259
CONSULTORES - Ad Hoc
• Alain Giami
Inst. National de Santé et Recherche Medicale
Le Kremin - Becêtre Cedex (França)
• Ana Maria de B. Aguirre Camargo
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Aurora Celli
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Carl Lacharité
Université du Québec a Trois-Rivières - Quebec (Canadá)
• Carlos Rolim Affonso
Educação Teleinterativa - São Paulo, SP. (Brasil)
• Ceres Alves de Araújo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Claisy Maria Marinho-Araujo
Universidade de Brasília - Brasília, DF. (Brasil)
• Cleusa Kazue Sakamoto
Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação - São Paulo, SP. (Brasil)
• Denise Gimenes Ramos
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Edda Marconi Custódio
Universidade Metodista de São Paulo - São Bernardo do Campo, SP. (Brasil)
• Eliana Herzberg
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Esdras G. Vasconcellos
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Francisco Baptista Assumpção Jr.
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Hebe Boa Viagem A. Costa
Rede Estadual do Ensino - São Paulo, SP. (Brasil)
• Helena Cláudia Frota Holanda
Universidade Federal do Ceará - Fortaleza, CE. (Brasil)
• Irai Cristina B. Alves
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• João Carlos Alchieri
Universidade do Rio Grande do Norte - Natal, RN. (Brasil)
• Maria Abigail de Souza
Universidade de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Maria Margarida M. J. de Carvalho
Instituto Sedes Sapientiae - São Paulo, SP. (Brasil)
• Marilda E. Novaes Lipp
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Campinas, SP. (Brasil)
• Mathilde Neder
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - São Paulo, SP. (Brasil)
• Roberto Kanaane
Universidade de Mogi das Cruzes - Mogi das Cruzes, SP. (Brasil)
• Waldecy Alberto Miranda
Consultoria Recursos Humanos e Psicologia Organizacional - São Paulo, SP. (Brasil)
• Walter Trinca
Sociedade Brasileira de Psicanálise - São Paulo, SP. (Brasil)
260
Boletim Academia Paulista de Psicologia
V.32, nº 83 - julho/dezembro, 2012
SUMÁRIO pgs.
• O Brincar e a Saúde: dez anos de Produção Científica (Playing and Health: ten years of
Scientific Production / El juego y la salud: Diez años de Producción Científica)
Vera Barros de Oliveira (C.35) ................................................................................................ 274
• O Complexo Paterno Positivo na Psique Feminina (The Positive Paternal Complex in the Women
Psyche / El complejo paterno positivo en la Psique Femenina)
Kátia Ovídia José de Souza ..................................................................................................... 313
II. TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS (Theories, Researches and Case Studies / Teorías,
Investigaciones y Estudio de Casos)
• Era uma vez: o universo do contar estórias e sua inserção no hospital (Once upon a time: the
universe of storytelling and its role at hospitals / Había una vez: El universo de la narración de
historias y su inclusión en los hospitales)
Caroline Oliveira Agudo & Ana Maria Trapé Trinca ............................................................. 331
261
Sao Paulo Academy of Psychology Bulletin
V.32, # 83 - July-December / Julio-Diciembre, 2012
pgs.
niños en situación pre-operatoria)
Camilla Volpato Broering & Maria Aparecida Crepaldi ....................................................... 395
Instruções para os Autores (Instructions for Authors / Instrucciones para Autores) ................... 518
262
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EDITORIAL
Aidyl M. Q. Pérez-Ramos
(Cad. nº 30 “Paula Souza”)1
1
Editora desta revista e Secretária Geral da Academia Paulista de Psicologia (APP). Professora
Titular pela UNESP (Universidade Estadual Paulista). Contato: Rua Pelágio Lobo 107, Perdizes-
CEP 05009-020, São Paulo, SP. Brasil, tel. (11) 3657-8889, E-mail: juanaidyl@uol.com.br 263
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I. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
Abstract: This paper describes the participation of Brazil in the International Union
of Psychological Science (IUPsyS). Brazil, represented by Helena Antipoff and
Emilio Mira y Lopez, actively participated in the founding meeting of the new
association, which occurred during the XII Congress of Psychology held in
Stockholm in 1951. Some reported episodes occurred in the period from the 50'
until the year 2012, when Brazil was back as an IUPsyS member. The Brazilians
who participated in this story are cited.
1
Agradecemos as informações por escrito fornecidas por Arrigo Leonardo Angelini (Cad. N. 4)
e orais por Aidyl M. de Queiroz Pérez-Ramos (Cad. N. 30).
2
Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Contato: Rua Ministro
Godoi, 969. CEP: 05015-901 São Paulo (SP). Tel/fax: 11-3670.8527. Email:
marmaluf@gmail.com
3
Professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Contato: Rua Dona Mariana, 72/508; CEP22280-020 –
Rio de Janeiro (RJ)Tel/fax 21-23340830. amjaco@uol.com.br 265
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266
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1
Emilio Mira y López- nascido em Santiago de Cuba em 1896, de pais espanhóis que retornam
à Espanha quando Cuba se torna independente. A família se fixa em Barcelona. Mira se forma
em Medicina e se especializa em Psiquiatria, tornando-se o primeiro catedrático da área na
Universidade de Barcelona. Também é o responsável pelo Instituto de Orientação Profissional
da Escola do Trabalho. Membro do Partido Socialista, assume a Chefia do Serviço Psiquiátrico
do Exército Republicano durante a Guerra Civil Espanhola. Exilado depois da vitória de Franco,
vive na França, Inglaterra, Estados Unidos, Cuba, Argentina, Uruguai, até fixar-se no Brasil em
1947, onde organiza e dirige o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação
Getúlio Vargas. Falece em 1964.
2
Helena Antipoff – de origem russa, estudou em Paris com Piaget e em Genebra com
Claparède. Foi para Belo Horizonte em 1929, a convite do Governo de Minas Gerais, no bojo
do projeto de Reforma Educacional, para dirigir o Laboratório de Psicologia da Escola de
Aperfeiçoamento de Professores. Teve importante atuação no Brasil até seu falecimento em
1974.
3
Compreende-se a presença destes dois representantes do Brasil nesta Assembleia da
IUPsyS pela trajetória internacional de ambos. 267
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Referências
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Psicologia (ABP). Em Jacó-Vilela, A. M. (org.) Dicionário Histórico de
Instituições de Psicologia no Brasil. Rio de Janeiro: Imago.
• International Union of Psychological Science. Disponível em
www.iupsys.net, acessado em 10 de outubro de 2012.
• Montoro, L.; Tortosa, F. & Carpintero, H. (1981) Brief History of
International Congresses of Psychology (1889-1960). In: Richelle, M. &
Carpintero. H. (eds.). Contributions to the history of the International
Congresses of Psychology. Revista de Historia de la Psicologia.
Monographs. Valencia and Studia Psychologica. Leuven University
Press.
• Montoro, L; Bañuls, R. & Gonzalez-Solaz, M. J. (1981) The International
Unification of Psychology: its background in international committees and
the initial development of the International Union of Scientific Psychology.
In: Richelle, M. & Carpintero. H. (eds.). Contributions to the history of the
International Congresses of Psychology. Revista de Historia de la
Psicología. Monographs. Valencia and Studia Psychologica. Leuven
University Press.
• Nuttin, J. (1981) Les premiers congrés internationaux de Psychologie.
In: Richelle, M. & Carpintero. H. (eds.). Contributions to the history of the
International Congresses of Psychology. Revista de Historia de la
Psicología. Monographs. Valencia and Studia Psychologica. Leuven
University Press.
• Rosenzweig, M. R.; Holtzman, W. H.; Sabourin, M. & Bélanger, D. (2000),
History of the International Union of Psychological Science (IUPsyS).
East Sussex: Psychology Press.
Recebido: 10/10/2012 / Complementado: 30/10/2012 / Aceito: 26/11/2012.
273
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1
Presidente da ABBri; pertencente ao grupo de estudo link-person da International Toy Librar-
ies Association; membro do GE da ANPEPP “Brinquedo, Aprendizagem e Saúde”, e do laboratório
de Epistemologia Genética dirigido por Zelia Ramozzi Chiarotino, do IPUSP. Contato: R. Prof.
274 Artur Ramos, 178, ap 42, Bl. Sírius. CEP 01423-010, São Paulo, Brasil.
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Introdução
Observa-se um crescente interesse por estudos sobre o Brincar, em
suas múltiplas modalidades, conceituações e aplicações práticas, em
nossos dias, quando espaço e tempo parecem diminuir dia-a-dia, vindo a
causar um risco às atividades lúdicas. A percepção desse risco aumenta,
por sua vez, à medida que pesquisas vêm comprovando a insubstituível
contribuição das brincadeiras e jogos para o desenvolvimento saudável,
assim como para todo o ciclo vital. As Universidades, centro e pólo gerador
e propulsor de estudos vêm encontrando uma abertura progressiva junto a
organizações e instituições públicas e privadas, comprometidas com o bem-
estar das pessoas. Esta pesquisa, ao procurar fazer o levantamento de dez
anos de produção científica relacionada ao Brincar e à Saúde busca
contribuir para uma leitura longitudinal dessa temática, assim como de sua
divulgação.
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Objetivo
Com base no exposto, este estudo se propôs a levantar a trajetória da
produção científica relativa ao brincar e sua relação com a saúde, de três
universidades: Universidade de São Paulo - USP, Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC-SP, e Universidade Metodista de São Paulo
- UMESP, em seus campi situados no Estado de São Paulo, no período de
dez anos, de 1998 a 2007. De forma complementar, verifica a publicação
relativa ao tema brincar e saúde em periódicos científicos de âmbito nacional,
neste período.
280
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Método
Trata-se de estudo longitudinal bibliográfico.
Material
- Acervo documental relativo ao tema Brincar e Saúde, no conjunto de
teses, dissertações e monografias de três Universidades, com enfoque no
Estado de São Paulo: USP, PUC-SP e UMESP.
USP: http://dedalus.usp.br/
PUC-SP: http://biblio.pucsp.br/
UMESP: http://biblioteca.metodista.br/
Procedimento
Inicialmente, foi realizado o levantamento da produção acadêmica das
três universidades mencionadas, relativo ao tema Brincar, e, a seguir, com
recorte deste universo relativo ao foco: Brincar e Saúde, por meio dos sites
das referidas universidades.
A inclusão dos documentos nas diversas categorias e sub-categorias
realizou-se com base no título e resumo dos mesmos, com identificação
das variáveis relativas à instituição geradora do documento (universidade,
faculdade/curso) e ao documento ou produto em si (área do conhecimento,
metodologia empregada e faixa etária da amostra). A seguir, traçou-se a
trajetória histórica dos documentos identificados, nos dez anos enfocados,
quanto às variáveis mencionadas.
281
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Resultados e Discussão
O levantamento da trajetória da produção científica relativa ao Brincar
em geral, produzida no período de 1998 a 2007 pelas universidades: USP,
PUC e UMESP, nos campi situados no Estado de São Paulo, revelou um
total de 180 trabalhos, dos quais, um subtotal de 49 sobre o enfoque Brincar
e Saúde. A análise da produção sobre o Brincar em geral identificou 124
estudos provenientes da USP (68,8%), 38 da PUC (21,1%) e 18 da UMESP
(10%), com diferentes trajetórias ao longo dos dez anos enfocados, mas
todas revelando um número crescente de trabalhos no período, o que aponta
para o interesse pelo tema por orientadores e alunos. O volume de trabalhos
da USP confirma a relevância do estudo de Bomtempo (1997) que, ao fazer
o levantamento do período anterior desta universidade, fornece dados para
o melhor acompanhamento desta progressão.
A produção conjunta das três universidades sobre o Brincar em geral
revelou um predomínio de dissertações, seguido por teses, e um menor
número de monografias na USP e na PUC. Quanto à UMESP, não foi
registrada nenhuma tese, mas dissertações e um número maior de
monografias, o que evidencia um destaque dessa modalidade em relação
às outras universidades, e aponta interesse de alunos da graduação em
trabalhos de conclusão de curso e de especialização em lato sensu, dado
que sugere uma valorização desse objeto de pesquisa mais precoce, na
graduação, assim como uma visão de sua aplicabilidade à prática, no campo
das especializações. Ressalta-se também o fato de a UMESP não possuir
doutorado na época, nas áreas do conhecimento mais geradoras de
trabalhos sobre o Brincar pelas outras duas universidades, como Psicologia
e Educação, o que possa ter contribuído para a inexistência de teses sobre
o Brincar.
Quanto ao idioma, ainda em relação à produção acadêmica sobre o
Brincar em geral, a grande a maioria da mesma, 142 trabalhos (79%) têm
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Considerações finais
Os resultados desta pesquisa evidenciam uma trajetória ascendente
em relação ao número dos estudos relativos ao Brincar e à sua relação
com a Saúde, assim como uma grande diversidade de áreas de
conhecimento envolvidas com o assunto e abertura às diversas faixas etárias
e áreas de aplicação prática.
