Quando uma pessoa comete uma falta grave contra o próximo, certamente acaba perturbada, em virtude das forças desequilibradas geradas pelo seu arrependimento, e por receber, também, as vibrações de ódio ou ressentimento da outra pessoa prejudicada. Em razão disso, os centros da alma entram em desarmonia, ocasionando repercussões negativas sobre o corpo físico. Esse descontrole, causado pelo mal praticado, provoca lesões no funcionamento de diversos órgãos, como coração, pulmões, fígado, etc. Sentimentos como raiva, desespero, crueldade e falta de paciência criam zonas enfermiças no organismo, anulando quase todos os recursos de defesa imunológica da pessoa e possibilitando o aparecimento de micróbios em órgãos de menor resistência. Sobre esse assunto, diz o Espírito Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, psicografado por Chico Xavier, que em muitas vezes a tuberculose, o câncer, a lepra e a ulceração aparecem como fenômenos secundários; a causa principal da doença está na alma enferma, uma vez que todos os sintomas mentais, depressivos ou desequilibrados influenciam as células do corpo carnal. Emmanuel diz ainda que nossas emoções doentias, como ciúme, irritação, impaciência e ódio, geram enfermidades. Esse sentimento negativo, depois de convertidos em ondas mentais, volta-se sobre nós mesmos, tumultuando o serviço das células nervosas. Diante disso, conclui: “Não nos esqueçamos, assim, de que apenas o sentimento reto pode esboçar o reto pensamento, sem o qual a alma adoece pela carência de equilíbrio interior, imprimindo no aparelho físico os desvarios e as perturbações que lhe são conseqüentes”.
I. VELHAS RECORDAÇÕES - VELHASDOENÇAS
Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe eis não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes... ...Escutai, pois, essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos; perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos, mesmo de vosso amor. ESE Cap. X, 14.
Trazemos muitas lembranças mentais arquivados no inconsciente profundo
de nós mesmos; alguns são velhas recordações que nos fazem mal, herdadas nas mais variadas épocas, seja na atualidade, seja em outras existências no passado distante. Essas fontes emitem, através dos mecanismos psíquicos, energias que não nos deixam sair com facilidade do fluxo destes eventos desagradáveis, registrados pelos olhos da própria alma, mantendo-nos presos em antigas mágoas e feridas morais entre os fardos da culpa e da vergonha. Por não recordarmos que o perdão a nós mesmos e aos outros é um poderoso instrumento de cura para todos os males, é que não deixamos o passado ir embora, não desenvolvendo nossa renovação, mas sim, enfermidades e abatimentos. Tentamos viver alienados dos nossos ressentimentos e velhas amarguras, distraindo-nos com jogos e diversões ou mesmo buscando alívio no trabalho ininterrupto, mas apenas estamos adiando a solução futura da dor, porque essas medidas são temporárias. É mais fácil dizer que se tem uma úlcera gástrica do que admitir um descontentamento conjugal; é mais fácil também consentir-se portador de uma freqüente cólica intestinal do que aceitar-se como indivíduo raivoso e inflexível. Muitas doenças, antes consideradas como orgânicas, estão sendo agora reconhecidas como "psicossomáticas porque se encontraram fatores psicológicos expressivos em sua origem. As insanidades físicas são quase sempre traduzidas como somatizações das recordações doentias de ódio e vingança que, mantidas em longo prazo, resultam em doenças crônicas. Dessa forma, compreenderás que a gravidade e duração dos teus sintomas de prostração e abatimento orgânico são diretamente proporcionais à persistência em manteres abertas tuas velhas chagas do passado. As predisposições físicas das pessoas às enfermidades nada mais são do que as tendências morais da alma, que podem modificar as qualidades do sangue, dando-lhe maior ou menor atividade, provocar secreções ácidas ou hormonais, mais ou menos abundantes, ou mesmo perturbar as multiplicações celulares, comprometendo a saúde como um todo. Portanto, as causas das doenças somos nós sobre nós mesmos, e para que tenhamos equilíbrio fisiológico é preciso cuidar de nossas atitudes íntimas, conservando a harmonia na alma. Indulgência se define como sendo a facilidade que se tem para perdoar. Muitos de nós ficamos constantemente tentando provar que sempre estivemos certos e que tínhamos toda a razão; outros ficam repisando os erros e as faltas alheias. Mas, se quisermos saúde e paz, libertemo-nos desses fardos pesados que nos impeçam de voar mais alto para as possibilidades do perdão incondicional. Perdoar não significa esquecer as marcas profundas que nos deixaram, ou mesmo fechar os olhos para a maldade alheia. Perdoar é desenvolver um sentimento profundo de compreensão, por saber que nós e os outros ainda estamos distantes de agir corretamente. Por não estarmos momentaneamente, em completo contato com a intimidade de nossa criação divina, é que todos nós temos, em várias ocasiões, gestos de irreflexão e ações inadequadas. Das velhas doenças nos libertaremos, quando as velhas recordações do "não-perdão" pararem de comandar as nossa vidas.
NÃO É VENDIDO NAS FARMÁCIAS
Para irradiarmos a luz do perdão, não resta dúvida de que precisamos sair da “tolerância zero” para a “tolerância máxima”, recomendada e vivida por Jesus. Somente perdoando incondicionalmente aos nossos inimigos, e talvez o mais difícil, àqueles que tiraram a vida de nossos familiares, é que poderemos promover definitivamente a paz na Terra. No entanto, se desejamos concretamente a paz, é preciso então eliminar estes sentimentos inferiores, usando o perdão em qualquer circunstância de nossas vidas. Se, para irmos à forra de uma violência recebida contra nós, ou contra os nossos familiares, revidarmos com outro ato violento, ou seja, “pagando na mesma moeda”, cairemos num circulo vicioso, alimentando a própria violência. Foi por isso que Jesus, antes de sair da Terra dependurado numa cruz, apontou-nos o caminho e a única saída para a paz, ao rogar a Deus o perdão para seus inimigos. Não há outra saída mesmo! Sem perdão, não há solução para a paz! Portanto, se queremos ter paz e saúde em nossas vidas (e este, acredito, é um dos maiores sonhos de todo ser humano), devemos usar o remédio mais eficaz receitado por Jesus: o perdão! Mas atenção: ele não é vendido nas farmácias, porém pode ser encontrado à nossa disposição no íntimo de nossa alma. E mais: não custa nada, apenas a nossa decisão de usá-lo.