Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Direito Fiscal I:
INTRODUÇÃO:
2
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
3
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Aliás, já conhecemos um conceito de relação juridico-tributária, restrito,
para o qual esta será o vínculo obrigacional que liga o contribuinte ao Estado,
ou a outra entidade pública, e tem por objecto mediato a prestação de imposto.
Mas parece duvidoso que o Direito Fiscal deva limitar-se à disciplina dessas
relações. Entende-se geralmente que ele abrange também as normas
disciplinadoras de operações destinadas a tornar possível, ou facilitar, a
cobrança dos impostos, sem contudo, dizerem respeito à estrutura do vínculo
jurídico de imposto. E bem assim as normas que estabelecem sanções pelo
não cumprimento de deveres tributários, que fixam os meios de defesa do
contribuinte, etc.
Assim, Direito Fiscal será o sistema de normas jurídicas que disciplinam
as relações de imposto e definem os meios e processos pelos quais se
realizam os direitos emergentes daquelas relações.
Esta definição visa remover uma limitação do Direito Fiscal à disciplina
da relação tributária stricto sensu - vínculo obrigacional que liga o contribuinte a
uma entidade pública credora do imposto. É certo que essa disciplina constitui
o aspecto nuclear, central, e mais característico, do Direito Fiscal; mas não o
esgota.
5
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) O Direito Fiscal liga-se também ao Direito Administrativo, pois apesar
de o Direito Fiscal ser independente deste, é nele que busca a forma para
regular a actividade de percepção do imposto, além dos órgãos da
Administração Fiscal estarem integrados na AP, que é disciplinada pelo Direito
Administrativo.
6
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Ainda no âmbito da relação do Direito fiscal com o Direito internacional
cumpre referir o Direito Comunitário. De facto, não obstante as particularidades
, as singularidades do Direito Comunitário originado no Tratado de Roma de
1957, e cujas normas, desde 1982, são aplicáveis a Portugal, em consequência
do seu ingresso nas Comunidades Europeias, esse mesmo direito não deixa de
situar-se no plano do Direito Internacional, sem prejuízo da hipótese de, por via
de uma federalização, acabar por situar-se ao nível do Direito Interno.
7
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Capítulo II – O imposto:
6. Conceito de Imposto:
a) O imposto e o preço:
b) O imposto e a taxa:
11
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
pressupostos da respectiva previsão legal, não cabendo à administração fiscal
qualquer apreciação sobre a oportunidade ou o modo de cobrança. Na
requisição pressupõe-se sempre uma prévia apreciação administrativa sobre a
sua necessidade e uma escolha dos meios sobre os quais deve incidir.
Por fim, enquanto no imposto, na generalidade dos casos, temos uma
prestação pecuniária, a requisição traduz-se numa prestação de serviços, ou
na cedência de certas coisas, ou ainda na utilização temporária de
determinados bens.
vi – Por fim, a tese, pelo menos actualmente, mais correcta tem por base
os arts. 736 CC e 254 CRP. Da análise destes arts. concluímos que a nossa lei
acolheu um critério económico para proceder à distinção. Assim, são impostos
directos aqueles que recaem sobre os rendimentos e o património (exs.: IRS,
IRC, Contribuição Autárquica, SISA, Imposto sobre Sucessões e Doações).
São impostos indirectos aqueles que recaem sobre o consumo e a despesa
(exs.: IVA, Imposto de Selo, Impostos especiais sobre o consumo – sobre a
cerveja, sobre automóveis, sobre o tabaco, sobre produtos petrolíferos,
impostos aduaneiros,...).
13
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
c) Os impostos estaduais e os impostos não estaduais:
14
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
e) Os impostos periódicos e os impostos de obrigação única:
Derrama – 10%
(imposto acessório)
16
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
18
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Constituindo a soberania fiscal um dos aspectos da soberania do
Estado, o seu fundamento último há-de confundir-se com o fundamento
filosófico-políticos do próprio Estado, que poderá entender-se como alheio ao
plano da análise jurídica e cuja apreciação, em qualquer caso, não seria aqui
oportuna. Contudo, tem-se entendido frequentemente que, aquém desse
fundamento último, a soberania fiscal há-de encontrar uma fundamentação
próxima em princípios gerais de Direito, cuja simples aplicação justificará o
poder estadual de tributar. Algumas posições características dizem que o poder
de tributar do Estado, independentemente do seu fundamento político, encontra
justificação em princípios jurídicos gerais.
19
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
d) As concepções ético-sociais:
a) Os fins do Estado:
21
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Os limites da soberania fiscal do Estado dependem, pois, dos seus
próprios fins, e do complexo de princípios e instituições que dominem a vida do
país considerado. Mas, além destes limites, aos quais deve atribuir-se relevo,
não apenas moral e político, mas também jurídico, os poderes tributários do
Estado acham-se normalmente confinados dentro de fronteiras legais
expressamente definidas.
A lei fundamental do Estado limita, embora transitoriamente, pelo tempo
que a própria Constituição vigorar, os poderes tributários estaduais, que
também são restringidos por costumes internacionais e por tratados, enquanto
o Estado que os celebrou, ou a eles aderiu, os não denunciar.
Também à face da Constituição de 1976, poderá entender-se que o seu
art. 13 veda ao Estado qualquer forma de tributação assente nas
discriminações sociais aí excluídas.
É de referir que quando Portugal aderiu à União Europeia criou um novo
limite à legislação tributária e à soberania do Estado.
c) A territorialidade do imposto:
22
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
sido pago imposto do selo, nos casos em que este recai sobre documentos
passados em Portugal (vd. Regulamento do Imposto do Selo, art. 271). A
circunstância de o acto que o documento titula, embora praticado no
estrangeiro, ser invocado perante a ordem jurídica portuguesa dá lugar a
tributação.
São mais numerosas as excepções ao princípio da territorialidade do
imposto no sentido da sua restrição, as quais provêm de compromissos
assumidos pelo Estado na ordem internacional, quer pela aceitação de usos e
costumes, quer pela celebração de tratados internacionais, ou pela adesão a
estes. O respeito pelos usos impedirá o Estado de tributar as entidades às
quais o Direito Internacional reconhece personalidade, assim como os agentes
diplomáticos estrangeiros, pelas actividades exercidas nessa qualidade.
Quanto aos tratados internacionais com efeito na esfera da tributação, uns têm
por objecto a protecção de pessoas, bens e actividades, outros a solução de
conflitos suscitados no plano internacional relativamente a matérias tributárias.
Também a Convenção de Estocolmo de 1960, que instituiu a
“Associação Europeia de Comércio Livre” (E.F.T.A.) e foi assinada por
Portugal, estabeleceu para os Estados signatários e aderentes diversas
limitações no campo fiscal, quanto à redução progressiva de impostos
aduaneiros sobre a importação (art. 3º), quanto à incidência de quaisquer
impostos sobre as mercadorias importadas (art. 6º), quanto à aplicação do
regime aduaneiro de “draubaque” (art. 7º), quanto à proibição de impostos
sobre as exportações (art. 8º).
O ingresso de Portugal na “Comunidade Económica Europeia”, ou
“Mercado Comum Europeu” – hoje, União Europeia ou Comunidade Europeia -,
determinou também outras, e mais acentuadas, limitações do poder de tributar,
em obediência ao Tratado de Roma, de 1957, que instituiu aquela
“Comunidade”, designadamente por força dos arts. 2º, 3º, 12 a 28 e 95 e
seguintes desse Tratado.
23
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
inconvenientes sérios, do ponto de vista da manutenção e do desenvolvimento
das relações económicas internacionais. Portanto, para não correrem o risco
de serem tributados por dois ou mais Estados, na base de uma mesma e só
situação, muitos contribuintes evitam estabelecer actividades conexas com
mais de uma ordem jurídica. Com efeito, é fácil avaliar quanto poderá ser
gravoso para uma sociedade comercial ser tributada pelo Estado em cujo
território tem a sua sede, por todos os rendimentos obtidos, e ser tributada, por
esses mesmos rendimentos, nos diversos Estados onde não tenha sede, mas
exerça actividades. Ou para qualquer indivíduo que resida em país diverso
daquele onde os seus rendimentos são produzidos, ser tributado por um
Estado, em razão de aí receber os seus rendimentos, e noutro Estado, por
motivo de nele terem origem esses mesmos rendimentos.
A questão suscitou também o maior interesse à O.C.D.E., cujo “Comité”
Fiscal elaborou, em 1963, um modelo-tipo de convénios tendentes a evitar as
duplas tributações dos rendimentos e dos patrimónios, no plano internacional,
que já foi revisto em 1977. Também a Organização das Nações Unidas
cometeu o estudo destes problemas a um grupo de trabalho que, em 1974,
publicou um relatório sobre as questões de dupla tributação.
24
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) Os regimes constitucionais quanto aos órgãos da soberania fiscal:
a) Evolução Histórica:
A Constituição de 1911:
A Constituição republicana de 1911 incluiu no seu artigo 3º, entre os
direitos garantidos a portugueses e estrangeiros residentes no país, o de não
serem obrigados “a pagar contribuições que não tenham sido votadas pelo
poder legislativo ou pelos corpos administrativos, legalmente autorizados a
lançá-las, e cuja cobrança se não faça pela forma prescrita na lei” (nº 27).
À face da Constituição de 1911, o órgão da soberania tributária era o
Congresso da República, constituído pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado, ambos eleitos por sufrágio directo dos cidadãos.
A Constituição de 1933:
b) A Constituição de 1976:
26
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
contribuintes” (art. 106, nº 2).
Neste artigo, e na sequência das Constituições de 1911 e de 1933,
reconhece-se o direito de não pagar impostos que não tenham sido criados nos
termos da Constituição.
Segundo o citado artigo 106, “os impostos são criados por lei, que
determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes”. Daqui se conclui que órgãos da soberania fiscal serão aqueles
dos quais dimana a lei. Ora é à Assembleia da República que cabe “fazer leis”
sobre todas as matérias, salvo, segundo o texto constitucional primitivo, as
reservadas pela Constituição ao Conselho da Revolução ou ao Governo (art.
164, alínea d)).
Após a revisão de 1982, desapareceram do texto constitucional as
referências ao Conselho da Revolução, abolido, pelo que as dúvida quanto à
competência legislativa da Assembleia da República se põem apenas em
relação ao Governo. Mas a conclusão é manifestamente a mesma que se
impunha à face do texto primitivo.
Também à Assembleia da República compete, por lei, criar impostos
(art. 106, nº 2). Este preceito não deverá interpretar-se no sentido de que só os
impostos inteiramente novos devem sei estruturados por lei. Qualquer
alteração de incidência de um imposto velho corresponde à criação de um
imposto; de outro modo, sempre poderiam os governos, aproveitando
designações anteriores e alguns pressupostos já definidos, modificar por
completo as condições de tributação.
Da delimitação constitucional de matérias tributárias reservadas à lei
resulta que o Governo poderá legislar quanto a essas matérias desde que não
se trate de criação de impostos, de definição da incidência, da taxa, dos
benefícios fiscais e das garantias das contribuintes.