Por outro lado, demonstram um descompasso entre o número
verificado de trabalhos acadêmicos e o de publicados, o que se torna
preocupante, e sugere, entre outros cuidados, políticas mais hábeis e ágeis
de publicação. Os dados apontam também para falhas encontradas nos
trabalhos universitários, relativas aos resumos disponíveis nos sites
universitários, no que concerne à não apresentação adequada de dados
fundamentais sobre o método aplicado, inclusive amostra e instrumentos
utilizados, assim como na descrição dos resultados obtidos e não
apresentação de abstracts, em grande parte deles. Observa-se, contudo,
que esta pesquisa incluiu monografias de trabalhos de conclusão de curso
e de cursos de especialização, o que talvez justifique parcialmente esta
falha, assim como incentive a que venha a ser sanada, uma vez que estes
trabalhos introduzem à pesquisa e podem contribuir com dados valiosos.
Levanta-se inclusive a hipótese de que, muitos desses trabalhos por não
serem devidamente apresentados, venham sendo rejeitados pelos
periódicos, e, desta forma, impedidos de ter sua divulgação, em nível
nacional e internacional.
A contribuição expressiva da Psicologia quanto a trabalhos acadêmicos
e a publicações relativas ao Brincar e à sua relação com a Saúde, verificada,
atesta o quanto esse objeto de estudo vem sendo devidamente valorizado
285
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Referências
• Almeida, S. (1991). Criança e espaço: um estudo em psicologia
ambiental. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social, Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo.
• Almeida Filho, N. de (2000). A ciência da saúde. São Paulo: Hucitec.
• Bomtempo, E. (1997). Brincando se aprende: uma trajetória de
produção científica. Tese de Livre Docência, Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo.
• Brasil. Câmara dos Deputados. (2005). Brinquedoteca: um direito das
crianças: lei nº 11.104. Brasília, DF: Autor. Disponível em: <http://
www.abrinquedoteca.com.br/ artigos_integra2.asp?op=1&id=3>.
Acesso em: 15.Mai.2006.
• Correr, F. S. (2006). As brinquedotecas hospitalares de São Bernardo
do Campo e a humanização do ambiente de saúde. Trabalho de
Conclusão de Curso, Graduação em Psicologia e Fonoaudiologia,
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.
• Custódio, E. M. (2003). A história da pós-graduação em Psicologia da
Saúde da UMESP. In: V. B. Oliveira & K. Yamamoto. Psicologia da a
saúde: temas de reflexão e prática. São Bernardo do Campo: UMESP.
• Demanboro, A. (2003). Fisioterapia com estratégias lúdicas: uma
proposta em reabilitação psicomotora de crianças com paralisia
cerebral. Dissertação de Mestrado em Psicologia da Saúde,
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.
• Dietz, K. G. & Menezes, R. E. (2006). Integração família-hospital: o papel
da brinquedoteca hospitalar em Santo André e São Bernardo do
Campo. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Psicologia e
Fonoaudiologia, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo
do Campo.
• Direste, J. S. (2006). O brinquedo e sua função terapêutica nos hospitais
de São Caetano do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação
em Psicologia e Fonoaudiologia, Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo.
286
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Abstract: The legacies of the following pioneers, Patrons of this Academy, are
summarized in this brief article: Milton Camargo da Silva Rodrigues – Chair
no. 6; Candido Mota Filho, Chair no. 24; and Mario Yahn, Chair no. 9. They were
sent to the BVS-Psi in order to comprise the History of Psychology Module, as
part of the list, already sent by this sodality, to this virtual publishing in Psychology.
Resumen: Son sintetizados en este breve artículo los legados de los siguientes
pioneros: Patronos de esta Academia, Milton Camargo da Silva Rodrigues- Silla
nº 6, Candido Mota Filho, Silla nº 24 y Mario Yahn, Silla nº9. Fueron enviados al
BVS-PSi para conformar el Módulo Historia de la Psicología, haciendo parte del
material que ya fue enviando, por esta sociedad, en esta difusión virtual en
Psicología.
pela UNESP. Contato: Rua Pelágio Lobo, 107, Perdizes, São Paulo, SP, Brasil. CEP 05009-020
290 E-mail: juanaidyl@uol.com.br
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Abstract: Created in the middle of the last century to ensure the communication
between different American military bases, the internet is the fastest growing
means of communication nowadays, and it has been modifying various aspects
of mankind – the relation to oneself, its cohorts and the surrounding environment.
The internet started to take more and more room among society and began to
integrate its construction, positively, for example, allowing the collective generation
of knowledge from countless minds connected by the web, and, in a negative
fashion, by physically distancing people from social interaction and direct
communication, provided by technology. In the past few years, the internet took
an incomparable degree of influence over the human being, interfering with its
1
Psicóloga, Professora da FAPCOM, Pesquisadora com Doutorado em Desenvolvimento
Humano pela USP. Contato: Av. Brigadeiro Faria Lima, 1616 / 804 – Jd. Paulistano / SP-SP,
Brasil. E-mail: cleusa.sakamoto@geniocriador.com.br
2
Relações Públicas da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação – FAPCOM. Contato:
Rua José Carlos Simões de Falco, 112. Vila Sirene – São Paulo, SP, Brasil. CEP 03268-130. E-
294 mail: caiosouza.rp@gmail.com
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perception of the world, social interactions and, thus, the construction of a personal
identity. This article proposes a preliminary debate over the relations between
internet and subjectivity nowadays, seeking to identify factors to be analyzed in
order to delve into the subject. It portraits the interest to discuss the development
of human capabilities and the creative potential.
Resumen: Creado en la mitad del siglo pasado como un intento para garantizar
la comunicación entre las diferentes bases militares americanas, el internet es
el medio de comunicación que más crece en el mundo contemporáneo y que
viene modificando innumerables aspectos de la vida del hombre- consigo mismo,
con sus semejantes y con el ambiente en el que vive. El internet pasó a ocupar
cada vez más espacio en la sociedad y a formar parte en su construcción, de
manera positiva, facilitando la generación colectiva de conocimiento proveniente
de innumerables mentes interconectadas por la red, por ejemplo; y de modo
negativo por el distanciamiento físico entre las personas en cuanto a la interacción
social, dado por el contacto y la comunicación indirecta realizada a través de la
tecnología. En los últimos años, el internet asumió un grado de influencia
incomparable para el ser humano, pasando a interferir en la forma en que percibe
su mundo, las relaciones sociales y consecuentemente, en la construcción de
la identidad personal. El artículo propone un debate preliminar sobre las relaciones
entre el internet y la subjetividad en la actualidad, buscando identificar factores
de análisis para profundizar en el tema. Esboza el interés en discutir el desarrollo
de las capacidades humanas y del potencial creativo
Introdução
A internet – rede internacional de comunicação – é o ambiente que
desde o final do século passado traz consigo mudanças radicais no modo
como o homem conhece o mundo, como o percebe e interage com ele. Ela
modificou a forma das pessoas se relacionarem com as demais, o
ambiente, o conhecimento, com as próprias motivações, com a vida
produtiva, com o consumo.
Este artigo aborda de modo preliminar, a influência da internet na vida
contemporânea, discutindo as consequências prejudiciais para a
humanidade, relativa à forma indireta de relacionamento interpessoal que é
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de transformação social que se mostra cada vez mais real. Uma visão
negativa da internet leva em consideração que o grande volume de
informações gerado por um número cada vez maior de usuários, pode
alienar ainda mais o ser humano.
A respeito do exacerbado volume de informações, Wurman (2005)
afirma que muita informação, provoca pouco entendimento e que o ser
humano, em meio ao grande volume de informações do ciberespaço, sofre
com ansiedade proveniente do crescimento da distância entre aquilo que
ele compreende e aquilo que ele acha que deveria compreender.
Costa (2003) menciona o “acesso ao excesso” (p.32) apresentado
pela internet como geradora de “angústia” e “desconfiança” que requer o
uso de “meios sofisticados de orientação” praticados na escolha por
conteúdos.
Ao discutir o tema da ansiedade no relacionamento do ser humano
com o ciberespaço, Wurman (2005) introduz uma importante reflexão sobre
a importância dos referenciais externos apresentados pelo conjunto social
para estruturar o universo pessoal subjetivo. Esta observação nos remete a
ponderar sobre a repercussão de possíveis perdas dos parâmetros que
estabelecem as bases do mundo real, uma vez que podem acarretar
imensuráveis danos ao processo da construção da identidade que é histórica
e contextualizada socialmente.
Nas palavras de Vygotsky (1930/2000) quando escreve sobre a
formação social da mente, encontramos que:
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Considerações Finais
Marcondes Filho (2004), afirma que a linguagem escrita não é capaz
de conter a totalidade da comunicação humana, pensamento que traduz a
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Recebido: 10/08/2012 / Revisto: 15/09/2012 / Aceito: 10/10/2012.
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Abstract: This study aims, through the narrative of the "The Phantom of the
Opera" movie, understood as a Fairy Tale in the model proposed by Von Franz
and analyzed in the theoretical framework of Analytical Psychology, to describe
the development process of the female personality. And from its relationship with
the Paternal Complex originally positive and its implication in the Jungian clinic.
The Positive Paternal Complex is characterized by relationships during childhood
with great dedication, attention, interest, the daughter worships the Father. The
film describes the passage of the main character as Puela, hostage of a positive
Paternal Complex, which prevents her from establishing a loving relationship
1
Psicóloga. Mestre em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz/RJ. Pós-Graduada em Teoria e
Prática Junguiana pela Universidade Veiga de Almeida/RJ. Contato: Rua Imbuí 240, casa 17,
Tanque-Jacarepaguá, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. CEP 22730-100. Cel. (21) 88655495. E-mail.:
katiaovidia@oi.com.br 313
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with males unlinked to the image of the Ghost, that is, the image of the Father.
The story of the Phantom of the Opera repeats an archetypal situation. Other
stories that presented the same subject in the “Phantom of the Opera" movie
are: the Brothers Grimm tale "Beauty and the Beast", the "Donkeyskin" movie
by Charles Perrault, the tale "Bluebeard", "The Girl Without Hands","Skeleton
Woman" and the "Magic Flute" opera by Wolfgang Amadeus Mozart, in the film
version presented by Ingmar Bergman. The story of the Phantom of the Opera
portrays the Positive Paternal Complex, demonstrates the development of the
Anima and Animus relationship, and the trajectory of the individuation process.
Introdução
O filme “O Fantasma da Ópera”, publicado em 1911, musical dirigido
por Joel Schumacher com roteiro de Andrew Lloyd Webber e o citado
dirigente (2004), é uma adaptação da história de amor de Gaston Louis
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e o Fantasma pede que ela decida entre eles. Christine teria que casar com
o Fantasma e ficar com ele por toda a eternidade para o Fantasma libertar
Raoul, disposta a salvar o seu grande amor beija o Fantasma de corpo e
alma, prefere ficar com ele para evitar a morte de Raoul. Ela está disposta
a sacrificar-se, recolher as projeções e integrar a sua sombra, ou seja, o
Complexo Paterno Positivo. O Fantasma a liberta e oferece para o casal a
barca, a mesma que levou Christine em sua primeira descida a caverna.
Eles fogem Christine e Raoul, a fuga com Raoul na barca simboliza a união
Anima e Animus.
Logo em seguida, o Fantasma foge da Caverna, ele quebra os
espelhos e passa por uma passagem secreta. O elenco da ópera encontra
a caverna vazia, seu assombroso morador deixa para traz a caixinha de
música com o macaquinho tocando a música: “Mascarados”, que é achada
por Meg Giry. A ópera é consumida pelas chamas, assim, O fogo,
geralmente, representa emoção e paixão que tanto pode nos queimar
como nos iluminar (Von Franz, 1981/2005, p.221). Christine deixa de ser
Puela e passa a ser a Condessa de Changy, mãe e adorada esposa, casada
com Raoul.
Como diz Von Franz (1981/2005, p. 162), A natureza do herói, também,
revela a natureza da sombra. Ou seja, tanto a Sombra como o Herói de
Christine é fruto da sua fixação na imagem paterna, isto é, a dificuldade de
relacionar-se com o masculino. O complexo possui tanto um lado sombrio e
outro luminoso em um sistema polarizado, o modelo do arquétipo compõe-
se de duas esferas, uma luminosa e outra sombria (Von Franz, 1985/2002).
O Fantasma pode ser encarado como um instrumento de crescimento,
porque a sombra força Christine a mudar de atitude, voluntária ou
involuntariamente (Von Franz, 1985/2002). A presença do Fantasma sinaliza
a Christine a preponderância de romper com a fixação no Pai e deixar surgir
um novo par amoroso para Anima. De forma violenta, o Fantasma mostra
para Christine a prisão em que estava condenada, a possessão do Animus,
ou seja:
[...] desta forma que a sombra maligna tem um valor positivo e uma
qualidade portadora de uma luz luciferina. Ela é a força que o dirige para
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Considerações Finais
A história do Fantasma da Ópera vem a repetir uma situação
arquetípica, reforçando esse fato em alguns contos de fada que demonstram
não ser só Christine que precisou descer na Caverna do Fantasma da Ópera
para poder começar a relacionar-se com o masculino de forma desvinculada
do Complexo Paterno. Alguns contos que apresentam o mesmo tema
exposto no filme “O Fantasma da Ópera” são: o conto “A Bela e a Fera” dos
irmãos Grimm (Henderson, 1964/1977), o filme “Pele de Asno” de Charles
Perrault (1970), o conto “Barba Azul” (Estés, 1994a), o conto “Donzela sem
mãos” (Estés, 1994b), o conto “Mulher Esqueleto” (Estés, 1994c) e a ópera
“Flauta Mágica” (Direção: Ingmar Bergman, 1975), de autoria de Wolfgang
Amadeus Mozart apresentada na versão cinematográfica por Ingmar
Bergman.
