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Alice Pardal
ULHT, Lisboa
Janeiro de 2004
Resumo
histórica do conceito alvo e dos conceitos que lhe são associados e os modelos
Summary
conceptual evaluation models developed mostly in the last two decades. Finally,
emotional intelligence is reviewed within the work environment. This is done by:
Aproveitar Oportunidades
empresarial. Estes são também alguns dos conceitos base da psicologia positiva.
Referida como tal pela primeira vez na década de noventa, trata-se de uma nova
da década de noventa (1990), surge igualmente neste contexto e pode integrar-se nesta
para além daquelas avaliadas através de testes de QI, vai aumentar a probabilidade de
um indivíduo ter uma ou outra das formas de inteligência e, nesse sentido, de ser bem
cada nova ideia da ciência, como uma constatação científica inegável e como um
156 resumos.
literatura apenas na última década. Estudos efectuados (Stein e Book, 2001) sugerem
que existe uma correlação entre a IE e a qualidade e sucesso nas diferentes áreas de
profissionalmente.
críticas são apontadas às concepções teóricas que os sustentam. Neste sentido, apesar do
hipótese a testar.
inteligência geral ou cognitiva, bem como esclarecer o seu impacto na área profissional,
compreender de que forma esta ligação, que actualmente se sugere ser vantajosa, entre
Percurso Histórico
aspectos não cognitivos, no estudo deste constructo. Tal como muitos outros conceitos,
também o de IE, tem como base uma longa história de pesquisa e teoria tanto na área
área social.
vista conceptual, a preocupação da ciência foi até há alguns anos a sua clara distinção.
providenciava informação eficaz e correcta, enquanto a emoção tingia esta visão com
e de Weschsler.
Inteligência Emocional 7
indivíduo, o Ego e o Superego, que sendo racionais operavam apenas ao serviço das
emoções.
Para Hume, a razão permitia assegurar a análise dos factos e criar inferências
sobre o mundo. Contudo, o seu papel era meramente auxiliar à definição e o alcance das
autor a expressão emocional adquire quase uma componente de inteligência, uma vez
que as funções que lhe atribui são, em termos individuais a motivação e energia (para
intercultural.
para adultos (1939) e, na sua definição deste conceito, veio despertar para uma nova
estavam incluídas neste conceito, uma vez que seriam preditoras do sucesso na vida dos
afectivas, são admissíveis como factores de inteligência geral. A minha perspectiva tem
sido de que tais factores não só são admissíveis como necessários. Eu tenho tentado
mostrar que para além dos factores intelectuais existem também factores não
estiverem correctas, significa que não podemos esperar mediar a inteligência total até
que os nossos testes incluam medidas destes factores não intelectuais. (p.3).
Modelos e Avaliação
durante os anos seguintes, através dos autores originais, em 1999, e após o seu
não existe consenso quanto à definição da IE. São dois os tipos de modelos que
outro nos traços, intitulado também de modelo misto, relegando a IE para uma
Mayer e Salovey
constructo com quatro áreas. Nestas áreas estão patentes as competências que,
emocionais:
pessoais.
quatro áreas da última versão do seu modelo. Estes questionários são testes de
consistência interna, para as quatro áreas, os coeficientes variam entre 0.80 e 0.91. Na
2003). Mais uma vez existem evidências quanto à validade do constructo, à validade
(Cherniss, 2000).
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competências que são ou não integradas, num ou no outro. Aquilo que os distingue é
Goleman
Em 2001, Goleman apresenta uma versão revista do seu modelo inicial de IE,
datado de 1995. No primeiro modelo o autor identificava cinco domínios de IE. As três
potencial para possuir determinadas competências, mas que por si só não é suficiente
para o sucesso. Assim, e de acordo com o modelo, para poder ser auto-confiante é
competências que integram o modelo. Por estar ainda numa fase inicial de aplicação,
poucos estudos certificam a sua validade preditiva. Não obstante, apresenta bons
para cada escala; e na versão de avaliação pelos outros, entre 0,732 e 0,905).
