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DESAFIOS DO BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS DA


INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO1

LAIS PEREIRA DE OLIVEIRA *


CARLOS EDUARDO DA SILVEIRA **

Resumo O present e artigo trata dos desafios que se apresentam ao bibliotecário diante da
emergência das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs), as quais alteraram
significativamente as formas de se produzir, processar e distribuir informaç ões. Apresenta o contexto
de mudanças que a chamada sociedade da informação vivencia, com enfoque no impacto causado
pelas TICs nas atividades de profissionais diretamente voltados para o trato c om a informação, como
é o caso do bibliot ecário. Discorre sobre os desafios cada vez mais intensos na at uação deste
profissional, no que diz respeito a seus conhecimentos tradicionais – quais sejam as atividades de
catalogaç ão, indexação e recuperação da informação – bem como sobre a necessidade de
atualização contínua e capacidade de acompanhar o que surge de novo em sua área. Cita o
tradicional serviço de referência desenvolvido pelo bibliotecário com o intuito de auxiliar os usuários e
orientá-los em suas buscas, demonstrando as tendências de mudança neste serviço principalmente
em raz ão da int rodução da internet. Ressalta as mudanças de perfil do bibliotec ário, o qual precisa
estar apt o a lidar com informações tant o no t radicional suporte impresso quant o no digital, donde
surgem novas demandas profissionais. Apresent a, por fim, as diferent es oportunidades de trabalho
resultant es do novo paradigma da sociedade da i nformação e do conhecimento, que tem nas
tecnologias um fator facilitador de seus processos de c aptura, registro e disseminação de conteúdos
informacionais.

Palavras-chave: Bibliotecário. Atuação profissional. Novas tecnologias. Sociedade da informação.

____________
1 Comunicação oral apresentada ao eixo temático Tecnologias.

*Acadêmica do 7º período de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), estagiária do


Instituto do Patrimônio Histórico e Art ístico Nacional (IPHA N), e-mail: laispereira2@yahoo.com.br

** Acadêmico do 7º período de Bibliotec onomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), estagiário


do Museu Antropológico da UFG, e-mail: carloseduardoufg@gmail.com
2

1 INTRODUÇÃO

O mundo atual vivencia intensas mudanças em termos sociais, econômicos,


políticos e culturais. Num curto espaço de tempo assistiu-se ao advento de novas
tecnologias da informação e comunicação – tais como microcomputadores, i nternet,
microchips, softwares e hardwares em geral, entre outros –, à ampliação do
processo de globalização, e como não poderia deixar de ser, ao aparecimento da
sociedade da informação1, pautada pela produção, disseminação e uso de
conteúdos informacionais.
A sociedade da informação nada mais é que o resultado da revolução
tecnológica iniciada em meados do século XX, relacionada aos novos meios de
comunicação e de transmissão de informação. De modo geral, portanto, essa
sociedade consiste

num modo de des envolvimento social e econômico, em que a aquisição,


armazenamento, processamento, valorização, t ransmissão, distribuição e
disseminação de informação desempenham um papel central na atividade
econômic a, na geraç ão de novos c onheciment os, na c riação de riqueza, na
definição da qualidade de vida e satisfação das nec essidades dos cidadãos
e das suas práticas culturais. (LEGEY; ALBAGLI, 2000)

Toda essa dinâmica de mudanças trouxe consigo uma série de


questionamentos, cobranças e desafios à atuação de diversos profissionais, e com o
bibliotecário não foi diferente. Este, que lida diretamente com a informação – mais
precisamente com o ciclo informacional – passou a ser indagado em seu fazer e até
mesmo desafiado quanto à sua capacidade de adaptação ao novo conte xto
tecnológico e à verdadeira utilidade de sua profissão para a sociedade.
Nota-se assim, uma tendência de mudança tanto no perfil quanto na atuação
do bibliotecário, de modo que este se adapte às novas tecnologias, ao ideal da
sociedade atual – qual seja acessar de forma rápida e precisa os conteúdos de que
necessita – e à nova dinâmica que envolve as atividades tradicionais deste
profissional, relacionadas à catalogação, à indexação, à recuperação, enfim, ao
tratamento da informação com intuito de suprir as necessidades dos usuários.
3