É de notar que, nos termos dos arts. 168 e 201 nº 1, alínea b) da
Constituição, o Governo pode “fazer decretos-leis em matérias de reserva
relativa da Assembleia da República, mediante autorização desta”. Em cujo
caso, o Governo poderá legislar sobre todas as matérias tributarias (art. 168, nº
1, alínea i) CRP). Nem mesmo assim, porém, se justificará atribuir ao Governo
a qualidade de órgão da soberania fiscal; porque os poderes que assume em
tal matéria lhe são delegados pela Assembleia da República, à qual cabe
“definir o objecto, o sentido, a extensão e a duração da autorização” (art. 168,
nº 2), e que poderá, inclusivamente, não delegar tais poderes, que a
Constituição reserva àquela Assembleia.
27
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
29
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Do princípio da legalidade tributária decorre o princípio da tipicidade dos
impostos Assim, nullum tributo sine lege, ou seja, não pode haver tributo sem
lei (como sucede no Direito Penal, quanto aos crimes e penas). Assim, não há
imposto sem que haja uma lei anterior a consagrá-lo.
30
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
por via de DL o que estiver disposto em lei anterior da AR.
d) Regulamento:
31
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
aos Tribunais, que tratam de interpretar e aplicar as leis fiscais sem qualquer
dependência dos critérios adoptados pela Administração fiscal através dos
referidos “despachos genéricos”, das circulares e das instruções.
Assim, se os contribuintes inconformados com aqueles critérios não
conseguirem convencer a Administração do bem fundado das suas razões
contrárias, resta-lhes a via judicial, para através dela fazerem vingar os seus
pontos de vista. E, frequentemente, por tal forma o conseguem.
Já se tem procurado atribuir a natureza de regulamentos e de fontes de
Direito às referidas ordens internas da Administração. Mas integração de
lacunas ou a interpretação das leis fiscais que elas visam não cabe na função
regulamentar. E a limitação do poder vinculativo a uma esfera hierárquica
retira-lhes a qualidade de fonte de Direito.
f) Costume:
32
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
adicional, não será cobrado na circunscrição territorial respectiva, por não se
verificar uma condição legal estabelecida pela norma tributária - a deliberação
da entidade pública menor à qual cabe “lançar” esse imposto, ou esse
adicional.
Contudo, não parece fazer sentido que se atribua natureza regulamentar
a um acto cujo conteúdo consista apenas na decisão de “lançar” ou não
“lançar” um imposto local legalmente criado. Ou na fixação da taxa de um
adicional, dentro dos limites legais.
h)Normas internacionais:
i) Jurisprudência e Doutrina:
33
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
17. Codificação Fiscal – Referência à “Lei Geral Tributária”
b) As normas de incidência:
c) normas de lançamento:
d) normas de liquidação:
35
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
serviços do Estado. No entanto, a referida unidade teleológica do Direito Fiscal poderá
aconselhar a que nele se incluam tais normas. E, do ponto de vista didáctico, será indiscutível a vantagem
de tal inclusão.
Entre as normas de organização de serviços fiscais poderão citar-se, como exemplos, as contidas
decreto-lei nº 252-A/82, de 28 de Junho, que estruturou a Direcção-Geral das Alfândegas, no Decreto-Lei
nº 363/78, de 28 de Novembro, que reorganizou a estrutura da Direcção-Geral
das Contribuições e Impostos, à qual cabe assegurar o lançamento e a
liquidação da generalidade dos impostos estaduais.
g) normas de fiscalização:
h) normas de sanção:
i) normas de contencioso:
36
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
contra-ordenação e aduaneiro.
37
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) Interpretação literal:
39
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
ponderação dos interesses em causa. Aliás, foi esse pressuposto que inspirou,
por vezes, as particularidades admitidas relativamente à interpretação das leis
fiscais.
Quanto à dificuldade de distinguir a interpretação extensiva da aplicação
analógica, entende-se, geralmente, que se trata de uma dificuldade real, mas
situada no plano de facto. No plano conceptual, a destrinça não seria difícil de
estabelecer. E, assim, se tem julgado inconsistente a defesa do princípio da
interpretação literal da norma tributária tão-somente na base da legalidade
fiscal. No plano do Direito a constituir, porém, haveria vantagens na adopção
daquele princípio de interpretação literal, que, aliás, a orientação jurisprudencial
tem muito frequentemente perfilhado, em França, na Itália, em Espanha e em
Portugal
40
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
apresentar-se-á como mais justa.
Mas o Direito visa sempre o melhor equilíbrio entre a justiça e a certeza.
Ora do ponto de vista da. certeza, da segurança, aquelas doutrinas serão
fortemente objectáveis, facilitando mesmo a arbitrariedade das soluções pela
interpretação das normas jurídicas em função de aspectos políticos e
económicos alheios não apenas à “mens legislatoris”, mas à “mens legis”,
objectivamente considerada.
41
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
constituído e do ponto de vista do Direito a constituir.
Temos, pois, de considerar o problema no plano do Direito Tributário
vigente em Portugal e em relação às diversas categorias de normas fiscais.
Soares Martinez, sobre a questão da interpretação do Direito Fiscal, faz
a distinção entre dois grupos de normas.
Num 1º grupo, destaca as normas de soberania fiscal, de lançamento,
de organização de serviços, de fiscalização e de contencioso. Quanto a este
conjunto, a interpretação faz-se com base nos princípios gerais de Direito e
pela analogia.
Um segundo grupo, composto pelas normas de sanção, de incidência,
de liquidação, de cobrança e normas de contencioso que respeitam às
garantias dos particulares, está sujeito ao princípio da interpretação literal,
ficando excluída a interpretação extensiva e a analógica.
S. Martinez justifica a sua posição com base no art. 1º do CPenal e nos
arts. 103 e 104 CRP.
O Dr. Brás Teixeira entende que vale em Direito Fiscal, para toda e
qualquer categoria de normas, os princípios gerais de interpretação das leis,
sem quaisquer específicidades senão aquelas que resultam da própria lei.
42
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
43
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
45
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Capítulo I – Generalidades:
47
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
50
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
fiscal é ex lege, não defende as duas características como ligadas à estrutura e
natureza da obrigação fiscal. Diz que, por um lado, os direitos tributários não
são sempre e necessariamente irrenunciáveis, pois o Estado concede
amnistias e moratórias (ex.: Plano Mateus). O próprio processo das execuções
fiscais aplica-se à cobrança coerciva de todas as dívidas ao Estado e não só
aos impostos. Logo, não é característica específica do conceito de obrigação
fiscal.
Concluindo, a obrigação fiscal é uma obrigação em sentido verdadeiro e
próprio, a qual tem o seu nascimento com a verificação dos pressupostos que
integram a previsão legal, não cabendo ao processo administrativo de
liquidação outro papel que não seja o de determinar os elementos da obrigação
e de a tornar líquida.
Normalmente, as características são as três já referidas, embora as
duas últimas não sejam essenciais (devido às amnistias e moratórias do
Estado).
52
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
É preferível considerar em termos plurais os pressupostos tributários a
aglutiná-los num só, que seria então, também, o facto constitutivo do vínculo
jurídico de imposto.
Um pressuposto, em si mesmo, como tal, não é causa, não é facto
constitutivo. É qualquer coisa sem a qual a causa, o facto constitutivo, se não
verifica; não actua.
Exemplificando, será pressuposto da relação jurídica de contribuição
predial a existência de um prédio. Mas se existir um prédio que foi há muito
abandonado, cujo proprietário actual se desconhece, não havendo
possibilidade de determinar quem seja a pessoa quanto à qual se possa
presumir que aufere os rendimentos desse prédio, a relação jurídica de
contribuição predial não se constituirá. Enquanto se mantiver tal situação. Mas
se o prédio passar a ser possuído, e presumivelmente explorado, por alguém,
então já se poderá constituir uma relação jurídica de contribuição predial.
Porque houve um facto - neste caso a posse – que conjugou, que aproximou, o
pressuposto tributário material, o prédio, do outro pressuposto tributário,
pessoal - um ente dotado de personalidade tributária - reunindo, ao mesmo
tempo, naturalmente, outros pressupostos ainda, de cuja conjugação a lei faça
depender o nascimento da relação jurídica fiscal considerada.
É corrente, na jurisprudência, como na legislação, o emprego tanto da
expressão “pressuposto”, ou “pressuposto de facto”, como da expressão “facto
gerador” do tributo, no sentido de facto constitutivo da relação jurídica de
imposto.
53
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
aspecto).
Quanto à enumeração dos pressupostos genéricos temos duas
posições, a do Dr. Soares Martinez e a do Dr. Brás Teixeira.
Assim, para Soares Martinez, os pressupostos são:
1. Soberania fiscal: para que exista um imposto é necessário o Estado e o
exercício de poderes soberanos fiscais.
2. Personalidade tributária activa: para existir imposto é necessário que o
crédito seja atribuído a uma entidade que se integre numa relação
jurídica tributária na posição de sujeito activo.
3. Personalidade tributária passiva: para haver imposto é necessário que o
débito fiscal recaia sobre um sujeito passivo ou contribuinte, reconhecido
como tal.
4. Matéria colectável: para que exista imposto é necessário que exista
previamente a definição de uma realidade tributável.
5. Leis de imposto: para haver imposto é necessária a pré-existência de
enquadramento jurídico-tributário (ou fiscal).
Para o Dr. Brás Teixeira a enumeração limita-se a três pressupostos,
sendo eles:
1. Personalidade jurídica;
2. Capacidade jurídico-fiscal;
3. Matéria colectável.
54
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
apenas por não ter origem negocial.
Frequentemente se tem usado a expressão “causa” referida à relação
jurídica de imposto, no sentido de facto constitutivo, ou de “pressuposto”; mas
não se vêem as vantagens da inovação terminológica, que pode oferecer
inconvenientes.
Em face das dificuldades referidas, boa parte da doutrina fiscalista
prefere ignorar o problema da causa da relação de imposto. Outra parte nega
que tal causa, como causa final, possa determinar-se. Compreendem-se bem
as razões de ordem pragmática que, em larga medida, têm ditado essas
atitudes. Nas circunstancias actuais, a dependência da obrigação tributária de
um princípio causalista poderia lançar uma permanente incerteza no campo
das relações fiscais, através da constante discussão da legitimidade dos
comandos tributários.
55
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Capítulo II – Os Sujeitos:
Sujeitos:
57
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
concessão dessa personalidade tributária activa; mas aos sistemas políticos e
jurídicos evoluídos repugnaria a atribuição de créditos fiscais a entidades que
não prosseguissem fins de interesse público.
58
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
a) Estado:
59
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
serviços fiscais (vd. DL 353/89, de 16/10, que aprovou a Lei Orgânica da
Inspecção-Geral de Finanças).
Embora o lançamento, a liquidação e a cobrança dos impostos caibam
normalmente a serviços integrados no departamento das Finanças, é muito
frequente que a outros serviços sejam cometidas funções de fiscalização do
cumprimento das normas tributárias. Nomeadamente quanto ao imposto do
selo.
60
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) Autarquias Territoriais:
c) Institutos Públicos:
61
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
jurídico-privado, ou por outros motivos ainda, gozam de autonomia
administrativa e financeira, sendo-lhes reconhecida personalidade jurídica. São
os institutos públicos como a Caixa Geral de Depósitos, as Administrações-
Gerais do Porto, de Lisboa e dos Portos do Douro e Leixões, as Juntas
Autónomas dos Portos, e outros.