Apesar, de outras interpretações possíveis sobre o filme “O Fantasma
da Ópera”, o estranho, fascinante, e misterioso Fantasma da Ópera recebe
matizes do Complexo Paterno Positivo, demonstra o processo do
relacionamento Anima e Animus não mais constelada no complexo, na
trajetória do processo de individuação.
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Silva, Raul de Sá Barbosa, Angela Melim e Lúcia Melim. Rio de Janeiro:
José Olympio, p. 212-217. (Éd. Robert Laffont S.A. e Éd. Jupiter, 1982).
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1
Psicóloga pela FACHS da PUC/SP. Contato: Av. Guilherme Rohn, 400, casa 20. Nova Aldeinha.
Barueri, SP, Brasil. CEP 06440-030. E-mail: carolineoagudo@hotmail.com
2
Professora doutora no curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
da PUC/SP. Contato: Rua João Moura, 627 cj. 61, Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil. E-mail:
amtrinca@pucsp.br 331
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children (Ana Clara, Lucas and Sophia, fictitious names) with respiratory diseases.
The instruments utilized are: a) semi-directed interviews with parents or caregivers
and with the child himself, b) telling the story "The Chilly Daisy", and c) application
of the Drawing-Story procedure of Walter Trinca. The collection of material is
made in the time period of hospitalization of the indicated children, in a city hospital
of a medium-sized city. The survey was able to gather elements for understanding
the disease process of each child, with effects experienced by the family, by
means of symbolic dimensions and archetypal manifestations extracted from
the story told.
1 – Introdução
Experiências como paciente da área hospitalar e posteriormente,
quando universitária, como estagiária contando estórias para as crianças
hospitalizadas, despertou o interesse da segunda autora por colaborar com
uma pesquisa sobre o tema.
A partir da motivação sobre a experiência da primeira autora, a escolha
por pesquisar o contar estórias no ambiente hospitalar, constituiu-se temática
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2 – Método da Pesquisa
Para se estudar o tema do contar estórias para crianças no ambiente
hospitalar, fundamentado na Psicologia Analítica, pretendeu-se compreender
e interpretar processos dinâmicos de personalidade. Este tipo de trabalho
é analisado dentro do enfoque qualitativo, por ser guiado pelo ponto de
vista individual de crenças e sentimentos sobre a realidade (concepções
de mundo, ser e psique) que orienta a maneira como os fenômenos são
contemplados, buscando seus significados e finalidades (Penna, 2007).
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2.1 – Participantes
Os participantes da pesquisa foram as três crianças, já referidas, com
doenças respiratórias, como: bronquite, asma ou pneumonia. Segundo
Souza (2000), por exemplo, a asma é uma patologia multifatorial, sendo
determinada como uma interação de fatores constitucionais e ambientais
que levam a uma inflamação crônica das vias aéreas em pessoas suscetíveis.
Com esta inflamação, os brônquios sofrem um estreitamento, dificultando a
passagem de ar.
As crianças em estudo, estão numa faixa etária em que são capazes
de se expressar adequadamente, mas ainda não chegaram à adolescência,
quando questões mais complexas de formação da identidade são
acrescidas ao processo. Assim, são elas, Sophia (sexo feminino, quinto
ano escolar), Lucas (sexo masculino, primeiro ano escolar) e Ana Clara
(sexo feminino, primeiro ano escolar) respectivamente 10 anos, 8 anos e 8
anos. Os pais, como já foi referido, foram chamados com a finalidade de
contribuírem com seu relato sobre o adoecimento da criança, sobre a
personalidade da mesma e acerca da relação com eles. Foram
entrevistadas somente as mães por serem elas que acompanhavam o filho
no hospital.
2.2 - Instrumentos
Na Psicologia Analítica são utilizados instrumentos de coleta de dados
que fornecem a melhor forma possível de detectar e recolher o material
simbólico – via de acesso ao inconsciente – como recursos projetivos.
Assim, seguiu-se.
Os instrumentos para a realização desta pesquisa são especificados
a seguir:
a) Entrevista semi-dirigida com os pais e/ ou cuidadores e a criança
para se apreender a dinâmica da família, além de entender o processo de
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2.3 - Procedimento
Inicialmente, foi realizada a entrevista semi-dirigida com a mãe, e,
posteriormente com a criança. Sendo que eram realizadas separadamente,
isto é, na presença da criança se fez ausente a mãe, bem como o filho não
esteve junto à mãe.
Foi realizada, posteriormente, uma sessão do contar a narrativa “A
Margarida Friorenta” com duração aproximada de 20 minutos. Foram
pedidos desenhos-estória com tema antes e após a contação e realizado
uma nova pequena entrevista com a criança acerca de suas impressões
sobre a estória.
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O frio da Margarida não era frio de casaco, não! Que frio era esse então
que Margarida sentiu?
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“Grande parte do nosso mundo significa muito pouco para uma criança;
nossa consciência moral, nossas leis de certo e errado não tem valor
especial para ela. Até as palavras que nós falamos carregam diferentes
significados. E a nossa própria realidade que é sempre e definitivamente
o teste de valor de nossos contatos com a criança; e é isto que é
reconhecido pelo inconsciente dela”. (Wickes, 1927 p.17)
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Considerações Finais
Este artigo buscou refletir acerca da importância do lúdico para a
criança, como de expressão e interação com o mundo interno e externo que
está inserida, bem como instrumento de resignificação e também de
expressão de angústias e dificuldades, sendo este o foco da pesquisa devido
a temática do adoecimento. O lúdico engloba o brincar, o desenhar, o contar
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Difficulties upon the Unconscious of the Child. A. New Jersey: Spectrum
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Recebido: 01/08/2012 / Revisto: 05/10/2012 / Aceito: 07/11/2012.
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1
Psicóloga. Professora da UFPB. Contato: Rua Adolpho Ferreira Soares Filho, n.34, Edifício
Rio Nilo, A-101. Jdm. C. Universitária, João Pessoa, PB, Brasil. CEP 58052-170 E-mail:
chiapetti@yahoo.com.
2
Psicólogo. Professor da UFP. Contato: Rua Sete de Abril, 434 Alto da XV, Curitiba, PR, Brasil.
CEP 80045-105 E-mail: caserbena@yahoo.com.
3
Psicóloga da Secretaria de Saúde de Blumenau – SC. Contato: Rua São José, 345 ap 73,
Blumenau, SC, Brasil. CEP 89010-220 E-mail: leti.fur@terra.com.br.
4
Psicóloga. Contato: Rua Eça de Queiroz, 1205, ap. 11-B. Bairro Ahú, Curitiba, PR, Brasil. CEP
80540-140. E-mail: dedeschmidt@hotmail.com
5
Psicóloga. Contato: Rua Felicio Laskoski, 777, Riviera, Curitiba, PR, Brasil. CEP 81290-090.
E-mail: danuzia@monjolo.eng.br 353
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1 - Introdução
Grande parte da vida das pessoas é dedicada ao trabalho, incluindo
a preparação para assumir e desempenhar papéis e funções ocupacionais.
Pereira (2002) estima que 8 horas por dia, em média, são dedicadas ao
trabalho, ao longo de 30 a 35 anos ou mais (sem considerar o tempo
dedicado à preparação para o exercício profissional). Trata-se de uma
dimensão que interfere significativamente na formação da identidade e
inserção social das pessoas (Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, & Kristensen,
2002; Tolfo, Silva & Luna, 2009).
A qualidade de vida é impactada pela concretização de expectativas
com relação ao trabalho e/ou atividades profissionais (Gil-Monte, 2002).
Nesse contexto o indivíduo está sujeito a variáveis que contribuem para seu
crescimento, reconhecimento social e saúde, ou por seu adoecimento
(Pereira, 2002; Teixeira, 2007; Tamayo, 2009).
Resultante de interações entre fatores ambientais, como a
globalização, o redimensionamento do quadro de empregados e a
modernização tecnológica, fatores individuais, como percepções e
comportamentos nas organizações, e fatores relacionados a condições de
exercício ocupacional ou profissional, o stress é um fenômeno no mundo do
trabalho, gerando prejuízos para a saúde e a qualidade de vida do
trabalhador (Tamayo, 2008).
Diante desse quadro o stress laboral é tema de muitos estudos quando
se considera o impacto do trabalho sobre a saúde do trabalhador. Mais
particularmente um tipo de stress derivado de condições ligadas ao trabalho
e ao exercício profissional: a síndrome de burnout. Enquanto o stress refere-
se a um esgotamento pessoal com interferência na vida do individuo de
forma mais genérica, o burnout envolve atitudes e condutas negativas na
sua relação com o trabalho, acarretando problemas de ordem prática e
emocional ao trabalhador e à organização (Codo & Vasques-Menezes, 1999;
Tarnowski & Carlotto, 2007; Santos & Cardoso, 2010).
O termo se refere a uma resposta multidimensional ao stress,
conhecida no Brasil como “Sensação de Estar Acabado” ou “síndrome do
Esgotamento Profissional”. A doença se manifesta por componentes de
esgotamento (exaustão), atitudes (despersonalização ou cinismo) e auto-
avaliação (baixa realização pessoal ou ineficácia) (Pereira, 2001a; Ortega-
Ruiz & López-Rios, 2004; Tamayo, 2008).
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2- Método
De abordagem quantitativa, a pesquisa foi realizada na forma de um
estudo epidemiológico, de tipo transversal. Compõem a amostra, constituída
por conveniência, 175 profissionais da área de enfermagem, de ambos os
sexos, incluindo, enfermeiros (com curso superior), auxiliares de
enfermagem e técnicos de enfermagem (com formação compatível em nível
de ensino médio). 73 (41,7%) são profissionais da rede pública e 102
(58,3%) da área privada. A coleta de dados foi efetuada no ano de 2007 em
2 hospitais da rede particular e 3 da rede pública da cidade de Curitiba.
Na coleta dos dados foi utilizado o MBI de Maslach e Jackson (1986),
com tradução realizada pelo GEPEBB- Grupo de Estudos e Pesquisas
sobre Estresse e Burnout, sediado no Departamento de Psicologia da
Universidade Estadual de Maringá (Pereira, 2001c) e um questionário de
caracterização do perfil sócio demográfico.
Auto administrado, o MBI apresenta 22 itens em forma de afirmações
sobre sentimentos e atitudes do profissional em relação a seu trabalho e
seus clientes. Tem uma estrutura tridimensional que compreende as três
sub-escalas ou dimensões que compõem a síndrome: exaustão emocional
(EE), despersonalização (DE) e reduzida realização pessoal no trabalho ou
reduzida realização profissional (rRP). Pontuações elevadas nas duas
primeiras sub-escalas e baixas na terceira permitem diagnosticar a síndrome
de burnout. O MBI é citado como o instrumento mais utilizado para avaliar a
patologia, tendo indicado altos coeficientes de consistência interna em
diversas pesquisas (Muller, 2004).
O questionário de caracterização do perfil sócio-demográfico foi
elaborado para o levantamento de informações relativas à idade, sexo,
estado civil, número de filhos, formação profissional, tempo de trabalho na
área de enfermagem, tipo de turno de trabalho, locais onde desenvolve seu
trabalho, entre outras variáveis de interesse.
Os dados coletados foram analisados através do software estatístico
Statiscal Package for Social Science - SPSS.10, e discutidos à luz dos
achados da literatura. A análise dos escores em EE, DE e RP está baseada
nos critérios de classificação e interpretação indicados na figura 1,
empregados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas na síndrome
de burnout (NEPASB) (Pereira, 2002).
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3- Resultados
Do total de 175 questionários aplicados foram considerados válidos
129 (73,7%) e 164 (93,7%), dependendo das variáveis em análise. O
descarte do restante ocorreu devido a erros de preenchimento, questões
incompletas e outros problemas. Nesta seção são apresentados os
resultados obtidos, começando pelos dados sóciodemográficos e seguindo
com os relativos à presença da síndrome de burnout e correlações com
variáveis de interesse.
360
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filhos (60,9%), e destes, a grande maioria (53%; n = 53) relata ter apenas
um filho, quase um terço (33%; n = 33), dois filhos, e 15%, três ou mais
filhos.
Dados relacionados ao exercício profissional
No que diz respeito à função profissional, 44,6% dos participantes
são técnicos em enfermagem, 37,7% são auxiliares de enfermagem e 17,7%
são enfermeiros. Trabalham há 4,15 anos, em média (Dp = 5,18; n = 145),
nos hospitais alvos da pesquisa, e não trabalham em outra instituição, em
sua maioria (59,6%). Além disso, 40,7% dos sujeitos trabalham até 40 horas/
semana, 23,3 %, entre 40,1 horas e 50 horas/semana e 36% trabalham
acima de 50 horas/semana. A carga horária total média é de 53,27 horas/
semana (Dp = 17,66, n = 150).
