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Fundamentos de Gestão

Aula 2

Prof. Aline Eberspacher

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Conversa Inicial
Seja bem-vindo estimado aluno! Nesta aula nós viajaremos no tempo e
apreenderemos mais algumas teorias administrativas.
Começamos a primeira parada da nossa viagem no começo do século
XX, com as grandes transformações que ocorreram na sociedade. Nela, você
conhecerá a Administração Científica e seu principal pensador Frederick Taylor.
Depois, você estudará as ideias do empresário Henry Ford, criador da marca de
automóveis Ford. Foi ele quem desenvolveu a linha de produção, que busca a
otimização de tempo. Na sequência estudará as ideias de Henri Fayol, que se
preocupou com a estrutura da empresa. Ele é o pioneiro em apresentar as
funções do administrador e a divisão estrutural da empresa.
Em um terceiro momento, iremos abordar a Teoria da Burocracia,
baseada nas ideias do sociólogo, jurista e economista alemão Max Weber. Além
disso, você aprenderá sobre o modelo japonês da administração (e um pouco da
história da empresa Toyota, já que ela é a grande referência desse modelo de
gestão). E para finalizar, estudaremos as escolas de qualidade por meio dos
principais pensadores da qualidade total. Venha aprender e descobrir as
principais teorias administrativas que transformaram o modo de administrar uma
empresa, e continuam influenciado os grandes gestores até os dias de hoje!
Bons Estudos!
Assista à contextualização da professora Aline Eberspacher sobre esse
assunto no material online.

Problematização
Pense no seu cotidiano, no seu modo de agir. Analise seu local de
trabalho e faça uma análise de suas atividades diárias. Depois, liste cinco delas
e reflita em como você as desempenha, verificando os elementos necessários
para a execução de cada uma. Quanto tempo você leva de deslocamento?
Esses materiais estão próximos de você? Como você os utiliza? Quanto tempo
você necessita para realizar cada atividade?

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Após essas anotações, analise a possibilidade de desenvolver essas
atividades de modo mais prático e produtivo. Para orientá-lo nesta proposta, a
professora Aline Eberspacher passa algumas dicas interessantes no seu
material online. Confira!

Tema 1: Taylor e Ford


A produção em alta escala, por meio do processo de produção em série,
nem sempre existiu. Você sabe quais foram os administradores, empresários e
pensadores que impulsionaram o surgimento deste tipo de produção? Então,
venha viajar no tempo e conhecer a história dos princípios administrativos
através das principais ideias do administrador Frederick Taylor e do empresário
Henry Ford.
Quem foi Taylor?
O americano Frederick Winslow Taylor nasceu em 1856, na Pensilvânia,
e faleceu em 1915. Filho de uma família abastada financeiramente, apesar de
ter sido aprovado no curso de Direito de Harvard, optou por se tornar um
trabalhador manual. Ele aprendeu o ofício de torneiro, em um fábrica de bombas
hidráulicas onde trabalhou entre os anos de 1874 e 1878. Durante esse período,
começou a observar o desempenho dos colaboradores e o “corpo-mole” que
faziam durante o processo produtivo. A análise de Taylor incluía a relação entre
os gerentes e os funcionários, principalmente de como a má relação entre eles
prejudica a produtividade.
Em 1878, Taylor começou a trabalhar na usina siderúrgica Midvale. Iniciou
sua carreira como trabalhador e terminou como engenheiro chefe, lá
permaneceu durante 12 anos. Enquanto trabalhava na empresa Midvale (1878
e 1890), Taylor observou alguns problemas no processo produtivo que acabaram
o inspirando em suas pesquisas.
 Não havia uma noção clara da divisão de trabalho da administração
nem do trabalhador;

 Não havia incentivos para o trabalhador melhorar seu desempenho;

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 Muitos trabalhadores não faziam suas funções;

 As decisões dos administradores eram apoiadas em intuições e


palpites;

 Não havia integração entre os departamentos das empresas;

 Os trabalhadores não tinham aptidão para as tarefas que realizavam.

 Havia conflitos entre supervisores e operários sobre a quantidade de


produção.

Essas observações de Taylor sobre o desempenho dos funcionários,


remuneração ou mesmo falhas administrativas, permitiram o início do Movimento
da Administração Científica, que teve início na Sociedade Americana dos
Engenheiros Mecânicos (ASME), fundada em 1880, da qual Taylor era sócio e
chegou a presidente.
A Administração Científica é marcada por três fases. Na primeira fase, a
preocupação de Taylor era referente ao salário pago aos trabalhadores. Na
época o pagamento era realizado por dia ou peça produzida. Em ambos os casos
isso desmotivava o trabalhador. Se a remuneração fosse por dia produzido, a
quantidade produzida não era considerada; e se a remuneração fosse por peça
produzida, o valor de cada peça poderia ser reduzido com o aumento da
produção. Esse contexto desmotivava o trabalhador, pois ele não obtinha
vantagens em produzir mais.
Em 1895, Taylor apresentou uma proposta de remuneração de piece rate
system (sistema de pagamento por peça). A ideia era estudar o tempo exato de
produção de cada peça por meio da divisão das tarefas, o cronometrar da
montagem e registro das informações. A partir disso, pôde ser definido o tempo
padrão de produção dos elementos básicos. Esse procedimento foi chamado de
Sistema de Administração de Tarefas.
A Administração Científica surgiu com o estudo do tempo, ou seja, a
determinação da duração de cada atividade (quanto tempo leva e o quanto custa

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para a empresa). A partir deste estudo, foi possível determinar o tempo médio
de produção. Na segunda fase da pesquisa, as experiências profissionais de
Taylor permitiram realizar observações sobre o comportamento humano e o
rendimento da produtividade dos trabalhadores, bem como a necessidade de
aprimoramento na seleção dos funcionários.
A seguir, algumas constatações de Taylor:
 O trabalhador deve ser remunerado conforme a sua produtividade;

 Para aumentar a produtividade, é necessário um estudo do tempo de


produção do trabalhador;

 É necessário realizar uma seleção científica dos funcionários, ou seja,


o trabalhador deve estar preparado para a tarefa que ele realizará;

 É necessário treinar cientificamente os funcionários, para que todos


realizem suas atividades de modo padrão;

 A produtividade na empresa aumentará se houver um ambiente de


cordialidade entre funcionários e gerentes.

