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“Os disléxicos são um numeroso grupo populacional nesta Terra. Eles estão sempre à
nossa volta.
É a pequena que se esquece do almoço em casa pela terceira vez consecutiva, que se
esquece do seu casaco, e do seu trabalho de casa.
É a guia turística que continua a dizer: «Vamos para a direita, para a DIREITA!»
enquanto faz o gesto para a esquerda. É o homem da caixa que não consegue fazer o
troco.
É o jovem que vai às compras no meio de um trabalho, que não sabe por onde começar
e onde acabar. É aquele que na prisão bate com a caneca entre as grades da cela.
Filomena Teles Grilo Teixeira da Silva, in Lado a Lado – Experiências com a Dislexia
O que é a Dislexia?
Estatísticas da Dislexia
A Dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizagem, sendo que, segundo
pesquisas realizadas, afecta 5 a 17,5% da população escolar.
As raparigas apresentam uma maior plasticidade neuronal, o que lhes permite utilizar
outras áreas cerebrais para compensar os défices provenientes de outras regiões;
A exposição do feto a elevados níveis de testosterona (hormona masculina) durante a
gestação, além de poder provocar alterações ao nível cerebral, responsáveis pelo
aparecimento da Dislexia, também induz o aborto espontâneo de fetos do sexo
feminino.
Têm sido formuladas, ao longo dos tempos, diversas teorias em relação aos processos
cognitivos responsáveis por estas dificuldades, como a Teoria do Défice Fonológico
(que aprofundarei), a Teoria do Défice de Automatização e a Teoria Magnocelular.
Nos estudos sobre as causas das dificuldades leitoras a hipótese aceite pela grande
maioria dos investigadores é a Hipótese do Défice Fonológico.
A Etiologia[2] da Dislexia tem por base, além das alterações psicolinguísticas referidas
acima na primeira teoria, as alterações genéticas e neurobiológicas.
Até há poucos anos pensava-se que a Dislexia era uma perturbação comportamental
que, primariamente, afectava a leitura.
Ainda que se conceba a Dislexia como uma desordem intrínseca ao indivíduo, esta
poderá ser agravada por determinados tipos de metodologia de ensino-aprendizagem da
leitura ou até por factores ambientais.
Outras causas que provocam este distúrbio são a falta de treino do cérebro, que se
verifica, frequentemente, em famílias com baixo nível socio-económico, que lêem
menos aos seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles, não estimulando a
actividade dos neurónios; um atraso na maturação do sistema nervoso; e problemas
psicológicos ambientais ou, até, escolares.
[2] Estudo sobre a origem das coisas ou de certa categoria de factos; parte da medicina
que estuda as causas das doenças.
Características e sinais de alerta
Sendo a Dislexia como uma perturbação da linguagem, que tem na sua origem
dificuldades a nível do processamento fonológico podem observar-se algumas
manifestações antes do início da aprendizagem da leitura.
Existem alguns sinais que podem indiciar dificuldades futuras. Se esses sinais forem
observados e se persistirem ao longo de vários meses, os pais devem procurar uma
avaliação especializada.
No Jardim-de-Infância e Pré-Primária:
§ Dificuldade em ler pequenas palavras funcionais como “ai”, “ia”, “ao”, “ou”,
“em”, “de”…
§ Caligrafia imperfeita;
§ Os trabalhos de casa parecem não ter fim, ou com os pais recrutados como
leitores;
§ Baixa auto-estima, com sofrimento, que nem sempre é evidente para os outros.
Porém, nem sempre a manifestação destes sinais são suficientes para se apurar se a
criança ou adulto é realmente disléxico ou se apenas tem:
§ Problemas emocionais;
§ Carências culturais;
Um diagnóstico correcto acerca deste transtorno apenas pode ser feito por uma equipa
clínica multidisciplinar, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos
clínicos e neurologistas. No entanto, são as pessoas, como pais e professores, que
convivem com esta criança, que podem identificar os primeiros sinais de uma possível
Dislexia, necessitando, por isso, de ter em conta determinados dados que são muito
importantes na detecção e despiste da Dislexia, como:
História pessoal:
§ Atrasos na locomoção;
Manifestações da leitura-escrita:
§ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis de grafia: a-o, c-
o, e-c, f-t, h-n, i-j, m-n, v-u …;
§ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente
orientação no espaço: b-d, d-p, b-q, d-b, d-p, d-q, n-u, a-e …;
§ Ilegibilidade.
§ Orientações direita-esquerda;
§ Dificuldades em matemática.
