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Juscelino Chaves Sales1, Antônio Sergio Bezerra Sombra2, Antônio Francisco Gomes Furtado Filho2 e
José Silva de Almeida2
1
Universidade Estadual Vale do Acaraú, juscelinochaves@hotmail.com; 2Universidade Federal do
Ceará, sombra@ufc.br, antfilho2004@hotmail.com, jose@ufc.br
RESUMO - O Brasil é o país de maior biodiversidade, o que explica sua riqueza em oleaginosas.
Entretanto, restringe suas culturas para fins alimentícios, desprezando espécies com alto rendimento
lipídico. Existe um potencial grande a ser explorado, tanto em relação ao aproveitamento energético de
culturas temporárias e perenes quanto ao aproveitamento energético do óleo residual da alimentação.
O cultivo da mamona é uma das opções para o semi-árido do estado do Ceará. A partir do inicio da
década de 80 ocorreu um continuo declínio da área cultivada, resultando na desativação de indústrias
beneficiadoras. A partir de 2000 iniciou-se uma retomada da produção.
INTRODUÇÃO
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa, iniciada
pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de óleos vegetais com
um intermediário ativo, formado pela reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido
como transesterificação.
Um das grandes vantagens do biodiesel é sua adaptabilidade aos motores do ciclo diesel, pois
enquanto o uso de outros combustíveis limpos, como o gás natural ou biogás, requerem adaptação dos
motores, a combustão do biodiesel pode dispensá-la, configurando-se em uma técnica capaz de
atender toda a frota já existente movida a óleo diesel.
Do ponto de vista econômico, sua viabilidade está relacionada à substituição das importações
e às vantagens ambientais inerentes, como a redução de emissão de materiais particulados e de
enxofre, que evitará custos com saúde pública, e de gases responsáveis pelo efeito estufa, que podem
gerar recursos internacionais do mercado de carbono.
O biodiesel no mundo
No inicio dos anos 90, o processo de industrialização do biodiesel foi iniciado na Europa.
Portanto, mesmo tendo sido desenvolvido no Brasil, o principal mercado produtor e consumidor de
biodiesel em grande escala foi aquele continente.
Já existe na Alemanha uma frota significativa de veículos leves, coletivos e de carga utilizando
biodiesel puro, obtido de plantações específicas para fins energéticos.
O consumo de biodiesel na Europa em 1998 foi de 200.000t, oferecido em cerca de 1.000
postos (atendido principalmente pela produção interna). Na Tabela 1 mostra-se a situação da produção
de biodiesel em 2001 em alguns paises de destaque no cenário internacional (HOLANDA, 2004). O
principal fabricante mundial (empresa malaia) produziu 250.000t em 2000 (OLIVEIRA, 2001)
Nos Estados Unidos da América, além dos estados cujo consumo não é obrigatório, leis
aprovadas em Minessotta e Carolina do Norte obrigaram que, a partir de 01/01/2002, todo o diesel
consumido tenha 2% de biodiesel.
A grande motivação americana para o uso do biodiesel é a qualidade do meio ambiente. A
questão ambiental constitui a verdadeira força motriz para produção e consumo dos combustíveis
limpos oriundos de biomassa, especialmente biodiesel. Nesse sentido o Japão tem demonstrado
interesse em importar biodiesel.
O biodiesel no Brasil
No Brasil há diversas experiências sobre o uso de biodiesel, oriundo de óleos novos e usados,
puros ou misturados ao diesel. Entretanto, apenas em 1998 o órgão regulador do setor, a Agencia
Nacional e Petróleo (ANP) (1998), publicou a Resolução nº 180, sobre a necessidade de realização de
testes pré-aprovados para homologação de combustíveis não especificados.
Na década de 70 a Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveu pesquisas com o intuito
de encontrar fontes alternativas de energia. As experiências acabaram por revelar um novo
combustível originário de óleos vegetais e com propriedades semelhantes ao do óleo diesel
convencional: o biodiesel.
Em 1980 a UFC criou o Prodiesel, com o envolvimento de outras instituições de pesquisa, da
Petrobrás e do Ministério da Aeronáutica. O combustível foi testado por fabricantes de veículos a
diesel. A UFC também desenvolveu o querosene vegetal de aviação para o Ministério da Aeronáutica.
Considerando a restrição de NOx em 7g/kWh (permitiu homologar 29 de 6 produtores
pesquisados, sendo a maior emissão 6,91g/kWh (IBAMA, 2001)), um novo combustível que aumente
as emissões deste poluente não deve, em primeira instancia, incrementa-la em mais do que 1,3%. Na
Tabela 2 apresenta-se emissões dos principais poluentes para 2 tipos de combustível (HOLANDA,
2006).
