Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Vilma Ferreira da Silva Brito1; Ivan Coelho Dantas2; Govinda Deva dos Santos Dantas3
RESUMO
O presente estudo teve o objetivo de analisar a indicação terapêutica realizada pela comissão de
doze mulheres que fazem parte da comunidade rural do município de Lagoa Seca- PB, que utiliza
as plantas medicinais no tratamento das enfermidades, bem como são preparados os remédios
caseiros, quais as ervas indicadas e posologia. Foram realizadas visitas periódicas entre o período de
novembro e dezembro de 2007, utilizando questionários abordando as indicações populares das
plantas medicinais. Constatou-se que a “comissão” costumava usar para si para sua família e
auxiliar outras famílias, remédios preparados á base de plantas medicinais, e que haviam aprendido
a utilizar plantas com a própria família. As plantas mais citadas foram: Malva-rosa. (66,6%),
Hortelã-da-folha-miúda (58,3%), Erva-cidreira (50%), Mastruz (41,6%), Cebola-branca (41,6%),
Sabugueiro (33,3%), Colônia (33,3%), Erva-doce (25%), Alecrim (25%).Observou-se também qual
a maneira de preparar os remédios caseiros, as formas mais citadas foram: chá (infuso), decocto e
lambedores. Verificou-se que 91,07% das plantas indicadas popularmente, coincidiram com a
literatura pesquisada.
ABSTRACT
This study aimed to examine the indication made by the committee of twelve women who are part
of the rural community in the municipality of Lagoa Seca-PB, using the herbal treatment of
diseases, and are prepared to homemade remedies, which herbs and the dosage given. Periodic
visits were made between the period November and December 2007, using questionnaires
addressing the signs of popular medicinal plants. It was found that the "commission" used to use
them for your family and help other families, medicine preparations based on medicinal plants, and
had learned to use plants with their family. The plants most cited were: Malva-rosa. (66.6%),
Mintto-leaf-girl (58.3%), bee balm (50%), Mastruz (41.6%), Onion-white (41.6%), Sabugueiro
(33,3%), Germany (33.3%), fennel (25%), Rosemary (25%). It was also observed that the way to
prepare the home remedies, the most cited were: tea (infusion), decoction and licking. It was found
that 91.07% of the plants listed popularly, coincided with the literature.
INTRODUÇÃO
A fitoterapia clássica consiste na busca da cura das doenças através do uso das plantas
medicinais, esta prática vem sendo amplamente divulgada de geração para geração, em forma de
chás, infusões e lambedores.
1
Biologa, PMCG, Lagoa Seca-PB;
2
Farmacêutico, MSc, Departamento de Biologia, /CCBS/UEPB, ivancd@gmail.com
3
Enfermeira, Coordenadora a Atenção Básica, Prefeitura Municipal de Nova Palmeira.
Página|113
É um erro supor que o uso de certas plantas não causa malefícios à saúde humana. Nenhuma
planta, quando feito o uso abusivo dela, está isenta de provocar fenômenos colaterais, pois todas são
remédios e, como tal, delas não deve abusar-se. Assim, é necessário sempre interpor um intervalo
de abstinência no uso das ervas. Quando o emprego de certas plantas se faz necessário por 20 dias,
deve-se interpor um intervalo de 4 dias, durante o qual não deverá usar nenhuma delas, porque o
melhor mesmo para a saúde, é deixar o organismo repousar e dar-lhe tempo de expulsar as toxinas e
as impurezas (SanguinettI, ob. Cit. ).
Para melhor aproveitamento dos princípios curativos das ervas, de modo integral, deve-se
observar certas regras, essenciais. O primeiro cuidado que deve ter é constatar se as plantas estão
em estado fresco, tenro, ou secas. Verificar se as ervas não estão mofadas e, principalmente, se
ainda conserva o aroma original. Quando as plantas começam a ficar emboloradas e apresentam
pequenas pintas verdes – acizentadas e um cheiro acre ao olfato, são inúteis e prejudiciais ao uso
medicinal, nestas circunstâncias não devem ser usadas (Sanguinetti, ob. Cit ).
Na medicina popular as preparações de plantas medicinais, seguem processos habituais
empregadas na obtenção dos chás medicinais que são: Infusão, maceração e decocção
METODOLOGIA
Área e população de estudo
Este estudo foi desenvolvido no município de Lagoa Seca, situado a 129 KM de João
Pessoa, na região do Agreste e Brejo paraibano com uma área de 133 quilômetros quadrados. Seu
clima é tropical úmido, com temperatura média anual em torno de 22º c, sendo a mínima 18º c e a
máxima 33º c. A cidade é limitada ao norte com o município de São Sebastião de Lagoa de Roça-
PB e Montadas-PB: ao sul Campina Grande-PB e Massaranduba-PB; ao leste Matinhas-PB e ao
norte Puxiznanã-PB. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2000, o
município tem uma população de 24.154 habitantes
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com dados levantados em campo verificou-se, que dentre vinte e nove plantas em
estudo, dez têm posição de destaque em função do maior grau de utilidade como método alternativo
no tratamento das enfermidades dos moradores da zona rural daquele município, como se vê no
quadro acima.