2 O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E


COMUNICAÇÃO

As novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) “compreendem


uma grande variedade de bens e serviços associados ao tratamento, processamento
e armazenamento de informações” (LEGEY; ALBAGLI, 2000). São consideradas
como “um tipo especial de tecnologia que, na atualidade, disponibiliza grande parte
das informações que consumimos enquanto usuários [...]” (GARCIA, 2008).
O desenvolvimento tecnológico que é presenciado atualmente – provocado
pela evolução da microeletrônica e das telecomunicações e acelerado a partir da
Segunda Guerra Mundial – ocasionou sérias mudanças sociais e institucionais,
afetando diretamente certas áreas do conhecimento, e exigindo, por conseguinte, a
adequação de seus profissionais a um novo universo de atuação.
De fato, vivencia-se um momento de transição, de quebra de paradigmas 2 e
de ascensão de novos modelos científicos, econômicos e sócio-culturais. Cubillo
(1997 apud PONJUÁN DANTE, 2000, p. 98, tradução nossa) considera que

Vivemos uma mudança de paradigma na gestão dos fluxos e estoques


informativos. De um mundo caracterizado por estruturas lineares de
organização da informaç ão (catálogos), operação mono-medial onde as
coleções e fluxos de dados eram de tipo homogêneos (só texto, só dado, só
imagem ou som ou animação) e de atores comunicados por via
convencional (reuniões cara a c ara, serviços de correios) passou -se a um
mundo cujo paradigma é a WWW (hipertextualidade, multimidialidade,
conexão de atores políticos, geradores de conheciment o, informadores,
tecnólogos da informação, via redes de computadores ).

As áreas que atuam diretamente com a informação e seu processamento,


como é o caso da Biblioteconomia, têm sentido intensamente as instabilidades deste
novo século, ao mesmo tempo rico em novidades tecnológicas e também desafiador
no que concerne à capacidade de lidar com tantos aparatos que, segundo consta,
vieram para facilitar nossas vidas. Conseqüentemente, os profissionais da área, ou
seja, os bibliotecários – também denominados profissionais da informação 3 – são
desafiados a mudar seu perfil e sua forma de atuação, bem como atualizar-se
constantemente para acompanhar as mudanças vigentes.
4

3 BIBLIOTECÁRIOS SOB INFLUÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA


INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

As novas TICs têm provocado intensas mudanças na atuação dos


bibliotecários4, exigindo destes uma reformulação e uma constante atualização de
suas tradicionais atividades de tratamento da informação, bem como sua adequação
às novas ferramentas de processamento de informações. Como afirma Santos
(2000, p. 107)

O des envolvimento das tecnologias da informação, “eliminando” as paredes


das bibliotecas e disponibilizando informações abrigadas em sistemas
distantes, de modo quase instantâneo, foi o grande argumento utilizado
para exigir do profissional, além de um corpo de conhecimentos
especializados na área do tratamento da documentação, out ros
conhecimentos e habilidades para a gerência de informações em suportes e
locais diversificados.

Diante do atual contexto, o bibliotecário deve necessariamente possuir os


conhecimentos técnicos para tratar e disponibilizar informações – estejam elas em
qualquer tipo de suporte – “mas também conhecimentos e habilidades no uso das
tecnologias para organizar, processar, recuperar e disseminar informações.” (MOTA;
OLIVEIRA, 2005, p. 99).
Nessa nova configuração da sociedade, mediada pelas novas tecnologias da
informação e comunicação, o bibliotecário precisa – além de adquirir novos
conhecimentos e habilidades – atualizar constantemente seus conhecimentos
habituais referentes ao tratamento da informação, seja no tradicional suporte
impresso, seja em meio digital. Ele deve possuir “conhecimento básico de hardware
e troubleshooting5, compreensão de programas de software e a habilidade para
buscar, exibir e recuperar dados efetivamente em uma variedade de sistemas de
recuperação de informação” (MORRIS, 1999 apud RAO; BABU, 2001, p. 30,
tradução nossa).
Isso porque o bibliotecário lida cada vez mais com conteúdos informacionais
existentes apenas no formato digital, o que, por sua vez, exige capacidade real de
trabalhar com sofisticados softwares para processar dados e disponibilizá-los aos
usuários, de modos que também fogem ao tradicionalismo das cópias impressas.
No caso das atividades de catalogação, indexação e recuperação da
informação, estas vêm sofrendo intensas modificações diante da emergência das
TICs. A catalogação, antes restrita às fichas manuais, conta agora com poderosos
5

