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Graça Franco
Editor
Raul Santos
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Segunda-feira
10 Maio de 2010
Gratuito
ANSA/EPA
PAPA EM
PORTUGAL
Vaticano
Planos da visita do Papa mantêm-se apesar das
complicações no tráfego aéreo
O Vaticano confirmou este domingo que o programa da visita do Papa a Portugal se mantém,
apesar das complicações que a nuvem de cinzas vulcânicas está a provocar em vários pontos
da Europa e, em particular, nos aeroportos e espaço aéreo nacionais. Esta manhã, Bento XVI
referiu-se à viagem, manifestando a sua “alegria” pela visita a Lisboa, Fátima e Porto.
O porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, o Papa declarou: “Caros amigos, no coração deste mês
confirmou, este domingo, que o Papa vai deslocar-se, mariano, terei a alegria de deslocar-me nos próximos
PÁG. como previsto, a Portugal, apesar das perturbações no
tráfego aéreo provocadas pela nuvem de cinza do vul-
dias a Portugal, visitando a capital, Lisboa, e o Porto,
segunda cidade do país”.
PÁG.
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Grupo r/com
Mais de uma centena de pessoas envolvidas na
cobertura da visita papal
05 Quem assim pensa “não compreende a nova realidade com que nos depara-
mos”, porque hoje “temos que levar uma vida mais austera e realista”.
“Gostava que os católicos estivessem mais preparados para o que aí vem”,
disse, também, D. Carlos Azevedo, sublinhando o facto de ser muito difícil
ra, ela tem raízes mais profundas,
porque se desconsiderou uma di-
mensão estrutural do ser humano
e da sociedade, que é esta ligação
“romper o marasmo”, mesmo entre os católicos. a determinados valores absolutos,
Para D. Carlos Azevedo, é necessário formar novos líderes na sociedade valores permanentes, valores que
e, neste campo, defendeu que a Universidade Católica deve fazer uma estão para além das fronteiras”,
reflexão profunda sobre o seu papel, esforçando-se mais na formação que sublinhou D. Jorge Ortiga em entre-
dá aos seu alunos. vista à Renascença.
Lisboa/Leiria-Fátima/Porto
As expectativas dos três Bispos anfitriões
Na visita que amanhã se inicia, o Papa visitará três para estar na Cova da Iria.
Dioceses - Lisboa, Leiria-Fátima e Porto - e a Renas- A tudo isto, Bispo de Leiria-Fátima junta ainda “um
cença auscultou as expectativas dos anfitriões de Ben- sentimento de consolação, porque a presença do Papa
to XVI. como peregrino de Fátima é uma confirmação da actu-
O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, mos- alidade da mensagem de Fátima para o mundo de hoje
tra-se confiante na mobilização dos portugueses e re- e uma confirmação do carisma do santuário de Fátima
corda, por exemplo, a mobilização de 1982, quando como uma catedral espiritual do mundo”.
João Paulo II visitou, pela primeira vez, o nosso país.
Foi há quase 30 anos e “a sociedade mudou muito”. Com a missão no pensamento
O Papa também já não é o mesmo: “própria figura do
Santo Padre é diferente, não tem aquele poder galva- A poucos dias da chegada do Papa, poderá dizer-se
nizador que tinha o Papa João Paulo II, mas é o Papa”. (com algum exagero de expressão, é certo) que o Bispo
D. José Policarpo sublinha que “a relação do catolicis- do Porto ainda respira de alívio. “A princípio, a viagem
mo português” com a figura do Papa “é muito forte, ao Porto não estava prevista”, recorda D. Manuel Cle-
desde sempre”, apesar de haver registo de “momentos mente, “mas o convite fez-se e, felizmente, foi acei-
altos e baixos”. Contudo, é convicção do Patriarca de te”.
Lisboa que “o povo e o país mantêm uma relação muito O prolongamento da visita é importante “até para ser
forte com a figura do Papa”. uma viagem a Portugal, porque Portugal tem esta me-
tade a Norte de Fátima”, diz o Bispo do Porto, certo
Receber o professor de que “o Papa será muito bem acolhido” na sua Dio-
cese.
A figura do Papa é particularmente bem conhecida do D. Manuel destaca ainda na presença de Bento XVI no
Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, aluno de Jo- Porto o facto de ela “nos confirmar na missão, porque
seph Ratzinger na universidade. Assim, o Bispo diz à temos dedicado este ano à missão e aquilo que pedi-
Renascença que é com “íntima e grande alegria” que mos ao Santo Padre foi, precisamente que, no Porto, a
recebe “o professor Ratzinger, agora como Papa”. 14 de Maio, abordasse esse tema na homilia”.
D. António sente-se “ligado a ele por laços de afecto e Assim será, tanto mais que, sublinha o Bispo do Porto,
de estima pessoal e manifesta também “um sentimen- dá-se “a feliz coincidência de 14 de Maio ser a festa de
to de gratidão por ele ter correspondido ao convite” São Matias, o apóstolo”.
1. Sou frio. Melhor: sou um crente frio. sua fortaleza e firmados nas suas certezas. A cer-
Quero com isto dizer que não me entusiasmam teza, por exemplo, de que Cristo não fica por
multidões, nem milagres, nem muitas das devo- terra, vencido, mesmo que arrastado na queda
ções que vejo praticar. Sou cuidadoso nas pagelas da sua Igreja, como afirmou na Via sacra de 2005,
PÁG.
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O exercício faz-se com recurso a um programa informá- Palavras “em falta” e o que a estatística não diz
tico (neste caso, o “Wordle”) que avalia a frequência
de palavras de um texto e constrói, de seguida, uma Este exercício permite-nos também olhar para a “nu-
“nuvem” com as palavras mais usadas. O corpo de tex- vem de palavras” com outra atitude, procurando de-
to das palavras da “nuvem” varia, de acordo com a tectar os termos que lá não estão ou os que assumem
utilização que delas é feita. Assim, as palavras mais claramente menos destaque.
usadas entre as mais usadas surgem com maior noto- O Padre Peter Stilwell confessa que esperava ver com
riedade. mais notoriedade palavras “de sentido mais comunitá-
A Renascença fez o exercício com os textos das três rio, como ‘comunidade’, ‘comunhão’, ‘partilha’, ‘soli-
Encíclicas já produzidas por Bento XVI, nos seus cinco dariedade’ e, até, a própria palavra ‘Igreja’”.
anos de Pontificado: Deus caritas est, de Dezembro de Palavras em destaque, palavras em falta... A leitura da
2005, Spe salvi, de Novembro de 2007, e Caritas in “nuvem” das Encíclicas revela alguma coisa, mas não
veritate, de Junho de 2009. permite, como é óbvio, fazer uma análise dos textos
A análise da “nuvem de palavras” deixa-nos algumas com profundidade.
pistas. O Padre Peter Stilwell, director da Faculdade Peter Stilwell refere que, “quando analisamos um
de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, da texto, ou, por exemplo, quando um psiquiatra faz a
qual é também vice-reitor, e Assistente Religioso da psicanálise dum doente, devemos estar atentos a vá-
Renascença, destaca, de imediato, que “aparecem, rias coisas”, sendo uma delas a repetição de palavras,
muito claramente, ‘esperança’, ‘Deus’ e ‘vida’ como “porque, quando uma pessoa repete muitas vezes a
pontos de maior realce”. Peter Stilwell sublinha: “É mesma palavra, é porque essa palavra é significativa”.
interessante ver como contrasta ‘Deus’, que aparece Contudo, o director da Faculdade de Teologia da Uni-
com realce muito grande, com ‘Jesus’ e ‘Cristo’, que versidade Católica diz que importa também estar aten-
aparecem menores”. to “à ênfase dada a uma palavra”, porque “podemos
Outro sinal apontado pelo Padre Peter Stilwell prende- pensar que um texto se constrói para colocar no fim a
se com “a tríade ‘Fé, Esperança e Caridade’”. Nota o palavra-chave”.
