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PORTUGAL

NOTÍCIAS
05 Julho/Agosto/Setembro 2009
Publicação trimestral • Série V • P.V.P €1.75

DOSSIER
Reunião do Conselho Internacional
O rumo da Amnistia Internacional
para os próximos seis anos

ÁFRICA DIA MUNDIAL DO HABITAT


Os desalojamentos forçados nos países com Entrevista com Raquel Rolnik, Relatora das
baixo Índice de Desenvolvimento Humano Nações Unidas sobre Habitação Adequada
ÍNDICE
03. 20. 32.
EDITORIAL EM ACÇÃO PRESTAÇÃO DE
INTERNACIONAL CONTAS
04. Vamos acabar com os desalojamentos
forçados que continuam a minar o
ENTREVISTA continente africano 33.
A brasileira Raquel Rolnik, Relatora
Especial da Organização das Nações
AGENDA
Unidas sobre Habitação Adequada, 22.
fala deste direito no seguimento do EM ACÇÃO NACIONAL 33.
Dia Mundial do Habitat
Saiba como correu a participação
da Amnistia Internacional Portugal CARTOON
nos festivais de Verão e conheça os O Dia Mundial do Habitat e o Direito à
07. vencedores do concurso “Arte para a Habitação
RETRATO Dignidade”
Voluntária da Amnistia Internacional 34.
há muitos anos, Janet MacLean foi
nomeada para presidir à reunião
25. CRÓNICA
bienal do Conselho Internacional EM ACÇÃO JOVEM Godelieve Meersschaert vive há
Por dentro do X Campo de Trabalho da 27 anos no bairro Alto da Cova da
Amnistia Internacional. Moura, na Amadora, Lisboa, onde
09. luta pelo fim da marginalização e da
EM FOCO exclusão da população dos bairros
Começa melhor o drama humanitário 28. sociais. Conheça melhor estas
pessoas
no Darfur, entre outros problemas de
direitos humanos
BOAS NOTÍCIAS

12. 29.
APELOS MUNDIAIS
DOSSIER Interceda em nome do moçambicano
As conclusões da Reunião do Julião Macule, do palestiniano Khaled
Conselho Internacional e o Plano Jaradat, da grega Konstantina Kuneva e
Estratégico Integrado que se inicia do norte-coreano Kang Gun
em 2010

FICHA TÉCNICA de Fundos e Financeiro, Diana Silva Antão,


Godelieve Meersschaert, Gonçalo Miguel
• Propriedade: Amnistia Internacional Miranda Pedro, Lucília José Justino, Victor
Portugal Nogueira Avenida Infante Santo, 42 – 2.º
• Director: Presidente da Direcção, • Revisão: Cátia Silva, Irene Rodrigues,
1350-179 Lisboa
Tel.: 213 861 652
Lucília José Justino Luísa Marques, Pedro Krupenski Fax: 213 861 782
• Equipa Editorial e Redacção: Cátia • Concepção Gráfica e Paginação: Maria Email: boletim@amnistia-internacional.pt
Silva, Irene Rodrigues, Pedro Krupenski João Arnaud Os artigos assinados são da exclusiva responsa-
• Colaboram neste número: Daniela • Impressão: Torreana bilidade dos seus signatários.
Jerónimo, Departamento de Angariação
Notícias • Amnistia Internacional 03

EDITORIAL
Não há mudança sem risco
Por Lucília José Justino, Presidente da Direcção

Muitos são escorraçados por ocuparem direitos humanos.


áreas economicamente valiosas para
Para, sem renegar os princípios e valores
empresas transnacionais, mercenários
originais, continuarmos a ser os Cons-
ou forças armadas de oposição. Outros
piradores da Esperança nestes novos
são expulsos porque vêem as suas casas
tempos!
derrubadas para a construção de con-
domínios de luxo.
A deslocação forçada de populações, a “A Habitação pode ser
mercantilização das terras, a urbaniza-
ção selvagem nas grandes cidades cria,
apenas uma aspiração
© Privado entretanto, novos dramas humanos, em para uns, mas para
bairros de lata, sem condições mínimas
de vida, pasto de violência, crime, tráfico,
muitos mais ser também
O discurso e a prática dos direitos hu-
manos levam-nos longe, cada vez mais desemprego. Como se pode comprovar, os uma efectiva violação de
longe do óbvio. Sabemos, teoricamente, direitos humanos são indivisíveis: a Habi- direitos humanos, a que
que não se ficam pelos chamados direitos tação também toca a Dignidade Humana
fundamentais, os direitos individuais, e os direitos civis, políticos, económicos, os governos devem dar
civis e políticos. Mas, na prática, quais culturais, sociais. resposta”
os limites? A Habitação pode ser apenas uma aspira-
Tomemos como exemplo a comemoração ção para uns, mas para muitos mais ser
do Dia Mundial do Habitat, que se assi- também uma efectiva violação de direitos
nala em Outubro e serve de pretexto ex- humanos, a que os governos devem dar
ploratório nesta revista: o direito à Habi- resposta – é uma responsabilidade a que
tação será apenas uma aspiração, e não não se podem eximir.
um direito humano, como tantos dizem? Para a Amnistia Internacional, a res-
Será um luxo de países ricos, impossível ponsabilidade também é maior: já não
de garantir como direito? Ou haverá que nos podemos limitar a tratar apenas de
aprofundar a nossa noção de direitos e de dissidentes e de pessoas perseguidas a
responsabilidades, especialmente num título individual. Não nos podemos ocu-
mundo em grande mudança? par deles apenas como vítimas que nos
A crise financeira do subprime teve início são exteriores e que decidimos “adoptar”:
na especulação do mercado imobiliário, o desafio é hoje maior.
uma área particularmente sensível na O Conselho Internacional da Amnistia,
sua dimensão social: afinal, a Habitação realizado em Agosto passado, em Anta-
é uma preocupação de todos. lya, Turquia, discutiu profundamente
Milhões de pessoas vivem em movimento, os direitos humanos no actual contexto
em campos de refugiados sem quaisquer internacional e como One Amnesty pode
condições, sem água nem sanidade, fu- aumentar o impacto da sua intervenção
gindo de guerras, perseguições, desas- a nível mundial, como, e de que modo,
tres naturais e até de alterações climáti- vamos ter de mudar para continuarmos
cas que impedem a sua sobrevivência. a ser a mais importante organização de
04 Notícias • Amnistia Internacional

