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A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas S.

Kuhn
Tradução de Carlos Marques
Lisboa: Guerra & Paz, 2009, 288 pp.
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A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas S. Kuhn
Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira
São Paulo: Editora Perspectiva, 2006, 260 pp.
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A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Samuel Kuhn (1922–1996), é uma das obras
mais influentes em filosofia da ciência; menos pela solidez de seus argumentos do que pelo elevado
número de divergências e debates que tem causado. Originalmente publicado em 1962 e traduzido
para mais de vinte línguas, este livro constitui uma das principais fontes de argumentos para quem
defende o relativismo epistêmico e científico. Opõe-se, principalmente, ao conjunto de crenças
compartilhadas pelos filósofos do Círculo de Viena e seus sucessores. Sobretudo, o debate com Karl
Popper (1902–1994) e Imre Lakatos (1922–1974) foi intenso.

Thomas Kuhn graduou-se em física pela Universidade de Harvard, tendo grande interesse por
questões de filosofia da ciência. Contudo, sempre dedicou maior esforço a investigações no campo
de história da ciência, onde se destacou com maior importância e mérito. Antes conhecido como
historiador da ciência do que como filósofo da ciência, Kuhn construiu seus argumentos sob a
influência de estudos históricos; estudando e comparando períodos históricos do desenvolvimento
científico Kuhn pressupõe e elucida conceitos e crenças filosóficas que são caros para todos
aqueles que se interessam pelos problemas filosóficos da ciência: a saber, a natureza do
conhecimento científico e seu método, o processo de aquisição de conhecimento científico e,
sobretudo as pressuposições metafísicas da ciência e seus praticantes.

Kuhn organiza seu livro como se segue. Começa com um prefácio e introdução, onde expõe suas
motivações e objetivos com o livro; demonstra quais foram suas influências no processo de
produção e cita trabalhos dos filósofos que o influenciaram diretamente. Depois da introdução são
apresentados doze capítulos nos quais apresenta suas ideias e desenvolve toda sua argumentação.
O final do livro constitui-se de um posfácio em sete partes, que foi incluído em 1969, onde Kuhn
tenta esclarecer algumas de suas idéias e argumentos em virtude de críticas recebidas.

Seguem-se alguns esclarecimentos sobre as principais idéias do livro. Destacam-se os conceitos de


ciência normal, ciência extraordinária, paradigma, incomensurabilidade e revoluções científicas.

Segundo Kuhn, toda ciência madura atravessa dois estágios, um aparentemente estável e um outro
completamente instável, imprevisível e revolucionário. O primeiro estágio é denominado de ciência
normal. É a ciência determinada segundo as regras e modelos de um paradigma ou de uma tradição
de pesquisa científica; neste estágio, o trabalho dos cientistas não vai além do que esclarecer e
elucidar conceitos fundamentais de maneira acrítica e doutrinária. Tais regras da ciência normal não
são apresentadas no sentido de um conjunto de métodos que prescreverão a pesquisa científica,
mas como práticas convencionais que serão adotadas e condicionadas a fatores sociológicos e
culturais.

O conceito de paradigma foi alvo de críticas e mal-entendidos devido a uma série de imprecisões,
obrigando Kuhn, em 1969, a incluir o referido posfácio, onde estabelece definitivamente o que quer
dizer quando usa o conceito. Kuhn defende que um paradigma científico é um conjunto de crenças,
técnicas e valores compartilhados por uma comunidade que serve de modelo para a abordagem e
soluções de problemas. A ciência normal é encarregada de apresentar e resolver as questões que
surgem no interior do paradigma. É importante ressaltar que todos os problemas surgem e serão
resolvidos apenas dentro de um determinado paradigma e que diferentes paradigmas apresentam
diferentes questões e diferentes soluções. Não existe um método científico que determina as
práticas da investigação científica, mas sim um conjunto de regras que são relativas, cada uma, a
diferentes paradigmas. Enquanto houver problemas cujas soluções encaixam-se no que prevê o
paradigma, a ciência normal funciona adequadamente. Entretanto, quando começam a aparecer
problemas que divergem totalmente das expectativas esperadas, o paradigma original começa a
enfraquecer e uma nova concepção de mundo começa suceder à antiga compreensão da ciência
normal. Começa a partir de então o segundo estágio de uma ciência, denominado ciência
extraordinária. Essa ciência está na fronteira entre dois paradigmas, modificará todas as regras do
antigo paradigma e introduzirá um novo modelo. As regras e métodos do antigo paradigma são
dispensados, pois não permitem a resolução dos problemas apresentados. Chamada também de
ciência revolucionária, define a mudança de paradigmas como um processo descontínuo. Portanto,
a ciência normal é a praticada no interior de um paradigma e ciência extraordinária é a praticada na
faixa de transição de dois paradigmas.