Atividades físicas/de lazer e outras informações
Quanto à ocupação nos finais de semana, 42,5% dos participantes
relatam dedicá-los a lazer, família, esporte ou outros, sempre ou quase
sempre, 39,6% relatam fazê-lo algumas ou muitas vezes, e 17,8% relatam
nunca ou raramente envolver-se nessas atividades. Complementarmente a
grande maioria (71,6%) indicam que nunca praticam atividades físicas ou
esportes ou que o fazem esporadicamente, 18,5% indicam que o fazem de
uma a duas vezes por semana, e apenas 9,8%, três ou mais vezes/semana.
Salienta-se que 74,3% dos sujeitos não apresentam problemas de
saúde .
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*Os dados são tomados isoladamente, para cada dimensão, sem considerar se o
comprometimento evidenciado se repete nas demais para os mesmos participantes.
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5 - Conclusões
O trabalho é agente de mudanças da vida psíquica, econômica, social,
cultural e política. Caracteriza-se, pois, como agente de transformação da
realidade, viabilizando a sobrevivência e a realização do ser humano
(Caetano, 2004; Malvezzi, 2004). Por outro lado, mudanças contínuas e
profundas na economia mundial, nas relações sociais e políticas, na
tecnologia e na organização produtiva, têm provocado alterações no mundo
do trabalho e têm gerado um forte impacto na saúde e na qualidade de vida
do trabalhador. Descontentamento, desgaste emocional, sentimentos de
injustiça e conflitos interpessoais no ambiente de trabalho passaram a ser
muito frequentes. O trabalho torna-se responsável, então, em grande parte,
pelos agravos da saúde mental do trabalhador (Malvezzi, 2004; Pinheiro &
Lipp, 2009).
Os profissionais de enfermagem, aqui estudados, fazem parte de um
segmento populacional especialmente exposto ao stress e a problemas
derivados da relação com o trabalho, como já foi mencionado. São
considerados vulneráveis, portanto, à síndrome de burnout, um tipo de stress
especificamente relacionado ao trabalho, por diversas razões, destacando-
se o fato de precisarem dedicar atenção contínua em suas intervenções e a
extrema responsabilidade inerente à sua prática, o que ocasiona tensão
emocional constante. Erros na sua atuação podem ser potencialmente
prejudiciais e até fatais ao paciente. Destacam-se ainda fatores que parecem
contribuir para o adoecimento, como pouco reconhecimento por parte de
outros profissionais, elevadas cargas horárias no ambiente de trabalho,
trabalho em turnos, entre outros Ademais, por atuarem diretamente com os
pacientes, vivem de perto seu sofrimento e dor (bem como da família do
paciente), lidam com a vida e a morte constantemente. Estes profissionais
têm mais risco de envolver-se afetivamente com os pacientes, entrando no
processo de desgaste que conduz ao burnout (Pereira, 2001a; Ortega-Ruiz
& López-Rios, 2004).
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Referências
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profissional da psicologia. Psicologia: ciência e profissão, 22(2), pp.22-
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Janeiro: Editora Folha Carioca, 1994.
• Burke, R.J.Greenglass, E.S. e Moore, K.A. (2003). Reactions to
increased workload: reflects on professional efficacy of nurses. Applied
Psychology: an International Review, 52(4), pp. 580-590.
• Caetano, D. Prefácio In: Guimarães, L.A.M. & Grubits, S. (orgs.) (2004).
Saúde mental e trabalho, vol. 2, São Paulo: Casa do Psicólogo.
• Carlotto, M.S. (2011). O impacto de variáveis sociodemográficas e
laborais na síndrome de burnout em técnicos de enfermagem. Rev.
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2012 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S1516-08582011000100010&lng=pt&nrm=iso
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1
Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela USP, Especialista em Psicologia Clínica
Hospitalar pela DMR-HCFMUSP, pesquisadora do LAPECRI – USP. Contato: R. Afonso Celso,
694, ap. 21D, V. Mariana, São Paulo, SP, Brasil - CEP 04119-060 E-mail: clamunhoz@usp.br
2
Psicóloga e Psicanalista, Doutora em Psicologia Clínica pela USP, docente e orientadora na
graduação e na pós-graduação do Instituto de Psicologia da USP, fundadora e coordenadora
do LAPECRI-USP. Contato: Rua Guarará, 329, cj. 62 – Jardins, São Paulo, SP, Brasil. CEP
384 01425-001 E-mail: ivonise@usp.br
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Introdução
O sistema de saúde no Brasil encontra-se em uma situação em que a
demanda de atendimento é muito maior que a oferta em diversas áreas,
principalmente na da Psicologia.
Em geral, com os profissionais de psicologia, pelo menos os que têm
referencial psicanalítico, há polêmica em relação a este enfoque nos
contextos institucionais. Os psicanalistas ortodoxos colocam, para a eficácia
da análise, regras que são tiradas do contexto em que Freud as criou, e
utilizadas como absolutas. O próprio Freud (1919/2006), afirmou que a
maneira de como ele pensou para a nova ciência, era a adequada e
necessária, naquela época e ao contexto em que ele viveu, e provavelmente
não serviria para outra população e em outros períodos etários. Freud (op
cit) comentava, que todas as pessoas precisam de tratamento, talvez as
faixas menos abastadas até mais que aquelas que têm acesso à Psicanálise
privada. Até então, no século XIX, os altos custos do tratamento eram uma
questão a ser discutida, pois excluía grande parcela da população, como
ocorre até hoje.
Ademais, as nossas necessidades de sobrevivência limitam o nosso
trabalho às classes mais abastadas (...). Presentemente nada podemos
fazer pelas camadas sociais mais amplas, que sofrem de neuroses de
maneira extremamente graves. (Freud, 1919/2006, p. 180).
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A Psicoterapia Breve
Simon (2010) afirma que a Psicanálise aproxima-se da ciência pura,
por tratar-se da investigação do desconhecido no analisando, enquanto a
Psicoterapia Psicanalítica seria a ciência aplicada, voltada para resultados.
Além disso, no contexto hospitalar, no geral, existe uma técnica ainda mais
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Considerações finais
Este artigo começou com a discussão sobre o sistema de saúde
pública do Brasil, no qual encontra-se grande demanda por atendimento
psicológico e pouca oferta. Do lado dos profissionais, tem-se um grande
contingente deles que não conseguem trabalhar na área da saúde ou atender,
adequadamente, a esta demanda, pois não encontram vagas e nem salários
adequados no serviço público; não há vagas suficientes nos hospitais e
clínicas privadas, e os consultórios e clínicas próprias envolvem alto
investimento do profissional, diante de uma população sem recursos
econômicos para suportar um longo tratamento psicanalítico.
O contingente vai além das pessoas com deficiências físicas, para as
quais constituem uma técnica inovadora, a referida, cujos serviços de saúde
pública são verdadeiramente insuficientes.
Quando se tratam de pessoas com essa deficiência, há ainda a
questão de que é essencial o atendimento multiprofissional, do qual
necessitam, aumentando ainda as carências dos recursos comunitários.
Assim, este público em geral é atendido em instituições de reabilitação
física cujos fundos advêm do governo, de doações, entidades filantrópicas,
etc., ou, também, por clínicas ligadas ou mantidas pelos convênios de saúde.
Neste cenário, a Psicanálise de 5 sessões semanais, com 50 minutos
por sessão e de duração indefinida, é inviável. Vimos, além disso, que há
outras questões que levam à contra indicação da psicanálise ortodoxa, como
a motivação do paciente e a disponibilidade do mesmo.
Diante destas questões, a versão desenvolvida por Simon, a
Psicoterapia Breve Operacionalizada, aparece como uma opção para
atender a esta demanda, de forma eficiente e capaz de obter-se melhora e
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Referências
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• Leavell, H.R. e Clark, E.G. (1976) Níveis de aplicação da medicina
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• Simon, R. (2010) Psicoterapia psicanalítica. Concepção original. São
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• Yoshida, E.M.P. (1999) Psicoterapia breve e prevenção: eficácia
adaptativa e dimensões da mudança. Temas em Psicologia. V.7. n.2.
119-129.
Recebido: 25/09/2012 / Reformulado: 30/10/2012 / Aceito: 14/11/2012.
394
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Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa que avalia estratégias para
diminuição do estresse ocasionado no período pré-operatório de 30 crianças
hospitalizadas, para fins de cirurgias menores. Tem-se como técnica de controle
o Desenho-Estória de Walter Trinca. Os participantes são divididos em dois
grupos de 15 crianças. A cada um deles utiliza-se uma determinada estratégia
de preparação psicológica à cirurgia. Os resultados mostram diminuição do
estresse resultante de ambas condições. Pondera-se que a preparação
psicológica, pelas estratégias previstas, é eficiente para diminuição do estresse,
chegando até a promoção do coping como meio de confronto àquele estado
emocional de estresse produzido pela expectativa da pré-cirurgia.
Abstract: This article presents a research that evaluates strategies for reducing
the stress caused in the preoperative time period of 30 hospitalized children, for
minor surgery. The control techniqueused is Walter Trincas’s Drawing-Story. The
participants are divided into two groups of 15 children each. A determined strategy
of psychological preparation for surgery is applied for each of them. Results
show reduction of stress resulting from both conditions. It is considered that the
psychological preparation, by the expected strategies,is efficient for reducing
the stress, reaching the promotion of coping as a means of comparison to that
emotional state of stress produced by the pre-surgery expectation.
Resumen: Este artículo tiene como objetivo presentar una investigación que
evalúa los niveles de estrés de 30 niños en situación pre-operatoria de un hospital
pediátrico. En tal sentido, el contenido de estos dibujos es analizado a través de
la técnica de dibujo-historia de Walter Trinca. El procedimiento comprende tres
etapas: a) Aplicación del instrumento dibujo-historia el día previo a la cirugía, b)
1
Mestre em Psicologia da Saúde. Professora da Universidade do Vale do Itajaí (UVI) e
participante do Laboratório de Psicologia da Família e Comunidade (LABSFAC). Contato: Rua
300, n.56, ap.501, Meia Praia, Itapema, SC, Brasil. CEP 88220-000. E-mail:
millavolbro@hotmail.com
2
Doutora em Saúde Mental. Professora Associada III e docente do Programa de Pós-graduação
em Psicologia da UFSC. E-mail: crepaldi@ufsc.br 395
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Introdução
Este estudo tem por finalidade avaliar a diminuição do estresse
produzido pela situação pré-operatória em crianças indicadas à cirurgias
menores, por estratégias de preparação psicológica, tendo como elemento
de controle, o Desenho-Estória de Walter Trinca. Utilizando-se os critérios
de análise do desenho, de Fávero e Salim (1995), tem-se os seguintes:
tamanho, cor, tipo de traçado, posição na folha e verbalização. É feito a
análise individual e depois a comparação pelo grupo e subgrupo (G1 e G2).
Estudos semelhantes para fins de comparação, citam-se o de Crepaldi
e Hackbarth (2002). Esses autores investigaram, através do desenho, os
sentimentos de 35 crianças hospitalizadas, de ambos os sexos, entre 05 a
07 anos. Os agrupamentos dos desenhos confirmaram o uso de certas
variáveis como: medo, fuga, culpa, tristeza e desconfiança na equipe de
profissionais de atendimento. Tudo indicou que a situação de cirurgia
provocou sentimentos negativos, sugerindo a necessidade de preparação
da criança para a hospitalização e para procedimentos cirúrgicos, como
medida de proteção ao seu desenvolvimento saudável.
Sobre a mesma temática Trinca (2003), através do Desenho-Estória
realizou um estudo qualitativo de intervenção clínica em unidade de internação
pediátrica hospitalar. Da mesma forma, Gabarra (2005) estudou crianças
de 05 a 13 anos, hospitalizadas em decorrência de doenças crônicas. Seu
objetivo foi investigar a compreensão destes participantes sobre a doença,
tratamentos, hospitalização, bem como os sentimentos relacionados ao
adoecimento. Nunes e Schwartz (2011) também avaliaram por desenhos, a
ansiedade de crianças em situação pré-cirúrgica, dividindo-as em grupos:
de 7 a 9 anos de idade, e de 10 a 11 anos.
Outros estudos ainda se utilizaram de desenhos com crianças como o
de Marrach e Kahhle (2003) que investigaram como os enfantes se sentiam
396
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Material e Métodos
Trata-se de pesquisa de natureza quanti-qualitativa e descritiva,
utilizando-se do desenho como instrumento avaliador das estratégias
psicológicas utilizadas no período pré-operatório em crianças
hospitalizadas, a fim de diminuir as condições emocionais produzidas por
essas situações de expectativas.
