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Devido à recente aceitação da teoria dos princípios (formulada inicialmente por Robert
Alexy), ainda há profundas divergências sobre quais são, de fato, os princípios. Na verdade,
existe hoje uma "banalização dos princípios", situação em que qualquer norma, por mais
específica que seja, pode ser considerada um princípio, apenas porque determinado autor
deseja realçar o seu valor. Assim, contam-se várias dezenas de "princípios" considerados
"gerais de Direito Administrativo".
2.1 Legalidade
c) atos regulamentares: têm a função de detalhar a lei, permitindo sua melhor execução.
Normalmente, têm a forma de decretos, editados pelo presidente da República. Podem ser
veiculados também por outros formatos, como instruções ministeriais e resoluções de
agências reguladoras;
Observe-se, portanto, que somente a lei [ 3 ] pode ser fonte primária de obrigações, ou seja,
todas as obrigações impostas aos indivíduos devem ter origem legal. Isso, porém, não
impede que os atos editados pela administração pública (regulamentares ou apenas
normativos) fixem obrigações; mas estas devem ser secundárias, ou seja, decorrentes de
explícita permissão legal.
Uma das decorrências desse princípio é o requisito essencial da competência para a prática
de atos administrativos. Assim, enquanto os particulares precisam apenas de capacidade
para agir em nome próprio, os agentes públicos somente podem atuar validamente se o ato
estiver previsto entre suas atribuições legais.
Existem, porém, exceções a esse princípio, ou seja, atos administrativos que não estão
subordinados à lei, pois estes se encontram diretamente vinculados à Constituição . Dentre
eles, destacam-se os decretos autônomos (CF , art. 84 , VI): geralmente, os decretos são
atos administrativos normativos cuja função é regulamentar a lei (CF , art. 84 , IV). Porém,
a Emenda Constitucional 32 /2001 instituiu a possibilidade de o presidente da República
editar decretos, sem lastro legal, sobre "organização e funcionamento da administração
federal", desde que respeitadas as restrições constantes no mesmo inciso [ 4 ].
2.2 Impessoalidade
A atuação das pessoas em geral é movida por seus interesses egoísticos, ou seja, busca-se a
satisfação das próprias necessidades ou daqueles que lhes são próximos. A administração
pública, porém, deve ter como finalidade essencial a satisfação do interesse público,
buscando as melhores alternativas para a sociedade como um todo. E, por "interesse
público", não deve se compreender alguma concepção ideológica pessoal do agente, mas
aquilo que é definido como tal pelo Direito. Portanto, o princípio da impessoalidade (ou da
finalidade) decorre diretamente do princípio da legalidade.
A Lei 8.112 /90 tem vários dispositivos visando desestimular a prática de atos violadores
do princípio da impessoalidade:
(...)
(...)
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau civil;
(...)
(...)
) estende a proibição aos parentes de terceiro grau (tios e sobrinhos), que alcançava apenas
os parentes de segundo grau; e, mais importante,
"§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos."
2.3 Moralidade
Os atos imorais podem ser anulados pelo Poder Judiciário principalmente por meio de:
a) ação popular (CF , art. 5º , LXXIII e Lei 4.717 /65): sujeito ativo - cidadão (eleitor); e
O Decreto 1.711 /94 instituiu o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal, que contém as regras deontológicas (enumeração dos valores
fundamentais a serem obedecidos pelos agentes públicos), os principais deveres dos
servidores públicos, as vedações aos servidores públicos e determina que todos os órgãos e
entidades da administração pública devem ter uma comissão de ética.
A Lei 9.784 /99 também prevê esse princípio, determinando a "atuação segundo padrões
éticos de probidade, decoro e boa-fé" (art. 2º, Parágrafo único, IV).
2.4 Publicidade
b) possibilitar o controle do ato pela população (que pode ajuizar uma ação popular ou
interpor um requerimento administrativo) ou por outros órgãos públicos (como o Ministério
Público, que atua por meio da ação civil pública ou por meio de recomendações aos órgãos
públicos).