ENTREVISTA
Raquel Rolnik, Relatora Especial para a Organização das Nações Unidas
sobre Habitação Adequada
A propósito do Dia Mundial do Habitat, que se celebra na primeira segunda-feira de Outubro, o “Notícias
da Amnistia Internacional Portugal” falou com a brasileira Raquel Rolnik, que desde 1 de Maio de 2008
é a Relatora Especial para a Organização das Nações Unidas sobre Habitação Adequada. A arquitecta
e urbanista, a viver em São Paulo, falou sobre o modelo de desenvolvimento actual e os problemas de
direitos humanos que dele advêm
Por Cátia Silva

guns países de África e da Ásia, onde até e pouca mão-de-obra. Além disso, as
há muito pouco tempo havia uma maio- populações estão a ser empurradas ou
ria de moradores na zona rural. expulsas por processos de instalação de
outras actividades no seio de projectos
AI: Mas o que quer dizer exactamente de desenvolvimento, como a construção
com “processo de urbanização”? de barragens, acções relacionadas com
RR: São processos de reterritorialização minas, entre outras que entram em
das populações e de concentração des- choque com a vida das comunidades
tas pessoas nas cidades. tradicionais e com a agricultura familiar
ou de subsistência.
AI: Isto está a acontecer de forma
natural ou é provocado pelos próprios
Estados? “O paradigma dominante é
RR: Se virmos bem, é um fenómeno pensar que habitação é um
histórico. É uma construção social. É problema de mercado e não
um fenómeno que ocorreu, por exemplo, de políticas públicas”
na Europa e na América Latina noutros
momentos e que agora está a acontecer
© Luiz Alonso
com mais intensidade nos continentes AI: Muitas vezes esse “empurrar”,
Africano e Asiático. E isto está directa- ou “expulsão”, é feito com recurso à
mente relacionado com um certo modelo força e às armas, como têm testemu-
Amnistia Internacional (AI): A 5 de Ou-
de desenvolvimento económico e de or- nhado os investigadores da Amnistia
tubro assinalou-se o Dia Mundial do
ganização social. Há uma predominância Internacional...
Habitat e este ano a Organização das
de um modo de produção industrial e de RR: E parece até que os desalojamentos
Nações Unidas dedicou o dia ao tema:
uma economia de mercado. forçados estão cada vez mais intensos.
Planear o nosso futuro urbano, porque,
O que aconteceu nesta era do neo-libe-
segundo o seu Secretário-Geral, Ban
AI: Esse modelo dificulta a vida nos ralismo e da globalização é que as ci-
Ki-moon, é preciso “sublinhar a urgên-
meios rurais? dades tradicionais sofreram um ataque
cia de ir ao encontro das necessidades
RR: O que tem acontecido são, na ver- por parte de investimentos financeiros ao
dos moradores das cidades, no mundo
dade, dois fenómenos. Um de expulsão nível do desenvolvimento imobiliário. Es-
em rápida urbanização”. Em primeiro
do meio rural e um de atracção do meio tes deslocaram, muitas vezes usando a
lugar, o que significa vivermos num
urbano. O primeiro tem muitas vezes si- força e a violência, antigas comunidades
mundo em rápida urbanização?
gnificado uma expulsão concreta, ou que sempre estiveram instaladas nesses
Raquel Rolnik (RR): É importante reco-
seja, uma apropriação das áreas das co- locais. E a forma como tudo isto tem
nhecer que está nesse momento a ocor-
munidades tradicionais e das áreas onde acontecido mostra que não se respeita
rer um processo de urbanização muito
se pratica agricultura de subsistência o direito à habitação como um direito
intenso nas regiões e continentes onde
pela produção agrícola do agro-negócio humano. Este é um problema sério, mas
ainda havia (e há) uma predominância
que, de um modo geral, exige muita terra há ainda factores de expulsão da cidade
de moradores no meio rural. Falo de al-
Notícias • Amnistia Internacional 05