softwares de automação, nos quais se torna possível – através do uso de formatos


como o MARC 6 – representar as características físicas de um determinado
documento e compartilhar tais registros entre diferentes unidades de informação –
processo denominado intercâmbio bibliográfico – o que agiliza o processo de
catalogação e possibilita ao bibliotecário maior dedicação no desenvolvimento de
atividades mais complexas.
A atividade de indexação, que consiste na atribuição de termos para
representar tematicamente o documento, já não parte exclusivamente do indexador,
nem é um processo exclusivamente manual. Atualmente o próprio usuário, ao
navegar por uma página na internet, pode, por exemplo, atribuir palavras-chave
específicas com relação ao assunto tratado na mesma7, caracterizando-a conforme
sua própria interpretação. E não é somente o usuário de uma dada informação que
pode realizar a indexação de conteúdos; o processo passou a ser feito também
automaticamente, pela própria máquina – atividade denominada indexação
automática.8
Outra grande evolução diz respeito aos ISAs – Inteligent Software Agents
(Agentes Inteligentes de Software)9 – que prometem revolucionar a recuperação da
informação em ambientes digitais, possibilitando ao usuário especificar suas
necessidades para que ele encontre a informação de forma exata e precisa.
Conforme descrição de Meek (1995 apud RAO; BABU, 2001, p. 28, tradução nossa),
e de Roesler e Hawjins (1994 apud RAO; BABU, 2001, p. 28, tradução nossa) os
ISAs são

programas de computador autônomos e adaptativos, operando dentro de


ambientes de software, como sistemas operacionais, banco de dados ou
rede de computadores. A tecnologia do agente combina inteligência artificial
[...], e sistema de desenvolvimento de técnicas [...] para produzir uma nova
geração de soft ware que pode, com base nas preferências do usuário,
realizar tarefas de rotina para usuários. Apesar de estarem ainda em sua
infância, os agentes inteligentes de amanhã t em a promessa de aliviar os
usuários de demoradas e tediosas buscas através de uma massiva,
intrigada e globalmente dis pers a web de informação eletrônica. Esses
agentes encont rarão, reunirão e analisarão informação que os usuários
precisam para res olver problemas, tornarem -se melhor informados e tomar
decisões inteligentes.

Há uma grande discussão em torno da necessidade de dar mais sentido à


web e possibilitar maior precisão nas buscas, que é o objetivo da chamada web
semântica10. Tendo em vista a grande dificuldade de se recuperar informação
6

precisa e confiável, ela surge como alternativa para organizar logicamente e


padronizar a forma de apresentação dos conteúdos, possibilitando maior interação
entre o usuário e a máquina.11
Além dessas atividades, outro serviço desenvolvido pelo bibliotecário que vem
sofrendo enorme impacto é o de referência. Até pouco tempo o bibliotecário de
referência ficava literalmente atrás do balcão, aguardando os usuários, com suas
indagações e necessidades a serem supridas. Era ele, portanto, quem fazia a
intermediação entre a informação e o usuário, sendo o responsável por suprir as
necessidades deste último. Com o advento da internet esse retrato mudou, mesmo
porque a nova ferramenta deu mais autonomia às pessoas para procurarem elas
mesmas a informação que necessitam.
Como afirmam Alves e Faquetti (p. 11)

A introdução da internet e das bases de dados online motivou o usuário a


fazer as buscas sozinho. Essas mudanças afetaram a mediaç ão entre o
usuário e o bibliotecário. A busca, antes local e assistida, agora com a
internet passa a ser remota e sem mediaç ão.