A publicidade, por ser interna (dirigida aos integrantes do órgão ou da entidade) ou externa
(dirigida aos cidadãos em geral), deve obedecer à forma prescrita em lei, que, normalmente,
exige a publicação do ato no Diário Oficial. Excepcionalmente, a lei determina a
publicação em jornal de grande circulação ou mesmo a utilização da internet. Nos
processos administrativos, as comunicações processuais aos interessados devem ser feitas
por meio de intimação.
Assim, a publicidade é um ato formal, sob pena de nulidade. Por isso, a Lei 8.112 /90
estipula, entre os deveres dos servidores públicos, o de "guardar sigilo sobre os assuntos da
repartição", uma vez que o servidor não tem a atribuição de divulgar os atos
administrativos.
2.5 Eficiência
3.2 Motivação
3.3 Razoabilidade
3.4 Proporcionalidade
3.6 Contraditório
Interesse público é aquele atribuído à comunidade como um todo e não a cada indivíduo,
isoladamente considerado. A supremacia do interesse público sobre o interesse privado
determina que, no conflito entre esses interesses, o primeiro deve prevalecer. Essa
supremacia não é absoluta, pois sempre deve ser respeitado o núcleo essencial dos direitos
individuais. Ex.: na desapropriação, a regra determina que a indenização do desapropriado
deve ser paga previamente e em dinheiro; respeita-se, assim, o direito de propriedade. A
indisponibilidade do interesse público indica que este não pertence aos agentes públicos,
mas a toda a coletividade. Por isso, é indispensável que esses agentes atuem no sentido de
satisfazer esse interesse, sem nunca renunciar a essa missão. Ex.: em nome do interesse
público, os contratos administrativos devem ser antecedidos de licitação, processo que
permite a escolha do melhor contrato. Em nome da indisponibilidade desse interesse, o
administrador não pode deixar de licitar, exceto nas hipóteses expressamente previstas em
lei. 1. Curso de Direito Administrativo, p. 73 -110. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
2. Incluem-se nessa categoria aqueles atos que tinham status de lei, mas deixaram de ser
utilizados com a nova ordem constitucional, como os Decretos-Lei.
3. Considera-se aqui a lei em sentido amplo, o que inclui a Constituição e todas as espécies
normativas previstas no art. 59 da CF .
5. Ver, por todos, BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do Direito Administrativo. Renovar:
Rio de Janeiro, 2006.
7. Merece referência a divisão feita por Alessi: interesse público primário (da sociedade
como um todo) e interesse público secundário (do Estado como pessoa jurídica).
Obviamente, o interesse público secundário somente pode ser protegido de forma válida se
não contrariar o interesse público primário.
8. O patrocínio de causas privadas por servidores públicos, junto aos órgãos em que atuam,
configura a advocacia adminsitrativa, prevista como crime no art. 321 do Código Penal .
9. Ex.: a norma constitucional que determina Brasília como a Capital Federal. Tratou-se de
uma opção política e não ética, pois não poderia ser considerado "certo" ou "errado" fixar a
capital em outro local.
10. Ex.: o Código Penal exime de pena aquele que comete crime contra o patrimônio de
cônjuge, pai, mãe ou filho (escusa absolutória).
11. No pregão, porém, a apresentação das propostas é feita publicamente, por meio de
lances verbais.
12. Quando essa relação custo-benefício é feita em termos financeiros, têm-se um princípio
derivado da eficiência: o da economicidade, previsto expressamente no art. 70 , caput, da
Constituição , quando se refere ao controle realizado pelo Tribunal de Contas.
13. Direito Constitucional Administrativo, p. 109 - 112. São Paulo: Atlas, 2002.
14. O princípio da eficiência já constava na Lei 8.987 /95, que regulamenta os serviços
públicos.
15. Devido processo legal substantivo ou material é o princípio que exige que todos os atos
estatais (administrativos, judiciais e legislativos) sejam realizados de forma justa,
proporcional e razoável.
16. Atos discricionários são aqueles em que a lei permite certa liberdade de ação ao agente
público.