O biodiesel no Ceará
0 histórico do biodiesel no Ceará pode ser visto da seguinte maneira:
1980 - Prof. Expedito Parente obteve Patente Biodiesel - UFC
2002 – Iniciada parceria com a TECBIO (Tecnologias de Biocombustíveis Ltda), empresa incubada no
NUTEC (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial) que desenvolve pesquisas sobre biodiesel.
2003 – Iniciou produção do biodiesel em bancada (laboratório).
2004 – Planta piloto NUTEC para produção em batelada.
2005 – Autorizado pela ANP (335) para produzir Biodiesel.
2005 – Projeto Diesel Verde com a Prefeitura de Fortaleza e o Sindicato das Empresas de Transportes
de Passageiros (SINDIÔNIBUS) para testar biodiesel em 17 ônibus com B5.
2006 – Fase de conclusão de usina para produção contínua. A previsão é de que em agosto de 2006
terão 3 (três) usinas no Ceará.
Um estudo elaborado pela Secretaria de Agricultura do Ceará, em parceria com a TECBIO,
concluiu que a mamona é a cultura mais rentável para o sequeiro. O agronegócio da mamona para fins
energéticos tem a capacidade de erradicar a miséria rural nordestina, onde mais de 2 milhões de
famílias convivem com a fome.
O Projeto Mamona do Ceará (SEAGRI, 2006) selecionou 81 municípios e possui 8.200
agricultores ocupados em 2006. O projeto tem as seguintes metas: distribuir, de 2004 a 2007, 350
toneladas de sementes e ter 110 mil hectares plantados com mamona até 2009(FILHO,2006).
As instituições e empresas do Ceará que trabalham com Biodiesel a partir da mamona
juntamente com a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial (NUTEC) são:
• TECBIO – Tecnologias de Biocombustíveis Ltda
• OLVEQ – Indústria de Óleos Vegetais de Quixadá
• UFC - Universidade Federal do Ceará
• GLEN – Grupo de Estudos e Pesquisa em Infra-estruturas de Transporte e Logística da
Energia
• SEMAN – Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza
• FRETCAR – Transporte, Localização e Turismos Ltda
• ETTUSA – Empresa de Trânsito e Transporte Urbano S/A
• CTC – Companhia de Transporte Coletivo
• VIA MÁXIMA – Viação Máxima Ltda
• VIA URBANA – Viação Urbana Ltda
• SINDIÔNIBUS – Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros
O programa de desenvolvimento do Agronegócio de Agricultura do Sequeiro, que visa
estimular e desenvolver cultivos sustentáveis no semi-árido do Ceará tem elevado o desenvolvimento
da cultura da mamona no Estado, que passou de 1.937 hectares em 2003 para 10.397 em 2006, com
crescimento de 464,63% de área plantada no período. A produção que era de 1.638 toneladas em
2003 passou para 12.936 em 2006, com incremento de 689,64% no período (FILHO, 2006).
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho trata de uma pesquisa de natureza basicamente bibliográfica. A pesquisa
bibliográfica desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros,
paginas de web-sites, jornais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A implementação de um programa energético com biodiesel a partir da mamona para o Estado
do Ceará, abriu oportunidades para grandes benefícios sociais decorrente do alto índice de geração de
emprego por capital investido, culminando com a valorização do campo e a promoção do trabalhador
rural, além da demanda por mão-de-obra qualificada para o processamento.
CONCLUSÕES
Como os resultados de todos os aspectos analisados foram positivos, é possível concluir que o
biodiesel é um combustível sustentável, capaz de contribuir para a conservação ambiental e minimizar
a evolução dos problemas decorrentes do efeito estufa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP (Agencia Nacional de Petróleo), www.anp.gov.br/estatísticas.
EUROBSER’ER(2002).Baromètre européeen 2001. Lê bilan 2001 des energies renovelables.N°
148
FILHO, D.M.B, Mamona: programa de desenvolvimento do Agronegócio de Agricultura do Sequeiro,
Fortaleza, 06/2006.
HOLANDA, A, Biodiesel: Combustível para a Cidadania. Câmara do Deputados.Brasilia,04/2006.
HOLANDA, A, Biodiesel e a Inclusão Social. Câmara dos Deputados. Brasília.2004.
IBAMA, 2001. Fatores de emissão dos motores homologados pelo PROCONVE.
NBB ( National Biodiesel Board ), www.biodiesel.org
OLIVEIRA, L.B. 2001. Biodiesel – Combustível limpo para transporte sustentável. COPPE/UFRJ.