Lipow (1999, tradução nossa) traz a visão de algumas pessoas acerca das
possibilidades da internet

As tendências que estão conduzindo esta instabilidade est ão tornando-se


mais fáceis de marcar:
1) Como o uso da internet em uma comunidade aumenta, sua bibliot eca
percebe um declínio no uso do balcão de referência.
2) Muitos clientes dizem que encont ram o que procuram na internet, então
eles não precisam de um bibliotecário.
3) Bibliotecários de referência não se mantêm a par dos novos rec ursos
que aparecem diariamente na internet.
4) Serviços comerciais estão fazendo um trabalho agressivo para atrair
quem procura informação no seu ponto de necessidade e prover-lhes
serviços de informação satisfat ória.

Entretanto, a máquina não supera a capacidade humana de fazer inferências


e assimilações durante as buscas, donde a própria autora conclui que “a
necessidade pelo serviço de referência humano é maior agora que antes por causa
dos computadores, que apesar de “espertos”, nunca serão perfeitos. Desse modo o
bibliotecário de referência sempre servirá como importante filtro para informação de
qualidade (Ibid.).
A internet nada mais é que um grande desafio, porque não contém todas as
informações – como muitos pensam – além de recuperar muito “lixo” que não
necessariamente é o que se busca. Isso sem falar nos problemas de confiabilidade e
7

segurança da informação; daí a importância – considerando-se é claro sua


adequação diante das TICs – do bibliotecário de referência e sua intermediação nas
atividades de busca.
Percebe-se assim, que as mudanças nas atividades de catalogação,
indexação, recuperação da informação e no serviço de referência são visíveis,
principalmente em decorrência do advento da internet e das novas TICs como um
todo; entretanto, não se deve diminuir a importância do bibliotecário, o qual,
trabalhando em ambientes digitais, agrega valor à informação, em sua organização,
seleção e refinamento para seus usuários, atuando como um filtro onde existe o
caos.
Como bibliotecário de referência, pode oferecer cursos de treinamento para
buscas na web, em catálogos on-line de bibliotecas e bases de dados específicas,
bem como disponibilizar listas de sites e portais confiáveis na web de acordo com
interesses de sua clientela, agindo como um intermediário entre a ferramenta de
busca e o usuário. Quanto às atividades de catalogação, indexação e de
recuperação da informação, importante se faz notar que estas não deixaram nem
deixarão de existir. O que ocorreu foi uma mudança na sua execução, impulsionada
pela emersão das novas tecnologias da informação e comunicação.
As novas TICs possibilitam ao bibliotecário de referência prestar serviços aos
usuários remotamente, sem que o usuário esteja presente na unidade de informação
fisicamente, através do serviço de referência virtual que “é o mecanismo pelo qual
as pessoas podem enviar perguntas e obter respostas através de e-mail, chat ou
formato web” (SAUNDERS, 2001 apud MÁRDERO ARELLANO, 2001, p. 8). O
atendimento remoto ao usuário vem sendo utilizado por algumas bibliotecas – mais
precisamente nos Estados Unidos. São exemplos: Ask a Librarian (Pergunte a um
bibliotecário), Live Help (Serviços de envio de mensagens de e-mail instantâneos),
atendimento via telefone, videoteleconferência, softwares interativos para os
chamados chats (bate-papo) e os Instant Messaging (mensagem instantânea).
Nesse ambiente de mudanças e de surgimento de novas TICs, Rao e Babu
(2001, p. 30-31, tradução nossa) apontam as forças, fraquezas, ameaças e
oportunidades para os bibliotecários na web. Como forças eles são orientados para
serviço, capazes de identificar, avaliar e organizar recursos informacionais tanto
impressos como eletrônicos; entendem o que os usuários querem e são mais
familiares às suas necessidades de informação que outros profissionais da área,
8