Assistente Religioso da Renascença que “normalmen- Stilwell sublinha que “nós próprios temos palavras que
te, as pessoas dão muita ênfase à Fé, que parece ser nos são preciosas, especiais, que não gostamos de gas-
a grande referência da Igreja”, e, num segundo mo- tar muitas vezes e guardamo-las para momentos espe-
mento, tendem a centrar-se “no grande mandamento ciais”. Nestes casos, “a estatística diz o contrário” da
da Igreja, que recebemos de Jesus Cristo, que é amar realidade, pois “o facto de uma palavra raramente ter
a Deus e amar o próximo”. sido usada, pode não querer dizer que não seja impor-
Assim, poderíamos ser tentados a supor que os termos tante”.
’amor’ e “caridade”, estivessem “mais em realce, O Padre Peter Stilwell sublinha, por exemplo, o con-
mas o que surge como palavra mais usada é ‘espe- traste que se verifica na “nuvem” entre as palavras
rança’”. ‘esperança’ e ‘Igreja’: a primeira aparece com corpo
Peter Stilwell vê este dado como “interessante” e con- de letra grande, com muito destaque em comparação
clui que, tendo em conta “que o Papa é uma pessoa com a segunda. “Isso não quer dizer que o Papa não es-
muito atenta às evoluções culturais, aqui na Europa e teja interessado na Igreja, porque é evidente que está
no mundo ocidental em geral, se calhar, sente que a interessado na Igreja”, diz Stilwell, que remata: “Mas
esperança é a grande virtude para este tempo”. dá que pensar”.
Joseph Ratzinger, agora Bento XVI, é vida de um bebé de semanas tem me- Fundamentar a
decerto um dos mais profundos pensa- nos valor do que a vida de um chimpan- Doutrina Social da Igreja
dores cristãos das últimas décadas. zé adulto?
O meu primeiro contacto com o seu A fé aparece, nos ensinamentos de Bento A primeira encíclica do Papa Bento
pensamento teológico foi há quase qua- XVI, estreitamente ligada à razão. Uma XVI – Deus Caritas Est – surpreendeu e
renta anos, ao ler a edição francesa do precisa da outra. Isoladamente, tanto maravilhou muita gente pela profundi-
seu influente livro “Introdução ao Cris- fé como razão ficariam diminuídas. dade como fala do amor de Deus. Um
tianismo”. Li, depois, alguns outros li- amor que – ousadia inesperada num
vros de Ratzinger, mas só quando ele foi Fé e história Papa! – não se esgota na doação desin-
eleito Papa e os editores portugueses teressada, o ágape, mas inclui também
publicaram vários conjuntos de ensaios Algo de semelhante acontece entre fé um elemento de eros.
PÁG. teológicos da sua autoria me dei plena e história. No seu livro “Jesus de Na-
conta do rigor e da profundidade do seu zaré”, Bento XVI – ou Joseph Ratzin-
Na sua mais recente encíclica – Caritas
in Veritate -, um longo e denso texto
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pensamento. ger, se preferirem e talvez seja mais que ainda não foi devidamente estuda-
Essas qualidades estão bem presentes rigoroso – recusa a cisão radical que do e explorado pelos cristãos, lêem-se
nos principais documentos já publica- alguma teologia moderna fez entre o numerosas análises de fenómenos polí-
dos durante o seu pontificado. Desde “Jesus histórico” e o “Cristo da fé”. ticos, económicos financeiros e sociais
logo, em três notáveis encíclicas – Deus Uma tal cisão “é dramática para a fé, dos dias de hoje, que são algo diferen-
Caritas Est, Spe Salvi e Caritas in Veri- porque torna incerto o seu verdadeiro tes dos que acolheram a Populorum
tate. E também no primeiro volume de ponto de referência: a amizade íntima Progressio de Paulo VI. Mas o mais
“Jesus de Nazaré”, uma obra cristoló- com Jesus, da qual tudo depende, cor- notável nessa encíclica de Bento XVI é
gica que Bento XVI escreveu enquanto re o perigo de cair no vazio”. que ela tudo liga entre si e tudo refe-
teólogo e submeteu à Ora, diz Bento XVI, “é re, em última análise, a um humanis-
apreciação crítica dos fundamental para a fé mo integral. Um humanismo que não
outros teólogos. Algo que Não é um Papa bíblica a referência a se fecha ao transcendente. A Caritas
não era comum um Papa comum. (...) Com acontecimentos his- in Veritate é, assim, e para além das
fazer. tóricos reais”. Não se suas múltiplas sugestões concretas, a
Mas este não é um Papa ele, pela primeira baseia em relatos me- mais elaborada fundamentação teoló-
comum. Por exemplo – vez, os nomes de ramente simbólicos, gica e antropológica da Doutrina Social
é apenas um pormenor, mas em factos que da Igreja.
embora significativo – pensadores hostis são constitutivos da Por outro lado, há nela um traço muito
com ele, pela primeira ao cristianismo própria fé. Sobretudo característico da forma de pensar de
vez, os nomes de pensa- o facto da encarnação Joseph Ratzinger: não foge à dificul-
dores hostis ao cristianis- aparecem de Cristo como Deus dade e à complexidade dos problemas
mo aparecem referidos referidos em feito homem e o facto com meras frases bonitas, vai mesmo
em encíclicas. E Bento da Sua ressurreição. ao cerne dos problemas. É assim, por
XVI discute abertamente encíclicas Para Ratzinger, acei- exemplo, que Bento XVI saúda os sindi-
as suas ideias. tar Cristo, verdadeiro catos, mas incita-os a modernizarem-
homem e verdadeiro se e a tomarem em conta os interesses
A importância da razão Deus, “pressupõe uma decisão de fé dos que não são filiados (os desempre-
e não pode surgir de um método pura- gos e os trabalhadores dos países po-
Bento XVI dá uma enorme importância à mente histórico”. Mas tal não dispensa bres); incita ao diálogo inter-religioso,
razão. E tem um motivo adicional para de “apresentar o Jesus dos Evangelhos mas não se furta a considerar nocivas
o fazer: os pensadores ditos pós-moder- como o Jesus real, como o Jesus his- certas formas de religiosidade que ape-
nos têm escasso apreço pela busca da tórico”. nas têm em vista dar bem-estar psico-
verdade, que desvalorizam, e recusam Assim, J. Ratzinger propõe neste livro lógico às pessoas; critica a ideologia
fundamentar as suas posições, nome- “uma interpretação da Bíblia propria- tecnocrática, mas também se manifes-
adamente as de carácter ético. Este mente teológica, a qual, no entanto, ta contra a ideia de um mundo sem de-
relativismo não é exclusivo de filósofos exige a fé, sem por isso querer nem senvolvimento; defende uma perspec-
e académicos – trata-se de uma tendên- poder de forma alguma renunciar à se- tiva ecológica de defesa do ambiente
cia que vai envolvendo as sociedades e riedade histórica”. (justiça entre gerações), mas acentua
as pessoas, mesmo as menos dadas ao “É fundamental para a fé bíblica a re- que a natureza não é mais importante
pensamento especulativo. ferência a acontecimentos históricos do que a pessoa humana, etc.