que estão ligados à problemática do cli- aceder ao crédito e ao financiamento. É desenvolvimento, como a Índia ou o
ma, ao facto da seca se estar a agravar basicamente um paradigma neo-liberal Quénia? É nesses que nos habituámos
em algumas regiões. A desertificação vai da política pública, que entende que o a ver imagens de bairros degradados e
também impondo mais impossibilidades Estado não deve ter responsabilidade, de pessoas sem acesso a bens essen-
de sobrevivência nas zonas rurais. nem adoptar a habitação como uma ciais...
política social. Os orçamentos públicos RR: Acontece também nos países de-
AI: Por outro lado, referiu que há fac- nessa área foram diminuindo. senvolvidos. Por exemplo, vou agora
tores de atracção nas cidades. São es- fazer uma missão aos Estados Unidos da
ses que estão ligados ao modelo de or- América para perceber os efeitos, para a
ganização da sociedade de que falava? “Existe uma associação população, do fim da política habitacio-
RR: Sim. Assistimos à disseminação de perversa entre os bairros nal existente no país. Entender o efeito
uma cultura e de um modo de vida urba- onde moram as pessoas disso no aumento dos sem-abrigo. E isto
no e as cidades oferecem oportunidades com menos dinheiro e a numa altura em que houve uma crise
de desenvolvimento económico, cultural, financeira que ocorreu (praticamente)
etc., que as áreas rurais não oferecem.
criminalidade” ao nível do imobiliário e que mostrou a
Por exemplo, a educação superior é pou- falência do modelo do crédito para com-
co acessível nas zonas rurais. AI: Assim, quem não tem dinheiro para pra de habitação. Há pessoas nos Esta-
comprar casa própria, que soluções dos Unidos que não podem ter uma pro-
AI: Com tudo isto surge um segundo terá? priedade privada e pagá-la. Hoje estão
problema, que se prende com propor- RR: Os pobres têm de construir as na rua, a viver em acampamentos. Uma
cionar habitação adequada a todas es- suas próprias habitações e nas piores situação que detectei não só aí, mas
tas pessoas. Antes de mais, esclareça- condições, porque são os que têm me- também em Espanha, por exemplo.
-se, habitação adequada é muito mais nos recursos para o conseguirem fazer
do que quatro paredes e um tecto? sozinhos e porque as políticas e o pla- AI: Tudo isso por efeitos da actual crise
RR: Exactamente. O conceito de habi- neamento urbanos nunca reservam boa ou este era já um problema nos países
tação adequada, como está inscrito localização para esta produção popular. desenvolvidos?
nos padrões internacionais na área dos Isso levou à proliferação de favelas, de RR: Já existia, porque parte da imple-
direitos humanos, vai muito para além estabelecimentos informais precários. mentação do paradigma da habitação
da ideia de abrigo, de um tecto, e inclui Além disso, assume-se que a única como mercadoria e do modelo único da
muitos outros elementos. A habitação forma de ter habitação segura, de ter compra da casa própria foi o desmoronar
deve ser um ponto de partida a partir a segurança de que não se fica na rua das políticas habitacionais. O orçamento
do qual o morador, ou as pessoas que amanhã, é comprar casa própria, quan- do Ministério da Habitação nos Estados
aí habitam, têm acesso a meios de sub- do não é só. Devia haver políticas de pro- Unidos da América foi caindo ao longo
sistência dignos e aos meios de desen- tecção ao aluguer, de habitação coopera- dos anos 80. Isso já vinha a acontecer.
volvimento humano, ou seja, a serviços e tiva e associativa, entre outras opções. A
equipamentos de educação, de saúde, de obrigação do Estado não é dar uma casa AI: O que também parece ser seme-
desenvolvimento cultural, entre outros. própria a cada pessoa, mas garantir que lhante em todo o mundo é a discrimi-
Deve ainda implicar um meio ambiente todas as pessoas podem ter uma habita- nação das populações dos estabe-
digno e sadio, que não esteja exposto a ção adequada. lecimentos informais. Será porque se
riscos, que não seja vulnerável. Um con- associa comummente estes locais à
ceito muito amplo, que se deve aplicar AI: Tudo isso devia ser, aliás, do inte- criminalidade?
tanto no meio urbano, como no rural. resse dos próprios Estados, uma vez RR: Essa é uma questão bastante im-
que o problema da habitação não é iso- portante. Existe um estigma, uma asso-
AI: Essa é uma abordagem ao problema lado. Afecta muitas outras áreas... ciação perversa entre a informalidade, a
da habitação segundo os padrões in- RR: Evidentemente. A questão da habita- irregularidade, os bairros onde moram as
ternacionais de direitos humanos, mas, ção é muito básica e afecta um conjunto pessoas com menos dinheiro e a crimi-
pelo que referiu, não é a que tem sido múltiplo de direitos humanos. O direito nalidade. Isso é muito complexo do ponto
adoptada? à saúde, o direito ao trabalho, o direito de vista da segregação social e do blo-
RR: Não, muito pelo contrário. Assisti- à protecção da criança e do idoso,... queio do acesso às oportunidades que a
mos, a partir dos anos 80 e com muito Tudo isso é consequência da questão da cidade oferece, na medida em que essa
mais intensidade nos anos 90, à disse- habitação. A falta de habitação bloqueia associação criminaliza a população dos
minação de um paradigma de políticas o acesso a outros direitos. Em muitos estabelecimentos informais como um
habitacionais onde a ideia da habitação países – e não me refiro só a um ou dois todo. É uma questão complexa, porque é
como um direito universal, para todos, – viver em estabelecimentos informais exactamente a posição de ambiguidade
foi sendo abandonada em detrimento significa não ter acesso a serviços e equi- desses locais que abre espaço para que
de um conceito de habitação como mer- pamentos sociais básicos. actividades ilegais aconteçam no seu in-
cadoria, como um bem que as pessoas terior... Mas o facto de haver actividades
devem comprar no mercado e, para tal, AI: Isso acontece só em países em ilegais, como o comércio de drogas ou
06 Notícias • Amnistia Internacional

