2020 Historicamente a hospedagem esteve vinculada à necessidade das pessoas obterem alojamento e alimentação, em deslocamentos de caráter comercial, de conquista, religioso ou de lazer. Segundo Gonçalves e Campos (1998), não se sabe ao certo quando e como surgiu a atividade hoteleira no mundo, mas os autores supõem que tenha se originado da necessidade natural que tem os viajantes de procurar abrigo, apoio e alimentação durante suas viagens. Os meios de hospedagem surgiram da necessidade que tinham os viajantes de permanecerem em um local diferente de sua residência. Para Andrade (2002) e Ignarra (1999) os gregos e romanos são responsáveis pelos registros mais antigos no quesito hospedagem. Aos gregos é atribuída a construção do Àsylon, ou asilo, que data da época dos jogos olímpicos, e tinha como por objetivo fornecer abrigo, segurança e privacidade aos atletas convidados a participarem das competições esportivas e cerimônias religiosas. Já os romanos foram responsáveis pelo surgimento de outros tipos de hospedagem, como as estalagens e estábulos, principalmente por conta da expansão de seu território. (RIBEIRO, 2011). Outro exemplo de hospedagem da época são os monastérios, que recebiam principalmente aqueles que iam em busca do turismo religioso, mas também hóspedes doentes em busca de uma cura e também nobres e cavaleiros em viagem de batalha. Porém, com o aumento das estradas, principalmente por conta do comércio, as estalagens e pousadas de beira de estradas passaram a ser opções mais populares entre todos os tipos de viajantes. Esses estabelecimentos geralmente combinavam o oferecimento de quartos, uma espécie de restaurante/bar e um celeiro para manter os cavalos, que eram o principal meio de transporte da época. Com o surgimento e popularização das estradas de ferro, no início do século XIX, a locomoção dos viajantes se tornou cada vez mais rápida e o pernoite cada vez mais desnecessário. Com isso as estalagens e pousadas de beira de estrada foram ficando dispensáveis e desaparecendo aos poucos, e outro de tipo de empreendimento de hospedagem foi surgindo nas próprias estações de trem ou em suas proximidades. Como os trens tinham capacidade para carregar muito mais passageiros do que uma diligência, esses novos hotéis surgiram oferecendo um maior número de quartos do que as pousadas antigas. Pode-se notar, principalmente na Europa, o grande número de hotéis próximos a importantes estações de trem, como a Gare St. Lazzare, em Paris, e a Victoria Station, em Londres (ALDRIGUI, 2007). O surgimento da palavra hotel pode ter origem na expressão francesa hôtel, que segundo Ribeiro (2011) “significava residência do rei. Este termo também era utilizado para designar os edifícios suntuosos pertencentes à aristocracia francesa, como por exemplo, o Hôteldês Invalides, que desde 1670 abrigava oficiais da pátria que estavam inválidos.” O primeiro hotel familiar surgiu em Londres na Inglaterra no ano de 1774, porém somente no século XIX que surgiu o hotel como conhecemos hoje, cobrando um valor tabelado pela estadia nos quartos e refeições em restaurantes (ALDRIGUI, 2007). Em 1794, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, foi construído o primeiro hotel do país que foi projeto desde de sua planta para tal fim, com 73 quartos, cujas áreas sociais representavam 70% de sua área total, demonstrando a importância atribuída ao convívio e lazer dos hóspedes. Na Suíça, em 1830, foram construídos os primeiros hotéis exclusivos para turistas, atendendo à demanda gerada pelos passeios nos lagos com barcos a vapor (GONÇALVES, 1998). Já em 1870 na cidade de Paris na França, surgiu o Hotel Ritz. Construído pelo suíço César Ritz, o hotel Ritz foi o primeiro hotel não voltado para o turismo de negócios e que se apresentava como um hotel de luxo. O Ritz trouxe diversas inovações para o setor hoteleiro, como a criação de banheiros privativos e uniformização dos funcionários, com um quadro de funcionários mais completo do que se via até então. Dias (1991) divide a evolução da hotelaria em três fases, sendo a primeira composta pelas estalagens, pousadas e hotéis século XVIII; a segunda, na metade do século XIX, que corresponde ao surgimento da grande hotelaria e o início da transição da administração familiar para a gestão empresarial; e a terceira fase, já no século XX, onde o progresso tecnológico vai determinar a evolução dos equipamentos, principalmente com o telefone e o telégrafo, e a redução dos serviços de luxo, levando ao surgimento da