Este “pensamento débil”, que deriva a reais. Ela não narra lendas como sím- É este grande pensador cristão que
moral de meros movimentos de simpa- bolos de verdades que estão para além Portugal vai receber. Saibamos ser dig-
tia ou de gosto, leva ao que Bento XVI da história, mas fundamenta-se na his- nos dele.
designa de “uma concepção débil da tória que aconteceu sobre a superfície
pessoa”. Ora, uma concepção destas desta terra. O factum historicum não
é incapaz de fundamentar solidamen- é, para ela, uma chave simbólica que
te quaisquer direitos humanos – é uma se pode substituir, mas base constitu-
porta aberta à barbárie. tiva: Et incarnatus est – com estas pa- (artigo publicado no Página1 de 20 de
Pois não há já filósofos famosos, como lavras, professamos a efectiva entrada Abril, no 5.º aniversário da eleição de
o australiano Peter Singer, para quem a de Deus na história real”. Joseph Ratzinger como Papa)
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Fátima
Bento XVI vai evocar atentado contra João Paulo II
O Papa vai evocar em Fátima o atentado sofrido por Federico Lombardi sublinhou a particularidade desta
João Paulo II na Praça de S. Pedro, em Roma, em visita pastoral não coincidir com um fim-de-semana,
1981. por estar centrada no 13 de Maio, e o facto de a via-
Durante uma oração na Capelinha das Aparições, no dia gem incluir encontros e celebrações nas duas principais
12, Bento XVI vai lembrar a ligação entre o atentado cidades do país, estando em aberto a possibilidade do
de Ali Agca contra Karol Wojtyla e a protecção que lhe Papa se referir à realidade social, cultural e política
foi concedida por Nossa Senhora. Quando chegar à Ca- de Portugal.
pelinha, o Papa fará uma oração na qual se referirá ao Interrogado sobre se o Santo Padre falaria sobre os va-
atentado e à bala que está na coroa da imagem. lores da família, tendo em conta a posição maioritária
Estas revelações foram avançadas na última semana, do Parlamento a favor do casamento entre pessoas do
em Roma, pelo porta-voz do Vaticano. mesmo sexo, o porta-voz do Vaticano optou por uma
O Padre Federico Lombardi avançou, ainda, que todas resposta evasiva, não descartando, no entanto, a hi-
as intervenções públicas de Bento XVI serão proferidas pótese de Bento XVI aproveitar uma dessas ocasiões
em português. para se referir ao matrimónio e aos valores cristãos da
O percurso na procissão de 13 de Maio, família.
entre a Capelinha e o altar do recinto, O porta-voz do Vaticano sublinhou, ainda,
será percorrido pelo Papa, não a pé, que Fátima é um lugar particularmente
mas de papa-móvel, de modo a que significativo também para o actual Papa,
todos os fiéis o possam ver. recordando que Bento XVI, enquanto Car-
Bento XVI irá também oferecer uma deal responsável pela Congregação da
rosa de ouro ao Santuário de Fátima, Doutrina da Fé, se ocupou das aparições
um gesto habitual do Papa nos santu- aos Pastorinhos, com particular destaque
ários marianos. O mesmo gesto teve o O então Cardeal Ratzinger com o Papa
para a terceira parte do segredo de Fáti-
Papa Paulo VI, em 1967. João Paulo II ma e a sua divulgação no ano 2000.
O conclave de 2005 que elegeu Joseph reito da liberdade ridicularizar o sagra- quer vento de doutrina, surge como a
Ratzinger foi dos mais rápidos. Durou do”. (Munique, homilia, 10.09.2006) única postura adequada aos tempos de
24 horas e o novo Papa foi eleito após Foi também na Alemanha que o Papa hoje. Vai-se, assim, constituindo uma
somente quatro votações. deixou várias advertências: não sabe- ditadura do relativismo que não reco-
O panorama dos cardeais eleitores foi mos usar a razão convenientemente, nhece nada como definitivo e que deixa
muito diferente dos conclaves anterio- estamos “mirrados” desde o iluminis- como última medida apenas o próprio
res, cuja predominância era essencial- mo, perdeu-se o temor de Deus e o res- eu e as suas vontades”. Nesta homilia,
mente europeia e italiana. Desta vez, peito pelo sagrado. Enfim, “o Ocidente Ratzinger acrescentou ainda que “adul-
o leque foi muito mais diversificado está há muito tempo ameaçado por ta” não é uma fé que segue as ondas da
e, por isso, equilibrado, em idades e esta aversão contra as perguntas fun- moda, nem a última novidade. Adulta
proveniências, correspondente à vitali- damentais da sua razão”. (Universida- e madura é uma fé profundamente en-
dade da Igreja espalhada pelo mundo. de de Regensburg, lectio magistralis, raizada na amizade com Cristo”. (Ho-
PÁG. Foi esse “mosaico” que se uniu para
escolher o actual Papa. A rapidez da
12.09.2006)
Esta insensibilidade do homem ociden-
milia Pro Eligendo Romano Pontefice,
18.04.2005)
PÁG.
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Em 1943, com o uniforme Família Ratzinger no dia da ordenação de Joseph. Celebrando missa, em 1952
da unidade militar de À esquerda, o seu irmão Georg, junto com a sua
defesa anti-aérea irmã, Maria, e seus pais, Joseph e Maria
Professor em Regensburg,
1965 Nomeado Arcebispo de Munique e Freising, em
Março de 1977
» Hugo Monteiro
Página1 - Que diferença terá a visita de Bento XVI pre repercussão política. Ele veio como peregrino e
relativamente às visitas de Paulo VI e de João Paulo regressou, procurando evitar alguns contactos e não
II? dando, também, oportunidade para grandes comen-
D. Eurico Dias Nogueira – Bento XVI é o terceiro Papa tários.
que vem a Portugal e a Fátima. A visita dele é um
pouco diferente das dos anteriores. O primeiro que P1 – A visita de Paulo VI foi a primeira a ser transmi-
veio foi Paulo VI. Ainda foi no tempo do Estado Novo. tida na televisão...