esses bairros são normalmente muito voz. Considera que é parte da solução
bem localizados do ponto de vista ur- para o problema da habitação?
banístico, o solo é caro e nesses lugares RR: É um elemento fundamental. É a
os pobres não podem ficar a morar. ideia de que qualquer processo – seja
de urbanização de um estabelecimento
AI: Mesmo urbanizando as favelas, con- informal, de reinstalação ou de remoção
tinuaria a ser pobre a viver com pobre... ou desalojamento – tem de contar com a
Não seria na mesma um gueto? participação directa da população.
RR: Depende das dimensões. Uma coisa
é falar de um local colocado no meio de AI: Até porque é preciso ter em conta
© UN_HABITAT um bairro, com 200, 300 ou 500 casas, que há pessoas com culturas muito
Raquel Rolnik durante o III Fórum Urbano Mundial, que decorreu outra é uma comunidade com 20.000 diferentes, como os imigrantes, as pes-
em 2006 no Canadá.
casas. São situações diferentes. E o im- soas de etnia cigana, entre outros. As
de armas, não quer dizer que todas as portante é também que as políticas se- necessidades em termos de habitação
pessoas que ali vivem sejam bandidos e jam mistas. É por isso que estou muito diferem muito...
criminosos. interessada em analisar a nova política RR: Esse é um dos elementos da habi-
norte-americana de produzir conjuntos tação adequada, que exige aquilo a que
AI: Talvez tenha sido para tentar mudar habitacionais que misturam rendas, pois chamamos de “adequação cultural”. É
essa realidade que em muitos países pode ser uma alternativa. um problema também bastante sério.
desenvolvidos se quis acabar com as Não adianta trabalhar desrespeitando as
“barracas”, criando bairros sociais AI: Refere-se à política de repartição da culturas das pessoas.
que são verdadeiros guetos. Parece renda das casas, em que o Estado paga
que acabou por ser a mesma coisa. uma parte e o arrendatário outra? AI: Consegue, com tudo o que engloba
Concorda? RR: Exactamente. o termo “habitação adequada”, apon-
RR: Essa é também uma situação muito tar Estados que estejam a ir no bom
interessante. Podemos pensar, por exem- AI: A vantagem seria as pessoas mais caminho?
plo, no Chile, que durante 20 anos teve pobres estarem misturadas com a res- RR: Tenho estado a procurar bons exem-
uma política muito forte para acabar tante sociedade? plos, porque como Relatora Especial da
com as favelas e construir habitação RR: Exacto. Organização das Nações Unidas recebo
subsidiada. O resultado foi a produção denúncias e relatos das situações nega-
de enormes guetos de pobres nas perife- “Há pessoas que não podem tivas. Quero procurar os bons caminhos.
rias, com muitos problemas sociais. No ter uma propriedade privada Há, claro, aqui e ali coisas positivas. Por
Brasil chamamos a isso “refavela”, pois exemplo, no que diz respeito à legisla-
e pagá-la. Hoje estão na rua, ção, há países que adoptaram o direito
são conjuntos habitacionais públicos, de
péssima qualidade, que só são mono- a viver em acampamentos” à habitação nas suas Constituições, na
funcionais, porque são só casas e mais legislação local. Mas o problema, mais
casas, pobres e mais pobres,... E não AI: É interessante que mencione a im- do que a legislação, é a implementação.
são habitação adequada, porque estão portância dessa mistura, pois até os
na periferia, distantes dos empregos, do ricos optaram, nas últimas décadas, AI: E pela negativa, destacaria algum
centro e da riqueza e da heterogeneidade por morar em “guetos”, pois é isso que país?
que a cidade tem. Estão segregados. são, no fundo, os famosos condomínios RR: Não vou sequer começar a citar,
privados... porque recebo diariamente denúncias de
AI: Então porque se terá optado por RR: Essa é uma das medidas adopta- muitos países do mundo.
esta solução? Recorde-se que tal acon- das que é muito mal vista, porque é
uma espécie de feudalização dos ricos Entrevista completa em:
teceu não só no Chile, mas em muitos www.amnistia-internacional.pt (Aprender/Re-
países... da cidade, retirando-os do espaço e vista da Amnistia Internacional)
RR: Quando há casas em estabelecimen- da dimensão públicos. É muito grave,
tos informais que são muito precárias, porque implica uma renúncia à ideia da
existem duas possibilidades. A primeira República, de que há uma rede pública
é uma intervenção no sentido da urba- de todos e uma responsabilidade pública
nização desses locais, ou seja, da sua pela sobrevivência de todos.
transformação, onde estão, em lugares
adequados. Parece que essa é a melhor AI: Por falar nessa ideia, uma das
Para mais informações sobre o Direito à
política, na medida em que os moradores soluções que a Amnistia Internacional
Habitação, não perca a reportagem dos
já estão integrados na cidade, já há uma aponta para acabar com a pobreza e desalojamentos forçados em África, na
rede de trabalho, etc. O que acontece é com a exclusão social é integrar os mais rubrica “Em Acção Internacional” desta
que os Governos e as políticas sobrepõem carenciados no processo de criação e revista, e a “Crónica” escrita por Godelieve
adopção de políticas. Ou seja, dar-lhes Meersschaert.
a tudo isso a valorização do solo. Como
Notícias • Amnistia Internacional 07