Bar-On
1996, na sequência dos seus estudos iniciais, o seu modelo. Na perspectiva deste autor,
estáticos da personalidade. Por essa mesma razão o autor considera que a IE pode ser
desenvolvimento do indivíduo.
com 133 itens que avalia as cinco dimensões e 15 subdimensões, do modelo do autor. O
Cronbach de .69 a .86 e em re-teste, após um mês, valores de alfa de Cronbach de .78 a .
este constructo.
interpessoais são concebidas como correlacionadas entre si, e deste modo analisadas em
conjunto. Contudo, não existe evidência para tal assunção – estas podem ser
lado, alguns dos factores tendem a contradizer-se entre si, como o caso do optimismo e
Bar-On EQ-I, são medidas de auto-relato em que o sujeito assinala o seu grau de
estes instrumentos são mais comuns, porque este tipo de medida de avaliação acarreta
medidas de avaliação são as que mais críticas têm recebido. Estudos indicam que a
Inteligência Emocional 13
inteligência, é baixa (r=.00 a .35) (Brackett e Mayer, 2003). Logo é difícil garantir que
estas medidas avaliam aquilo a que se propõem e que as características que avaliam são
incorrecto.
incluídos quatro factores, r=.79 a r=.91 e quando são tidos em conta os oito que
serviram de base, ie, alguns dos instrumentos desenvolvidos seguem o modelo baseado
nas competências enquanto outros o modelo misto. Se, enquanto construto a sua
Perspectivas Recentes
Damásio (2003, p.44) define emoção como a “parte (quase sempre) pública” de
composta por “acções ou movimentos (...) que ocorrem no rosto, na voz (...) em
próprio.
Inteligência Emocional 14
Na sua última obra, as emoções e os sentimentos são apresentadas por este autor
funcionam apenas como alertas face a determinadas situações, às quais podemos ou não
função das emoções e não das emoções por si mesmas. Se é verdade que directa ou
inteligência emocional, serão as que nos permitem identificar e catalogar estes estados
maior eficácia às exigências propostas. Esta aplicabilidade está patente neste exemplo
de Damásio (2003):
organismo num estado marginal. Quando a emoção é o medo, esse estado marginal
pode ter vantagens – desde que o medo seja justificado e não seja o resultado de uma
Inteligência Emocional 15
Então qual é aqui o papel da inteligência? Em qualquer que seja a sua variante,
MSCEIT versão 2.0 (2002), o EQ-i e o Self Report EI Test [SREIT], (Schutte et al.,
Este resultado é explicado pelas diferentes abordagens que estas medidas têm,
qualquer uma das medidas é boa, se devidamente enquadrada no seu modelo base. No
entanto, é preciso ter em conta que a proximidade entre as medidas mistas e outros
destes modelos.
Payne refere, numa dissertação não publicada, que a IE existe e se distingue claramente
de outras formas de inteligência puramente cognitiva, não tanto pelo processo em que
decorre, mas sim pelos seus objectos de atenção: “Assim os sentimentos são factos; os
problemas que resolvemos são problemas emocionais, isto é, problemas na forma como
O Contexto
profissional (Fisher & Hanna, 1931; Hoppock, 1935), atitudes dos trabalhadores
Leadership Studies. Estes resultados sugerem que líderes com a capacidade para
estabelecer relações de confiança, respeito e com alguma proximidade das suas equipas,
são mais eficazes do que aqueles que não o conseguem. Nos últimos cinquenta anos,
colocada uma ênfase particular nas situações de stress, liderança, trabalho em equipa,
que uma maior atenção tem sido dedicada ao afecto, é igualmente certo, salvo raras
humores e sentimentos e não tanto na perspectiva das emoções. Este tipo de pesquisa,
ocorrência das emoções básicas, como a raiva, o medo, a alegria, curtas na sua duração,
inspiram. Pelo modo como nos lideram, pela forma como comunicam com as pessoas,
vertente, têm vindo a demonstrar que existe uma relação entre as características
Serpkenci, 1990; Sigdal Barsade, 1998), da cooperação, justiça nas acções e melhor
Eroglu, 1994).