E houve uma certa dificuldade na vinda dele, porque EDN – Era um acontecimento importante. A televisão
o então Presidente do Conselho, Salazar, não se en- interessou-se e, com vontade ou sem ela, por parte do
tusiasmou muito com a visita. Parece que manifestou Governo, a verdade é que transmitiu as cerimónias e
mesmo uma certa relutância em o receber. Ele veio foi um grande sucesso. Causou um grande impacto e
a Fátima e regressou a Roma sem grandes contactos. Portugal inteiro acompanhou de perto esses aconteci-
O avião pousou perto de Fátima, em Monte Real, e lá mentos.
o recolheu de novo. Ele não foi, sequer, a Lisboa e o
contacto que teve com Salazar foi, precisamente, em P1 – Esteve em Fátima durante a visita de Paulo
Fátima, aonde o Presidente do Conselho entendeu que VI...
devia ir. EDN – Estive. Vim de propósito de Moçambique (onde
era Bispo) e fui a Fátima. Fiquei impressionado com
P1 – Isso aconteceu, em grande parte, devido às a maneira como ele foi recebido pelo povo, não pelo
posições que o Papa já tinha manifestado sobre as Governo. O Governo recebeu-o muito friamente, com
colónias? muita reserva. Mas ele veio como peregrino, não quis
EDN – Sim. Nós estávamos numa época de crise, num a qualidade de visita de Estado, como chefe do Estado
beco sem saída. Claro que o Papa, que via ao longe, do Vaticano que é. Deu-se, por isso, mais realce à sua
como, aliás, todo o mundo via, percebeu essa situa- visita como peregrino de Fátima.
ção insustentável e não hesitou, embora não quisesse
entrar, directamente, em assuntos de ordem política, P1 – A primeira visita de João Paulo II já foi diferen-
em defender uma certa abertura. Daí, ter recebido os te?
dirigentes dos movimentos de libertação, com grande EDN – Já foi diferente, porque estávamos em demo-
desgosto e reacção por parte do Governo português. A cracia e foi uma viagem mais longa. Ele já teve o
vinda dele ocorreu num período delicado. cuidado de mostrar que não vinha apenas a Fátima
e, por isso, aceitou converter a viagem em visita de
P1 – Foi uma visita com importância política? Estado. Não só contactou com as autoridades máximas
EDN – Sem dúvida. Os gestos destes homens têm sem- do país, Presidente da República e Primeiro-ministro,
P1 – O mau tempo não permitiu que João Paulo II P1 – Podemos comparar essa visita com a de agora de
viajasse para Braga de helicóp- Bento XVI? Ele também
tero. Teve de chegar ao Minho vai ao Porto e a Lisboa,
de comboio. Foi complicado or- além de Fátima...
ganizar essa parte da visita? EDN – Não é uma visita
EDN – Foi, porque começamos tão prolongada nem tão
a preparar uma vinda a Braga rica como foi a primeira
PÁG. demorada. Inclusivamente, ele
devia pernoitar em Braga, mas,
visita de João Paulo II. De
qualquer forma, é uma vi-
D. Manuel Martins
Bispo Emérito de Setúbal
Vamos ter Pedro connosco. Sentimo-nos todos que a Igreja seja neste mundo, a Igreja que Jesus
felizes com a sua visita, mas importa mais es- quer e para que o mundo, fermentado pela Igre-
tarmos atentos à sua mensagem. Conforme nos ja nos verdadeiros valores, seja cada vez mais
diz o livro dos Actos, Pedro ocupou todo o seu humano. Sentimos que não estamos bem. Espera-
tempo a anunciar Jesus: quem era Jesus, o que mos, por isso, que o Papa nos venha acordar. Que
se tinha passado com Jesus, o que queria Jesus seja bem-vindo!
PÁG. de nós. O mesmo irá fazer o Papa. A mensagem
A restauração da exemplaridade
Segundo Peter Seewald, um dos biógrafos de porventura menos expansivo e mais académico, o
Bento XVI, os Papas não são políticos, não dis- teólogo Ratzinger também é um peregrino e um
putam eleições nem procuram votos; apenas ins- “pescador” de almas, como Wojtyla... e como
piram, falam e agem do alto de um magistério Pedro. Mas Bento XVI não será apenas escutado
espiritual que tem como horizonte o aperfeiço- pelos portugueses. Onde quer que estejam, os
amento do Homem na caminhada para o Pai. Em Papas falam “urbi et orbi”. Aspirado para o cen-
Portugal, Bento XVI vem encontrar um país his- tro de um turbilhão conjuntural que é a crise da
toricamente católico na sua grande (quão gran- pedofilia nas fileiras da Igreja católica, Ratzin-
de?) maioria, mas que, como todas as sociedades ger terá em Portugal um púlpito para transmitir
do pós-milénio, não ficou fechado aos progressos a mensagem de conversão e reparação, moral e
mais descristianizadores da modernidade. Falará judicial, que corajosamente pôs por escrito, há
para muitos, e por muitos será escutado. À me- semanas, na carta aos Bispos da Irlanda. Não sen-
mória do português médio virão, inevitáveis, as do um político, mas a voz de um caminho, de
comparações com o seu antecessor, João Paulo II, uma verdade e de uma vida que estão fora do
cuja devoção “mariana” por Fátima transformou tempo deste mundo, é neste mundo que Bento
num fenómeno de popularidade entre nós. Esta XVI nos poderá dar um sinal da restauração da
viagem será a oportunidade dos portugueses ca- exemplaridade. E é de exemplos inspiradores
tólicos conhecerem melhor a mensagem e a per- que todos necessitamos – católicos, crentes de
sonalidade do Papa, reparando que ao seu estilo, outras religiões ou ateus bem intencionados.
Uma das melhores maneiras de nos prepararmos visto, aos olhos dos cínicos, como um iluminado
para a próxima visita do Papa e de nos dispor- ou um comediante.
mos a entrar em comunhão espiritual com ele Vindo a Portugal, num momento singularmente
é talvez lermos ou relermos Dostoïevski e, em doloroso na história da Igreja contemporânea,
particular, Os Irmãos Karamazov, que parece ser Sua Santidade não dirá nem fará nada de sen-
o romance preferido de Bento XVI. sacional ou de inesperado. A sua personalidade
PÁG. Se nos falta tempo – mil páginas não se lêem em de intelectual obriga-o, mais do que qualquer
No passado dia 25 de Abril, no âmbito de uma pírito crítico, na redução da verdade a um jogo
conferência sob o título genérico ‘Testemunhos de opiniões, nas múltiplas formas de degradação
digitais: rostos e linguagens na idade da media- e de humilhação da pessoa humana nas suas di-
ção cruzada’, Bento XVI pediu aos católicos que mensões mais íntimas” – e todos são convocados
acrescentassem alma à comunicação na internet a dar um contributo.
e noutros suportes digitais. É preciso, disse o A aposta na universalidade da mensagem, em
Papa, superar “as dinâmicas colectivas que po- tempos que facilmente podiam ser apenas mar-
dem levar-nos a perder contacto com a comple- cados pela resposta defensiva a uma agenda vo-
xidade das pessoas” e a vê-las “como corpos sem raz, é sinal de maturidade e de audácia. Bento
alma, como objectos de comércio e consumo”. XVI procura ter uma Igreja que intervém mais
Há, na proposta, um desafio de maior exigência mas também que intervém melhor; um Igreja
a quem partilha a Fé mas parece haver também que se recentra no essencial da mensagem Cristã
um apelo abrangente a um recentrar de atenções e que disso dá testemunho em todo o lado. Esta-
no Humano. A vocação de abertura da internet, rão os católicos à altura da proposta?
