudanças não só das mulheres, como também dos homens, pois os grupos sociais se relacionam e
esta interação tem conseqüências para toda a sociedade” (YOUNG, 1993 apud MACHADO, 1999, p.
34). A noção de empoderamento das mulheres é uma questão chave das reivindicações com a
perspectiva de gênero.
A análise e proposta das feministas, ao levantarem bandeiras de interesses das
mulheres, suscitam o debate sobre universalismo e diferenciação, ou, igualdade e diferença, pois, ao
se inserir no campo político institucional e demandar a incorporação de suas bandeiras nas políticas
públicas, as feministas colocam-se em debate com a teoria política liberal. Tal procedimento se reflete
numa tentativa de se repensar os princípios da democracia liberal. Assim,

“uma fecunda corrente da teoria política, vinculada ao feminismo, busca demonstrar


que um viés sexista contamina os conceitos da democracia a partir de sua origem e
que é necessária uma ruptura radical com as tradições anteriores de pensamento.
De maneira mais prática, os mecanismos de ação afirmativa são a demonstração de
que a mera igualdade formal é insuficiente; que ela perpetua, recobre e, em última
análise, legitima a desigualdade substantiva” (MIGUEL, 2000, p. 92).

Como analisado por Carole Pateman, as versões sobre o contrato social, para
compreender a sociedade moderna, desprezam a questão do contrato sexual, que estabelece o
patriarcado moderno e a dominação dos homens sobre as mulheres. O contrato social apresenta uma
ficção política que funda a liberdade individual e universal, encobrindo a existência do contrato sexual
e do contrato da escravidão; portanto, das formas de dominação e de submissão (PATEMAN, 1993).
Colocando luz sobre a ficção da igualdade liberal, por sua insuficiência enquanto
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igualdade apenas formal, as feministas, assim como outros movimentos, têm apontado a necessidade
e a legitimidade das ações afirmativas, que implicam na luta pelo reconhecimento das diferenças e/ou
desigualdades.
A adoção de cotas para mulheres candidatas é um exemplo emblemático de ação
afirmativa no campo do feminismo e é também uma das experiências mais interessantes da
democracia brasileira, pois

“as cotas eleitorais implicam o questionamento de algumas das premissas básicas


do ordenamento político liberal: o indivíduo como única unidade política legítima e o
relativo isolamento da arena política (caracterizada pela igualdade formal entre os
cidadãos) em relação às injustiças sociais” (MIGUEL, 2000, p. 91 – grifo do autor).

Tal política é mais do que a reivindicação pelo direito ao reconhecimento das


diferenças culturais; é, acima de tudo, uma reivindicação pelo direito ao reconhecimento das
desigualdades sociais, demandando assim a adoção de ações estatais de enfrentamento às mesmas.
Assim, o feminismo denuncia o apagamento das diferenças pretendido pela democracia liberal, bem
como sua neutralidade em relação às desigualdades, as quais são historicamente remetidas às esferas
exteriores ao Estado.
Segundo Sérgio Costa e Denílson Werle, recuperando a concepção de Taylor,

“ao excluir da esfera pública a luta pelo reconhecimento, o princípio da neutralidade


liberal é insuficiente ou inadequado para fornecer critérios que possam mostrar
quais reivindicações e formas de reconhecimento das diferenças devem ser
consideradas legítimas, justificáveis ou razoáveis pelo Estado” (COSTA e WERLE,
2000, p. 216).

