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CARTILHAS

DIREITOS INTELECTUAIS

EDUARDO MAGRANI (org.)


SUMÁRIO

1. Cartilha de Direitos Autorais 3

2. Cartilha de Direitos Autorais no Youtube 20

3. Cartilha Ágora: Distribuição e Licenciamento 37

4. Marca Registrada: Dúvidas Frequentes 51

5. Guia de Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil 58

6. Guia de Produção Audiovisual ABRAPAC 70

7. Manual Prático de Direito à Imagem 90


CARTILHA DE DIREITOS AUTORAIS
(PARA REVISTA ÁGORA)

FIOLY RODRIGUES

GABRIEL MARIANO

MARCO CÉSAR PENNA

PAULO NONATO

PEDRO HENRIQUE ARCHER

TIAGO CAMPOS

EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)


Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

International Standard Serial


Number ISSN
O que é o ISSN e qual é sua função?

International Standard Serial Number (ISSN) é um número


serial de oito dígitos, usado para identificação única de uma
publicação em série. Tem o objetivo de apoiar o controle
bibliográfico mundial de publicações seriadas, através desse
código único reconhecido internacionalmente.

O número, apesar de não ser obrigatório, apresenta


vantagens no que se refere à precisão e agilidade na identificação
da publicação seriada, bem como a possibilidade de os
colaboradores e organizadores da revista incluírem no Currículo
Lattes que contribuíram para uma revista que possui ISSN, registro
que acaba funcionando como um certificado e que transmite uma
ideia de seriedade e de certeza da veiculação de informação de
qualidade.

Importante dizer que um novo ISSN deverá ser criado cada


vez que se modifique o meio físico da publicação. Assim, caso se
concretize a proposta de criação da versão eletrônica da ágora,
um novo registro será necessário. Por fim, cabe destacar que a
emissão desse número não é atribuição da Biblioteca Nacional, mas
sim do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia -
IBICT.

Ele protege Direitos Autorais?


Não. Não há nenhuma ligação entre proteção autoral ou
qualquer outro tipo de proteção e o ISSN. Como sinalizado, o

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

código tem função de identificação, não havendo qualquer tipo de


proteção do título com a atribuição do ISSN.

Proteção autoral do título da


revista (palavra “ágora”)
A proteção por Direito Autoral é possível?

Preliminarmente, é preciso esclarecer que a proteção autoral


depende do preenchimento de três requisitos, quais sejam: a
originalidade (entendido como elemento diferenciador da obra do
autor em relação aos demais), a exteriorização (a manifestação,
das ideias, já que a simples ideia, sem expressão, não é
protegida) e a estética da obra.

Ademais, é necessário evidenciar que a Lei nº 9.610/98 (Lei


de Direitos Autorais) traz dispositivos específicos em relação à
proteção de títulos. O art. 8, VI1 da referida lei dispõe que o
título isolado não será protegido pelos Direitos Autorais. O art.
10, por sua vez, estabelece que o título só será abrangido se
original e inconfundível. Em seguida, o parágrafo único 2 do
referido dispositivo, tratando especialmente dos títulos de
periódicos, que é exatamente o caso da revista ágora, dispõe que
haverá proteção ao título da publicação, em regra, pelo período
de um ano após a última publicação. A leitura conjunta desses
dispositivos nos leva a concluir que, para haver proteçã o do título,
dois requisitos devem ser preenchidos: ele deverá ser original e

1 Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata
esta Lei:
VI - os nomes e títulos isolados
2 Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e
inconfundível com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por
outro autor.
Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é
protegido até um ano após a saída do seu último número, salvo se forem
anuais, caso em que esse prazo se elevará a dois anos.

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

inconfundível com o de outra obra pretérita. Assim, o fato do título


"ágora" ser um termo de uso comum, haja vista ser uma palavra
g r e g a , e d a d a s u a a m p l a u t i l i z a ç ã o e m d i v e r s a s o u t r a s r e v i s t a s 3, é
remota a chance de reconhecimento de proteção legal do título.

Em conclusão, não obstante a proteção conferida pelo


parágrafo único do art. 10 da Lei de Direitos Autorais sobre o
título pelo prazo de um ano (contado da última publicação ), a
leitura sistemática da lei indica que os títulos de periódicos, para
que obtenham proteção autoral, também devem preencher alguns
outros requisitos, e por se tratar de uma palavra comum e já
utilizada para identificar outras revistas, os critérios da
originalidade e da possibilidade de distinção dificilmente seriam
reconhecidos, de modo que não seria possível a proteção autoral
do título ágora.

Possível solução

Uma possível solução para a proteção do título seria através


da proteção marcária. Contudo, dois pontos devem ser destacados:
(i) se outra revista já tiver registrado esse nome, não será possível
que a revista registre novamente; (ii) e, por ser um nome comum, é
p r o v á v e l a i m p o s s i b i l i d a d e d e p r o t e ç ã o m a r c á r i a 4.

3 (i) UNISC- Ágora. Revista do Departamento de História e Geografia da


Universidade de Santa Cruz do Sul; (ii) Revista Ágora da UFES .(iii) Revista
Ágora é publicada pela Universidade do Contestado de Santa Catarina
4 Outra consultoria poderia ser feita para determinar a possibilidade da
proteção marcária do nome “ágora”.

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

Proteção autoral do design do


título da revista
A proteção por Direito Autoral é possível?

A proteção é possível desde que respeitados os seguintes


critérios destacados anteriormente: originalidade, exteriorização e
estética. O design feito em torno da palavra é sim objeto de
proteção autoral já que o desenho representa exteriorização de
uma obra estética que contém caráter de originalidade.

Como a proteção autoral depende da exteriorização, o


registro não é obrigatório, isto é, ele não tem caráter constitutivo
de direito autoral, apenas declaratório. Entretanto, para maior
segurança em caso de possíveis disputas futuras, indica-se que o
registro seja feito, o que facilitará eventuais questões
probatórias.

Como registrar?
O registro deve ser feito na Biblioteca Nacional, por meio do
preenchimento de requerimento para registro, apresentação dos
documentos pertinentes5 e pagamento de do valor de R$ 60,00

5 Requerimento de Registro e/ou Averbação preenchido e assinado nos


campos que referem ao(s) requerente(s) do Registro e à Obra Intelectual;
Cópia do comprovante de residência do requerente principal, de acordo
com os dados informados no Requerimento; Comprovante original de
pagamento (GRU paga ou comprovante de depósit o); Uma (1) via da obra
intelectual. Ela deve ter todas as páginas numeradas e rubricadas, estar
sem encadernação e preferencialmente impressa em papel A4; Se a
solicitação de Registro for feita via procurador, ela deve estar
acompanhada da Procuração original (com firma reconhecida ou cópia
autenticada) devendo, na mesma, constar os dados: endereço completo (com
CEP), CPF e/ou CNPJ do procurador, mais os dados do autor representado.
No caso de Pessoa Física: Cópia do RG e CPF/CIC; Cópia do CPF e RG do
Representante Legal do Autor (mãe ou pai), caso o autor seja menor de
idade. No caso de Pessoa Jurídica: Cópia do Contrato/Estatuto Social, do
CNPJ e da Ata de Constituição e/ou Assembleia; Cópia do RG e CPF/CIC do
autor; Cópia de contrato de Cessão de Direitos Patrimoniais.

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

para Pessoa Física, ou R$ 80,00 para Pessoa Jurídica ou Com


Procurador e/ou Cessão de Direitos.

Quem está protegido?

Como ressaltado, o desenho goza de proteção autoral.


Entretanto, quem está protegido não é a revista, que está
utilizando a obra, mas sim o autor do desenho, indivíduo titular
dos Direitos Autorais, que se subdivide em direitos morais –
aqueles intimamente ligados à personalidade, não podendo ser
transferidos – e direitos patrimoniais – que se referem a
exploração econômica da obra e, consequentemente, podem ser
transferidos.

Como proteger o uso pela revista?


Tendo em vista a disponibilidade dos direitos patrimoniais do
autor, deve a ágora estabelecer um contrato com autor do desen ho
para definir o tipo de transmissão de direitos patrimoniais da obra
à revista. Quatro são as possibilidades: licença parcial, licença
total, cessão parcial e cessão total. Caso o autor opte por um dos
dois primeiros casos, a ágora deve agir cautelosamen te,
atentando-se para a duração da licença e buscando que o contrato
seja claro ao proibir o uso por terceiro para o mesmo fim que a
revista utiliza (ou para os fins que desejar e o autor concordar).
Já no caso da cessão parcial, a revista também deve aten tar para
o objeto do contrato, privilegiando aquele contrato que tenha por
objeto, no mínimo, o uso do desenho como título de revista,
podendo, claro, o objeto ser mais amplo. Neste caso, não há prazo
de transferência. Já a cessão total, que é aquela que transfere
todos os direitos patrimoniais à revista, seria o contrato mais
amplo e desejável, impedindo terceiros de explorarem a obra.

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

Limitações do uso não comercial


Análise do uso comercial direto e indireto e dos
cuidados que devem ser tomados
Ao obter dos autores sua autorização de uso de conteúdo, a
ágora deve ter em mente as diversas formas como pretende
explorar esse material, não só diretamente – isto é, pela sua
publicação –, mas também indiretamente – por exemplo, vai se
utilizar de anúncios no site que serve de suporte para as
publicações?

Pelo apresentado pelo cliente, até agora, a ágora tem


acordado as licenças junto aos autores de forma pouco sofisticada,
muitas vezes informalmente. Com a expansão da revista e o
desbravamento de novos horizontes, contudo, alguns cuidados são
necessários. Provavelmente, a expectativa da maioria dos autores
é de que estejam licenciando seu conteúdo da mesma forma como a
ágora licencia sua revista, ou seja, na licença Creative Commons
(CC) BY-NC-SA.

Nesta nova fase da revista – em que se pretende, inclusive, a


expansão no meio digital –, esse tipo de licença entre a ágora e o
autor pode se tornar inconveniente, face aos riscos apresentados a
seguir, relativos à dimensão “Não Comercial” (NC). Note -se que,
nada obstante, a licença CC BY-NC-SA pode continuar sendo
utilizada na relação ágora e público em geral, preservando, assim,
seu “DNA”.

Uma pesquisa publicada pela Creative Commons (“Defining


Noncommercial”) mostrou como licenciadores e licenciados entendem
a parte da licença relativa ao “NonCommercial”. Os resultados da
pesquisa estão sistematizados na tabela a seguir:

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

Risco de a conduta por si só


Conduta isolada
ser considerada uso comercial

Venda de cópias do conteúdo 80%

Ganha-se dinheiro de alguma forma


80%
com o uso do conteúdo

Conteúdo é utilizado online, em


website que gera receita por meio de 80%
anúncios

Conteúdo é utilizado online, em


website que se vale de anúncios para
70%
cobrir tão somente seus custos (de
hospedagem, p.ex.)

Conteúdo é utilizado por uma


70%
sociedade com fins lucrativos

Conteúdo é utilizado em splog (spam


65%
blog) ou zombie website

Seria gerada receita com o uso do


conteúdo, mas apenas para cobrir os 60%
custos

Tendo como base as informações e os planos apresentados


pela ágora nas reuniões prévias, apresentamos, na tabela a seguir,
formas de se mitigarem os riscos mais prováveis. O método consiste
em adicionar pequenas cláusulas à licença entre a ágora e o autor,
conforme a revista, tendo em vista seus anseios, julga r mais
adequado.

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

Risco associado à conduta Exemplo de cláusula a ser


Comentário
isolada incluída

O crescimento
da revista e o O autor está de
consequente acordo e
aumento compreende que,
progressivo no apesar de a revista
número de não comercializar o
Conteúdo é utilizado acessos ao site acesso ao
online, em website que faz com que conteúdo, obtém,
se vale de anúncios sejam com o fim exclusivo
para cobrir tão necessários de cobrir suas
somente seus custos investimentos despesas com a
(de hospedagem, na plataforma manutenção do
p.ex.) online, por website, receita
exemplo. Para por meio de
cobrir tais anúncios feitos no
despesas a website que serve
revista adota de suporte para a
a estratégia publicação online.
de ad revenue.

A revista não O autor está de


cobra para acordo e
acessar o compreende que,

Seria gerada receita conteúdo, mas apesar de a revista

com o uso do conteúdo, obtém receitas não comercializar o

mas apenas para por outros acesso ao

cobrir os custos meios como conteúdo, obtém,


anúncios e com o fim de cobrir
venda de suas despesas, de
produtos, como forma a viabilizar
forma de sua operação,

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

viabilizar sua receitas por meios


operação como mas não
(p.ex.: exclusivamente
hospedagem e anúncios e venda
manutenção do de produtos.
site,
publicação de
panfletos
extemporâneos,
tiragens
adicionais da
revista
impressa,
divulgação
paga em
mídias sociais
etc.)

O autor está de
acordo e

A revista firma compreende que,

parceria com apesar de a revista

colaborador não comercializar o

cujos fins são acesso ao

lucrativos. conteúdo, ela


Conteúdo é utilizado poderá firmar
Veja-se o
por uma sociedade contratos e
exemplo de
com fins lucrativos parcerias com, por
cláusula
específica exemplo, grupos,

sobre o JOTA, sociedades e

também nesta organizações cujos

cartilha. fins sejam


lucrativos, com o
intuito de expandir
o alcance de suas

Página 9
Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

publicações.

O autor está de
acordo e
A revista compreende que,
aproveita seu apesar de a revista
crescimento e o não comercializar o
aumento acesso ao
Conteúdo é utilizado
progressivo no conteúdo, obtém,
online, em website que
número de de forma
gera receita por meio
acessos ao site secundária, receita
de anúncios
para gerar por meio de
receita por anúncios feitos em
meio de online seu website, que
ads. serve de suporte
para a publicação
online.

O autor está de
acordo e
compreende que,
A revista não
apesar de a revista
cobra para
não cobrar para
acessar o
permitir o acesso
conteúdo, mas
Ganha-se dinheiro de ao conteúdo,
obtém receitas
alguma forma com o obtém, de forma
por outros
uso do conteúdo não primária,
meios como
receitas por outros
anúncios e
meios, como por
venda de
exemplo mas não
produtos
exclusivamente
anúncios e venda
de produtos.

Venda de cópias do A revista O autor autoriza,

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

conteúdo adotaria, em caráter não


assim, uma exclusivo, a livre
postura comercialização do
claramente conteúdo por
comercial quaisquer meios e
suportes, inclusive
em meio digital.

Ante o exposto, a adoção de uma licença CC BY-NC-SA entre a


ágora e o autor pode ser indesejável e até mesmo perigoso, uma
vez que “não comercial” é entendido em termos bastante amplos,
significando tão somente uso não primariamente direcionado à
obtenção de vantagem comercial ou compensação comercial, e que
estudos indicam que autores frequentemente interpretam situações
que os usuários consideram corriqueiras como uso comercial. Deve
se ter em mente também que a licença NC diz respeito ao uso feito
pelo utilizador e não à sua identidade ou característica (sem ou
com fins lucrativos).
É preferível a redação de uma licença que se adeque melhor
às necessidades e particularidades da ágora, sem vinculação com
as licenças Creative Commons, ainda que nelas inspiradas, uma vez
que se entende que o uso das marcas e signos próprios das licenças
CC afasta qualquer tipo de esclarecimento, comentário, restrição,
expectativa, interpretação ou qualquer outra cláusula que afete as
licenças CC a que se faz referência. Creative Commons fortemente
desencoraja esse tipo de prática, principalmente quando visa
restringir os usos permitidos ou acaba por descaracterizar a
licença.

Exemplo de termo de licenciamento


Ao submeter sua obra à publicação pela ágora, o autor
autoriza à ágora utilizar-se de sua obra, em caráter não exclusivo,
podendo editá-la, reproduzi-la por qualquer processo, submetê-la
a tratamento editorial (projeto gráfico e editoração), traduzi -la,

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

divulgá-la, digitalizá-la e disponibilizá-la ao público, por


quaisquer meios e suportes, inclusive em meio digital. O autor
isenta a ágora de qualquer pagamento relativo a essa autorização.
O autor está ciente e de acordo com o fato de que sua obra,
ao ser disponibilizada ao público, por quaisquer meios e suportes,
inclusive em meio digital, será licenciada para reutilização nos
termos da licença Creative Commons BY-NC-SA.

[CLÁUSULA DO JOTA – indicada no item seguinte]

[CLÁUSULAS QUE A ágora JULGAR ADEQUADAS – indicadas na


tabela]

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

Relação de parceria com o Jota


Qual a questão jurídica em relação aos Direitos
Autorais?

Como visto no item anterior, a revista ágora tem utilizado


como padrão de licenciamento em suas publicações o Creative
Commons. Dentro desse sistema, optou pela adoção de licença não
comercial, com atribuição ao autor, e com compartilhamento em
termos licenciais iguais (CC BY-NC-SA).
Isso importa em dizer que o material submetido à revista está
disponível para que outros possam se utilizar do seu texto para
divulgá-lo na íntegra em outros meios, podendo fazer alterações
ou adaptações, desde que haja atribuição do trabalho ao autor do
original, com fins não lucrativos, e com licença em termos idênticos.
É em relação à restrição quanto aos fins comerciais dos seus
artigos que reside o problema em eventual acordo que seja
firmado entre a ágora e o Jota. Sendo este uma revista virtual que
cobra mensalmente dos seus leitores pelo acesso integral das suas
publicações e que, consequentemente, apresenta um fim comercial,
haveria uma incompatibilidade entre o padrão de licenciamento
oferecido pela ágora aos seus autores e o que seria utilizado pelo
Jota.