disse Bento XVI, parece não estar a conseguir
eliminar o potencial para a criação de novas
divisões. Há tarefas a desempenhar, como a do
desafio a um predomínio do relativismo moral e
intelectual – “já bem evidente no controle do es-
Cristina Sá Carvalho
Psicóloga
Quando o povo cristão quer participar na eleição pelo intransigente apego à verdade, pela coerên-
papal reza e entrega escolha tão determinante cia, pela fina erudição, pela mediação politoló-
à vontade de Deus. Esta é uma atitude de fé, o gica, por mansamente contrariar o politicamente
que não deveria parecer estranho, pois o Papa é correcto. O teólogo provocara, germanicamente,
o chefe espiritual dos católicos: a fé, faz, pois, uma pirueta no cogito católico predominante,
todo o sentido. Mas, por vezes, caímos na ten- confrontando-o com a ciência dos vários tempos e
PÁG. tação de desafiar a Providência e, alegremente, com aqueles nichos da realidade esquecidos pelas
O Papa em Portugal
A vinda de Bento XVI a Portugal é sem dúvida um situação grave que Portugal atravessa, nomea-
factor de grande alegria, e apresenta-se como damente no que se refere à conjuntura económi-
um punhado de oportunidades. ca e financeira, à situação social, aos contextos
Uma oportunidade para todos nós, católicos e não éticos em que se movem organizações, grupos e
católicos, aprofundarmos o apelo que vem a ser pessoas. Sabe-se que o Papa, nas suas desloca-
feito nos mais recentes texto pontifícios, parti- ções tem sempre uma especial atenção à socie-
cularmente no que se refere ao combate susten- dade que visita, sendo por isso expectável que
tado à pobreza, à recuperação da solidariedade neste contexto, sejamos interpelados de forma
assente em princípios fundamentais de justiça, mais particular.
à alteração de paradigmas de comportamento Uma oportunidade para provocar a (re)dinami-
face ao consumo e à fruição dos bens comuns, zação da Igreja em Portugal, nomeadamente no
à defesa dos valores fundamentais da vida e da que se refere à necessária aproximação às cir-
família. Trata-se de uma alteração de paradigma cunstâncias concretas dos tempos em que vive-
que representa um enorme desafio quer aos com- mos, para que seja referência permanente e se-
portamentos individuais, quer institucionais, no gura da mensagem de Cristo.
que se refere à recuperação de uma necessária Mas para que as oportunidades se efectivem é
sobriedade e contenção em tempos de crise. preciso que nos preparemos, que estejamos aler-
Uma oportunidade para uma reflexão sobre a ta, e que o queiramos.
O Papa Bento XVI na sua encíclica Caritas in Veri- ainda mais flagrante no que respeita à finalidade
tate escreve com toda a clareza que “a actividade da economia. Para o neoliberalismo, não há pro-
económica deve ter como finalidade o bem co- priamente um bem comum. O que há é a identi-
mum”. Dois aspectos são de realçar nesta frase. ficação do bem com a felicidade individual. Daí,
Em primeiro lugar, que a actividade económica a defesa da economia de mercado sem regulação
deve ter uma finalidade. Em segundo lugar, que como sendo o melhor sistema porque garante que
PÁG. esta finalidade deve ser o bem comum. Dois prin- os indivíduos maximizem a sua felicidade indivi-
cípios que têm andados esquecidos nos últimos dual, ou, como dizem os economistas, maximizem
Na expectativa
Manuel Pinto
Professor da Universidade do Minho
Devo confessar que não sou um entusiasta deste Mas nada impede de sonhar: com um papa menos
tipo de visitas papais. Vejo nelas demasiado es- chefe de Estado e mais confirmador da fé; com
pectáculo, bastante mundaneidade e uma Igreja uma Igreja que marque menos pelo espavento e
associada ao aparato e ao poder – ainda que sim- mais pela força do seu testemunho e pelo senti-
bólico. do e alcance dos seus gestos.
Uma viagem destas traz consequências, mesmo Acredito, no entanto, que para muita gente estes
para os indiferentes ou para aqueles que detes- grandes ajuntamentos são significativos e fazem
tam o Papa e a Igreja. Suponho que algumas das falta. E seria bom que, por uma vez, os cépticos
medidas tomadas pelas autoridades para facilitar e laicistas também admitissem um espaço para
a circulação da comitiva papal e a realização de os seus concidadãos crentes.
algumas das cerimónias decorram mais do temor No que me toca, tenho expectativas relativa-
do que do reconhecimento relativamente à Igre- mente às palavras de Bento XVI. Posso nem sem-
ja. Por mim teria preferido que quem não quises- pre segui-lo no que diz, mas reconheço nele uma
se, não fosse afectado pelo acontecimento. capacidade notável de enunciar a mensagem
Não creio ser possível um estilo mais despoja- evangélica e de ler os sinais dos tempos, fora dos
do e mais próximo das pessoas, nesta sociedade lugares comuns de tanta pregação. Ele é habitu-
do hiper-mediatizada. Isso seria coisa de ‘outro almente interpelador e estimulante no alargar
mundo’ e converter-se-ia rapidamente num não- de horizontes para a nossa fé. Só por isso valeria
acontecimento. a pena a vinda dele a Portugal.
Luís Cabral
Professor da IESE Business School
Quando no Século XIX a Igreja perdeu os esta- É inegável que as últimas décadas foram um pe-
dos pontifícios, a imprensa secularista não tar- ríodo particularmente conturbado. É lamentável
dou em interpretar os sinais dos tempos. Horace o número de jovens vítimas do comportamento
Greeley, editor do New York Herald (o “Times” imoral e criminal de vários sacerdotes. É prová-
de então) vaticinava sem hesitações o final da vel que membros da hierarquia tenham reagido
Igreja. Algumas décadas depois, Stalin pergun- incorrectamente perante os acontecimentos (por
tava com ironia e sarcasmo “quantas divisões melhor que tenha sido a sua intenção).
PÁG. tem a Igreja”, insinuando que a retrógrada insti- Mas também é inegável o enorme esforço da Igre-
19
tuição nada poderia contra o poder objectivo do ja por remediar a situação, incluindo em parti-
comunismo. cular os esforços do Cardeal Ratzinger e do Papa
Nos dias que correm, não faltam “profetas” Bento XVI. Neste contexto, e dada a insistência
modernos prevendo o final da Igreja tal como a de alguns meios de comunicação em denegrir a
conhecemos. Em breve, dizem, o poder será de- pessoa do Romano Pontífice, fica-se com a sen-
mocratizado, o sacerdócio feminino instituído, a sação de que o que está em causa não é tanto
doutrina actualizada - especialmente a doutrina a reacção aos escândalos sexuais como a defesa
respeitante ao sexo. Mas o que assistimos nestes dos ideiais cristãos, tarefa cada vez mais concen-
dias é mais do que o prognóstico do fim da Igreja: trada nos ombros do sucessor de Pedro.
é um esforço constante contra a Igreja, concre- Que a visita do Papa a Portugal sirva para lhe
tamente contra a hierarquia. manifestar o nosso apoio neste momento difícil.