Além das cotas para mulheres candidatas, outras ações podem ser citadas como
exemplos de incorporação nas políticas públicas de demandas pela incorporação de gênero, tais como
a recomendação do Ministério da Saúde para se adotar protocolos especiais no atendimento na rede
de saúde à mulher vítima de violência; a recomendação do Ministério de Planejamento para se adotar
critérios de elegibilidade nos programas habitacionais que facilitem a inserção das mulheres chefes de
família; e a prática adotada em muitos programas de transferência de renda, como o bolsa escola, de
se priorizar o atendimento às famílias chefiadas por mulheres.
Quando o movimento feminista (ou parte dele) reivindica ao Estado o atendimento a
questões específicas da mulher, põe em xeque alguns pilares da democracia liberal: o indivíduo como
unidade política; a universalidade das regras; e a neutralidade do Estado. No bojo das reivindicações
feministas, a unidade política passa a ser os grupos sociais, neste caso dividido por sexo; a
universalidade das regras é substituída por direitos especiais a grupos específicos; e a neutralidade do
Estado e das instituições políticas é substituída pela concepção de que este, tendo participado dos
sistemas de reprodução das desigualdades deve, então, absorver demandas para a promoção da
eqüidade entre homens e mulheres, bem como entre outros grupos.
Rompem, assim, com a imagem do Estado neutro e defendem que este é uma
arena de forças políticas que traduz conflitos existentes no seio da sociedade. Com isto o próprio eixo
da democracia é deslocado, em alguns aspectos, da teoria liberal. A experiência política e contribuição
teórica do feminismo contribuem também para a tematização de outras formas de desigualdade e
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exclusão, como, por exemplo, as questões raciais e as relacionadas à pobreza e à desigualdade social
de forma mais gera.
Reivindicações similares às do feminismo compõem o cenário contemporâneo
multiculturalista ou interculturalista de luta por interesses de extração identitária, ora em defesa à
diferença, ora em combate à desigualdade. Neste cenário o feminismo é visto como um dos
precursores na defesa do direito à diferença. Como nos mostra Céli Pinto, estas questões colocam a
democracia frente a um contexto ao mesmo tempo complexo e contraditório:

“Por um lado, mais do que nunca, se generaliza um consenso ao redor da


democracia como um valor universal a ser defendido e garantido, por outro, seu
modelo democrático liberal, de certa forma parte das grandes narrativas, tem sido
constantemente posto em xeque pelos novos agentes sociais e políticos, que
emergem nestas décadas. Se a democracia é reconhecida como um valor, seus
princípios universalizantes passam a funcionar como um entrave à incorporação de
novos direitos, de culturas diferenciadas, de necessidades alternativas. (...) O
debate sobre estas questões na teoria social tem tido grande centralidade no mundo
anglo-saxônico, derivado da presença dos movimentos sociais, principalmente o
feminista e o negro” (PINTO, 2000, p. 136-38).

IGUALDADE X DIFERENÇA: um falso dilema

Neste cenários político constituído pelas lutas políticas identitárias, encontramos, no