Quais são as possíveis soluções para essa questão?


Para resolver a questão, pode-se optar entre duas possíveis
medidas alternativas:

1) A adição de uma cláusula no eventual termo de compromisso


com o Jota que o proíba de explorar os seus artigos
comercialmente. Modelo de cláusula:

CLÁUSULA 01

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Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

O LICENCIANTE (ágora), autorizado por parte dos autores


para que terceiro se valha de suas OBRAS, licencia à LICENCIADA
(Jota), a título gratuito sem ônus ou condições, não sendo devida
qualquer espécie de pagamento ou contraprestação, os direitos
autorais patrimoniais das OBRAS previamente selecionadas e
enviadas à LICENCIADA.
A LICENCIADA tem os direitos de usar e fruir dos direitos ora
cedidos em qualquer mídia impressa, eletrônica, digital ou
audiovisual, incluindo seus sites, livros, em conteúdo editorial ou
divulgação publicitária, em jornais ou revistas contratadas para
inserções de anúncios, além de outros veículos de comunicação que
possam interessar, tais como banners, vídeos, websites, televisão,
DVDs, CDs, exposição, para ser veiculada e/ou utilizada em todo o
território nacional e exterior, desde que a LICENCIADA não
explore as OBRAS comercialmente, atribua aos autores das OBRAS
publicadas o devido crédito, licenciando as novas criações sob
termos idênticos.

2) Adicionar uma cláusula no contrato entre autor e ágora


deixando claro para aquele que a sua contribuição não será
explorada economicamente pela revista, mas que, no entanto,
poderá ser explorada pelo Jota. Modelo:

CLÁUSULA 01
Ao submeter sua obra à publicação pela LICENCIADA (ágora),
o LICENCIANTE (autor da OBRA) autoriza à LICENCIADA (ágora),
esta isenta de qualquer pagamento relativo ao presente ato, a
utilizar-se de sua OBRA, em caráter não exclusivo e sem fins
comerciais, podendo editá-la, reproduzi-la por qualquer processo,
submetê-la a tratamento editorial (projeto gráfico e editoração),
traduzi-la, digitalizá-la e disponibilizá-la ao público, por
quaisquer meios e suportes, inclusive em meio digital, incluindo
seus sites, livros, em conteúdo editorial ou divulgação publicitária,
em jornais ou revistas contratadas para inserções de anúncios,
além de outros veículos de comunicação que possam interessar, tais
como banners, vídeos, websites, televisão, DVDs, CDs, exposição,

Página 14
Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

para ser veiculada e/ou utilizada em todo o território nacional e


exterior.

CLÁUSULA 02
O LICENCIANTE (autor da OBRA) está ciente e de acordo com o
fato de que sua OBRA, ao ser disponibilizada ao público, por
quaisquer meios e suportes, inclusive em meio digital, poderá ser
licenciada, a título gratuito, com indicação de autoria e de forma
não exclusiva, pela LICENCIADA (ágora) para reutilização por
terceiros.

CLÁUSULA 03
O LICENCIANTE (autor da OBRA), em exceção à CLÁUSULA 01,
permite o uso comercial da OBRA pelo canal de notícias JOTA, no
caso de licenciamento para reutilização da OBRA, devendo a
LICENCIADA (ágora) se comprometer a incluir a indicação de
autoria com o JOTA e não possuir fins comerciais com a
reutilização.

Caso o Jota opte por explorar economicamente as


obras disponibilizadas pela ágora, quais infor mações
devem ser necessariamente informadas ao canal de
notícias?

Um ponto importante a ser esclarecido é que na parceria


entre a ágora e o Jota, como em qualquer outro contrato entre
sujeitos que procuram alinhar seus interesses, é fundamental que
haja a prestação recíproca das informações que dizem respeito ao
conteúdo do negócio. Trata-se de um dever anexo às obrigações
firmadas no bojo desta colaboração, consagrado pelo ordenamento
jurídico pátrio sob o prisma da boa-fé objetiva, com previsão no
art. 113 do Código Civil.
Especificamente, a ágora tem o dever de deixar claro para o
Jota que, mesmo concedendo o direito para que este explore
economicamente os artigos publicados em sua revista, os artigos

Página 15
Cartilha de Direitos Autorais: Revista Ágora

contidos na ágora continuariam suscetíveis à utilização nos termos


da licença Creative Commons BY-NC-SA, não havendo qualquer
exclusividade conferida ao Jota no que se refere à utilização dos
artigos publicados, mas apenas no que diz respeito à exploração
econômica destes.
Se mantida a assimetria de informações, de modo que o Jota
seja levado a crer que teria exclusividade na utilização dos
artigos, pode ser que ocorra uma frustração em relação à sua
vontade ou ao que pretendia efetivamente colher da parceria.
Afinal, há de haver transparência na condução dos negócios
jurídicos pautados pela boa-fé objetiva.

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CARTILHA DE DIREITOS AUTORAIS NO
YOUTUBE (PARA LARRY WAYS - FGV JR.)

BERNARDO KAUFMAN

LAÍS AOKI

LARISSA CAMPOS

MATHEUS BARRETO

PEDRO MATOS

EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)


Cartilha de direitos autorais no YouTube

O que são direitos autorais?


Conceito

São direitos autorais aqueles que um autor de uma obra


possui sobre ela.

De acordo com a nossa Lei de Direitos Autorais (Lei


9.610/98), um autor pode ter duas espécies de direitos sobre sua
obra:

 Direitos morais: previstos nos artigos 24 a 27 da Lei de


Direitos Autorais, esses direitos seriam uma emanação da
personalidade do autor e estariam ligados à relação dele com
a obra. São direitos dos quais o autor não pode abrir mão
(irrenunciáveis) e que não podem ser transferidos a terceiros
(inalienáveis).
 Direitos Patrimoniais: previstos no art. 28 e 29 da Lei de
Direitos Autorais, esses direitos estão ligados à exploração
econômica que o autor faz da obra. São transferíveis a
terceiros e podem ser renunciados pelo auto r.

Quais obras são protegidas?

O art. 7º da Lei de Direitos Autorais traz alguns exemplos de


obras que serão protegidas pelos direitos autorais. Entretanto,
para uma obra ter proteção autoral ela precisa satisfazer os
seguintes requisitos:

(i) Estar no domínio das letras, das artes ou das ciências;


(ii) Ser original;
(iii) Ter sido exteriorizada por qualquer meio;
(iv) Achar-se no período de proteção legal (art. 41, LDA);

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

(v) Não ser uma das hipóteses do art. 8º, LDA.

O primeiro requisito significa que para ser protegida, deve se


tratar de uma obra literária, artística ou científica. O segundo,
que seja uma obra nova, diferente das já existentes. O terceiro,
que a mesma tenha sido, verbal ou fisicamente, exteriorizada.
Ademais, a obra precisa estar no prazo de proteção conferido pela
Lei de Direitos Autorais: o início do prazo se dá com a
exteriorização da obra e o término dele acontece após 70 anos
contados de 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua divulgação,
no caso das obras audiovisuais. Após este período de proteção, a
obra entra em domínio público, podendo ser explorada
economicamente por terceiros.

Também vale mencionar que a Lei de Direitos Autorais, no seu


artigo 8º, prevê determinadas hipóteses de obras que não serão
protegidas pelo direito autoral. A principal delas é uma “ideia”,
pois, como são de uso comum de todos, elas devem ser
exteriorizadas para que possam gozar de proteção autoral.

Quem é e quem pode ser autor?

O art. 11 da Lei de Direitos Autorais (LDA) prevê que autor


é a pessoa física criadora da obra literária, artística ou
científica. Entretanto, o próprio artigo prevê que a proteção
concedida ao autor poderá ser aplicada às pessoas jurídicas. O
que esse dispositivo quis dizer é que a LDA protegerá a pessoa
jurídica que for titular dos direitos patrimoniais da obra. Isso
porque é impossível que uma pessoa jurídica seja criadora de uma
obra literária, artística ou científica. O que ela pode ser é
titular dos direitos patrimoniais sobre uma obra, caso o autor
(pessoa física) os tenha transferido para ela.
Por sua vez, a coautoria existe quando duas ou mais pessoas
são autoras de uma mesma obra (art. 15, LDA). Não há coautoria
na hipótese de a pessoa simplesmente auxiliar o autor em funções
como, por exemplo, a edição da obra. Quando a obr a for

Página 2
Cartilha de direitos autorais no YouTube

indivisível, nenhum dos coautores poderá publicá -la ou autorizar


a sua publicação sem a permissão dos demais. Além disso, de
acordo com o art. 16, LDA, no caso das obras audiovisuais, tanto
o roteirista quanto o diretor serão, necessariamente, coauto res.

Exceções e limitações aos direitos autorais


As exceções e limitações aos direitos autorais recaem apenas
sobre os direitos patrimoniais e estão previstas na própria Lei de
Direitos Autorais, em seu art. 46. Por serem uma exceção ao
direito do autor de explorar normalmente a sua obra, são
interpretadas restritivamente, isto é, os tribunais interpretam
como sendo possíveis apenas os usos que claramente se encaixam
nas hipóteses legais, sem estender a permissão para outras
situações que, ainda que sejam parecidas, não estão previstas na
Lei. O denominador comum entre essas hipóteses é o uso não
comercial da obra.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça reconhece a


aplicação da “Regra dos Três Passos”, segundo a qual será
possível limitar o direito de exclusividade do autor, isto é, o
direito dele de se opor a determinada utilização de sua obra
quando: (i) se estiver diante de certos casos especiais; (ii) a
utilização não prejudicar a exploração normal da sua obra e (iii)
a utilização não causar prejuízo injustificado aos legítimos
interesses do autor.

O modelo brasileiro de exceções e limitações se diferencia


do modelo norte-americano chamado de “fair-use”. Nesse modelo
os tribunais, para determinarem a legalidade do uso que foi
dado, avaliam: (i) o tipo de uso que o terceiro fez da obra (se
tinha finalidade comercial ou doméstica); (ii) a natureza da obra
utilizada (um texto informativo, por exemplo, é menos protegido
que um romance); (iii) a qualidade e a quantidade da obra que
foi utilizada (é menos grave usar uma pequena parte do que uma
grande parte) e (iv) se o uso feito pelo terceiro resultou em
algum prejuízo ao autor. Dessa forma, o “fiar-se” tem como
principal diferencial para o modelo brasileiro, que ele é mais
preparado para absorver inovações tecnológicas que criem novas
limitações (na medida em que, com base nesses parâmetros, o juiz
avalia a legalidade do uso, enquanto a nossa lei já determinou os
usos possíveis).

Página 3
Cartilha de direitos autorais no YouTube

Quando uma obra não será mais protegida? O Domínio


público
O domínio público (art. 45, LDA) é composto pelas obras que
não estão protegidas pelos direitos autorais. No caso das obras
audiovisuais, a obra entra em domínio público depois de
decorridos 70 anos contados de 1º de janeiro do ano subsequente
ao de sua divulgação, conforme o art. 44, LDA. O domínio público
implica a extinção dos direitos patrimoniais do autor, permitindo
que ela possa ser usada por terceiros para quaisquer fins
econômicos, sem necessidade de autorização dos herdeiros ou de
quem fosse o titular dos direitos patrimoniais da obra, devendo
apenas serem observados os direitos morais de autor. O domínio
público, portanto, se diferencia das exceções e limitações na
medida em que nelas os direitos patrimoniais ainda existem, o
que permite que apenas alguns usos possam ser feitos.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

Direitos Autorais no YouTube


Tudo o que você precisa saber antes de colocar um
vídeo no YouTube
Conteúdo de Terceiros: músicas e vídeos alheios
A Lei de Direitos Autorais em seu art. 46, VIII, autoriza a
reprodução de pequenos trechos de outras obras, desde que este
trecho não seja o objetivo principal da obra nova e nem
prejudique a exploração desta. Também é vedado causar prejuízo
injustificado aos interesses dos autores originários. Ou seja,
dessa forma, caso o indivíduo que esteja preparando um vídeo
deseje reproduzir pequeno trecho de outra obra, está autorizado
por lei a utilizá-lo desde que esse trecho não seja o objetivo
principal do novo vídeo, e que sua utilização não acarrete
prejuízos para seus autores. Importante também ress altar que
sempre deve ser dado o devido crédito ao autor da obra
originária.

Porém, essa reprodução tem algumas particularidades e deve


seguir alguns parâmetros:

A. O que seria pequeno trecho? O quanto eu posso colocar de


conteúdo alheio no meu vídeo?

Sabe aquela clássica regra do "todo mundo pode colocar 5


segundos de uma música ou outra obra no seu vídeo, que está tudo
certo"? Esqueça. Nem 5, nem 10 segundos. A realidade é que
ninguém sabe ao certo o que seria pequeno trecho, sendo essas
regras “costumeiras” ausentes de qualquer amparo legal. A
jurisprudência e a doutrina (que seria a opinião dos tribunais e
dos estudiosos do direito, respectivamente) divergem muito sobre
a extensão permitida do trecho a ser reproduzido.

Página 5
Cartilha de direitos autorais no YouTube

Já que não há definição clara do que seria pequeno trecho,


se preocupe com o USO desse trecho. Faça uso da razoabilidade
para definir a duração do mesmo (não coloque a música toda, ou
um trecho que configure percentual relevante da obra total, por
exemplo), e se preocupe em se ater se todos os demais requisitos
que a lei impõe estão sendo cumpridos: (i) se esse trecho não é o
objetivo principal do seu vídeo, ou (ii) se essa reprodução não
esteja causando prejuízos injustificados aos autores. Como a lei
não é clara, isso não indica que você escapará totalmente de uma
demanda judicial ou de um aviso do YouTube caso cumpra esses
requisitos. Mas sua defesa será mais garantida e terá mais
chances de sucesso na ação judicial e de uma reversão na decisão
do YouTube, caso cumpra esses pressupostos.

B. Posso pegar trechos de vídeos que estão no


YouTube?

Além de toda essa questão relacionada ao pequeno trecho, o


criador do vídeo deve dar atenção especial quando quer
reproduzir trecho de algum outro vídeo que está postado no
YouTube. Isso porque, segundo os termos de uso do YouTube, não
se pode baixar nenhum vídeo postado em sua rede, a não ser que
o autor autorize isso, como, por exemplo, disponibilizando um link
para download. Ou seja, caso o indivíduo queira obter algum
vídeo do YouTube para colocar trechos em seu próprio vídeo,
deve ter ciência que a plataforma só autoriza esse download caso
haja uma autorização de seu criador. Dessa forma, deve -se ter
redobrada atenção na hora de escolher a fonte do vídeo que será
reproduzido.
No entanto, com a enorme quantidade de fontes para
download de vídeos, não deve ser difícil cumprir com tal norma
do YouTube. O uso de trechos de vídeos no seu novo vídeo segue
a regra geral de ser um pequeno trecho, cujo uso não seja o
objetivo principal do vídeo, e que não gere prejuízo injustificado
ao seu autor e nem prejudique a exploração normal da obra
reproduzida.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

C. Qual o meio mais seguro para inserir imagens no meu


vídeo?

É notório que o buscador de imagens mais conhecido e


utilizado no mundo é o Google Imagens. Por isso, antes de utilizar
alguma imagem dessa ferramenta de busca em algum vídeo, é
necessário ter atenção ao cumprimento de determinados
requisitos.

Como já mencionado no item 1 da cartilha, as obras integram


consigo, desde o momento de sua criação, os direitos morais e
patrimoniais. Ou seja, em breves palavras, é necessário sempre
dar o devido crédito ao criador da obra (direitos morais), e este
tem direito sobre a sua exploração econômi ca. Dessa forma, ele
escolhe quem pode usa-la, e como usa-la, podendo ceder esse uso
para terceiros.

As imagens não fogem à regra. São consideradas obras de


natureza artística, e, portanto, seguem todos os ritos dispostos na
Lei de Direitos Autorais. Desse modo, pegar uma imagem do
Google Imagens sem dar o devido crédito, ou sem saber se o
autor daquela imagem permitiu sua reprodução, pode acarretar
alguns problemas.

Pode parecer complicado, então, utilizar uma imagem da


internet. Porém, a plataforma do Google Imagens deu uma solução
para isso: há uma ferramenta para se en contrar imagens sem
restrições de uso. O próprio Google disponibilizou o passo a
p a s s o d e s s a f e r r a m e n t a 1:
Encontrar imagens, textos e vídeos que possam ser
reutilizados
1. Acesse a Pesquisa de imagens avançada para imagens
ou Pesquisa avançada para todos os outros conteúdos.
2. Na caixa “todas estas palavras”, digite o que você
deseja pesquisar.

1Fonte: Suporte Google, disponível em:


<https://support.google.com/websearch/answer/29508?hl=pt -Bird=1>
Acesso em 8 de dezembro de 2016

Página 7
Cartilha de direitos autorais no YouTube

3. Na seção "Direitos de uso", use a lista suspensa para


escolher o tipo de licença que você deseja que o
conteúdo tenha.