2 - O que espera da visita do Papa, do ponto de vista pessoal? E o que pode ela trazer à Igreja e ao país?
3 - Que aspecto do pensamento de Bento XVI considera mais importante para o século XXI?
2 - A visita do Papa é, para mim, uma ocasião para acertar a bússola da vida. Dá-me a oportunidade de verificar
PÁG. se agulha está bem apontada para o norte magnético, sem o qual nunca sabemos se o norte, o sul, o oeste e o
leste que lemos na bússola estão a apontar na direcção certa.
20 A visita do Papa a Portugal será o que ela for no coração e no pensamento de cada um de nós. Se nada acontecer,
os cristãos e Portugal em geral perderão uma oportunidade de descobrir o caminho onde se encontra a vida que
vale a pena viver, que é a vida que garante a felicidade autêntica que não é efémera, apesar das dores e dos
sacrifícios provocados pelos escolhos do caminho de cada um.
3 - Ser capaz de manter a agulha da bússola apontada para o norte magnético no meio das tempestades que
sacodem os alicerces das consciências e dos “empurrões” nascidos do ódio dos inimigos e da irresponsabilidade
de muitos “amigos”. O norte magnético é o “Caminho, a Verdade e a Vida”; é Jesus de Nazaré, de que o Papa é o
vigário.
2 - A visita do Papa Bento XVI a Portugal reveste importância para todos os portugueses e, em especial, para
os católicos. As visitas pontificais simbolizam que os Papas querem ser peregrinos e se põem a caminho para
comunicar a mensagem de salvação. O Papa João Paulo II fez das suas peregrinações, um pouco por todo o mun-
do, uma pregação constante e, ao sair do Vaticano como peregrino, indo ao encontro de vários povos, de várias
culturas, colocou-se ao serviço do Homem. Saiu de si para se dar ao Outro. E o mundo inteiro percebeu essa
mensagem: o Chefe da Igreja Católica saiu de Roma, do Vaticano, e foi a todos os continentes para anunciar a
paz, defender a dignidade humana e apregoar o Amor como a via para a resolução dos problemas que afligem a
sociedade actual. Quando morreu, vieram também dos quatro pontos do mundo peregrinos que quiseram retri-
buir essas visitas, essas mensagens de amor.
3 - Na senda do seu antecessor, também Bento XVI tem visitado povos e países diferentes, com uma mensagem
única: o Amor. Mas o Amor verdadeiro, que vem de Deus para servir, indo ao encontro. Será uma oportunidade
para recordar as encíclicas deste Papa, nomeadamente, “Caridade na Verdade”, cujo conteúdo, apesar de tão
actual, não foi talvez suficientemente divulgado.
2 - Do ponto de vista pessoal, espero que a visita do Papa seja um momento de conversão. Para a Igreja em
Portugal, espero que a visita do Papa seja um momento de conversão. Para os meus compatriotas, espero que a
visita do Papa seja um momento de conversão.
3 - A condenação da “ditadura do relativismo”, na própria homilia inaugural do Conclave que o elegeu. O Ociden-
te, que venceu a ideologia mais opressiva da história, o comunismo, está hoje sob o império de uma ditadura não
menos opressiva, o relativismo. O comunismo negava a liberdade de discordar do partido, o relativismo nega a
liberdade de discordar da maioria. O Papa recordou-nos que a Verdade, hoje como sempre, é inconformista.
2 - Mais do que da visita, espero que este pontificado continue a contribuir positivamente para a Paz, o desen-
volvimento, a liberdade religiosa e o respeito universal da dignidade humana.
3 - Há muito que acompanho o magistério intelectual e académico do actual Papa e do Cardeal Ratzinger.
Destaco a preocupação em ligar a razão e a fé e considero que as três encíclicas que subscreveu são documentos
notáveis e inovadores.
21 2 - A visita do Papa vem reforçar a sua mensagem dominante de uma Igreja missionária, toda ela virada para os
outros e não para si mesma e centrada no essencial: a existência de Deus e a missão da Igreja na salvação dos
Homens. Ajudar-me-á, sobretudo enquanto presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores. Nomea-
damente, na reflexão que devemos continuar a fazer sobre o sofrimento humano e a responsabilidade e genero-
sidade que é pedida aos que têm missões de liderança empresarial.
3 - Qualquer resposta será redutora, considerando a riqueza do pensamento de Bento XVI. Assinalo a reflexão do
Papa sobre o sentido da economia e dos seus fins, traduzida no mais importante documento escrito sobre a nova
era global do capitalismo, a encíclica Caritas in Veritate. Por outro lado, com a sua forma própria, prossegue
um caminho decisivo para a presença da Igreja no Mundo moderno, através do testemunho e do amor e não do
moralismo e do poder.
2 - Estamos, em várias facetas, em circunstâncias difíceis. Não só aos níveis social e económico, mas também
eclesial. A Igreja está numa certa crise, em que há um abandono da prática religiosa bastante acentuado e
em que há também um manifesto desinteresse de algumas pessoas pela vinda do Papa. Espero que a vinda
do Papa possa ser uma clarificação de dúvidas e de propostas de evangelização e de pastoral, que reanime os
cristãos que andam, porventura, menos apaixonados por Jesus Cristo. Que possa ser um momento de despertar
de consciências e percepção de que a fé cristã é a fé em Cristo Ressuscitado e não a fé na estrutura da Igreja.
Muita gente confunde a fé em Cristo com a fé na Igreja. A estrutura da Igreja e os homens dessa estrutura nem
sempre são a melhor imagem visível do Evangelho e, às vezes, afastam pessoas de boa fé.
O Papa, porque tem uma cabeça muito limpa, muito bem organizada e uma teologia evangélica de uma simpli-
cidade enorme e muito radical, poderá ter uma mensagem oportuna para a Igreja em Portugal, não só para o
clero e para os Bispos, mas também para todos os cristãos em geral. Pode ser um vento fresco sobre os olhares
e o coração das pessoas que andam à procura de Cristo, a rocha firme de que precisam para construirem as suas
vidas e os seus projectos da sociedade. Penso que, nesta altura em que está tudo desequilibrado e tudo posto
em causa, esta pode ser a palavra oportuna na hora difícil para Portugal.
3 - Neste momento, o Papa assenta muito na renovação do sacerdócio. Ele tem sido bastante claro e exigente
no que diz respeito aos padres que têm tido os seus fracassos no âmbito da pedofilia. Agora, é também exigente
com os outros, para que vivam o sacerdócio numa identidade verdadeira com o sacerdócio de Cristo, com toda
a sua dimensão do lava-pés, do serviço e com a dimensão da cruz, da entrega total de si mesmo, por amor ao
plano de Deus e ao serviço dos homens.
Esta é a grande palavra do Papa, que se traduz, depois, no apelo à Missão. À Missão que é a dos cristãos irem
ao encontro do mundo de hoje: o mundo da cultura, da injustiça, da política, da evangelização… Que os cristãos
saiam do seu egoísmo que os afecta neste momento para iremo, irmos para uma verdadeira Missão. A Mis-
são que terá de basear-se no testemunho de cada um da sua união com Deus, ou seja, da união e vivência do
mistério da divindade e não na superficialidade de um culto ou de ritos que não bastam, não salvam, não são
fundamentadores para marcar o rumo de vida das pessoas.