Na terceira fase, em 1911, Taylor lança o livro “The Principles of Scientific


Management” (Princípios da Administração Científica) e apresenta as técnicas
da administração científica, que são:
 O estudo dos tempos e movimentos;

 A padronização de ferramentas e instrumentos; a padronização de


movimentos e a conveniência de uma área de planejamento;

 A inserção dos cartões de instrução, o sistema de pagamento de


acordo com o desempenho e o cálculo de custos.

Em suas pesquisas sobre a administração científica, Taylor apresenta a


importância de separar a administração do processo de fabricação. O
planejamento é responsabilidade da administração e a execução é

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responsabilidade da fábrica (Maximiano, 2011). Taylor salienta que para a
maioria das pessoas os interesses dos empregadores e empregados são
antagônicos. Entretanto, para a Administração Científica os interesses de ambos
são únicos e com a mesma direção. A prosperidade do empregador não pode
existir a longo prazo se não for acompanhado pela prosperidade do empregado.
Para Taylor, a Administração Científica consiste em 4 princípios básicos:
planejar, preparar, controlar e executar.
Princípio do Planejamento: substituir a improvisação pela ciência por meio
do planejamento do método.
Princípio de Preparo: selecionar e preparar os trabalhadores de acordo
com suas aptidões para produzir mais e melhor.
Princípio do Controle: controlar o trabalho para se certificar de que o
mesmo está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e
segundo o plano previsto.
Princípio da Execução: distribuir distintamente as atribuições e as
responsabilidades, para que a execução do trabalho seja mais disciplinada.
Taylor é considerado o pai da Administração Científica. Seu trabalho e
suas contribuições foram direcionadas para o processo produtivo e a execução
de tarefas. Para aprofundar a sua aprendizagem assista ao filme “Tempos
Modernos” de Charles Chaplin, que demonstra o dia a dia de uma fábrica.
Acesse-o no link a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8
Henry Ford
Agora vamos abordar a história e as ideias de Henry Ford, o empresário
que deixou uma grande contribuição à prática da produção em série. Ele foi o
fundador da marca de carro Ford e criador da linha de montagem. Que tal
entendermos o contexto em que isso ocorreu? Vamos novamente viajar no
tempo, e conhecer um pouco dessa história.
O americano Henry Ford (1863-1947) nasceu no estado de Michigan,
iniciou sua vida profissional como mecânico, e posteriormente, tornou-se

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empresário. Projetou um modelo de carro, e em 1899, fundou sua primeira
fábrica de automóveis, que logo depois foi fechada. Em 1903 fundou a “Ford
Motor Company” e entre 1905 e 1910 promoveu uma das grandes inovações
industriais: as linhas de montagem. Ford também ficou conhecido como o
inventor do carro popular. No início do século XX os carros já não eram novidade,
mas eram acessíveis apenas às pessoas com maior poder aquisitivo, pois eram
caros e cada um deles era fabricado artesanalmente.
Quando a Ford adotou a primeira linha de montagem, os funcionários não
precisavam de tanta qualificação, pois ao lado da esteira rolante cada funcionário
adicionava uma peça ao corpo do carro.

O barateamento foi brutal, o modelo T que originalmente era vendido a


800 dólares, teve o preço reduzido para 290 dólares. Ford aumentou o salário
dos trabalhadores para 5 dólares ao dia. Afinal, isso também estimularia o
consumo e vendas de automóveis.
Quer conhecer uma famosa frase de Ford que se eternizou na história da
indústria?
“O cliente pode escolher a cor que desejar, desde que seja preta." Henry
Ford.

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Essa famosa frase faz referência ao Ford Modelo T, que era produzido
apenas na cor preta. Você sabe o porquê da escolha dessa cor? A tinta preta
era a única com secagem mais rápida no mercado de 1913.
Propostas de Ford
Além de seu nome estar ligado à criação da linha de montagem, Henry
Ford foi quem mais elevou os dois princípios da produção em massa: a
fabricação de peças padronizadas e o trabalho especializado (MAXIMIANO,
2005). A linha de montagem adotada por Ford objetivava agilizar o trabalho para
possibilitar o aumento da produção. Essa racionalização proporcionou uma linha
de montagem que permite a produção em massa, com as seguintes
características de padronização: o maquinário, o material, a mão-de-obra, o
design do produto e o custo mínimo (CHIAVENATO, 2004).
Segundo Maximiano (2005), a produção em massa se baseia em peças
padronizadas e na especialização do trabalhador.
Peças padronizadas:
 Máquinas especializadas;

 Sistema universal de fabricação e calibragem;

 Controle da qualidade;

 Simplificação das peças;

 Simplificação do processo produtivo.

Trabalhador especializado:
 Uma única tarefa (ou um pequeno número);

 Posição fixa dentro de uma sequência de tarefas;

 O trabalho vem até o trabalhador;

 As peças e as máquinas ficam no posto de trabalho.

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Sobre os princípios da produção em massa, Maximiano (2005) destaca
que para alcançar a padronização, Ford passou a utilizar o mesmo sistema de
calibragem para todas as peças em todo o processo de manufatura. Isso gerou
o que atualmente conhecemos como controle da qualidade.
Ford também buscou tornar o processo produtivo mais simplificado, com
a diminuição do número de peças de seus produtos. Por exemplo, o bloco do
motor de seus automóveis era uma única peça fundida, enquanto que o motor
dos produtos concorrentes era constituído de várias peças separadas.
Na produção em massa, cada etapa do processo produtivo é realizada
por um trabalhador diferente, assim, cada pessoa e cada grupo tem uma tarefa
fixa dentro de um processo bem definido. Por isso, as qualificações do
trabalhador se resumem aos conhecimentos para a execução de uma
determinada tarefa. Sob uma perspectiva crítica, podemos considerar isso como
um trabalho alienado, em que o trabalhador não tem controle do processo
produtivo e nem dos resultados do seu trabalho.
Segundo Chiavenato (2004), Ford adotou três princípios para acelerar a
produção: o princípio da intensificação, o princípio da economicidade e o
princípio da produtividade. Veja quais são os objetivos de cada um.
Princípio da Intensificação: diminuir o tempo de duração da produção com
a utilização imediata dos equipamentos e matérias-primas, e a rápida colocação
do produto no mercado.
Princípio da Economicidade: reduzir ao mínimo o volume do estoque de
matéria-prima em transformação, para que o automóvel fosse pago à empresa
antes do prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida.
Princípio da Produtividade: aumentar a capacidade de produção do
homem por meio da especialização e da linha de montagem.
Na atualidade, as linhas de montagem carregam todos os tipos de
produtos, em diferentes níveis e estágios. Engenheiros de produção e outros
profissionais da área continuam estudando e analisando formas de tornar a
produção mais eficiente. Hoje temos robôs, computadores, cronômetros,