A pesquisa atendeu os requisitos éticos sendo aprovado pelo Comitê
de Ética pertinente, sob o número do parecer consubstanciado foi o de
056/07. Os pais das crianças escolhidas aceitaram que elas atuassem como
participantes deste estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
Participantes
30 crianças (15 meninos e 15 meninas), com idade entre 6 e 12 anos,
internadas em um hospital infantil para a realização de cirurgia eletiva, de
pequeno porte (hérnias inguinal e umbilical, amigdalectomia,
adenoidectomia, etc.). Elas foram divididas em dois grupos de 15 (G1 e
G2), e oferecido a cada um, tipo diferente de preparação psicológica para
a cirurgia.
Instrumentos
Foram empregados dois tipos de preparação psicológica, um verbal
e outra vivencial, sendo controlado pela aplicação do Desenho-Estória de
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Walter Trinca (Trinca, 2003) adaptado por Crepaldi e Hackbarth (2003) como
instrumento para avaliar as percepções da criança sobre a situação que
vivencia.
Procedimentos
A pesquisa, quanto à coleta de dados, foi efetuada em três etapas. 1ª:
Informou-se à criança que se iria contar-lhe a estória que se chama O
elefantinho no Hospital e que prestasse muita atenção, porque depois de
ouvir conta-la, ela iria fazer um desenho referente ao conto. Terminado o
desenho perguntava-se à criança sobre o que havia desenhado. 2ª Etapa:
Preparação psicológica pré-cirúrgica: No G1 (Programa1), a criança recebia
informações verbais, sobre o tipo de cirurgia a qual seria submetida. As
informações consistiram em contar para a criança todas as etapas pelas
quais ela passaria na intervenção. No G2 (Programa 2), a criança recebia
as informações, através do uso do ‘Kit de preparação pré-cirúrgica’, podendo
manusear e utilizar os brinquedos ali contidos, como desejasse. As
informações eram dadas à criança na medida em que ela ia brincando com
os bonecos do kit. Cada programa teve duração máxima de 30 minutos.
Na 3ª Etapa contou-se outra estória. “Eu vou contar pra você,
novamente, uma estória que se chama O Elefantinho no Hospital, no
pós-cirúrgico. É um pouco diferente da primeira. Preste bastante atenção
porque depois vou pedir para que você desenhe algo sobre essa estória
do elefantinho”.
398
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Resultados
Analisaram-se também os desenhos livres das crianças, obtidos num
primeiro momento, para rapport, com o intuito de perceber a capacidade
das crianças para desenhar, levando-se em consideração a idade das
mesmas. Para que não ocorressem discrepâncias no processo de análise,
visto que as crianças tinham idades variando entre 6 e 12 anos. Esta análise
do desenho livre indicou, ou seja, que todos os desenhos foram considerados
de acordo com padrões previstos para a faixa etária, no que se refere às
categorias avaliadas.
Em seguida, procederam-se as análises dos demais desenhos, o
primeiro, realizado no dia anterior à cirurgia antes da preparação psicológica
pré-cirúrgica, e o segundo, no dia da cirurgia, antes da mesma, após a
preparação.
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Discussão
Embora o conteúdo e a qualidade dos desenhos confeccionados pelas
crianças estivessem diretamente associados ao tipo de preparação pré-
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Considerações Finais
Os resultados deste estudo não podem ser considerados conclusivos,
visto que a amostra é pequena. Por outro lado, os dois grupos analisados
partiram de um período antes da preparação, bastante homogêneo, fato
este que proporcionou avaliar o depois, tendo um mesmo ponto de partida,
proporcionando melhor resultado na avaliação da diferença que há entre o
pré e o pós-teste, segundo as duas estratégias distintas de preparação
psicológica pré-cirúrgica.
Os procedimentos cirúrgicos, embora existam com a finalidade de
promover a cura ou melhorar a qualidade de vida, podem conduzir os
pacientes a um estado conflituoso, adquirem caráter ameaçador, agressivo
e invasivo. Tal constatação ocorreu neste trabalho, que também mostrou
que o momento de hospitalização por si só, gera grande ansiedade, tanto
nas crianças como em seus pais.
Pôde-se notar que crianças e suas respectivas mães do G2,
apresentaram-se mais tranqüilas frente à situação, comportando-se de forma
mais colaborativa, mas isto não é suficiente para se fazer generalizações,
tendo em vista o tamanho da amostra e condições peculiares do estudo.
Em suma, é importante afirmar que a preparação psicológica pré-
cirúrgica é necessária e eficaz, sempre produz efeitos positivos e promove
estratégias de confronto frente à situação imposta.
As implicações práticas dos resultados deste estudo, salientam a
importância da preparação da criança para as diferentes etapas de um
procedimento cirúrgico, que vão desde a decisão de se fazer a cirurgia até
os resultados, após sua realização. Melamed e Siegel (1975) mencionaram
que a preparação é o procedimento mais eficaz para reduzir o estresse,
quando comparado a outros como a simples presença da mãe, pois além
404
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Referências
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com a criança no pré-operatório. Pediatria Moderna, 40 (6), 242-246.
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407
Bol. Acad. Paulista de Psicologia, São Paulo, Brasil - V. 32, no 83, p. 408-423
1
Pós-graduação em Psicologia da UFRN e especialista em Psicologia da Saúde e do
Desenvolvimento. Contato: R. Sachet, 325. Bairro Ribeira, Natal, RN, Brasil. CEP 59012-420.
E-mail: mariannacarla.lucena@gmail.com.
2
Mestre em Psicologia. Contato: R. Prof. Nilo de Albuquerque Mello, 183. Bairro Neópolis,
Natal, RN, Brasil. CEP 59086-340. E-mail: helosouza@hotmail.com
3
Professor adjunto e bolsista de produtividade CNPq. Contato: R. Antonio Madruga, 1982/
408 1102. Bairro Capim Macio, Natal, RN, Brasil. CEP 59090-500. E-mail: jcalchieri@gmail.com
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psychological tests used in the studied population, and 7 being theoretical reviews
on aspects to be considered in the psychological assessment of candidates for
this surgery. Regarding the origin of the studies, we have: 23 from the USA and
one each from the following countries: Poland, Taiwan, Spain, Italy and the UK.
Most of the psychological instruments (6) were personality, psychopathology,
and specifically, eating disorders, which justifies the incidence of equivalent
problems in the study group.
Introdução
A cirurgia bariátrica é definida pela Associação Brasileira de Cirurgia
Bariátrica como um conjunto de técnicas cirúrgicas, destinadas à redução
ponderal e ao tratamento de doenças associadas e/ou agravadas pela
obesidade. É vista, atualmente, como alternativa eficaz ao tratamento da
obesidade e manutenção de peso, especialmente em casos de morbidade
(Pereira, 2006). A indicação cirúrgica da obesidade e/ou de suas
comorbidades obedece os seguintes critérios em relação ao índice de
Massa Corporal (IMC): IMC > 40Kg/m2, sem a presença de comorbidades;
IMC entre 35 a 40 Kg/m2, com comorbidades ou IMC entre 30 a 35 Kg/m2,
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Métodos e procedimentos
Como critérios de inclusão, foram considerados apenas os
manuscritos, cujo título, resumo ou palavras-chave se referem ao tema de
avaliação psicológica em cirurgia bariátrica. Além disso, artigos referentes
à técnica cirúrgica de Bypass gástrico e Band Lap também foram incluídos.
Não foram considerados os trabalhos que citam a técnica do balão
intragástrico por ser um procedimento reversível e que, por esse motivo,
difere das expectativas pós-operatórias das outras técnicas de tratamento
bariátrico.
Resultados e Discussão
De acordo com os critérios de inclusão e exclusão supracitados, foram
selecionados 28 artigos; destes, oito foram publicados no ano de 2006, e
cinco em cada um dos anos subsequentes, até 2010. Com relação às bases
de dados utilizadas, observou-se que a de Springer Link tem mais artigos
mencionados (19), seguida da PubMed (17), Psychinfo (3), Bireme e Scielo
(0). Deve-se considerar que alguns artigos foram exibidos em mais de uma
base de dados. No tocante aos descritores, os que mais tiveram resultados
foram os que estavam no idioma inglês: Bariatric surgery psychological
evaluation e Bariatric surgery psychological tests. Com relação aos países,
tem-se que 23 trabalhos foram realizados nos Estados Unidos, seguido de
um em cada um dos seguintes países: Polônia, Taiwan, Espanha, Itália e
Reino Unido. Não foram encontrados estudos brasileiros nas referidas bases
de dados e nem nos descritores que nortearam esta revisão, o que sugere
a necessidade de mais estudos na área.
Sete dos 28 artigos se propõem a discutir aspectos psicossociais
relacionados à avaliação psicológica nessa população. Destes, quatro
tratam de revisões teóricas sobre sua importância, como o psicólogo deve
conduzi-la, e que aspectos referentes ao estilo de vida do individuo devem
ser considerados (Agnieszka e outros, 2006; Walfish, Vance & Fabricatore,
2007; Van Hout & Van Heck, 2009; Toussi, Fijioka & Coleman, 2009). Um
desses trabalhos refere-se a uma pesquisa realizada através de entrevistas
clínicas com 80 pacientes no período pré e pós-operatório, que visou
identificar os aspectos de relevância na avaliação (Agnieszka e outros, 2006).
Tal contribuição pontuou que os principais aspectos a serem considerados
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mais alto de depressão, como reflexo desses sintomas ligados à este tipo
de enfermidade. Da mesma forma, a população de obesos tem maior
tendência de pontuar sintomas somáticos na BDI que, não necessariamente,
são indicativos de depressão, mas que podem refletir seu próprio estado
de saúde física (Munoz e outros, 2007; Krukowski e outros, 2010). Já com
relação ao Millon Behavioral Medicine Diagnostic (MBMD), desenvolvido
para avaliação de atitudes, comportamentos e pensamentos do paciente
em tratamento, Walfish, Wise e Streiner (2008) recomendam que é preciso
uma análise mais cuidadosa sobre seu uso na avaliação de cirurgia
bariátrica, já que nos estudos de validade do instrumento, nessa população,
16 das 32 escalas tiveram coeficientes de validade interna abaixo do
recomendado. Das outras 16 escalas, 13 não tiveram índices de precisão,
sugerindo a necessidade de mais estudos com essa população (Walfish e
outros, 2008). O MMPI II apresenta propriedades psicométricas mais
favoráveis que as do MBMD em cirurgia bariátrica, embora as suas escalas
de reestruturação sejam mais homogêneas que as clínicas (Wygant, 2007).
Ainda no que concerne à precisão e validade dos testes para avaliação
da cirurgia bariátrica, o estudo de Ruchinskas e outros (2006) discute os
altos índices da escala de defensividade do MMPI II nessa prática. Outro
trabalho avaliou o uso do Temperament and Character Inventory (TCI) como
preditor de perda de peso pós-operatória e constatou que os pacientes
que obtiveram maiores escores na escala de “Persistência”, tiveram perda
maior que 40% do Índice de Massa Corporal (IMC) após 1 ano (Panfilis &
Cero, 2006). Sobre o MMPI II, um dos artigos utilizados para avaliar
mudanças no perfil dos pacientes, após 1 ano de cirurgia (Kinder e outros,
2008). Já Belenger e outros (2009) defendem a utilização do MCMI III e do
MMPI II como preditores de maior necessidade de acompanhamento no
pós-operatório.
Com relação aos aspectos avaliados pelos instrumentos psicológicos
usados para preparo de cirurgia bariátrica, os estudos apontam que os
mais utilizados foram os instrumentos que avaliam personalidade e
psicopatologia, como os já citados,MMPI II e MCMI-III, e também o PAI e o
TCI. Vale ressaltar que o MMPI II foi o instrumento mais discutido na presente
revisão; este contém 567 itens que avaliam aspectos de personalidade,
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Conclusões
A partir das perspectivas apresentadas no presente estudo, pode-se
inferir que, dentre os aspectos preponderantes nas avaliações psicológicas
de candidatos à cirurgia bariátrica, estão os comportamentais, de
personalidade e indicadores de psicopatologias que possam comprometer
o sucesso pós-operatório. Como visto, não são frequentes os estudos
brasileiros sobre o uso de instrumentos psicológicos nessa população, o
que sugere a necessidade de que mais pesquisadores se debrucem sobre
essa temática.
Outras modalidades de questionário estão ganhando espaço nas
publicações da área, são os inventários de qualidade de vida, como o
Moorehead–Ardelt Quality of Life Questionnaire II (MA II) e inventários sobre
crenças e comportamentos referentes à saúde, como o Millon Behavioral
Medicine Diagnostic (MBMD), Multidimensional Health Profile—
Psychosocial Functioning (MHP-P), Cleveland Clinic Behavioral Rating
Syste, PsyBari e The Boston Interview que trazem a proposta de avaliação
de outros aspectos relacionados à aderência terapêutica como o suporte
social, habilidades de enfrentamento ao estresse relacionadas à saúde.
Sugerindo que as avaliações devem ir mais além dos aspectos
psicopatológicos, já que a própria obesidade, em si, é vista como doença
multifatorial e que como tal inclui aspectos psicológicos, biológicos e sociais
que devem ser considerados no cuidado desses pacientes.
