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Graça Franco
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Raul Santos

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Segunda-feira
10 Maio de 2010
Gratuito

ANSA/EPA
PAPA EM
PORTUGAL
Vaticano
Planos da visita do Papa mantêm-se apesar das
complicações no tráfego aéreo
O Vaticano confirmou este domingo que o programa da visita do Papa a Portugal se mantém,
apesar das complicações que a nuvem de cinzas vulcânicas está a provocar em vários pontos
da Europa e, em particular, nos aeroportos e espaço aéreo nacionais. Esta manhã, Bento XVI
referiu-se à viagem, manifestando a sua “alegria” pela visita a Lisboa, Fátima e Porto.

O porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, o Papa declarou: “Caros amigos, no coração deste mês
confirmou, este domingo, que o Papa vai deslocar-se, mariano, terei a alegria de deslocar-me nos próximos
PÁG. como previsto, a Portugal, apesar das perturbações no
tráfego aéreo provocadas pela nuvem de cinza do vul-
dias a Portugal, visitando a capital, Lisboa, e o Porto,
segunda cidade do país”.

02 cão Eyjafjallajoekull, na Islândia.


“No momento actual, não está prevista nenhuma alte-
ração ao programa” da visita de quatro dias de Bento
XVI a Portugal, declarou o Padre Lombardi à agência
De seguida, o Papa referiu-se a Fátima, “meta princi-
pal” da viagem, lembrando que o Santuário da Cova da
Iria era “muito querido ao venerável João Paulo II”.
Dirigindo-se aos fiéis presentes na Praça de S. Pedro,
France Presse. Bento XVI convidou os católicos a acompanharem a sua
“Ontem à noite, verifiquei junto das autoridades com- viagem, “participando activamente com a oração”.
petentes e não há nenhum inconveniente previsto, o A mensagem, além de dita em língua portuguesa, foi
programa continua como estabelecido”, acrescentou. também referida por Bento XVI nas línguas italiana, in-
glesa e alemã.
Bento XVI manifesta alegria pela visita “Peço as vossas orações pelo sucesso desta jornada,
assegurando-vos as minhas orações a Nossa Senhora de
O Papa Bento XVI manifestou hoje a sua “alegria” pela Fátima por todo o povo de Deus”, disse.
visita a Lisboa, Fátima e Porto. “A todos, sem excluir ninguém, saúdo cordialmente.
Na saudação inicial do Regina Coeli, na Praça de S. Pe- Até breve, em Lisboa, Fátima e Porto”, disse, ainda,
dro, no Vaticano, perante peregrinos de todo o mundo, Bento XVI, em Roma.

Semana com referências de Bento XVI a Portugal


Bento XVI referiu-se hoje à visita a Portugal, mas já na o Papa que nos visitava”. “Ele agradeceu, folheou-o aten-
quarta-feira, na habitual Audiência Geral, o Papa dirigiu- tamente, e tive oportunidade de lhe falar do entusiasmo e
se, directamente, ao “querido povo de Portugal”. Em por- clima de festa que já se sente em Portugal”, revelou Aura
tuguês, o Santo Padre disse: “Aproveito este momento para Miguel.
enviar uma saudação particular ao querido povo de Por- O Papa voltou “a apertar as minhas mãos” e a agradecer,
tugal, país com uma longa história muito ligada ao Papa, tendo dito que ficava “muito contente por saber isso”.
Bispo de Roma”. “Sinto-me muito feliz por poder visitar as “Vemo-nos dentro de poucos dias em Portugal”, disse,
«Terras de Santa Maria», no 10.º aniversário da beatifica- então, Bento XVI a Aura Miguel, que se despediu com um
ção dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto. “Obrigado, Santo Padre, até breve”. O Papa retorquiu:
A todos, sem excluir ninguém, saúdo cordialmente”, disse, “Até breve, em Lisboa”.
rematando, com ênfase: “Até breve, em Lis-
boa, Fátima e Porto!”.

Encontro com Aura Miguel

“Vemo-nos dentro de poucos dias em Portu-


gal” - a frase foi dita por Bento XVI, esta quin-
ta-feira, durante um curto encontro infrmal
com a jornalista Aura Miguel, da Renascença.
A vaticanista conseguiu alguns momentos de
contacto junto do Papa, aproveitando uma
audiência que Bento XVI concedeu ao Emir do
Kuweit.
A jornalista disse ter encontrado o Papa “mui-
to sorridente, muito sereno, de olhar pene-
trante, amigo”. Aura Miguel contou, então, ao
Papa que “tinha escrito um livro – que levei e
lhe ofereci - para apresentar aos portugueses

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PAPA EM
PORTUGAL
Quatro dias em Portugal
Papa peregrino
Bento XVI vai estar em Portugal, entre terça-feira e
sexta-feira, essencialmente como peregrino, mas sem
esquecer a sua qualidade de chefe de Estado do Vatica-
no. Daí, os encontros previstos com as autoridades na-
cionais, Primeiro-ministro e Presidente da República.
“Cristianismo, sabedoria e missão” é o tema da visita
papal. O porta-voz da Conferência Episcopal Portugue-
sa (CEP), Padre Manuel Morujão, diz tratar-se de um
apelo para que se ponham em prática os valores do
Cristianismo.
PÁG. “O tema «Cristianismo, sabedoria e missão» está liga-
do aos valores, a pôr em prática esses valores, viver a
em que se assinala o centenário do nascimento de Ja-
cinta.

03 missão, não viver para dentro de portas, mas vivendo


saindo, servindo a sociedade onde a Igreja se situa”,
disse o porta-voz da CEP.
Além da participação na Peregrinação Aniversária de
O Papa deverá chegar ao aeroporto de Lisboa às 11h00
de terça-feira. Bento XVI encontra-se com o Presiden-
te da República, Cavaco Silva, às 13h30, antes de cele-
brar a Missa, ao final da tarde, no Terreiro do Paço.
Maio, em Fátima, e dos encontros com as autorida- Na quarta-feira, às 10h00, tem previsto um encontro
des do Estado e representantes políticos, o programa com o mundo da cultura, no Centro Cultural de Belém,
contempla três aspectos essenciais, ligados a três sec- antes de receber, o Primeiro-ministro, José Sócrates.
tores da acção eclesiástica: o universo da cultura, os Já em Fátima, o Papa visita a Capelinha das Aparições,
Sacerdotes e as organizações de pastoral social. às 17h30, preside à Celebração das Vésperas, às 18h00,
A visita tem três pontos altos, com a celebração de três e participa na Bênção das Velas, às 21h30, seguindo-se
missas: em Lisboa, no Terreiro do Paço, em Fátima, no a Oração do Rosário.
encerramento da Peregrinação Aniversária, e no Porto, No dia seguinte, 13 de Maio, Bento XVI celebra a missa
em pleno “coração” da cidade, nos Aliados. no Santuário de Fátima às 10h00, dedicando o resto do
Cada uma das Eucaristias é dedicada a um tema. Em dia a encontros com os Bispos portugueses e com as
Lisboa, será “Santidade e Evangelização”, em Fátima organizações da Pastoral Social.
“Repartir com alegria” e no Porto “Igreja é missão”. No último dia da visita, sexta-feira, dia 14, Bento XVI
A visita de Bento XVI acontece no 10.º aniversário da visitará o Porto. O Papa despede-se de Portugal às
beatificação de Jacinta e Francisco, no quinto aniver- 14h00, partindo do aeroporto Francisco Sá Carneiro
sário da morte da irmã Lúcia e, ainda, no momento para Roma.

Portugueses souberam da visita a 24 de Setembro


Foi a 24 de Setembro de 2009 que, na sua página oficial, a colocada no início desse mês de Setembro, precisamente
Presidência da República anunciou a visita do Papa Bento em Fátima, pelo porta-voz do Vaticano. Em conferência de
XVI a Portugal. No site lia-se que “Sua Santidade, o Papa imprensa, o Padre Federico Lombardi, revelou o “desejo”
Bento XVI, efectuará uma visita a Portugal no próximo ano, de Bento XVI de vir ao nosso país. Lombardi afirmou, en-
em resposta ao convite que lhe foi endereçado pelo Presi- tão, que o Papa “ama os Santuários marianos”, lembrando
dente da República”. alguns dos que já visitou nas suas viagens, com passagens
No mesmo comunicado, a Presidência divulgava, ainda, que muito importantes por Aparecida e Lourdes, entre outros.
“para lá do programa oficial, Sua Santidade, o Papa Bento A 6 de Outubro de 2009, uma nota pastoral da CEP anunciava
XVI, deslocar-se-á ao Santuário Mariano de Fátima, onde que o Papa viria a Portugal essencialmente como peregrino,
presidirá às cerimónias religiosas de 13 de Maio”. embora se admitisse que a visita teria uma vertente civil.
Ao longo desse dia, os responsáveis da Conferência Episco- Na altura, o Padre Manuel Morujão, porta-voz da CEP, expli-
pal Portuguesa (CEP) não valorizaram o facto da divulgação cou que, na qualidade de chefe de Estado do Vaticano, iria
da visita ter ocorrido antes do tempo previsto e, no dia “apresentar os seus cumprimentos ao Presidente da Repú-
seguinte, a 25 de Setembro, a CEP confirmou, oficialmente, blica” e encontrar-se com “representantes do Governo”.
a viagem de Bento XVI. A 11 de Outubro, confirmaram-se as informações que já
Através de um comunicado, o presidente da CEP, D. Jorge tinham sido avançadas pela Renascença alguns dias antes:
Ortiga, revelou que “a Secretaria de Estado do Vaticano” para além de Fátima, o Santo Padre iria visitar Lisboa, Por-
tinha comunicado que “Sua Santidade Bento XVI aceitou o to e Fátima, sendo que Bento XVI iria permanecer quatro
convite dos Bispos portugueses e de Sua Excelência o Presi- dias em Portugal. Terreiro de Paço, em Lisboa, e Aliados,
dente da República para visitar Portugal”. “Sua Santidade no Porto, eram apontados como sendo os locais escolhidos
presidirá às cerimónias do dia 13 de Maio de 2010, em Fá- para as grandes celebrações papais.
tima, aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora”, O programa definitivo foi anunciado, oficialmente, pela
destacava o comunicado. Santa Sé, no início de Dezembro de 2009, cinco meses an-
A hipótese do Papa Bento XVI visitar Portugal já tinha sido tes da visita oficial.

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PAPA EM
PORTUGAL

PÁG.

04

Grupo r/com
Mais de uma centena de pessoas envolvidas na
cobertura da visita papal

O Grupo r/com mobilizou perto de uma


centena de profissionais para acompanhar a
visita do Papa. São 111 os elementos acre-
ditados, entre jornalistas, técnicos e vários
comentadores convidados. Outros profissio-
nais estarão envolvidos na operação, mas
na rectuagarda.
A Renascença fará a cobertura integral em
directo de todas as cerimónias oficiais e actos públicos conteúdos. Estão mobilizadas três equipas de reporta-
que Bento XVI vai cumprir em Portugal, tal com a Rá- gem vídeo permanentes.
dio Sim, outro canal do grupo. A página online da Renascença vai ainda disponibilizar
Ao longo dos quatro dias da visita do Papa, a Renas- conteúdos multimédia sobre a vida e o pensamento de
cença vai promover, ainda, vários espaços de análise e Bento XVI, as anteriores visitas de papas a Portugal,
de opinião nas suas emissões. entre muitos outros temas.
A anteceder a chegada do Papa, destaque, já nesta se- A RFM e a Mega Hits darão também acompanhamen-
gunda-feira, para uma entrevista com o Cardeal Secre- to destacado à visita, tanto na antena rádio como nos
tário de Estado, Tarcisio Bertone, o “número dois” do respectivos sites.
Vaticano. A entrevista é de Aura Miguel, vaticanista da No Página1, terá também acesso a toda a informação
Renascença e a única jornalista portuguesa com lugar sobre os passos de Bento XVI em Portugal. Além deste
reservado em permanência no avião papal. número especial, haverá, na terça-feira, uma edição-
O site da Renascença será um dos suportes em desta- -extra centrada na missa do Terreiro do Paço, cujo iní-
que na cobertura informativa, apostando na transmis- cio está marcado para uma hora (18h15) mais tardia
são vídeo em directo das principais celebrações e actos do que o horário de distribuição da edição regular do
públicos de Bento XVI e na atualização permanente de jornal online do Grupo/r com.

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PAPA EM
PORTUGAL
D. Carlos Azevedo D. Jorge Ortiga
Mensagem do Papa
Visita pode ajudar os portugueses a terá consequências
enfrentar as dificuldades do momento O presidente da Conferência Episco-
pal Portuguesa (CEP) está conven-
O Bispo D. Carlos Azevedo é o principal respon- cido de que o Papa será portador
sável pela organização da visita de Bento XVI a de uma mensagem que terá conse-
Portugal e manifestou, na última semana, a es- quências na Igreja e na sociedade.
perança de que o Papa possa trazer ao nosso país A convicção de D. Jorge Ortiga é
um novo “incentivo” aos portugueses, no sentido reforçada pelo facto de Portugal,
de este enfrentarem a crise que assola o país. à semelhança do resto da Europa e
Entrevistado no programa “Terça à Noite”, da do mundo, viver um tempo de crise
Renascença, D. Carlos, insisitiu na necessidade de “martelar nas consciên- económica e de valores, problemas
PÁG. cias para encontrar respostas realistas a esta crise”, advertindo para o fac-
to de não poderem ser aplicadas as receitas do passado para a ultrapassar.
a que Bento XVI tem sido sensível.
“Se a crise é económica e financei-

05 Quem assim pensa “não compreende a nova realidade com que nos depara-
mos”, porque hoje “temos que levar uma vida mais austera e realista”.
“Gostava que os católicos estivessem mais preparados para o que aí vem”,
disse, também, D. Carlos Azevedo, sublinhando o facto de ser muito difícil
ra, ela tem raízes mais profundas,
porque se desconsiderou uma di-
mensão estrutural do ser humano
e da sociedade, que é esta ligação
“romper o marasmo”, mesmo entre os católicos. a determinados valores absolutos,
Para D. Carlos Azevedo, é necessário formar novos líderes na sociedade valores permanentes, valores que
e, neste campo, defendeu que a Universidade Católica deve fazer uma estão para além das fronteiras”,
reflexão profunda sobre o seu papel, esforçando-se mais na formação que sublinhou D. Jorge Ortiga em entre-
dá aos seu alunos. vista à Renascença.