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sistemas de vídeo, mas na essência os princípios da linha de montagem
concebidos por Ford continuam vivos.
Leitura Obrigatória:
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 9. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014. (p. 55-80)
Quer saber mais sobre as influências de Taylor e Ford na Administração?
Então, confira a explicação da professora Aline Eberspacher no material online!
Saiba Mais

Para conhecer um pouco mais a história de Ford, assista ao filme “Ford,


o Homem e a Máquina” disponível no link a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=oTxWtcWB07w
Tema 2: Fayol e o Processo Administrativo
Você percebeu que até agora só estudamos o processo produtivo? A
maior preocupação naquela época era referente ao que nós chamamos de “chão
de fábrica”, ou seja, no modo de produção. Contrapondo-se a essa concentração
de conhecimentos, Henri Fayol estudou e analisou a estrutura da empresa e
apresentou a divisão organizacional e a função do administrador, temas que até
então não haviam sidos abordados.
Quem foi Henry Fayol?
O francês e engenheiro de minas Henry Fayol (1841-1925), iniciou sua
carreira profissional em 1860, em uma empresa metalúrgica e de produção de
carvão. Aposentou-se na mesma empresa em 1918, onde ingressou em 1888
(SCATENA, 2012). Fayol foi contemporâneo à Taylor, contudo diferentemente
deste (que trabalhou nos níveis operacionais da fábrica) Fayol começou na
cúpula administrativa, buscando a definição das funções administrativas, que,
segundo ele, era a habilidade mais requerida pela direção de uma organização
(KWASNICKA, 2009). Seu trabalho foi considerado uma das maiores
contribuições para o campo da gerência e da administração.
Em 1908 publicou “Os Princípios da Administração” em que mostra as
possibilidades de formar administradores e criar o ensino formal de

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administração. Nesta obra ele também trata de forma mais clara os cinco
elementos primários da administração: prever, organizar, comandar, coordenar
e controlar (POCCC). Para Fayol, a administração é uma atividade comum a
qualquer empreendimento humano, a qual exige planejamento, organização,
direção, coordenação e controle. Assim, ele considerava que todos deveriam
estudá-la, o que demandaria a estruturação, e consequentemente o ensino, de
uma Teoria Geral da Administração.
Para cumprir esse objetivo, Fayol criou e divulgou sua própria teoria e
dividiu a empresa em seis atividades (ou funções) que são: função técnica,
função comercial, função financeira, função segurança, função contabilidade e
função administração. Veja os principais elementos de cada uma delas.
Função Técnica: produção e manufatura
Função Comercial: compra, venda, troca
Função Financeira: procura e utilização de capital
Função Segurança: proteção da propriedade e das pessoas
Função Contabilidade: registro de estoques, balanços, custos,
estatísticas
Função Administração: planejamento, organização, direção,
coordenação e controle.
Fayol fortalece o papel do gerente e sua capacidade de tomar decisões,
estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos integrantes
da organização, a fim de que as atividades de previsão, organização, comando,
coordenação e controle tenham uma sequência apropriada.
Por fim, complementa sua teoria com a proposição de 14 princípios para
uma administração eficaz, que são as diretrizes que devem orientar a ação dos
administradores. Quer conhecê-los? Então, clique no link a seguir!
http://172.16.0.8/dev/designer/vivi/ccdd_grad/nucleoComum/fundamento
sGST/a2/includes/pdf/fayol.pdf

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Leitura Obrigatória:
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 9. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014. (p. 81-88) No material online, a professora Aline Eberspacher
aborda alguns aspectos interessantes sobre o processo administrativo proposto
por Fayol. Não perca!
Saiba Mais
Você observou que as teorias de Fayol são diferentes das de Taylor e
Ford. Porém, você percebeu como elas são complementares?
A obra de Fayol só ficou conhecida nos Estados Unidos em 1949,
embora tenha sido traduzida para o inglês em 1929. No final de sua
vida, Fayol comparou suas ideias com as de Taylor e concluiu que elas
deveriam ser complementares. SCATENA (2012)

Tema 3: Escola Burocrática


Você com certeza já passou por algum momento burocrático em sua vida,
e provavelmente o definiu como algo muito chato e desnecessário. Mas, afinal
quem foi que inventou essa tal de burocracia? Calma! Ao contrário do que
parece, a burocracia não apresenta somente características negativas. Ela é um
modo de gerir uma empresa, ou até mesmo uma sociedade. Por meio dos
princípios burocráticos podemos estabelecer os melhores critérios e elementos
para coordenarmos e controlarmos determinados eventos.
Mas, qual é a origem da burocracia? Onde ela começou? E quem pensou
nesse modo de organização social? A resposta está a seguir!
Weber e a Teoria da Burocracia
A burocracia nos é apresentada por meio do sociólogo, jurista, historiador e
economista alemão Maximilian Carl Emil Weber, conhecido como Max Weber.
Seu trabalho foi tão pertinente que outros autores buscaram nele a base para
suas pesquisas. Weber nos mostra que os comportamentos e as ações
individuais são guiadas por normas coletivas que já foram aceitas e reconhecidas
pela sociedade (ou seja, legitimadas).
Conforme Weber, existe uma convenção de regras sociais que orientam
e dirigem o comportamento das pessoas e elas são regidas por normas e leis
racionalmente determinadas. A palavra chave da burocracia segundo Weber é

