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RESUMO
Existem em nosso meio técnico algumas dúvidas e divergências quanto à exata definição do papel
das informações geológico-geotécnias nas diversas etapas de uma obra viária, e correlatamente
sobre o que é necessário e suficiente informar em uma determinada etapa. Isto se deve talvez ao fato
de que estes estudos no Brasil são pouco desenvolvidos ou à falta de entendimento comum sobre os
conceitos que venham a definir o papel de determinada etapa dentro do conjunto de estudos
exigidos pela obra.
É necessária interpretação de mapas geológicos, fotografias aéreas e trabalhos de campo nos locais
de implantação do empreendimento rodoviário. Além disso, é necessária utilização de processos
adequados para prever os impactos ao meio ambiente, verificar as conseqüências de várias
alternativas; eliminar ações sobre o ambiente que podem ser evitadas; recomendar usos locais e de
curto prazo de recursos do meio ambiente que podem ser mantidos e prever a sua integração a
novas condições locais e identificar efeitos irreversíveis e irretratáveis sobre o meio ambiente.
O controle dos processos, bem como dos resultados garante que as atividades de implantação do
empreendimento rodoviário ocorram conforme planejado. As atividades de monitoramento
geológico-geotécnico poderão descobrir falhas no projeto e, assim, mudanças que poderiam
melhorar a qualidade dos serviços executados.
Assim, procura-se demonstrar uma revisão de metodologia atualizada de estudos geológicos e
geotécnicos aplicados ao campo de engenharia de obras viárias, destacando alguns suscetíveis de
adaptação para o projeto que se pretende elaborar, e com isto, a finalização do projeto e execução
da obra com segurança e qualidade.
1
Mestrando em Geotecnia. Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília-DF. CEP:
70.910-900; jpss@unb.br
2
PhD, Professor do Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília-DF. CEP: 70.910-
900; muniz@unb.br
PALAVRAS-CHAVE: Geologia de Engenharia, implantação de rodovia, qualidade das obras.
ABSTRACT
There are some doubts and divergencies regarding the exact definition of the geological information
in the several stages of a highway work, and about necessary and enough to inform in a certain
stage. This we owe perhaps to the fact that these studies in Brazil are little developed or to the lack
of common understanding about the concepts that come to define the certain stage function inside
the studies set demanded by the work.
It is necessary interpretation of geological maps, aerial pictures and field jobs in the implantation
locations of Highway enterprise. Moreover, it is processes necessary utilization adequate to foresee
the impacts to the environment, verify the consequences of several options; eliminate actions on the
environment that can be avoided; recommend local uses and of short resources period of the
environment that can be kept and to foresee your integration the new local terms and to identify
irreversible and irrevocable effects about the environment
The control of the processes, as well as of the results guarantees that the implantation activities of
Highway enterprise occur as planned. Verifications activities geological will be able to discover
failures in the project and, this way, changes that could improve the quality of the executed
services.
This way, search itself demonstrate a methodology up-to-date of geological studies applied to the
highway works engineering field, highlighting any susceptible of adaptation for the project that is
intended elaborate, and with this, the conclusion of the project and execution of the work assuredly
and quality.
A idéia de construir-se uma estrada surge evidentemente, assim que fatores determinantes do
progresso atingem uma região, tornando-se necessário melhorar ou prover os meios de transporte. A
ligação entre dois centros far-se-á por meio de uma estrada projetada e construída de acordo com
normas e especificações técnicas e de maneira mais econômica possível (SENÇO, 1975).
Assim, a construção de obras civis, bem como estudos do meio ambiente, devem ser
precedidos de estudos para caracterização geológico-geotécnica da área de interesse que indicarão a
distribuição dos diversos materiais que compõe o local, parâmetros físicos dos materiais, técnicas
mais adequadas para intervenção nos terrenos, volumes necessários para remoção ou escavação,
necessidade de tratamento de estabilização dos maciços e, finalmente, se for o caso, indicação do
melhor local para posicionamento das estruturas das obras civis.
É muito importante que, desde o início das atividades, já estejam bem definidas as principais
características geológicas da área, para orientar o projeto segundo as aptidões naturais do local,
propiciando a elaboração de um empreendimento harmônico com a natureza do terreno, econômico
e seguro.
A principal ferramenta utilizada com este objetivo é a investigação geológico-geotécnica
através de mapeamento geológico, ensaios geofísicos e sondagens mecânicas (métodos diretos).
Para consolidação de um empreendimento civil, bem como uma obra rodoviária é necessário
partir de um programa de investigação, tanto para a engenharia como para estudos do meio
ambiente, compreendendo o levantamento bibliográfico, a coleta de mapas e as atividades de campo
e de laboratório que, em suma são sugeridas por etapas ou fases de projeto apresentadas no decorrer
deste trabalho.
