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Euclides da Cunha, famoso por seus artigos políticos, e que já nos tempos do Império
criticava o Imperador e defendia a necessidade de revolução política, foi convidado pelo
Ministro da Guerra para ser correspondente oficial do conflito que começou em
novembro de 1896 por um motivo banal e injusto na região de Canudos. Em março e
julho de 1987, respectivamente, publica em O Estado de São Paulo dois artigos
intitulados ‘A Nossa Vendéia’, e mexe com o imaginário de uma população que
desconhecia a realidade do sertão e via o Nordeste como sinônimo de atraso e barbárie.
O movimento religioso de sertanejos pobres, o arraial de Canudos, tendo por
confundida a sua motivação inicial, torna-se aos olhos da população das grandes
capitais, um perigo nacional. Antonio Conselheiro é visto como monarquista e anti-
republicano. Os artigos de Euclides da Cunha revelam, pela maneira com que o
sertanejo é tratado, com quem o Governo acreditou estar lutando: contra a restauração
monárquica. A começar pelo título, que comparava Canudos à Vendéia, rebelião
camponesa, monarquista e católica, ocorrida da Revolução Francesa, de 1793 a 1795.
No primeiro artigo, já se podia perceber a disposição com que Canudos seria
enfrentado: “Este paralelo será, porém, levado às últimas conseqüências. A República
sairá triunfante dessa última prova.”