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racionalidade. Quer entender como e porque surgiu esse pensamento weberiano
burocrático?
A partir da década de 1940 surgiram algumas reflexões e
questionamentos sobre as teorias administrativas da época. A primeira crítica foi
em relação ao mecanicismo da Teoria Clássica (Taylor e Fayol) e a segunda foi
em relação ao chamado romantismo da Escola de Relações Humanas (que
estudaremos mais adiante). Essas críticas mostraram que faltava aos
administradores uma orientação que permitisse uma nova visão sobre a forma
de gestão, e como as organizações estavam em voga na época, a gestão era
um tema que chamava atenção dos pesquisadores.
Tipos de Sociedade
Em um primeiro momento, Weber faz uma análise e distingue a sociedade
em três tipos (CHIAVENATO, 2014): sociedade tradicional, sociedade
carismática e sociedade legal, racional ou burocrática. A seguir, conheça as
principais características de cada uma delas.
Sociedade Tradicional: na sociedade tradicional predominam as
características das famílias patriarcais e patrimonialistas, como famílias, clãs e
sociedade medieval.
Sociedade Carismática: na sociedade carismática predominam as
características místicas, baseadas no poder e no carisma, como grupos
revolucionários ou mesmo partidos políticos.
Sociedade Legal, Racional ou Burocrática: na sociedade legal, racional ou
burocrática predominam as normas impessoais e a racionalidade na escolha dos
meios, são comuns em grandes empresas, estados modernos e exército.
Tipos de Autoridade
“Autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem
específica seja obedecido”. (CHIAVENATO, 2014). A autoridade representa o
poder institucionalizado. Significa dizer que quem tem poder impõe sua vontade,
pois possui a legitimidade e o seu poder é aceito e reconhecido.
Weber apresenta três tipos de autoridades, conforme o tipo de sociedade:

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Autoridade Tradicional: a autoridade tradicional prevalece nas sociedades
mais tradicionais. Aceita-se o poder porque “sempre foi feito assim”. Está muito
presente em organizações como famílias, clãs ou até mesmo empresas
familiares. Importante destacar que o poder tradicional não é racional, ele pode
ser transmitido por herança e é extremamente conservador.
Autoridade Carismática: o termo carisma no sentido religioso significa o
dom gratuito de Deus, estado da graça. Os subordinados aceitam o poder do
superior por causa do seu carisma, da sua capacidade de influenciar, de liderar
e sobretudo por se sentirem identificados. Podemos citar como exemplo de
líderes carismáticos os políticos Hitler e Kennedy. É importante destacar que o
poder carismático não tem base racional, é instável e facilmente adquire
características revolucionárias.
Autoridade Legal, Racional ou Burocrática: neste modelo a autoridade é
legitimada. Os subordinados aceitam as ordens porque concordam com os
preceitos e as normas que consideram legítimas. É uma autoridade racional,
técnica, meritocrática e administrativa. Quando a autoridade é formal, com base
nas normas e leis, a obediência acontece a um conjunto de regras previamente
estabelecido, e essa relação permite a identificação da autoridade legal. Assim,
a burocracia se sustenta e dá aparato à dominação legal, através das normas,
leis e métodos dos critérios de seleção. É importante ressaltar que a burocracia
é o modo de organização típico da sociedade moderna democrática, e ela está
presente na maioria das grandes empresas, sejam elas públicas ou privadas.
Características da Burocracia
Depois de entendermos os tipos de sociedade e liderança, vamos
entender o que é burocracia e quais são suas características.
“A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos
pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance
destes objetivos”. CHIAVENATO (2014)
A formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo são os pilares que
alicerçam a burocracia. Assim, podemos dizer que a burocracia acontece no

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nosso cotidiano e estamos rotineiramente envolvidos neste processo. É
importante lembrar que a base da burocracia é a racionalidade.
Uma organização que se prevalece da burocracia possui algumas
características marcantes.
 As normas são legalizadas;

 A comunicação é formal, de modo geral, escrita e impessoal;

 Os trabalhos são divididos conforme as competências, de modo que


cada uma saiba qual a sua função;

 Os relacionamentos são impessoais, significa dizer que podemos


trabalhar com alguém sem nem ao mesmo saber o nome destas
pessoas;

 A hierarquia é atributo das organizações burocráticas, uma vez que


cada colaborador sabe qual é seu papel dentro da organização e
quem é o seu superior direto;

 A forma de trabalho está definida através das rotinas e dos


procedimentos estabelecidos e documentados, que direcionam o
modo de agir dentro da organização;

 O crescimento e o reconhecimento profissional acontecem através da


competência técnica e da meritocracia, ou seja, em uma organização
burocrática a pessoa não pode “ganhar um cargo” ou “crescer”
profissionalmente por ser “amigo do chefe”, mas sim por ser bom
tecnicamente;

 A Teoria da Burocracia defende que a administração da empresa


deve ser feita pelos administradores, que devem estar preparados
tecnicamente, e não pelo “dono” que pode se envolver
emocionalmente nos negócios.

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A burocracia exige profissionais capacitados, ou seja, tecnicamente
preparados para realizar suas funções. É interessante observar que quanto mais
racional a sociedade for, mais impessoais e burocráticas as relações serão.
As características da burocracia proporcionam uma grande vantagem,
que é a previsibilidade de como a organização funciona. A consequência disso
é a padronização nos desempenhos e uma previsibilidade de comportamento.
Descubra quais são as bases, as consequências previstas e o objetivo de
uma organização burocrática.
Bases:
1. Caráter legal das normas.
2. Caráter formal das comunicações.
3. Divisão do trabalho.
4. Impessoalidade no relacionamento.
5. Hierarquização da autoridade.
6. Rotinas e Procedimentos
7. Competência técnica e mérito.
8. Especialização da administração.
9. Profissionalização.
10. Previsibilidade do funcionamento.
Consequências Previstas:
1. Previsibilidade do comportamento humano.
2. Padronização do desempenho dos participantes.
Objetivo:
1. Máxima eficiência da organização.
Disfunções da Burocracia
Como pudemos observar, a burocracia apresenta inúmeras vantagens,
como por exemplo: a uniformidade de rotinas e procedimentos; a confiabilidade
nas regras e nos processos conhecidos e o prevalecimento da racionalidade e
da rapidez em relação às decisões da organização.