4. Selecione Pesquisa avançada.


Observação: antes de reutilizar o conteúdo, verifique se sua
licença é legítima e confira os termos exatos de reutilização.
Por exemplo, a licença pode exigir que você dê crédito ao
criador da imagem ao usar a imagem. O Google não tem
como verificar se a licença é legítima. Portanto, não sabemos
se o conteúdo foi legalmente licenciado.

Tipos de direito de uso


a. Sem restrições de uso ou compartilhamento: permite que você
copie ou redistribua o conteúdo, desde que esse conteúdo
permaneça inalterado.
b. Sem restrições de uso, compartilhamento ou modificação:
permite que você copie, modifique ou redistribua o conteúdo
conforme especificado pela licença
c. Comercialmente: se você procura conteúdo para uso
comercial, não se esqueça de selecionar uma opção que inclui
a palavra "comercialmente".

Ou seja, é possível utilizar imagens do Google de acordo


com o uso permitido pelo titular de seus direitos autorais, e
dando o devido crédito à foto. No caso de outras plataformas,
sempre é preciso verificar seus termos: se o uso está autorizado
pelo autor e dar o devido crédito.
D. Como utilizar músicas alheias em meu vídeo?

Reprodução integral da música


Para utilizar músicas de terceiros nos vídeos, é importante
seguir alguns passos para que se tenha o mínimo de segurança de
estar cumprindo os direitos autorais envolvidos.

Nesse sentido, a forma mais fácil de usar uma música de


outra pessoa é se a obra estiver em domínio público, ou se o
titular de direitos autorais sobre a música permitir o uso pelas

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

demais pessoas. Em ambos os casos, é importante manter em mente


que sempre deve ser mencionado o autor da música (se não for
possível descobrir o autor, é considerado suficiente escrever
“autor desconhecido, entrar em contato se for titular de direitos
autorais sobre a música”, por exemplo).
O próprio YouTube disponibiliza uma biblioteca com músicas
que podem ser utilizadas livremente, bem como informa quais as
restrições para inserção de músicas no vídeo (se sua reprodução é
vedada em algum país específico, ou se a monetização será
destinada ao autor). É importante deixar claro, entretanto, que
caso um autor mude a permissão para uso de sua música, isso irá
impactar seu vídeo, podendo deixá-lo sem áudio, por exemplo, ou
até mesmo culminar em sua remoção.

Portanto, a forma mais segura de utilizar músicas de


terceiros é inserir aquelas que já estão em domínio público,
disponibilizadas pelo próprio site na Biblioteca de Áudio. A
utilização de músicas protegidas por direitos autorais deve ser
feita nos moldes da autorização concedida por seus titulares. Se
não houver autorização, deve-se tentar obtê-la junto ao detentor
dos direitos de autor da obra.

Reprodução de trechos da música


A reprodução de parte de música gera mais dúvidas, na
medida em que depende de um conceito aberto utilizado pelo
YouTube (“uso aceitável”). No Brasil, a Lei de Direitos Autorais
estabelece em seu art. 46, VIII, que a utilização de pequenos
trechos é aceitável, desde que (i) não seja o objetivo principal
da obra nova, (ii) não prejudique a exploração normal da obra
reproduzida e (iii) nem gere prejuízos injustificados para os
legítimos interesses dos autores.

Assim, é importante notar que o Direito brasileiro permite a


reprodução, desde que cumpridos determinados requisitos,
expostos acima. O primeiro questionamento surge, no entanto,
quando nos deparamos com o termo “pequenos trechos”. Será que
15 segundos de uma música preenchem tal requisito ou não?
Conforme já explicado mais acima, não há uma segurança jurídica
para realizar a reprodução (a não ser que a obra a ser
reproduzida esteja em domínio público), na medida em que o
conceito é aberto.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

Se a reprodução de uma música específica for necessária, e


ela for protegida por direitos autorais, e não houver autorização
do autor da obra, deve-se tentar colocar o menor trecho possível
da obra, de modo a configurar claramente um pequeno trecho e
não gerar maiores problemas.

Content ID
O Content ID é um método de reconhecimento de conteúdo
através da Internet. Através dele, um titular de direitos de autor
pode cadastrar sua obra e dispor sobre como deseja que sua obra
seja utilizada por terceiros (ou se não deseja). A partir daí o
sistema identificará o uso das obras protegidas pelo Contente ID
e as conformará com a vontade do autor.

Nesse sentido, caso se utilize algum trecho de música


abrangido pelo Content ID, é provável que receba uma
reivindicação de Content ID. A partir daí, pode-se decidir por
trocar a música, por aceitar a reivindicação, ou por disputar a
reivindicação. Neste último caso, deve-se utilizar o argumento
exposto no tópico anterior, de que o uso é aceitável, justamente
por respeitar os critérios da Lei de Direitos Autorais,
configurando um uso de pequenos trechos lícito.

Porém, ao optar por disputar uma reivindicação de Content


ID, o proprietário dos direitos autorais atingidos terá trinta dias
para resposta, podendo (i) cancelar a reivindicação, (ii) manter a
reivindicação ou (iii) solicitar a remoção do vídeo, hipótese em
que receberá um Aviso de Direitos Autorais (se receber três
Avisos de Direitos Autorais, o usuário perde a sua conta no
YouTube).

Se o proprietário dos direitos autorais manteve a


reivindicação, será possível contestar este ato, também com a
defesa de que o uso do conteúdo foi legal. Neste caso, ao
receber a contestação, o proprietário dos direitos autorais terá
trinta dias para (i) liberar a reivindicação, (ii) solicitar a
remoção imediata do vídeo, hipótese que implicará um Aviso de
Direitos Autorais ou (iii) programar uma solicitação de remoção
para seu vídeo, dando sete dias para que cancele a contestação,
sob pena de receber um Aviso de Direitos Autorais.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

Caso receba um Aviso de Direitos Autorais, será possível


aguardar expirar o prazo de três meses do Aviso, desde que
participe da Escola de Copyright do YouTube, ou então se pode
enviar uma contra notificação. Neste caso, o reclamante terá dez
dias úteis para enviar provas ao YouTube de que tomou todas as
ações legais para manter a remoção do conteúdo. Findo esse
prazo, o YouTube manterá a remoção do vídeo apenas se o
reclamante provou que tomou as providências legais para tanto.

Após toda essa explicação, a conclusão a que chegamos é:


evite ao máximo receber Avisos de Direitos Autorais, uma vez
que, caso receba três, sua conta será encerrada. A recomendação
do grupo é de que se deve disputar a reivindicação de Content ID
apenas em casos em que a reprodução da música for essencial e
se houver muita certeza acerca de seu uso ser aceitável

A paródia é permitida?
Grande parte da produção de vídeos que são reproduzidos
no YouTube são relacionados à comédia, como, por exemplo, o
canal Porta dos Fundos, um dos canais brasileiro s com maior
índice de visualizações da plataforma.

Logo, é recorrente o uso de paródias de obras já existentes


a fim de produzir um entretenimento divertido ao público.
Programas famosos da televisão brasileira como Cassita e Planeta
também já fizeram uso dessas técnicas.
No Brasil, a Lei de Direitos Autorais autoriza a realização
de paródias, desde que não sejam verdadeiras reproduções da
obra, e nem lhe causem descrédito. Dessa forma, poderá ser
realizada uma paródia ou sátira no conteúdo dos vídeos
produzidos no YouTube, na medida em que está amparada
legalmente pela LDA.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

Direitos Autorais no YouTube


Tudo o que você precisa saber depois de colocar um
vídeo no YouTube
Ao postar um vídeo no YouTube, você estará se utiliza ndo de
uma plataforma de serviços virtuais. Como deve saber, essa
prestação de serviços será orientada por um conjunto de regras
definidas unilateralmente pelo YouTube chamado de Termo de
S e r v i ç o 2. E s s e T e r m o , q u e é u m c o n t r a t o e n t r e v o c ê ( u s u á r i o q u e
posta conteúdo) e o YouTube (plataforma que oferece o serviço
de disponibilização desse conteúdo), irão estipular:

i. Quais serão os seus direitos, como autor, sobre um vídeo


postado no YouTube
ii. Quais são os direitos do YouTube sobre seus vídeos
iii. O que as pessoas que assistirem aos seus vídeos podem, ou
não, fazer com eles

Seus vídeos, seus direitos


Como já dito, a Externalização de uma ideia na forma de
vídeo já garante direitos autorais sobre essa criação. Dessa
forma, você, como autor do vídeo, possui direitos patrimoniais e
morais sobre ele.

Seus direitos morais referem-se aos direitos de


personalidade do autor e estão previstos no artigo 24 da Lei de
Direitos Autorais. Os direitos morais visam a proteger a relação
do autor com a sua própria obra através de três formas:

 Pela indicação de autoria: o autor deve ser expressamente


citado como criador da obra independentemente de quem
possua os direitos patrimoniais da mesma;

2Disponível em:
<https://www.youtube.com/static?gl=BR&template=terms&hl=pt> acesso em
25 de novembro de 2016

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

 Pelo poder de controlar a circulação da obra: o autor pode


manter a obra inédita ou pode retirá-la de circulação;

 Pelo poder de restringir a alteração da obra: compete ao


autor modificar a obra na medida em que lhe seja desejável,
ou vetar qualquer modificação a ela;
Seus direitos patrimoniais são aqueles ligados à exploração
econômica do vídeo, conforme disposto no artigo 29 da Lei de
Direitos Autorais. Nesse caso, você como autor pode explorar
economicamente a sua obra por meio da transferência onerosa dos
seus direitos patrimoniais a terceiros.

Essa transferência poderá ocorrer sob duas formas:

 Por meio de uma Licença: é uma simples autorização de uso


que permite que algum terceiro se valha da obra, com
exclusividade ou não, de acordo com o que lhe for concedido.
Essa autorização não transfere os direitos patrimoniais
porque o autor não deixa de ter posse sobre esse tipo de
direito. O que há é uma permissão para que um terceiro
também disponha desses direitos. Essa licença pode ser feita
oralmente, é temporária e não precisa ser onerosa.

 Por meio de uma Cessão: o autor transfere os seus direitos


patrimoniais, de forma integral ou não, com exclusividade
para um terceiro. Ou seja, diferentemente do descrito acima,
o terceiro que recebe por cessão direitos patrimoniais passa
a ser o único titular daqueles direitos. A cessão de direitos
deve ser feita por escrito e se presume onerosa.

É importante ressaltar que tanto a cessão quanto a licença podem


ser feitas de forma total ou parcial, o que quer dizer que a
transferência dos direitos patrimoniais pode se referir à
integralidade do uso econômico da obra ou apenas a algumas
possibilidades.

Os direitos do YouTube sobre seu vídeo


Ao postar um vídeo no YouTube, você permite que ele
explore economicamente sua obra. Isso porque, conforme os
Termos de Serviço da plataforma, ao postar conteúdo autoral no

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

YouTube, você transfere automaticamente a ele seus direitos


patrimoniais de autor através de uma licença gratuita, não
exclusiva e sub licenciável.

Isso quer dizer que você transferirá, gratuitamente, seus


direitos de explorar economicamente a obra para o YouT ube, que
também poderá licenciar os direitos que você transferiu a ele
para terceiros.

Entretanto, essa transferência não significa que você não


poderá explorar economicamente sua obra, ou que você não
poderá explorá-la sem a autorização do YouTube. A tran sferência
feita em formato de licença não exclusiva permite que tanto você
quanto a plataforma possam explorar a obra ao mesmo tempo.

Vale lembrar que, como há apenas a transferência dos seus


direitos patrimoniais, a utilização dos seus vídeos pelo YouTube e
por terceiros sublicenciados sempre exigirá a menção do seu nome
e dos outros possíveis autores da obra. Isso porque essa
transferência não envolve a transmissão de seus direitos morais
de autor, os quais são, pela lei, intransferíveis.

O que outras pessoas podem fazer com o seu vídeo


Em regra, sem uma autorização prévia e expressa de um
titular dos direitos patrimoniais, ninguém poderá fazer, conforme
o art. 29 da Lei de Direitos Autorais, nenhum uso de obra autoral.

Dessa forma, caso haja algum uso do seu vídeo que não foi
autorizado por você (autor), por outro coautor, pelo YouTube ou
por outro terceiro titular de direitos patrimoniais sobre seu
vídeo, tal uso será considerado ilegal e pode ser impedido.

No caso de vídeos postados no YouTube, há duas formas de


se violar direitos autorais: através da própria plataforma
YouTube ou através de outros meios que não essa plataforma.

Caso o uso não autorizado tenha ocorrido dentro da


plataforma do YouTube (como por exemplo quando um terceiro,
não autorizado, posta um vídeo com fragmentos do seu vídeo), a
empresa possui dois mecanismos próprios para interromper essa
violação: a Notificação de Violação e o já mencionado Content
ID.

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Cartilha de direitos autorais no YouTube

O mecanismo de Notificação de Violação se dá através da


existência de um formulário que, quando preenchido pelo
verdadeiro autor do vídeo, viabiliza de retirada do ar do
conteúdo tido como violador de direitos autorais. Esse
formulário está disponível no seguinte
link:https://support.google.com/youtube/answer/2807622?hl=pt -
BR

A possível retirada do vídeo acusado de violar direitos


autorais passará pelo crivo do próprio YouTube, cuja análise é
embasada no conceito de fair use (uso aceit ável), derivado da lei
americana. O fair use, como já foi mencionado anteriormente,
permite, em determinadas circunstâncias, certos usos de obras
protegidas por direito autoral sem a devida permissão do titular
desses direitos. Nos EUA, esse uso aceitável é analisado por um
juiz com base em quatro fatores:

1. A finalidade e o caráter do uso (se o uso foi de natureza


comercial ou a fins educativos sem objetivo de lucro)

2. A natureza da obra protegida por direitos autorais

3. A quantidade e importância da parcela utilizada


quando comparada com a obra protegida

4. O efeito desse uso sobre um possível mercado ou sobre o


valor da obra protegida (se a nova obra prejudica
economicamente a exploração da primeira)

Nesse caso, o YouTube simula esse tipo de julga mento para


analisar se aquele caso concreto deve ser considerado uma
violação de direitos autorais e, consequentemente, ser retirado
do ar.
É importante ressaltar que esse mecanismo não impede que o
autor, caso queira, ajuíze uma ação perante o Poder Judic iário.
Ele pode pedir, por exemplo, uma indenização por eventuais
danos causados pelo uso não autorizado.

Caso o judiciário venha a analisar essa possível violação,


é fundamental dizer que ele não se baseará na doutrina do fair
use porque, como já mencionado, esse conceito não foi
recepcionado pela legislação autoral brasileira. Os juízes se

Página 15
Cartilha de direitos autorais no YouTube

pautam exclusivamente na Constituição Brasileira e na Lei de


Direitos Autorais que prevê a regra geral da necessidade de
autorização e as hipóteses de exceções e limitações do direito
autoral.

Por outro lado, caso o uso não autorizado tenha acontecido


em outros canais ou plataformas diferentes do YouTube, caberá a
você, autor, solucionar sozinho essa violação pelos meios de
solução de controvérsias previstos na legislação nacional. Nesse
caso, o caminho mais tradicional é acionar o violador dos seus
direitos autorais perante o Judiciário para que a violação se
cesse.

