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29 Júpiter expõe os motivos que o levam a ter este 42 Passa-se do Plano do Maravilhoso para o Plano
desejo: já passaram por muitos perigos, por da viagem, de novo. A simultaneidade é dada
condições climatéricas adversas e, pela sua pela conjunção temporal ENQUANTO. Nesta
valentia, merecem ser ajudados. Fim do discurso estrofe, os dois planos aparecem juntos. É dada a
de Júpiter. informação geográfica da posição da frota e, mais
uma vez, há referência ao clima: faz um sol
abrasador.
30 A hipótese de ajuda aos portugueses fica à
31 discussão democrática do consílio, mas os
32 deuses não são todos da mesma opinião. Baco é
líder da parte contra, uma vez que tem medo de
vir a ser substituído na Índia pelos portugueses e
lá perder o seu prestígio, frente a esta gente tão
destemida.
NOTAS:
1. O episódio do Consílio dos Deuses insere-se na mais longa parte da estrutura interna da
obra: a Narração (Canto I).
2. A primeira estrofe deste episódio indica que a narração da viagem se inicia quando Vasco da
Gama já vai no Oceano Índico, processo narrativo chamado in media res (a meio da história),
típico das epopeias clássicas e aqui usado por Camões.
3. A introdução de um episódio repleto de deuses pagãos faz com que a verdadeira história
(viagem à Índia) se anime e se torne mais interessante e viva, existindo, assim, duas histórias
paralelas: a da viagem e a dos deuses.
4. Face à Santa Inquisição, a introdução de deuses pagãos nesta obra serve, apenas, de
ornamento, devendo o leitor ter em conta que eles são falsos e que só o Deus cristão deve
ser venerado.
5. O uso dos deuses romanos é também uma regra das epopeias clássicas cumprida por
Camões.
6. Este episódio é do tipo mitológico, uma vez que recorre à mitologia como fonte de
inspiração.
7. Pela razão anterior, o episódio é baseado, apenas, no Maravilhoso Pagão, uma vez que o
Deus Cristão (Maravilhoso Cristão) não é nele invocado.
8. A introdução deste episódio no início da Narração, faz com que os humanos sejam
valorizados, no sentido em que todos os deuses se reúnem para decidirem o seu destino e,
mais do que isso, a reunião acaba a favor dos valentes mortais. Neste sentido, reforça-se a
ideia de Humanismo (valorização do ser humano) e de Antropocentrismo (os humanos são o
centro das preocupações e das atenções dos deuses).