Nesta fase, realizam-se estudos regionais com objetivo de estabelecer alternativas para a
construção da obra ou para intervenção no meio físico. São realizados levantamentos bibliográficos
e consultas a mapas geológicos e estruturais, de escala regional ou local. Se forem disponíveis,
recorre-se também á cartas geotécnicas, pedológicas, geomorfológicas, etc.
É freqüente, ainda utilizarem-se fotografias aéreas para reconhecimento de feições
geológicas ou geotécnicas de âmbito regional, para então executar a interpretação preliminar. As
informações de superfície, na fase de inventário, podem ser obtidas por meio de ensaios geofísicos,
sondagens a trado e poços de inspeção, devido ao baixo custo (OLIVEIRA et. al, 1998).
Nesta etapa, deve-se analisar e interpretar as fotografias aéreas da região, buscando separar
as unidades mapeáveis de interesse geotécnico, bem como detectar as feições (falhas, juntas,
contatos, xistosidades, estratificações) que possam interferir no estabelecimento das condições
geométricas e geotécnicas das diretrizes; delimitação de locais com probabilidade de ocorrência de
materiais de construção, zonas de tálus, cicatrizes de antigos movimentos de taludes; zonas de solos
compressíveis; zonas de serras; escarpas, cuestas, cristas e quaisquer outras de interesse para o
estudo (DNER, 1999).
Investigações de campo
Estudos Geológico-Geotécnicos
Estudo de Viabilidade
Nesta fase, o nível de detalhamento necessário deve permitir uma análise de custo realista,
para avaliar se os investimentos realizados serão satisfatoriamente recompensados. Não há ainda
compromisso com a solução final, pois o que se deseja é definir a continuidade dos estudos e dos
investimentos. Assim, deverão ser intensificados as investigações de campo com aumento do
número de sondagens e ensaios geofísicos (SENÇO, 1975).
Entretanto, o estudo de viabilidade será admitido como já existente, haja vista todos os
aspectos descritos anteriormente que será aplicada uma metodologia adaptada aos objetivos
pretendidos (CAMPANHÃ et. al, 1976). Assim, pontos críticos passarão a constituir regiões críticas
que deverão ser evitadas pelo traçado durante o estudo de viabilidade.
Nestes termos, o produto da fase de viabilidade será a caracterização geológico-geotécnica
preliminar das alternativas, com indicação do melhor local e, se possível, com descrição dos
Os Caminhos da Integração no Encontro das Águas
Manaus, AM – Brasil – 12 a 16 de agosto de 2007
principais problemas que podem ser encontrados em cada alternativa de projeto (OLIVEIRA et. al,
1998).
Estudo Ambiental
Ao mesmo tempo em que evoluem as ciências ligadas ao meio ambiente, tem crescido a
popularização do tema e ao envolvimento de uma série de atividades que costumeiramente,
relegavam os recursos naturais e a ecologia a segundo plano.
Considerando a finitude do nosso planeta, observa-se que os recursos ambientais são
escassos e, portanto, são bens econômicos. Sua conservação e preservação, portanto são prioritárias
para a manutenção da vida como a conhecemos e, até, para a sobrevivência do próprio homem
(DNER, 1996).
Assim, ainda segundo aquele órgão, toda interação homem-meio ambiente denomina-se
alteração do meio ambiente ou modificação do meio ambiente, ou seja, impacto ambiental.
Entretanto estes impactos podem ser amenizados evitando-se perdas de projeto, adotando medidas
específicas e assim não precisar remediar, onde as ações de correção têm normalmente custos
altíssimos, ao mesmo tempo em que nem sempre se obtém a reversão dos impactos.
Desta forma, o método mais eficaz seria o cumprimento das normas e procedimentos
regulatórios inerentes aos processos de interação com o meio ambiente, como por exemplo, na
exploração de uma jazida ou na execução de uma rodovia.
Estudo de Alternativas
Estudos de Traçado
Esta fase tem por objetivo principal a preparação de documentos que permitam estabelecer o
cronograma de execução, definir os custos e contratar a execução do empreendimento.
Intensificam-se as sondagens e ensaios de laboratório com finalidade de buscar informações
mais detalhadas da alternativa escolhida, assim subsidiando o Projeto executivo do
empreendimento.
Projeto Executivo
Também conhecido como Projeto Final, nesta fase, segundo o Manual de Implantação
Básica (DNER, 1996), são abordados todos os dados, normas e especificações que definem
detalhadamente a obra nos seus mais variados aspectos, assim como oferece condições de ação para
os responsáveis pelo acompanhamento técnico e pela fiscalização.