Página 16
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E
LICENCIAMENTO
(AOS COLABORADORES)

FERNANDA GUILHERMINO
LETÍCIA BRITO
LILY CASTILHO
MARCOS ALVES
PRISCILLA MOURA
THAIS SALVADOR
EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

CARTILHA ÁGORA:
DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO
AOS COLABORADORES

No que tange ao acesso, distribuição e uso, todo o conteúdo


intelectual da Ágora, abrangendo, mas não se limitando, à
diagramação, textos, imagens, audiovisu al e site, é licenciado em
Creative Commons (CC) no modelo BY-NC-SA. O uso coletivo das
obras é liberado apenas dentro dos limites da licença. Nos termos
adotados, são alguns direitos reservados e invioláveis.
A licença adotada pela revista permite que a obra seja
copiada e modificada, desde que se atribua crédito ao autor
original e se licencie a obra derivada nos mesmos moldes da obra
original; trabalhos derivativos não poderão ser utilizados para
fins comerciais.
Os Autores que enviam conteúdo à Ágora mantêm os direitos
autorais, porém, concedem à revista o direito de livre publicação,
com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons
Attribution.
Os Autores e a Ágora têm autorização para assumir contratos
adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da
versão do trabalho publicada pela Ágora, podendo adotar,
inclusive, modelos de licença que não em CC. É obrigatório o
reconhecimento de autoria e de publicação inicial no veículo Ágora
(seja digital ou físico).
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e
distribuir seu trabalho online, a qualquer momento, seja antes,
durante, ou após o processo editorial da Ágora – exceções podem
se aplicar.
Caso já tenham licenciado seu material antes da publicação
na revista, é necessário explicitar junto à publicação na
plataforma Ágora que o texto veiculado é regido por licença
diferente daquela padrão (BY-NC-SA). Caso isso não seja feito,
prevalecerá a licença mais ampla.
EQUIPE ÁGORA

Página 1
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

SOBRE O CREATIVE COMMONS


O creative commons é um projeto internacional que nasce como
uma forma de padronizar as licenças de obras autorais de uma
forma mais ampla e informada aos usuários.
No Brasil o projeto existe desde 2003 e é desenvolvido pelo
Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS), centro de pesquisa
avançada que integra a Escola de Direito da Fundação Getúlio
Vargas no Rio de Janeiro.
A partir do uso do sistema Creative Commons é possível a
autores de obras intelectuais (quer sejam textos, fotos, música s,
filmes etc.) licenciarem tais obras por meio de licenças públicas,
permitindo, assim, o uso coletivo de suas obras dentro dos limites
licenciados.
A razão para o surgimento do Creative Commons é o fato de
que o direito autoral possui uma estrutura que p rotege qualquer
obra indistintamente, a partir do momento em que a obra é criada.
Em outras palavras, qualquer conteúdo encontrado na Internet ou
em qualquer outro lugar é protegido pelo direito autoral. Isso
significa que qualquer utilização depende da autorização do
autor. Muitas vezes isso dificulta uma distribuição mais eficiente
das criações intelectuais, ao mesmo tempo em que impede a
realização de todo o potencial da Internet. Há autores e criadores
intelectuais que não só desejam permitir a livre di stribuição da sua
obra na Internet, mas podem também querer autorizar que sua obra
seja remixada ou sampleada. E isso é explicitado pala licença
escolhida ao se utilizar o Creative Commons.1
A difusão do Creative Commons permite que, em vez de o
autor se valer do “todos os direitos reservados”, como prevê a lei
de direitos autorais, possa o autor se valer de “alguns direitos
reservados”, autorizando-se, assim, toda a sociedade a usar sua
obra dentro dos termos das licenças públicas por ele adotadas. 2

1L E M O S , Ronaldo. O que é o creative commons? Disponível em:


<http://www.repositorio.fjp.mg.gov.br/static/Termo_Autorizacao_RI -FJP.pdf>
2 BRANCO, Sérgio. O que é creative Commons?. Editora FGV: Rio de janeiro,
2013.

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CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

TIPOS DE LICENÇA
L ICENÇAS CREATIVE COMMONS SÃO AUTORIZAÇÕES DE USO
PADRONIZADAS PARA O AUTOR GERIR SEUS DIREITOS DE
AUTORIA E CONEXOS.

OS CRÉDITOS AO AUTOR ORIGINAL SEMPRE SERÃO DEVIDOS, INDENDEPENDENTE DO MODELO


DE LICENÇA ESCOLHIDO. É O CHAMADO “DIREITO DE PATERNIDADE”, DIREITO MORAL DO
AUTOR. TODOS OS DIREITOS MORAIS SÃO IRRENUNCÍAVEIS E INALIENÁVEIS, ALÉM DE
INTRANSFERÍVEIS E IMPRESCRITÍVEIS.

Neste tipo, o autor permite que outros copiem,


distribuam, adaptem e criem a partir do que está
disposto em sua obra. A utilização da obra para
ATRIBUIÇÃO (CC BY) fins comerciais também é permitida nesse modelo.
Essa é a licença mais ampla.

O criador permite os mais diversos usos da sua


obra, como a cópia, distribuição, compartilhamento
e criação de obras derivativas. Difere da licença
de atribuição pois esses usos apenas serão
USO NÃO COMERCIAL permitidos se não houver fins comerciais,
estritamente vedados nesse modelo.

Nessa licença, todos os usos também são


permitidos, mas se você adaptar o material, tem
que distribuir as suas contribuições sob a mesma
COMPARTILHAMENTO
licença que o original.
PELA MESMA LICENÇA

É permitido copiar, distribuir e compartilhar a


obra. É vedada, entretanto, a adaptação. Os usos
só podem ser feitos a partir da cópia integral da
sua obra.
SEM DERIVAÇÕES

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CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

MODELOS DE LICENÇAS
EM ORDEM DE MAIOR PARA MENOR RESTRIÇÃO

IMPORTANTE! Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material. Consoante US Copyright


Act of 1976, Section 101: "Uma 'obra derivada' é aquela derivada de uma ou mais obras
preexistentes, tal como uma tradução, arranjo musical, dramatização, romantização, versão
cinematográfica, gravação de som, reprodução de obra artística, adaptação, condensação ou qualquer
outra forma na qual a obra possa ser refeita, transformada ou adaptada. Uma obra que consista de
revisões editoriais, anotações, elaborações, ou outras modificações, que, como um todo, represente uma
obra de autoria original, é uma 'obra derivada'".

Atribuição - Uso Não Comercial - Não a Obras Derivativas (BY-NC-ND)

É o tipo mais restrito de licença, já que nela se


permite a distribuição, mas é vedado o uso
comercial e criação de obras derivativas.

Atribuição - Uso Não Comercial – Compartilhamento Pela Mesma Licença (BY-NC-SA)


Nesta, é permitido que as pessoas compartilhem,
façam obras derivativas, adaptem, traduzam a
obra sem fins comerciais, atribuindo os créditos
pelo uso da obra. Todas as novas obras criadas a
LICENÇA partir dela precisam ser compartilhadas pela
DA ÁGORA!
mesma licença que foi escolhida pelo autor . Não
poderá ser usada para fins comerciais.

Atribuição - Uso Não Comercial (BY-NC)

Neste tipo, o autor permite que outros copiem,


distribuam, adaptem e criem a partir do que está
disposto em sua obra. A utilização da obra para
fins comerciais também permitido nesse modelo. A
única exigência é a de que sempre seja atribuído
os devidos créditos ao criador daquela obra que
está sendo utilizada. Cabe mencionar que nesta, as
novas obras não precisam ser compartilhadas pelos
mesmos termos.

Página 4
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Atribuição - Sem Derivações (BY-ND)

É permitido os mais diversos usos da obra, sendo


necessário que se dê ao autor da obra os
devidos créditos e ela, ressalvado o fato de que
o contido nesta obra não poderá sofrer nenhuma
modificação, devendo seus usos serem feitos
sempre a partir da obra integral.

Atribuição – Compartilhamento Pela Mesma Licença (BY-SA)

Esse tipo de licença permite que se use, adapte,


crie, traduza obra, e use para fins comerciais,
sempre dando os créditos ao criador da obra e
que, nos casos de obra derivativa e que a nova
obra seja compartilhada nos mesmos termos
daquela que foi compartilhada. A nova obra,
portanto, poderá ser utilizada para fins
comerciais.

Atribuição (BY)

Nela, se permite vários usos, a partir do seu


compartilhamento, como adaptações, traduções,
criações, sendo permitido, até, o uso para fins
comerciais. Sendo preciso que ao utilizar a obra
em questão, atribuindo os créditos ao seu
criador.

Página 5
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Caso o autor tenha licenciado a


obra em CC e anos mais tarde
deseje alterar o modelo de
licenciamento, como a revista
deve proceder?
O uso das licenças em CC é destinado a qualquer pessoa que
detenha os direitos autorais de uma material. Portanto, os potenciais
licenciantes devem possuir todos os direitos necessários antes de
aplicar uma licença CC a uma obra. Sendo assim, é necessário deixar
bem claro que o autor, ao encaminhar qualquer material a ser
veiculado na plataforma Ágora, autoriza a mesma a utilizar esse
material em CC. Recomenda-se que haja autorização expressa do autor
para que a obra seja disponibilizada em creative commons. Desta
forma, evita-se alegações futuras de que a obra foi circulada em
moldes não autorizados.

Antes de qualquer decisão sobre como proceder com o


licenciamento, deve-se ter em mente que a licença Creative Commons
permite que qualquer pessoa utilize o material que foi licenciado
enquanto durar a vigência dos direitos autorais e direitos semelhantes
aplicáveis. Deste modo, deve-se ter ciência que as licenças CC não são
passíveis revogação retroativa. Ou seja, a pessoa é livre para retirar
de circulação o material que foi disponibilizado, contudo, isso não
afeta os direitos associados a qualquer cópia da sua obra já em
circulação.

Página 6
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Necessidade de Termo de
Autorização
A Lei de Direitos Autorais em seu artigo 7º. inciso I, positiva que
os textos de obras literárias, artísticas e científicas serão protegidos
pelos direitos autorais. A proteção a esses direitos independe de
registro (artigo 18º, Lei de Direitos Autorais), dessa forma, a proteção
nasce com a obra.
Irradiam dos direitos autorais dois feixes de direito: o direito
moral e o patrimonial. Os direitos morais são irrenunciáveis e
inalienáveis (artigo 27, LDA), diferentemente dos direitos patrimoniais
relacionados à obra. Cabe ao autor regular o exercício do poder
econômico sobre a obra de sua autoria (artigo 28, LDA). Dessa forma
depende de autorização prévia e expressa a utilização de seu
trabalho intelectual (artigo 29, LDA).
Aqui chamamos a atenção, principalmente, ao uso relacionado à
reprodução da obra (artigo 29, I LDA), atividade realizada pela
Revista Ágora. Ao se realizar a publicação de uma obra em plataforma
virtual ou material está se reproduzindo, em sua integralidade, obra
intelectual protegida pelos direitos autorais. Portanto, se faz
necessária uma autorização prévia e expressa para a publicação e
circulação da obra, uma vez que tal utilização implica em uso
patrimonial.
Concluímos pela necessidade de assinatura de termo de
autorização de uso da obra de colaboradores da Revista que serão
publicadas nas plataformas utilizadas pela revista. Se aconselha
ainda, que tal obra seja licenciada no modelo de Creative Commons
com licença igual ou mais permissiva que a já utilizada pela revista.
Caso o criador da obra não deseje o licenciamento em Creative
Commons ou utilize licença em Creative Commons distinta , deve
especificar de maneira clara e explícita, de modo que o leitor possa
visualizar qual é licença da obra.
A sugestão de termo de autorização se encontra em Anexo (Anexo
1: Termo de Autorização para licenciamento em CC BY-NC-AS; Anexo
2: Termo de Autorização para licenciamento em outro modelo CC que o
autor preferir).

Página 7
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Parcerias com outras plataformas


de informação
Com o projeto de expansão da revista ágora e a possibilidade de
parcerias com grandes veículos de comunicação se faz necessário
verificar situações que possam gerar possíveis dúvidas com relação às
licenças utilizadas pelas revistas.
Primeiro se faz necessário avaliar a possibilidade de colaboração
d e t e x t o s . O J o t a , p o r e x e m p l o , e m s e u T e r m o d e S e r v i ç o 3, e s c l a r e c e
que todo o material publicado está sobre a proteção da Lei de Direitos
Autorais. Dessa forma, o uso das obras é limitado.
Nesse caso, se a Revista Ágora publicar algo no Jota, deve estar
sinalizado, que aquela obra especificamente está licenciada em
Creative Commons e qual é a licença utilizada. E caso o Jota ou outro
colaborador, por exemplo, publicar na Revista Ágora e não desejar
que sua obra esteja licenciada da mesma forma que a revista, desde
que devidamente sinalizado, tal publicação é possível. Portanto, a
publicação em veículos com outro tipo de proteção aos direitos
autorais não é impeditiva.
Passamos a analisar a possibilidade de recebimento de
investimento dessas plataformas de informação.
Atualmente a Revista Ágora utiliza a licença NonComercial (NC)
de Creative Commons que postula a impossibilidade do uso das obras
ali veiculadas para obter vantagem econômica ou compensação
monetária.
Com a possibilidade de receber recursos através de parcerias, a
revista estaria obtendo lucro de forma indireta pela veiculação de
obras intelectuais.
A licença NC não define quem não irá utilizar a obra, assim
mesmo se tratando de uma entidade sem fins lucrativos, com finalidade
institucional relacionada à educação e informação (Revista Ágora) o
recebimento de investimento poderia ser confundido com um uso
comercial das obras ali veiculadas e que possuem licenças NC.

3 http://jota.info/termos-de-uso Tópico 8. Visto por último em 30/11/2016.

Página 8
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Entretanto, a obtenção de recursos da Revista não tem como


objetivo o lucro direto. Para a manutenção da revista, divulgação e
publicação se incorre em custos, e esses gastos não podem ser arcados
pelos alunos sendo necessário o investimento na revista. E tal
investimento não se caracteriza como uso comercial da obra, uma vez
que o ato e as intenções da revista não visam vantagem econômica.
Portanto, uma análise breve da situação nos permite afirmar que
os investimentos recebidos não se configuram como uso comercial d as
obras. Isso porque, o uso de um trabalho com licença em NC não
significaria necessariamente a violação ao termo. De acordo com as
situações e as intenções do usuário é possível verificar o uso não
c o m e r c i a l d a o b r a 4.
Estamos diante de uma situação de insegurança jurídica, isso
porque, apesar de ser possível a interpretação de que os investimentos
não caracterizam o uso comercial das obras publicadas, também pode
se entender que a situação configura o uso comercial, que é proibido
pela licença utilizada.
Entretanto, como mencionado no site Creative Commons a
experiência do CC comprova que é relativamente fácil determinar se
um uso é permitido ou não, como no caso aqui analisado, o que mitiga
essa insegurança jurídica.
Uma vez que o lucro não é direto e a revista tem finalidade
educacional fica descaracterizado o uso comercial sendo possível os
investimentos de parceiros na Revista.

4 https://creativecommons.org/faq/#does-my-use-violate-the-noncommercial-
clause-of-the-licenses visto por último em 30/11/2016.

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CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

De que forma posso encontrar


obras que podem ser utilizadas
nos conteúdos produzidos pela
Ágora?
Muitas vezes precisamos utilizar materiais que não são de nossa
autoria durante o processo de criação de uma obra, seja uma imagem
ou uma música para colocar como trilha sonora de um vídeo, por
exemplo. Porém, diante das amplas restrições geradas pelos dir eitos
autorais, é necessário ter cautela na utilização desses conteúdos.
Desta forma, recomendamos a utilização de obras que sejam
licenciadas em Creative Commons ou estejam em Domínio Público. O
foco desta cartilha é o Creative Commons, assim, não tratar emos das
especificidades do Domínio Público, mas gostaríamos de ressaltar a
possibilidade de sua utilização.
Os conteúdos que estão licenciados em Creative Commons estão
espalhados pelo meio digital e físico, a Creative Commons não coleta e
nem rastreia os materiais licenciados sob suas licenças, assim, quem
deseja utilizar esses materiais deve procurá-los e identificá-los a
partir dos símbolos atribuídos as obras que estão licenciadas dessa
maneira.
Porém, existem formas facilitadas de busca, dentre elas podemos
citar a própria busca que o site do Creative Commons fornece, basta
que se digite o termo que você deseja procurar e selecione a
plataforma na qual a busca deve ser feita, estão disponíveis
plataformas como: Google, Flickr, YouTube e SoundCloud. Ex istem
outras plataformas de busca que também são interessantes, dentre elas
podemos citar o PHOTOPIN e o Stockphotos.io.
Mesmo estas plataformas afirmando que o conteúdo
disponibilizado por elas está em Creative Commons é sempre válido se
prevenir e verificar se a obra que você irá utilizar realmente está
licenciada dessa forma, assim, se evitará problemas futuros.

Página 10
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Como utilizá-las?
As obras que estão licenciadas em Creative Commons não
podem ser utilizadas todas da mesma forma, pois cada autor
seleciona os componentes que deseja que a sua licença contenha.
Desta forma, é de grande importância que antes da utilização de
um conteúdo em Creative Commons se observe quais componentes
foram a ele atribuídos no licenciamento, pois apenas depois dessa
análise o usuário do conteúdo licenciado em Creative Commons
saberá se aquela obra pode ser utilizada para os fins que ele
almeja. A título exemplificativo, imagine que o conteúdo que se
deseja utilizar esteja licenciado com o componente
“Compartilhamento pela mesma licença”, quem desejar utilizar este
conteúdo na sua obra deverá atribuir a mesma licença que ele
possui, assim, antes de utilizá-lo deve ser feita a análise se você
deseja colocar a sua obra sobre esta licença.
C a b e r e s s a l t a r, n o v a m e n t e, q u e s e m p r e q u e u m a o b r a a l h e i a
for utilizada há a necessidade de atribuição do direito de
paternidade do a u t o r, regra que se mantém mesmo o conteúdo
estando em Creative Commons.

Página 11
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

Página 12
CARTILHA ÁGORA: DISTRIBUIÇÃO E LICENCIAMENTO

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MARCA REGISTRADA: DÚVIDAS
FREQUENTES (PARA KILOMBU)

ALESSANDRA SZPUNAR

BRUNA BRASIL

GABRIEL CERVINO,

JASON GAUTHIER

PEDRO CAMPOS

EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)


Marca registrada: dúvidas frequentes

Marca registrada: dúvidas


frequentes
PA R A K I L O M B U

O que é uma Marca?

Uma Marca é um sinal que serve para distinguir produtos e


serviços. É uma forma de garantir que o consumidor não se
confunda sobre a origem de um determinado serviço ou produto e
receba a qualidade esperada. Além de proteger o consumidor, é
uma forma de garantir que ninguém use sua marca sem a sua
permissão.

Quais são os tipos de Marca?


São muitos os tipos de registro de Marca. Existem 2
classificações principais: (1) quanto à Natureza e (2) quanto à
Apresentação.