Aspectos emocionais:
§ Falta de confiança.
[1] Sistema que tem como função receber informações dos vários locais do organismo,
tratá-las adequadamente, compatibilizá-las entre si e enviar ordens de acção em
conformidade como resultado obtido.
A Dislexia é uma doença?
A Dislexia não é uma doença; é uma diferença, é um dom. Um dom que apenas cerca de
20% da população possui e que lhes permite ver o mundo de uma forma maravilhosa
em vez das tristes imagens bidimensionais que vêem os restantes mortais. Para eles o
nosso mundo – o das pessoas “normais” – deve parecer-lhes um enorme aborrecimento.
Um disléxico possui uma percepção acutilante, uma memória fotográfica e uma
imaginação prodigiosa. São capazes de inventar um mundo fantástico dentro da sua
cabeça! Se descobertos precocemente e bem encaminhados, podem tornar-se autênticos
génios, como Leonardo Da Vinci e Albert Einstein, ambos disléxicos, como veremos
mais abaixo.
Ao nível científico, a Dislexia não é considerada uma doença, mas apenas um distúrbio
ou transtorno da aprendizagem da leitura. Ou seja, as crianças que apresentam esta
dificuldade terão uma “inteligência normal”, não se podendo, assim, considerar essas
dificuldades como, por exemplo, um atraso/problema intelectual.
As variantes da Dislexia
Disortografia
Causas da Disortografia:
Actualmente, e tendo em conta os requisitos necessários para levar a cabo um
processo ortográfico correcto, já são consensuais quais as causas que levam a uma
Disortografia:
Tipos de Disortografia:
§ Disortografia temporal
§ Disortografia perceptivo-cinestésica[1]
§ Disortografia cinética
§ Disortografia visuo-espacial
§ Disortografia dinâmica
§ Disortografia semântica
§ Disortografia cultural
Características disortográficas:
Estes erros podem ser classificados, segundo Rosa Torres e Pilar Fernández,
em:
Avaliação/Intervenção:
Causas da Disgrafia
b) Causas caracteriais
c) Causas pedagógicas
Características disgráficas
Para que a criança possa alcançar a caligrafia perfeita quando começa a escrever, deverá
ser capaz de encontrar o seu próprio equilíbrio postural e a forma menos tensa e
cansativa de segurar o lápis, orientar-se no espaço sobre o qual vai escrever, e a linha
sobre a qual vai colocar as letras – esquerda para a direita, associar a imagem da letra ao
som e aos gestos rítmicos que lhe correspondem.
Avaliação/Intervenção
De tudo o que se disse até este momento, pode deduzir-se que a intervenção
na Disgrafia, tal como qualquer outra intervenção em dificuldades de leitura e escrita,
deve ter um carácter global. Por isso, é necessário elaborar uma intervenção como um
processo que vai do simples ao complexo, partindo da reeducação dos factores que, de
alguma forma, determinam o grafismo, e culminado na correcção dos erros gráficos em
si mesmos.
Esta sequência reeducativa, apesar de ter sido proposta em 1977, foi adaptada para a
realidade actual, tendo sido estabelecidas propostas de intervenção que são consideradas
as mais correctas, e que visam a correcção mais eficiente da escrita da criança
disgráfica.
Discalculia
Causas da Discalculia
Reflexos na Aprendizagem
Aptidões esperadas
Dificuldades
3 a 6 anos
§ Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e
pequeno, menos que e mais que
6 a 12 anos
§ Agrupar objectos de 10 em 10
§ Ler e escrever de 0 a 99
§ Dizer a hora
12 a 16 anos
§ Capacidade para usar números na vida quotidiana
§ Uso de calculadoras
§ Desenvolvimento de problemas
§ Falta de compreensão dos conceitos matemáticos
Características da Discalculia
Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva);
Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e
associar um numeral a cada um);
Escassa habilidade para contar;
Dificuldade nos cálculos;
Dificuldade na compreensão do valor das moedas;
Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos;
Dificuldade em resolver problemas orais.
Problemas associados
Avaliação/Intervenção
Caso não seja detectado a tempo, este distúrbio pode comprometer o desenvolvimento
escolar de maneira mais ampla. Inseguro devido à sua limitação, o estudante geralmente
tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por acreditar que não é
capaz de evoluir. Pode também vir a adoptar comportamentos inadequados, tornando-se
agressivo, apático ou desinteressado. Sem saber o que se passa, pais, professores e até
colegas correm o risco de abalar ainda mais a auto-estima da criança com críticas e
punições. Por isso, é importante chegar a um diagnóstico rápido, de preferência com a
avaliação de psicopedagogos e neurologistas, e começar o tratamento adequado.