campo teórico, duas posições que, à primeira vista, apresentam-se como extremo opostos. De um lado
há o pensamento liberal que defende a validade das categorias universalizantes, e, de outro, o
multiculturalismo que nos remete à completa fragmentação dessas categorias, o que implica, inclusive,
na fragmentação da própria noção de identidade.
No primeiro caso, o tópico anterior deste paper já discutiu seus limites. Do ponto de
vista da teoria política, o multiculturalismo nos coloca um grande problema: a luta contra as
desigualdades exigem a existência e mobilização de movimento sociais. Como lutar contra a
desigualdade sem descontruir as categorias universalizantes e desafiar o pensamento liberal com a
defesa pela diferença? Ou seja, faz sentido reivindicar a igualdade afirmando a diferença? Mas, se a
abordagem da diferença implica numa fragmentação da identidade, como pensar a mobilização de
qualquer movimento social e luta política na ausência de uma referência mútua, dada pela identidade?
Ou seja, tanto o primeiro, quanto o segundo pensamento, aponta-nos para um aparente dilema entre
igualdade e diferença?
Para Nancy Fraser, a aparente ambigüidade entre a defesa da igualdade e a defesa
da diferença é resolvida pela articulação entre a luta pela eliminação das desigualdades sociais e
econômicas (busca da igualdade) e a luta pelo reconhecimento das especificidades culturais (busca da
diferença). Assim, a questão do reconhecimento multicultural ou intercultural não pode substituir a luta
e a busca do fim da injustiça social e econômica, implicando então em se conciliar a luta por distribuição
com a luta por reconhecimento. Nestes termos, a luta contra a desigualdade econômica aponta para o
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igualitarismo, enquanto que a luta por reconhecimento denuncia um tipo de injustiça cultural e simbólica
que, para ser superada, deve incluir as diferenças (FRASER, 1997, apud PINTO, 2000).
Fraser propõe uma transformação estrutural da esfera pública, para dar conta das
exclusões e injustiças. Tal proposta está pautada por sua crítica aos princípios sobre os quais se
organiza o modelo liberal da esfera pública. Duas questões norteiam sua crítica. Primeiro entende que
a construção da esfera pública deu-se sobre exclusões, constituindo-se como branca, burguesa e
masculina. Segundo, entende que a esfera pública quando inclui coloca as diferenças entre parênteses
e, tratando todos como se fossem iguais, discrimina os menos poderosos e os diferentes (PINTO,
2000).
Portanto, igualdade e diferença não são absolutamente termos opostos, não se
trata de uma díade. Igualdade se opõe à desigualdade. Diferença se opõe à uniformização. A forma
como o feminismo tem construído novas articulações entre igualdade e diferença, ou diferenciação e
universalismo, é um dos principais pontos em que repousam os desentendimentos com concepções
políticas e teóricas acostumadas a opor igualdade e diferença, em defesa do universalismo.
Iris Young entende que,

“em uma sociedade onde existe o corte entre grupos de oprimidos e de opressores,
abrir mão de interesses particulares em benefício do ponto de vista geral é
reproduzir a opressão. Para superar esta condição, Young propõe o público
heterogêneo:
„Ao invés de uma cidadania universal capaz de gerar generalidade, nós
necessitamos de uma cidadania grupal diferenciada e públicos heterogêneos. Nos
públicos heterogêneos, as diferenças são publicamente reconhecidas e, ao mesmo
tempo, consideradas irredutíveis, o que significa que pessoas que adotam uma
perspectiva histórica não poderão jamais conhecer a adotar o ponto de vista de
pessoas herdeiras de outras perspectivas e histórias‟ ” (YOUNG, 1995, p. 184, apud
PINTO, 2000, p. 141).

Tal concepção vai ao encontro da leitura feita por Boaventura de Souza Santos, ou
seja, a reivindicação feminista busca “uma forma de igualdade sem mesmidade, compatível com a
afirmação da diferença original da humanidade entre masculino e feminino” (SANTOS, 1995, p. 20).
Para resolver o falso dilema entre igualdade e diferença, o autor propõe um princípio segundo o qual

“As pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os
inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza”
(SANTOS, 1997 apud SCHERER-WARREN, 2000, p. 34).