Não repugna que a tais entidades, que prosseguem interesses públicos,
às quais é reconhecida a natureza de pessoas colectivas de Direito Público,
seja atribuída pela lei personalidade tributária activa. E, às vezes, assim
acontece. Sendo frequentemente parte das receitas dos institutos públicos
proveniente de taxas, cobradas pela utilização dos respectivos serviços, podem
suscitar-se dúvidas, muitas vezes, sobre a situação tributária daqueles
institutos, dada a dificuldade de destrinçar algumas taxas de certos impostos.
62
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
A legislação italiana mais recente não emprega já a expressão “entes de
facto”; mas prevê a tributação de “sociedades sem personalidade jurídica”.
Essa orientação foi também seguida pelas leis fiscais portuguesas, que
prevêem a integração em relações tributárias, como sujeitos passivos, de
entidades desprovidas de personalidade jurídica (CIRC, art. 2º/1, b) e c)).
A afirmação de que há entes de facto, desprovidos de personalidade
jurídica, que, no entanto, são sujeitos de relações tributárias, gozam de
personalidade tributária passiva, envolve uma insanável contradição. A
personalidade tributária, susceptibilidade de ser titular de direitos e deveres
fiscais, constitui uma forma de personalidade jurídica. Os entes aos quais seja
atribuída têm a natureza de pessoas de Direito. Não são “entes de facto”, pelo
menos a partir do momento em que o Direito Fiscal os personaliza (art. 4º
CPT).
Portanto, o problema tem de ser posto em termos diversos. Trata-se de
saber se os critérios adoptados para a atribuição de personalidade jurídica no
campo do Direito Fiscal são diversos dos adoptados noutros ramos de Direito.
E são-no, efectivamente. Aliás, em obediência ao referido princípio da base
económica, e não jurídica, das situações tributárias, dos pressupostos
tributários. É desse princípio que resulta o critério tributário de atribuição de
personalidade passiva. Onde quer que o Direito Fiscal depare com um ente
individualizável, do ponto de vista da sua actividade económica, aí reconhece
uma base personalizável, desde que a personalização seja exigida pelo sentido
teleológico da ordem tributária.
63
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
e na Doutrina. Em termos de tornar possível o seu uso com significado idêntico
ao de sujeito passivo da relação jurídica de imposto, ou sujeito tributário
passivo.
Será contribuinte quem é obrigado ao pagamento de uma
contribuição, termo que os legisladores do século XIX procuraram substituir
ao de imposto, por julgarem que aquela expressão melhor se amoldava aos
sistemas fiscais modernos, à face dos quais a tributação se há-de realizar em
termos de contribuições para as despesas públicas, consentidas pelos
eleitores-contribuintes, através dos seus mandatários parlamentares.
O sujeito passivo da relação de imposto, pessoa a quem é
juridicamente exigível a prestação tributária, apresenta-se-nos como o
contribuinte, ou contribuinte de Direito, para distingui-lo da figura do
contribuinte de facto, que se desenha em consequência de, por vezes, o
sacrifício económico resultante do pagamento do imposto ser suportado por
pessoa diversa daquela a quem é juridicamente exigível.
Ao Direito Fiscal, geralmente, não interessa saber quem realiza o
pagamento da prestação tributária. Menos lhe interessará se o peso económico
do imposto acaba por recair sobre um terceiro. E isso acontece, com
frequência, através do fenómeno da repercussão tributária, na base do qual já
se tem até tentado distinguir os impostos indirectos, que seriam repercutíveis,
dos directos, que não o seriam. A repercussão pode respeitar tanto a impostos
indirectos como a directos; e, por ela, o contribuinte de Direito transfere para
outrem (contribuinte de facto) o sacrifício económico do imposto.
Assim, por exemplo, um comerciante, ou um industrial, procurando evitar
os encargos resultantes de um aumento da taxa de um imposto, transferirá
para os consumidores, através do aumento de preço dos produtos vendidos, ou
para os fornecedores, através de uma redução de preço de matérias-primas,
de bens instrumentais, e outros, o sacrifício tributário efectivo. Os
consumidores, ou os fornecedores, serão, em tais casos, os contribuintes de
facto, em consequência de uma repercussão descendente, ou de uma
repercussão ascendente.
Esta figura do contribuinte de facto não parece ter relevância jurídica,
embora alguns autores, entre eles Vanoni, entendam que sim; mas oferece
grande interesse aos níveis da ciência das finanças, da política financeira, e até
da economia em geral.
Poderá, talvez, o intérprete da lei tributária desconhecer o contribuinte
de facto; mas o legislador fiscal deve ter bem presente a respectiva figura,
procurando sempre prever em que plano vão sentir-se os efeitos económicos
dos impostos criados, ou remodelados. Acontece até, com frequência, que a
situação de contribuinte de facto não é meramente ocasional, tendo sido visada
pelo legislador. Conhecendo as possibilidades de repercussão do imposto, a lei
fiscal tributa pessoas diversas daquelas que procura atingir, sabendo
previamente que elas não deixarão de libertar-se do encargo, transferindo-o no
sentido desejado. Mas, mesmo nesses casos, a figura do contribuinte de facto,
de indiscutível relevo económico-financeiro, não oferece relevo jurídico.
Já se pretendeu na doutrina portuguesa reservar a expressão
“contribuinte”, pura e simplesmente, para a figura que designámos por
contribuinte de facto. Mas a inovação terminológica não parece aceitável, por
64
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
não se conformar nem com a linguagem legislativa, nem com a mais corrente e
usual, que designam por contribuinte o devedor tributário, o sujeito passivo da
obrigação de imposto. Esta parece ser a preferível. Especialmente depois de o
CPT, de 1991, tendo definido a personalidade tributária como “susceptibilidade
de ser sujeito de relações jurídicas tributárias” (art. 4º), definir também os
“sujeitos passivos das relações tributárias” como “os contribuintes, incluindo os
substitutos e responsáveis, bem como outras pessoas sobre as quais recaiam
obrigações daquela natureza” (art. 10). Em suma, é contribuinte, é sujeito
passivo, aquele que se acha juridicamente vinculado.
65
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Também quanto ao carácter originário do débito tributário importa ter
presente que aquele carácter não coincide sempre e necessariamente com o
desenvolvimento normal da relação jurídica de imposto. Não serão sujeitos
passivos não originários apenas as pessoas obrigadas a prestar em
consequência do desenvolvimento patológico daquela relação.
Há casos em que a entidade obrigada a pagar na base de um
desenvolvimento normal da relação de imposto é um sujeito passivo não
originário. Assim acontece com os substitutos de imposto, chamados a pagar a
prestação tributária normalmente, isto é, na base de um desenvolvimento
normal da relação jurídica de imposto. Mesmo assim, os substitutos de imposto
são devedores, sujeitos passivos, não originários; porquanto em relação a eles
não se estabelece uma presunção de benefício que justifique a incidência
tributária.
A contribuição autárquica incide sobre o proprietário, ou sobre o
usufrutuário, na base de uma presunção de rendimento económico, de
benefício auferido. O imposto do Selo incide sobre um anunciante porque se
presume que do anúncio resulta para ele um beneficio. Os débitos tributários
assentes na presunção de um benefício auferido são débitos originários. Como
originários serão também os sujeitos tributários passivos relativamente aos
quais se estabeleceu a presunção de beneficio.
Mas o legislador fiscal, procurando acautelar os créditos tributários, e
simplificar as respectivas operações de lançamento, liquidação e cobrança,
criou processos que permitem exigir o pagamento da prestação tributária a
pessoas relativamente as quais se não pode estabelecer qualquer presunção
de benefício auferido. Assim, se o antigo proprietário de um imóvel não tiver
pago um imposto que devia, em razão da sua propriedade, essa prestação
tributária poderá ser exigida ao novo proprietário do mesmo imóvel. Se o
obrigado ao pagamento de taxa militar não realizasse a respectiva prestação,
esta poderia ser exigida aos seus familiares. Nestes dois casos, apontados
como exemplos, o dever de prestar do obrigado não originário situa-se numa
fase de desenvolvimento patológico da relação de imposto. O obrigado não
originário é chamado a prestar porque o obrigado originário não prestou. Mas
noutros casos não.
Muitas vezes o legislador fiscal estabelece para o obrigado não
originário o dever de prestar logo na fase de desenvolvimento normal da
relação de imposto. Assim, a entidade patronal paga a antecipação de IRS
baseada nos salários dos seus trabalhadores, antecipação essa retida na fonte,
descontada, previamente, no montante global dos salários. A presunção de
beneficio que justifica a incidência estabelece-a a lei fiscal em relação aos
trabalhadores. As entidades patronais que se lhes substituem são utilizadas
pelo Fisco para facilitar a cobrança do imposto. São sujeitos passivos não
originários, embora os respectivos deveres de prestar se situem num plano
normal, não patológico, do desenvolvimento das relações jurídicas.
Ex.: Soares Martinez - Um trabalhador tem um salário de 100 contos. A
empresa retêm na fonte (ou, em termos jurídicos, substituição fiscal) 15%.
Deste modo, o trabalhador só recebe 85 contos (100-15%). A empresa é um
sujeito passivo não originário. O Dr. Brás Teixeira não faz qualquer ligação
entre estes aspectos e considera a empresa sujeito passivo originário.
66
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
As situações de débitos tributários não originários correspondem a
quatro tipos diferenciados: solidariedade, sucessão, responsabilidade e
substituição.
i) A Solidariedade Fiscal:
67
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Enquanto o devedor originário ocupa a posição de sujeito passivo na
relação jurídica fiscal desde o início, sendo responsável pelo pagamento do
débito fiscal total, já o responsável solidário só intervém numa fase processual
executiva, só depois de se terem executado os bens do devedor originário e de
se ter concluído a inexistência de bens suficientes para o pagamento da dívida
fiscal.
No processo de execução fiscal, o Estado está numa posição credora
(pelas dívidas ao fisco) privilegiada face aos demais credores. O processo de
execução fiscal é feito por reversão contra o gerente da sociedade, da
empresa. Cabe, então, ao gerente provar que o processo de falência não se
deu por culpa sua, isto é, cabe-lhe o ónus da prova de que não é responsável
pela falência.
68
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
herança, nos termos do art. 2019 do Código Civil de Seabra”. E embora no
Código de Processo das Contribuições e Impostos não se nos deparasse
qualquer preceito equivalente, este deveria ser considerado aplicável por força
dos arts. 2071 do Código Civil e 827 do Código de Processo Civil, antes da
revisão de 1995. A mesma conclusão se chegará face ao actual CPT e ao
CIRS (arts. 63, 64 e 65).
A posição do sucessor fiscal é diferente consoante a relação jurídica
fiscal incorpora uma prestação instantânea ou uma prestação periódica. Nas
prestações instantâneas, os herdeiros respondem unicamente pelas dividas
existentes ao tempo da morte do anterior sujeito passivo e restringe-se a sua
responsabilidade às forças da herança. Tratando-se de prestações periódicas,
temos que distinguir as dividas fiscais que já existiam no momento da
sucessão, daquelas que vieram a existir posteriormente. Isto porque, se em
relação às primeiras a posição do sucessor é de verdadeiro herdeiro, em
relação às segundas a sua posição é a de um devedor originário. Pelo que a
sua responsabilidade se estende a todo o seu património e não se restringe às
forças da herança.