RETRATO
Janet MacLean, Presidente da Reunião do Conselho Internacional
Uma mulher de fé
Na reunião bienal do Conselho Internacional da Amnistia, que decorreu no passado mês de Agosto, Janet
MacLean foi chamada a presidir ao próximo encontro, que terá lugar dentro de dois anos. Antes de
assumir mais este importante papel, a voluntária da Amnistia Internacional recordou, com o “Notícias
da AI Portugal”, os vinte anos passados junto da organização e falou sobre os “bastidores” da reunião
global do movimento
Por Cátia Silva

missão era ‘construir cooperação in- Administrativa e Formadora. Em 1992,


ternacional’ através de relações pes- deixou o trabalho remunerado para con-
soais”, recorda, enquanto esclarece que tinuar no movimento de forma volun-
acolhia e apoiava famílias que chega- tária, mantendo uma dedicação espe-
vam a Chicago para estudar. Uma acção cial à organização interna e ao processo
que, na verdade, não foi uma estreia no deliberativo da Amnistia. Começou por
voluntariado para Janet, pois sempre ajudar a planear a Assembleia Geral da
pertenceu a comunidades relacionadas secção norte-americana3, tornou-se de-
© Privado
com a Igreja. “Tem feito parte do meu pois Presidente da mesa e relatora dos
chamamento como pessoa de fé: en- Grupos de Trabalho4 e apoiou ainda dois
Janet MacLean está a poucos dias de contrar forma de viver numa relação comités de planeamento estratégico da
completar 47 anos de idade. Há duas harmoniosa com o mundo”, diz. secção. Tarefas que para muitas pes-
décadas, quando era uma jovem de soas podem ser pouco interessantes e
26 anos, procurou trabalho na secção demasiado burocráticas, mas não para
norte-americana da Amnistia Interna- O ENCONTRO COM A AMNISTIA Janet MacLean. “Gosto de facilitar pro-
cional (AI), uma organização da qual já Desde muito cedo Janet MacLean com- cessos de tomada de decisão e estou
tinha ouvido falar, mas que conhecia preendeu que o mundo é global e que, habilitada a isso”.
ainda mal. Hoje, divorciada e com um como tal, é fundamental ajudarmo-nos
filho – Samora, de 14 anos –, podemos uns aos outros. Um sentimento que cer-
dizer que a Amnistia é a sua “segunda DEDICAR A VIDA AOS OUTROS
tamente ajudou ao primeiro encontro
casa”, ou melhor, é uma das suas muitas com a Amnistia Internacional. Estava Uma das grandes vantagens da Amnis-
“casas”, pois Janet consegue desdobrar- então na Faculdade, a fazer o bachare- tia Internacional, segundo a voluntária,
-se em vários papéis: ser mãe; capelão lato, quando participou numa reunião é permitir que os seus membros possam
num hospital pediátrico; formadora de para escrever apelos urgentes em nome fazer parte do funcionamento interno da
Educação Pastoral Clínica; cantora em de pessoas cujos Direitos Humanos esta- organização, “sem perder o enfoque
dois coros e voluntária na Amnistia In- vam a ser violados. Uma iniciativa pro- nos direitos humanos”. Por isso Janet
ternacional, onde desde 2002 se dedica movida pela secção norte-americana da MacLean nunca pensou sequer em deixar
sobretudo à reunião bienal do Conselho Amnistia Internacional2, da qual Janet só o movimento. Entre 2000 e 2001 ainda
Internacional1, que irá presidir em 2011. voltaria a ouvir falar alguns anos mais voltou a trabalhar para a secção norte-
Natural de Maine, uma das zonas mais tarde, já com o Mestrado em Religião -americana da AI, quando substituiu
orientais dos Estados Unidos da América terminado pela Universidade de Chicago. temporariamente o Vice-Director para o
(EUA), Janet viajou para o Minnesota, a Tinha agora 26 anos e procurava um em- Activismo. Porém, Janet sabia que este
quase dois mil quilómetros, onde fez o prego “que fosse significativo, que se não era o seu destino. “Fui chamada
Bacharelato em Humanidades. Contudo, focasse em construir um mundo me- para o sacerdócio pela minha comu-
foi na cidade de Chicago (onde mora até lhor”, recorda. nidade de fé, por oferendas e pelo
hoje) que se lembra de ter começado a lu- Divino”, diz, ao explicar como se tornou
Encontrou-o, nesse mesmo ano, no es-
tar pelos Direitos Humanos. “Era volun- capelão no Advocate Christ Medical Cen-
critório de Chicago da Amnistia Inter-
tária num centro de estudantes cuja tre.
nacional, onde durante cinco anos foi
08 Notícias • Amnistia Internacional