Lisboa/Leiria-Fátima/Porto
As expectativas dos três Bispos anfitriões
Na visita que amanhã se inicia, o Papa visitará três para estar na Cova da Iria.
Dioceses - Lisboa, Leiria-Fátima e Porto - e a Renas- A tudo isto, Bispo de Leiria-Fátima junta ainda “um
cença auscultou as expectativas dos anfitriões de Ben- sentimento de consolação, porque a presença do Papa
to XVI. como peregrino de Fátima é uma confirmação da actu-
O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, mos- alidade da mensagem de Fátima para o mundo de hoje
tra-se confiante na mobilização dos portugueses e re- e uma confirmação do carisma do santuário de Fátima
corda, por exemplo, a mobilização de 1982, quando como uma catedral espiritual do mundo”.
João Paulo II visitou, pela primeira vez, o nosso país.
Foi há quase 30 anos e “a sociedade mudou muito”. Com a missão no pensamento
O Papa também já não é o mesmo: “própria figura do
Santo Padre é diferente, não tem aquele poder galva- A poucos dias da chegada do Papa, poderá dizer-se
nizador que tinha o Papa João Paulo II, mas é o Papa”. (com algum exagero de expressão, é certo) que o Bispo
D. José Policarpo sublinha que “a relação do catolicis- do Porto ainda respira de alívio. “A princípio, a viagem
mo português” com a figura do Papa “é muito forte, ao Porto não estava prevista”, recorda D. Manuel Cle-
desde sempre”, apesar de haver registo de “momentos mente, “mas o convite fez-se e, felizmente, foi acei-
altos e baixos”. Contudo, é convicção do Patriarca de te”.
Lisboa que “o povo e o país mantêm uma relação muito O prolongamento da visita é importante “até para ser
forte com a figura do Papa”. uma viagem a Portugal, porque Portugal tem esta me-
tade a Norte de Fátima”, diz o Bispo do Porto, certo
Receber o professor de que “o Papa será muito bem acolhido” na sua Dio-
cese.
A figura do Papa é particularmente bem conhecida do D. Manuel destaca ainda na presença de Bento XVI no
Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, aluno de Jo- Porto o facto de ela “nos confirmar na missão, porque
seph Ratzinger na universidade. Assim, o Bispo diz à temos dedicado este ano à missão e aquilo que pedi-
Renascença que é com “íntima e grande alegria” que mos ao Santo Padre foi, precisamente que, no Porto, a
recebe “o professor Ratzinger, agora como Papa”. 14 de Maio, abordasse esse tema na homilia”.
D. António sente-se “ligado a ele por laços de afecto e Assim será, tanto mais que, sublinha o Bispo do Porto,
de estima pessoal e manifesta também “um sentimen- dá-se “a feliz coincidência de 14 de Maio ser a festa de
to de gratidão por ele ter correspondido ao convite” São Matias, o apóstolo”.

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PAPA EM
PORTUGAL
Vou lá estar

Cónego João Aguiar Campos

1. Sou frio. Melhor: sou um crente frio. sua fortaleza e firmados nas suas certezas. A cer-
Quero com isto dizer que não me entusiasmam teza, por exemplo, de que Cristo não fica por
multidões, nem milagres, nem muitas das devo- terra, vencido, mesmo que arrastado na queda
ções que vejo praticar. Sou cuidadoso nas pagelas da sua Igreja, como afirmou na Via sacra de 2005,

PÁG. e visões... Aliás, se a uma esplanada chegar a no-


tícia de um “milagre” nas vizinhanças, acabarei
no Coliseu de Roma.
Sei que, na fragilidade da sua voz e da sua apa-

06 tranquilamente o café ou o refresco e, depois,


se estiver no caminho, «passarei por lá». No en-
tanto, creio nos milagres, creio que não estamos
órfãos neste mundo e que Jesus cumpre -- mais
rência, Bento XVI nos vai confirmar na fé e pedir
que, apaixonados por Cristo, trabalhemos, na
Sua Igreja, pela causa do Evangelho, pela salva-
ção do mundo. Com abertura – o que quer dizer,
discreta ou mais visivelmente -- a Sua promessa «sem chamar impuro ao que Deus purificou».
de estar entre nós até ao fim dos tempos!.. Vou sentir, como se dirigidos particularmente a
Complicado? Para alguns, talvez; mas, para mim, cada um dos seus desafios. Depois, quase
mim, consequência natural do dever de deixar silenciosamente, vou dizer-lhe que conte comi-
Deus agir da maneira que muito bem entenda, go: com as minhas qualidades e defeitos; com
limitando-me a pedir a lucidez de aderir à Sua a capacidade de confessar a fé da Igreja e, sem
vontade e não sondar os Seus desígnios. contradição, debater o que ainda é legitimamen-
Não tenho memória de alguma vez ter feito per- te discutível... Com a lucidez de quem distingue
guntas a Deus. Peço-Lhe apenas a permanente doutrina e disciplina e aceita ouvir, em cada tem-
consciência de que Ele me dará a conhecer, como po, o que Cristo diz à Igreja. E sempre, também,
amigo, aquilo que preciso de saber. Por isso, te- com a humildade de reconhecer que o pecado nos
nho de fazer silêncio e ouvi-Lo... atinge e a divina misericórdia nos chama e nos
ergue.
2. Escrevi estas linhas para aclarar o espírito que
me leva ao encontro de Bento XVI. Sim, porque 4. O meu amor ao Papa, não é “papolatria”, até
eu vou estar lá!.. porque «os discípulos de Jesus não têm, em úl-
Vou ao seu encontro, porque ele é o Papa. Único tima análise, senão um Mestre: Cristo. Todo o
e irrepetível, como qualquer um dos que conhe- encargo de ensinar na Igreja (...) funda-se ex-
ci, de Pio XII (inclusive) para cá; ou como qual- clusivamente sobre e missão recebida de Jesus».
quer um dos outros de que só a história me fala, Mas é, confessadamente, um afecto de alegre e
sem que lhes tenha ouvido a palavra ou, ainda consciente assentimento -- porque ele é o princí-
que vagamente, perscrutado o olhar. pio e o fundamento visível da unidade da fé e da
Sei que não vou encontrar a voz bem colocada comunhão na caridade.
de João Paulo II; nem os seus olhos suavemente
divertidos perante um qualquer pormenor; nem
a surdina de acompanhar um cântico que não co-
nhecia; nem o seu gesto aberto, tão largo como
qualquer praça que visitasse. Mas nada disto me
perturba. Simplesmente porque, do outro lado
das aparências, vou olhar e ouvir um outro desti-
natário da mesma missão: «Tu és Pedro...».

3. Não tenho a pretensão de, no meio das dores


que neste momento o atingem, levar consolação
a Bento XVI. Aliás, não tenho medo de afirmar
que nós é que precisamos de ser confortados pela * Presidente do Conselho de Gerência do Grupo r/com

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PAPA EM
PORTUGAL
Encíclicas
O que dizem as palavras que o Papa diz

PÁG.

07
O exercício faz-se com recurso a um programa informá- Palavras “em falta” e o que a estatística não diz
tico (neste caso, o “Wordle”) que avalia a frequência
de palavras de um texto e constrói, de seguida, uma Este exercício permite-nos também olhar para a “nu-
“nuvem” com as palavras mais usadas. O corpo de tex- vem de palavras” com outra atitude, procurando de-
to das palavras da “nuvem” varia, de acordo com a tectar os termos que lá não estão ou os que assumem
utilização que delas é feita. Assim, as palavras mais claramente menos destaque.
usadas entre as mais usadas surgem com maior noto- O Padre Peter Stilwell confessa que esperava ver com
riedade. mais notoriedade palavras “de sentido mais comunitá-
A Renascença fez o exercício com os textos das três rio, como ‘comunidade’, ‘comunhão’, ‘partilha’, ‘soli-
Encíclicas já produzidas por Bento XVI, nos seus cinco dariedade’ e, até, a própria palavra ‘Igreja’”.
anos de Pontificado: Deus caritas est, de Dezembro de Palavras em destaque, palavras em falta... A leitura da
2005, Spe salvi, de Novembro de 2007, e Caritas in “nuvem” das Encíclicas revela alguma coisa, mas não
veritate, de Junho de 2009. permite, como é óbvio, fazer uma análise dos textos
A análise da “nuvem de palavras” deixa-nos algumas com profundidade.
pistas. O Padre Peter Stilwell, director da Faculdade Peter Stilwell refere que, “quando analisamos um
de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, da texto, ou, por exemplo, quando um psiquiatra faz a
qual é também vice-reitor, e Assistente Religioso da psicanálise dum doente, devemos estar atentos a vá-
Renascença, destaca, de imediato, que “aparecem, rias coisas”, sendo uma delas a repetição de palavras,
muito claramente, ‘esperança’, ‘Deus’ e ‘vida’ como “porque, quando uma pessoa repete muitas vezes a
pontos de maior realce”. Peter Stilwell sublinha: “É mesma palavra, é porque essa palavra é significativa”.
interessante ver como contrasta ‘Deus’, que aparece Contudo, o director da Faculdade de Teologia da Uni-
com realce muito grande, com ‘Jesus’ e ‘Cristo’, que versidade Católica diz que importa também estar aten-
aparecem menores”. to “à ênfase dada a uma palavra”, porque “podemos
Outro sinal apontado pelo Padre Peter Stilwell prende- pensar que um texto se constrói para colocar no fim a
se com “a tríade ‘Fé, Esperança e Caridade’”. Nota o palavra-chave”.
Assistente Religioso da Renascença que “normalmen- Stilwell sublinha que “nós próprios temos palavras que
te, as pessoas dão muita ênfase à Fé, que parece ser nos são preciosas, especiais, que não gostamos de gas-
a grande referência da Igreja”, e, num segundo mo- tar muitas vezes e guardamo-las para momentos espe-
mento, tendem a centrar-se “no grande mandamento ciais”. Nestes casos, “a estatística diz o contrário” da
da Igreja, que recebemos de Jesus Cristo, que é amar realidade, pois “o facto de uma palavra raramente ter
a Deus e amar o próximo”. sido usada, pode não querer dizer que não seja impor-
Assim, poderíamos ser tentados a supor que os termos tante”.
’amor’ e “caridade”, estivessem “mais em realce, O Padre Peter Stilwell sublinha, por exemplo, o con-
mas o que surge como palavra mais usada é ‘espe- traste que se verifica na “nuvem” entre as palavras
rança’”. ‘esperança’ e ‘Igreja’: a primeira aparece com corpo
Peter Stilwell vê este dado como “interessante” e con- de letra grande, com muito destaque em comparação
clui que, tendo em conta “que o Papa é uma pessoa com a segunda. “Isso não quer dizer que o Papa não es-
muito atenta às evoluções culturais, aqui na Europa e teja interessado na Igreja, porque é evidente que está
no mundo ocidental em geral, se calhar, sente que a interessado na Igreja”, diz Stilwell, que remata: “Mas
esperança é a grande virtude para este tempo”. dá que pensar”.

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PAPA EM
PORTUGAL
Um grande pensador cristão
Francisco Sarsfield Cabral

Joseph Ratzinger, agora Bento XVI, é vida de um bebé de semanas tem me- Fundamentar a
decerto um dos mais profundos pensa- nos valor do que a vida de um chimpan- Doutrina Social da Igreja
dores cristãos das últimas décadas. zé adulto?
O meu primeiro contacto com o seu A fé aparece, nos ensinamentos de Bento A primeira encíclica do Papa Bento
pensamento teológico foi há quase qua- XVI, estreitamente ligada à razão. Uma XVI – Deus Caritas Est – surpreendeu e
renta anos, ao ler a edição francesa do precisa da outra. Isoladamente, tanto maravilhou muita gente pela profundi-
seu influente livro “Introdução ao Cris- fé como razão ficariam diminuídas. dade como fala do amor de Deus. Um
tianismo”. Li, depois, alguns outros li- amor que – ousadia inesperada num
vros de Ratzinger, mas só quando ele foi Fé e história Papa! – não se esgota na doação desin-
eleito Papa e os editores portugueses teressada, o ágape, mas inclui também
publicaram vários conjuntos de ensaios Algo de semelhante acontece entre fé um elemento de eros.
PÁG. teológicos da sua autoria me dei plena e história. No seu livro “Jesus de Na-
conta do rigor e da profundidade do seu zaré”, Bento XVI – ou Joseph Ratzin-
Na sua mais recente encíclica – Caritas
in Veritate -, um longo e denso texto