Em relação à Natureza, os tipos mais comuns são as de


produto e as de serviço. Enquanto a marca de produto serve para
distinguir um produto, a marca de serviço serve para distinguir um
serviço. A classificação de produto e serviço é encontrada nas
listas divulgadas pelo INPI através do Portal
http://www.inpi.gov.br/menuservicos/marcas/classificacao.

Em relação à Apresentação, os mais comuns são as marcas


nominais (que protegem o nome), as marcas figurativas (que
protegem um símbolo) e as marcas mistas (que protegem a
combinação do nome com o símbolo ou apenas o nome escrito de
forma estilizada ou fantasiosa).

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Marca registrada: dúvidas frequentes

Por exemplo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) tem o registro


da marca nominativa: FGV. Esse registro protege o nome FGV. Ao
mesmo tempo, a FGV tem o registro da marca mista da figura 1 e
da marca figurativa da figura 2.

É preciso ter uma Empresa para registrar uma Marca?


Não. Para registrar uma Marca só é necessário que se
comprove que a atividade para a qual você registrará a marca é
exercida por licitamente. Por exemplo, se você pretende registrar
uma marca relativa à prestação de serviços de limpeza, você deve
provar que presta o serviço de limpeza.

No caso de Pessoas Jurídicas, a comprovação é fácil de ser


feita com o objeto social da empresa, mas as Pessoas Físicas
também podem comprovar, por exemplo, através de diplomas,
registros de profissional autônomo junto à prefeitura, material de
divulgação etc.

Quanto custa para registrar uma marca?


O custo para registrar uma marca depende do tipo de marca a
ser registrado, de quem está registrando (se é Pessoa Física ou
Jurídica) e do modo como o registro será feito. Os registros feitos
através da internet, pelo sistema e-Marcas são mais baratos do
que os feitos em papel. A não ser em casos específicos, como o
pedido de registro de marca de alto renome, o custo do registro,
provavelmente, não será superior a algo em torno de R$1.000,00.

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Marca registrada: dúvidas frequentes

Por quanto tempo dura a proteção? O registro protege


a marca no mundo todo?
O registro protege a marca por um período de 10 anos, mas
pode ser renovado eternamente, sempre de 10 em 10 anos (o
pedido de renovação deve ser feito durante o nono ano de
vigência do registro).

A marca não está protegida mundialmente. O registro no INPI


garante o uso exclusivo apenas em território nacional, mas garante
a preferência no registro em países signatários da Convenção da
União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (CUP).

Posso registrar qualquer nome ou símbolo como marca?


Não. São muitas as limitações quanto ao que pode ser
registrado. Por exemplo, não se pode registrar cores e suas
denominações. Todas as exceções são encontradas no Art. 124 da
Lei de Propriedade Intelectual.

Tenho uma Pequena Empresa, logo ninguém vai querer


se aproveitar da minha marca. Mesmo assim, vale a
pena registrar uma marca?
Sim. O registro de marcas serve como uma forma de garantir
que não usem sua marca indevidamente, mas também serve para
evitar que, caso registrem uma marca igual a sua antes de você,
alguém te impeça de usar a marca que você vinha usando.

Mas se alguém impedir que eu use a minha marca, não


é só eu mudar de marca?
Não. Aquele que tem a marca registrada, além de poder
exigir que você pare de usar imediatamente, pode pedir
indenização pelo tempo que você usou a marca registrada por ele.
Além disso, a própria mudança imediata da sua marca pode gerar
custos altos, como mudanças de banners e placas, por exemplo.

Página 3
Marca registrada: dúvidas frequentes

Mas a minha Empresa tem o mesmo nome ou símbolo há


anos. Ainda assim eu não tenho a proteção sobre o
nome?
Como regra geral, a proteção da marca começa com o
registro, então mesmo usando a mesma marca há anos, ela não está
protegida. Contudo, caso você tente registrar sua marca e
perceber que ela foi registrada antes, mas você exerce essa
atividade utilizando essa marca há mais tempo, você poderá
adquirir o direito. Dependerá de detalhes de cada caso, mas de
qualquer forma, será necessário o pedido de registro.

Já tenho um registro na Junta Comercial. Minha marca


já está protegida?
A proteção da Junta Comercial é apenas estadual, enquanto o
registro no INPI (órgão responsável pelo registro de marcas)
garante proteção nacional. Além disso, o registro de uma marca no
INPI pode cancelar seu registro na Junta Comercial.

Existem outras pessoas usando marcas parecidas ou


iguais a minha, então não posso registrar mais?
Depende. As marcas são registradas por classes. Não há
problema em registrar uma marca igual ou parecida a uma já
existente, desde que as atividades exercidas pelas pessoas sejam
diferentes. Por exemplo, existe uma marca Continental que produz
pneus e existe uma marca Continental que produz eletrodomésticos.
São marcas de propriedade de donos diferentes, mas como não
atuam no mesmo mercado, não há problema, já que isso não poderá
causar confusão no consumidor.

Então posso copiar uma marca famosa para usar em


uma classe de produto ou serviço que a marca famosa
não tem registro?

Não. As marcas consideradas de alto renome (aquelas


registradas no Brasil e que são conhecidas no mercado, alcançando

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Marca registrada: dúvidas frequentes

um registro especial de Marca de Alto Renome), tem proteção


relativas a todas as atividades. Por exemplo, não se pode
registrar uma marca para exercer a atividade de Pet Shop com o
nome de Coca-Cola.

Se a marca enaltece a própria qualidade ou somente


se descreve, por exemplo “Pizza Delivery”, vale a
pena registrá-la?
Depende, toda marca nominativa evocativa (que enaltece suas
qualidades) ou descritiva (que descreve o produto ou serviço) é
considerada uma marca fraca.

Qualquer outra pessoa também poderá usar a mesma auto


exaltação, já que não há suficientes características distintivas.

É uma marca tão diretamente ligada ao produto que não pode


ser exclusiva a nenhuma pessoa. Mesmo assim, pode valer a pena o
registro no caso de haver uma Marca Mista. É o caso, por exemplo,
da lanchonete Rei do Mate e da confeitaria “O melhor bolo de
chocolate do mundo”, que utilizam a marca nominativa estilizada
ou conjunta a um logotipo, como visto nas imagens a seguir. Neste
caso, a estilização ou o logotipo passam a criar a característica
distintiva.

Página 5
Marca registrada: dúvidas frequentes

Como registrar uma marca? Preciso de um advogado?


O registro de marca é fácil de ser feito e pode ser requerido
sem auxílio de um profissional. Basta acessar o Portal do INPI, no
endereço online http://www.inpi.gov.br/menuservicos/marcas/guia -
basico-de-marca.

Neste site, pode ser encontrado um tutorial e um guia para


ajudar no processo. No entanto, um especialista no assunto pode
ser desejável para garantir o registro correto da marca, pois caso
seja feito de modo errado, o pedido poderá ser negado ou a
marca pode não estar protegida para todos os fins que se deseja.

De que documentos preciso para registrar a marca?


Os detalhes sobre os documentos poderão ser encontrados no
Portal do INPI e podem variar de acordo com o caso, mas, como
regra geral, os documentos necessários são, pelo enos, os
seguintes:

a) Empresa LTDA: Contrato Social e CNPJ

b) Firma Empresário: Declaração de Firma Empresário e CNPJ

c) Pessoas Físicas: RG, e C.P.F. e documentos comprobatórios


de prática da atividade a que se pede proteção (Inscrição no ISS,
se tiver).

Página 6
GUIA DA PROTEÇÃO JURÍDICA DOS
SOFTWARES NO BRASIL
(PARA KILOMBU)

GIULIA RIGOLON

HELENA TEICH

ISABELLA PONTUAL

LETICIA CARNEIRO

RENATA BITTENCOURT

EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)


Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Definição do que é Software no


Brasil
O que é software?
A definição de software, para o direito brasileiro, é
encontrada na Lei 9.609/98, Lei de Proteção aos Softwares. A
definição legal está no artigo 1º do referido dispositivo legal:
“Programa de computador é a expressão de um conjunto
organizado de instruções em linguagem natural ou codificada,
contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego
necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação,
dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados
em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e
para fins determinados”.

O software é subdividido em duas espécies: (i) software


estrutura: definido como sistemas operacionais (Ex.: Windows, IOS)
e (ii) aplicativo: definido como tudo aquilo que roda nos softwares
estrutura (Ex.: App Facebook, Spotify). Importante também
mencionar a definição de hardware como a estrutura física na qual
os softwares são instalados.

Página 1
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Qual o tipo de proteção aplicada ao software?

Como já mencionado, é aplicada ao software a Lei 9.609/98,


específica dos programas de computador, que lhe confere proteção
autoral automática. Isso significa que, a princípio, não é
necessário registro para que o aplicativo tenha os seus direitos
autorais assegurados. Uma vez criado, o software está
imediatamente submetido e protegido pelo regime da lei citada.
Além disso, os programas de computador também são regidos
pela Lei de Direitos Autorais (art. 7º, inciso XII da Lei 9.610), que
diz respeito à proteção autoral de obras artísticas, científicas e
literárias. Essa norma se aplica aos casos de software em tudo
aquilo em que não contrariar a Lei 9.609/98.

O que é protegido?
A proteção autoral do software abrange tanto a estrutura
como o aplicativo. No caso deste, essa proteção se subdivide em
código fonte e design. O primeiro é o elemento que constitui o
programa em si, enquanto o segundo diz respeito à aparência que
um aplicativo específico possui.
Ressalte-se que o design não se confunde com o logotipo do
aplicativo. Este recebe tratamento jurídico distinto na forma de
proteção marcária pela Lei 9.279/96. O design não se relaciona
com o desenho que o software incorpora em sua aparência, mas
com a forma de organização com que ele se apresenta diante do
usuário.
Além disso, é importante deixar claro que um software
somente terá proteção quando estiver expresso a ponto de poder
ser individualizado pelo conhecimento informático . Isso se dá pelo
fato de que o direito autoral, conforme disposto no art. 8º, inciso I
da Lei 9.610, não protege ideias. Elas devem ser exteriorizadas na
forma do programa de computador, pois o que se protege é a
maneira pela qual ele opera, controla e regula o meio tecnológico
em que está inserido.

Página 2
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

No que se refere ao prazo de proteção, tem-se que os


direitos patrimoniais prescrevem em 50 anos, contados a partir do
primeiro dia do ano seguinte à criação do programa de
computador, nos termos do art. 2º, §2º da Lei 9.609. A partir
desse momento, o software entra em domínio público e pode ser
utilizado/explorado por qualquer pessoa.

Página 3
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Questões referentes ao Registro


Por que registrar?
Como abordado acima, o registro não é obrigatório por lei
para constituir a proteção autoral de um determinado software,
sendo ele meramente declaratório. No entanto, de acordo com a
legislação pertinente, exige-se a comprovação da autoria para o
exercício do direito de exclusividade. Com exceção do software,
em todas as obras protegidas pelo Direito Autoral é possível
produzir diferentes provas da autoria, já que todas são
materializáveis. Em relação ao software, por causa da sua
natureza volátil, o registro seria uma forma mais concreta de
comprovação de autoria, caso ela fosse questionada em juízo.

Ademais, outra importância atrelada ao registro é que por


meio dele o nome comercial dos softwares, sendo ele “original e
inconfundível com o de obra, do mesmo gênero, divulgada
anteriormente por outro autor”, nos termos do art. 10 da Lei
9.610/98, também é protegido, além do próprio programa, uma
vez que é através do próprio título que o nome comercial é
protegido. Mais uma vez, vale ressaltar que essa proteção não se
confunde com a proteção marcária, na medida em que só s e aplica
ao nome comercial do programa e não ao logotipo.

Onde se registra?
Diferentemente das obras reguladas unicamente pela Lei de
Direitos Autorais (LDA), o registro dos programas de computador
deve ser feito através de cadastro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), conforme previsão na Lei de
Software. Esta é aplicada no lugar da LDA, na medida em que é
mais específica em relação ao objeto em questão (software).

Página 4
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Como é feito o registro dos softwares no Brasil?

As etapas do processo de registro dos softwares estão


previstas no Manual do Usuário - Programa de Computador do INPI.
Para o pedido do registro, faz-se necessária a apresentação de
informações de duas naturezas: formal e técnica. Em resumo, deve -
se apresentar documentos:

a) Dos autores do programa de computador;


b) Dos detentores dos seus direitos patrimoniais de autor;
c) Dos códigos e especificidades do programa de computador;
d) Do contrato de cessão ou/e licença (se existente)
e) Outros documentos exigidos no manual mencionado.

Além disso, o procedimento inclui o preenchimento de


cadastros e formulários, que serão analisados pelo INPI para
elaboração do devido registro. É garantido o sigilo absoluto das
partes (códigos) do software entregue ao INPI.

Vale ressaltar que não são necessários intermediários, como


advogados, por exemplo, para a realização desses atos, podendo
ser executados pelo próprio autor ou detentor dos direitos
patrimoniais.

Página 5
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Questões relativas à titularidade


dos direitos de autor
Quem é o autor do software e o que isso significa?
De acordo com o art. 11 da Lei de Direitos Autorais, autor é a
pessoa física criadora da obra literária, artística ou científica. No
âmbito dos softwares, autor é quem produz o código fonte, quem
desenvolve o programa. É esse desenvolvedor que, em regra, detém
os direitos patrimoniais de autor, com exceção da hipótese em que
há um contrato de prestação de serviços para elaboração do
programa. Neste caso, o titular de tais direitos seria aquele que
contratou os serviços.

Na prática, ser titular dos direitos patrimoniais de autor


significa poder explorar a obra economicamente. É um direito de
propriedade que implica na prerrogativa exclusiva de utilizar,
fruir e dispor da obra. É importante deixar claro, quanto a este
ponto, que a proteção autoral, além de englobar os mencionados
direitos patrimoniais, também inclui os direitos morais. Estes são
personalíssimos e imprescritíveis, não podem ser objeto de
transferência e serão sempre vinculados ao autor.

A Lei de proteção ao software estabelece que os direitos


morais previstos na Lei de Direitos Autorais não se aplicam ao
criador do programa, não lhe sendo possível, por exemplo, exigir
a exposição de seu nome como autor nos usos futuros da obra. No
caso do software, o direito moral se limita à reivindicação da
paternidade da obra e ao direito de se opor a alterações que
causem deformação, mutilação ou outra modificação que implique
em dano à reputação do criador.

É possível transferir os direitos de autor?


Como esclarecido anteriormente, no que diz respeito aos
direitos morais, não há que se falar em transferência, pois estes

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Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

são inalienáveis e irrenunciáveis por serem direitos


personalíssimos. Esta categoria de direito nunca se esgota, mesmo
quando a obra já está em domínio público, e estará sempre
intrinsecamente vinculada a personalidade do indivíduo que a
criou.

Contudo, quanto aos direitos patrimoniais do autor de um


software, a exploração econômica por um terceiro pode se dar de
duas principais formas: cessão e licença.

A cessão implica na transferência definitiva de titularidade


desses direitos patrimoniais da obra, ou seja, dos direitos de
utilizar, fruir e dispor da mesma, exclusivamente para o
cessionário (adquirente da cessão). Ainda que necessari amente
exclusiva, a cessão também pode ser gratuita ou onerosa, total ou
parcial. Em geral, contudo, presume-se que as cessões de direitos
autorais são onerosas, segundo o artigo 50 da Lei de Direitos
Autorais que, ainda, prevê que aquelas devem ser realiz adas por
meio de contrato escrito.

Já a licença é a transferência temporária dos direitos


patrimoniais da obra, podendo ser também parcial ou total,
onerosa ou gratuita, e geralmente funciona como autorização para
utilização ou para exploração econômica.

Para que se esclareça melhor a distinção entre ambas, cabe


fazer uma comparação entre cessão e um contrato de compra e
venda e a licença e um contrato de aluguel, exemplos em que tanto
a cessão como a licença são onerosas e totais, porém uma implica
na transferência de titularidade dos direitos patrimoniais do bem e
a outra apenas no uso e exploração deste, por tempo definido.

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Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

No caso dos softwares, a Lei 9.609/98 nada menciona em seu


texto acerca dos atributos da cessão e licença. Contudo, apesar de
não serem explicitamente permitidos, também não são vedados,
aplicando-se, assim, a Lei de Direitos Autorais (9.610/98) no que
concerne aos referidos meios de transferência. Dessa forma, é
possível que o autor transfira, por meio de cessão, a titularidade
de seus direitos patrimoniais da obra para um terceiro por meio de
um contrato escrito e presumidamente oneroso ou, por meio de
licença, o direito de explorar economicamente o software durante
um tempo limitado.

Uma Pessoa Jurídica pode ser titular dos direit os


patrimoniais relativos a um aplicativo?
Conforme exposto no tópico 4, as pessoas jurídicas não podem
ser autoras. As obras literárias, artísticas e científicas são
criações do espírito, e só quem pode criar é a pessoa natural.
Contudo, a pessoa jurídica pode ser titular dos direitos
patrimoniais de autor, no caso de transferência, conforme já foi
abordada no tópico anterior. Nessa hipótese, nos termos do art.
11, parágrafo único da Lei 9.610/98, aplicam-se todas as
proteções ao exercício do direito exclusivo de exploração
econômica que existiriam para a pessoa física.