sendo capazes de treiná-los para pesquisar e recuperar informação; acreditam no


compartilhamento e no estabelecimento de rede de contatos de valor da informação
e são experientes em conceitos de gestão do conhecimento. Como fraquezas os
bibliotecários têm o sentimento geral de que se sentem ameaçados pela mudança
tecnológica; carecem do mesmo nível de conhecimento técnico para lidar com
hardware, software, etc. como os profissionais de computação; não estão agindo
como controladores da informação especialmente durante o uso da internet; estão
se empenhando na falsa percepção do usuário de que a internet supre todas as
necessidades de informação e necessitam interagir com usuários inteligentes e
profissionais de tecnologia da informação para entender suas necessidades
específicas e acrescentar valor a seus produtos.
Ainda segundo os autores (Ibid., p. 30-31) as ameaças (desafios) aos
bibliotecários para que eles continuem sendo provedores de informação nessa nova
realidade tem que refletir sobre seu conteúdo, constituição e trabalho, e toda ação
de orçamento e fundos das bibliotecas, considerando-se que a web seja vista como
uma oportunidade e não como algo indesejável. As oportunidades convergem para
prestação de novos serviços de informação ao usuário através da web, tais como:
acessibilidade universal de material; padrão iniciado de serviço inter-bibliotecário;
listas de livros e leitura online; catálogos online; base de dados local; balcão de
referência virtual; passeio virtual; formulários web; catalogação cooperativa e apoio a
educação à distância.
Percebe-se, a partir da análise SWOT desenvolvida pelos autores, que o
bibliotecário tem enormes desafios pela frente, mesmo porque precisa lidar com
informação no novo suporte – o digital – com a mesma competência demonstrada
no trabalho com o suporte impresso, sempre tendo em mente a necessidade de
atender devidamente as novas demandas de seu usuário e da sociedade, além é
claro, de desenvolver novos serviços – impulsionados pelas TICs – como é o caso
do serviço de referência remoto, citado acima.
Desse modo, o bibliotecário deve sempre se informar a respeito de novidades
tecnológicas buscando aprendizagem e inovação em seu campo profissional,
através de educação e atualização contínuas, para atender as novas necessidades
informacionais que surgem, não ficando preso a uma rotina isolada dos
acontecimentos, buscando justificativas para tal situação no passado ou acreditando
que sempre será solicitado e que suas atividades tradicionais nunca desaparecerão
9

ou se alterarão, independentemente das novas tecnologias. Sobre tal reflexão,


quanto ao futuro do bibliotecário, Alam, Naqvi e Qureshi (2000, tradução nossa)
afirmam que

A sobrevivência do bibliotecário do milênio depende do quão rápido ele


poderia adotar a tecnologia para responder as c omplex as questões da
clientela de modo efetivo e rápido. Esse propósito poderia apenas ser
alcançado pelo uso da internet ou outras font es para trazer as mais
apropriadas e valiosas informações aos leitores [...]. É alto o tempo em que
os bibliotecários devem erguer e manter o campo dos negócios, eles devem
mover-se rapidamente para agarrar as oportunidades com sua visão,
capacidade inovativa e flexibilidade em encont rar os muitos desafios e
questões.

4 NOVOS PERFIS E NOVAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO

Como visto até aqui, as novas tecnologias da informação e comunicação


impactaram diretamente o fazer bibliotecário, principalmente no que diz respeito às
suas tradicionais funções de seleção, descrição, inte rpretação, disseminação e
preservação da informação. Obviamente estas funções não desaparecerão, mas
como explica Tarapanoff (1999, p. 32) “no mundo virtual ou digital, elas terão outras
aplicações além da tradicional atividade dentro de uma biblioteca, centro de
documentação ou informação.”
Ainda Tarapanoff (Ibid., p. 35) afirma que no atual contexto

[...] o profissional da informaç ão deve buscar a sua identidade no novo


mercado, sem perder de vista a sua característica mais intrínsec a de
responsável pelo ciclo documentário e informacional. Deve apossar -se de
novos perfis, novas descrições de emprego, que sejam baseados nesta sua
característica única.