08
pensamento. ger, se preferirem e talvez seja mais que ainda não foi devidamente estuda-
Essas qualidades estão bem presentes rigoroso – recusa a cisão radical que do e explorado pelos cristãos, lêem-se
nos principais documentos já publica- alguma teologia moderna fez entre o numerosas análises de fenómenos polí-
dos durante o seu pontificado. Desde “Jesus histórico” e o “Cristo da fé”. ticos, económicos financeiros e sociais
logo, em três notáveis encíclicas – Deus Uma tal cisão “é dramática para a fé, dos dias de hoje, que são algo diferen-
Caritas Est, Spe Salvi e Caritas in Veri- porque torna incerto o seu verdadeiro tes dos que acolheram a Populorum
tate. E também no primeiro volume de ponto de referência: a amizade íntima Progressio de Paulo VI. Mas o mais
“Jesus de Nazaré”, uma obra cristoló- com Jesus, da qual tudo depende, cor- notável nessa encíclica de Bento XVI é
gica que Bento XVI escreveu enquanto re o perigo de cair no vazio”. que ela tudo liga entre si e tudo refe-
teólogo e submeteu à Ora, diz Bento XVI, “é re, em última análise, a um humanis-
apreciação crítica dos fundamental para a fé mo integral. Um humanismo que não
outros teólogos. Algo que Não é um Papa bíblica a referência a se fecha ao transcendente. A Caritas
não era comum um Papa comum. (...) Com acontecimentos his- in Veritate é, assim, e para além das
fazer. tóricos reais”. Não se suas múltiplas sugestões concretas, a
Mas este não é um Papa ele, pela primeira baseia em relatos me- mais elaborada fundamentação teoló-
comum. Por exemplo – vez, os nomes de ramente simbólicos, gica e antropológica da Doutrina Social
é apenas um pormenor, mas em factos que da Igreja.
embora significativo – pensadores hostis são constitutivos da Por outro lado, há nela um traço muito
com ele, pela primeira ao cristianismo própria fé. Sobretudo característico da forma de pensar de
vez, os nomes de pensa- o facto da encarnação Joseph Ratzinger: não foge à dificul-
dores hostis ao cristianis- aparecem de Cristo como Deus dade e à complexidade dos problemas
mo aparecem referidos referidos em feito homem e o facto com meras frases bonitas, vai mesmo
em encíclicas. E Bento da Sua ressurreição. ao cerne dos problemas. É assim, por
XVI discute abertamente encíclicas Para Ratzinger, acei- exemplo, que Bento XVI saúda os sindi-
as suas ideias. tar Cristo, verdadeiro catos, mas incita-os a modernizarem-
homem e verdadeiro se e a tomarem em conta os interesses
A importância da razão Deus, “pressupõe uma decisão de fé dos que não são filiados (os desempre-
e não pode surgir de um método pura- gos e os trabalhadores dos países po-
Bento XVI dá uma enorme importância à mente histórico”. Mas tal não dispensa bres); incita ao diálogo inter-religioso,
razão. E tem um motivo adicional para de “apresentar o Jesus dos Evangelhos mas não se furta a considerar nocivas
o fazer: os pensadores ditos pós-moder- como o Jesus real, como o Jesus his- certas formas de religiosidade que ape-
nos têm escasso apreço pela busca da tórico”. nas têm em vista dar bem-estar psico-
verdade, que desvalorizam, e recusam Assim, J. Ratzinger propõe neste livro lógico às pessoas; critica a ideologia
fundamentar as suas posições, nome- “uma interpretação da Bíblia propria- tecnocrática, mas também se manifes-
adamente as de carácter ético. Este mente teológica, a qual, no entanto, ta contra a ideia de um mundo sem de-
relativismo não é exclusivo de filósofos exige a fé, sem por isso querer nem senvolvimento; defende uma perspec-
e académicos – trata-se de uma tendên- poder de forma alguma renunciar à se- tiva ecológica de defesa do ambiente
cia que vai envolvendo as sociedades e riedade histórica”. (justiça entre gerações), mas acentua
as pessoas, mesmo as menos dadas ao “É fundamental para a fé bíblica a re- que a natureza não é mais importante
pensamento especulativo. ferência a acontecimentos históricos do que a pessoa humana, etc.
Este “pensamento débil”, que deriva a reais. Ela não narra lendas como sím- É este grande pensador cristão que
moral de meros movimentos de simpa- bolos de verdades que estão para além Portugal vai receber. Saibamos ser dig-
tia ou de gosto, leva ao que Bento XVI da história, mas fundamenta-se na his- nos dele.
designa de “uma concepção débil da tória que aconteceu sobre a superfície
pessoa”. Ora, uma concepção destas desta terra. O factum historicum não
é incapaz de fundamentar solidamen- é, para ela, uma chave simbólica que
te quaisquer direitos humanos – é uma se pode substituir, mas base constitu-
porta aberta à barbárie. tiva: Et incarnatus est – com estas pa- (artigo publicado no Página1 de 20 de
Pois não há já filósofos famosos, como lavras, professamos a efectiva entrada Abril, no 5.º aniversário da eleição de
o australiano Peter Singer, para quem a de Deus na história real”. Joseph Ratzinger como Papa)

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PORTUGAL

PÁG.

09

Fátima
Bento XVI vai evocar atentado contra João Paulo II
O Papa vai evocar em Fátima o atentado sofrido por Federico Lombardi sublinhou a particularidade desta
João Paulo II na Praça de S. Pedro, em Roma, em visita pastoral não coincidir com um fim-de-semana,
1981. por estar centrada no 13 de Maio, e o facto de a via-
Durante uma oração na Capelinha das Aparições, no dia gem incluir encontros e celebrações nas duas principais
12, Bento XVI vai lembrar a ligação entre o atentado cidades do país, estando em aberto a possibilidade do
de Ali Agca contra Karol Wojtyla e a protecção que lhe Papa se referir à realidade social, cultural e política
foi concedida por Nossa Senhora. Quando chegar à Ca- de Portugal.
pelinha, o Papa fará uma oração na qual se referirá ao Interrogado sobre se o Santo Padre falaria sobre os va-
atentado e à bala que está na coroa da imagem. lores da família, tendo em conta a posição maioritária
Estas revelações foram avançadas na última semana, do Parlamento a favor do casamento entre pessoas do
em Roma, pelo porta-voz do Vaticano. mesmo sexo, o porta-voz do Vaticano optou por uma
O Padre Federico Lombardi avançou, ainda, que todas resposta evasiva, não descartando, no entanto, a hi-
as intervenções públicas de Bento XVI serão proferidas pótese de Bento XVI aproveitar uma dessas ocasiões
em português. para se referir ao matrimónio e aos valores cristãos da
O percurso na procissão de 13 de Maio, família.
entre a Capelinha e o altar do recinto, O porta-voz do Vaticano sublinhou, ainda,
será percorrido pelo Papa, não a pé, que Fátima é um lugar particularmente
mas de papa-móvel, de modo a que significativo também para o actual Papa,
todos os fiéis o possam ver. recordando que Bento XVI, enquanto Car-
Bento XVI irá também oferecer uma deal responsável pela Congregação da
rosa de ouro ao Santuário de Fátima, Doutrina da Fé, se ocupou das aparições
um gesto habitual do Papa nos santu- aos Pastorinhos, com particular destaque
ários marianos. O mesmo gesto teve o O então Cardeal Ratzinger com o Papa
para a terceira parte do segredo de Fáti-
Papa Paulo VI, em 1967. João Paulo II ma e a sua divulgação no ano 2000.

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Um Papa realista
Aura Miguel

O conclave de 2005 que elegeu Joseph reito da liberdade ridicularizar o sagra- quer vento de doutrina, surge como a
Ratzinger foi dos mais rápidos. Durou do”. (Munique, homilia, 10.09.2006) única postura adequada aos tempos de
24 horas e o novo Papa foi eleito após Foi também na Alemanha que o Papa hoje. Vai-se, assim, constituindo uma
somente quatro votações. deixou várias advertências: não sabe- ditadura do relativismo que não reco-
O panorama dos cardeais eleitores foi mos usar a razão convenientemente, nhece nada como definitivo e que deixa
muito diferente dos conclaves anterio- estamos “mirrados” desde o iluminis- como última medida apenas o próprio
res, cuja predominância era essencial- mo, perdeu-se o temor de Deus e o res- eu e as suas vontades”. Nesta homilia,
mente europeia e italiana. Desta vez, peito pelo sagrado. Enfim, “o Ocidente Ratzinger acrescentou ainda que “adul-
o leque foi muito mais diversificado está há muito tempo ameaçado por ta” não é uma fé que segue as ondas da
e, por isso, equilibrado, em idades e esta aversão contra as perguntas fun- moda, nem a última novidade. Adulta
proveniências, correspondente à vitali- damentais da sua razão”. (Universida- e madura é uma fé profundamente en-
dade da Igreja espalhada pelo mundo. de de Regensburg, lectio magistralis, raizada na amizade com Cristo”. (Ho-
PÁG. Foi esse “mosaico” que se uniu para
escolher o actual Papa. A rapidez da
12.09.2006)
Esta insensibilidade do homem ociden-
milia Pro Eligendo Romano Pontefice,
18.04.2005)

10 escolha desmentiu os prognósticos de


muitos sectores (incluindo meios ecle-
siásticos e comunicação social) de que
havia uma forte resistência à eleição
de Ratzinger. Aconteceu exactamente
tal penetra na nossa maneira de enca-
rar o mundo, disse o Papa, desta vez,
na Praça de Espanha, em Roma. Insensi-
bilidade ao ponto de nos acostumarmos
“todos os dias, através dos jornais, da
Esta lucidez de Ratzinger sobre o pa-
norama da nossa fé vem da sua vasta
experiência como Prefeito da Congre-
gação para a Doutrina da Fé. Pelas fun-
ções que desempenhou durante mais
o contrário: os cardeais deram ao mun- televisão e da rádio ao mal narrado, de 24 anos, conhece bem onde estão as
do um sinal de união ao elegerem tão repetido e ampliado”; habituamo-nos feridas do homem e da Igreja. Por isso,
depressa este Papa. assim “às coisas mais horríveis que nos são profundamente realistas as suas in-
Depois da eleição, alguns consideraram tornam insensíveis e nos intoxicam. tervenções - tão realistas que afirmou,
que este Papa não viajaria tanto como (...) E os meios de comunicação social em Malta, que “no contexto da socieda-
o anterior, tendo em conta a sua idade. tendem a fazer que nos sintamos sem- de europeia, os valores evangélicos es-
Afinal, Bento XVI já realizou 14 viagens pre «espectadores», como se o mal só tão a tornar-se contra-cultura, tal como
fora de Itália, numa delas visitando dois afectasse os outros.” Resultado: está aconteceu no tempo de São Paulo”.
países (Camarões e Angola) e foi a qua- em curso uma “contaminação do espí- (Discurso aos jovens, 18.04.2010)
tro continentes (só falta a Ásia). Para rito, que faz com que os nossos rostos
este ano, depois de Malta e Portugal, sorriam menos, estejam mais tristes Portugal
tem agendadas mais três visitas pasto- e não olhem os outros nos olhos (...).
rais – todas elas na Europa. O Papa vai Passamos a ver tudo superficialmen- É com estas e outras preocupações que
a Chipre, em Setembro, à Grã-Bretanha te”. (Roma, homenagem à Imaculada Bento XVI definiu a sua agenda de via-
e a Espanha (Santiago de Compostela e 08.12.2009) gens para este ano. E é com elas que
Barcelona), em Novembro. A questão viria ser retomada na Repúbli- aterrará em Portugal, amanhã.
ca Checa, no passado mês de Setembro: Quatro dias para uma visita papal é
O panorama da Europa “Nada é mais desumano e destrutivo do mais do que é costume na Europa (em
que o cinismo que nega a grandeza da Malta, por exemplo, foram dois dias e
Entre as preocupações que Bento XVI nossa busca da verdade. Não há pior do em Chipre serão três), sendo significati-
tem manifestado nos últimos tempos e que o relativismo que corrompe os ver- vo que o seu programa inclua encontros
em viagens pastorais, vale a pena su- dadeiros valores que inspiram a constru- com fiéis em Lisboa e Porto, com toda
blinhar algumas coisas que tem dito à ção de um mundo mais unido e fraterno. a visibilidade que isso implica. Uma vi-
Europa - a esta Europa “cansada da fé”, Por isso, é preciso readquirir confiança sita apenas centrada em Fátima, seria
onde Portugal se inclui, e que, explica na fidelidade e nobreza de espírito e na arrumá-la numa espécie de “pratelei-
a prioridade do Papa em centrar todas sua capacidade de alcançar a verdade”. ra religiosa”, confinada ao perímetro
as suas viagens pastorais deste ano no (Praga, Discurso às autoridades civis e de um Santuário – um dos maiores do
Velho Continente. políticas, 26.09.2009) mundo, é certo, mas que muitos con-
Quando Bento XVI visitou a Baviera, em sideram a “sacristia do país”. Seria,
Setembro de 2006, afirmou que o Oci- Um Papa realista aliás, pouco “ratzingeriano”, uma vez
dente está ferido de morte. Ou seja, que este Papa, não tendo uma relação
“sofre de patologias mortais da religião Bento XVI tem-se revelado um Papa pessoal tão intensa com Fátima como
e da razão”, cujas consequências só realista e uma chave de leitura funda- tinha João Paulo II, tem-se distinguido
podem ser desastrosas para a humani- mental para perceber este pontificado também por falar aos que estão fora da
dade. E os sintomas destas “patologias” é a última homilia que proferiu antes Igreja. É prova disso o interesse com
percebem-se pela maneira como os ou- de ser eleito, onde ficaram famosas que largos sectores intelectuais seguem
tros nos olham: “As populações da Áfri- as palavras quer sobre a “ditadura do este pontificado (a partir das suas inter-
ca e da Ásia admiram as nossas realiza- relativismo” quer sobre o risco de per- pelações culturais), tendo em conta a
ções técnicas e a nossa ciência, mas, ao manecermos com uma fé infantil, “em lucidez e extraordinária capacidade do
mesmo tempo, assustam-se perante um estado de menoridade”. “Ter uma fé Papa para falar aos que estão de fora,
certo tipo de razão que exclui Deus da clara, de acordo com o Credo da Igre- ou aos hesitantes. É também neste con-
visão do homem. (...) Para eles, a ver- ja, é com frequência rotulado como texto que se têm organizado sucessivos
dadeira ameaça à sua identidade não fundamentalismo. Ao passo que o re- encontros com o mundo dos intelec-
está na fé cristã, mas no desprezo de lativismo, isto é, o deixar-se levar de tuais e da cultura. Em Lisboa, será na
Deus e no cinismo que considera um di- um lado para o outro, ao sabor de qual- manhã de quarta-feira, no CCB.