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Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

Consultoria
Tendo-se em vista as perguntas específicas que foram feitas
pelo cliente responsável pelo aplicativo Kilombu, a análise que
segue visa, primeiramente, esclarecer tais q uestionamentos
intrínsecos e, em seguida, indicar propostas de solução.

Criação de outro aplicativo


O cliente demonstrou interesse em criar, com novos sócios, um
aplicativo com outro nome, exatamente igual ao existente, de
forma que fosse garantida proteção autoral distinta da aplicada
ao aplicativo Kilombu.

Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que não seria possível


criar um outro aplicativo igual ao já existente. Tal prática seria
vedada pela Lei de Direitos Autorais que, conforme já explicado
no guia geral, protege os direitos do autor de uma obra original
no momento em que ela é criada. Sendo assim, a criação de um
aplicativo igual ao já existente poderia ser caracterizada como
plágio, configurando uma violação aos direitos do autor do
aplicativo Kilombu, podendo acarretar em responsabilização tanto
na esfera cível quanto penal.

Possibilidade de o cliente ser considerado autor do


Kilombu
Outro questionamento levantado pelo cliente foi a existência
de alguma hipótese legal de ele ser considerado um dos autores do
aplicativo, uma vez que o popularizou, de forma que ele
representa a própria personificação do Kilombu.

Conforme já explicado na cartilha, o que o Direito Autoral


protege é a exteriorização do programa, e não a ideia. Assim,
mesmo que o cliente tenha idealizado todo o aplicativo e seja
responsável pelo que ele é hoje - em termos de reputação no
mercado -, não foi ele quem produziu o software (código fonte ou

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Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

código objeto) ou o seu design, que seriam tutelados pelas leis de


Direitos Autorais e de Proteção ao Software. Sendo assim, há,
inicialmente, uma situação de extrema insegurança jurídica, pois os
dispositivos legais não o abrangem como autor da obra. A
implicação prática disso é que ele nunca poderá ser titular de
direitos morais de autor, apenas patrimoniais, hipótese na qual é
imprescindível a transferência de sua titularidade.

Registro do Kilombu em país estrangeiro


Outra dúvida que surgiu foi sobre a possibilidade de
registrar o aplicativo nos Estados Unidos e se isso poderia garantir
algum direito distinto dos assegurados no Brasil.

Nos Estados Unidos, a princípio, a regulamentação do


software se dá através dos Direitos Autorais, assim como ocorre no
Brasil. Nesta esteira, a Comission on New Technological Uses of
Copyright Works (CONTU) já afirmou que o direito de autor é um
modo mais conveniente de proteção do que a patente. Além disso,
a jurisprudência americana tem afirmado essa tese e o Computer
Software Act de 1980 declarou a proteção do software dentro do
direito de autor. Dessa forma, a postura dos EUA é proteger, assim
como no Brasil, o software como um direito de autor, e não como
uma patente.

Isso significa que, assim como no Brasil, o cliente não


conseguirá obter algum direito de autor nos Estados Unidos pois
ele não foi o responsável pelo desenvolvimento nem do código e
nem do design do aplicativo.

Contudo, a partir da desejada transferência da titularidade


dos direitos patrimoniais, pode-se afirmar que a proteção
garantida no Brasil será aplicada também nos Estados Unidos. Isso
porque, como já enfatizado, a abrangência da pr oteção garantida
pelo registro de programa de computador é internacional,
diferentemente do que ocorre com as marcas e patentes. Dessa
forma, não há necessidade de registrar esse programa nos EUA, já

Página 10
Guia da Proteção Jurídica dos Softwares no Brasil

que uma vez que registrado no Brasil, ele terá proteção


internacional.

Sugestão de Solução

Dessa forma, a melhor solução que encontramos para que o


nosso cliente consiga algum direito sobre o aplicativo que ele
mesmo idealizou é a realização de um contrato de cessão total dos
direitos patrimoniais que os criadores do software do Aplicativo
Kilombu possuem. Essa cessão garantirá que o nosso cliente detenha
a titularidade do aplicativo, podendo explorá -lo economicamente
em todos os seus aspectos e com garantia de oponibilidade erga
omnes.

Além disso, tendo-se em vista que a cessão se presume


onerosa, o ideal seria que o contrato envolvesse alguma
contrapartida financeira pela transferência dos direitos
patrimoniais.

Por fim, recomendamos também que, após a assinatura do


contrato de cessão pelas partes envolvidas, seja realizado o
registro do aplicativo no INPI. Embora esse cadastro não seja
obrigatório para assegurar os direitos patrimoniais ao cliente após
a cessão, o mesmo compõe um documento que comprova que a
transferência foi feita e que pode ser utilizado em caso de
contestação dos seus direitos em juízo. É, conforme explicitado no
guia, um instrumento eficaz de comprovação de autoria ou, no caso
específico, titularidade, sendo capaz de assegurar ao cliente maior
segurança jurídica.

Página 11
GUIA DE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
ABRAPAC

BEATRIZ VALIM

CLARISSA LEÃO

JULIA MAGALHÃES

LARIANNE SAMPAIO

LUIZA MONTEBRUNE

EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)


A ABRAPAC presta assistência a pacientes com câncer através de ajuda psicológica e
fornecimento de materiais como: perucas, sutiãs e afins. No intuito de divulgar suas
atividades vem realizando produções audiovisuais. No entanto, é necessário que sejam
tomadas algumas preocupações e observadas algumas regras de direitos intelectuais e de
imagem para que não ocorram responsabilizações posteriores pelo uso indevido do
material coletado. A função desse guia é tornar esse processo mais prático e seguro para a
associação. Para torná-lo mais didático, ele será dividido em três momentos de acordo
com as principais preocupações que podem surgir: antes da filmagem, durante a edição e
no momento da divulgação.

1. Antes da filmagem
Nesse momento, as principais preocupações são:

Garantir a cessão patrimonial do direito dos autores do produto final (cinegrafista


e roteirista, por exemplo), evitando que a ABRAPAC incorra em algum tipo de custo
por sua utilização
Garantir que a ABRAPAC possa fazer o uso gratuito e irrestrito da imagem de
quem aparece no vídeo (ou foto)

A. DOS DIREITOS AUTORAIS


Quem realizar as filmagens com você terá dois tipos de direitos incidentes sobre a
obra produzida:

Os direitos morais de autor


Os direitos patrimoniais de autor

O direito moral de autor pede que, ao veicular a obra, você sempre atribua a
produção a quem tiver participado de sua elaboração (art. 24 da Lei de Direito Autoral -
LDA). Já o direito patrimonial de autor garante que o autor usufrua das vantagens
econômicas auferidas em virtude da obra (art. 28 da LDA).
Os direitos morais de autor são inalienáveis, intransferíveis e perpétuos. É por
conta dele que nasce, por exemplo, a necessidade de creditar o nome do autor sempre que
sua obra for reproduzida, mesmo que ele já tenha lhe cedido seus direitos patrimoniais.
Caso seja violado, é passível de indenização por danos morais.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 3


Já o direito patrimonial de autor está intimamente ligado ao valor econômico da
obra. Em princípio, ele pertence ao autor da obra; no entanto, ao contrário do direito
moral de autor, pode ser negociado e transferido integral ou parcialmente a terceiros – no
caso, você. Uma vez cedido o direito patrimonial, você (cessionário) terá o domínio sobre
a obra. Após a assinatura do termo de cessão, direitos patrimoniais poderão ser utilizados
por você. No entanto, destacamos que tais direitos possuem um prazo de duração,
geralmente de 70 anos contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte à data da
primeira divulgação (artigo 44 da Lei de Direitos Autorais). Após esse período de tempo, a
obra “cai em domínio público”, ou seja, não haverá mais proteção sob o aspecto
patrimonial. No entanto, mesmo após o prazo, os direitos morais de autor continuam
valendo.
Dessa forma, é importante que essa transferência de direitos seja feita de forma
correta: assim, você estará protegido juridicamente para fazer o uso de obra alheia. A
transferência será feita através de um termo de “Cessão de Direitos Patrimoniais de
Autor”, disponível em anexo.
Este termo contem a possibilidade de edição das obras cujos direitos patrimoniais
estão sendo cedidos. Isso é necessário pois, aos olhos da lei, a cada vez que o vídeo é
editado, isso por si só já configura uma nova obra. Assim, apenas a cessão do uso da obra
original não basta; é necessária também a cessão de seu uso para edição de novas obras.

FAQ:
O prazo de 70 anos para a cessão de direitos patrimoniais de autor é contado a partir
do momento em que a obra é exteriorizada, ou a partir da assinatura do termo?
O artigo 44 da lei de direitos autorais é muito claro ao definir que o prazo é contado
a partir da divulgação da obra. Ainda, quando a obra já está em domínio público,
cabe ao Estado defender sua integridade e autoria, assim como das obras de autores
falecidos sem herdeiros e das de autor desconhecido.

Existe coautor de obra audiovisual?


Sim. São considerados coautores, pela lei: o autor do assunto ou argumento literário,
musical ou lítero-musical e o diretor. Nesse caso, cabe exclusivamente ao diretor o
exercício dos direitos morais de autor da obra audiovisual, cabendo ao produtor
(organizador da obra coletiva) a titularidade dos direitos patrimoniais.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 4


B. DO DIREITO DE IMAGEM
Os vídeos que estão sendo produzidos pela ABRAPAC tem como base
depoimentos de pessoas. Essas pessoas que estão sendo filmadas tem direitos sobre o uso
da imagem delas constitucionalmente garantido (art. 5º, X da Constituição Federal). Esse
direito de imagem não pode ser confundido com o direito autoral. Enquanto o direito
autoral provém da criação de uma obra, o direito de imagem decorre da própria
personalidade humana.
Ou seja, o vídeo que esta sendo produzido terá Em Resumo:
Direitos Autorais protegem as
duas proteções distintas: o direito autoral dos criadores do criações da mente humana de
vídeo (o cinegrafista, o diretor, editores, etc.) e o direito à caráter intelectual, artístico ou
literário.
imagem da própria pessoa que está sendo filmada. Além D i re i t o s d a P e r s o n a l i d a d e
protegem as características que
da Constituição, esse direito à imagem está disciplinado identificam uma pessoa, como
a sua imagem, sua voz e o seu
no Código Civil entres os artigos 11 a 21 que dispõe sobre nome.
direitos da personalidade.
Para que a ABRAPAC possa usar a imagem da pessoa que está prestando
depoimentos ela precisa obter uma autorização dessa pessoa mesmo quando a utilização
não tem o condão de denegrir o indivíduo, pois cabe somente a cada indivíduo permitir
ou não o uso de sua imagem.
É importante ressaltar que essa autorização não impede que o detentor do direito à
imagem (a pessoa filmada) possa a qualquer momento solicitar que sua veiculação seja
suspensa (mesmo que tenha autorizado anteriormente). Isso ocorre nos casos em que a
sua imagem estiver sendo utilizada de forma diversa do que foi combinado, ou seja, fora
dos fins previstos nessa autorização ou em casos que cause dano à imagem do detentor.
Assim, o Código Civil, prevê ainda que nesse casos cabe inclusive uma indenização.
Por isso é muito importante que esse Termo de Autorização de Uso de Imagem
seja consolidado no sentido de abranger os mais variados usos e finalidades possíveis
dessas imagens. O modelo de Temo de Autorização de Uso de Imagem em anexo é bem
completo e cobre a utilização dessa imagem para qualquer fim, inclusive exploração
comercial e divulgação ao público em geral, podendo ser utilizado tanto no Brasil quanto
no exterior em qualquer tipo de veículo de comunicação por tempo indeterminável. A
autorização ainda prevê que o licenciante (a pessoa que está sendo filmada e é detentora
do direito à imagem) está concedendo essa autorização de uso da sua imagem a título
gratuito.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 5


Assim, antes de começar a gravar não esqueça de imprimir o termo de Autorização
de Uso de Imagem e pedir para todos os fotografados assiná-lo, depois é só guardá-lo em
um local seguro.

FAQ:

Uma autorização de imagem verbal (a pessoa falando para a


câmera que concorda com a cessão da imagem) resolve?
Não é o ideal. Isso porque uma autorização cedida nessa
circunstância na maioria das vezes, não esclarece qual a amplitude
do uso que pode ser feito como a imagem já que não esclarece os
fins, a territorialidade e outras especificidades importantes que o
termo já prevê de forma mais detalhada e abrangente. Assim, é mais
seguro para ABRAPAC que o termo seja assinado, evitando que no
futuro seja pleiteada uma indenização por uso diverso do
estabelecido pelo cedente da imagem.

O uso apenas da voz de alguém na produção do meu vídeo também precisa de


autorização?
Sim. A imagem e a voz são independentes e, dessa forma, recebem proteção
autônomas. Assim como o direito à imagem, o direito à voz também é um direito da
personalidade. No termo de autorização de uso de imagem em anexo também estão
incluídos a cessão do direito da voz e do nome (também um direito da personalidade) da
pessoa. Dessa forma, desde que o termo em seja assinado, o uso da voz também estará
autorizado.

Após a morte do detentor do Direito da Personalidade, pode se fazer uso da sua


imagem, voz ou nome?
Sim. O uso dessa imagem voz ou nome das pessoas falecidas pode ser feito
independente da autorização dos herdeiros. No entanto, deve-se sempre fazer um uso
responsável, respeitando a integridade da personalidade do retratado mesmo após a sua
morte.

Posso utilizar a imagem de crianças e adolescentes?


No caso de crianças e adolescentes, o direito à imagem é protegido não só pela
Constituição como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No caso de menor
de 16 anos, a autorização deve ser assinada pelos pais ou responsáveis. No caso de
adolescentes entre 16 e 18 anos, o próprio adolescente assinará a autorização juntamente e
assisto pelos pais e responsáveis. O ECA deixa claro que além da autorização, dos pais, é
necessário que a criança ou adolescente não se encontre em uma situação que represente
constrangimento e/ou humilhação social ou pessoal.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 6


2. Durante a edição
Nesse segundo momento, as principais preocupações são:
Garantir a cessão patrimonial do direito dos autores do produto final (dos editores,
por exemplo), evitando que a ABRAPAC incorra em algum tipo de custo por sua
utilização
Garantir que a utilização de elementos na edição como músicas e imagens esteja
adequada à proteção autoral existente

A. DA CESSÃO DE DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR


A primeira coisa que é importante lembrar nesse momento é que a edição do vídeo
também é uma obra que garante ao autor direitos morais e patrimoniais. Dessa forma,
também para quem está editando o vídeo é necessário que se tenha o termo de Cessão de
Direitos Patrimoniais do Autor, no qual o autor da edição vai ceder seus direitos
patrimoniais para a ABRAPAC (ou seja, essa cessão de direitos autorais deve ser feita
tanto pelo cinegrafista antes da edição quanto pelos próprios editores, já que ele são
considerados autores da obra final). É importante ressaltar que ao ceder os direitos
patrimoniais referentes à sua obra, o autor não perde os direitos morais sobre ela.
Portanto, é obrigatório colocar os créditos no final do vídeo referentes ao autor da edição.

B. PROTEÇÃO AUTORAL NA HORA DA EDIÇÃO


Ao editar seu vídeo, é possível que se queira adicionar músicas, imagens e talvez
trechos escritos à ele. Assim como os autores do vídeo, os autores das músicas, imagens e
trechos também possuem tanto direitos morais quanto patrimoniais de autor. Enquanto os
direitos morais são respeitados com a menção ao nome do autor, assim como será feito a
todos os participantes da obra, os direitos patrimoniais merecem um pouco mais de
cuidado.
Como proceder caso você queira utilizar imagens, vídeos ou músicas disponíveis
na internet sem ter problemas com os direitos patrimoniais de autor? Três possibilidades:

Ir diretamente contatar o autor ou o titular dos direitos patrimoniais da imagem,


música ou vídeo que você deseja e pedir que ele ceda seus direitos patrimoniais sobre a
obra que você quer usar para que você faça uso da mesma;

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 7


Caso se trate de um conteúdo de áudio ou vídeo, você pode se valer da exceção do art.
46, VIII da Lei de Direito Autoral, que fala no uso de “pequeno trecho”;

Buscar um material que tenha sido livremente licenciado – “Creative Commons” (CC),
observando os termos da licença;

Passaremos à análise de cada uma dessas alternativas:


(i) Contatar o autor ou quem seja o titular dos direitos patrimoniais de autor da obra
desejada
Essa opção consiste em identificar o autor da obra ou, caso não seja o autor, o
titular dos direitos patrimoniais da obra que você deseja.
Uma vez que você identificar quem é o titular dos direitos patrimoniais da obra,
deverá pedir que ele lhe ceda seus direitos patrimoniais incidentes sobre a mesma, para
que você possa usá-la sem precisar ressarcir o titular pelo uso delas e sem precisar pedir
autorização para modificar a mídia utilizada. Você deverá pedir que o titular assine o
“Termo de Cessão de Direitos Patrimoniais de Autor” similar ao existente neste guia para
que possa se utilizar livremente da obra em caráter permanente; ou uma Licença de Uso
da obra se for apenas um uso temporário.
Tal opção não é a que aconselhamos, pois pode ser difícil encontrar o autor ou
identificar quem é o titular dos direitos patrimoniais de autor, mas, a mencionamos aqui
porque além de ser uma possibilidade, você pode conhecer o titular desse direito e pedir
diretamente para ele.