profissional dos sujeitos. Este resultado tem sido corroborado por outros estudos,
profissional. Apesar deste ser melhor explicado por variáveis não intelectuais do que
pelo QI, estas competências são facilitadoras do sucesso, uma vez que permitem
Actualmente muitos destes autores (Goleman, 1998; Mayer, Salovey & Caruso,
1998) defendem que não é a IE por si mesma que possibilita o sucesso, mas sim as
Positivar o Prisma
“Compreender a biologia das emoções e o facto de que o valor das diferentes emoções
funcionais, tanto ao nível da sua missão como do impacto da sua gestão eficaz, abre um
novo campo de acção: a intervenção. Muitas iniciativas são actualmente levadas a cabo
nesta área, que suscita o interesse da população em geral, com o presumível objectivo
alternativas a nível nacional e internacional. Será que estas a acções são eficazes? Mais,
competências?
competências de IE, permite aumentar a resiliência dos indivíduos face às mais diversas
por um lado, as emoções existem para fazer face às exigências que foram sendo
artigo, porque essas competências são críticas para um desempenho eficaz na maioria
dos trabalhos. Resultados de vários estudos sugerem que, cerca de dois terços das
algumas destas competências necessárias. Este facto traduz-se, desde cedo, em falta de
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competências no trabalho.
actualmente possuem para investimentos desta natureza conjugada com motivação para
esse investimento.
despendem a maior parte do seu tempo diário de vigília, nos seus locais de trabalho ou a
são mais facilmente alcançados se existir uma intervenção dentro deste contexto - as
caracterizando-se, cada vez mais, pela pressão colocada sobre os indivíduos. Pressão na
factor humano. Isto significa que, para além do indivíduo e da empresa, o reflexo destas
acções far-se-á sentir na interacção entre ambos, bem como a nível mais lato no próprio
mercado.
Por outro lado, para operar uma mudança de comportamentos e atitudes dos
Caminhos Percorridos
social de Bandura (1969, 1977), tanto ao nível da sua conceptualização, como ao nível
evolução do modelo e das teorias acima referidos, pelo que os primeiros programas
dos modelos, dada a nova ênfase nos processos de mediação cognitiva na regulação do
comportamento.
seu impacto e médio ou longo prazo era quase nulo (Consortium for Research on
Herzberg, e Maslow.
por colaboradores e o desempenho avaliado pela(s) chefia(s), sugeriram que todos estes
[Burnaska, 1976, Byham, Adams e Kiggins, 1976, Latham e Saari, 1979, Moses e
Ritchie, 1976, Russ-Eft e Zenger, 1977, Smith, 1976 (CREIO, 2003b). Constituem a
base dos programas actuais de IE. Os resultados conhecidos têm sido positivos, em
avaliações com grupos de controlo, dois e seis meses após o final da acção. Os
emoções.
Peterson (1996) e, são alguns dos exemplos de programas que associam as duas
componentes.
De Futuro
Se é verdade que na última década o interesse pelo tema IE foi crescente, tanto
intervenção, tanto ao nível dos métodos, como dos resultados, o percurso é ainda inicial.
Enquanto conceito, a IE constituí uma das boas notícias das últimas décadas. A
IE deve ser orientar-se pelos mesmos princípios. Deve utilizar o método científico para
potenciar a descoberta e a promoção dos factores que permitem aos indivíduos, grupos,
pessoas saudáveis mais fortes e mais produtivas e ainda tornar real o conceito de
instrumentos de avaliação.
competências sejam mais relevantes para algumas funções do que para outras. Esta
Inteligência Emocional 26
contribuir para essa melhoria, estes estudos devem compreender o controlo de outras
laboral, a avaliação pré-pós intervenção deve ser dirigida tanto aos objectivos da
programa.
condições para a mudança, que permitam assegurar o sucesso deste tipo de acções.
Cherniss (Bar-On, 2000), é um dos investigadores que aborda esta questão defendendo
que estas condições devem estar presentes nas várias etapas do processo.
empresa e a nível individual. Durante o treino, deve ser fornecida informação sobre os
resultados esperados, deve ser dado feedback contínuo e a acção deve ser
longo prazo.
Contudo, é preciso ter presente que qualquer novo conceito, quando ainda
investimento e não é um constructo a ser negligenciado até porque “as emoções foram
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Inteligência Emocional 29
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