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BIOGRAFIA

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11

Joseph Ratzinger em criança

Em 1943, com o uniforme Família Ratzinger no dia da ordenação de Joseph. Celebrando missa, em 1952
da unidade militar de À esquerda, o seu irmão Georg, junto com a sua
defesa anti-aérea irmã, Maria, e seus pais, Joseph e Maria

Professor em Regensburg,
1965 Nomeado Arcebispo de Munique e Freising, em
Março de 1977

No Conclave de 1978, que elegeu João Paulo II Cardeal Ratzinger


acidigital

Com o Papa João Paulo II Eleição como Papa

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D. Eurico Dias Nogueira
Memórias das primeiras visitas papais
O Arcebispo Emérito de Braga, D. Eurico Dias Noguei-
ra, foi nomeado Bispo, em 1964, por Paulo VI, o pri-
meiro Papa que acompanhou numa visita a Portugal.
Como gosta de dizer, foi Bispo em três países, dois
continentes e quatro dioceses. Passou por Vila Cabral,
em Moçambique, Sá da Bandeira e Pereira d’Eça, em
Angola e, por fim, foi ordenado Arcebispo de Braga.
Esteve nas quatro visitas de Papas a Portugal. Com
Paulo VI, em 1967, e com João Paulo II, em 1982,1991
e 2000.
PÁG. Esta semana, D. Eurico, 87 anos, estará com Bento
XVI em Fátima e no Porto. Antes, recebeu o Página1,

12 no Seminário Concliar de Braga, onde reside, para


desfiar as memórias que guarda das primeiras visitas
papais: a de Paulo VI, o seu Papa, como refere, e a de
João Paulo II em 1982, quando o Santo Padre foi até
Braga, a “Roma portuguesa”, como sublinha.
Nesta entrevista, D. Eurico recorda a importância po-
lítica da visita de Paulo VI e a vertente de visita de
Estado que teve a viagem de João Paulo II, no início
da década de 1980.
RR

» Hugo Monteiro

Página1 - Que diferença terá a visita de Bento XVI pre repercussão política. Ele veio como peregrino e
relativamente às visitas de Paulo VI e de João Paulo regressou, procurando evitar alguns contactos e não
II? dando, também, oportunidade para grandes comen-
D. Eurico Dias Nogueira – Bento XVI é o terceiro Papa tários.
que vem a Portugal e a Fátima. A visita dele é um
pouco diferente das dos anteriores. O primeiro que P1 – A visita de Paulo VI foi a primeira a ser transmi-
veio foi Paulo VI. Ainda foi no tempo do Estado Novo. tida na televisão...
E houve uma certa dificuldade na vinda dele, porque EDN – Era um acontecimento importante. A televisão
o então Presidente do Conselho, Salazar, não se en- interessou-se e, com vontade ou sem ela, por parte do
tusiasmou muito com a visita. Parece que manifestou Governo, a verdade é que transmitiu as cerimónias e
mesmo uma certa relutância em o receber. Ele veio foi um grande sucesso. Causou um grande impacto e
a Fátima e regressou a Roma sem grandes contactos. Portugal inteiro acompanhou de perto esses aconteci-
O avião pousou perto de Fátima, em Monte Real, e lá mentos.
o recolheu de novo. Ele não foi, sequer, a Lisboa e o
contacto que teve com Salazar foi, precisamente, em P1 – Esteve em Fátima durante a visita de Paulo
Fátima, aonde o Presidente do Conselho entendeu que VI...
devia ir. EDN – Estive. Vim de propósito de Moçambique (onde
era Bispo) e fui a Fátima. Fiquei impressionado com
P1 – Isso aconteceu, em grande parte, devido às a maneira como ele foi recebido pelo povo, não pelo
posições que o Papa já tinha manifestado sobre as Governo. O Governo recebeu-o muito friamente, com
colónias? muita reserva. Mas ele veio como peregrino, não quis
EDN – Sim. Nós estávamos numa época de crise, num a qualidade de visita de Estado, como chefe do Estado
beco sem saída. Claro que o Papa, que via ao longe, do Vaticano que é. Deu-se, por isso, mais realce à sua
como, aliás, todo o mundo via, percebeu essa situa- visita como peregrino de Fátima.
ção insustentável e não hesitou, embora não quisesse
entrar, directamente, em assuntos de ordem política, P1 – A primeira visita de João Paulo II já foi diferen-
em defender uma certa abertura. Daí, ter recebido os te?
dirigentes dos movimentos de libertação, com grande EDN – Já foi diferente, porque estávamos em demo-
desgosto e reacção por parte do Governo português. A cracia e foi uma viagem mais longa. Ele já teve o
vinda dele ocorreu num período delicado. cuidado de mostrar que não vinha apenas a Fátima
e, por isso, aceitou converter a viagem em visita de
P1 – Foi uma visita com importância política? Estado. Não só contactou com as autoridades máximas
EDN – Sem dúvida. Os gestos destes homens têm sem- do país, Presidente da República e Primeiro-ministro,

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como também percorreu Portugal nas três regiões em P1 – Tinha gosto que João Paulo II tivesse ido ao Cen-
que ele é dividido do ponto de vista eclesiástico: Nor- tro Apostólico?
te, com sede em Braga, Centro, com sede em Lisboa, EDN – Tinha. Para ele poder cumprimentar os dirigen-
e Sul, com sede em Évora. Veio a Fátima, mas teve, tes da confraria e as autoridades que ali estavam reu-
também, grande relevo a sua passagem por Lisboa e os nidas, bem como as Irmãs Carmelitas que estavam à
contactos que teve com a população e com a juventu- espera dele. Mas tal não aconteceu e ele teve de se
de. Foi a Vila Viçosa e veio a Braga. despedir.

P1 – O mau tempo não permitiu que João Paulo II P1 – Podemos comparar essa visita com a de agora de
viajasse para Braga de helicóp- Bento XVI? Ele também
tero. Teve de chegar ao Minho vai ao Porto e a Lisboa,
de comboio. Foi complicado or- além de Fátima...
ganizar essa parte da visita? EDN – Não é uma visita
EDN – Foi, porque começamos tão prolongada nem tão
a preparar uma vinda a Braga rica como foi a primeira
PÁG. demorada. Inclusivamente, ele
devia pernoitar em Braga, mas,
visita de João Paulo II. De
qualquer forma, é uma vi-

13 depois, disseram que isso não es-


tava no plano, mas que almoça-
ria em Braga. Então, preparamos
o Centro Apostólico para o rece-
sita que não se confina a
Fátima. Vem, essencial-
mente, como peregrino,
mas também como
ber para o almoço. Mas como, no chefe da cris-
mesmo dia, ele também ia a Coimbra e tandade e como
ao Porto, o almoço ficaria deslocado. chefe de Estado
Mudou-se, então, tudo para um lanche. do Vaticano. Por
Preparou-se um lanche para o Papa, até isso, foi convida-
para ele poder contactar com outras do pelo Presiden-
entidades. Mas, afinal, nem isso, por- te da República,
que, em vez do helicóptero que esta- é por ele recebi-
va preparado para o transportar desde do, contactará o
Lisboa a Coimbra, de Coimbra a Braga Primeiro-ministro,
e de Braga ao Porto, ele teve de vir de tem actividades
comboio. Claro, no comboio de carácter polí-
a viagem é muito mais len- tico programadas
ta e a visita a Braga ficou em Lisboa...
comprimida. Contávamos
com ele durante cinco ho- P1 – Que mensagem poderá Bento
ras e só o tivemos em Braga XVI deixar nesta visita?
durante três e meia. Além EDN – O Papa, quando visita uma
disso, o mau tempo tam- região, um país ou um santuário
bém prejudicou a visita, é sempre como pastor da Igreja
embora no Sameiro tudo se Universal. Ele é, essencialmente,
tivesse realizado conforme o Bispo da Diocese de Roma, mas
o previsto. A multidão não essa qualidade, desde São Pedro,
arredou pé. Encontravam- acumula com a categoria de che-
se lá cerca de 500 mil pessoas. Encheram por comple- fe do Episcopado, chefe da Igreja Universal. Por isso,
to a avenida que vai desde a Basílica até ao cruzeiro, onde quer que vá, vai por direito próprio e em nome
onde se realizou uma missa campal. Desde a estação dessa característica que lhe é própria: ser o pastor
de caminho-de-ferro, onde ele saiu, e onde, como Bis- Universal, o Bispo da Igreja. É nessa qualidade, tam-
po de Braga, o fui esperar, até ao Sameiro, calcula-se bém, que ele vem a Portugal. Não apenas como pe-
que estiveram 100 mil pessoas para o aclamar. Apesar regrino de Fátima, que é sempre uma característica
do mau tempo, o povo de Braga cumpriu. que assumem quando visitam um Santuário Mariano,
mas vem, também, em visita oficial à Igreja que está
P1 – Teve pena da visita não ser mais prolongada? em Portugal. Não pode visitar as dioceses todas, mas
EDN – Foi pena que não tivesse entrado no Centro Apos- visita algumas além do Santuário. É uma visita que se
tólico. É curioso que eu estava a acompanhá-lo no carro alarga ao país inteiro, simbolicamente representado
e, ao vir do Sameiro para a estação, ao passarmos em nesses três pontos - Fátima, Lisboa e Porto. É um pro-
frente ao Centro Apostólico, eu estive quase tentado a grama significativo e de grande importância. Aguarda-
dar instruções ao condutor para que se desviasse. mos com todo o interesse e expectativa as mensagens
que ele nos vai trazer. Que serão sempre mensagens
P1- Embora contra o protocolo... do pastor Universal para a Igreja que ele visita, neste
EDN – Claro, mas cheguei mesmo a hesitar. Hoje talvez caso a Igreja portuguesa, representada nas três dioce-
o tivesse feito. ses: Porto, Lisboa e Leiria-Fátima.

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Pedro connosco

D. Manuel Martins
Bispo Emérito de Setúbal

Vamos ter Pedro connosco. Sentimo-nos todos que a Igreja seja neste mundo, a Igreja que Jesus
felizes com a sua visita, mas importa mais es- quer e para que o mundo, fermentado pela Igre-
tarmos atentos à sua mensagem. Conforme nos ja nos verdadeiros valores, seja cada vez mais
diz o livro dos Actos, Pedro ocupou todo o seu humano. Sentimos que não estamos bem. Espera-
tempo a anunciar Jesus: quem era Jesus, o que mos, por isso, que o Papa nos venha acordar. Que
se tinha passado com Jesus, o que queria Jesus seja bem-vindo!
PÁG. de nós. O mesmo irá fazer o Papa. A mensagem

15 de Jesus tem a ver com a novidade do homem,


com a transformação da sociedade. É verdade
que esta mensagem se foi enraizando no mundo,
a tal ponto de nos dizermos herdeiros de uma ci-
vilização cristã. O que acontece no nosso tempo
é que essas raízes se estão a perder (será preciso
prová-lo?) e, se calhar, nós, os cristãos, teremos
muita culpa nisso. E, se calhar, a Igreja tem al-
guma culpa nisso.
A vinda de Pedro a Portugal queremos e precisa-
mos que funcione como um grito de alerta, para

A restauração da exemplaridade

José Miguel Sardica


Professor da Universidade Católica Portuguesa

Segundo Peter Seewald, um dos biógrafos de porventura menos expansivo e mais académico, o
Bento XVI, os Papas não são políticos, não dis- teólogo Ratzinger também é um peregrino e um
putam eleições nem procuram votos; apenas ins- “pescador” de almas, como Wojtyla... e como
piram, falam e agem do alto de um magistério Pedro. Mas Bento XVI não será apenas escutado
espiritual que tem como horizonte o aperfeiço- pelos portugueses. Onde quer que estejam, os
amento do Homem na caminhada para o Pai. Em Papas falam “urbi et orbi”. Aspirado para o cen-
Portugal, Bento XVI vem encontrar um país his- tro de um turbilhão conjuntural que é a crise da
toricamente católico na sua grande (quão gran- pedofilia nas fileiras da Igreja católica, Ratzin-
de?) maioria, mas que, como todas as sociedades ger terá em Portugal um púlpito para transmitir
do pós-milénio, não ficou fechado aos progressos a mensagem de conversão e reparação, moral e
mais descristianizadores da modernidade. Falará judicial, que corajosamente pôs por escrito, há
para muitos, e por muitos será escutado. À me- semanas, na carta aos Bispos da Irlanda. Não sen-
mória do português médio virão, inevitáveis, as do um político, mas a voz de um caminho, de
comparações com o seu antecessor, João Paulo II, uma verdade e de uma vida que estão fora do
cuja devoção “mariana” por Fátima transformou tempo deste mundo, é neste mundo que Bento
num fenómeno de popularidade entre nós. Esta XVI nos poderá dar um sinal da restauração da
viagem será a oportunidade dos portugueses ca- exemplaridade. E é de exemplos inspiradores
tólicos conhecerem melhor a mensagem e a per- que todos necessitamos – católicos, crentes de
sonalidade do Papa, reparando que ao seu estilo, outras religiões ou ateus bem intencionados.