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Entretanto, apesar de falarmos sobre os benefícios da burocracia, todos
os seus excessos nos fazem mal, pois engessam e dificultam os procedimentos
organizacionais. Chamamos esses excessos de disfunções da burocracia. A
seguir, e analise alguns exemplos de excesso de burocracia:
 Quando existe uma excessiva internalização das regras e apego aos
regulamentos, sem se preocupar com a solução do problema;

 Valorização do excesso de formalismo e de papéis, o que dificulta a


resolução de problemas;

 Apresentação de uma grande resistência às mudanças, não


permitindo inovação;

 Excesso de formalismo, que despersonaliza os relacionamentos


dentro da organização;

 Superconformidade dos colaboradores em relação às rotinas e aos


procedimentos;

 Excesso de exibição de sinais de autoridade;

 Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público,


esquecendo que ele é a razão de ser da organização.

A disfunção burocrática é um problema muito sério e muito


frequentemente nas organizações, sobretudo no que tange ao atendimento ao
público. Clique no link, a seguir, e assista a uma animação que demonstra os
problemas dos excessos da burocracia no telemarketing.
https://www.youtube.com/watch?v=Ch0SCseJ_mQ
Como pudemos observar todas as teorias administrativas apresentam
características positivas e negativas. A própria burocracia é muito útil dentro da
organização, entretanto se apresentar excessos haverá a disfunção
comprometedora.

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O quadro, a seguir, apresenta dois extremos, entre a escassez e o
excesso de burocracia, ou melhor, entre a desordem e a rigidez. Segundo a
Teoria da Burocracia, o ideal seria a coluna do meio (que apresenta a eficiência).
Observe-o:

E para finalizar a Teoria da Burocracia, analise na tabela, a seguir, uma


comparação entre as ideias dos pensadores que estudamos: Taylor, Fayol e
Weber.

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Leitura Obrigatória:
SCATENA, M. I. C., Ferramentas para a moderna gestão empresarial:
teoria, implementação e prática. Curitiba: Intersaberes, 2012 – pg. 62- 64
Agora é com a professora Aline Eberspacher! Veja o que ela tem a dizer
sobre a Escola Burocrática no material online.
Saiba Mais:
A implantação da burocracia trouxe muitas vantagens e desvantagens. O
artigo “A Burocracia Destruindo Valor: estudo de casos” enfatiza esse segundo
aspecto de modo bem prático. Leia-o clicando no link a seguir.
http://revista.unilins.edu.br/index.php/cognitio/article/view/13

Tema 4: Modelo Japonês de Administração


Depois de conhecer o modelo americano de gestão (Taylor e Ford),
entender a estrutura organizacional através do francês Fayol e perceber a
importância da burocracia através do alemão Weber, você irá viajar para o
oriente e conhecer um pouco da cultura e do modo de vida japonês, que muito
influenciou o modelo de gestão das empresas.

A administração japonesa poderia ser classificada como um modelo


fortemente embasada na participação direta dos trabalhadores, em
especial na participação da produtividade e eficiência voltada à tarefa.
(FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997).

As peculiaridades da administração japonesa merecem uma discussão


mais profunda, pois vão além de técnicas gerenciais, a exemplo de sua cultura.

A cultura organizacional das empresas japonesas é uma das respostas


para o sucesso do modelo japonês de administração, contudo não é a única.
Para avançarmos no entendimento desse modelo faz-se necessário
compreender os elementos históricos que levaram a emergência do modelo de
administração japonesa.

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O contexto japonês do pós-guerra e os limites da produtividade
A história do processo de industrialização do Japão foi marcada pela
busca da transferência de tecnologias das ações ocidentais mais avançadas,
particularmente Estados Unidos e Alemanha, tanto antes do período da Primeira
Guerra Mundial, quanto após a Segunda Guerra Mundial. Contudo destacamos
que a simples “aplicação” ou “adaptação” de técnicas de gestão não seriam
capazes de explicar a hegemonia japonesa, mas há de se ressaltar que as
técnicas foram aplicadas em um ambiente cultural diferente do ocidental.

A cultura do Japão é, em grande parte, responsável pelo sucesso da


administração japonesa, sendo essa baseada em valores e na disciplina do
povo. O país destruído e precisando se reerguer implantou em seus setores
produtivos o conceito fundamental de evitar o desperdício, e de buscar a
melhoria contínua, aprimorando sempre seus produtos por meio do “fazer bem
feito e na primeira vez” (SCATENA, 2012).

O combate ao desperdício e o trabalho de grupo são dois elementos


presentes na cultura japonesa que ajudam a explicar sua hegemonia. Depois da
guerra, a escassez de recursos provocou enormes dificuldades que só se
amenizaram com um trabalho metódico e duro. O trabalho em equipe está
enraizado desde seus tempos imemoriais.

“No sistema feudal japonês havia a necessidade de associação para


manutenção da identidade e do amor próprio. Da mesma forma a
cultura do arroz, que requer colaboração, e a estrutura arquitetônica
das residências proporcionava relacionamentos e uma
interdependência das pessoas em sociedade”. (MAXIMIANO, 2006)
O período pós-guerra caracterizou-se por uma crise generalizada, o que
levou a um esforço de levantar o país por meio de três pilares: um partido político
forte consolidado no poder, paz trabalhista e unificação do povo. Segundo
Ferreira, Reis e Pereira (1997), o governo se comprometeu com a educação,
além da valorização cultural da instrução, alta taxa de poupança interna, ampla
utilização de serviços públicos de consultoria para o desenvolvimento
empresarial, compra de tecnologia e a manutenção da essência dos valores

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culturais. Forma-se assim um amplo contexto em que se insere a administração
japonesa.

O incentivo à profissionalização também contribuiu para este contexto.


Além da análise das variáveis culturais, vale destacar a busca pela
profissionalização da gestão japonesa. No ano de 1946 Deming, Juran e Crosby
fundaram a JUSE (Sindicato de Cientistas e Engenheiros do Japão). Deming
ministrou palestras para líderes e gerentes das indústrias do Japão, com o
objetivo de ajudar o país a se reerguer para alterar a reputação dos produtos e
serviços que naquela época era de má qualidade. O Japão instituiu o conceito
de qualidade dentro das indústrias japonesas de acordo com a sua cultura,
precedendo ao que conhecemos hoje como gestão da Qualidade Total. Esta
filosofia de qualidade alavancou a economia afetada pela guerra, criando força
para as indústrias e ganhando espaço no mercado internacional.