Grupos sociais como mulheres e negros são exemplos paradigmáticos de pessoas


que acumulam, ao mesmo tempo, desvantagens econômicas e desrespeito cultural, prejuízos estes
que atuam de forma entrelaçada e recíproca. As desvantagens econômicas tormam-se tema de luta por
sua eliminação, portanto, exige redistribuição. Por outro lado, a forma de resolver o problema com o
desrespeito cultural não passa pela eliminação do aspecto cultural. As mulheres não querem deixar se
ser mulheres, os negros de serem negros, os homossexuais de serem homossexuais. Ao contrário, em
muitos aspectos, esses grupos querem a afirmação de sua diferença, portanto, reconhecimento
(FRASER, 2001).
Mas, isso também não significa tão simplesmente o elogio à diferença, que nos
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priva de toda e qualquer referência mútua. Não são todas as diferenças que irão gerar benefícios aos
seus portadores. Muitas diferenças podem, na verdade, reforçar sistemas de dominação cultural, como,
por exemplo, a divisão do trabalho por gênero. Afirmar um tipo de diferença em que os homens são
tomados como provedores e as mulheres como mantenedoras, ou, em que os homens ocupam as
profissões mais bem reconhecidas e as mulheres o trabalho desqualificado, seria perpetuar o sistema
de subordinação e dominação entre os gêneros.
Da forma como tem se dado sua história, podemos afirmar que não interessa ao
movimento feminista reivindicar uma forma de diferença que implique no aprisionamento da mulher à
esfera privada e aos lugares determinados pela tradicional divisão do trabalho por gênero. Qual
diferença então será bem aceita e defensável pelas e para as mulheres? Não se trata de um problema
teórico que pode ser respondido a priori. Somente a práxis política do movimento de mulheres pode
responder – e de fato tem respondido – com a contribuição da produção teórica feminista. Apreender
esse fenômeno tão matizado é fundamental para a formulação de políticas públicas com a ótica de
gênero.
Assim, as reivindicações pela incorporação de gênero nas políticas públicas
continuam sendo uma estratégia privilegiada de inclusão das diferenças na cidadania. Contudo, essa
inclusão não se dá apenas por adição, mas principalmente por revisão dos fundamentos tradicionais da
democracia (MOUFFE, 1996 e VARIKAS, 1996). A própria noção de cidadania passa a ser
problematizada na contemporaneidade a partir de sua capacidade de realizar tal inclusão. Como
propõe Ilse Scherer-Warren,
“A construção da cidadania (...) somente poderá ser concretizada na medida em
que se associarem os princípios de responsabilidade e de solidariedade com os
princípios de inclusão e interação social aberta a todos os tipos de minorias, de
reconhecimento público das diversidades culturais e de legítima e igualitária
possibilidade de participação de todos nas esferas públicas referentes que lhes
dizem respeito” (SCHERER-WARREN, 2000, p. 45).

O FEMINISMO E A LUTA POR UMA CIDADANIA DAS DIFERENÇAS

A defesa de uma cidadania aberta à participação de todos, inclusive dos


grupos minoritários, com reconhecimento das diferenças e com compromisso pela igualdade, uma vez
mais, leva-nos ao questionamento da separação entre as esferas pública e privada e sobre a dimensão
dos espaços inerentes à ação política. Os novos movimentos sociais deram visibilidade ao fato de que
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a ação política não é restrita à esfera estatal, aos partidos e aos sindicatos . As feministas foram ainda
mais longe advogando a idéia de que “o pessoal também é político”. Com isto, ampliaram a noção de
campo político e questionaram a separação da esfera pública e esfera privada, pretendendo assim uma

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Sobre os “novos movimentos sociais” ver: SCHERER-WARREN, Ilse e KRISCHKE, Paulo (orgs.).
(1987) Uma revolução no cotidiano? São Paulo: Brasiliense; e SADER, Eder. (1988) Quando novos
personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São
Paulo 1970-1980. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
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osmose entre elas.


Dessa forma, questões como a violência contra a mulher e o aborto, por exemplo,
tornaram-se problemas sociais que, uma vez nesta condição, devem ser politizados e tratados
publicamente, removendo o véu nebuloso que, ao aprisionar tais questões no âmbito privado, tornava
invisível grande parte dos problemas gerados pelas desigualdades de gênero, falseando a realidade
vivida pelas mulheres.
Romper com a divisão tradicional estabelecida entre público e privado foi essencial
para revelar a opressão vivida pelas mulheres e, então, buscar formas para sua superação. Na
Dialética do Esclarecimento Adorno e Horkheimer nos dão a dimensão do que foi por muito tempo a
situação de opressão da mulher:

“Estas (as mulheres) não tiveram nenhuma participação independente nas


habilidades que produziram essa civilização. É o homem que deve sair de casa
para enfrentar a vida hostil, é ele que deve agir e lutar. A mulher não é
sujeito. Ela não produz, mas cuida dos que produzem, monumento dos tempos
há muito passados da economia doméstica fechada. A divisão sexual do
trabalho imposta pelo homem foi-lhe pouco favorável. Ela passou a encarnar a
função biológica e tornou-se o símbolo da natureza, cuja opressão é o título
de glória dessa civilização. Durante milênios os homens sonharam com o
domínio ilimitado da natureza. (...) Quando a dominação da natureza é o
verdadeiro objetivo, a inferioridade biológica será sempre o estigma por excelência,
e a fraqueza impressa pela natureza a marca incitando à violência” (ADORNO e
HORKHEIMER, 1985, p. 231).