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As lágrimas do Pai

Cristina Robalo Cordeiro


Vice-reitora da Universidade de Coimbra

Uma das melhores maneiras de nos prepararmos visto, aos olhos dos cínicos, como um iluminado
para a próxima visita do Papa e de nos dispor- ou um comediante.
mos a entrar em comunhão espiritual com ele Vindo a Portugal, num momento singularmente
é talvez lermos ou relermos Dostoïevski e, em doloroso na história da Igreja contemporânea,
particular, Os Irmãos Karamazov, que parece ser Sua Santidade não dirá nem fará nada de sen-
o romance preferido de Bento XVI. sacional ou de inesperado. A sua personalidade
PÁG. Se nos falta tempo – mil páginas não se lêem em de intelectual obriga-o, mais do que qualquer

16 algumas horas -, basta que meditemos no gesto


do Staretz Zossima, tão fraco e doente, caindo
inopinadamente de joelhos em frente do violen-
to e orgulhoso Dmitri Fiodorovitch, murmuran-
outro, a manter-se nos limites da lógica de uma
doutrina que profundamente estudou e o seu ca-
risma próprio não o leva a conquistar, emocional-
mente, nem as multidões nem o telespectador
do: “Perdoai! Perdoai todos!” sentado no seu sofá.
É um dos maiores momentos da literatura uni- Por isso, e regozijando-me com a ideia de que
versal e podemos imaginar que talvez o Santo o sucessor de Pedro estará entre nós dentro de
Padre, na sua fragilidade física e no seu presen- dias, prefiro ir ao seu encontro na companhia
te sofrimento moral, gostasse de imitar o monge íntima dos leitores que Dostoïevski soube fazer
russo que, perante a vergonha do pecado, assu- chorar, levando-os a participar na Tristeza do
me a culpa e humilha-se correndo o risco de ser Cristo.

Dar alma à internet

Luís António Santos


Professor da Universidade do Minho

No passado dia 25 de Abril, no âmbito de uma pírito crítico, na redução da verdade a um jogo
conferência sob o título genérico ‘Testemunhos de opiniões, nas múltiplas formas de degradação
digitais: rostos e linguagens na idade da media- e de humilhação da pessoa humana nas suas di-
ção cruzada’, Bento XVI pediu aos católicos que mensões mais íntimas” – e todos são convocados
acrescentassem alma à comunicação na internet a dar um contributo.
e noutros suportes digitais. É preciso, disse o A aposta na universalidade da mensagem, em
Papa, superar “as dinâmicas colectivas que po- tempos que facilmente podiam ser apenas mar-
dem levar-nos a perder contacto com a comple- cados pela resposta defensiva a uma agenda vo-
xidade das pessoas” e a vê-las “como corpos sem raz, é sinal de maturidade e de audácia. Bento
alma, como objectos de comércio e consumo”. XVI procura ter uma Igreja que intervém mais
Há, na proposta, um desafio de maior exigência mas também que intervém melhor; um Igreja
a quem partilha a Fé mas parece haver também que se recentra no essencial da mensagem Cristã
um apelo abrangente a um recentrar de atenções e que disso dá testemunho em todo o lado. Esta-
no Humano. A vocação de abertura da internet, rão os católicos à altura da proposta?
disse Bento XVI, parece não estar a conseguir
eliminar o potencial para a criação de novas
divisões. Há tarefas a desempenhar, como a do
desafio a um predomínio do relativismo moral e
intelectual – “já bem evidente no controle do es-

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Sobre ti erguerei a minha Igreja

Cristina Sá Carvalho
Psicóloga

Quando o povo cristão quer participar na eleição pelo intransigente apego à verdade, pela coerên-
papal reza e entrega escolha tão determinante cia, pela fina erudição, pela mediação politoló-
à vontade de Deus. Esta é uma atitude de fé, o gica, por mansamente contrariar o politicamente
que não deveria parecer estranho, pois o Papa é correcto. O teólogo provocara, germanicamente,
o chefe espiritual dos católicos: a fé, faz, pois, uma pirueta no cogito católico predominante,
todo o sentido. Mas, por vezes, caímos na ten- confrontando-o com a ciência dos vários tempos e
PÁG. tação de desafiar a Providência e, alegremente, com aqueles nichos da realidade esquecidos pelas

17 projectamos na Igreja toda a triste parafernália


institucional das nossas esquálidas democracias e
assumimos favoritos, discutimos mitos provenien-
tes da Cúria, calculamos probabilidades. Eu, se
esquerdas soberbas e negligenciados pelo confor-
tável capital da direita, mas que foram os espa-
ços favoritos dos passos descalços do Cristo que
entregou a sua Igreja a Pedro. E, agora, a Bento,
tivesse votado, não teria votado Ratzinger. E pen- nome que apela aos riscos e potencial histórico da
so, todos os dias, que foi um bem não ter votado. liberdade ultra-moderna, o pastor que rejeita o
Deixara-me o Cardeal forte impressão e alarmara- individualismo e recusa o relativismo, que nunca
me, impreparada, com o fim da cristandade e o deixará que o ideário cristão ceda às delirantes
novo perfil cristão: desvantagem estatística, forte ideologias tecnicistas ou ao retorno das soluções
convicção, empenho na acção, verdadeira semen- finais, nem se converterá ao mercado sem justiça,
te na massa. Já o surpreendente Papa me venceu à ciência sem razão, à fé sem esperança. Chega
pelo pensamento e palavra, pelos inesperados ro- agora a Portugal o Papa centrado no essencial:
dapés encíclicos, pela arguta leitura da realidade, Deus é amor, também para a Europa.

O Papa em Portugal

Maria do Rosário Carneiro


Deputada socialista

A vinda de Bento XVI a Portugal é sem dúvida um situação grave que Portugal atravessa, nomea-
factor de grande alegria, e apresenta-se como damente no que se refere à conjuntura económi-
um punhado de oportunidades. ca e financeira, à situação social, aos contextos
Uma oportunidade para todos nós, católicos e não éticos em que se movem organizações, grupos e
católicos, aprofundarmos o apelo que vem a ser pessoas. Sabe-se que o Papa, nas suas desloca-
feito nos mais recentes texto pontifícios, parti- ções tem sempre uma especial atenção à socie-
cularmente no que se refere ao combate susten- dade que visita, sendo por isso expectável que
tado à pobreza, à recuperação da solidariedade neste contexto, sejamos interpelados de forma
assente em princípios fundamentais de justiça, mais particular.
à alteração de paradigmas de comportamento Uma oportunidade para provocar a (re)dinami-
face ao consumo e à fruição dos bens comuns, zação da Igreja em Portugal, nomeadamente no
à defesa dos valores fundamentais da vida e da que se refere à necessária aproximação às cir-
família. Trata-se de uma alteração de paradigma cunstâncias concretas dos tempos em que vive-
que representa um enorme desafio quer aos com- mos, para que seja referência permanente e se-
portamentos individuais, quer institucionais, no gura da mensagem de Cristo.
que se refere à recuperação de uma necessária Mas para que as oportunidades se efectivem é
sobriedade e contenção em tempos de crise. preciso que nos preparemos, que estejamos aler-
Uma oportunidade para uma reflexão sobre a ta, e que o queiramos.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL
Bento XVI e a economia

João Ferreira do Amaral


Economista

O Papa Bento XVI na sua encíclica Caritas in Veri- ainda mais flagrante no que respeita à finalidade
tate escreve com toda a clareza que “a actividade da economia. Para o neoliberalismo, não há pro-
económica deve ter como finalidade o bem co- priamente um bem comum. O que há é a identi-
mum”. Dois aspectos são de realçar nesta frase. ficação do bem com a felicidade individual. Daí,
Em primeiro lugar, que a actividade económica a defesa da economia de mercado sem regulação
deve ter uma finalidade. Em segundo lugar, que como sendo o melhor sistema porque garante que
PÁG. esta finalidade deve ser o bem comum. Dois prin- os indivíduos maximizem a sua felicidade indivi-
cípios que têm andados esquecidos nos últimos dual, ou, como dizem os economistas, maximizem

18 trinta anos, desde a ascenção das ideias neolibe-


rais. Para estas, a economia (que para o neolibe-
ralismo é a economia de mercado sem regulação)
não tem que ter nenhuma finalidade. É algo que
a respectiva utilidade. Por isso, o neoliberalismo
é um utilitarismo, partilha a concepção de que as
instituições, nomeadamente as económicas, de-
vem permitir realizar a maior felicidade para o
naturalmente se desenvolve a partir de uma mi- maior número, o que o torna incompatível com
tificada natureza humana, que teria como carac- uma ética de valores. Com resultados terríveis
terística principal o individualismo. Nada de mais no aprofundamento das desigualdades, na instru-
errado. Como muitos autores já demonstraram, a mentalização das pessoas - reduzindo o trabalho
economia de mercado é um sistema tão artificial ao nível de outra mercadoria qualquer - e no au-
como qualquer outro e portanto não temos de a mento em flecha do desperdício, uma das chagas
aceitar como uma inevitabilidade. O contraste é das sociedades modernas.

Na expectativa

Manuel Pinto
Professor da Universidade do Minho

Devo confessar que não sou um entusiasta deste Mas nada impede de sonhar: com um papa menos
tipo de visitas papais. Vejo nelas demasiado es- chefe de Estado e mais confirmador da fé; com
pectáculo, bastante mundaneidade e uma Igreja uma Igreja que marque menos pelo espavento e
associada ao aparato e ao poder – ainda que sim- mais pela força do seu testemunho e pelo senti-
bólico. do e alcance dos seus gestos.
Uma viagem destas traz consequências, mesmo Acredito, no entanto, que para muita gente estes
para os indiferentes ou para aqueles que detes- grandes ajuntamentos são significativos e fazem
tam o Papa e a Igreja. Suponho que algumas das falta. E seria bom que, por uma vez, os cépticos
medidas tomadas pelas autoridades para facilitar e laicistas também admitissem um espaço para
a circulação da comitiva papal e a realização de os seus concidadãos crentes.
algumas das cerimónias decorram mais do temor No que me toca, tenho expectativas relativa-
do que do reconhecimento relativamente à Igre- mente às palavras de Bento XVI. Posso nem sem-
ja. Por mim teria preferido que quem não quises- pre segui-lo no que diz, mas reconheço nele uma
se, não fosse afectado pelo acontecimento. capacidade notável de enunciar a mensagem
Não creio ser possível um estilo mais despoja- evangélica e de ler os sinais dos tempos, fora dos
do e mais próximo das pessoas, nesta sociedade lugares comuns de tanta pregação. Ele é habitu-
do hiper-mediatizada. Isso seria coisa de ‘outro almente interpelador e estimulante no alargar
mundo’ e converter-se-ia rapidamente num não- de horizontes para a nossa fé. Só por isso valeria
acontecimento. a pena a vinda dele a Portugal.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL
Apoiar o Papa em momento difícil

Luís Cabral
Professor da IESE Business School

Quando no Século XIX a Igreja perdeu os esta- É inegável que as últimas décadas foram um pe-
dos pontifícios, a imprensa secularista não tar- ríodo particularmente conturbado. É lamentável
dou em interpretar os sinais dos tempos. Horace o número de jovens vítimas do comportamento
Greeley, editor do New York Herald (o “Times” imoral e criminal de vários sacerdotes. É prová-
de então) vaticinava sem hesitações o final da vel que membros da hierarquia tenham reagido
Igreja. Algumas décadas depois, Stalin pergun- incorrectamente perante os acontecimentos (por
tava com ironia e sarcasmo “quantas divisões melhor que tenha sido a sua intenção).
PÁG. tem a Igreja”, insinuando que a retrógrada insti- Mas também é inegável o enorme esforço da Igre-

19
tuição nada poderia contra o poder objectivo do ja por remediar a situação, incluindo em parti-
comunismo. cular os esforços do Cardeal Ratzinger e do Papa
Nos dias que correm, não faltam “profetas” Bento XVI. Neste contexto, e dada a insistência
modernos prevendo o final da Igreja tal como a de alguns meios de comunicação em denegrir a
conhecemos. Em breve, dizem, o poder será de- pessoa do Romano Pontífice, fica-se com a sen-
mocratizado, o sacerdócio feminino instituído, a sação de que o que está em causa não é tanto
doutrina actualizada - especialmente a doutrina a reacção aos escândalos sexuais como a defesa
respeitante ao sexo. Mas o que assistimos nestes dos ideiais cristãos, tarefa cada vez mais concen-
dias é mais do que o prognóstico do fim da Igreja: trada nos ombros do sucessor de Pedro.
é um esforço constante contra a Igreja, concre- Que a visita do Papa a Portugal sirva para lhe
tamente contra a hierarquia. manifestar o nosso apoio neste momento difícil.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL
INQUÉRITO
1 - Como planeia acompanhar a visita do Papa? Vai participar em alguma das iniciativas?

2 - O que espera da visita do Papa, do ponto de vista pessoal? E o que pode ela trazer à Igreja e ao país?

3 - Que aspecto do pensamento de Bento XVI considera mais importante para o século XXI?

Fernando Adão da Fonseca, Economista


1 - Vou tentar deliciar-me o máximo que puder, participando nos diversos momentos que estão planeados duran-
te os dias que estiver em Lisboa e em Fátima.

2 - A visita do Papa é, para mim, uma ocasião para acertar a bússola da vida. Dá-me a oportunidade de verificar
PÁG. se agulha está bem apontada para o norte magnético, sem o qual nunca sabemos se o norte, o sul, o oeste e o
leste que lemos na bússola estão a apontar na direcção certa.

20 A visita do Papa a Portugal será o que ela for no coração e no pensamento de cada um de nós. Se nada acontecer,
os cristãos e Portugal em geral perderão uma oportunidade de descobrir o caminho onde se encontra a vida que
vale a pena viver, que é a vida que garante a felicidade autêntica que não é efémera, apesar das dores e dos
sacrifícios provocados pelos escolhos do caminho de cada um.

3 - Ser capaz de manter a agulha da bússola apontada para o norte magnético no meio das tempestades que
sacodem os alicerces das consciências e dos “empurrões” nascidos do ódio dos inimigos e da irresponsabilidade
de muitos “amigos”. O norte magnético é o “Caminho, a Verdade e a Vida”; é Jesus de Nazaré, de que o Papa é o
vigário.

Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar contra a Fome


1 - Sim, espero poder participar em família na missa de dia 11 em Lisboa, no terço e missa no dia 12 à noite, em
Fátima, e no Encontro com a Pastoral Social, para o qual fui convidada.
Espero, sinceramente, que todos os portugueses acolham a visita do Papa com coração aberto e puro e que,
neste momento particularmente difícil para tantas famílias e para a sociedade como um todo, aproveitem para
reflectir na mensagem de Amor de que tem sido mensageiro.

2 - A visita do Papa Bento XVI a Portugal reveste importância para todos os portugueses e, em especial, para
os católicos. As visitas pontificais simbolizam que os Papas querem ser peregrinos e se põem a caminho para
comunicar a mensagem de salvação. O Papa João Paulo II fez das suas peregrinações, um pouco por todo o mun-
do, uma pregação constante e, ao sair do Vaticano como peregrino, indo ao encontro de vários povos, de várias
culturas, colocou-se ao serviço do Homem. Saiu de si para se dar ao Outro. E o mundo inteiro percebeu essa
mensagem: o Chefe da Igreja Católica saiu de Roma, do Vaticano, e foi a todos os continentes para anunciar a
paz, defender a dignidade humana e apregoar o Amor como a via para a resolução dos problemas que afligem a
sociedade actual. Quando morreu, vieram também dos quatro pontos do mundo peregrinos que quiseram retri-
buir essas visitas, essas mensagens de amor.

3 - Na senda do seu antecessor, também Bento XVI tem visitado povos e países diferentes, com uma mensagem
única: o Amor. Mas o Amor verdadeiro, que vem de Deus para servir, indo ao encontro. Será uma oportunidade
para recordar as encíclicas deste Papa, nomeadamente, “Caridade na Verdade”, cujo conteúdo, apesar de tão
actual, não foi talvez suficientemente divulgado.

Pedro Picoito, Professor adjunto do Instituto Superior de Educação e Ciências


1 - Vou participar nas missas do Terreiro do Paço, dia 11, e de Fátima, dia 13, juntamente com a família e muitos
amigos, e no encontro com o mundo da cultura no CCB, dia 12.

2 - Do ponto de vista pessoal, espero que a visita do Papa seja um momento de conversão. Para a Igreja em
Portugal, espero que a visita do Papa seja um momento de conversão. Para os meus compatriotas, espero que a
visita do Papa seja um momento de conversão.

3 - A condenação da “ditadura do relativismo”, na própria homilia inaugural do Conclave que o elegeu. O Ociden-
te, que venceu a ideologia mais opressiva da história, o comunismo, está hoje sob o império de uma ditadura não
menos opressiva, o relativismo. O comunismo negava a liberdade de discordar do partido, o relativismo nega a
liberdade de discordar da maioria. O Papa recordou-nos que a Verdade, hoje como sempre, é inconformista.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas e do CNC
1 - Além das funções institucionais, estarei no Encontro com a Cultura. Como cristão, acompanharei com todo o
interesse esta importante visita apostólica.

2 - Mais do que da visita, espero que este pontificado continue a contribuir positivamente para a Paz, o desen-
volvimento, a liberdade religiosa e o respeito universal da dignidade humana.

3 - Há muito que acompanho o magistério intelectual e académico do actual Papa e do Cardeal Ratzinger.
Destaco a preocupação em ligar a razão e a fé e considero que as três encíclicas que subscreveu são documentos
notáveis e inovadores.

António Pinto Leite, Presidente da ACEGE


1 - A minha vida profissional apenas me permite ter a certeza de que estarei na missa que será celebrada em
PÁG. Lisboa. Gostaria ainda de poder estar em Fátima. Estarei muito atento a todas as mensagens do Papa, tudo o
que diz é profundo e tem um sentido evangélico tocante.

21 2 - A visita do Papa vem reforçar a sua mensagem dominante de uma Igreja missionária, toda ela virada para os
outros e não para si mesma e centrada no essencial: a existência de Deus e a missão da Igreja na salvação dos
Homens. Ajudar-me-á, sobretudo enquanto presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores. Nomea-
damente, na reflexão que devemos continuar a fazer sobre o sofrimento humano e a responsabilidade e genero-
sidade que é pedida aos que têm missões de liderança empresarial.

3 - Qualquer resposta será redutora, considerando a riqueza do pensamento de Bento XVI. Assinalo a reflexão do
Papa sobre o sentido da economia e dos seus fins, traduzida no mais importante documento escrito sobre a nova
era global do capitalismo, a encíclica Caritas in Veritate. Por outro lado, com a sua forma própria, prossegue
um caminho decisivo para a presença da Igreja no Mundo moderno, através do testemunho e do amor e não do
moralismo e do poder.

Padre Moreira Jardim, Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza


1 - Como estou no Porto, vou participar, concelebrando com colegas e com o Papa a Eucaristia. É a forma que te-
mos de acompanhar o Papa, porque o resto será mais restrito ainda e não será para todos, nem para mim.
Irei também a Fátima, no dia 13 à tarde, para estar no encontro do Papa com responsáveis da acção social portu-
guesa. Um encontro mais restrito com responsáveis nacionais da acção social.

2 - Estamos, em várias facetas, em circunstâncias difíceis. Não só aos níveis social e económico, mas também
eclesial. A Igreja está numa certa crise, em que há um abandono da prática religiosa bastante acentuado e
em que há também um manifesto desinteresse de algumas pessoas pela vinda do Papa. Espero que a vinda
do Papa possa ser uma clarificação de dúvidas e de propostas de evangelização e de pastoral, que reanime os
cristãos que andam, porventura, menos apaixonados por Jesus Cristo. Que possa ser um momento de despertar
de consciências e percepção de que a fé cristã é a fé em Cristo Ressuscitado e não a fé na estrutura da Igreja.
Muita gente confunde a fé em Cristo com a fé na Igreja. A estrutura da Igreja e os homens dessa estrutura nem
sempre são a melhor imagem visível do Evangelho e, às vezes, afastam pessoas de boa fé.
O Papa, porque tem uma cabeça muito limpa, muito bem organizada e uma teologia evangélica de uma simpli-
cidade enorme e muito radical, poderá ter uma mensagem oportuna para a Igreja em Portugal, não só para o
clero e para os Bispos, mas também para todos os cristãos em geral. Pode ser um vento fresco sobre os olhares
e o coração das pessoas que andam à procura de Cristo, a rocha firme de que precisam para construirem as suas
vidas e os seus projectos da sociedade. Penso que, nesta altura em que está tudo desequilibrado e tudo posto
em causa, esta pode ser a palavra oportuna na hora difícil para Portugal.

3 - Neste momento, o Papa assenta muito na renovação do sacerdócio. Ele tem sido bastante claro e exigente
no que diz respeito aos padres que têm tido os seus fracassos no âmbito da pedofilia. Agora, é também exigente
com os outros, para que vivam o sacerdócio numa identidade verdadeira com o sacerdócio de Cristo, com toda
a sua dimensão do lava-pés, do serviço e com a dimensão da cruz, da entrega total de si mesmo, por amor ao
plano de Deus e ao serviço dos homens.
Esta é a grande palavra do Papa, que se traduz, depois, no apelo à Missão. À Missão que é a dos cristãos irem
ao encontro do mundo de hoje: o mundo da cultura, da injustiça, da política, da evangelização… Que os cristãos
saiam do seu egoísmo que os afecta neste momento para iremo, irmos para uma verdadeira Missão. A Mis-
são que terá de basear-se no testemunho de cada um da sua união com Deus, ou seja, da união e vivência do
mistério da divindade e não na superficialidade de um culto ou de ritos que não bastam, não salvam, não são
fundamentadores para marcar o rumo de vida das pessoas.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL João Caetano, Presidente do CADC e professor universitário
1 - Acompanhá-la-ei com muita atenção, participando, no dia 12 de Maio, no Encontro que o Papa terá com os
representantes do mundo da Cultura, no Centro Cultural de Belém, e, no dia 13, nas celebrações que terão lugar
em Fátima. Na minha qualidade de presidente do CADC, coordenei e participei em vários debates e noutras
iniciativas. O CADC vai, aliás, oferecer ao Papa uma colectânea de textos, traduzidos para português, que ele
escreveu para os universitários (esses e outros textos podem ser consultados em www.cadc.pt).

2 - O pensamento do Papa interpela-me muito e, como universitário, tento compreendê-lo. Espero que a Hierar-
quia aposte na formação dos católicos. A formação existente é, muitas vezes, irrelevante e não são apenas nem
fundamentalmente os padres que mudarão esta realidade. Os nossos Bispos levaram a sério o que o Papa lhes dis-
se, aquando da sua última visita “ad limina”? Não sei. Pela sua capacidade de reflexão e de intervenção, Bento
XVI é um homem do nosso século. A Igreja portuguesa precisa ainda de compreender o que significa o século XXI.
Aqui estamos todos para escutar o Papa e intervir mais eficazmente.

3 - O Papa percebeu que o século XXI constitui uma ruptura em relação ao passado e que os católicos precisam de
se organizar e agir de maneira muito diferente. Interessa-me o seu pensamento social e político e, em particular,
PÁG. a agudeza com que caracteriza a crise das democracias contemporâneas e aponta caminhos de futuro. A demo-
cracia é a melhor forma de governo, mas precisa de ser reinventada. Ou os católicos são capazes de ser parte da

22 solução dos problemas, com a força intrínseca que o cristianismo tem e que não é comparável ao de outras religi-
ões, ou, então, conflitos graves atingirão as nossas sociedades, por falta de racionalidade.

Padre Lino Maia, Presidente da CNIS


1 - A visita do Santo Padre reveste-se da maior importância para a Igreja e para toda a comunidade nacional e já
a venho acompanhando desde o seu anúncio,, com iniciativas de promoção e de reflexão entre as Instituições de
Solidariedade, na Diocese do Porto e na Paróquia de Aldoar.
Participarei muito especialmente nas celebrações em Fátima (dia 12 e 13 de Maio), no Porto (dia 14) e no encon-
tro com as Organizações da Pastoral Social (no dia 13), em que, aliás, como presidente da CNIS, terei o privilégio
de estar num pequeno grupo com o Papa.

2 - Pessoalmente, considero uma bênção um encontro com um Papa que aponta a abertura do homem ao infinito
para ele ser mais humano.
Para a Igreja, será a confirmação de que o seu espaço e o desafio que o Mestre lhe deixa são, também, o de ser
perita em humanidade e de caminho na humanidade e para a humanidade.
Para o País pode ser o lembrar que “princípios tradicionais da ética social”, como a transparência, a honestidade
e a responsabilidade, continuam a ter lugar nos dias de hoje para enfrentar “problemáticas do desenvolvimento
neste tempo de globalização” e que sem a gratuidade, não se consegue sequer realizar a justiça

3 - Há algumas ideias no magistério do Santo Padre que julgo especialmente proféticas para este século: por um
lado, as palavras-chave “Verdade e misericórdia”, que proferiu na homilia que precedeu o Conclave em que foi
eleito Papa. Depois, o seu pensamento sobre o homem e para o homem, quando diz que “é a abertura para o
todo e para o infinito que faz com que o ser humano seja humano” e quando acentua simultaneamente que, “o
que também aproxima é a certeza de que o homem é homem porque se ultrapassa infinitamente a si mesmo, e
por isso é tanto mais homem quanto menos fica fechado em si, “limitado”.

João A. Pinto Basto, ex-presidente da ACEGE


1 - Conto participar com muito amor e empenho em algumas das iniciativas mais importantes, nomeadamente:
- No encontro no C.C.B.
- Na Missa no Terreiro do Paço
- Na Missa em Fátima no dia 13
- No encontro na Igreja da Sma. Trindade, em Fátima

2 - Que ela intensifique o meu amor por Jesus Cristo, pela Sua Igreja e pelo Seu representante na terra o Papa.
É “difícil” ser cristão sem nunca ter tido um encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado – Vivo, que ama
cada um de nós com um imenso amor gratuito, que só quer o bem de cada um e que nos salvou, alcançando para
cada um de nós a vida eterna. Muito gostaria que esta visita estimulasse os meios que a Igreja tem e conhece,
pondo-os ao seu serviço, afim de ajudarem a este fundamental encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado,
que muda a nossa vida e lhe dá sentido.
Que esta visita ajude as pessoas a descobrirem o verdadeiro sentido da vida e o verdadeiro amor que deve unir
a todos nós. Amor este, que tem a sua raiz no amor de Deus.

3 - Tenho uma admiração e um respeito enormes por este Papa.


O que mais me “toca” é a visão do mundo e da Igreja, que ele nos transmite com uma enorme coerência e
clareza.

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


r/com renascença comunicação multimédia, 2010
PAPA EM
PORTUGAL
Marcelo Rebelo de Sousa
Oito falsas ideias sobre o Papa Bento XVI
Marcelo Rebelo de Sousa diz que sobre o Papa Bento XVI se
criaram várias ideias feitas, que não correspondem à rea-
lidade. Na sessão de apresentação de “As razões de Bento
XVI”, o mais recente livro de Aura Miguel, a jornalista da
Renascença acreditada na Santa Sé, o conhecido analista
e comentador político enumerou oito ideias falsas sobre o
Papa que vão preenchendo
o pensamento dominante.
Enumerou e rebateu. A ses-
PÁG. são foi realizada na Feira

24 do Livro de Lisboa. Recu-


peramos, nestas páginas, as
ideias de Marcelo Rebelo de
Sousa. Em discurso directo.