Escolhido o anteprojeto mais adequado, e aprovada a execução da obra pelo poder público,
passa-se à fase de detalhamento. Os trabalhos de geologia e geotecnia deverão fornecer os dados
para a definição e dimensionamento final das obras envolvidas, assim como cuidar da elaboração
dos “planos de obra” cuja finalidade é definir com precisão a seqüência de serviços para cada obra e
quais os cuidados a serem tomados para cada serviço. Estes “planos de obra” deverão refletir as
recomendações expressas nas normas e especificações gerais, cuja elaboração (na parte tocante à
geologia e à geotecnia) se dará também na fase do projeto final (SANTOS et. al, 1976).
Ainda segundo os autores, a experiência adquirida possibilitará o estabelecimento de
soluções que melhor se adaptem às formações geológicas encontradas, procurando-se, sempre,
minimizar os efeitos da implantação da obra sobre o meio ambiente.
Desta maneira é essencial definir:
a) Para cortes:
Projeto geométrico final;
Escarificabilidade (maquinário necessário);
Necessidade de controle da velocidade de terraplenagem por questões ligadas
à velocidade de rebaixamento do lençol freático;
Em caso de uso de explosivos, sistemas e planos de fogo;
Em caso de obras de contenção, dimensionamento estrutural adequado às
condicionantes geológico-geotécnicas.
b) Para aterros:
Projeto geométrico final;
Distribuição e origem dos materiais de empréstimo no corpo do aterro e suas
características geotécnicas;
Serviços de tratamento da fundação;
Sistemas de proteção superficial.
c) Para túneis:
Projeto geométrico final;
Projeto de emboques;
Sistemas de avanço;
Planos de fogo;
Zonas de necessário escoramento provisório;
Projeto final de revestimento e tratamento do maciço.
d) Para obras de arte:
Definição do projeto das fundações de acordo com estudo geológico
detalhado de cada local;
Os Caminhos da Integração no Encontro das Águas
Manaus, AM – Brasil – 12 a 16 de agosto de 2007
Definição detalhada do projeto nos pontos de encontro da obra com o terreno
natural ou aterros.
e) Para pavimento e lastro:
Localização, cubagem e caracterização geotécnica das áreas de empréstimo
especiais selecionadas de acordo com especificações adotadas;
Caracterização do subleito, definição dos trechos que necessitam de
tratamento e fixação dos tipos de tratamento.
f) Para materiais de empréstimo:
Cubagem e caracterização, orientações de aproveitamento.
g) Para encostas naturais:
Definição das medidas necessárias para a estabilização de processos naturais
que possam colocar em risco a obra.
Verifica-se então que nesta fase, ocorre a realização da última fase de investigação
geológico-geotécnica, que muitas vezes é desenvolvida com a fase construtiva da obra. Assim, são
realizados ensaios pontuais e sondagens dirigidas a alvos específicos, além de informações gráficas
e recomendações genéricas, que serão acompanhadas de um memorial descritivo onde se realce
suas particularidades e os necessários cuidados a serem levados em conta.
Implantação
Conservação
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPANHÃ, C.A; LEÃO, O.D; BARTORELLI, A. 1976. Conceituação atual dos estudos
Geológicos e Geotécnicos aplicados a obras rodoviárias. In: Congresso Brasileiro de Geologia de
Engenharia, 1, 1976, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABGE.v.1, p. 27-34.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. 1999. Diretrizes Básicas para
elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Escopos Básicos/Instruções de Serviço. Rio de
Janeiro. IPR.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. 1996. Manual de
Implantação Básica. Rio de Janeiro. v.2, IPR.
NOGAMI, Job Shuji. 1978. A tecnologia rodoviária e as peculiaridades de nossos solos. In:
Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, 2, 1978, Anais... São Paulo: ABGE.v.1, p. 95-
103.
OLIVEIRA, A.M.S ; BRITO, S. N.A. 1998. Geologia de Engenharia. São Paulo, ABGE.
SANTOS, A.R; SALOMÃO, F.X.T. 1976. A Geologia nas diversas etapas de uma obra viária. In:
Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, 1, 1976, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo:
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SENÇO, Wlastermiler de. 1975. Estradas de Rodagem – Projeto. São Paulo: Grêmio Politécnico.
SILVA, João Paulo Souza. 2005. Controle de Qualidade no processo de construção da camada de
Base num trecho da Rodovia de ligação Itauçu/Ordália. Goiânia. 76p. TCC - CEFET/GO.