Outro ponto relevante, e cada vez mais discutido na literatura, diz
respeito aos índices defensividade nessas avaliações. Sendo uma estratégia
de procurar passar impressões positivas para o avaliador como forma de
garantir a realização do procedimento. A preocupação com o uso de escalas
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Recebido: 29/08/2012 / Revisto: 04/10/2012 / Aceito: 15/10/2012.
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1
Psicólogo do IP-USP, bolsista FAPESP (Processo n° 2011/05666-1, agradecimentos pela
bolsa concedida), membro do Inter Psi – Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos
Psicossociais da USP, Student Associate da Parapsychological Association (Estados Unidos).
Contato: Rua José de Alcântara Machado Filho, n° 30, Jardim Guapira, São Paulo, SP. CEP:
02316-220 – Brasil. Tel: (11) 2242-2417. E-mail: evertonom@usp.br
2
Laureado pela Academia Paulista de Psicologia – Gestão 2010-2012. Depto. Psicologia
Social e do Trabalho do IP-USP. Pesquisador do Inter Psi – Laboratório de Psicologia
Anomalística e Processos Psicossociais e do Laboratório de Psicologia Social da Religião,
ambos do Instituto citado. Contato: Av. Prof. Mello Moraes, 1721, Bloco A, Sala 111 – Cidade
424 Universitária – São Paulo, SP – CEP 05508-900. Tel: (11) 9892-9944. E-mail: w.z@usp.br
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1. Introdução
Conquanto a dissociação não esteja presente apenas em contextos
religiosos, nem seja uma prerrogativa necessária de tais práticas e
atividades sociais, as pesquisas têm sustentado, há bastante tempo, sua
recorrente associação com determinadas crenças e experiências
paranormais e / ou religiosas (Richards, 1991; Irwin, 1994; Pekala, Kumar
& Marcano, 1995; Makasovsky & Irwin, 1999), particularmente as chamadas
experiências mediúnicas (Maraldi, 2011). A mediunidade pode ser definida,
para os propósitos deste artigo, como a suposta comunicação (ou ação)
de um pretendido agente espiritual pela intermediação de um indivíduo
comumente designado “médium”. As pesquisas clínicas sobre tais
experiências religiosas têm prestado importantes contribuições, na medida
em que estão esclarecendo melhor as fronteiras entre mediunidade e
psicopatologia, historicamente consideradas equivalentes ou
intercambiáveis (Almeida, 2004; Menezes & Moreira-Almeida, 2011). Em
um interessante estudo de caso, Martínez-Taboas (1999) relata a difícil
trajetória de vida de um psicótico porto-riquenho de 44 anos que, vitimado
por delírios persecutórios de conteúdo espírita e experiências involuntárias
de transe, obteve grande melhora graças aos recursos terapêuticos
empregados. Sensível ao papel das crenças religiosas do paciente na sua
compreensão de mundo, Martínez-Taboas (1999) optou por não contestar
sua veracidade, mas por modificar o sentido conferido a tais vivências. Ajudou
o paciente a interpretar positivamente seus transes e não como intrusões
de espíritos malévolos; trabalhou-se a relação do paciente com essas figuras,
cujo diagnóstico mostrou se tratar, na verdade, de personificações de
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2. Método
Em nossa investigação, utilizamo-nos de uma abordagem de pesquisa
qualitativa sustentada, basicamente, em três frentes:
1) análise de relatos das histórias de vida dos participantes, buscando
averiguar diferentes aspectos da formação de sua identidade, bem como
os valores e representações subjetivos atrelados a suas crenças e
experiências religiosas / paranormais;
2) observação de reuniões mediúnicas e outras sessões espíritas,
buscando melhor acessar a dimensão social e grupal dessas crenças e
experiências, bem como sua interação com a dimensão individual
investigada no item 1;
3) análise de material complementar fornecido pelos médiuns
participantes, sob a forma, por exemplo, de pinturas ou desenhos mediúnicos
e psicografias.
Para efetuar a análise e discussão do material proveniente das três
frentes de investigação - segundo o método de triangulação (Creswell, 1998)
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3. Resultados e discussão
Tomando-se como ponto de partida o papel da mediunidade enquanto
projeto de vida, conceito inspirado nas contribuições de Ciampa (1987) a
respeito da identidade, podemos dizer que a mediunidade (enquanto
expressão de um determinado papel religioso) tende a organizar as
experiências emocionais do indivíduo ao fornecer-lhe um sentido de vida
antes inexistente, inconcebível ou pouco explorado. Trata-se daquilo que
denominamos em nosso estudo de ressignificação (Maraldi, 2011), a busca
por um significado humano, emocional e espiritual, capaz de transcender,
simbolicamente, as limitações pessoais e sociais a que estão condicionados
esses indivíduos. Esse processo parece estar a serviço não só de
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anteriormente, sem rumo ou propósito definido; “foi indo, foi indo”, passando
quase mecanicamente pelos eventos, que se sucedem um após o outro em
sua narrativa, sem que ela fosse plenamente autora de sua história; de fato,
ela procurava “uma direção na minha vida, um pouco de sossego, um
pouco de paz” (sic). Tal procura a conduz por diversos contextos religiosos
e não religiosos – como psicólogos e outros profissionais de saúde,
notadamente aqueles de afiliação espírita. Aos poucos, a identificação com
o Espiritismo vai estabelecendo limites mais precisos quanto à forma de
ser e de se comportar. V. começa a refletir mais sobre suas atitudes, sobre
quem é e sobre sua história (cujas origens remontariam, segundo ela, a
conflitos de outras vidas). Passa a controlar mais seus impulsos (adquire
“freio”), toma maior consciência de si, vai “se descobrindo”. Seu passado,
antes confuso, torna-se mais coerente; ela percebe que tinha “uma história”
com o marido; consegue olhar para trás e reconhecer o quanto era
inconsciente de suas decisões. Consegue olhar sua mãe sob outra
perspectiva, e pode rastrear melhor os motivos de seu relacionamento difícil
com ela; é capaz, em outras palavras, de se colocar no lugar da figura materna
para entender seus motivos pessoais. Isso acaba por auxiliar a própria
relação de V. com suas filhas. Agora é ela quem orienta e direciona: o que
antes era buscado de modo passivo no ambiente, ela tende, doravante, a
reproduzir ativamente na relação com os outros. O processo de “construir
de novo” a que se refere a entrevistada, comparando-o com um “filme que
foi desenrolando” (sic), não consiste unicamente em reinterpretar, de modo
positivo, as dores do passado, mas igualmente em estipular, sobre si mesma,
uma narrativa coesa, baseada nas crenças espíritas: vidas passadas,
evolução espiritual, lei de ação e reação etc. Pressupõe, implicitamente,
todo um sistema cosmológico: o de que o universo (e a vida, de um modo
geral) é inerentemente dotado de sentido e propósito.
Tal processo de ressignificação é acompanhado, ainda, de práticas
mediúnicas indutoras de aparentes estados dissociativos, durante os quais
parece ser possível elaborar certos conteúdos emocionais estressantes e
episódios traumáticos de vida, como nas incorporações (ou personificações)
de espíritos. Um exemplo marcante foi observado com a médium C. (45
anos). Durante a entrevista, a participante relata, sob forte emoção, o estupro
perpetrado por um de seus irmãos quando contava sete anos de idade.
Tratava-se de experiência extremamente dolorosa, da qual a médium jamais
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4. Conclusão
Estamos cientes de contar com um número pequeno de casos, e uma
amostra bastante específica em termos de idade, gênero e condição
socioeconômica (maioria pertencente à classe C). Parte da evidência
encontrada que poderia ser explicada de outro modo, e talvez a evidência
para certas hipóteses seja pouca ou insuficiente. São hipóteses de difícil
demonstração objetiva, fadadas como estão às extensas discussões sobre
motivações inconscientes, mas razoáveis, frente às circunstâncias
consideradas e ao referencial teórico adotado, bem como úteis a muitos
dos que comungam da prática clínica na Psicologia, na Psiquiatria ou na
Psicanálise, quer quanto ao diagnóstico diferencial dessas experiências,
quer quanto ao entendimento da eficácia terapêutica de tais práticas sociais.
As especulações psicodinâmicas – também empregadas em outras
pesquisas, por diferentes estudiosos – tem auxiliado a compreender vários
dos fenômenos que se dão em contextos religiosos (Rabeyron, Chouvier &
Le Malefán, 2010). Nosso estudo teve a vantagem de se basear, para tanto,
em uma abordagem qualitativa aprofundada, e os resultados apresentados
aqui, constituem apenas um resumo de alguns dos achados obtidos. Não é
ocioso mencionar, de modo a zelarmos pela imparcialidade, que as
manifestações por nós observadas eram de caráter genérico, e em nada
sugeriam a presença de alguma comunicação ou capacidade extra-
sensório-motora por parte dos médiuns (Machado, 2009). Embora convictos
da parcialidade de nossos argumentos, convidamos os pesquisadores
interessados a tentarem explicar de outro modo as evidências colhidas.
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1
Pós-Doutorado pela UFSCar. Docente do Mestrado em Educação na UFMA. Contato: Av. dos
Portugueses, S/N. Campus Universitário do Bacanga. São Luís-MA, Brasil. CEP 65085-580.
Tel: (98) 33018172. E-mail: smouraufma@yahoo.com.br
2
Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Docente do Programa de Pós-
Graduação em Educação Especial da UFSCar. Contato: Rodovia Washington Luiz, Km 235 -
Caixa Postal 676 CEP 13565-905 - São Carlos-SP, Brasil Tel: (16) 3351-8487. Tel/Fax: (16)
3351-8357. E-mail: piedade@ufscar.br 453
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1 – Introdução
Várias razões justificam o desenvolvimento deste trabalho. Uma das
principais é a de que a maioria dos conhecimentos adquiridos pelo ser
humano, é obtido através da visão. Autores como Cobo, Rodrigues e Bueno
(2003), confirmam esta assertiva. Vem de vários anos o reconhecimento de
que esta modalidade sensorial é a mais importante e necessária para o
desenvolvimento da criança (Hyvãrinen, 1988; Knobloch & Passamanik,
1990; e Alvez & Kara-José, 1996).
Trata-se de um sistema altamente elaborado, ocupando o lugar mais
hierarquizado da organização neurossensorial e neuromotora (Rodrigues,
2007, p. 64-65). Atua como elemento responsável pela integração das
experiências neuromotoras dos demais sentidos. Portanto a sua ausência
e deficiência não se restringem apenas ao próprio órgão, mas aos demais,
prejudicando sua integração.
Para o estudo da visão, é válido salientar que no primeiro ano de vida
ocorrem as maiores e mais rápidas transformações deste sentido, cujo
progresso se faz, gradualmente, por etapas subsequentes até as idades de
sete ou oito anos (Hyvãrinen, 1988 e Alves & Kara-José, 1996), razão porque
este trabalho se faz presente nas primeiras idades da criança.
Uma das explicações sobre esta progressão, e sendo ela mais intensa
nos primeiros anos de vida, são as transformações da maturação
neurológica. Villanova (1998) já afirmava que a estimulação externa
proporcionada à criança, na primeira infância, ajuda a impulsionar o
processo da formação das sinapses e de mielinização, importantíssimo
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A criança que não pode ver as outras brincando, que não sabe brincar
junto e não entende as brincadeiras, tende a permanecer isolada em
seu canto, podendo ficar marginalizada e ter prejudicada no seu
desenvolvimento, as videntes aprendem a brincar umas com as outras,
observando-se mutuamente, movimentando-se juntas, imitando,
participando de jogos (p. 4).
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4 - Metodologia
A metodologia é quali-quantitativa, de campo, sob a forma de estudo
multicaso. As informações foram coletadas diretamente com os participantes
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5 – Resultados e discussão
Para selecionar os brinquedos e suas adaptações foram analisados
estudos semelhantes. Encontrou-se que, os materiais de alto contraste são
empregados para estimular a focalização e fixação central da visão, cuja
reação é lenta em bebês com D.V. severa e, sendo assim, é necessário
esperar mais tempo para que a criança possa captar as impressões visuais.
Bruno & Mota (2001) acrescentam que muitos objetos mais significativos e
próximos da criança, como chupetas, mamadeiras, canecas e móbiles,
podem ser utilizados nas atividades estimuladoras, como recursos
apropriados para desenvolver a atenção e a fixação visuais. Enfatizam que
a estimulação visual pode ser realizada em todas as atividades diárias da
criança (trocas, alimentação, passeios), não havendo um momento
específico para efetua-la.
Assim, os brinquedos e as brincadeiras com as crianças com D.V.
profundo, devem ser selecionados como para as demais crianças, em
função da idade, das características pessoais, necessidades e habilidades,
e também de seu entorno. Para Bruno e Mota (2001) os materiais de uso
diário (esponjas, tecidos, copos, pratos, vidros plásticos) e aqueles de sucata
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6 – Considerações Gerais
A maioria dos pais e/ou cuidadores orientados nesta pesquisa não
tinha ainda recebido informações sobre como estimular suas filhas com
deficiência visual, nos dois primeiros anos de vida. Não tinham ideia sobre
brinquedos adaptados ao problema visual da criança e as brincadeiras a
serem efetuadas com a ela. Percebeu-se, então, o despreparo desses pais
e/ou cuidadores para estimularem os desenvolvimentos motor e visual de
suas filhas com D.V. quando foram realizadas observações iniciais em seus
ambientes familiares.