Bento XVI não é sensível à razão

Estamos perante um intelectual. entre a fé e a razão. A fé comple-


Ele é, de formação, um intelec- ta a razão, mas não desmente nem
tual. É um grande teólogo, é um contradita a razão
grande filósofo. É um racionalista. Então, porque ataca ele tanto os
Se queremos encontrar um Papa intelectuais? Porque tem a humil-
intelectual, é ele. É mais intelec- dade de perceber a limitação dos
tual do que João Paulo II. intelectuais, coisa que, normal-
Nos seus escritos, está subjacente mente, os intelectuais não têm.
a ideia de que não há contradição

Bento XVI não é um homem destes tempos, como foi João Paulo II

João Paulo II foi o homem da im- culo das luzes e, racionalismos que muitos diversos, uns com base nas
plosão do comunismo. Foi o ho- são relativistas têm neste Papa crenças, outro na base de outras
mem do tempo em que debate um feroz oponente, que denuncia crenças que não religiosas.
estava, ainda, a supremacia dos essa realidade e os riscos dessa
marxismos. realidade, do vale-tudo, em que
Este é o Papa dos relativismos. O os fins justificam os meios e não
que sucedeu, largamente, na so- há valores absolutos. É um deba-
ciedade portuguesa, como noutras te diferente daquele que se tinha
sociedades, foi um certo regresso quando havia vários valores tidos
ao racionalismo iluminista do sé- como absolutos, embora de sinais

Este Papa não acredita na Europa

Ele é um europeísta nato. Ele é os novos desafios.


um europeu-europeísta militante. A crise financeira europeia mostra
É descrente dos relativismos eu- como a Europa, nas suas mais di-
ropeus, da forma como a Europa versas facetas, anda à procura de
está a envelhecer, sem perceber um novo caminho. Não se pode di-
que está a envelhecer. Porque a zer que a culpa seja do Papa, que
Europa não é capaz de falar para denuncia isso.
os novos mundos nem de perceber

r/com renascença comunicação multimédia, 2010


PAPA EM
PORTUGAL
Bento XVI é defensor do regresso ao cristianismo primitivo

Não há em Bento XVI um regresso o ecumenismo sistematicamente e


ao cristianismo primitivo. Há uma abriu recentemente a uma parte
pureza de princípios na redesco- da Igreja Anglicana.
berta da mensagem evangélica. E,
se há pessoa que deu o exemplo
de unidade dentro na Igreja cató-
lica, de unidade entre as Igrejas
cristãs, é Bento XVI. Terminou
com o cisma de Lefebvre, abriu
às igrejas cristãs, tem praticado

Este Papa é anti-muçulmano e anti-judaico


PÁG.

25 Bento XVI teve sucessivos gestos, frase de um discurso. A seguir a


inclusive com intelectuais judeus isso, houve gestos múltiplos de
e intelectuais muçulmanos, de aproximação.
abertura e de debate. E de ecu-
menismo. Esta ideia construiu-se
com base na interpretação de uma

Este Papa é contra o concílio Vaticano II

A persistência, a pertinácia com cursos - mostrou que está atento.


que tem actuado tem mostrado Ele não é insensível a tudo isso,
que é tudo menos um descren- pelo contrário. Há mais tempo do
te das virtualidades da Igreja de que se pensa, ele está atento ao
que é cabeça. Ainda agora, nesta acompanhamento ao diagnóstico e
campanha em relação à pedofi- à intervenção.
lia, em sucessivos gestos – desde
o que escreveu à Igreja da Irlan-
da, até ao receber as vítimas em
Malta e às chamadas de atenção
quase sistemáticas nos seus dis-

Bento XVI é conservador, não é progressista

A tese corrente diz que, como o capitalismo selvagem. Propôs a deira a colagem de Bento XVI ou
ele é conservador e reaccionário, reforma das Nações Unidas. Propôs da Igreja ao conservadorismo, ou
tudo o que possa mostrá-lo como uma nova ordem económica inter- ao reaccionarismo, ou à Direita.
progressista não existe. Logo, a nacional. Tem visões extremamen- Está muito para além disso, pela
última encíclica não existiu. Me- te avançadas que seriam destaca- própria essência da fé cristã.
lhor: existiu só em passagens es- das noutros tempos se subscritas
pecíficas para serem criticadas. por João XXIII ou Paulo VI, o que
No entanto, o Papa criticou a crise significa que isto depende sempre
financeira internacional. Criticou dos olhos que vêem. Não é verda-

Este Papa é contra o Concílio Vaticano II

O facto de permitir em alternati- altos e baixos, traumas e convul-


va o latim, nas celebrações litúr- sões é uma visão realista daquilo
gicas, não significa ir contra a mis- que se passa.
sa de Paulo VI. O facto de ele ter
a noção de que o Concílio Vaticano
II é uma operação cirúrgica que a
seguir tem um período cheio de

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PAPA EM
PORTUGAL
Restrições
Segurança altera rotinas nos locais onde passa o Papa
A presença do Papa implica muitos cuidados de segurança e estes, por sua vez, levam à apli-
cação de condicionamentos à normal circulação de pessoas e, especialmente, de veículos.
Tome nota das restrições que vai encontar no Porto, em Fátima e em Lisboa. Os quadros têm
informação referente a restrições já em curso há alguns dias.

PORTO
A visita do Papa ao Porto resume-se a ramentos à passagem do Papa. tura Interna, A3 – Auto Estrada n.º3, A4
PÁG. cerca de quatro horas e meia. – Auto Estrada n.º4, VRI – Via Regional

26
Todos os momentos da passagem de Destes condicionamentos, destaque Interna, Aeroporto Internacional Dr.
Bento XVI serão feitos no papamóvel. para o da Avenida dos Aliados, desde Francisco Sá Carneiro.
Serão interditos os estacionamentos as 02h00 do dia 14 até às 17h00 e, na
nas laterais das artérias por onde pas- estação de S. Bento, das 08h00 até às O Comando do Porto da PSP deixou,
sará o Papa. 10h00. O funicular estará parado das ainda, recomendações para evitar os
08h00 até às 10h00 do dia 14 de Maio. carteiristas:
O trânsito automóvel vai ficar total- • Normalmente, são homens, com ida-
mente cortado em Gaia e no Porto, em A PSP terá elementos especialmente des compreendidas entre os 35 e 60
ambos os sentidos, durante as desloca- responsabilizados por cidadãos que anos, habitualmente bem vestidos,
ções do Papa. A PSP pede, por isso, a tenham perdido familiares. Essas equi- com um casaco pelo braço, ou um
todos os condutores que evitem essas pas estarão visíveis e junto aos locais jornal (estes destinados a ocultar a
artérias, entre as 09h00 e as 13h00. de maior aglomerado de pessoas. acção da mão que retira a carteira e
a ocultá-la de imediato). Operam em
No dia 11 de Maio, vão começar a ser O trânsito estará cortado, no dia 14... grupos de três ou quatro pessoas ou
colocadas grades de contenção, sendo De manhã: Rua Rodrigo de Freitas, Av. individualmente;
expectável que, a partir dessa data, D. João II, Ponte do Infante, Rua Ale- • A sua forma de actuação consiste em
os constrangimentos de trânsito sejam xandre Herculano, Rua Duque de Loulé, aproveitarem os empurrões naturais
notórios. Rua Saraiva de Carvalho, Av. D. Afonso dos grandes ajuntamentos, causando
É também importante que os portuen- Henriques, Praça Almeida Garrett, Pra- eles próprios, alguns desses empur-
ses comecem, a partir de dia 11, a uti- ça da Liberdade e Av. dos Aliados. rões, pois facilitam o contacto cor-
lizar as Pontes do Freixo e da Arrábida, poral com a vítima para lhe extrair a
em alternativa à Ponte do Infante. A partir das 12h30: Rua dos Heróis e carteira. Esta é depois passada de ime-
Mártires do Ultramar, Rua de Camões, diato a um terceiro, pois se a vitima
Nos transportes públicos, existirão Rua de S. Brás, Rua do Cantor Zeca reparar o que retirou a carteira já não
constrangimentos de circulação do Me- Afonso, Rua António de Cândido, Rua a terá e como tal não poderá ser res-
tro, nomeadamente, paragem e encer- de Faria Guimarães, VCI – Via de Cin- ponsabilizado.

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PAPA EM
PORTUGAL
FÁTIMA
Chegar a Fátima pode, este ano, ser • Av. Papa João XXIII (entre saída da A1 Estacionamento interdito
ainda mais difícil. Para fazer face à até Rotunda Sul): Alternativa: Durante o condicionamen-
afluência de pessoas e veículos, e de Condicionada no dia 12, a partir das to, acesso pela Av. D. José Alves Correia
modo a garantir a segurança do Papa, 12h00 e, no dia 14, a partir das 05h00 da Silva, com inversão junto à praceta
as autoridades tomaram algumas me- Interdita no dia 12, entre as 16h00 e de Stº António
didas e deixam alguns conselhos. A sa- as 18h00 e, no dia 14, entre as 07h00
ber: e as 09h00. • Rua de Stª Isabel (para casa NS do
O estacionamento será interdito Carmo):
Se a saída para Fátima na A1 estiver Alternativa: Av. Beato Nuno/Lomba de Interdita de dia 12 (16h00) a 14 de Maio
muito congestionada, os itinerários al- Égua/ Fátima Velha/Montelo/EN 357/ (09h00)
ternativos aconselhados pela GNR são: EN 360 Estacionamento interdito
De NORTE para SUL:
Se vai para Fátima: • Av. D. José Alves C. da Silva: • Rua Jacinta Marto:
PÁG. • Saída da A1 no nó de Leiria, seguindo
pela EN 113 até Quinta da Sardinha; no
Condicionada de 8 a 16 de Maio
Interdita, no dia 12 de Maio, entre as
Condicionada de 8 a 16 de Maio

27 cruzamento seguir EN 357 até Fátima


ou
• Saída da A1 no nó de Pombal IC8 até
Ansião, IC3 até Tomar e, de seguida,
IC9 Vale dos Ovos, seguindo pela EN
16h00 e as 19h00 e, no dia 14, entre as
07h00 e as 09h00.
Alternativa: Rua Jacinta Marto/Av. Stº.
Agostinho
• Rua Anjo de Portugal:
Condicionada de 8 a 16 de Maio

• Rua Imaculado Coração de Maria:


Condicionada de 8 a 16 de Maio
113 com direcção a Fátima. • Rua Cónego Formigão:
Se vai para Tomar: Condicionada no dia 12 a partir das • Rua Dr. Constantino:
• Saída da A1 no nó de Leiria, seguindo 14h00; no dia 13 a partir das 06h00; no Condicionada de 12 de Maio (14h00) a
pela EN 113 até Vale dos Ovos onde en- dia 14 a partir das 05h00 dia 14 (09h00)
tra no IC9 até Tomar. Interdita no dia 12 entre as 16h00 e as
Se vai para Lisboa: 23h00; no dia 14 entre as 08h00 e as • Rua Arcanjo S. Miguel:
• Saída da A1 no nó de Leiria, seguindo 19h00; no dia 14 entre as 07h00 e as Condicionada de 12 de Maio (14h00) a
pelo IC36 com destino à Marinha Gran- 09h00 dia 14 (09h00)
de; A8 com destino a Lisboa. Estacionamento interdito
De SUL para NORTE: Alternativa: Rua Francisco Marto ou • Rua do Colégio S. Miguel:
Se vai para Fátima vindo de Lisboa: Rua 13 de Maio/Rua Santa Isabel/ Rua Condicionada de 12 de Maio (14h00) a
• Saída da A1 no nó de Torres Novas, S. Joana Princesa e Rua Stº. António dia 14 (09h00)
seguir EN 243 em direcção a Minde e pela Av. D. José Alves Correia da Silva,
nesta localidade tomar a EN360, direc- fora do período interdito
ção a Fátima. desta, com inversão de
Se vai para Fátima vindo de Castelo marcha junto à Praceta
Branco: de Stº. António
• Saída da A23 no nó de Torres Novas,
seguir em direcção a Chancelaria, Pa- • Rua João Paulo II:
farrão, Bairro, Fátima Condicionada no dia 12 a
ou partir das 14h00; dia 13 a
• Saída da A23 no nó em Atalaia seguir partir das 06h00
no IC3 direcção de Tomar, de seguida Interdita no dia 12 entre
IC9 Vale dos Ovos, seguindo pela EN as 16h00 e as 23h00; no
113 em direcção a Fátima. dia 13 entre as 08h00 e
Se vai para o Porto: as 19h00
• Utilizar a A8 em direcção a Leiria, Estacionamento interdi-
tendo aqui a alternativa de seguir pela to
A17 ou pela A1. No regresso, é o mesmo Alternativa: Interior Nor-
percurso em sentido inverso. te de Fátima pela Rua de
S. José/Jacinta Marto/
Além disto, mais perto de Fátima have- Rua de S. Paulo/R. Stº
rá outras restrições, a saber: Agostinho/Av. D José Al-
• EN 360: Estrada de Minde entre Ro- ves Correia da Silva/Ro-
tunda Sul e Rotunda Torres Novas: con- tunda Norte
dicionada no dia 12, a partir das 12h00
e, no dia 14, a partir das 5h00. O esta- • Rua de Santo António
cionamento será interdito (com acesso pela Av. D.
Alternativa: EN 357/Montelo/Fátima José Alves Correia da
Velha/ Lomba de Égua/Santuário Silva):
Condicionada de 8 a 14
• Estrada da Lameira/Estrada dos Quin- de Maio
ze/Estádio Municipal: igual às restri- Interdita no dia 12 entre
ções para a EN 360. O estacionamento as 16h00 e as 24h00; no
será interdito. dia 14 entre as 07h00 e
as 09h00