Verificou-se com o presente estudo, identificar qual a origem das plantas cultivadas pela
“comissão de mulheres”, constatando que das vinte e nove plantas cultivadas, 68,96% são plantas
exóticas, e 31,03% são plantas nativas.
Constatou-se que as entrevistadas não conheciam a origem das plantas por elas
cultivadas.
pulmonares, são eficazes no combate a bronquite, agindo como expectorante, por possuir
propriedades antiinflamatórias, combate problemas dos órgãos respiratórios, podendo ainda ser
utilizada externamente como cicatrizante em ferimentos.
experiências adquiridas no cotidiano tem fundamento, e ao mesmo tempo serve de base para as
pesquisas científicas.
Constatou-se que para obterem maior resultado na utilização das plantas medicinais, as
entrevistadas utilizavam mais de uma erva para fazer os medicamentos caseiros, pois quando
associadas trariam maiores efeitos no tratamento, conforme indicações no quadro acima.
Na literatura pesquisada constatou-se os efeitos terapêuticos citados popularmente,
quando associadas em lambedores as ervas hortelã-da-folha-graúda, cebola-branca, indicadas nas
afecções catarrais, bronquite crônica, febre e tosse (Balbach, 1986; Vieira, 1992; Coimbra, 1994).
Verificou-se que associando as ervas rabo- de- rapoza, melão –de -são- caetano e mata-
pasto, na fabricação de sabonetes, para o tratamento das doenças da pele como eczema, sarna e
impigem, o resultado seria mais intensificado por estas ervas possuírem propriedades eficazes no
tratamento das afecções da pele (Balbach, 1986).
Ficou constatado também, quando a malva-rosa é utilizada em lambedores juntamente
com hortelã- da- folha- graúda, saião por possuírem propriedades expectorantes e Antiinflamatórias,
aumenta o poder de interação destas ervas proporcionando um resultado favorável ao tratamento
(Coimbra, 1994; Balbach, 1986; Simões et al, 1988; Sanguinetti, 1989; Corrêa et al, 1998).
CONCLUSÃO
Com a realização do presente estudo conclui-se que:
- A comissão de mulheres, desempenha um trabalho importante na divulgação,
conscientização e preservação do conhecimento popular sobre plantas medicinais junto a
comunidade.
- Foram inventariadas vinte e nove espécies de plantas medicinais utilizadas pela
comunidade.
- Verificou-se que das vinte e nove espécies, as dez mais utilizadas pela comunidade
foram: Malva-rosa. (66,6%), Hortelã-da-folha- miúda (58,3%), Erva-cidreira (50%), Cebola-branca
e Mastruz (41,6%), Colônia, Sabugueiro (33,3%), Alecrim, Erva-doce (25%), Capim-santo (16%).
- Observou-se quanto a origem das plantas medicinais que 68,96% são exóticas , e
33.03% são plantas nativas.
- Ficou constatado que existe interação das ervas medicinais utilizadas pela “comissão
de mulheres”.
- Constatou-se que das vinte e nove plantas medicinais utilizadas popularmente, 91,07%
coincidiu com a literatura pesquisada.
REFERÊNCIAS
Balbach, A. (1986). A flora nacional na medicina doméstica. 5. Ed. São Paulo: Edel. Vol. II,
Chernoviz, P. L. N. (1920). Formularia e guia médico. 19. ed. Paris: Livraria R.Roger e F.
Chernoviz, v 1.
Corrêa, M. P. (1926). Dicionário das plantas úteis do Brasil, e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro:
Nacional, Vol. 1
Corrêa, A . D.; Batista, R.S.; Quinta, L.E. (1998). Plantas medicinais do cultivo à terapêutica.
Petrópolis: Vozes.
Dantas, I.C. (2003). Organografia e taxonomia vegetal. 7 ed. Campina Grande: Encarte.
Dantas, I.C. (2001). O raizeiro e suas raízes. Um novo olhar sobre o saber popular, Campina
Grande-PB: Encarte.
Lorenzi, H.; Matos, J. DE A. (2002). Plantas medicinais no Brasil nativas e exóticas. Nova
Odessa: São Paulo, Instituto Plantarum
Morgan, R. (1979). Enciclopédia das ervas e plantas medicinais. São Paulo: Hemus.
Penna, M. (1946). Dicionário Brasileiro de Plantas medicinais. 3. Ed. Rio de Janeiro: Kosmos.
Vieira, L. S. (1992). Fitoterapia da Amazônia. 2. ed. São Paulo: Agronômica Ceres Ltda.