Desse modo, já não basta um bibliotecário preparado para lidar apenas com
conteúdos informacionais em suporte impresso, dispostos nas tradicionais
bibliotecas. Este deve ter um perfil dinâmico, uma postura interdisciplinar, ser
criativo, flexível e voltado para o aprendizado contínuo. Além disso, precisa
atualizar-se constantemente e estar apto a fazer usos das

atuais tecnologias de comunicação, computação e informação, que


permitem novos processos de análise, organização, armazenamento,
recuperação e disseminação da informação, favorecendo o armazenamento
e a manipulação simultânea em vários loc ais, sem limitação de tempo.
(LEVY, 1993 apud SANTOS, 2000)

Cunha (2000, p. 186) vai além, e alerta que


10

Precisamos saber transitar neste novo cenário informativo, aceitar as


mudanças impostas pelo des envolvimento tecnológico e ocupar um papel
de destaque pela experiência acumulada que temos no uso e no trat o com a
informaç ão. Temos a obrigação e a nec essidade de nos prepararmos para
este momento. Necessitamos entender os novos papéis que surgem, as
necessidades informacionais e as novas formas de responder a estas
necessidades utilizando novos métodos de trabalho.

O que vem ocorrendo, de fato, é uma reconfiguração da profissão


“bibliotecário” e, em decorrência disto, surgem novos espaços e novas formas de
atuação até então não explorados. A grande novidade é o espaço que se abre para
atuar na organização, gerenciamento e disseminação de informação em meio digital.
O bibliotecário que atua em meio digital ou virtual – que pode ser denominado
cibertecário12, bibliotecário digital, entre outros – deve estar capacitado a
desempenhar as novas atividades que surgem nesse meio, tais como: administração
de bibliotecas e sistemas de informação digitais; organização de informação e
conhecimento digitais; prover serviços de referência digital e serviços de informação
eletrônica; manejar as tarefas massivas de digitalização, os processos de
armazenamento e preservação digital; prover acesso de conhecimento digital, etc.
(SREENIVASULU, 2000, p. 13)
Além do trabalho em ambientes digitais, as novas tecnologias da informação
e comunicação proporcionam ao bibliotecário atuar como consultor de informação,
gerenciador de informação, analista de informação da web, indexador de conteúdos
da web, avaliador de fontes de informação digitais, especialista em tecnologia de
informação (TI), gerente de bases e bancos de dados, pesquisador, facilitador e
intermediário de buscas, treinador e educador de usuário final, construtor e
publicador de websites, entre outras funções que surgem como novas oportunidades
profissionais, para as quais o bibliotecário deve estar habilitado e qualificado para
desempenhá-las com sucesso.
11

5 CONCLUSÃO

O profissional de Biblioteconomia vem sofrendo intensas transformações em


suas atividades no trato com a informação, em decorrência do surgimento das novas
tecnologias da informação e comunicação e da mudança de um paradigma centrado
na produção econômica para outro com foco na produção de conteúdos
informacionais, que ocasionou na emergência de uma sociedade pautada pela
informação, na qual a riqueza é medida atra vés do grau de conhecimento e
capacidade de aprendizagem.
O bibliotecário vê, assim, suas atividades tradicionais reconfiguradas, bem
como novas demandas de seus usuários e da sociedade de conteúdos
informacionais, devendo ele encará-las como novas oportunidades, qualificando-se
e atualizando constantemente seus conhecimentos para demonstrar sua importância
diante desse novo contexto.
O momento, portanto, é de instabilidade, mas ainda assim esse profissional
será bem sucedido, caso saiba acompanhar as mudanças e perceba a urgência de
modificar seu perfil, adequando-o às novas exigências da sociedade
contemporânea.

Abstract This article discusses the challenges facing the librarian before the emergence of new
information and communic ation technologies (ICTs), which significantly altered the ways to produce,
process and distribute information. Displays the context of changes that the so-called information
society experiences, focusing on the impacts of the ICTs in the professional activities directly target ed
to deal with information, such as the librarian. Discusses the intense challenges increasingly in the
performance of this professional, concerning to t heir traditional knowledge - which are the activities of
cataloging, indexing and retrieval of information - as well as the need for continuous updating and t he
ability to monitor what arises in his area. It mentions the traditional reference service development of
the librarian in order to assist users and guide them in their searches, showing the trends of change in
this service mainly due to the introduction of the Internet. It underscores the changing profile of t he
librarian, who must be able to deal with information in the traditional print support as in the digital,
where there are new demands of work. It shows finally, the different job opportunities resulting from
the new paradigm of the information and knowledge society, which has in the tec hnologies a facilitator
factor of its processes of capturing, registrating and disseminating informat ion contents.