2 - O pensamento do Papa interpela-me muito e, como universitário, tento compreendê-lo. Espero que a Hierar-
quia aposte na formação dos católicos. A formação existente é, muitas vezes, irrelevante e não são apenas nem
fundamentalmente os padres que mudarão esta realidade. Os nossos Bispos levaram a sério o que o Papa lhes dis-
se, aquando da sua última visita “ad limina”? Não sei. Pela sua capacidade de reflexão e de intervenção, Bento
XVI é um homem do nosso século. A Igreja portuguesa precisa ainda de compreender o que significa o século XXI.
Aqui estamos todos para escutar o Papa e intervir mais eficazmente.
3 - O Papa percebeu que o século XXI constitui uma ruptura em relação ao passado e que os católicos precisam de
se organizar e agir de maneira muito diferente. Interessa-me o seu pensamento social e político e, em particular,
PÁG. a agudeza com que caracteriza a crise das democracias contemporâneas e aponta caminhos de futuro. A demo-
cracia é a melhor forma de governo, mas precisa de ser reinventada. Ou os católicos são capazes de ser parte da
22 solução dos problemas, com a força intrínseca que o cristianismo tem e que não é comparável ao de outras religi-
ões, ou, então, conflitos graves atingirão as nossas sociedades, por falta de racionalidade.
2 - Pessoalmente, considero uma bênção um encontro com um Papa que aponta a abertura do homem ao infinito
para ele ser mais humano.
Para a Igreja, será a confirmação de que o seu espaço e o desafio que o Mestre lhe deixa são, também, o de ser
perita em humanidade e de caminho na humanidade e para a humanidade.
Para o País pode ser o lembrar que “princípios tradicionais da ética social”, como a transparência, a honestidade
e a responsabilidade, continuam a ter lugar nos dias de hoje para enfrentar “problemáticas do desenvolvimento
neste tempo de globalização” e que sem a gratuidade, não se consegue sequer realizar a justiça
3 - Há algumas ideias no magistério do Santo Padre que julgo especialmente proféticas para este século: por um
lado, as palavras-chave “Verdade e misericórdia”, que proferiu na homilia que precedeu o Conclave em que foi
eleito Papa. Depois, o seu pensamento sobre o homem e para o homem, quando diz que “é a abertura para o
todo e para o infinito que faz com que o ser humano seja humano” e quando acentua simultaneamente que, “o
que também aproxima é a certeza de que o homem é homem porque se ultrapassa infinitamente a si mesmo, e
por isso é tanto mais homem quanto menos fica fechado em si, “limitado”.
2 - Que ela intensifique o meu amor por Jesus Cristo, pela Sua Igreja e pelo Seu representante na terra o Papa.
É “difícil” ser cristão sem nunca ter tido um encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado – Vivo, que ama
cada um de nós com um imenso amor gratuito, que só quer o bem de cada um e que nos salvou, alcançando para
cada um de nós a vida eterna. Muito gostaria que esta visita estimulasse os meios que a Igreja tem e conhece,
pondo-os ao seu serviço, afim de ajudarem a este fundamental encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado,
que muda a nossa vida e lhe dá sentido.
Que esta visita ajude as pessoas a descobrirem o verdadeiro sentido da vida e o verdadeiro amor que deve unir
a todos nós. Amor este, que tem a sua raiz no amor de Deus.
Bento XVI não é um homem destes tempos, como foi João Paulo II
João Paulo II foi o homem da im- culo das luzes e, racionalismos que muitos diversos, uns com base nas
plosão do comunismo. Foi o ho- são relativistas têm neste Papa crenças, outro na base de outras
mem do tempo em que debate um feroz oponente, que denuncia crenças que não religiosas.
estava, ainda, a supremacia dos essa realidade e os riscos dessa
marxismos. realidade, do vale-tudo, em que
Este é o Papa dos relativismos. O os fins justificam os meios e não
que sucedeu, largamente, na so- há valores absolutos. É um deba-
ciedade portuguesa, como noutras te diferente daquele que se tinha
sociedades, foi um certo regresso quando havia vários valores tidos
ao racionalismo iluminista do sé- como absolutos, embora de sinais
A tese corrente diz que, como o capitalismo selvagem. Propôs a deira a colagem de Bento XVI ou
ele é conservador e reaccionário, reforma das Nações Unidas. Propôs da Igreja ao conservadorismo, ou
tudo o que possa mostrá-lo como uma nova ordem económica inter- ao reaccionarismo, ou à Direita.
progressista não existe. Logo, a nacional. Tem visões extremamen- Está muito para além disso, pela
última encíclica não existiu. Me- te avançadas que seriam destaca- própria essência da fé cristã.
lhor: existiu só em passagens es- das noutros tempos se subscritas
pecíficas para serem criticadas. por João XXIII ou Paulo VI, o que
No entanto, o Papa criticou a crise significa que isto depende sempre
financeira internacional. Criticou dos olhos que vêem. Não é verda-
PORTO
A visita do Papa ao Porto resume-se a ramentos à passagem do Papa. tura Interna, A3 – Auto Estrada n.º3, A4
PÁG. cerca de quatro horas e meia. – Auto Estrada n.º4, VRI – Via Regional
26
Todos os momentos da passagem de Destes condicionamentos, destaque Interna, Aeroporto Internacional Dr.
Bento XVI serão feitos no papamóvel. para o da Avenida dos Aliados, desde Francisco Sá Carneiro.
Serão interditos os estacionamentos as 02h00 do dia 14 até às 17h00 e, na
nas laterais das artérias por onde pas- estação de S. Bento, das 08h00 até às O Comando do Porto da PSP deixou,
sará o Papa. 10h00. O funicular estará parado das ainda, recomendações para evitar os
08h00 até às 10h00 do dia 14 de Maio. carteiristas:
O trânsito automóvel vai ficar total- • Normalmente, são homens, com ida-
mente cortado em Gaia e no Porto, em A PSP terá elementos especialmente des compreendidas entre os 35 e 60
ambos os sentidos, durante as desloca- responsabilizados por cidadãos que anos, habitualmente bem vestidos,
ções do Papa. A PSP pede, por isso, a tenham perdido familiares. Essas equi- com um casaco pelo braço, ou um
todos os condutores que evitem essas pas estarão visíveis e junto aos locais jornal (estes destinados a ocultar a
artérias, entre as 09h00 e as 13h00. de maior aglomerado de pessoas. acção da mão que retira a carteira e
a ocultá-la de imediato). Operam em
No dia 11 de Maio, vão começar a ser O trânsito estará cortado, no dia 14... grupos de três ou quatro pessoas ou
colocadas grades de contenção, sendo De manhã: Rua Rodrigo de Freitas, Av. individualmente;
expectável que, a partir dessa data, D. João II, Ponte do Infante, Rua Ale- • A sua forma de actuação consiste em
os constrangimentos de trânsito sejam xandre Herculano, Rua Duque de Loulé, aproveitarem os empurrões naturais
notórios. Rua Saraiva de Carvalho, Av. D. Afonso dos grandes ajuntamentos, causando
É também importante que os portuen- Henriques, Praça Almeida Garrett, Pra- eles próprios, alguns desses empur-
ses comecem, a partir de dia 11, a uti- ça da Liberdade e Av. dos Aliados. rões, pois facilitam o contacto cor-
lizar as Pontes do Freixo e da Arrábida, poral com a vítima para lhe extrair a
em alternativa à Ponte do Infante. A partir das 12h30: Rua dos Heróis e carteira. Esta é depois passada de ime-
Mártires do Ultramar, Rua de Camões, diato a um terceiro, pois se a vitima
Nos transportes públicos, existirão Rua de S. Brás, Rua do Cantor Zeca reparar o que retirou a carteira já não
constrangimentos de circulação do Me- Afonso, Rua António de Cândido, Rua a terá e como tal não poderá ser res-
tro, nomeadamente, paragem e encer- de Faria Guimarães, VCI – Via de Cin- ponsabilizado.