Esta posição da mulher fez com que, historicamente, sua participação na esfera
pública como sujeito político fosse marcada pela luta por sua inclusão. Conforme Anna Rossi-Doria, a
própria concepção de esfera pública e de cidadania no Ocidente foi construída com base na exclusão
da mulher, o que não representava seu esquecimento, mas seu encerramento nas funções domésticas
entendidas como seu dever e destino. Assim, a dicotomia construída entre esfera pública e privada se
associava à dicotomia masculino/feminino, representando a exclusão da mulher da esfera pública e sua
opressão na esfera privada (ROSSI-DORIA, 1995).
Na tradição ocidental, dicotomias como público/privado, produção/reprodução
e masculino/feminino serviram como elementos fundadores da relação de subordinação da mulher ao
homem, ou, em outros termos, de dominação da mulher pelo homem (BONACCI e GROPPI, 1995).
Assim, teóricas feministas construíram uma problemática de análise da articulação entre relações de
gênero, democracia e cidadania.
A luta pela cidadania da mulher implicou, neste aspecto, em ressignificar as noções
de democracia e de cidadania (SILVEIRA, 1999). A radicalidade necessária para politizar questões
relacionadas à situação das mulheres implicou também no questionamento das delimitações
estabelecidas tradicionalmente entre esfera pública e esfera privada. Segundo Annarita Buttafuoco,
mais do que uma redefinição, buscava-se a constituição de uma osmose entre público e privado e,
portanto, entre esfera masculina e esfera feminina (BUTTAFUOCO, 1995).
Nos termos colocados por Céli Pinto,

“A trajetória do exercício da dominação para o do poder no caso das relações de


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gênero está estreitamente ligada a uma outra trajetória que é a do privado para o
público em duas vertentes: tanto na apropriação do espaço público clássico, o
espaço do político, como na redefinição do privado enquanto espaços de luta e,
portanto, espaço público” (PINTO, 1994, p. 196).

Neste caso, a concepção de que os novos atores sociais se caracterizam por


construírem trajetórias do privado para o público adquire maior significado quando referida à
participação das mulheres, especialmente das mulheres pobres das periferias urbanas (MACHADO,
1995), pois estas estiveram por mais tempo excluídas do público e oprimidas no privado, acumulando
um duplo sistema de exploração, classe e gênero e, em muitos casos, também por raça/etnia.
No Brasil, a trajetória feminina do privado para o público foi mais bem impulsionada
na década de 1970, mais especialmente na segunda metade da década, com o surgimento do “novo
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feminismo” . Juntamente com esse novo feminismo brasileiro e com os “novos movimentos sociais”,
surgiram também outros tipos de organização das mulheres, como associações de bairros, clubes de
mães, departamentos de partidos e sindicais, nos quais as feministas tiveram influências (ALVAREZ,
1988; BLAY, 1983; TOSCANO e GOLDENBERG, 1992).
Diante desse contexto, nas últimas três décadas, no Brasil, o contingente feminino
da população teve mais visibilidade do que nunca, de forma que,

“Parece não ser exagero afirmar que é neste período que o sujeito mulher
surge no país. As mulheres começam a falar a partir de sua condição de
mulher, condição esta que é constituída a partir do reconhecimento da opressão, do
reconhecimento da história pessoal e coletiva, de constituição de interesses e lutas
próprias” (PINTO, 1994, p. 195).