Kuhn defende que a mudança de paradigmas não é um processo racional. A idéia é que não há
qualquer padrão de racionalidade que irá avaliar e criticar os paradigmas sob um ponto de vista
comum, já que cada paradigma possui seu conjunto de regras que só tem sentido dentro de sua
própria teoria. Ora, se a pesquisa científica muda de método assim que mudam os paradigmas,
então não existe um padrão comum que possa avaliar paradigmas concorrentes. Portanto, esses
paradigmas ou modelos científicos são incomensuráveis, ou seja, incomparáveis. Isso quer dizer
que, tomando dois exemplos de explicação das órbitas planetárias, é impossível comparar e dizer
que modelo está certo ou errado, ou qual é mais plausível do que o outro: a teoria de Newton ou a
de Ptolomeu. O conceito de verdade científica relativiza-se ao paradigma científico em causa. Um
outro argumento de Kuhn para a incomensurabilidade dos paradigmas é o de que se a realidade da
pesquisa científica é determinada pelos paradigmas, então cada teoria científica descreverá uma
realidade diferente. E, portanto, toda disputa científica será absurda já que o que se disputa são
duas realidades distintas. Logo, cada paradigma descreve sua realidade e é incomensurável com
qualquer outro.

A escolha entre paradigmas ou teorias científicas consiste, de acordo com Kuhn, em disputas
retóricas. A disputa entre dois paradigmas nada tem a ver com experimentos, análises
metodológicas ou deduções, mas sim com o quão hábil forem os cientistas para estabelecerem suas
regras, seus modelos, suas questões e sua ciência normal. Isto quer dizer que o fato de o modelo
heliocêntrico do sistema solar ser considerado uma teoria verdadeira é conseqüência somente da
habilidade de persuasão de seus defensores e não de uma determinação da argumentação racional
nem de experiências acumuladas.

A teoria que Kuhn defende em seu livro sobre o avanço do conhecimento científico é uma teoria
contrária à de que o conhecimento é produzido mediante um processo de acumulação de
informações. Segundo ele, o processo acontece através de rupturas completas e súbitas de um
paradigma para o outro. Nada do que foi pesquisado ou organizado no paradigma anterior será
aproveitado no desenvolvimento futuro, pois são modificações de mundos e de nada adianta
utilizarmos dados de um mundo em outro mundo totalmente diferente. A produção de conhecimento
não é cumulativa e progressiva, mas fragmentada; assim, "(…) a transição [entre paradigmas] tem
de ocorrer subitamente (embora não necessariamente num instante) ou então não ocorre jamais."
(pág. 192).

O livro de Kuhn foi uma fonte de argumentos para sociólogos da ciência, filósofos e historiadores
que defendem um relativismo epistêmico. É uma das principais obras dos relativistas e anti-realistas
em ciência. O livro é importante para aqueles que gostariam de conhecer mais detalhadamente os
principais argumentos de teorias relativistas.
Índice

Prefácio
Introdução: Um papel para a História
A Rota para a Ciência Normal
A Natureza da Ciência Normal
A Ciência Normal como Resolução de Quebra-Cabeças
A Prioridade dos Paradigmas
A Anomalia e a Emergência das Descobertas Científicas
As Crises e a Emergência das Teorias Científicas
A Resposta à Crise
A Natureza e a Necessidade das Revoluções Científicas
As Revoluções como Mudanças de Concepção de Mundo
A Invisibilidade das Revoluções
A Resolução das Revoluções
O Progresso através das Revoluções

Posfácio (1969)
Os Paradigmas e a Estrutura da Comunidade
Os Paradigmas como a Constelação dos Compromissos de Grupo
Os Paradigmas como Exemplos Compartilhados
Conhecimento Tácito e Intuição
Exemplares, Incomensurabilidade e Revoluções
Revoluções e Relativismo
A Natureza da Ciência
Eduardo Dayrell
Universidade Federal de Minas Gerais
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