Este tipo de "tratamento" não possui um limite de tempo definido, pois depende de cada
caso. É importante que o aluno só deixe de receber atendimento especializado quando
readquirir a autoconfiança. Já o uso de remédios é apenas necessário para minimizar
possíveis sintomas associados, como distúrbios de atenção e hiperactividade.
Dislalia
Causas da Dislalia
Características da Dislalia
Omissão de fonemas
Substituição de fonemas
Acréscimo de fonemas
Avaliação/Intervenção
[1] Sentido pelo qual se tem a percepção dos membros e dos movimentos corporais.
[2] Perda total ou parcial da função da palavra, como pode acontecer ao nível da
linguagem escrita.
Sponsors
Os problemas de aprendizagem
§ Problemas de atenção;
§ Problemas de lateralidade;
Partindo do princípio de que não existe uma receita fundamental e universal que possa
ser usada dentro de uma sala de aula para a melhoria das capacidades de leitura e escrita
de uma criança disléxica, podem-se apontar algumas pistas de conduta facilmente
aplicáveis numa sala de aula, como:
1. Colocar o aluno numa das carteiras mais próximas do professor, para que este o
possa “vigiar”, de modo a captar-lhe a atenção e ajudá-lo nas suas dificuldades;
12. Rever com ele o alfabeto, os dias da semana e os meses do ano na sequência certa.
Ajudá-lo, também, a ver as horas.
Além de todas estas atitudes que podem ser tomadas dentro da sala de aula, há algumas
situações que não devem, de maneira nenhuma, ocorrer, tais como:
1. Pedir a uma criança com Dislexia para ler em público se ela mostrar desagrado;
Também é necessário ter em conta que uma criança disléxica apresenta determinadas
“restrições”, como:
5. Não pode tirar bons apontamentos porque não pode ouvir e escrever ao mesmo
tempo;
6. Lê devagar por causa das suas dificuldades, assim está sempre sob pressão;
O tratamento da Dislexia
Não existe cura para a Dislexia, ainda que crianças disléxicas sejam capazes de obter
boas notas. Estes alunos precisam de ser ensinados com métodos especiais adequados às
suas necessidades. Existem uma série de técnicas para ensinar uma criança disléxica.
Método Multissensorial
Caracterização
Aprendizagem Multissensorial
A leitura e a escrita são actividades multissensoriais. As crianças têm que olhar para as
letras impressas, dizer, ou subvocalizar, os sons, fazer os movimentos necessários à
escrita e usar os conhecimentos linguísticos para aceder ao sentido da palavra.
Métodos Fonomímicos-Multissensoriais
Utilizam, simultaneamente, os diversos sentidos. As crianças ouvem e reproduzem os
fonemas, memorizam as lengalengas e os gestos que lhes estão associados, activando,
assim, em simultâneo, as diferentes vias de acesso ao cérebro. Os diversos neurónios
estabelecem interligações entre si, facilitando a aprendizagem e a memorização.
Estruturado e Cumulativo
A organização dos conteúdos a aprender segue a sequência do desenvolvimento
linguístico e fonológico. Inicia-se com os elementos mais fáceis e básicos e progride
gradualmente para os mais difíceis. Os conceitos ensinados devem ser revistos
sistematicamente para manter e reforçar a sua memorização.
Ensino Diagnóstico
Deve ser realizada uma avaliação diagnostica das competências adquiridas e a adquirir.
§ Ler com o seu filho disléxico sempre que puder nos tempos livres, mesmo que ele
já seja adolescente. A criança precisa de todo o auxílio e encorajamento, pois só a
persistência e o treino a levarão a um nível de leitura satisfatório.
Famosos disléxicos
A Dislexia, essencialmente caracterizada pela dificuldade em ler e escrever, tem sido
muitas vezes erradamente interpretada, como um sinal de baixa capacidade intelectual.
Muito pelo contrário, muitos disléxicos conseguem, em certas áreas e em certos
momentos da sua actividade, uma performance superior à média do seu grupo etário.
Agatha Christie
Albert Einstein
Alexander Graham Bell
Anthony Hopkins
Beethoven
Bill Gates
Cher
Galileu Galilei
John Lennon
Júlio Verne
Leonardo da Vinci
Louis Pasteur
Mozart
Steven Spielberg
Thomas Edison
Tom Cruise
Walt Disney