Relativamente às dívidas em que o novo sujeito passivo figura como
sucessor, no caso de haver pluralidade de herdeiros (sucessores), a sua
responsabilidade é conjunta (art. 241 CPT) e não solidária.
69
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
sua maioria, aqueles em que o substituto, em virtude de determinadas relações
jurídicas, deve ao substituído quaisquer tipo de rendimentos ou prestações,
destinando-se, deste modo, a substituição a facilitar a percepção do próprio
imposto.
Na verdade, é muito mais seguro, rápido e cómodo a Administração
Fiscal exigir das entidades patronais as colectas de imposto devidos pelos
trabalhadores; assim como também é mais fácil à Administração Fiscal exigir
dos bancos as colectas de imposto que recaem sobre juros de depósitos
bancários, bem como exigir das sociedades as colectas do imposto que
recaem sobre os lucros dos contribuintes, accionistas, obrigacionistas, etc.
Se, por um lado, através das substituição se reduzem os actos de
liquidação, por outro lado, garantem-se melhor os créditos tributários pela
atribuição do dever a determinadas pessoas ou entidades – os substitutos –
cuja solvência parece mais facilmente assegurada.
O substituto fica, pois, encarregado pela lei (única fonte possível) de
realizar a cobrança do imposto junto do substituído e de proceder à respectiva
à Administração Fiscal (Fisco).
Quanto as elementos caracterizadores da substituição fiscal há
polémicas doutrinais a analisar.
O 1º elemento é o conceito de devedor originário.
Soares Martinez defende que a substituição fiscal é uma situação
característica da responsabilidade tributária passiva, mediante a qual o
substituto assume perante o sujeito activo da relação tributária uma posição de
devedor tributário, satisfazendo um débito que é seu próprio, mas que não é
originário, por não corresponder a uma posição de benefício económico, a qual
respeita ao substituído (substituto – devedor não originário).
Brás Teixeira , na sequência da definição que dá de devedor originário,
como pessoa ou entidade que ocupa a posição de sujeito passivo ou devedor
do imposto, sendo a que a lei vinculou aos rendimentos, entende que na figura
da substituição fiscal, o único obrigado originário é o substituto, só podendo o
substituído ser chamado à execução como garante na falta de bens do
substituto e no caso em que as importâncias que ao substituído tiverem sido
deduzidos pelo substituto sejam de montante inferior ao legalmente devido. O
substituto é, pois, devedor originário.
O 2º elemento tem a ver com o direito de regresso ou retenção, que a
substituição normalmente determina e que, em geral, pode ser obrigatória ou
facultativa. No entanto, face ao actual Direito Fiscal em vigor, o Direito de
Retenção é obrigatório, pois a falta de entrega da prestação pelo substituto
constitui uma infracção fiscal, desde que estivesse expressamente prevista a
obrigatoriedade do proceder a essa mesma entrega (art. 29 RJIFNA). Há,
porém, casos em que o direito de retenção é facultativo (art. 7º/3 CSISA).
Por fim, para generalidade da Doutrina Portuguesa, o direito de retenção
tem uma verdadeira natureza civil e não tributária.
Concluindo, a substituição fiscal é o meio através do qual a
Administração Fiscal rápida e seguramente aufere as receitas fiscais.
70
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
As figuras de situação tributária passiva anteriormente consideradas
(solidariedade, sucessão, substituição) embora não correspondendo ao tipo
mais corrente de situações tributárias passivas, que é o do devedor originário,
apresentam-se-nos, no entanto, como normais, inseridas no desenvolvimento
normal da relação jurídica de imposto e não no seu desenvolvimento
patológico. Pelo contrário, a responsabilidade tributária é uma figura que só se
desenha numa fase patológica do desenvolvimento da relação jurídica de
imposto.
O responsável tributário é chamado ao pagamento do imposto porque o
devedor originário (incluindo, para tais efeitos, o substituto), o não pagou
oportunamente, e, em processo de execução fiscal, se tenha apurado a
inexistência de bens penhoráveis daquele devedor originário, ou a sua
insuficiência para satisfação da dívida exequenda (colecta e acrescido), nos
termos do art. 239/2 CPT. O processo executivo correrá, por reversão, contra
os responsáveis – arts. 233 e ss CPT.
A responsabilidade tributária depende de uma certa conexão com a falta
de cumprimento do devedor originário.
A responsabilidade pode ser pessoal (administradores, gerentes,... – art.
13 CPT) ou pode ser real. A responsabilidade pode também ser pessoal no
caso dos substituídos (art. 96 CIRS).
A responsabilidade é real quando uma pessoa adquire bens cujo
imposto não foi pago, ou quando o seu antigo dono também não pagou o
referido imposto (arts. 243 e 244 CPT).
A responsabilidade tributária corresponde sempre a um regime
subsidiário, por existir uma situação patológica. No processo de execução fiscal
tem que se provar a insolvência do devedor originário.
No caso específico dos administradores e gerentes, previsto no art. 13
CPT, a responsabilidade é subsidiária e também solidária, pois os gerentes
respondem solidariamente entre si. Eles são responsáveis, salvo se provarem
que não tiveram culpa, pois existe contra eles uma presunção de culpa e que
estes têm de ilidir, embora seja muito difícil fazê-lo.
Em todo e qualquer caso de responsabilidade tributária, os
responsáveis, a posteriori, depois de terem sido exigidas as quantias de
imposto, podem exercer o seu direito de regresso face ao devedor originário,
por tudo quanto pagaram.
O Dr. Brás Teixeira considera o responsável tributário um verdadeiro
fiador legal. O Dr. Soares Martinez não o considera como tal, mas não lhe
atribui nome específico, diz-nos apenas que é uma figura característica do
Direito Fiscal.
71
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
residência, a passagem pelo território estadual, a situação de bens nesse
mesmo território; a propositura de uma acção judicial perante os tribunais do
Estado, etc..
Tais são alguns dos vínculos políticos de que pode depender,
genericamente, a situação tributária. Estes vínculos políticos são normalmente
completados, para efeitos de sujeição fiscal, por vínculos económicos, tais
como o recebimento de um rendimento, a aceitação de uma herança, qualquer
circunstância que determine, ou se presuma que determina, um benefício
patrimonial. Assim, sujeito passivo de uma relação tributária predial, ou de
contribuição autárquica, será quem se presume auferir um rendimento -
elemento económico - proveniente de um prédio situado no território do Estado
- elemento político: Será sujeito passivo de uma relação tributária de imposto
de selo quem, tendo celebrado um contrato no estrangeiro, queira invocá-lo
perante a ordem jurídica portuguesa. Ao contrato, do qual se presume um
benefício patrimonial, corresponde um elemento económico; à necessidade de
invocá-lo perante a ordem jurídica portuguesa, um elemento político.
Os exemplos de dependência da sujeição tributária de um vínculo
político e de um vínculo económico poderiam, naturalmente, multiplicar-se. E
desses exemplos importaria induzir que a atribuição de personalidade tributária
passiva depende da individualidade económica da entidade personalizada; de
um vínculo político estabelecido entre essa individualidade e uma ordem
estadual; e, finalmente, de um vínculo económico que ligue essa mesma
individualidade a um facto do qual se presume lhe advenha um benefício, uma
utilidade.
Em resumo, coloca-se a questão de saber se se pode atribuir
personalidade passiva a entidades não personalizadas, ao nível do Direito
Fiscal. Brás Teixeira diz que não; Soares Martinez diz que sim, que o Direito
Fiscal personaliza certos centros de interesse que outros ramos de Direito não
personalizam (tal como já foi referido anteriormente).
O problema da personalidade jurídica tributária vai ter resolução no
âmbito da Lei Geral Tributária (que vai surgir na sequência da nova reforma
fiscal em curso). O prof. M. Vasconcelos concorda com esta posição do Dr. S.
Martinez.
Temos que nos conformar com o princípio fiscalista de que a tributação
tem em vista realidades económicas, quer estas satisfaçam ou não critérios de
legalidade à face de outros ramos de Direito. O Direito Fiscal não se preocupa
em saber se certa actividade é ilícita ou não, desde que, sendo o caso, pague
os impostos devidos.
O Direito Fiscal actual tributa na base de uma actividade exercida e no
benefício dela retirado, deixando de lado a legalidade e até a moralidade da
actividade.
72
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
entidade pública pode ser sujeito passivo de uma obrigação tributária, em
geral; e a de apurar se uma mesma entidade pública poderá aparecer como
sujeito activo e como sujeito passivo numa mesma relação jurídica de imposto.
Quanto à actividade específica do Estado, desenvolvida para realização
dos seus fins próprios, não parece facilmente admissível a sua tributação. Mas
quanto às actividades económico-privadas que eventualmente exerça, alguns
argumentos poderão ser aduzidos pró e contra a sujeição tributária.
Tem-se dito que a tributação do Estado é uma ficção contabilística, não
só inútil mas dispendiosa, porquanto exige a realização de tarefas das quais
nenhuma vantagem se pode esperar. O Estado pagaria com uma mão a
quantia que receberia com a outra. Contudo, tem-se defendido a tributação das
actividades económico-privadas do Estado com o fundamento de que só por
essa via é possível colocar tais actividades em posição de igualdade com as
empresas particulares concorrentes e, assim, conhecer os custos reais e as
vantagens das referidas actividades.
Não bastará a tributação das actividades económico-privadas do Estado
para conseguir essa posição de igualdade; porquanto tais actividades
beneficiam também muitas vezes de subsídios e privilégios vários que falseiam
as condições de concorrência. Em qualquer caso, o problema é de política
financeira. E, do ponto de vista jurídico, o argumento mais impressionante
parece adverso à tributação das actividades económico-privadas do Estado
nos casos em que o credor do imposto seja também o próprio Estado. Com
efeito, em tais casos, poderá entender-se que o vínculo jurídico-tributário se
extinguiria pela confusão do crédito e do débito respectivos.
No entanto, a circunstância de frequentemente as leis fiscais
estabelecerem isenções em favor do Estado leva a concluir que o princípio
geral é o da sujeição aos impostos, mesmo estaduais. Se as leis de impostos
declaram o Estado isento; quando o não fizerem será admissível a tributação.
A menos que se conclua no sentido de que a generalidade da concessão de
isenções, estabelecidas para prevenir a hipótese de desnecessárias operações
de lançamento, liquidação e cobrança, traduza um princípio geral de isenção,
ou mesmo de não incidência tributária, quanto ao Estado e em relação aos
seus próprios impostos.
Por vezes, porém, os termos em que são estabelecidas as isenções em
favor do Estado não tornam possível este entendimento, pela especificação
das circunstâncias que condicionam essas isenções, da qual se poderá
concluir, “a contrario sensu”, que, não se verificando tais condições, o Estado
não estará isento. É este um dos problemas que conviria solucionar
definitivamente através dos preceitos de uma lei tributaria de caracter geral. É
de notar que o Estado não se acha isento do imposto sobre o valor
acrescentado, cujos diplomas disciplinadores apenas estabeleceram isenções
de carácter objectivo.