(ii) Exceção do art. 46, VIII da lei de direito autoral: uso de “pequeno trecho”
A lei de direitos autorais, traz nos incisos de seu artigo 46 quais usos de obras não
constituem uma ofensa aos direitos autorais. O inciso que melhor se adequa ao caso da
ABRAPAC, levando em consideração que a associação pode fazer vídeos para fins
comerciais, é o VIII do artigo 46, o qual possibilita o uso de “pequeno trecho”.
Esse dispositivo legal permite que se faça o uso “pequeno trecho” de obras preexistentes
desde que:

“a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova


“nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores”

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 8


Em virtude da natureza dos vídeos que virão a ser produzidos pela ABRAPAC,
parece-nos que tais mandamentos legais não seriam descumpridos. No entanto, essas
características somente podem ser auferidas no caso-a-caso, pois mesmo que a instituição
busque respeitar os requisitos da lei, o autor pode se sentir lesado pelo uso da obra.
Além disso, o termo “pequeno trecho” não tem definição precisa na lei. Não se sabe
se ele configura um percentual específico (embora no geral se considere como sendo 10 ou
20%) da obra. Assim, se uma música possui 1 minuto, um uso seguro seria de apenas 6
segundos da mesma. Caso se respeite o percentual de 10% as chances do autor questionar
o uso da obra seriam mínimas.
Concluímos, portanto, que essa é uma opção viável para a Associação. No entanto,
considerando que a questão depende de uma análise casuística e que o percentual de 10%
para definir “pequenos trechos” não consta na lei, acreditamos que não seja a melhor
maneira de buscar mídias para adicionar nos seus vídeos.

(iii) Buscar um material licenciado em “Creative Commons” (CC)


O terceiro e último método mencionado é o que mais recomendamos para
utilização na elaboração de conteúdo audiovisual. Isso porque ao licenciar em CC, o autor
está optando por possibilitar o uso de sua obra por parte de outros indivíduos, seja
somente para uso não comercial ou até mesmo para fins comerciais (a depender da licença
escolhida pelo autor). A opção por usar a obra para fins comerciais é especialmente
importante para a Associação porque caso a produção audiovisual seja usada para
conseguir novos doadores e arrecadações em dinheiro, poderia-se caracterizar
indiretamente uma finalidade comercial.

Como fazer isso? É bem simples, vamos mostrar!


BUSCA POR IMAGEM, MÚSICA E VÍDEO:

1º Passo:
Vá até o site https://br.creativecommons.org/

2º Passo:
Clique em uma das opções “busque conteúdo”, conforme a imagem abaixo:

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 9


3º Passo:
Após ter clicado no “busque conteúdo”, aparecerá a página da imagem
abaixo. Você deverá digitar uma “palavra-chave” relacionada a imagem/vídeo ou
música que você está buscando. Na parte debaixo da tela aparecerão diversas
caixinhas que mostrarão os sites nos quais você pode procurar conteúdo, como o
Google Imagens, Youtube, Flickr, etc.
Esses sites mostrarão cinco tipos de mídia: imagens (em inglês: “image”),
vídeos (em inglês: “video”), músicas (em inglês: music), internet (em inglês: web) e
mídias no geral (em inglês: “media”). Nessa simulação estamos procurando por
imagens, portanto, podemos procurar em todos os sites que contém a palavra
“image” embaixo.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 10


No exemplo abaixo, foi simulada uma busca por imagem que tenha como
conteúdo “crianças brincando”:

Você vai notar que no exemplo escolhemos o “Google Imagens” para realizarmos a
pesquisa. No entanto, existem outras fontes de busca de imagens, como o Flickr, o Pixabay
e o Open Clip Art Library, conforme demonstrado na imagem abaixo.

As fontes para busca de músicas que são disponibilizadas são o Jamendo, o


SoundClound e o ccMixter. No caso dos vídeos o principal site de busca é o Youtube. Já os
sites de mídia e web podem ser utilizados para achar diferentes tipos de conteúdo, como
imagens, vídeos e músicas. Eles são: Google, Wikimedia Commons, Europeana e
SpinXpress.

4º Passo:
Logo abaixo do campo para digitar a “palavra-chave”, existem duas opções: “use
for comercial purposes” e “modify, adapt ou build upon”. É muito importante que você
marque essas duas opções. A primeira garante que as imagens que você está buscando
podem ser usadas com fins comerciais (“use for commercial purposes”) e a segunda que
você possa modificar, adaptar e produzir a partir da imagem encontrada (“modify, adapt,
or build upon”).

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 11


5º Passo:
Após ter digitado sua palavra-chave e escolhido a fonte para suas buscas, aperte

“enter”
Pronto! As imagens que aparecerem para a sua busca são licenciadas em Creative
Commons e você pode usá-las livremente!

Lembre-se que a imagem estar licenciada em “Creative Commons”


somente indica que o autor está dispondo de alguma forma (seja
parcialmente ou totalmente) de seus direitos patrimoniais de autor, isso
não significa que ele alienou seus direitos morais de autor.

Assim, você deverá SEMPRE ATRIBUIR OS CRÉDITOS DA OBRA


UTILIZADA À SEU RESPECTIVO AUTOR, mesmo que ela esteja
licenciada “Creative Commons”!

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 12


3. Na divulgação da produção audiovisual
Com o fim do processo de produção do vídeo, você provavelmente deve estar
pensando na divulgação de tal trabalho. A preocupação com a veiculação da obra é muito
comum; perguntas como “Posso postar no Facebook sem medo?” ou “Posso disponibilizar
a obra no site da empresa?” sempre surgem em empreendimentos parecidos.
Desde que você tenha cumprido com as recomendações anteriores deste guia, tal
preocupação será desnecessária. Uma vez pronta, a obra audiovisual pertence a você,
criador. Não há nenhum impedimento jurídico que justifique a não postagem da obra nas
plataformas online, desde que respeitados os termos de cada meio digital. No entanto,
conforme já destacado, você não pode esquecer de dar os devidos créditos, de acordo com
as regras do direito moral de autor.

4. Gestão das redes sociais


Agora que seu vídeo está pronto para ser compartilhado, resta apenas fazer uma
última ressalva: o conteúdo que você desejar compartilhar, na página da ABRAPAC, ou
em seu perfil em redes sociais, e que não for de sua autoria.
O compartilhamento, em suas redes sociais, de vídeos do youtube e notícias em
geral é permitido. Você precisa, no entanto, colocar a fonte. Os vídeos do youtube já são
compartilhados por meio de seu link direto. Notícias, no entanto, necessitam do cuidado
da indicação da fonte: coloque o link online direto da notícia, o nome do canal midiático
em que ela foi publicada e seu autor. Aqui utilizam-se os mesmos princípios discutidos
quando da edição do vídeo. Como já discutimos anteriormente, o nome do autor da obra é
necessário sempre, devido aos direitos morais de autor.
Para se compartilhar, online, conteúdo alheio, como o texto ou imagens, já não
basta apenas que se coloque a fonte. No caso das imagens, utilizam-se as mesmas regras
explicadas anteriormente. Da mesma forma que você precisou de cessão de direitos de
imagem das pessoas que aparecem no seu vídeo e cessão de direitos patrimoniais de autor
de quem te ajudou a produzi-los, para veicular uma foto na sua página, você precisaria
das mesmas autorizações e cessões. Dessa forma, recomendamos que você realize o
processo já demonstrado de busca de conteúdo em creative commons. Lá você pode
encontrar imagens de livre utilização.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 13


Já sobre o compartilhamento de textos, como de um blog informativo, também não
basta apenas a indicação do blog; você precisará da autorização do autor. Aqui, como
apresentado antes, existem dois âmbitos dos direitos de autor: o moral e o patrimonial.
Dessa forma, é preciso que você peça, ao autor do conteúdo que quiser compartilhar, sua
autorização. Geralmente, blogs informativos já contém um modelo pronto de autorização,
que o autor pode te fornecer, se concordar com o compartilhamento.

4. Conclusão
Esperamos que o guia tenha sido útil, e que ele ajude a ABRAPAC a realizar seu tão
louvável objetivo. Em caso de dúvidas sobre seu conteúdo, não hesite em nos contactar.
Estamos à disposição!

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 14


Anexo 1

TERMO DE LICENÇA GRATUITA DE USO DE IMAGEM, NOME E VOZ

Pelo presente Termo de Licenciamento, EU, abaixo identificado (a), AUTORIZO o uso de
minha imagem, nome e som da minha voz pela Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes
com Câncer (ABRAPAC), com sede na Avenida Presidente Vargas, nº 418, Bairro Centro,
Município do Rio de Janeiro, RJ, CEP 20071-00, Brasil, inscrita no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda (“CNPJ/MF”) sob o nº 03170197/0001-03, inscrição
municipal nº 02630940, para a finalidade de divulgação das atividades da associação
ABRAPAC, sob as seguintes condições:

(I) o licenciante autoriza gratuitamente a utilização da imagem, nome e voz em qualquer


material para fins, entre outros, de produção, divulgação, exibição e exploração comercial,
assim como em materiais de divulgação ao público em geral, em mídia impressa e/ou digital, da
referida obra.
(II) o material poderá ser utilizado no todo ou em parte, seja na íntegra ou adaptado, resumido e/
ou fundido com outros trabalhos, isoladamente ou em conjunto com outros trabalhos de
terceiros, em todo o território nacional ou no exterior, sem restrição de forma, quantidade ou
prazo.
(III) o licenciante autoriza a distribuição e exibição do material por todo e qualquer veículo,
processo, ou meio de comunicação e publicidade, existentes ou que venham a ser criados, sem
limite de tempo ou número de utilizações.
(IV) a presente autorização é concedida a título gratuito, em caráter irrevogável e irretratável e
por tempo indeterminado, abrangendo o uso da imagem, nome e voz em todo o território
nacional e no exterior.

Por ser esta a expressão da minha vontade declaro que autorizo o uso acima descrito sem
que nada haja a ser reclamado a título de direitos de imagem ou a qualquer outro, e assino
a presente autorização em 2 (duas) vias de igual teor e forma.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 15


Nome:

RG no: CPF no:

Data de nascimento: / /

Profissão:

Estado Civil

Endereço:

Cidade: Estado: CEP:

Tels: ( ) /

, de de 20 .

Assinatura

Assinatura do responsável pelo menor (caso aplicável)

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 16


Anexo 2
TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS PATRIMONIAIS DE AUTOR

CEDENTE: [nome do autor]


CESSIONÁRIO: ABRAPAC - Associação Brasileira Apoio a Pacientes com Câncer

OBJETO: MATERIAIS AUDIOVISUAIS – todo o material audiovisual que venha a ser


produzido com a colaboração do CESSIONÁRIO na execução de atividades junto a
ABRAPAC.

Pelo presente instrumento particular, de um lado,


[nome completo],
[nacionalidade], [estado civil],
______________________ [profissão], portador da Carteira de Identidade RG n.º
, inscrito no C.P.F./M.F. sob nº , residente e
domiciliado na Rua , nº ,
Bairro , Município de , Estado ,
CEP , doravante designado CEDENTE; e, de outro lado, a Associação
Brasileira de Apoio aos Pacientes com Câncer (ABRAPAC), com sede na Avenida Presidente
Vargas, nº 418, Bairro Centro, Município do Rio de Janeiro, RJ, CEP 20071-00, Brasil, inscrita
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda (“CNPJ/MF”) sob o nº
03170197/0001-03, inscrição municipal nº 02630940, doravante designado CESSIONÁRIO;
têm entre si, justo e contratado, por esta e na melhor forma de direito, a presente cessão,
mediante as cláusulas e condições abaixo discriminadas que, voluntariamente, aceitam e
outorgam:

1. OBJETO

1.1. O CEDENTE, em caráter de exclusividade, cede, a título gratuito, ao CESSIONÁRIO


todos e quaisquer direitos autorais patrimoniais incidentes sobre todos os materiais audiovisuais
produzidos pelo CEDENTE na execução de atividades junto ao CESSIONÁRIO, os quais
serão denominados “OBRA” para fins do presente contrato.

1.1.1. A exclusividade de que trata o item 1.1 acima será oponível inclusive ao CEDENTE.

1.2. Em face da cessão total de direitos autorais patrimoniais referidas no item 1.1, o
CESSIONÁRIO está legitimado a conferir à OBRA as mais variadas modalidades de
utilização, fruição e disposição, sem qualquer restrição de espaço, idioma, quantidade de

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 17


exemplares, número de veiculações, emissões, transmissões e/ou retransmissões, por prazo
previsto no ponto 4.1 deste termo.

1.3. A OBRA poderá ser utilizada pelo CESSIONÁRIO, direta ou indiretamente, total ou
parcialmente, em qualquer mídia ou meio físico, visual ou sonoro, inclusive eletrônico, cabo,
fibra ótica, satélite, ondas e quaisquer outros meios existentes ou que venham a existir, e
compreendendo, exemplificativamente, as seguintes atividades: fixação, reprodução, divulgação
(inclusive em seus produtos e campanhas de propaganda e de publicidade), publicação,
comunicação, oferta a terceiros (inclusive pela internet ou por rede privada de computadores),
exposição, edição, reedição, emissão, transmissão, retransmissão, comercialização, distribuição,
circulação, tradução para qualquer idioma (com ou sem legendas), realização de versões e
derivações, restauração, revisão, atualização, adaptação, inclusão em produção audiovisual,
radiodifusão sonora e visual, exibição audiovisual, cinematográfica e por processo análogo,
inclusão em base de dados, armazenamento em computador (inclusive para exibição pela
Internet ou por rede privada de computadores), microfilmagem e demais formas de
armazenamento do gênero.

1.3.1. A cessão de direitos autorais patrimoniais de que trata este item 1.3 compreendem
igualmente a utilização, fixação, reprodução e utilização da OBRA pelo CESSIONÁRIO em
materiais e campanhas institucionais, promocionais e publicitárias, revistas, jornais, televisão,
redes sociais, mídias em geral, folhetos, relatórios, cartões postais, cartões de datas
comemorativas, convites, folders, livros, marcadores, agendas, cadernos, calendários, pôsteres,
outdoors, back-lights, front-lights, quadros, têxteis, feiras, banners, tapetes, anuários, apostilas,
blocos, bandeirolas, crachás, displays, envelopes, etiquetas, fitas de áudio, placas, embalagens,
selos, compilações, fotografias, slides, catálogos, cartazes, enciclopédias, produtos culturais,
websites, disquetes, CD-Rom, DVD, pen-drives, exposições (itinerantes ou não) em quaisquer
locais, conferências, palestras, mostras nacionais ou internacionais, ou outros materiais de
qualquer natureza.

2. RESPONSABILIDADE

2.1 O CEDENTE declara ser, no momento de assinatura do presente termo, o legítimo e


exclusivo autor e titular da OBRA, comprometendo-se a responder, em relação à titularidade,
por danos causados ao CESSIONÁRIO e a terceiros em decorrência de violação concernente à
propriedade intelectual.

2.2. Em face de eventual reivindicação apresentada ao CESSIONÁRIO por terceiros relativa a


quaisquer direitos sobre a OBRA ou direitos nela incluídos, o CEDENTE deverá adotar, a suas
expensas, todas as providências necessárias para assegurar ao CESSIONÁRIO o exercício de
seus direitos.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 18


2.2.1. Caso o CESSIONÁRIO, por questões referentes a direitos sobre a OBRA ou direitos
nela incluídos, venha a ser acionado judicialmente, o CEDENTE deverá colaborar para a
defesa do CESSIONÁRIO e fornecer os subsídios necessários, sem prejuízo do disposto no
item 2.1 acima.

3. REMUNERAÇÃO

3.1. Pela presente cessão de direitos autorais patrimoniais sobre a OBRA, o CESSIONÁRIO
não será obrigado, em nenhuma hipótese, a remunerar o CEDENTE, configurando uma cessão
gratuita, que não ensejará qualquer pagamento, reembolso ou compensação de qualquer
natureza por parte do CESSIONÁRIO.

4. PRAZO

4.1. A cessão dos direitos autorais patrimoniais vigorará por todo o prazo de vigência dos
direitos autorais patrimoniais sobre a OBRA, bem como por eventual prazo de proteção que
venha a ser concedido por futura alteração legislativa.

5. TERRITÓRIO

5.1. A cessão dos direitos autorais patrimoniais sobre a OBRA será válida no Brasil e em todos
os demais países.

6.1. Qualquer dificuldade ou controvérsia que se produza entre as partes relativas à aplicação,
interpretação, duração, validade ou execução deste Convênio ou qualquer outra causa a ele
referente, será dirimida no foro da Comarca do Rio de Janeiro, Capital do Estado do Rio de
Janeiro.

A presente cessão, emitida e assinada em duas vias, é feita com base na Lei Federal 9.610 de
19/02/1998, bem como na legislação civil aplicável à espécie.