Inicialmente, este conceito foi utilizado na indústria automobilística da


Toyota. O período pós-guerra trouxe recessão e crise econômica para esta
organização, houve paralisação de fábricas, corte de salários e demissões. O
então presidente, Kiichiro Toyoda, assumiu toda a responsabilidade e pediu
demissão da presidência, nomeando o seu primo, Eiji Toyoda para o cargo. A
atuação deste transformou a Toyota Motor Company em sinônimo de sucesso.
Quer saber como? Clique no link, a seguir, e confira uma reportagem sobre o
assunto.

http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Empresa/noticia/2013/09/o-
legado-de-eiji-toyoda.html

O sistema japonês de administração, conhecido como Toyotismo, foi


amplamente disseminado no Brasil a partir da década de 1980, quando as
grandes empresas nacionais e multinacionais passaram a adotar as práticas
desse modelo para melhorar sua produtividade e competitividade.
O Japão foi destruído na Segunda Guerra e se reconstruiu. Após 25 anos
decorridos da guerra despontava no mercado internacional com produtos de

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ótima qualidade e baixo custo quando comparados aos produtos norte-
americanos. Produtos eletrônicos e do setor automobilístico foram os primeiros
a serem inseridos no mercado internacional, causando incomodo aos países
ocidentais, que pela primeira vez perderam sua hegemonia (SCATENA, 2012).

O aumento da produtividade no sistema japonês está fundamentado na


eliminação de desperdícios, disciplina, no fortalecimento do trabalho em equipe,
na utilização das ideias dos próprios funcionários (MAXIMIANO, 2006;
SCATENA, 2012).

Características do Sistema Toyota


Ao falarmos do modelo japonês de administração consequentemente
falamos da Toyota, empresa que foi pioneira neste sentido. Que tal conhecer um
pouco a empresa que idealizou e aplicou o sistema japonês de administração?

“O Sistema Toyota nasceu nos anos 50, quando Toyoda e Ohno,


visitando a Ford nos Estados Unidos, concluíram que seu modelo
privilegiava o desperdício devido ao grande porte das fábricas, excesso
de estoques e mão de obra com especialidades limitadas. Então,
diante da escassez de recursos causada pela Segunda Guerra
Mundial, a Toyota simplificou e modificou o sistema de Ford. Dessa
forma, nasceu o elemento básico do sistema Toyota: a eliminação de
desperdícios”. (MAXIMIANO, 2006).

Segundo Maximiano (2006), o sistema Toyota preconiza três principais


ideias para a eliminação do desperdício: a racionalização da força de trabalho, o
método just in time e o sistema de produção flexível.

A racionalização da força de trabalho da Toyota consiste em agrupar os


operários em equipes, que recebem um conjunto de tarefas de montagem com
a missão de executá-las, coletivamente, da melhor maneira possível.

O método just in time busca reduzir ao mínimo o tempo de fabricação e o


volume de estoques. Assim, há um fluxo contínuo de materiais alinhados à
programação da produção, evitando que os produtos fiquem parados na fábrica,
e consequentemente, o seu desperdício. Outro elemento importante nesse

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método é que as empresas podem desenvolver parcerias com poucos
fornecedores para fortalecer sua cadeia de suprimentos.

O sistema de produção flexível consiste em fabricar produtos de acordo


com as encomendas dos clientes. Esse sistema necessitava de mudanças
constantes nas máquinas da linha de produção, por isso os funcionários da
Toyota tinham autonomia para a adaptar os moldes das prensas que fazem as
latarias dos veículos de acordo com as necessidades dos clientes. Segundo
Ferreira, Reis e Pereira (1997) e Scatena (2012), as características básicas do
sistema japonês são: just in time, kanban, muda e kaizen.

Just in Time: visa a diminuição dos estoques, pois alinha a produção dos
fornecedores com a demanda dos clientes.
Kanban: sinais visuais que informam o estágio em que o produto se
encontra na linha de produção.
Muda: eliminação de desperdícios.
Kaizen: melhoria contínua de todos os processos e atividades que
envolvam o produto até sua entrega ao cliente.

Agora que você conheceu o modelo japonês de administração, observe e


identifique alguma empresa no seu contexto que utiliza esse modelo de
produção.
Leitura Obrigatória:

SCATENA, M. I. C., Ferramentas para a moderna gestão empresarial:


teoria, implementação e prática. Curitiba: Intersaberes, 2012 – pg. 125- 134
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o modelo japonês de
administração, assista à explicação da professora Aline Eberspacher no material
online.
Saiba Mais:
Empresas como a Toyota e a Honda frequentemente superam crises
econômicas. Isso porque suas gestões são eficientes e inovadoras. Fique por

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dentro dos principais aspectos administrativos dessas organizações lendo a
matéria indicada a seguir.
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2015/04/porqu
e-toyota-e-honda-vencem-na-crise.html

Tema 5: Escolas da Qualidade


O processo de busca pela excelência é um esforço contínuo das
organizações. Sendo assim é relevante as organizações considerarem a
qualidade como um fator essencial para o alcance da vantagem competitiva.
A história da administração da qualidade total se confunde com a história
do modelo japonês de administração, pois este é uma combinação dos princípios
de técnicas da qualidade total, da administração científica e das tradições
culturais japonesas (MAXIMIANO, 2009).
Evolução Histórica da Qualidade
Várias foram as concepções sobre a qualidade ao longo do século XX,
em especial nos Estados Unidos e Japão, países que se destacaram nos
estudos e aplicações sobre o tema (BARROS; BONAFINI, 2014). A qualidade
total é uma filosofia de gestão organizacional criada após a Segunda Guerra
Mundial, e colocada em prática com bastante êxito pelas empresas japonesas.
A preocupação com a qualidade não é recente, na sociedade agrícola
sempre houve a preocupação em relação à qualidade dos grãos. Na Idade
Média, os produtos artesanais eram valorizados de acordo com sua qualidade e
acabamento. E ainda hoje, pensamos na qualidade de um produto como um fator
decisório de compra. Assim, percebemos que a qualidade influencia muitas das
atividades cotidianas e organizacionais. Nesse sentido, vale a pena
compreender a evolução da histórica do conceito da qualidade organizacional,
representada a seguir.
Inspeção:
 Conformidade do produto com um padrão.