paço encontram-se mais de 500 profissionais,


que, entre muitas outras funções, investigam as
violações aos Direitos Humanos cometidas em
todo o mundo e definem uma estratégia para as
combater. Esta informação é depois passada às
mais de 50 secções (ou delegações) da Amnistia
Internacional em vários países, de que é exemplo
Portugal. Nos Estados Unidos da América há uma
delegação nacional da Amnistia e cinco escritórios
regionais.
3. A Amnistia Internacional é, acima de tudo,
um movimento de activistas e de pessoas volun-
tárias. A provar isso mesmo estão, entre outros, os
órgãos deliberativos da organização, constituídos
unicamente por pessoas não remuneradas, e as
Assembleias Gerais, órgãos soberanos de cada
© Janet MacLean
secção nacional da Amnistia que todos os anos
se reúnem. O objectivo desta reunião de membros
A voluntária da Amnistia Internacional e o seu filho, Samora, de 14 anos.
é torná-los parte dos processos de tomada de de-
cisão do movimento, seja em relação às finanças,
Neste centro hospitalar para crianças próximo encontro, em 20116. projectos ou planos estratégico e operacional.
com doenças graves, Janet MacLean di- Pretende ainda poder responsabilizar a Direcção
Embora possa parecer que ainda falta
vide o tempo entre a Educação Pastoral nacional por tudo o que fica acordado.
muito tempo, a voluntária explica que
Clínica, ou seja, o acompanhamento do
são muitos os preparativos necessários 4. Nas Assembleias Gerais da Amnistia Interna-
estágio de jovens sacerdotes que querem cional há, por vezes, temáticas importantes que
para a reunião que junta mais de 400
prestar cuidados pastorais e a efec- são alvo de controvérsia. Para estes assuntos são
pessoas e que visa decidir o futuro de
tiva realização desta tarefa. Para quem normalmente constituídos, antes, os chamados
uma das maiores organizações do mun- Grupos de Trabalho, que durante alguns meses
nunca ouviu falar em capelães hospita-
do. Um trabalho que é desenvolvido pelo lêem documentação, consultam especialistas e
lares, a voluntária explica: “é uma pes-
chamado Comité Preparatório, que inclui preparam um conjunto de conclusões e propostas
soa de fé que oferece cuidados pasto-
o Presidente (neste caso Janet), o Vice- de acção a serem discutidas e aprovadas na As-
rais – apoio emocional e espiritual – a sembleia Geral.
-Presidente, três presidentes de Grupos
famílias e pacientes que enfrentam um
de Trabalho e um representante do Comité 5. Cada uma das mais de 50 secções da Amnistia
tempo de crise”. Um trabalho que Janet faz-se representar na reunião do Conselho Inter-
Executivo Internacional7. No ano anterior
MacLean define como “esgotante” e, ao nacional com, pelo menos, três elementos. Este
ao da reunião começam os preparativos,
mesmo tempo, “emocionante”, pois “a número de delegados pode ser superior, caso a
que só terminam quando ficam prontas: a secção tenha direito a mais votos, uma vez que
capacidade de uma criança de vencer
agenda das temáticas em discussão, um cada um só tem um voto. O número de votos é, por
o trauma e de ajudar os outros no meio
rascunho das suas resoluções8 e a forma sua vez, determinado pela dimensão da secção,
da sua própria dor é impressionante”,
como estas irão ser debatidas9. A parte ou melhor, pelo número de grupos locais ou de
enaltece. membros e apoiantes.
logística é depois deixada ao Secretari-
ado Internacional. Para Janet MacLean, 6. Embora os estatutos da Amnistia Internacional
este é um trabalho muito gratificante, não refiram limites temporais, o Presidente da
POR DETRÁS DA REUNIÃO DO Reunião do Conselho Internacional é tradicional-
porque “além de ser um processo de
CONSELHO INTERNACIONAL mente reeleito duas vezes, ou seja, preside a três
facilitação, é algo muito tangível: orga- assembleias.
Nos dias de férias, que Janet MacLean nizamos uma reunião”.
podia aproveitar para aliviar a tensão 7. O Comité Executivo Internacional é o organismo
refugiando-se nos romances de mistério executivo da Amnistia no período de dois anos que
1. De dois em dois anos, a Amnistia Internacio- medeia as reuniões do Conselho Internacional. É
de que tanto gosta e no tricô, a volun- composto por nove elementos, todos voluntários e
nal prova que é um movimento que quer falar a
tária optou por dedicar-se à Amnistia uma só voz e junta representantes das suas cerca membros de diferentes secções do movimento.
Internacional, tendo em 2002 voltado de 50 secções, nove estruturas, alguns membros 8. As resoluções em discussão na reunião do Con-
à parte organizativa e aos processos internacionais e funcionários, numa espécie de selho Internacional são preparadas, como o nome
de tomada de decisão do movimento. assembleia a que dá o nome de Reunião do Con- indica, pelo Comité Preparatório, que reúne as
Começou por manter-se ligada à secção selho Internacional. Durante uma semana são resoluções propostas pelas secções da Amnistia
discutidos os assuntos mais importantes para o
norte-americana, tendo em 2003 sido e pelo Comité Executivo Internacional.
movimento. De seis em seis anos o principal tema
uma das suas representantes na reunião em cima da mesa é o Plano Estratégico Integrado, 9. A reunião do Conselho Internacional pretende
do Conselho Internacional5. Dois anos onde se definem os passos a serem dados pela ser o mais participativa possível e encontrar,
depois foi recrutada para Relatora do Amnistia nos seis anos seguintes. Este ano de idealmente, o consenso no seio do movimento.
encontro global e em 2007 foi chamada 2009 foi exactamente isso que aconteceu. Saiba Para tal, há várias formas de discutir os temas
mais no “Dossier” desta revista. em debate, como os chamados World Cafés, os
a presidir aos seus Grupos de Trabalho. Grupos de Trabalho e os Workshops. Esta troca
Neste ano de 2009 Janet MacLean já se 2. A Amnistia Internacional é uma organização de ideias culmina em resoluções finais que vão a
dirigiu à reunião como Vice-Presidente, não governamental com sede em Londres, a que votação em Plenário.
tendo no final sido eleita para presidir ao se chama Secretariado Internacional. Neste es-
Notícias • Amnistia Internacional 09