Afigura-se perfeitamente admissível que o Estado seja contribuinte em
relação a outras entidades públicas, autarquias territoriais ou institutos
públicos. Essa é a solução generalizada na doutrina, não obstante a oposição
de alguns autores.
Também as outras entidades públicas não deverão ficar sujeitas a
impostos de que sejam elas próprias beneficiárias, nada obstando, no entanto,
73
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
a que se lhes atribua personalidade tributária passiva em relação ao Estado ou
a outras entidades públicas, quando se tratar de actividades de carácter
económico-privado, semelhantes às das empresas privadas, em conformidade
com o princípio da similitude.
O princípio geral de possibilidade de tributação das entidades públicas
não oferecerá dúvidas. Mas as leis fiscais usam, geralmente, de cautelas no
sentido de isentar o Estado, não apenas dos impostos estaduais mas também,
com frequência, de outros. E também muitas vezes isentam entidades públicas
menores. Assim, não apenas o Estado mas também as autarquias locais não
se acham sujeitos à contribuição autárquica (C. da Contribuição Autárquica, art.
9º), à sisa e ao imposto sucessório (CSISA e do Imposto sobre as Sucessões e
Doações, art. 13), etc.
74
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
personalidade. Mas a questão tem de ser agora apreciada no plano do Direito
Fiscal.
Importa distinguir se as sociedades civis se acham ou não constituídas
sob forma comercial. Na segunda hipótese, o CIRC exclui-as do plano de
incidência respectivo, ao atribuir os rendimentos das sociedades civis não
constituídas sob forma comercial aos sócios (art. 5º). E a mesma exclusão foi
estabelecida relativamente às sociedades de profissionais (ex.: Advogados) e
às de simples administração de bens.
Quanto às sociedades civis constituídas sob forma comercial, foi-lhes
reconhecida “uma individualidade jurídica diferente da dos associados” (art.
108 do Código Comercial). E a essa individualidade corresponde a atribuição
de personalidade tributário passiva (CIRC, arts. 2º/1, a), 5º e 12).
75
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
sociedades irregulares, com todas as consequências que envolve, aliada ao
movimento generalizado no sentido da sua personalização no plano fiscal, e à
preocupação de defesa dos interesses do Fisco, quanto à sua participação na
riqueza produzida, tornam difícil a defesa da tese avessa à tributação das
sociedades irregulares.
Não são convincentes as razões já aduzidas no sentido de que, à face
do art. 980 do Código Civil, as sociedades comercias irregulares teriam a
natureza de sociedades civis, não sendo, consequentemente, tributadas. A
questão reclamará, por certo, tratamento legislativo adequado numa lei geral
de impostos. Mas não se descortina com facilidade uma solução legislativa
Contrária à tributação das sociedades irregulares. Porquanto uma solução
diversa do problema abriria vias a práticas orientadas no sentido de evitar a
incidência, ou de protelar o pagamento de impostos, sobre actividades cuja
tributação é amplamente justificada.
76
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
quanto à capacidade tributária passiva de exercício. Não cria incapacidades de
exercício que valham só para as relações tributárias. Limita-se a verificar se as
manifestações de vontade produzidas através do desenvolvimento de um
vinculo jurídico de imposto dimanam de uma pessoa que não esteja ferida por
qualquer das incapacidades do Direito Civil.
Assim, o art. 5º CPT comete aos representantes dos incapazes,
designados de acordo com a lei civil, o cumprimento dos deveres fiscais dos
representados e o exercício dos respectivos direitos. A essa representação
correspondem, necessariamente, responsabilidades, nos termos gerais de
Direito. E ainda as resultantes da eventual prática de infracções fiscais, sendo
as multas e as coimas por elas aplicadas devidas pelo representante, e não
pelo representado.
Era esta já há muito a doutrina defendida no plano jurisprudencial, que
acabou por receber consagração legislativa no art. 5º CPT. Quanto à prestação
tributária, só os bens do representado respondem pelo respectivo pagamento;
mas quanto a multas, e outros encargos resultantes de faltas cometidas, que
não podem ser imputáveis ao representado, em razão da sua incapacidade, é
perfeitamente admissível a responsabilidade pessoal do representante (cfr.
RJIFNA, aprovado pelo DL 20-A/90, de 15 de Janeiro, arts. 6º e 22).
77
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
78
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
residência habitual tem sido adoptado pelas convenções internacionais sobre
dupla tributação celebradas por Portugal.
Este critério, julgado preferível, não obsta, no entanto, a frequentes
conflitos no plano internacional quanto a contribuintes que têm residências em
mais de um pais, tornando-se difícil, muitas vezes, determinar qual seja a
residência habitual. O CIRS considerou residentes as pessoas que, no ano ao
qual respeitem os rendimentos, tenham permanecido em território português
mais de 183 dias, ou disponham aí de habitação em condições que permitam
presumir uma residência habitual (art. 16).
O domicílio fiscal das pessoas colectivas é normalmente a sua sede,
estabelecida pelo respectivo pacto social ou outro instrumento constitutivo.
Mas, a fim de evitar a adopção de sedes fictícias, muitas vezes adoptadas
apenas para atingir certos fins tributários, como acontece frequentemente com
os chamados "domicílios postais" e as denominadas "sociedades de domicílio",
numerosas em países considerados "paraísos fiscais", o preceito do art. 162.
do Código da Contribuição Industrial, de 1963, substituiu a sede pelo local de
"direcção efectiva". O mesmo critério da "direcção efectiva" foi
fundamentalmente seguido também pelo citado DL nº 579/70, através do seu
art. 6º. Também a ideia de "direcção efectiva", em alternativa à sede, foi
recebida pelo CIRC (arts. 2º, 4º e 95).
Com bastante frequência a sujeição a uma ordem tributária não depende
do domicílio, mas sim da situação num espaço fiscal de um estabelecimento
permanente, ou de um estabelecimento estável.
Este conceito tem sido usado pelas convenções internacionais sobre
dupla tributação. E também o é pelo CIRC (arts. 4º, 49, 50 e 95), para o qual
estabelecimento estável se considera qualquer instalação fixa, ou
representação permanente, através das quais se exerça uma actividade de
natureza comercial, industrial ou agrícola (art. 4º, nº 5).
Ainda que o contribuinte possa estar ligado, pela multiplicidade dos seus
interesses, a mais de uma circunscrição fiscal, as legislações tributárias
modernas tendem a fixá-lo a um único centro, que é o do seu domicílio fiscal; e,
por vezes, a um registo central, a que poderá corresponder um número de
contribuinte, que acompanha este em todas as suas relações fiscais e deverá
ser invocado em diversíssimas situações, para efeitos de fiscalização tributária
de actividades desenvolvidas. Assim aconteceu em Portugal, onde o DL nº
463/79, de 30 de Novembro, estabeleceu um registo central e um numero para
cada contribuinte.
79
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
a) Os pressupostos objectivos e o objecto da relação jurídica de
imposto:
b) As isenções objectivas:
81
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
distinguir o objecto imediato da relação de imposto do seu objecto mediato.
Aquele constituído pelo próprio conteúdo do vínculo, pelos direitos e deveres
que nele se integram; este correspondendo à prestação.
O objecto imediato da relação de imposto, também designado por
conteúdo, é, pois, constituído pelos direitos e deveres nessa relação incluídos.
E como cada direito de um dos sujeitos encontra contrapartida num dever do
outro, bastara indicar os direitos e os deveres correspondentes ao sujeito
activo, ou ao sujeito passivo, para se fixar o conteúdo da relação de imposto.
Indicar-se-ão, assim, os deveres e os direitos do sujeito passivo, do
contribuinte.
O dever fundamental do sujeito tributário passivo é o de realizar a
prestação de imposto, que corresponde ao objecto mediato da relação. Mas,
além deste, deparamos com deveres acessórios que, quando impendem sobre
a pessoa à qual é também exigível a prestação de imposto, parece preferível
incluir na relação jurídico-tributária, à semelhança com o que acontece quanto
a outros deveres acessórios incluídos em obrigações diversas das tributarias.
Alguns desses deveres acessórios são estabelecidos a fim de permitir ou
facilitar o lançamento e a liquidação dos impostos (ex.: o dever de prestar
declarações); outros têm em vista prevenir e reprimir fraudes fiscais (ex. o
dever de suportar exames à escrita comercial e outras fiscalizações).
Quanto aos direitos do contribuinte, afirmando-se correntemente que a
relação jurídica de imposto é unilateral, respeitando essa unilateralidade para
uns autores apenas à origem mas para outros também ao conteúdo, poderá
parecer duvidoso que naquela relação se incluam direitos do sujeito passivo.
Como exemplos desses direitos refere Tesoro a restituição de tributos
indevidos. o direito às isenções e o direito de recurso. A qualificação poderá
suscitar objecções. Se determinada pessoa tem direito a uma restituição de um
tributo indevido será porque, afinal, não era sujeito passivo da relação de
imposto em causa. Se beneficia de uma isenção é porque também não é
contribuinte.
Se recorre de qualquer acto da Administração fiscal, o direito respectivo
é de carácter geral, decorrendo do princípio comum de petição e recurso (arts.
52 e 268 CRP). No entanto, se se tratar não da restituição de um tributo
indevido, mas sim da restituição de uma colecta mal lançada, ou mal liquidada,
já poderá admitir-se que seja o contribuinte, o sujeito passivo, como tal, que
tem direito a essa restituição. Também poderá entender-se que a isenção, ao
menos quando parcial, não exclui a qualidade de contribuinte de quem dela
beneficia. Aliás, aos direitos do sujeito passivo indicados por Tesoro poderá
acrescentar-se o de ser informado pela Administração fiscal sobre a sua
própria situação tributária.
Se a todo o cidadão cabe o direito de ser esclarecido pelo governo e
outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos (art. 48, nº 2 CRP)
e o de tomar conhecimento e exigir a rectificação e a actualização dos dados
que a seu respeito constarem de registos informáticos (art. 35, nº 1), por
maioria de razão tem de reconhecer-se ao contribuinte o direito de ser
informado sobre elementos de que depende a defesa do seu património, nos
termos do art. 268, nº 1 CRP. Aliás, tal direito achava-se expressamente
reconhecido, desde 1963, pelos preceitos do art. 14 do Código de Processo
82
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
das Contribuições e Impostos. E o actual CPT enumera, como direitos dos
contribuintes, os direitos à informação, à fundamentação dos actos tributários,
à notificação dos mesmos actos, os direitos de reclamar, de impugnar, de opor,
de ser ouvido, de haver juros indemnizatórios e de lhes serem reduzidas as
coimas, em certas circunstâncias (arts. 19 ss). O Estatuto dos Benefícios
Fiscais refere-se ao direito a esses benefícios (art. 11). O DL nº 492/88, de 30
de Dezembro, consigna um direito ao reembolso (art. 19). Mas, sem que
ofereça dúvidas o interesse pragmático de tais declarações de direitos dos
contribuintes, sobretudo nos quadros de ordenamentos jurídicos que
pretendem assentar a realização da justiça no respeito de direitos subjectivos,
e com as reservas suscitadas por todas as declarações de direitos, pôr-se-á
em dúvida - isso sim - que os referidos direitos, ou todos, ou a maioria deles,
caibam na esfera do objecto da relação de imposto.