 Inspeção do produto acabado, sem análise do processo.

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Controle estatístico:
 Inspeção por amostragem.

 Setores responsáveis pela qualidade.

 Ferramentas estatísticas para detecção de variações no processo


produtivo.

Garantia da qualidade:
 Foco na prevenção de defeitos.

 Envolvimento de todos os setores da empresa.

 Criação de sistemas de qualidade.

 Conceito de qualidade total.

Gestão da qualidade total:


 Foco na gestão.

 Envolvimento integral da empresa.

 Superação das expectativas do cliente.

 Surgimento das normas ISO.

“No início do século XX, a qualidade significava uniformidade e


ausência de variação. Na produção em massa, as peças deveriam ser
idênticas, em conformidade com as especificações técnicas, e a
qualidade era controlada por meio da inspeção, foi neste momento que
começaram a ser empregadas as primeiras ferramentas estatísticas.
MAXIMIANO (2009).

No final da década de 1930 nascia o controle estatístico da qualidade e


setores específicos nas empresas que eram exclusivamente dedicados a esse
trabalho. O foco ainda permanecia no levantamento das variabilidades da
produção. Em 1940, Shewart criou o gráfico de controle de processos, que
permitiu verificar as inconsistências nos processos produtivos, bem como as

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suas causas. Como esse controle englobava todo o processo produtivo, a
qualidade estava voltada para a indústria e para os processos fabris (LELIS,
2012).
A indústria norte-americana havia empreendido enormes esforços na
produção de artefatos de uso militar, negligenciando a produção de bens de
consumo. A qualidade de seus produtos estava cada vez pior, pois privilegiava-
se a quantidade em detrimento da qualidade. Situação totalmente diferente do
Japão, em que surgiam padrões e normas de qualidade nas empresas, cujo foco
passou a recair na prevenção de defeitos. Nascia, assim, o conceito de qualidade
total, em que a qualidade deixava de ser responsabilidade se um setor específico
e passava a ter o envolvimento de todos da empresa (LELIS, 2012).
A partir da década de 1970, o ocidente passou a reagir à hegemonia dos
produtos japoneses, iniciando-se o período conhecido como era da gestão da
qualidade total, cuja principal característica é o foco no cliente e nos processos
de gestão. Nas décadas de 1980 e 1990, a gestão da qualidade tornou-se
extremamente difundida, especialmente porque o mundo queria conhecer as
ferramentas que promoveram o renascimento e o sucesso industrial do Japão.
Na década de 1980 também sugiram as normas ISO, como um símbolo de
reconhecimento da qualidade (LELIS, 2012).
A seguir, estão representados os principais gurus da qualidade.
William Edwards Deming: nasceu em Sioux City, nos Estados Unidos, em
14 de outubro de 1900. Gradou-se em engenharia em 1921, permanecendo na
Universidade de Wyoming para até 1922 para estudar matemática. Depois disso,
transferiu-se para a Escola de Minas do Colorado, onde desenvolveu seu
mestrado em matemática e física. Concluiu o doutorado nessas mesmas áreas
em 1928. Faleceu em 20 de dezembro de 1993 (BARROS; BONAFINI, 2014).
Deming foi um dos primeiros estudiosos da qualidade a ir ao Japão para
capacitar os empresários do país em relação ao controle estatístico da
qualidade. Como consultor internacional, difundiu os novos princípios da

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administração, revolucionando a qualidade e a produtividade da indústria
japonesa.
Joseph M. Juran: nasceu na Romênia, em 1904, e foi para os Estados
Unidos com oito anos de idade. Em 1920 ingressou na Universidade de
Minnesota, onde se formou em engenharia elétrica. Também se dedicou ao
estúdio do direito, obtendo seu diploma pela Loyola University na Chicago School
of Law. Em 1979, fundou o Instituto Juran, uma das maiores instituições voltadas
para a qualidade no mundo. Assim como Deming, Juran teve maior
reconhecimento de suas ideias no Japão, e tornou-se conhecido para o mundo
após a sua primeira visita ao país em 1954. Faleceu em Rye, Nova York, aos
103 anos (BARROS; BONAFINI, 2014).
Philip Crosby: nasceu em 18 de junho de 1926, nos Estados Unidos.
Serviu na Segunda Guerra Mundial, na Guerra da Coreia, e entre uma guerra e
outra, estudou Medicina na Ohio College. Em 1979, fundou a Philip Crosby
Associates, uma empresa de consultoria em gestão da qualidade. Crosby
faleceu em 2001, seu nome está associado aos conceitos de “zero defeito” e
“fazer bem na primeira vez” (BARROS; BONAFINI, 2014).
Armand Vallin Feigenbaum: nasceu em 1920, nos Estados Unidos,
faleceu em novembro de 2014. Aos 24 anos já era um expert da qualidade na
General Eletric (GE), e continuou avançado profissionalmente, enquanto
concluía seu doutorado em Ciências no Massachusetts Institute of Technology
(MIT), em 1951. Em 1958 foi nomeado diretor mundial de produção da GE e vice-
presidente da American Society for Quality Control (ASQC), da qual se tornou
presidente em 1961. Foi presidente e CEO da General Systems Company,
empresa de engenharia fundada pelo próprio Feigenbaum em 1961, que projeta
e instala sistemas operacionais. Sua principal obra, Controle da Qualidade Total”
foi escrita em 1951. Em 2008, foi presenteado com a Medalha Nacional de
Tecnologia e Inovação pelo presidente George W. Bush em uma cerimônia na
Ala Leste da Casa Branca (BARROS; BONAFINI, 2014).