[Nome Completo]
CEDENTE

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 19


ABRAPAC - Associação Brasileira Apoio a Pacientes com Câncer
Joaquim Paz
Presidente
CESSIONÁRIO

TESTEMUNHAS:

1.
Nome
C.P.F.

2.
Nome
C.P.F.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 20


Equipe de Elaboração:

Beatriz Valim
Clarissa Leão
Julia Magalhães
Larianne Sampaio
Luiza Montebrune

Orientação:
Eduardo Magrani

Agradecimento Especial:
FGV+

Rio de Janeiro, Novembro de 2016.

GUIA DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - ABRAPAC 21


MANUAL PRÁTICO DE
DIREITO À IMAGEM

ANA ARRUTI
LUCIANA XAVIER
LUÍZA BRUXELAS
LUNA BARROSO
MATHEUS ELEON
EDUARDO MAGRANI (ORIENTADOR)
1. Como funciona a Os proprietários de direitos de autor podem
questão de direito utilizar um sistema designado Content ID
autoral no youtube? para identificar e gerir facilmente o
respectivo conteúdo no YouTube.
O youtube recomenda Os vídeos carregados para o YouTube são
para que se atente à comparados com uma base de dados de
doutrina do uso aceitável. O Uso aceitável ficheiros enviados por proprietários de
autoriza a reutilização de materiais conteúdo. Os proprietários dos direitos de
protegidos por direitos autorais sob autor podem decidir o que acontece quando
determinadas circunstâncias, sem a o conteúdo de um vídeo no YouTube
necessidade da permissão do proprietário corresponde a uma obra da sua
dos direitos autorais. propriedade. Quando isto acontece, o vídeo
Destacam-se quatro reflexões que atentam recebe uma reivindicação do Content ID.
para se uma obra está sendo utilizada de Algumas reivindicações do Content ID
acordo com o que se considera aceitável. impedem a disponibilização de determinado
A finalidade e o caráter do uso, incluindo se conteúdo no YouTube. Outras permitem que
tal uso é de natureza comercial ou se presta o vídeo continue disponível e encaminham as
a fins educativos que não visem à obtenção receitas de publicidade para os
de lucro proprietários dos direitos de autor do
2. A natureza da obra protegida por direitos conteúdo reivindicado. Na maioria dos
autorais casos, receber uma reivindicação do
3. A quantidade e a importância da parcela Content ID não é negativo para o seu canal
usada em relação à obra protegida por do YouTube. Significa apenas que foi
direitos autorais como um todo encontrado algum material no seu vídeo que
4. O efeito do uso sobre um possível pertence a outra pessoa. Em muitos casos,
mercado ou sobre o valor da obra protegida os proprietários dos direitos de autor
por direitos autorais. permitem a utilização do seu conteúdo em
vídeos do YouTube em troca da colocação de
Contudo, a recomendação é que os anúncios nos vídeos em questão.
youtubers usem trilha branca (livre pra uso,
existem vários sites que disponibilizam esse 3. Sobre as Licenças Creative
serviço, pesquisando você acha algumas Commons
alternativas), músicas que sejam de sua As licenças Creative Commons
própria autoria ou aquelas você comprou e proporcionam uma forma normalizada de os
detém o direito autoral. Caso contrário, o criadores de conteúdo concederem
sistema do Youtube pode vir a identificar que autorização a outras pessoas para
você não tem o direito autoral daquela trilha utilizarem a sua obra.A licença padrão do
do artista “x” (não importa se você colocou YouTube continua a ser CC para todos os
5 segundos da música) e aplica a política que carregamentos. O YouTube permite que os
esse artista determinou nesses casos. utilizadores marquem os respetivos vídeos
com uma licença CC BY da Creative
2. Como funciona o Content ID ? Commons. Desta forma, estes vídeos ficam
acessíveis para utilização por parte dos física para fins de ressarcimentos por danos
utilizadores do YouTube, até mesmo morais.
comercialmente, nos seus próprios vídeos O direito à imagem da pessoa jurídica pode
através do Editor de vídeo do YouTube. ser violado assim como o da pessoa física,
Com a licença CC BY, a atribuição é contudo existe uma diferenciação. O direito
automática, ou seja, qualquer vídeo que crie à imagem da pessoa jurídica abarca, de
com conteúdo Creative Commons mostra a acordo com o entendimento da
origem dos títulos dos vídeos jurisprudência, somente pessoas jurídicas
automaticamente por baixo do leitor de de direito privado, ou seja, o âmbito de
vídeo. Mantém os seus direitos de autor e proteção não é universal como nos casos de
pessoas físicas. Tal exclusão se dá tendo em
outros utilizadores podem reutilizar a sua
vista a justificativa de que somente as
obra sujeitos aos termos da licença.
pessoas jurídicas de direito privado
4. Posso exibir, citar ou fazer suportam o descrédito mercadológico em
comentários sobre uma loja ou sua atividade comercial - se eu falo mal de
estabelecimento comercial em uma empresa privada ela pode deixar de
meu vídeo? vender por causa do meu comentário, se eu
Lojas e estabelecimentos comerciais falo mal de uma empresa pública o meu
representam pessoas jurídicas de direito comentário não vai causar um descrédito
privado e de acordo com o entendimento em sua atividade no mercado. Nesse sentido,
atual, esses entes possuem direitos da percebe-se que a preocupação em proteger
personalidade (ex.direito à imagem) o direito à imagem da pessoa jurídica de
equiparados aos das pessoas físicas no que direito privado tem um viés exclusivamente
se refere ao pedido de danos morais. econômico, a questão gira em torno do
Portanto, deve-se observar se a exibição, impacto que o comentário a respeito da
citação ou comentário não está violando o pessoa jurídica terá em sua atividade
direito à imagem da pessoa jurídica. econômica, as consequências financeiras
exclusivamente. Caso esse impacto possa
4.1 Pessoa Jurídica tem direito à ser demonstrado de maneira significativa, a
imagem? Como ele pode ser pessoa jurídica poderá entrar com uma ação
violado? por violação de direito à imagem e requerer
os devidos danos morais.
De acordo com a súmula 227 do STJ a
pessoa jurídica pode sofrer dano moral, ou 5. Posso exibir, citar ou fazer
seja, pode-se dizer que de acordo com esse comentário sobre uma marca em
entendimento, ela passaria a ter direitos da meu vídeo?
personalidade equiparados ao da pessoa
física para fins de danos morais. Nesse O direito marcário protege a logomarca, ou
sentido, é certo dizer que no rol de direitos seja, o logotipo e tudo aquilo que ele
da personalidade encontra-se o direito à representa no âmbito em que está presente
imagem, portanto, a pessoa jurídica possui no mercado. Exibições, citações e
direito à imagem equiparado ao da pessoa comentários a respeito da marca podem
representar possíveis violações ao direito 5.1.2 Como não violar o direito
marcário. Desse modo, é preciso observar autoral do autor do logotipo?
se o conteúdo do seu vídeo não está ferindo
alguns dos direitos do titular da marca ou O logotipo é a representação gráfica e visual
até mesmo do autor do logotipo, questão que da marca simplesmente, tal representação
será abordada nos tópicos seguintes. foi feita por alguém que teve que usar de seu
esforço criativo para desenvolver aquele
5.1 Quais são os problemas em exibir padrão que se tornaria uma futura marca. A
uma marca? exibição do logotipo pode violar os direitos
autorais do titular desses direitos tendo em
A exibição da marca consiste na filmagem vista que a lei garante a ele que sua criação
para posterior divulgação de uma logomarca não seja, usada, exibida, reproduzida,
- símbolo ou conjunto de símbolos que alterada, copiada e etc. sem sua
identificam determinada pessoa jurídica no autorização.
mercado e carrega uma determinada Para garantir que a exibição não estará
reputação. A primeira coisa que se deve violando os direitos autorais do autor da
saber é que por trás de uma marca existem logomarca, deve-se buscar exibir somente
dois ramos de proteção dos direitos marcas que estão expostas em logradouros
intelectuais, são eles: 1) direito marcário e 2) públicos - locais de livre acesso ao público e
direito autoral do autor do logotipo - símbolo circulação de pessoas reconhecido pela
ou conjunto de símbolos. prefeitura, ex. ruas, calçadas, praças e etc.
(Art. 48, Lei 9.610/98).
5.1.1 Como não violar o direito *Ler tópico 2.1.2.1 “Posso filmar em
marcário? shopping? ”
Além disso, outra opção para garantir que
O direito marcário tem o condão de proteger não se viole o direito autoral do autor do
o titular da marca, ou seja, quem a registrou. logotipo é a sua reprodução integral, desde
De acordo com o estabelecido em lei, é que tal não prejudique a exploração normal
assegurado ao titular da marca o seu uso da obra pelo autor nem cause a ele prejuízos
exclusivo em todo território nacional e por injustificados. Contudo, tal opção se dá
uso, entende-se: uso em papéis, impressos, somente na reprodução de artes plásticas e
propagandas e documentos relativos à para que tal se aplique a exibição do logotipo
atividade do titular da marca. é necessário que se entenda que “Artes
Portanto, desde que não se esteja utilizando plásticas é a designação dada ao conjunto
a marca para nenhuma dessas finalidades, constituído pela arquitetura, a escultura, as
nem mesmo vinculando-a a nenhuma artes gráficas e o artesanato artístico”.
atividade comercial, produto ou serviço, a Nesse sentido, o logotipo seria considerado
sua simples exibição não viola o direito do uma representação de arte gráfica e,
titular da marca no que se refere ao direito portanto, enquadrado na definição de arte
marcário. plástica.
5.1.2.1. Posso filmar em shopping? imagem das pessoas jurídicas possuem um
viés econômico.
O conceito objetivo de logradouro
público não abarca os shoppings, tendo em 6. Posso reproduzir a imagem de
vista que esses são locais privados de terceiros nos meus vídeos?
acesso irrestrito ao público, contudo, pode-
se fazer uma interpretação da ratio da Vídeos no youtube muitas vezes veiculam
norma para que se permita que se possa imagens de locais públicos lotados, com
exibir logotipos presentes em shoppings pessoas passando, ou até mesmo
centers. Pode-se entender que o legislador, entrevistas com transeuntes ou gravações
ao escolher a delimitação de logradouro de cenas específicas de pessoas comuns na
público estava mais preocupado com o fato rua. Cada uma dessas pessoas que aparece
de o local se de livre acesso ao público e no conteúdo veiculado tem direito à imagem,
devido a isso, a obra poderia ser observada decorrente de seus direitos da
e registrada a qualquer momento por personalidade, dos quais todos somos
qualquer pessoa, sem restrições, do que titulares. Como reproduzir conteúdo sem
com o fato de ser um espaço público ou violar os direitos à imagem dos terceiros
privado reconhecido ou não pela prefeitura. que aparecem nos meus vídeos?
Nesse sentido, sendo o shopping um local de
acesso livre ao público em geral, deve-se 6.1 Posso veicular registros de
poder equipará-lo ao logradouro público eventos públicos? Preciso da
para fins de aplicação da lei de direito autorização de todas as pessoas
autoral. que nele aparecem?

5.2 Qual é o problema em citar ou A reprodução de imagens de eventos


fazer comentários sobre uma públicos é uma hipótese de não violação do
marca? direito à imagem. É, portanto, uma exceção:
a veiculação de registro de eventos públicos
Comentários a respeito de uma marca não precisa da autorização de todas as
podem não só violar direito marcário como pessoas que figuram na foto/filmagem, e
aqueles que tiverem sua imagem
também o direito à imagem da pessoa
reproduzida não poderão alegar violação do
jurídica vinculada àquela marca, como já direito à imagem.
visto no Tópico 1.1. Contudo, no que se refere Porém, para que essa hipótese esteja, de
à violação do direito marcário, a Lei fato, configurada (não ensejando, portanto,
determina que o titular da marca não pode violação ao direito à imagem), a finalidade do
impedir sua citação em qualquer publicação, registro deve ser retratar o evento em si, e
desde que não tenha conotação comercial e não uma pessoa em particular. Assim, o
não prejudique a distintividade da marca. elemento central da sua foto/filmagem não
Nesse sentido pode-se perceber que quanto poderá ser nenhuma pessoa em específico,
a citação e comentários, tanto a proteção mas sim o próprio evento, de forma
marcária como a proteção de direito à abrangente. Dessa forma, desde que a
imagem não ponha ninguém em evidência, jurisprudência brasileira, inclusive, que a
você poderá retratar imagens de shows, autorização para utilização da imagem
praias, ruas lotadas de gente, e qualquer possa se dar de forma tácita, pelo silêncio
outro evento público, sem ter que pedir a do titular em momento no qual poderia se
autorização dos indivíduos que nele figuram, opor, corroborado por indícios e
e sem correr o risco de uma condenação por circunstâncias que autorizem presumir a
violação do direito à imagem. sua aquiescência. Entretanto, em se
tratando de empreendimento de produção
6.2 Posso veicular imagens nas quais de vídeos no youtube, recomenda-se a
terceiros figuram como o obtenção de autorização expressa e o
elemento central? registro dessa autorização, apenas para fins
de eliminar riscos em potenciais litígios. O
Em se tratando de registros em que a registro poderá se dar de qualquer forma,
finalidade é retratar alguém de forma tanto por autorização escrita, quanto por
específica, é necessário obter autorização gravação da anuência do titular do direito. O
para a veiculação da imagem. Em casos de importante é que recomenda-se, por
uma filmagem de uma cena que está cautela, ter provas da autorização.
ocorrendo na rua, com transeuntes como
personagens, ou até mesmo em caso de 6.4 Quais outros cuidados preciso
entrevistas com pedestres de uma rua ter para não violar o direito à
movimentada, a partir do momento em que a imagem de terceiros?
imagem do indivíduo está em foco, sua
autorização é imprescindível para a A autorização, no âmbito da proteção ao
reprodução do conteúdo, sob pena de direito à imagem, deve ser interpretada
violação do direito à imagem quanto ao restritivamente. Por isso, é necessário ter
consentimento. cautela na reprodução de conteúdos que
Dessa forma, a reprodução não autorizada contenham imagens de terceiros para não
de foto/filmagem na qual sobressaia incorrer nas possíveis violações a esse
elemento capaz de identificar uma pessoa, direito, que podem ser quanto ao
distintamente, representa violação do consentimento, quanto ao uso e quanto à
direito à imagem e enseja pagamento de finalidade.
indenização por danos morais. Em relação à violação quanto ao
consentimento, como já explicitado (ver sub-
6.3 O que é necessário para itens do ponto 3), é necessário que se atente
configurar uma autorização por à necessidade de autorização para a
parte do titular do direito à veiculação da imagem. Além disso, para que
imagem? não incorra em violações quanto ao uso e
quanto à finalidade, mantenha em mente que
A autorização do titular do direito à imagem,
a autorização dada pelo titular do direito
necessária para a reprodução de conteúdo
no qual o titular figure, pode se dar de para que sua imagem seja utilizada em uma
diversas maneiras. É pacífico na situação específica não se estende a
quaisquer outras utilizações de sua imagem Não. Em sátiras ou vídeos de humor, ao se
em circunstâncias distintas. Não utilize fantasiar de uma pessoa pública em uma
imagens em situações com as quais o titular clara brincadeira, na grande maioria das
não tenha concordado especificamente, sob vezes, não há violação de direito à imagem.
pena de incorrer em violação de seu direito. O direito mais importante a ser observado
Interprete a autorização de forma restritiva. nesses casos é o direito à honra.

7. Qual é a jurisprudência 10. Que cuidados preciso tomar


dominante dos tribunais a para não violar o direito à honra?
respeito de sátiras e paródias?
As práticas que não são recomendáveis e
O entendimento majoritário, principalmente que normalmente são aquelas em que são
dos tribunais superiores (STF e STJ), é de baseadas a maioria das acusações de direito
que as sátiras são uma manifestação à honra são:
legítima da liberdade de expressão, tutelada (i) Acusações de práticas ilícitas. Exemplos:
em sede constitucional. Assim, eles tendem fazer brincadeira insinuando que a Osklen
a ter uma jurisprudência mais liberal em utiliza trabalho infantil ou acusar alguém de
relação a essas manifestações, sonegação de impostos.
principalmente diante do reconhecimento de (ii) Utilizar ofensas e xingamentos. São
que elas integram a liberdade de imprensa palavras muito “pesadas” que não
(ADPF 130 do Supremo Tribunal Federal). costumam ser toleradas em eventual
julgamento.
8. Como eu posso evitar uma (iii) Atacar alguém pessoalmente, sem
acusação ou condenação por criticar sua atuação no cargo que ocupa.
violação do direito à imagem ou Exemplo: Acusar a dilma de ser uma mãe
honra quando estou fazendo uma ruim, em vez de falar da atuação dela como
paródia ou uma sátira? presidente.
(iv) Utilizar comentários preconceituosos.
O STJ estabeleceu alguns parâmetros que, Racismo, homofobia, sexismo, entre outros.
quando observados, tendem a desencadear
uma resposta favorável à sátira e paródia no
judiciários. São eles: (i) a finalidade do
periódico é satírica ou humorística, (ii) o
fato retratado é um fato verdadeiro, (iii) a
sátira é usada para criticar algo diverso e
não apenas para criticar ou diminuir o
retratado, (iv) uma eventual divulgação da
resposta do retratado, caso ele assim exija.

9. Em sátiras, o direito de imagem é


o mais importante a ser
observado?

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