EM FOCO
HONDURAS Novembro, que deram a vitória a Porfírio
Lobo, uma vez que o Brasil, a Venezuela
minais por prática de aborto. A Amnistia
Internacional condena a decisão do Con-
UMA CRISE POLÍTICA SEM FIM À VISTA e a Argentina decidiram não reconhecer o gresso da República Dominicana e já deu
acto eleitoral e pedir o regresso de Zelaya a conhecer às autoridades o desconten-
ao poder. Uma exigência feita também tamento.
pelos apoiantes do dirigente.
A Amnistia Internacional visitou o país PORTUGAL
de 28 de Julho a 1 de Agosto e durante
as últimas eleições presidenciais. Nesta PERCEPÇÕES SOBRE A POBREZA
visita desvendou problemas de direitos
humanos que revelam uma crise maior
nas Honduras, até hoje “escondida” e
© Privado onde se contam, entre outros, a violência
Um apoiante de Zelaya foge quando a polícia lança gás lacri- de género, a ausência de justiça para as
mogéneo para dispersar os manifestantes, no passado mês de
Setembro. centenas de pessoas mortas e desapare-
cidas nas mãos das forças de segurança
No dia 28 de Junho um golpe de Estado e a discriminação sofrida pela população
organizado por um grupo de políticos, LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e trans-
liderado por Roberto Micheletti (ex-líder géneros). A Amnistia Internacional apela
do Congresso Nacional) e apoiado pe- às autoridades do país que realizem uma
las forças militares, depôs o Presidente investigação independente aos aconteci-
democraticamente eleito José Manuel mentos deste Verão e que seja criado um
Zelaya, expulsando-o do país. Têm iní- Plano Nacional de Protecção aos Direitos © Privado
cio as violações de Direitos Humanos, o Humanos.
clima de insegurança e a repressão de A Amnistia Internacional (AI) Portu-
manifestações pacíficas num país ex- gal, em parceria com a Rede Europeia
tremamente polarizado. O regresso de REPÚBLICA Anti-Pobreza (REAPN) e o Centro de In-
vestigação em Sociologia Económica e
Zelaya às Honduras foi diversas vezes
impedido até 21 de Setembro, quando DOMINICANA das Organizações (SOCIUS/ISEG-UTL),
entrou clandestinamente no país refu- MULHERES EM PERIGO DE VIDA lançou, no âmbito do Dia Internacional
giando-se na Embaixada do Brasil na para a Erradicação da Pobreza, as con-
As notícias que todos os dias chegam clusões iniciais do estudo “Percepções
capital hondurenha, Tegucigalpa. Um
até nós ocultam inúmeras realidades da Pobreza em Portugal”. As primeiras
acontecimento que gerou uma nova vaga
de países distantes. Sabia que as mu- conclusões apontam para uma visão
de manifestações e o agravamento das
lheres na República Dominicana enfren- pessimista sobre a pobreza no nosso
violações aos Direitos Humanos por parte
tam perigo de vida? O Congresso deste país, com os inquiridos a sugerirem que
das forças policiais.
país aprovou recentemente alterações mais de metade da população está em
A Amnistia Internacional tem vindo a à Constituição que colocam em risco a situação de pobreza (quando esta se
acompanhar a situação e considera-a vida de mulheres grávidas e contribuem situa nos 18%). Consideram ainda que
alarmante. Mortes causadas pelo uso ex- para o aumento da mortalidade mater- é quase impossível sair da condição
cessivo de força, detenções arbitrárias, na. O Artigo 30.º proíbe o aborto desde de pobre. Um pessimismo e um desco-
violência contra as mulheres, intimida- a “concepção até à morte”, mesmo nos nhecimento que a Amnistia Internacional
ção e agressão a activistas, jornalis- casos de violação, incesto ou quando pretende combater, continuando a apos-
tas, advogados e juízes, maus tratos a os cuidados de saúde são de extrema tar na investigação, promovendo a par-
detidos e o encerramento de meios de necessidade, o que acontece quando a ticipação dos cidadãos e investindo na
comunicação social são exemplos da mãe tem malária, cancro ou SIDA. A nova formação. Saiba mais sobre o estudo em:
política de repressão e do clima de medo lei limita cada vez mais as excepções à www.amnistia-internacional.pt (Apren-
e intimidação vivido nas Honduras. Uma proibição do aborto e criminaliza quem der/Revista da Amnistia Internacional)
situação que não parece vir a alterar-se o comete, mulheres ou profissionais de
com as eleições do passado dia 29 de saúde, com prisão ou outras penas cri-
10 Notícias • Amnistia Internacional

DARFUR / SUDÃO
Uma crise humanitária longe do fim
O ano de 2010 começa com o Darfur (Sudão) a desaparecer dos noticiários, à medida que surgem novos
e mais visíveis conflitos. Porém, é preciso não esquecer que em Abril haverá eleições nacionais que,
provavelmente, vão fazer reacender um conflito cujas cinzas estão ainda em brasa. Uma situação que
fomos perceber melhor com Feliz da Costa Martins, missionário no país há mais de 20 anos

© UNHCR/H. Caux © Evelyn Hockstein/Polaris


Os sobreviventes dos massacres no Darfur têm de pela frente No Sudão há hoje 2,7 milhões de deslocados a viver em campos dependentes da ajuda humanitária.
um território inóspito.