O objecto mediato da relação de. imposto é uma conduta, uma
prestação, positiva, .de dare, "de facere", ou negativa, "de non: facere"..
Entende a generalidade da doutrina que a prestação tributaria principal é
sempre "de dare", só se apresentando como "de facere" ou "de 'non facere" as
prestações acessórias.
Poderia pôr-se o problema de saber se não haverá prestações
tributárias principais "de facere", dando-se como exemplo a prestação de
imposto do selo, quando consiste na inutilização de uma estampilha fiscal.
Poderá assentar-se em que as prestações tributárias principais são "de
dare".
Mas, em relação às prestações acessórias, já se admitirá, sem reservas,
que possam ser "de facere" as prestações de declarações, de apresentação de
documentos, de estabelecimento de vedações em torno de estabelecimentos
fabris, de produção de sinais, por motivo da aproximação de navios de
instalações aduaneiras, etc. São "de non facere" as prestações
correspondentes aos deveres tributários que impõem a sujeição a exames,
avaliações e fiscalizações. Nestes casos, o obrigado cumpre abstendo-se de
tentar impedir ou dificultar as respectivas operações realizadas pelo sujeito
activo através dos seus agentes.
83
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
poderá entender-se que sim. Mesmo que se discuta se as prestações
tributárias principais são ou não necessariamente pecuniárias, em cujo caso a
fungibilidade será indiscutível, é difícil de admitir o pagamento de impostos em
bens não fungíveis, até na hipótese de esse pagamento se fazer em géneros.
Ainda quando se admite a dação em cumprimento de bens em si mesmos não
fungíveis (obras de arte, títulos de crédito), esses bens são recebidos pelo
Fisco em razão do valor de troca que lhes é atribuído. No plano teórico, no
entanto, é admissível considerar o pagamento de impostos através da
prestação de serviços, não fungíveis; embora essa admissibilidade possa
suscitar dificuldades de ordem vária.
Distinguem-se, frequentemente, a prestação tributária principal,
resultante da aplicação da taxa básica do imposto, os adicionais e os
adicionamentos. Mas importará observar que a prestação global, resultante da
aplicação da taxa básica, dos adicionais e dos adicionamentos, é, em regra,
incindível.
36. Cumprimento:
b) prazo do pagamento:
85
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
38. Prescrição:
39. Compensação:
87
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
40. Confusão:
Insolvência;
Extinção;
Consignação em depósito.
88
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Capítulo V:
89
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
a) privilégios creditórios:
b) hipoteca:
c) Prestação de caução:
92
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
utilizado pelo CC não coincide com o critério vigente na lei actual, parecendo
no fundo que o CC faz corresponder essa distinção àquela que separa
impostos periódicos e impostos de obrigação única, considerando elemento
essencial dos primeiros aquilo que se chama inscrição para cobrança.
93
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
94
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
a) Princípios:
b) Fases:
Uma questão que se suscita a propósito do prazo de caducidade é saber se basta que a AP fiscal
inicie o processo para se começar a contar o prazo de caducidade ou se é necessário que, apesar de
iniciado e concluído o processo, se proceda à notificação do contribuinte.
De facto, é necessária a notificação do contribuinte para se começar a contar o prazo (art. 18
CPT). Tendo em conta que o acto tributário se dirige a um sujeito, logo, que este tem de tomar
conhecimento do acto e se tivermos em conta a segurança do Direito, temos de concluir que só com a
notificação o acto tributário se torna completo e perfeito, pois trata-se de um verdadeiro acto receptício.
b) As autoliquidações:
96
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Tem sido muito discutida a natureza desta autoliquidação, à qual vários autores negam a
natureza de acto tributário, enquanto outros pretendem que se trata de uma liquidação realizada pelo
contribuinte, no uso de uma delegação do Fisco.
Um acto tributário, apesar de definitivo, esta sujeito a revisão ou anulação oficiosa pela AP
fiscal, ou pode ser objecto de reclamação por parte do contribuinte (reclamação graciosa ou judicial).
Vamos aqui analisar os mecanismos de revisão da iniciativa do particular, que são quatro:
reclamação graciosa (arts. 95 e ss CPT), impugnação judicial, reclamação para uma comissão distrital de
revisão e recurso hierárquico (arts. 91 e 92 CPT).
a) reclamação graciosa:
A reclamação graciosa é dirigida por requerimento ao director geral das finanças respectivo (em
princípio, do distrito). Os fundamentos são normalmente os previstos no art. 120 CPT. O requerimento da
pessoa singular ou colectiva, apesar de dirigida ao director geral, tem de ser entregue na repartição de
finanças da área de residência.
O processo de reclamação graciosa é, em regra, gratuito. Quanto ao prazo, a reclamação deve ser
entregue na repartição de finanças nos 90 dias após o surgimento do facto tributário que se contesta (art.
123 CPT).
A decisão de reclamação pode ser feita através de deferimento, ou de indeferimento expresso
(pode-se recorrer, depois, aos meios judiciais no prazo de 8 dias, nos termos do art. 123/2), ou ainda de
indeferimento tácito (o particular tem 90 dias para recorrer judicialmente, prazo que se conta a partir das
alíneas do art. 123; pode ainda recorrer ao recurso hierárquico, que será analisado de seguida).
Esquema:
Liquidação Indeferimento tácito
b) impugnação judicial:
97
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
podem ir além dos documentos comprovativos, as respectivas testemunhas. A petição é apresentada junto
da respectiva repartição de finanças.
O contribuinte, após a liquidação adicional, tem 90 dias para apresentar a impugnação judicial.
Esquema:
90 dias ***
Em resposta ao recurso feito pela AP fiscal aos métodos indiciários, que são admitidos (art. 51
CIRC), o CPT apresenta uma nova garantia (arts. 84 e ss), que é a reclamação para uma comissão distrital
de revisão, actualmente constituída por três entidades: o director-geral de Finanças; o vogal nomeado pela
Fazenda Pública e o vogal nomeado pelo contribuinte.
A constituição e os poderes desta comissão vão ser reforçados no âmbito da reforma fiscal em
curso.
A reclamação para esta comissão tem efeitos suspensivos (art. 90 CPT), ao contrário das duas
garantias anteriores. A lei permite a reclamação graciosa ou a impugnação judicial da decisão desta
comissão, com base no fundamento da errónea quantificação da matéria colectável fixada pela comissão.
Só se pode reclamar ou recorrer da decisão final da comissão (reclamação graciosa ou impugnação
judicial).
98
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
d) recurso hierárquico:
O recurso hierárquico deve ser accionado no prazo de 30 dias, directamente para o Ministro das
Finanças, sendo que dessa decisão é possível recurso para o STA.
O fundamento deste recurso é que é a via processual correcta para que o contribuinte conteste as
alterações introduzidas pela AP fiscal ao nível da qualificação e quantificação da matéria colectável.
99
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
A concluir, dir-se-ia apenas que releva em sede tributária, como virtual reflexo da tutela
constitucional do direito à intimidade da vida privada (art. 26/1 CRP) e da consequente proibição de
acesso a dados pessoais constantes de ficheiros e registos informatizados (cfr. arts. 35 CRP e 2º e 11 da
Lei nº 10/91, de 29/4 – Lei de Protecção de Dados Pessoais face à Informática), o direito à
confidencialidade fiscal, expressamente consagrado no art. 17, al. d) do CPT, o qual abrange “os dados
relativos à situação tributária dos contribuintes”.
Ainda em matéria de sigilo sublinha-se, no entanto, a relevância do sigilo bancário face à
própria Administração Fiscal.
101
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Há que distinguir uma cobrança tributária virtual de uma cobrança tributária eventual. Essa é a
destrinça que as leis fiscais têm estabelecido (Código de Processo das Contribuições e Impostos, de 1963,
art. 19); embora na doutrina já se tenha sustentado, e com alguma razão, que a cobrança virtual, como a
cobrança eventual, resultam de dois tipos diversos de liquidação, aos quais deveriam corresponder
igualmente essas mesmas designações de virtual e eventual. Também neste ponto são estreitas as ligações
entre os processos de cobrança e de liquidação.
A cobrança virtual é uma cobrança previsível; pelo que se torna possível estabelecer os prazos
respectivos. Consequentemente, a cobrança normal dos impostos periódicos é também virtual; sendo
eventual apenas quando baseada em liquidações adicionais e noutros casos que se afastam da
normalidade em relação àqueles impostos.
Os impostos periódicos são, pois, em regra, cobrados virtualmente; embora haja excepções.
Também o imposto sucessório pode ser cobrado virtualmente, quando pago em prestações. Estabelecido
tal regime de pagamento em prestações, a respectiva cobrança passa a ser previsível e prevista,
realizando-se em prazos certos (CSISA e do imposto sobre as Sucessões e Doações, art. 125.0, § único).
São normalmente de cobrança eventual, não prevista nem previsível, os impostos alfandegários,
a sisa e o imposto do selo.
Assim, p.ex., quem quer adquirir um imóvel por compra, e já ajustou a transacção respectiva
com o actual proprietário, solicita à repartição de finanças da aérea correspondente à situação desse
imóvel que lhe seja liquidado o imposto de sisa devido, sem a prova do pagamento do qual o notário não
lavrará a escritura de compra e venda. A transacção referida não poderia ser razoavelmente prevista pela
Administração, à qual o contribuinte fornecerá todos os elementos indispensáveis à liquidação, que dará
lugar a uma cobrança eventual, realizada na base da guia para pagamento que a repartição de finanças
entregará ao contribuinte para o efeito de realizar a prestação tributária junto da tesouraria da Fazenda
Pública.
Na actualidade, a cobrança dos impostos, quer virtual quer eventual, cabe, geralmente, a serviços
públicos (tesourarias da Fazenda Pública e alfândegas).
A cobrança à boca do cofre, quer dizer, realizada no período inicial da abertura dos cofres da
Fazenda Pública para determinados efeitos, é aquela que se opera no prazo legal e normalmente previsto
para arrecadação de um certo imposto. Esse prazo, nos impostos periódicos, é, em regra, de um mês. E
porque se trata de cobrança de impostos arrecadados no prazo normal, essa cobrança à boca do cofre
abrange apenas a prestação tributária liquidada, que envolverá, quando for caso disso, adicionais e
adicionamentos, mas não juros de mora, inadmissíveis em tal caso, pois o contribuinte que paga à boca
do cofre cumpre pontualmente; não se encontra numa situação de "mora debitoris” que justifique o
vencimento de juros.
Esta expressão "cobrança à boca do cofre" tem, por certo, sabor anacrónico, recordando os
tempos em que o dinheiro dos impostos era guardado em arcas, removidas para lugares mais seguros
quando findava o período normal de cobrança. Mas tal expressão enraizou-se; e talvez não houvesse
motivo para abandoná-la (arts. 102,107 e 110 CPT).
102
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) A cobrança com juros de mora:
Esta cobrança com juros de mora, antes designada cobrança voluntária, por contraposição à
cobrança coerciva, foi admitida nas legislações fiscais por se julgar não justificada a remessa imediata
aos tribunais, para efeitos de execuções fiscais, dos conhecimentos de imposto, ou das notas de cobrança,
ou das respectivas certidões, que não foram pagos pontualmente, no período de cobrança à boca do cofre.