As mães foram as principais facilitadoras ou promotoras do
desenvolvimento da criança e das oportunidades estimuladoras nos
ambientes familiares, com suas filhas com baixa visão. Ao serem orientadas
sobre os objetivos e as atividades estimuladoras, tiveram a possibilidade
de compreender, aceitar e elaborar melhor esse universo tão desconhecido
e diferente, para proporcionar a suas crianças um desenvolvimento mais
favorável e com menores limitações para se locomoverem nos seus entornos.
Verificou-se que a realização das orientações nos ambientes familiares
das crianças com a participação efetiva das mães e/ou cuidadoras, contribuiu
com benefícios importantes tanto para as crianças, quanto para as genitoras,
considerando-se que o ambiente familiar atuou como mediador importante
para o desenvolvimento das potencialidades daquelas e na minimização
das limitações decorrentes pela deficiência visual.
Concluiu-se que as orientações práticas fornecidas às mães ou às
outras cuidadoras, lhes proporcionou um efetivo aprendizado e a satisfação
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de sentirem melhora em suas filhas com D.V. Estas, de passivas que eram,
passaram a ser ativas e independentes, graças à estimulação que lhes foi
dirigida, diretamente em seus respectivos lares.
Referências
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Madrid, Espanha.
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1
Doutora em Psicologia do Escolar pelo IPUSP, com Pós-doutorado na mesma Instituição,
com apoio do CNPq. Contato: Av. Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo, 1439 – Parque
Continental – São Paulo – SP – Brasil CEP 05325-180. E-mail: chussein8@gmail.com 471
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Introdução
Um dos problemas do ensino superior se traduz pela falta de
habilidades, inclusive na leitura, para se obter sucesso acadêmico.
McGregor (2002) chega a afirmar que as universidades americanas têm
recebido alunos insuficientemente preparados nessas habilidades, havendo
necessidade de oferecer-lhes programas que possam compensar-lhes
nestas carências, inclusive na leitura.
Nummedal e Halpern (1995) afirmam que o ensino superior americano
demonstra que menos da metade dos alunos que entravam nas
universidades estavam aptos a usar os processos de raciocínio formal e de
pensamento crítico de modo satisfatório. Esses autores sugerem, ainda,
que sem instrução explícita sobre leitura crítica somente uma pequena
parcela de alunos universitários desenvolve essa habilidade.
Outros estudos revelam também que essas carências, inclusive na
compreensão de textos, são devidas às limitações em formação anterior
(Santos,1989,1991; Witter,1997, 2004; Ferreira & Dias, 2002; Sampaio &
Santos, 2002;Tessaro, 2004; Oliveira & Santos, 2005, 2006), o que
comprova a necessidade de pesquisas sobre essa questão.
No Brasil, tem havido uma tendência crescente em facilitar o ingresso
do aluno de curso médio na universidade, não oferecendo ao mesmo tempo
a oportunidade de reorganizar o processo de leitura e o desempenho, em
todos os seus processos cognitivos. Assim, os estudantes chegam ao ensino
superior com lacunas na sua formação, o que é prejudicial, pois existem
pesquisas que comprovam a relação entre competência de leitura e
desempenho acadêmico.
Encontram-se alguns trabalhos nessa área, como de McGregor (2002);
Kuebli, Harvey e Korn (2008); Coyne e outros (2009), Morgenthaler (2009),
e Fallon, Brown e Greenwich (2010), que indicaram a eficiência do treino de
leitura em universitários. Também há no Brasil algumas pesquisas com esses
alunos (Sampaio, 1983; Hussein, 1999; 2008) e com pós-graduandos
(Hussein, 2009), também demonstraram a eficiência do treino de leitura
crítica na aprendizagem do ensino universitário, mas são poucos. Pode-se
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Método
Material
A principal fonte de referência na área da psicologia é o PsychINFO,
sendo, portanto, o motivo da sua utilização no presente estudo. O tema da
presente pesquisa consta da categoria University Students Reading, mais
especificamente da subcategoria Teaching Methods, com o fim de aglutinar
os trabalhos com universitários. Foram delimitados como parâmetros
temporais na base de dados os anos de 2008 e 2011. Artigos, livros e teses
foram arrolados com base a este período etário, sendo, portanto, definido o
intervalo de tempo de 4 anos.
Procedimento
Definidas as categorias de análise, foram realizadas várias leituras
necessárias para a inclusão correspondente nessa classificação. Optou-se
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Resultados e discussão
Localizaram-se 133 referências, das quais 80% foram eliminadas por
usarem outro tipo de participantes. Portanto, usaram-se 26 trabalhos, que
são objeto de estudo nesta pesquisa. Esse levantamento evidenciou artigos
teóricos, e pesquisas empíricas, nos livros, dissertações e teses em relação
às palavras-chave utilizadas.
Para iniciar o trabalho, começa-se pelo seu enunciado. Ao escrever
um documento o título é um dos aspectos que devem ser focalizados pelo
autor. O título mostra ao leitor a apreensão da organização e a importância
de um texto, segundo o manual de publicação da APA. O título resume a
ideia principal do trabalho, apresentando as variáveis ou contexto teórico
da investigação de maneira simples (APA). A base de dados da CAPES
tem recomendado, para um bom título, o número de 210 bits, duas linhas ou
aproximadamente 12 vocábulos, como uma boa amplitude.
Um bom título deve ser uma síntese do texto, um hiper-resumo, que
deve reproduzir, semanticamente, o que há de mais importante no trabalho,
sem recorrer a expressões fantasia (Witter,1999).
As características dos títulos foram analisadas sob dois aspectos:
número de vocábulos e de linhas. Houve grande variação entre o número de
vocábulos do título, sendo que o maior foi composto por 23 vocábulos e o
menor por cinco vocábulos.
O trabalho escrito por Yandell e Bailey (2011), intitulado Online quizzes:
improving Reading compliance and student learning. Best practices for
tecnology-enhanced teaching and learning: Connecting to psychology and
the social sciences é o de maior número de vocábulos. Os autores exploraram
a questão da preparação dos estudantes para classe e como o teste
baseado em Internet poderia ser usado para melhorar a leitura e a
aprendizagem do estudante universitário. Após a revisão da evidência que
os alunos tipicamente não estão preparados para tarefas de textos de leitura,
os autores apresentaram a razão para usar testes para melhorar a aceitação
de leitura e facilitar a aprendizagem. Eles então argumentam que a testagem
on-line é uma eficiente e efetiva forma de melhorar a aceitação de leitura.
Os autores fornecem um exemplo de como usaram a testagem on-line em
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científico que a Leitura Criativa (Hussein, 2012), em que não houve diferenças
entre trabalhos teóricos e de pesquisa. Ainda a subárea aqui estudada
parece apresentar melhor nível científico que a Leitura Crítica (2011), que
possui mais significantemente trabalhos teóricos.
Também os trabalhos foram tabulados quanto à análise de dados. Os
tipos de análise de dados usados nos artigos publicados foram análise
quantitativa e qualitativa. Assim, Nie e outros (2011), Zaidi e outros
(2010),Timken e Van der Mars (2009), Beitzel e Derry (2009) utilizaram a
análise quantitativa. Já os pesquisadores Chan (2010), Windham (2009),
Narkon (2008) e Polio e Zyzik (2009) usaram a análise qualitativa.
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Conclusões
Pode-se concluir mais especificamente que:
1) As pesquisas parecem sugerir que os títulos estão de acordo com
as regras do discurso científico.
2) Os tipos de estudos não apresentam diferenças significantes entre
trabalhos Teóricos e Pesquisa
3) A tipologia metodológica apresenta alguma indicação de que há
mais trabalhos descritivos do que inferenciais.
4) Não há diferenças significantes quanto a análise quantitativa e
qualitativa.
5) Estratégias de ensino é o tema mais estudado, havendo diferenças
significantes entre esta categoria e Temas variados, o que indica a
necessidade de pesquisas posteriores em outros temas.
6) De um modo geral, essa área tem poucas pesquisas, havendo
dispersão de dados em relação aos temas e tipo de pesquisa, o que sugere
a necessidade de mais trabalhos quanto a leitura para universitários.
É necessário realizar outros trabalhos de metaciência em relação à
Leitura para universitários, utilizando-se outras bases de dados, outros
periódicos e fazendo-se comparações com outros direrentes, da mesma
categoria da estudada.
Referências
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How contrasting vídeo cases influence text learning. Journal of
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completar os gastos que mantém receberam a homenagem, entre outros artigos, de outros livros
com a referida entidade. outros agraciados, os seguintes que serão publicados pela citada
Acadêmicos: Waldecy Alberto editora e também pelo Editorial
Arrigo Leonardo Angelini Miranda (Cad. 16), Mathilde Neder Plaza Valdez (Madrid). No Brasil,
Cadeira nº 4, (Cad. 14), José Glauco Bardella contribuiu com o capítulo As
“Antonio Ferreira Almeida (Cad. 8) e Geraldina Porto Witter virtudes e o Mundo Contem-
Junior” (Cad. 23). Colaborou com um porâneo. Anotações sobre o
Além das suas funções trabalho sobre o legado de Otto Movimento Epicuriano para o
normais que caracterizam a Klineberg para a Psicologia no livro Psicologia da Religião no
Presidência deste sodalício e as Brasil, objeto de pesquisa Mundo Contemporâneo,
de colaborador deste Boletim, histórica conduzida pelo Dr. organizado por Marta Helena de
participou da 2ª Mostra Nacional Marcos Chor Maio, da Fundação Freitas e Geraldo Paiva.
de Práticas em Psicologia, Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro. Resenhou o livro de Wilhelm
realizada no Palácio de Conven- Neste mesmo sentido, o Shmid (2010) La Felicidad: todo
ções do Anhembi, em São Paulo, Acadêmico prestou depoimento lo que debe saber al respecto y
organizada pelo Conselho Fed- sobre o legado de Gioconda Mus- por qué no es lo mas importante
eral de Psicologia, como parte das solini, à Liliane Goes Oliveira, en la vida. Valencia: PRE-
comemorações do cinquente- orientada por Ana Jacó Vilela TEXTOS. Além deste, resenhou
nário da aprovação da Lei que (Universidade Federal do Rio de outros livros para este Boletim.
regulamentou a profissão de Janeiro). No dia 26 de outubro, Participou do VIII Seminário de
Psicólogo no Brasil. Nessa atendendo convite da Acadêmica Psicologia e Senso Religioso, na
ocasião, foi realizado o Eda Marconi Custódio, o colega Mesa Redonda “Religião e Vida
lançamento de um número espe- participou da Semana de Contemporânea no Mundo
cial da revista Psicologia: Ciência Psicologia da UMESP Ocidental”. Integrou a Comissão
e Profissão, no qual figurou a (Universidade Metodista de São Consultiva da Exposição
entrevista que, como Presidente Paulo), ocasião em que proferiu Itinerante: 50 anos da profissão
desta Academia, concedeu ao a conferência por eles intitulada no Brasil promovido pelo
CFP sobre o histórico da Psicologia brasileira: 50 anos. Conselho Federal de Psicologia.
campanha junto à Câmara Fed- Tomou parte da Comissão Cen-
eral para aprovação da referida Norberto Abreu e Silva Neto tral de Avaliação para a
Lei. Participou também da sessão Cadeira nº 6, Progressão Docente na USP.
solene de inauguração da “Milton Camargo da Silva Reintegrou-se ao Conselho Edi-
referida mostra, na qualidade de Rodrigues” torial e como avaliador
primeiro Presidente do Conselho Neste semestre, o colega cadastrado de revistas de
Federal de Psicologia (1973 – publicou artigos e resenhas, natureza psicológica. Mantem-se
1976) com o registro número 1 participou de eventos e de em contato, em Oxford, com o
no Conselho Regional de comissões avaliadoras de psicólogo de renome, o Profes-
Psicologia de São Paulo. No dia progressão de carreira sor Peter M.S. Hacker, distinguido
27 de agosto, dia do Psicólogo, o universitária. Reintegrou-se às autor de numerosos livros sobre
Conselho Regional de Psicologia atividades editoriais e realizou a obra Wittgenstein.