28
Entre os dias 10 e 12, será proibida a • Av. Fontes Pereira de Melo trajecto da Nunciatura para o Aeropor-
circulação automóvel entre as 07h00 • Marquês de Pombal to:
(dia 10) e as 16h30 (dia 12), no quar- • Av. Liberdade • Av. Luís Bívar
teirão da Nunciatura: Avenida Luís Bí- • Restauradores • Rua Pinheiro Chagas
var – entre as ruas de Tomás Ribeiro e • Rossio • Av. Fontes Pereira de Melo
Pinheiro Chagas – e Rua Latino Coelho Condicionado (com excepções) nas ar- • Praça Duque de Saldanha
– entre as ruas Dr. António Cândido e a térias adjacentes ao Terreiro do Paço • Av. da República
Filipe Folque. (como Rua da Prata, Av. da Liberdade, • Entrecampos
Nos transportes públicos, o Metro entre Cais do Sodré, Rua Cais de Santarém, • Av. EUA
a Baixa/Chiado e Santa Apolónia estará Av. Infante D. Henrique, Largo da Ma- • Av. Almirante Gago Coutinho
encerrado no dia 11 de Maio, das 06h30 dalena, Largo do Martim Moniz) • Aeroporto
às 21h30. 18h15 – Celebração de Missa no Terreiro
do Paço: CONDICIONANTES DURANTE
ZONAS RESTRITAS E O acesso a esta zona deve fazer-se pela A MISSA NO TERREIRO DO PAÇO:
COINDICIONADAS Rua do Arsenal, Rua da Alfândega, Rua De 7 (22h00) a 12 de Maio (00h00) –
11 de Maio da Prata, Rua do Ouro e Rua Augusta. Trânsito encerrado na Av. Ribeira das
10h15 às 12h15 – Trânsito cortado entre Serão colocados “ecrãs gigantes” para Naus/Av. Infante D. Henrique, entre o
o Aeroporto e a Nunciatura: visualização directa das celebrações na Campo das Cebolas e o Cais do Sodré.
• Praça do Aeroporto Praça do Município, Rua Augusta e Ter- 11 de Maio (07h00 às 20h30) – Trânsito
• Av. Almirante Gago Coutinho reiro do Paço. encerrado nos seguintes locais:• Rua
• Av. EUA 20h00 às 21h15 – Trânsito cortado no Cais de Santarém
• Entrecampos trajecto do Terreiro do Paço para a • Av. Infante D. Henrique
• Av. da República Nunciatura: • Av. 24 de Julho
• Praça Duque de Saldanha • Terreiro do Paço • Praça dos Restauradores
• Av. Fontes Pereira de Melo • Rua do Arsenal • Largo de Camões
• Rua Latino Coelho • Rua Prata • Martim Moniz
• Av. Luís Bívar • Praça da Figueira 11 de Maio (07h00 às 21h00) – Cortes e
12h30 – Corte de trânsito momentâneo • Rua Betesga condicionamentos de trânsito:
durante o trajecto até ao Mosteiro dos • Rossio • Cais do Sodré – Trânsito cortado des-
Jerónimos: • Restauradores de o dia 7 de Maio (montagem palco),
• Av. Luís Bívar • Av. Liberdade condicionado e desviado para a Rua da
• Rua Pinheiro Chagas • Marquês de Pombal Misericórdia;
• Av. Fontes Pereira de Melo • Av. Fontes Pereira de Melo Alternativas – Av. 24 de Julho, Rua do
• Marquês de Pombal • Rua Latino Coelho Alecrim e Rua Cintura do Porto de Lis-
• Av. Eng. Duarte Pacheco • Av. Luís Bívar boa;
• Av. das Descobertas 21h00 às 22h00 – Permissão de concen- • Av. Liberdade
• Av. do Restelo tração de jovens junto à Nunciatura Alternativas - Lateral descendente até
• Av. Torre de Belém para serenata dirigida ao Papa. à Praça da Alegria, Príncipe Real, Rua
• Av. da Índia 12 de Maio: da Misericórdia e Cais do Sodré, Rua da
• Mosteiro dos Jerónimos 09h45 – Partida da Nunciatura para o Escola Politécnica e Largo do Rato
13h00 às 13h45 – Trânsito cortado du- Centro Cultural de Belém. Corte de • Rua da Prata – Trânsito encerrado
rante trajecto em papamóvel até o Pa- trânsito momentâneo: Alternativas – Rua da Madalena em di-
lácio de Belém • Av. Luís Bívar recção ao Largo do Martim Moniz;
• Mosteiro dos Jerónimos • Rua Pinheiro Chagas • Rua Cais de Santarém – Trânsito cor-
• Arruamento na Praça do Império • Av. Fontes Pereira de Melo tado e desviado para a Av. Infante D.
• Av. da Índia • Marquês de Pombal Henrique para inversão;
• Praça Afonso de Albuquerque • Av. Eng. Duarte Pacheco • Av. Infante D. Henrique – Trânsito for-
• Rua de Belém • Av. das Descobertas temente condicionado e desviado para
• Palácio de Belém • Av. do Restelo artérias alternativas em Santa Apolónia
14h00 – Partida para a Nunciatura, em • Av. Torre de Belém e Viaduto Mouzinho de Albuquerque (à
Ir à raiz da máxima de Santo Agostinho “ama e faz nos uma barca que está para afundar, uma barca
o que quiseres” permite-nos entrar no mais fundo que mete água por todos os lados. (…) O vestido e
do pensamento de Bento XVI, tão bem expresso no o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos.
título da sua primeira encíclica: “Deus é Amor”. É Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós
a partir daí que se compreende o seu pensamen- mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas
to, o apelo radical à exemplaridade e clareza do as nossas grandes palavras, os nossos grandes ges-
testemunho da existência do próprio Deus. Na tos. Tende piedade da vossa Igreja: (…)”. O pre-
defesa intransigente dessa Verdade, contestada feito da Congregação para a Doutrina da Fé, que
a mil vozes pelos que fizeram da crença útil no chamara a si o conhecimento pleno de todos os
relativismo, e na sua atraente aparência de tole- processos de pedofilia, sabia, provavelmente mui-
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