A partir de 1975, especialmente, o crescimento dessa visibilidade pôde ser melhor


sentido como reflexo do Ano Internacional da Mulher e da Década da Mulher, instituídos pela ONU -
Organização das Nações Unidas. Nesse período, na esteira do Encontro Internacional realizado no
México pela ONU, por ocasião do Dia Internacional da Mulher - 8 de março, muitos encontros e debates
foram realizados no Brasil. Em certo sentido, pode-se dizer que a temática mulher, nessa ocasião,
gozou de grande visibilidade pública, dando voz a um movimento já existente no país e estimulando a
criação de novas organizações.
Embora inspirado no movimento feminista internacional, o novo feminismo no Brasil
construiu sua face própria dentro de uma conjuntura histórica específica diante do militarismo e
das profundas carências sociais. Face a tal conjuntura, o feminismo no Brasil se forjou, também, nas
lutas mais gerais da sociedade. Entre estas estiveram a luta por igualdades sociais e a luta pela anistia
e pela democracia (BLAY, 1983; TOSCANO e GOLDENBERG, 1992; PINTO, 1994; ALVAREZ, 2000).
Essas especificidades empurram o campo de luta feminista para a arena
política de forma mais visível do que em países da Europa e nos Estados Unidos (PINTO, 1994)
e também contribuíram para uma articulação mais estreita entre o movimento de mulheres e as lutas

2
“Novo feminismo” é uma expressão empregada na literatura sobre o movimento de mulheres para
se referir ao período posterior à década de 60, marcado pela maior radicalidade das feministas em lutas
contra a opressão feminina. Tamém é utilizada para o mesmo fim a denominação de “segunda onda” do
feminismo. Ver, entre outras: TOSCANO, Moema e GOLDENBERG, Mirian. A revolução das
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contra as várias formas de desigualdades sociais e exclusão política. Essas características marcam
mais objetivamente a preocupação do feminismo para com um certo universalismo em termos de
igualdade e inclusão das diferenças, sendo este universalismo compreendido com base em outras
referências, que incluem as diferenças, portanto fundado no pluralismo. Contudo, a busca por esse
universalismo continua como um desafio permanente para o feminismo, considerando que precisa ser
sempre construído, redefinido e articulado em cada contexto político.

CONCLUSÃO

A discussão sobre (des)igualdade e diferença tem provocado embates tanto no


campo político quanto teórico nos dias atuais. Embora de visibilidade pública mais recente, este
problema tem recebido atenção dos estudos feministas há algum tempo, talvez desde sua origem, em
função do desafio de se pensar a condição feminina.
Os problemas colocados pela difusão de práticas políticas de cunho identitário
colocam em xeque, definitivamente, a validade da concepção tradicional de democracia, orientada
pelos princípios de universalidade, que visam a encobrir as formas de desigualdade e de exclusão.
Portanto, novos desafios são lançados para as teorias democráticas e a teoria política feminista muito
tem a contribuir neste aspecto, dado seu longo percurso na problematização desses temas.
Entre o universalismo liberal e a demasiada fragmentação pós-moderna, a teoria
política feminista pode ter muito a oferecer no sentido de pensar uma prática política sem prescindir da
existência de movimentos sociais, fundamentais para qualquer modelo de democracia de fato inclusiva
e pluralista.
Sem tomar as diferenças e as identidades como essências, mas tomando-as como
construções históricas, algumas feministas têm apontado a necessidade de existência de um
referencial mútuo para a mobilização de qualquer movimento político. Este referencial forma
identidades, que, por um lado não são cristalizadas e, por outro, evitam a fragmentação de indivíduos
isolados.
Pensar por um caminho que busca uma democracia pluralista implica em sempre
fazer mediações entre igualdade e diferença. Neste processo, como afirma Chantal Mouffe, nem todas
as diferenças podem ser celebradas, porque muitas delas constróem subordinação. A democracia
pluralista funda-se, portanto, no consenso conflitivo, conflito esse sempre marcado pelo debate sobre
qual igualdade e qual diferença são defensáveis e legítimas.

mulheres: um balanço do feminismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Revan, 1992.


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