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Kaoru Ishikawa: nasceu em 1915, em Tóquio, e faleceu no mesmo local
em 1989. Graduou-se em química aplicada pela Faculdade de Engenharia da
Universidade de Tóquio, em 1939. Em 1947 voltou a universidade para estudar
metodologias estatísticas. Em 1949, Ishikawa ingressou na União Japonesa de
Cientistas e Engenheiros (JUSE), um grupo de pesquisa que atua no controle da
qualidade (BARROS; BONAFINI, 2014).
Genichi Taguchi: nasceu em janeiro de 1924 em Tokamachi, no Japão.
Iniciou seus estudos em engenharia têxtil, porém, em 1942, interessou-se por
estatística. De 1948 a 1950 trabalhou para o Instituto de Estatística Matemática
e ganhou reconhecimento por sua atuação em experimentos industriais
relacionados à produção de penicilina. Em 1950, começou a trabalhar na
Electronic Communications Laboratory (ECL), da Nippon Telegraph and
Telephone Corporation, apenas no controle da qualidade estatística.
Taguchi passa a ser popular no Japão sob a influência de Deming e da
JUSE. Entre 1954 e 1955, foi professor no Indian Statistical Institute, onde
trabalhou com Fisher e Shewhart. Em 1962, logo após concluir seu doutorado
na Universidade de Kyushi, Taguchi deixou a ECL e começou a lecionar
engenharia na Universidade de Aoyama Gakuin, em Tóquio. A partir de 1982 foi
assessor da Japanese Standards Institute e diretor executivo do American
Supplier Institute. É criador do movimento Robust Design, ganhou por quatro
vezes o prêmio Deming do Japão, sendo o primeiro deles por sua contribuição
ao desenvolvimento da estatística aplicada à qualidade. Faleceu em junho de
2012, no Japão (BARROS; BONAFINI, 2014).
Leitura Obrigatória:
LELIS, E. C. G. (Org.). Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2012. (Capítulo 1 – p. 1- 46).
Quer saber mais sobre as escolas da qualidade? A professora Aline
Eberspacher explica detalhadamente este assunto no material online.

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Saiba Mais
Interessou-se pela temática de qualidade? Que tal acessar a Fundação
Nacional da Qualidade (FNQ) que busca as melhores práticas da gestão para o
aumento da competitividade das organizações do Brasil? Clique no link, a seguir,
e confira!
http://www.fnq.org.br/

Na Prática
A cozinha do McDonald’s
Assim como Ford havia feito em sua fábrica de automóveis, em 1948 os
irmãos McDonald transformaram sua lanchonete em uma linha de montagem por
meio do modelo Speedee Service System que dispensava cozinheiros, já que
nele cada funcionário tinha só uma tarefa, agilizando todo o processo de
trabalho. Considerado base de todas as redes de fast food, esse sistema já foi
acusado de promover o consumismo e a alienação, porém uma coisa ninguém
nega: na prática, ele funciona muito bem. A seguir, e conheça melhor cada etapa
desse modelo.
Pedido: assim que o caixa registra o pedido, outro funcionário,
pertencente ao grupo de apoio, passa o recado para a cozinha, fazendo com que
a tostadeira (estação de condimentos) e a chapa entram simultaneamente em
ação. A porção de fritas também é encarregada pelo grupo de apoio.
Tostadeira: a máquina funciona como uma torradeira gigante, que avisa
quando o pão está no ponto.
Condimentos”: aqui, o pão quentinho recebe picles, cebola, molho, queijo
etc.
Carnes: enquanto o pão é tostado e preparado, as duas chapas já estão
quentes, sendo que uma delas é específica para a preparação de hambúrgueres
normais enquanto a outra é destinada para os grandes.
Montagem: a bordo de uma bandeja móvel, os pães chegam à estação da
chapa. Nela, o sanduíche é montado e encaminhado ao setor de embalagem.

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Finalização: o funcionário que atende na etapa de "produção final" checa
o estado do sanduíche antes de deste ir para a estufa. Lanches
"descaracterizados" (muita alface, queijo na ordem errada) vão para o lixo.
Com base nessas informações, analise a seguinte questão: quais
princípios vistos na aula de hoje podem ser identificados no processo de
produção do McDonald’s?
Resposta: Podemos observar os Princípios da Produção em Massa
de Henry Ford e os da Administração Científica de Taylor (como o estudo
do tempo e do movimento) no modelo de produção do McDonald’s por
meio da padronização de tarefas, ferramentas e instrumentos nos
respectivos processos: desempenho uma única tarefa por cada
trabalhador; sistema em que o trabalho vem até o trabalhador (e não o
contrário) e imobilidade das peças e máquinas no posto de trabalho.
Síntese
Chegamos ao final de mais um encontro! Nesta aula, que foi nossa viagem
através do tempo e da história dos princípios administrativos, apreendemos
sobre a importância de algumas teorias e seus principais pensadores. Ainda,
podemos observar em como cada teoria influenciou e continua influenciando a
forma de gestão da empresa contemporânea. Esperamos que tenha a
aproveitado e nos encontramos na próxima aula. Para finalizar, assista às
considerações da professora Aline Eberspacher no material online.
Referências
BARROS, E.; BONAFINI, f. (Org.) Ferramentas da Qualidade. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2004.
CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à Teoria das Organizações. Barueri,
SP: Manoele, 2014.
FAYOL, Henry. Administração Industrial e Geral. 9ª ed., São Paulo:
Atlas, 1976.

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FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de
Taylor aos nossos dias. São Paulo: Cencage Lerning, 1997.
Fonte: HIRATA, G. A cozinha do McDonalds. SuperInteressante,
agosto de 2009. Acesso: http://super.abril.com.br/alimentacao/cozinha-
mcdonald-s-621676.shtml)
LELIS, E. C. G. (Org.). Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2012.
MAXIMIANO, A.C.A. Teoria Geral da Administração: da revolução
urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2005
MAXIMIANO, Antônio C. A. Introdução à Administração. 5ª edição. São
Paulo: Atlas, 2011.

KWASNICKA, E.L. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas: 2009.

SCATENA, M. I. C. Ferramentas Para a Moderna Gestão Empresarial:


teoria, implementação e prática. Curitiba: InterSaberes, 2012.

TAYLOR, Frederick W. Princípios de Administração Científica. São


Paulo: Atlas, 1990.

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