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PAPA EM
PORTUGAL
LISBOA
Nos dias 11 e 12 de Maio, haverá condi- viatura fechada, com corte de trânsito • Av. da Índia
cionamentos e restrições à circulação momentâneo durante o trajecto: • CCB
automóvel na cidade, por motivos de • Av. da Índia 11h00 – Partida para a Nunciatura, com
segurança, em todos os locais de pas- • Av. Torre de Belém corte de trânsito momentâneo durante
sagem e/ou presença do Papa. • Av. do Restelo o trajecto:
Nas vias em que o papamóvel passar, • Av. das Descobertas • CCB
o trânsito será completamente cortado • Av. Eng. Duarte Pacheco • Av. da Índia
e será interdito o estacionamento nas • Marquês de Pombal • Av. Torre de Belém
laterais das artérias. • Av. Fontes Pereira de Melo • Av. do Restelo
Haverá ainda restrição de acesso a al- • Rua Latino Coelho • Av. das Descobertas
guns parques de estacionamento sub- • Av. Luís Bívar (Nunciatura) • Av. Eng. Duarte Pacheco
terrâneos nas artérias onde circulará 16h00 às 22h00 – Trânsito cortado no • Marquês de Pombal
Bento XVI, como na Rua Latino Coelho trajecto da Nunciatura para o Terreiro • Av. Fontes Pereira de Melo
(frente ao Hotel Sheraton e Maternida- do Paço: • Rua Latino Coelho
PÁG. de Alfredo da Costa), na Praça do Muni-
cípio e na Praça dos Restauradores.
• Av. Luís Bívar
• Rua Pinheiro Chagas
• Av. Luís Bívar
15h00 às 17h00 – Trânsito cortado no

28
Entre os dias 10 e 12, será proibida a • Av. Fontes Pereira de Melo trajecto da Nunciatura para o Aeropor-
circulação automóvel entre as 07h00 • Marquês de Pombal to:
(dia 10) e as 16h30 (dia 12), no quar- • Av. Liberdade • Av. Luís Bívar
teirão da Nunciatura: Avenida Luís Bí- • Restauradores • Rua Pinheiro Chagas
var – entre as ruas de Tomás Ribeiro e • Rossio • Av. Fontes Pereira de Melo
Pinheiro Chagas – e Rua Latino Coelho Condicionado (com excepções) nas ar- • Praça Duque de Saldanha
– entre as ruas Dr. António Cândido e a térias adjacentes ao Terreiro do Paço • Av. da República
Filipe Folque. (como Rua da Prata, Av. da Liberdade, • Entrecampos
Nos transportes públicos, o Metro entre Cais do Sodré, Rua Cais de Santarém, • Av. EUA
a Baixa/Chiado e Santa Apolónia estará Av. Infante D. Henrique, Largo da Ma- • Av. Almirante Gago Coutinho
encerrado no dia 11 de Maio, das 06h30 dalena, Largo do Martim Moniz) • Aeroporto
às 21h30. 18h15 – Celebração de Missa no Terreiro
do Paço: CONDICIONANTES DURANTE
ZONAS RESTRITAS E O acesso a esta zona deve fazer-se pela A MISSA NO TERREIRO DO PAÇO:
COINDICIONADAS Rua do Arsenal, Rua da Alfândega, Rua De 7 (22h00) a 12 de Maio (00h00) –
11 de Maio da Prata, Rua do Ouro e Rua Augusta. Trânsito encerrado na Av. Ribeira das
10h15 às 12h15 – Trânsito cortado entre Serão colocados “ecrãs gigantes” para Naus/Av. Infante D. Henrique, entre o
o Aeroporto e a Nunciatura: visualização directa das celebrações na Campo das Cebolas e o Cais do Sodré.
• Praça do Aeroporto Praça do Município, Rua Augusta e Ter- 11 de Maio (07h00 às 20h30) – Trânsito
• Av. Almirante Gago Coutinho reiro do Paço. encerrado nos seguintes locais:• Rua
• Av. EUA 20h00 às 21h15 – Trânsito cortado no Cais de Santarém
• Entrecampos trajecto do Terreiro do Paço para a • Av. Infante D. Henrique
• Av. da República Nunciatura: • Av. 24 de Julho
• Praça Duque de Saldanha • Terreiro do Paço • Praça dos Restauradores
• Av. Fontes Pereira de Melo • Rua do Arsenal • Largo de Camões
• Rua Latino Coelho • Rua Prata • Martim Moniz
• Av. Luís Bívar • Praça da Figueira 11 de Maio (07h00 às 21h00) – Cortes e
12h30 – Corte de trânsito momentâneo • Rua Betesga condicionamentos de trânsito:
durante o trajecto até ao Mosteiro dos • Rossio • Cais do Sodré – Trânsito cortado des-
Jerónimos: • Restauradores de o dia 7 de Maio (montagem palco),
• Av. Luís Bívar • Av. Liberdade condicionado e desviado para a Rua da
• Rua Pinheiro Chagas • Marquês de Pombal Misericórdia;
• Av. Fontes Pereira de Melo • Av. Fontes Pereira de Melo Alternativas – Av. 24 de Julho, Rua do
• Marquês de Pombal • Rua Latino Coelho Alecrim e Rua Cintura do Porto de Lis-
• Av. Eng. Duarte Pacheco • Av. Luís Bívar boa;
• Av. das Descobertas 21h00 às 22h00 – Permissão de concen- • Av. Liberdade
• Av. do Restelo tração de jovens junto à Nunciatura Alternativas - Lateral descendente até
• Av. Torre de Belém para serenata dirigida ao Papa. à Praça da Alegria, Príncipe Real, Rua
• Av. da Índia 12 de Maio: da Misericórdia e Cais do Sodré, Rua da
• Mosteiro dos Jerónimos 09h45 – Partida da Nunciatura para o Escola Politécnica e Largo do Rato
13h00 às 13h45 – Trânsito cortado du- Centro Cultural de Belém. Corte de • Rua da Prata – Trânsito encerrado
rante trajecto em papamóvel até o Pa- trânsito momentâneo: Alternativas – Rua da Madalena em di-
lácio de Belém • Av. Luís Bívar recção ao Largo do Martim Moniz;
• Mosteiro dos Jerónimos • Rua Pinheiro Chagas • Rua Cais de Santarém – Trânsito cor-
• Arruamento na Praça do Império • Av. Fontes Pereira de Melo tado e desviado para a Av. Infante D.
• Av. da Índia • Marquês de Pombal Henrique para inversão;
• Praça Afonso de Albuquerque • Av. Eng. Duarte Pacheco • Av. Infante D. Henrique – Trânsito for-
• Rua de Belém • Av. das Descobertas temente condicionado e desviado para
• Palácio de Belém • Av. do Restelo artérias alternativas em Santa Apolónia
14h00 – Partida para a Nunciatura, em • Av. Torre de Belém e Viaduto Mouzinho de Albuquerque (à

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LISBOA
excepção dos autocarros que vão até Poente/Nascente que bem se deixou o mesmo bem tran-
Santa Apolónia); Cais do Sodré – R. Bernardino Costa – cado e sem haveres à mostra;
• Largo da Madalena – Trânsito forte- Largo Corpo Santo – Calçada do Ferra- • Não traga consigo coisas valiosas,
mente condicionado e desviado para a gial – Rua Vítor Cordon – Calçada de São quantias elevadas ou de grande interes-
Rua da Madalena em direcção ao Mar- Francisco – R. Conceição se para si;
tim Moniz; R. Alecrim – R. Ferragial - R. Vítor Cor- • Transporte a mala sempre fechada e
Alternativas – Largo do Martim Moniz, don – Calçada de São Francisco – R. Con- junto à parte da frente do corpo, e com
Rua de S. Lázaro e Almirante Reis; ceição os objectos mais importantes (dinheiro,
• Largo do Martim Moniz – Trânsito con- R. Alecrim – Largo Camões – R. Garrett – documentos, telemóvel, etc) distribu-
dicionado e desviado no início da Rua D. R. Carmo ou R. Nova do Almada ído por locais diferentes e com difícil
Duarte para Norte; Nascente/Poente acesso aos carteiristas;
Alternativas – Calçada de Santo André, Campo das Cebolas – Rua Arameiros – • Evite falar ao telemóvel e utilizar má-
Rua da Palma e Rua de S. Lázaro; Rua Bacalhoeiros – Rua da Madalena quina fotográfica ou de filmar, enquan-
PÁG. • Largo do Camões/Rua do Alecrim –
Trânsito condicionado e desviado para
Campo das Cebolas – Arco das Portas
do Mar – R. Afonso de Albuquerque – R.
to se desloca, pois além de o distrair,
são um atractivo para os carteiristas;

29 a Calçada do Combro e obrigado a in-


verter (à excepção dos autocarros que
vão até Cais do Sodré);
• Av. 24 de Julho – Trânsito condiciona-
do e desviado para a Av. D. Carlos I (à
Santo António à Sé – R. Cruzes da Sé – R.
Madalena
Parque de Apoio ao Estacionamento de
Autocarros:
• Av. 24 de Julho
• Tenha muita atenção nos grandes
aglomerados e com os empurrões;
• Acate com total disponibilidade as
ordens dos polícias, pois as mesmas
destinam-se a garantir que todos os
excepção dos autocarros que vão até • Av. Infante D. Henrique cidadãos terão os mesmos privilégios
Cais do Sodré) • Alameda Cardeal Cerejeira para assistir à passagem do Santo Pa-
Alternativas - Rua da Boavista e Rua de • Alameda Edgar Cardoso dre. Seja, por isso, um órgão facilitador
S. Paulo • Parque Expo junto ao Trancão da acção policial e não comprometa a
Alternativas ao tráfego pedonal: • Av. Lusíada, se necessário irá ser en- segurança do evento;
Considerando que os barcos vão ser cerrada para maior capacidade de esta- • Se considerar necessária a interven-
desviados para o Cais Sodré, que irá ser cionamento ção das Autoridades Policiais, não hesi-
instalado um ecrã na Praça do Municí- te em pedir a colaboração de qualquer
pio e que Sua Santidade irá passar nesse CONSELHOS DA PSP agente de autoridade ou ligue o 112.
local, prevê-se que as ruas do Arsenal e Memorize no seu telemóvel os seguin-
de Bernardino Costa fiquem rapidamen- • Privilegie a utilização de transportes tes números: Comando Metropolitano
te com circulação pedonal vedada. Por públicos; de Lisboa - 217654242. 2.ª Esquadra –
isso, deverá optar por: • Quando estacionar o veículo, verifi- 213427379

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O Papa que fala de Amor
Graça Franco

Ir à raiz da máxima de Santo Agostinho “ama e faz nos uma barca que está para afundar, uma barca
o que quiseres” permite-nos entrar no mais fundo que mete água por todos os lados. (…) O vestido e
do pensamento de Bento XVI, tão bem expresso no o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos.
título da sua primeira encíclica: “Deus é Amor”. É Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós
a partir daí que se compreende o seu pensamen- mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas
to, o apelo radical à exemplaridade e clareza do as nossas grandes palavras, os nossos grandes ges-
testemunho da existência do próprio Deus. Na tos. Tende piedade da vossa Igreja: (…)”. O pre-
defesa intransigente dessa Verdade, contestada feito da Congregação para a Doutrina da Fé, que
a mil vozes pelos que fizeram da crença útil no chamara a si o conhecimento pleno de todos os
relativismo, e na sua atraente aparência de tole- processos de pedofilia, sabia, provavelmente mui-

PÁG. rância e pluralismo, o melhor argumento contra a


existência de Deus e a melhor forma de remeter
to melhor do que nós agora, do que falava quando
rezava assim. E não só não o escondia como o re-

30 as religiões para o reduto da intimidade das cons-


ciências, restringindo a sua expressão pública ao
espaço confinado ao segredo das sacristias.
Dito assim, a mensagem do sucessor de Pedro
velava ao mundo.
Os que conhecem a história da Igreja sabem que as
nuvens actuais não são a pior das noites. O Papa
também o sabe e por isso tem sido um fiel traba-
”Deus é Amor” parece uma constatação tão básica lhador da purificação da memória. Mas confia e re-
que mal compreendemos a necessidade da sua re- conhece também os milhares de outros exemplos
afirmação. Mas o Papa é um homem do seu tempo de santidade dos seus membros.
e percebeu a absoluta necessidade de o proclamar A imagem de “fariseu hipócrita” que os m.c.s
de novo à humanidade sedenta de Amor que, nos tentam colar-lhe não joga com a sua insistente
últimos anos, parece ter excluído Deus da resposta postura de publicano implorando repetidamente
a essa ânsia de felicidade. o perdão, reclamando apenas simpatia, e não re-
Descobrissem os homens o Amor de Deus e eles verência disciplinada, à “pessoal” visão da vida de
não deixariam de abraçar essa alegria imensa. Mas Jesus de Nazaré expressa no seu livro .
para a grande maioria Ele permanece desconheci- Fora ele o mais analfabeto dos pescadores da mar-
do... Quantos de nós, cristãos, são testemunhos gem do Lago de Tiberíades, e os crentes que nele
vivos do encontro com o Pai? reconhecem o vigário de Cristo na Terra corre-
E porque Deus é Amor e responde às dúvidas e an- riam, na mesma, a saudá-lo nas praças e nas ruas
seios dos homens de hoje, o Papa não se cansa de de Lisboa, Fátima ou Porto. Sendo ele o que é, me-
recomendar à sua Igreja que centre todo o seu dis- rece também dos não crentes pelo menos o olhar
curso n’Ele. É d’Ele que deve falar esquecendo-se interessado e atento de quem tem oportunidade
de si e das suas feridas. de escutar, de perto, um dos mais desafiantes e
Não porque Bento XVI as desconheça ou desvalo- importantes vultos da actualidade. Não vale ten-
rize. A brutalidade daquela oração proferida em tar encostá-lo à direita na intransigente defesa
Roma, a poucos dias de receber o papado, na nona da moral e dos valores básicos da nossa civiliza-
estação da via Sacra, mostra que conhece bem os ção europeia ou à esquerda na sua feroz crítica ao
seus pecados e debilidades. Dizia então Ratzinger: capitalismo e à recusa das soluções liberais. Para
“(…) Senhor, muitas vezes a vossa Igreja parece- crentes ou não crentes: ele virá falar de DEUS!

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA


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LISBOA Jornalistas,
multimédia e
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FÁTIMA Oliveira;
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