hotelaria de classe intermediária. Segundo Ribeiro (2011) “entre os anos de 1900 e 1930, em decorrência da expansão da economia mundial, principalmente nos Estados Unidos, houve um crescimento de viagens por motivo de negócios, bem como das viagens de lazer, tendo em vista a melhoria dos transportes e o menor custo. Por esses motivos, os hoteleiros tiveram que se adequar para atender aos novos mercados de hóspedes.” Assim, em Janeiro de 1908, foi inaugurado na cidade de Buffalo, nos Estados Unidos, o Statler Hotel, considerado o primeiro hotel comercial moderno, incorporando algumas inovações como portas corta-fogo protegendo as escadarias principais, fechaduras em todas as portas com a maçaneta abaixo do tambor da chave, interruptor de luz ao lado das portas de entrada dos ambientes, água corrente, espelho de corpo inteiro nos quartos e jornal gratuito para os hóspedes. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) o setor hoteleiro sofre uma estagnação, só volta a crescer durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Após o período da Segunda Guerra, o turismo e, consequentemente a hotelaria, passaram por grandes mudanças, principalmente nos países desenvolvidos, como consequência da expansão da economia mundial, como o aumento da renda familiar e a ampliação e melhoria do sistema de comunicação e de transporte, principalmente com a popularização das viagens aéreas que diminui as distâncias e aumentou a segurança e o conforto dos passageiros. No ano de 1952, com a inauguração do hotel Holiday Inn, foi desenvolvido o conceito de padronização de conceitos, procurando assim garantir o controle operacional para poder fornecer uma melhor qualidade de serviços para os hóspedes. Na mesma época surgem outras grandes redes hoteleiras, como Hyatt, Hilton, Mariott, Sheraton e Inter-Continental. Na década de 1970 ocorre uma grande expansão das redes hoteleiras internacionais graças a união entre companhias aéreas e hotéis. Dentre as quais se destacam a American Airlines que fundou a rede American Hotels; a Air France, que fundou os hotéis Meridien e a British Airways, que juntamente com outras companhias, fundou a rede European Hotel Corporation. No Brasil a Varig fundou a rede de Tropical de Hotéis. A partir de então, e principalmente na década de 1980, a hotelaria foi marcada por aquisições e fusões entre empresas do setor, que passaram a buscar mais especificidade em suas atuações, visando a otimização dos serviços, dentre as quais se destacam, segundo Ribeiro (2011), “desenvolvimento de projetos focados em segmentos específicos de demandas, como por exemplo, de negócios, de lazer, familiar, jovens, entre outros; criação de marcas próprias que visam mercados diferenciados, [...]; automação de processos utilizando sistemas gerenciais e operacionais para reservas, caixa, entre outros; uso de técnicas de marketing de relacionamento para promoção e fidelização de clientes, como por exemplo, sistema de pontos, milhas, que dão ao cliente fiel descontos nas diárias ou até diárias grátis”. Atualmente os meios de hospedagens mesclam todos os tipos que houveram durante os séculos passados, contando com campings, pousadas familiares, hotéis de baixo custo e hotéis luxuosos. A hotelaria hoje em dia não é vista mais somente como uma meio, para poder descansar e satisfazer as necessidades básicas de um viajante, mas como um fim, com a presença de Hotéis-Spa e Hotéis Fazenda, por exemplo. A hotelaria se modernizou, visando sempre o bem estar e a satisfação do hóspede, fornecendo diversos tipos de serviços, que vão desde do full-service à organização de casamentos e eventos para grandes empresas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALDRIGUI, Mariana, Meios de Hospedagem, São Paulo: Editora Aleph, 2007. Disponível em <https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/49809932/Meios_de_hosped, agem_-_grafica.pdf?response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DMeios _de_Hospedagem.pdf&X-Amz-Algorithm=AWS4-HMAC-SHA256&X-Amz-Credential =AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A%2F20200302%2Fus-east-1%2Fs3%2Faws4_request &X-Amz-Date=20200302T034904Z&X-Amz-Expires=3600&X-Amz-SignedHeaders= host&X-Amz-Signature=d78754b6b4c068417b2b4a2db5b4a6ece7b991d40ad6a794 45a20dc59a32aabc> RIBEIRO, Karla Cristina Campos,Meios de Hospedagem, Manaus: CETAM, 2011. Disponível em <http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/646/Meios_de_Hospedagem_pb_ CAPA_Ficha_ISBN_20120808.pdf?sequence=2&isAllowed=y>