Key-words: Librarian. Professional performance. New technologies. Information society.


12

NOTAS

1 Há divergências quanto à denominação mais apropriada para caracterizar a sociedade atual.


Alguns autores consideram que já vivemos numa sociedade do conhecimento. Outros, a denominam
de pós-capit alista ou pós-industrial. Castells (2000, p. 17 apud MORIGI; PAVA N, 2004, p. 117)
considera que estamos imersos numa sociedade em rede, originada da revolução da tecnologia da
informaç ão e da reestruturação do capitalismo.

2 Para isso, ver Tarapanoff (2001).

3 Targino (2000, p. 64) considera como sendo profissional da informação quem adquire informaç ão
registrada, não importa em que tipo de suporte, organiza, descreve, indexa, armazena, recupera e
distribui essa informação, tanto em sua forma original, como em produtos elaborados a partir dela [...].
Donde se depreende que todos os bibliotecários são ou deveriam ser profissionais da informação,
mas nem todos os profissionais da inf ormação são bibliotecários.

4 Silva (2005, p. 10) considera que a profissão de bibliotecário é uma das carreiras que mais tem
sofrido transformações, devido às influências da informática através da aplicaç ão de novas
tecnologias para a automatização do acervo e de recursos advindos do uso da internet no seu
trabalho.

5 Troubles hooting (solução de problemas) diz respeito à habilidade de resolver problemas, muitas
vezes usados na reparação de produtos ou proc essos falhados. É aplicado em diversos campos, tais
como: Engenharia, Administração de Sistemas, diagnóstico de doenças e etc.

6 Além do formato MARC (Machine Readable Cataloging),outros padrões de metadados utilizados ou


que interessam às bibliotecas, dentre os mais importantes estão: TE I (Text Enconding Initiative); EAD
(Encoded A rchive Descripition); ONIX (Online Information Exchange); DC (Dublin Core Metadata);
MODS (Metadata Object and Descripition Schema); METS (Metadata Enconding and Transmission
Standard).

7 Esse processo diz respeito à atribuição de tags de conteúdo, ou seja, de etiquetas ou


identificadores de uma dada informação pelo usuário da mesma.

8 A indexação automática é a formalizaç ão e/ ou mecanização do processo de indexação, em parte


ou no todo, com o objetivo de reduzir a subjetividade do processo (GUE DES, 1994, p. 318). Dentre os
principais tipos de indexação automática podem-se citar: a estatística, a probabilística, a indexaç ão
automática utilizando-se de data mining, de ontologia, ent re outros.

9 Para isso, ver Roesler e Hawjins (1994), Meek (1995), Library Association (1997), Stanley (1997) e
Rao e Babu (2001).

10 A Web Semântica “pretende embutir int eligência e contexto nos códigos X ML utilizados para
confecção de páginas Web, de modo a melhorar a forma com que programas podem interagir com
estas páginas e t ambém possibilitar um uso mais intuitivo por parte dos usuários.” (DE CKER et.al.,
2000 & BERNE RS-LEE et al., 1999 apud SOUZA; ALVARE NGA, 2004, p. 133)

11 Souza e Alvarenga (2004, p. 139) citam algumas atividades que serão melhoradas a partir da nova
web, tais como: projetos de novos e melhorados motores de busca; construç ão de novas interfaces
com o usuário para sistemas de informação; construção automática de tesauros e vocabulários
controlados; indexação automática de documentos; gestão do conhecim ento organizacional e gestão
da informação estratégica e da inteligência competitiva.

12 Para isso, ver Sreenivas ulu (2000) e Ansari (2007).


13

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