Há contribuintes que não são pontuais no pagamento dos impostos, mas que não deixarão de pagá-los,
sem necessidade de usar medidas coercivas, se se lhes conceder uma moratória legal, necessariamente
diversa de qualquer moratória concedida pela Administração. E assim o entenderam, geralmente, as leis
fiscais, ao admitirem a cobrança de impostos, para além dos prazos normais, durante um certo período,
que, no Direito Fiscal português, costumava ser de sessenta dias. Mas o contribuinte que beneficia de tal
moratória legal não cumpriu pontualmente; pelo que o pagamento da prestação devida só deverá ser
admitido fazendo-se-lhe acrescer os respectivos juros de mora. Donde a designação desta fase de
cobrança. Se à mora não correspondessem juros, compensatórios da mora, muitos contribuintes
prefeririam realizar o pagamento nessa fase subsequente.
c) A cobrança coerciva:
Decorridos os prazos de cobrança voluntária, “com juros de mora” sem que um imposto tenha
sido pago, proceder-se-á ao acto tributário designado por relaxe. Com ele se inicia a fase de cobrança
coerciva, a qual corresponde ao processo de execução fiscal, que corre pelas repartições de finanças e
pelos tribunais tributários.
Um dos significados da expressão "relaxe” é a de "entrega”. Nesse sentido foi já usada pelo
antigo Direito português. Também no Direito Fiscal, o relaxe põe fim ao processo administrativo de
cobrança e dá início a um processo coercivo que é da competência da ordem judicial.
Segundo o conhecimento comum, na grande maioria dos processos de execução fiscal não são
deduzidas oposições pelos executados, nem embargos, por parte de terceiros. Ora, em tais condições, a
remessa do processo para o tribunal e a posterior devolução do mesmo à repartição de finanças, para
efeitos de penhora de bens, traduzia-se, na prática, em inútil perda de tempo e sobrecarga de actividades.
Dai que, pelo actual regime do Código de Processo Tributário, de 1991, o processo de execução fiscal só
seja remetido ao tribunal se forem deduzidos embargos ou oposição (arts. 290 e 319), ou para verificação
e graduação de créditos (art. 333).
103
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Antes da reforma de 1989, o sistema fiscal ao nível dos impostos directos era formado por um
conjunto de impostos parcelares: imposto profissional, contribuição industrial, contribuição predial,...
Até 1989, estes eram impostos reais, que abstraiam da situação do contribuinte. A este
sobrepunha-se o imposto parcelar, que recai sobre o rendimento pessoal do contribuinte.
A Constituição de 1976 vem por em crise os impostos existentes, pois nos arts. 106 e 107
defende a finalidade dos impostos e defende ainda a existência de quatro impostos:
1. Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares;
2. Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas;
3. Imposto sobre o património (sucessões e doações);
4. Imposto sobre o consumo.
O 1º devia incidir sobre o rendimento de cada contribuinte e ser progressivo, tendo em conta a
situação do agregado familiar. O 2º devia incidir sobre lucro real (e não indiciado). O 3º devia também
ser progressivo e, finalmente, o 4º devia adaptar a estrutura do consumo às necessidades do
desenvolvimento económico, devendo onerar o consumo de produtos de luxo.
Foi o texto constitucional de 1976, o pensamento pragmático do legislador de 1976 que esteve na
base da reforma fiscal de 1989.
Foi em 1986 que se iniciou a reforma fiscal de 1989, com a reforma da tributação indirecta
(impostos sobre a despesa), motivada pela adesão de Portugal à CEE (6ª directiva do IVA), sobretudo
pela inclusão do imposto do IVA no nosso país, que veio substituir o imposto de transacções (DL
394/84).
O IVA incide sobre a despesa, é plurifásico e não cumulativo e é também impessoal (não tem em
conta a situação pessoal dos contribuintes, impondo-se a todas, ricas ou pobres, nas despesas efectuadas).
O IVA é o imposto mais perfeito no nosso país. O IRC, p.ex., não é tão justo quanto o IVA. O IVA entrou
em vigor em 1/1/86.
104
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
A Reforma de 1989 introduziu vários impostos:
IRS (DL 442-A/88);
IRC (DL 442-B/88);
Contribuição Autárquica (DL 442-C/88);
Estatuto dos Benefícios Fiscais (DL 215/89 – os benefícios fiscais foram reformulados e
compilados num único diploma).
1. Manter a configuração essencial dos actuais impostos sobre o rendimento – IRC e IRS. Na CE
há 50 anos que se tenta harmonizar o IRC, sem êxito!... O objectivo é alterar e não revolucionar o sistema
fiscal.
105
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Todas estas reformas serão feitas à luz das grandes directivas e princípios orientadores do
sistema fiscal, patentes na CRP: Princípio da Legalidade Tributária e Princípio da Igualdade Tributária,
bem como com respeito pela estrutura constante do art. 104 CRP.
Vejamos agora o sistema actual e façamos uma análise global da reforma fiscal.
Quanto às garantias dos contribuintes, actualmente encontram-se na CRP e no CPT,
abrangendo um conjunto de princípio que regem a actividade fiscal e garantem a posição dos
contribuintes. Além destes, também o CPA prevê algumas garantias exaustivas, que regem a actividade
dos órgãos do Estado.
No CPA destaca-se o princípio da procedimentalização dos direitos tributários. A vontade da
AP deve ser formada e manifestada através e ao cabo de uma sucessão ordenada de actos e formalidades,
que se integram no processo tributário gracioso.
O art. 19 CPT prevê ainda um sem número de garantias, como o direito à informação, o direito à
fundamentação e notificação dos actos, fundamentação esta de facto e de direito. O que se pretende é uma
relação de confiança entre a AP fiscal e os contribuintes. A reforma fiscal pretende melhorar o canal de
informação entre a AP fiscal e os contribuintes, via Internet, p.ex..
Quanto ao acesso à justiça fiscal, a lei geral tributária é um reforço às garantias dos
contribuintes. Na lei geral pretende-se motivar a participação do contribuinte na fase graciosa do processo
de formação do acto, de tal modo que a via contenciosa fique reservada a questões só de direito, estando
as questões de facto já resolvidas na fase graciosa. Assim, podemos mesmo dizer que a lei geral tributária
será uma espécie de Teoria Geral da Relação Tributária.
A Lei Geral Tributária tem o carácter de lei e compreende diversos princípios e regras de
interpretação das leis fiscais. Pretende-se até que as normas fiscais sejam interpretadas à luz do CC. Com
esta lei o Direito Fiscal ganhará um relevante reforço jurídico.
106
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
Informatização de todas as repartições de finanças;
Formação dos próprios funcionários;
Maior participação dos contribuintes.
a) IVA:
O sujeito activo da relação jurídico-tributária de IVA. é o Estado. E sujeitos passivos serão "as
pessoas singulares ou colectivas que, de um modo independente e com carácter de habitualidade, exerçam
actividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as actividades extractivas, as
agrícolas e as das profissões livres, e, bem assim, as que do mesmo modo independente pratiquem uma só
operação tributável, desde que essa operação seja conexa com o exercício das referidas actividades, onde
quer que este ocorra, ou quando, independentemente dessa conexão, tal operação preencha os
pressupostos da incidência real de IRS e de IRC". São ainda sujeitos passivos as pessoas que adquiram
determinados serviços a entidades que não tenham domicilio ou sede em Portugal, as que importem bens,
107
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
aquelas que, em facturas emitidas, mencionem indevidamente a cobrança do IVA., e as que efectuem
operações "intracomunitárias" (art. 2º CIVA).
Em suma, sujeito passivo será o que pratique, por sua conta, sob sua responsabilidade, qualquer
acto de produção de bens ou de prestação de serviços, incluindo na produção as colocações comerciais. E
ainda o adquirente do serviço, quando o produtor não se situe na esfera da tributação nacional.
108
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
3. Matéria colectável do imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
A matéria colectável no IVA é constituída pelo "valor tributável" das transmissões de bens e das
prestações de serviços, efectuadas no território nacional, a título oneroso, pelas importações de bens e
pelas "operações intracomunitárias" (arts. 1º, 3º e ss CIVA; Regime do IVA nas Transacções
Intracomunitárias, aprovado pelo DL nº 290/92, de 28 de Dezembro). O novo regime do IVA, quanto às
transacções intracomunitárias foi exigido pela abolição de fronteiras aduaneiras, dentro da CE, a partir de
1993.
As novas regras relativas ao IVA que incidem sobre as trocas comunitárias entraram em vigor
em 1/1/93, altura em que entrou em funcionamento o Mercado Único e constam do DL 290/92, de 28/12,
que transpôs para Portugal a directiva 91/680, que veio alterar a 6ª Directiva do IVA.
Em 1/1/93 foram abolidas as fronteiras aduaneiras, tendo-se mantido a tributação generalizada
no país de destino, através da institucionalização do regime transitório do IVA, que pôs fim à cobrança do
IVA sobre as importações efectuadas entre os Estados-membros, o que impôs novo sistema de pagamento
do IVA face aos bens que circulam entre estes países.
O mercado único europeu implicou apenas a abolição das fronteiras fiscais de tipo aduaneiro até
então existentes, ou seja, a eliminação dos controlos físicos de mercadorias associados à sua passagem
pelas fronteiras internas da comunidade.