de São Paulo realizou sessão visita acadêmica. Acaba de ser
comemorativa do cinquentenário publicado o livro Doubtful Cer- Marina P. R. Boccalandro
da regulamentação da Lei 4119, tainties: Language Games, Cadeira nº 13,
na qual foram homenageados os Forms of Life, Relativism, “Renato Ferraz Kehl”
cinquenta psicólogos que editado por Jesús Padilla Galvez Continua como Professora
receberam os primeiros registros e Margit Galfat, Frankfurt am Associada da PUC/SP e atuando
naquela entidade. Além do Main: Ontos Verlag (Series Apo- como supervisora da Clínica
Presidente desta Academia, ria). Encontram-se no prelo Psicológica da mesma
490
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Libreria UNED: Madrid, 2012. Geraldina Prto Witter ali proferiu a palestra La
Também publicou, como trabalho Cadeira nº 23, formación del docente hoy, ante
completo, nos anais do XXV “Dante Moreira Leite” los desafios de nuevos
Encontro Nacional de Apesar de sua enfermidade, contextos, na cidade de
Professores da Proepe, o continua atuante e participativa Encarnación, República do
denominado Os sujeitos de na coordenadoria dos cursos de Paraguai. Tem sido parecerista
Piaget e sua educação. Para pós-graduação “Stritu-Sensu” da em revistas de Psicologia e foi
grande público, escreveu artigos Universidade Castelo Branco, em avaliadora da Feira Brasileira de
sobre Toda atenção para a Mogi das Cruzes, e prestando Ciências e Engenharia – Escola
Neurociência (Nova Escola), e assessoria a outras entidades Politécnica da USP.
concedeu entrevista à Folha de congêneres. Sua produção
São Paulo. Participou de várias científica se traduz por uma Denise Gimenez Ramos
bancas de obtenção de títulos variedade de artigos de Cadeira nº 27,
universitários: a começar pelas divulgação científica, sendo “Herbert Baldus”
de Professor Titular no Instituto escritora assídua do Diário de A Acadêmica orientou várias
de Artes e na Faculdade de Mogi. Para este jornal, escreveu pesquisas de mestrado e de
Educação, ambas instituições da 26 artigos a partir de janeiro até doutorado. Proferiu diversas
UNICAMP, e de Livre Docência, outubro do corrente ano. Realizou palestras no Brasil e no Exterior.
na Faculdade de Arquitetura e resenhas para este Boletim de Em Portugal, participou do comitê
Urbanismo, na USP, e continua recentes livros de Psicologia organizador da IV Academic
com as de doutorado, em dois Escolar e também a ele tem Conference da International As-
concursos, um na Escola de dedicado bons artigos. Escreveu sociation for Junguian Studies e
Comunicação e Artes e outro na os seguintes capítulos de livros: da International Association for
Faculdade de Educação, ambos Avaliação do Professor, em Analytical Psychology. No
da USP. Em termos de mestrado, Avaliação Escolar: Estratégias e plenário dessa Conferência,
participou de uma banca no Debates, organizado por apresentou o trabalho: O Método
Instituto de Psicologia na USP e Rodrigues (2012) e publicado na de Análise do Sandplay. Nos
outra na Universidade Federal de cidade de São Paulo; dois Estados Unidos da América do
Rondônia, além de integrar-se em capítulos: Criatividade na Velhice Norte, ministrou as palestras: A
vários comitês de qualificação e Cuidador do Idoso, em transdução de uma taquicardia
sobre mestrado e doutorado. Lino Envelhecimento e Contingências – um caso de uma criança de 8
também marcou sua presença da Vida, organizado por Witter e anos, no Instituto C.G. Jung de
participativa em vários eventos, Buriti (2011) e publicado pela Los Angeles e O trauma
como no I Congresso Sabará de Editora Alinea. Participou de intergeracional da escravidão:
Especialidades Pediátricas, bancas examinadoras para um estudo feito no Pelourinho,
participando de mesa redonda; obtenção do título de mestre, da Salvador, no Pacifica Institute of
no II Seminário de Psicologia: 50 candidata Cleice Branco Silva, Graduate Studies, em Santa
anos de Psicologia no Brasil, com a monografia, Influência de Barbara, Califórnia. Nesse
proferiu conferência de abertura um programa de dança nos mesmo Instituto, ministrou um
do mesmo; no XIV Simpósio da aspectos biopsicossociais dos curso de Estudos em
ANPEPP, coordenou o grupo idosos, na Universidade São Ju- Psicossomática, de 20 horas.
Jogos e sua importância para a das Tadeu. Proferiu palestra e Tomou parte também, do VI
Psicologia da Educação e no IV conferência sobre Ética e Fraude Congresso Latino Americano de
Fórum Internacional de Educação no Discurso Científico, na Psicologia Junguiana, em
proferiu a conferência: Ensino e Universidade Federal de São Florianópolis, com o tema:
Aprendizagem: como avaliar. Paulo. Esteve na XIV Jornadas Amizade: bem estar e conflitos
Transandinas de Aprendizaje e advindos de complexos
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familiares. Publicou: Transtornos Sciences (IUPsyS) realizadas Participou com o artigo Imortais
psicossomáticos, capítulo do com os países membros. Nessa e Academias da cidade de São
livro “Psicopatologia ocasião foi aprovada a proposta Paulo da antologia São Paulo em
Psicodinâmica Simbólico- apresentada por um “consórcio” cena, a ser traduzida em francês;
Arquetípica”. Uruguai: Prensa entre ANPEPP, ABRAPSO e iniciativa da Literarte. Recebeu
Médica Latino-americana, 2012. SBPOT para a volta do Brasil à honroso prêmio pela colaboração
IUPsyS, à qual o país pertenceu na antologia Elas vieram de
Maria Regina Maluf na fundação em 1951 e marcou Longe, ato que aconteceu em
Cadeira nº 28, presença em 1996. A entrada do Petrópolis, no Palácio de Cristal.
“Maria da Penha Pompeo de Brasil na União Internacional de Prefaciou o livro Mundo digital e
Toledo” Associações de Psicologia é uma a Educação Profissionalizante,
Proferiu conferência sobre o boa notícia para a psicologia e os escrito pelo Acadêmico Carlos
tema, a ciência cognitiva da psicólogos brasileiros. Rolim Affonso. Emitiu pareceres
leitura, no IV Congresso Regional a currículos de professores
da SIP, em Cruz de la Sierra Aidyl M. de Queiroz Pérez- universitários para ascensão de
(Bolívia), no qual participaram Ramos carreira. Encontra-se no prelo o
alguns de seus alunos, Cadeira nº 30, livro A criança pequena e o
mestrandos e doutorandos do “Geraldo Horácio Paula Souza” Brincar da qual é uma das
programa de pós-graduação em A Acadêmica, nas suas organizadoras e autoras.
Psicologia da Educação da PUC- funções de Secretaria Geral Participou, efetivamente, da
SP. Foi essa uma excelente deste sodalício, vem se pesquisa sobre o legado do Dr.
oportunidade de intercâmbio ocupando do processo eleitoral Otto Klineberg, referente a seu
acadêmico com colegas e para preenchimento das Cadeiras tempo em São Paulo, como aluna
estudantes latino-americanos. vagas, números 19 e 24, cujo que foi deste ilustre psicólogo;
Participou do XIV Simpósio resultado está previsto para o fi- trabalho organizado pelo Dr.
ANPEPP que teve lugar em Belo nal deste ano. Segue na Marcos Chor Maio da Fundação
Horizonte, de 6 a 9 de junho, editoração deste Boletim, Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
apresentando trabalho no G.T. recebendo artigos e preparando-
Desenvolvimento Sociocognitivo os para avaliação dos Irai Cristina Boccato Alves
e da Linguagem. Assistiu a pareceristas. Do ponto de vista Cadeira nº 31,
apresentação feita por Stanislas acadêmico, tomou parte, como “Clemente Quaglio”
Dehaene em São Paulo (6 de membro efetivo, do Concurso de Na atuação como docente do
julho) sobre Os Neurônios da Títulos e Provas para obtenção Instituto de Psicologia da USP,
Leitura, título de seu livro recém- do Título de Livre-Docente do continua ministrando disciplinas
traduzido para o português. Departamento de Psicologia na graduação e na pós-
Participou, por meio de Clínica do Instituto de Psicologia graduação, bem como nas
conferência, a convite, do da USP. Participou, como editora atividades de orientação de
simpósio, do 30th International deste Boletim, do III Seminário de doutorandos e de iniciação
Congress of Psychology Desempenho dos Periódicos científica. Foi aprovada no
(IUPsyS), na Cidade do Cabo Brasileiros, organizado pela processo de progressão na
(África do Sul), de 22 a 27 de FAPESP (Fundação de Amparo à carreira docente como “Profes-
julho, onde tomou parte também Pesquisa do Estado de São Paulo) sor Doutor 2”. Participou de duas
das Reuniões de Diretoria da In- e o SCIELO (Science Eletronic Li- bancas de exame de qualificação
ternational Association of Ap- brary On-line) onde teve a para Doutorado no Instituto de
plied Psychology (IAPP), bem oportunidade de dialogar com Psicologia da Universidade de
como das Assembleias da Inter- vários editores de Psicologia e de São Paulo e uma para Mestrado
national Union of Psychological outras áreas do conhecimento. na Universidade Metodista de São
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Psicólogo; bolsista FAPESP (Processo n° 2011/05666-1, agradecimentos pela bolsa
concedida), membro do Inter Psi – Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos
Psicossociais da USP, Student Associate da Parapsychological Association (Estados Unidos).
Contato: Rua José de Alcântara Machado Filho, n° 30, Jardim Guapira, São Paulo, SP, Brasil.
CEP: 02316-220 – Brasil. Tel: (11) 2242-2417. E-mail: evertonom@usp.br 497
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instante seguinte, ao tentarmos impor algum limite aos nossos filhos quando
agem de maneira considerada inadequada, ou quando tentamos impor a
nós mesmos a dieta necessária para a nossa saúde ou o esforço de vontade
para nos livrarmos de nossos vícios e hábitos insalubres. De Botton critica
nossa presumida maturidade racional, lembrando-nos que, do ponto de vista
emocional, guardamos conosco muitas das incertezas e vulnerabilidades
da infância, havendo a necessidade de seguirmos modelos de referência
comportamental, mesmo quando adultos. Segundo o autor, a lei e a polícia
não seriam suficientes, porque permanecem em um nível concreto de
julgamento e sanção, enquanto os modelos paternalistas religiosos foram
além, monitorando também a vida íntima das pessoas. De Botton afirma
que as religiões sabem que não basta acreditar no potencial humano para
o crescimento e a autonomia; é preciso garantir isso constantemente, e daí
a importância de mecanismos institucionais e ritualísticos capazes de avivar
a todo o momento nossa memória, recordando-nos de nossos deveres,
obrigações e ideais. Para o autor, parece claro que as origens da ética
religiosa repousam na necessidade pragmática das primeiras
comunidades de controlar as tendências de seus membros para a
violência, inspirando-lhes hábitos contrários de harmonia e perdão (p. 79).
De Botton argumenta, ainda, que teria sido crucial para essas comunidades
a inconsciência acerca das origens dessas necessidades e acerca do
caráter artificial de suas construções mágicas e religiosas. Caso contrário,
se soubessem de sua natureza puramente psicológica, elas não temeriam
com tanto vigor seus deuses e criaturas amedrontadoras, nos quais
depositaram sua crença, e que nasceram do intuito de perpetuar um eficaz
mecanismo subjetivo de controle moral. Na contramão dos princípios
pedagógicos liberalistas, as religiões não temem ensinar às pessoas como
agirem na vida e serem felizes por meio de seus sermões, exortações
religiosas e técnicas meditativas e de controle mental.
Mas um dos insights mais importantes de De Botton se refere ao fato
de que, tal mecanismo de controle atua não apenas internamente, como
externamente, na arquitetura e outras formas de arte que perpassam o
espaço público. As religiões reconheceram no uso da arte, há séculos, uma
ferramenta indispensável de disseminação de suas doutrinas e práticas.
Embora se diga que o espaço público nas sociedades seculares deve ser
neutro, ele está, na verdade, bem longe de sê-lo. Ele é regularmente
preenchido por anúncios em outdoors, logotipos de empresas e marcas de
produtos. Ao invés de promover reflexão e crítica, o espaço público está
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Referências
• Dawkins, R. (2007). Deus: um delírio. Tradução de Fernanda Ravagnani.
São Paulo: Companhia das Letras.
Recebido: 01/10/2012 / Aceito: 18/10/2012.
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Psicóloga, mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutora
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Especialista em Neuropsicologia, título obtido pelo Conselho Federal de Psicologia. Contato:
Rua Hilário Magro Jr, n. 600, Bairro Butantã, São Paulo, SP, Brasil. CEP 05505-020. E-mail:
elsa.antunha@terra.com.br 503
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E assim foi. Os 424 passos, talvez uma alegoria dos passos da paixão
ou dos passos de Sísifo, da lenda grega, condenado a escalar, por toda a
vida, a montanha, da qual ele deveria descer e voltar a escalar, carregando
pesado fardo ou, até mesmo, os passos que damos, do nascimento à
morte, em busca de vitórias ou defrontando-nos com fracassos.
Não conseguindo conter sua verve literária e seu profundo
conhecimento da história e da arte, Diogo mescla seu filho Tito às
personagens e às situações em que o drama consome o coração do
homem, e a dor instala-se na alma daquele que sofre ou presencia o
sofrimento, do pai ou da mãe que vê seu filho “verde” ao nascer. É a dor
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Professor Associado em Psicologia do Instituto de Psicologia da USP, e Professor Titular da
UNB, aposentado de ambos cargos. Contato e-mail: norbertoabreu@uol.com.br 505
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