109
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
ÍNDICE:
INTRODUÇÃO: ................................................................................................................................... 1
CAPÍTULO I – O DIREITO FISCAL: ........................................................................................................ 1
1. Actividade Financeira – sua caracterização:.............................................................................. 1
necessidades colectivas e meios financeiros do Estado:.................................................................. 1
2. Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal. ............................................................. 1
Âmbito do Direito Fiscal: .............................................................................................................. 1
3. Natureza do Direito Fiscal: ....................................................................................................... 4
4. O Problema da Autonomia do Direito Fiscal.............................................................................. 4
(legislativa, didáctica e científica): ................................................................................................ 4
5. Relações do Direito Fiscal com outros ramos do Direito: ........................................................... 5
CAPÍTULO II – O IMPOSTO: .................................................................................................................. 8
6. Conceito de Imposto: ................................................................................................................. 8
O elemento objectivo, subjectivo e teleológico da definição: .......................................................... 8
7. Distinção entre imposto e outras categorias jurídicas: ............................................................... 9
a) O imposto e o preço: ............................................................................................................................ 9
b) O imposto e a taxa: .............................................................................................................................. 9
c) O imposto e os tributos especiais: ....................................................................................................... 10
d) O imposto e as contribuições para a Previdência: ................................................................................ 10
e) O imposto e o empréstimo público: .................................................................................................... 10
f) O imposto e a requisição administrativa: ............................................................................................. 11
g) O imposto e a expropriação por utilidade pública: ............................................................................... 12
8. Classificação dos Impostos: ..................................................................................................... 12
a) Os impostos directos e os impostos indirectos: .................................................................................... 12
b) Os impostos pessoais e os impostos reais:........................................................................................... 13
c) Os impostos estaduais e os impostos não estaduais:............................................................................. 14
d) Os impostos gerais e os impostos locais: ............................................................................................ 14
e) Os impostos periódicos e os impostos de obrigação única: .................................................................. 15
f) Os impostos principais e os impostos acessórios:................................................................................. 15
9. Estrutura dos Impostos Portugueses: ....................................................................................... 15
CAPÍTULO III – SOBERANIA FISCAL ................................................................................................... 17
10. Soberania Estadual e Soberania Fiscal: ................................................................................. 17
I. Soberania estadual, soberania fiscal e poder tributário:......................................................................... 17
II. Entidades públicas menores e soberania fiscal: ................................................................................... 17
11. Fundamento da soberania fiscal: ........................................................................................... 18
a) O fundamento da soberania fiscal no plano da análise jurídica: ............................................................ 18
b) O domínio eminente do príncipe: ....................................................................................................... 19
c) As concepções clássicas baseadas numa troca de utilidades: ................................................................ 19
d) As concepções ético-sociais: .............................................................................................................. 20
e) A negação de fundamento à soberania fiscal: ...................................................................................... 20
f) As concepções modernas baseadas numa troca global:......................................................................... 20
12. Limites da soberania fiscal: ................................................................................................... 21
a) Os fins do Estado: ............................................................................................................................. 21
b) Os costumes, os tratados e as leis constitucionais: ............................................................................... 21
c) A territorialidade do imposto: ............................................................................................................. 22
d) Os conflitos internacionais de tributação: ........................................................................................... 23
13. Expressão de Soberania Fiscal: ............................................................................................. 24
a) A natureza dos órgãos da soberania fiscal: .......................................................................................... 24
b) Os regimes constitucionais quanto aos órgãos da soberania fiscal: ....................................................... 25
14. Soluções constitucionais portuguesas:.................................................................................... 25
a) Evolução Histórica: ........................................................................................................................... 25
b) A Constituição de 1976:..................................................................................................................... 26
PARTE I – AS NORMAS FISCAIS ................................................................................................... 28
CAPÍTULO I – FONTES DO DIREITO FISCAL: ........................................................................................ 28
15. Noção e espécies de fontes do Direito Fiscal: ......................................................................... 28
a) Princípios jurídicos fundamentais e costume internacional: ................................................................. 28
b) Lei Constitucional – Princípio da Legalidade e Princípio da Igualdade: ............................................... 28
i
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
c) Lei ordinária formal e Decreto-Lei: .................................................................................................... 30
d) Regulamento: .................................................................................................................................... 31
e) Ordens internas da Administração (despachos, instruções e circulares): ............................................... 31
f) Costume: ........................................................................................................................................... 32
g) Deliberações das entidades públicas menores: .................................................................................... 32
h)Normas internacionais: ....................................................................................................................... 33
i) Jurisprudência e Doutrina: .................................................................................................................. 33
16. Hierarquia das fontes de Direito Fiscal: ................................................................................ 33
17. Codificação Fiscal – Referência à “Lei Geral Tributária” ..................................................... 34
actualmente em fase de preparação: ............................................................................................ 34
18. Categorias de normas fiscais: ................................................................................................ 34
a) normas de soberania fiscal: ................................................................................................................ 34
b) As normas de incidência: ................................................................................................................... 34
c) normas de lançamento:....................................................................................................................... 35
d) normas de liquidação: ........................................................................................................................ 35
e) normas de cobrança (ou pagamento): .................................................................................................. 35
f) As normas de organização de serviços: ............................................................................................... 35
g) normas de fiscalização: ...................................................................................................................... 36
h) normas de sanção: ............................................................................................................................. 36
i) normas de contencioso:....................................................................................................................... 36
CAPITULO II - INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO ................................................................... 38
DAS NORMAS FISCAIS ................................................................................................................ 38
19. Problemática da interpretação das normas fiscais: ................................................................ 38
a) “In dubio contra fiscum” e “odiosa restringenda”: ............................................................................... 38
b) Interpretação literal:........................................................................................................................... 39
c) “In dubio pro Fisco”: ......................................................................................................................... 40
d) interpretação histórico-evolutiva e interpretação funcional: ................................................................. 40
e) Princípios gerais de interpretação: ...................................................................................................... 41
20. Particularismos da interpretação das normas fiscais: ............................................................ 41
21. Integração de lacunas em Direito Fiscal: ............................................................................... 43
CAPÍTULO III – APLICAÇÃO DAS NORMAS FISCAIS ............................................................................. 44
22. Aplicação no tempo: .............................................................................................................. 44
a) Início e termo de vigência: ................................................................................................................. 44
b) Problemática da não retroactividade das normas fiscais – sua consagração expressa no texto final
aprovado pela IV Revisão Constitucional: .............................................................................................. 44
23. Aplicação no espaço .............................................................................................................. 44
O Princípio da territorialidade das normas fiscais:...................................................................... 44
PARTE II – A RELAÇÃO JURÍDICA DE IMPOSTO: ................................................................... 46
CAPÍTULO I – GENERALIDADES: ........................................................................................................ 46
24. Relação Jurídica Fiscal, Relação Jurídica de Imposto............................................................ 46
e Relações Tributárias Acessórias: .............................................................................................. 46
25. Natureza, Extensão e Especialidades ..................................................................................... 46
da Relação Jurídica de Imposto:.................................................................................................. 46
a) A natureza obrigacional da relação jurídica de imposto – refutação das teses contrárias:....................... 46
b) A extensão da Relação Jurídica de Imposto – As relações tributárias acessórias: .................................. 48
c) Especialidades da relação jurídica de imposto – obrigação legal (ex lege), irrenunciável e sujeita a
especiais garantias: ................................................................................................................................ 50
26. Constituição da Relação Jurídica de Imposto:........................................................................ 51
a) As Leis como factos constitutivos: ..................................................................................................... 51
b) A Construção de Von Myrbach-Rheinfeld: ......................................................................................... 51
c) A “liquidação” como facto constitutivo: ............................................................................................. 52
d) A conjugação dos “pressupostos tributários” como facto constitutivo: ................................................. 52
e) Noção e classificação de pressupostos da relação de imposto: ............................................................. 53
27. Causa da Relação Jurídica de Imposto - Referência breve: .................................................... 54
Capítulo II – Os Sujeitos: ............................................................................................................ 56
28. Personalidade Jurídica em Geral:.......................................................................................... 56
Personalidade Tributária; Capacidade Tributária ....................................................................... 56
Sujeitos:...................................................................................................................................... 56
29. Sujeito Activo – conceito e âmbito .......................................................................................... 57
a) Estado: .............................................................................................................................................. 59
ii
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
b) Autarquias Territoriais: ...................................................................................................................... 61
c) Institutos Públicos: ............................................................................................................................ 61
30. Sujeito Passivo – conceito e âmbito: ...................................................................................... 62
a) Sujeito Tributário Passivo, Contribuinte de Direito e Contribuinte de Facto ......................................... 63
b) Sujeitos Tributários Passivos Originários e Não Originários ................................................................ 65
c) Situações de Personalidade Tributária Passiva Não Originária: ............................................................ 67
d) Particularidades da tributação de Entidades Públicas, de Sociedades e de outros Entes: ........................ 71
31. Capacidade Tributária Passiva de Exercício:......................................................................... 76
a) As pessoas físicas e a sua capacidade tributária passiva de exercício .................................................... 76
b) As pessoas colectivas e a sua capacidade tributária passiva de exercício .............................................. 77
c) A representação voluntária em Direito Fiscal ...................................................................................... 78
32. Domicílio Fiscal e registo do contribuinte: ............................................................................ 78
CAPÍTULO III – O OBJECTO:............................................................................................................... 79
33. Objecto do imposto ................................................................................................................ 79
Pressupostos objectivos da tributação: ........................................................................................ 79
a) Os pressupostos objectivos e o objecto da relação jurídica de imposto: ................................................ 80
b) As isenções objectivas: ...................................................................................................................... 81
34. Objecto imediato e mediato da relação jurídica de imposto: ................................................... 81
35. A prestação – suas espécies: .................................................................................................. 83
CAPÍTULO IV – FORMAS DE EXTINÇÃO DA ......................................................................................... 84
RELAÇÃO JURÍDICA DE IMPOSTO: ...................................................................................................... 84
36. Cumprimento:........................................................................................................................ 84
a) lugar do pagamento (cumprimento): ................................................................................................... 84
b) prazo do pagamento:.......................................................................................................................... 84
37. Dação em cumprimento: ........................................................................................................ 85
38. Prescrição: ............................................................................................................................ 86
39. Compensação: ....................................................................................................................... 87
40. Confusão: .............................................................................................................................. 88
41. Outras formas de extinção – sua admissibilidade: .................................................................. 88
CAPÍTULO V: .................................................................................................................................... 89
42. Garantia Geral:..................................................................................................................... 89
43. Garantias Pessoais: ............................................................................................................... 90
44. Garantias Reais:.................................................................................................................... 90
a) privilégios creditórios: ....................................................................................................................... 90
b) hipoteca: ........................................................................................................................................... 91
c) Prestação de caução: .......................................................................................................................... 91
d) Juros de mora e compensatórios como garantias tributárias: ................................................................ 92
PARTE III – AS RELAÇÕES TRIBUTÁRIAS FORMAIS: ............................................................ 94
CAPÍTULO I – O ACTO TRIBUTÁRIO – SUA FORMAÇÃO: ........................................................................ 94
45. O acto tributário – conceito, natureza e efeitos: ..................................................................... 94
46. A formação do acto tributário – o processo tributário gracioso:............................................. 95
a) Princípios: ......................................................................................................................................... 95
b) Fases:................................................................................................................................................ 95
47. O acto de liquidação ou acto tributário:................................................................................. 96
a) Notificação no processo tributário: ..................................................................................................... 96
b) As autoliquidações: ........................................................................................................................... 96
c) As liquidações provisórias, definitivas e adicionais: ............................................................................ 97
48. Revisão e Anulação do acto tributário.................................................................................... 97
recursos graciosos e contenciosos: .............................................................................................. 97
a) reclamação graciosa: .......................................................................................................................... 97
b) impugnação judicial:.......................................................................................................................... 97
c) reclamação para uma comissão distrital de revisão: ............................................................................. 98
d) recurso hierárquico: ........................................................................................................................... 99
49. Direitos e garantias dos contribuintes: ................................................................................. 100
CAPÍTULO II – COBRANÇA DO IMPOSTO: .......................................................................................... 102
50. Processo de cobrança – suas espécies:................................................................................. 102
a cobrança virtual e a cobrança eventual: ................................................................................. 102
51. Fases de cobrança: .............................................................................................................. 102
a) A cobrança à boca do cofre: ............................................................................................................. 102
b) A cobrança com juros de mora: ........................................................................................................ 103
iii
Nome: Mutela Supinho Direito Fiscal I 2º Ano (2016)
c) A cobrança coerciva: ....................................................................................................................... 103
PARTE IV – ESTRUTURA ACTUAL DOS IMPOSTOS PORTUGUESES: ................................ 104
52. Análise do Sistema Fiscal Português actualmente em vigor. ................................................. 104
A “Lei Geral Tributária” actualmente em fase de preparação.................................................... 104
Análise global dos Quadros Gerais para a Reforma Fiscal ........................................................ 104
“um sistema fiscal para o Portugal desenvolvido no limiar do séc. XXI”.................................... 104
actualmente em fase de audição e debate público: ..................................................................... 104
53. Análise dos impostos portugueses: ....................................................................................... 107
a) IVA:................................................................................................................................................ 107
iv