“Hoje não diria que há uma guerra a do sul, em 2011. Fica o aviso: “estão a (leia-se, petróleo) e a água, os detona-
acontecer no Darfur”, anunciou a 27 de entrar armas no país e os rebeldes es- dores do conflito. Seja como for, foi nesta
Agosto Martin Luther Agwai, comandante tão a preparar-se para uma previsível altura que rebentou a guerra que até hoje
da UNAMID (sigla inglesa), missão de guerra”. opõe as forças governamentais, a Norte
manutenção da paz das Nações Unidas – ajudadas pela China e pelos Janjaweed
e da União Africana no Sudão. Para Feliz – aos grupos rebeldes do sul (principal-
DUAS DÉCADAS DE CONFRONTOS
da Costa Martins, Missionário Combo- mente o Movimento para a Justiça e a
niano que chegou ao país há mais de 20 Para a Organização das Nações Unidas, Igualdade, conhecido pela sigla inglesa
anos e que estava de férias em Portugal a guerra que se vive no Darfur desde JEM), cuja luta recebe o apoio da Europa
na altura das declarações, é verdade 2003 é das “piores crises humanitárias e dos Estados Unidos da América.
que “hoje a guerra não é a mesma, de todos os tempos”. Feliz da Costa
Reclamando falta de representativi-
pois já não há aldeias para queimar”. Martins garante que “já houve crises
dade política e negligência da região do
No entanto, salienta, também não se piores” no Sudão, que desde a sua in-
Darfur pelo Governo, os rebeldes do sul
pode dizer que há paz, pois na verdade dependência, em 1956, viu acentuar os
foram ganhando força – com as armas
“a guerra tomou um rumo diferente” diferendos entre “árabes” e “africanos”.
que chegam do exterior –, até ao início
e transformou-se numa “paz podre que O missionário ajuda a explicar as especi-
de 2003, quando realizaram ataques à
está prestes a rebentar”. ficidades de um Estado que, na verdade,
capital do país. O Presidente, al-Bashir,
podia (ou devia) estar dividido em dois:
“Os cidadãos, quaisquer que sejam, respondeu com um sangrento genocídio
o Norte é habitado sobretudo por árabes,
estão armados”, refere aquele que é que colocou o conflito (até aqui esque-
muçulmanos, e o território é desertifica-
conhecido como Padre Feliz, desde 2006 cido) nos noticiários de todo o mundo e
do, com os típicos camelos e areia; a Sul
em missão em Nyala (Darfur). “Nin- levou o Tribunal Penal Internacional a
estão os negros, não seguidores do Islão,
guém pode dizer nada a ninguém” e emitir um mandato de captura ao líder,
e no terreno há uma verdadeira floresta
“os ataques ocorrem a qualquer mo- em Março deste ano. Segundo as esti-
verde.
mento”. Uma realidade a que se somam mativas das Nações Unidas, morreram
sequestros frequentes e roubos de bens Até aos anos 80, árabes e africanos con- até hoje no Darfur 300 mil pessoas e 2,7
materiais. “A guerra de hoje no Darfur viveram pacificamente apesar de ra- milhões continuam deslocadas interna-
é, numa só palavra, anarquia”, garante ramente se misturarem, explica o Mis- mente, vivendo em campos totalmente
o missionário, e a situação pode piorar sionário, que acredita que “é o Governo dependentes da ajuda humanitária.
nos próximos tempos, com o aproximar que põe as pessoas umas contra as Uma realidade que, em breve, pode vir a
das eleições presidenciais de 2010 e do outras”. Alguns autores defendem que agravar-se.
referendo sobre a possível independência foram os escassos recursos, como a terra
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12 Notícias • Amnistia Internacional

DOSSIER
REUNIÃO DO CONSELHO INTERNACIONAL
O rumo da Amnistia Internacional nos próximos seis anos
Quando se inicia o novo ano, o “Notícias da Amnistia Internacional Portugal” dá-lhe conta do caminho
traçado para o movimento, para os anos 2010 a 2016, na reunião do Conselho Internacional que decorreu
no passado mês de Agosto

© Amnistia Internacional
Reunião do Conselho Internacional da Amnistia, Turquia, Agosto de 2009.

Entre os dias 8 e 14 de Agosto de 2009 vamente diferente daquela que era base Integrado já foi entretanto preparado,
reuniu-se, em Antalya, Turquia, o Con- inicial de discussão. tendo sido discutido e aprovado (para
selho Internacional da Amnistia. Trata-se ser subsequentemente implementado)
Estiveram presentes cerca de 400 dele-
do órgão magno, uma assembleia geral no Fórum de Directores que teve lugar em
gados que, durante seis dias de trabalho
global em que têm assento os represen- final de Novembro, na Dinamarca.
intenso, concretizaram uma das facetas
tantes do Comité Executivo Internacional
mais admiráveis da Amnistia Internacio- O Plano Estratégico Integrado deu passos
e de todas as Secções e Estruturas do
nal: a construção democrática de con- significativos no enraizamento daquilo
movimento. Reúne-se de dois em dois
senso. Por pessoas de diferentes países, que no Conselho Internacional de 2007
anos e em cada seis dessa sequência
com diferentes culturas, interesses e se designou de “One Amnesty”. Cada vez
tem como ordem de trabalho a discussão
agendas, as discussões redundaram mais uniremos esforços, recursos, prio-
e aprovação do Plano Estratégico Inte-
num conjunto de 15 resoluções com que ridades, com vista a contribuir com im-
grado para os seis anos seguintes, no
todos concordaram. A mais importante e pacto para as mudanças necessárias no
caso: 2010-2016.
marcante destas resoluções é o próximo mundo à luz dos Direitos Humanos. É, por
O trabalho preparatório deste Conselho e Plano Estratégico Integrado (detalhes nas isso, importante que todos os membros,
dos documentos que nele foram discuti- páginas seguintes). Trata-se do docu- apoiantes e interessados na Amnistia
dos e aprovados levou mais de um ano. mento que servirá de farol estratégico conheçam este documento orientador.
A versão de cada documento que chegou para todo o movimento. Todos os planos Será para a sua implementação e con-
ao Conselho foi já produto de sucessivos estratégicos nacionais terão que seguir cretização que, pelo menos nos próximos
processos de consulta, de modo a tor- as orientações deste documento. Este seis anos, trabalharemos.
nar a versão a discutir mais próxima de Plano Estratégico é também guião para
uma eventual versão final [ver “Retrato” a elaboração de um Plano Operacional
desta revista]. Apesar disso, muitas das para todo o movimento, o qual também Por Pedro Krupenski, Director-Executivo da Amnis-
tia Internacional Portugal e um dos três delegados
resoluções apresentadas a discussão será orientação para os planos de activi- da secção portuguesa à Reunião do Conselho In-
no Conselho ficaram pelo caminho por dades de cada país. ternacional, juntamente com Lucília José Justino
não terem reunido consenso suficiente. e Fernando Faria de Castro, respectivamente a
O Plano Operacional para os dois primei-
Muitas das resoluções que foram apro- Presidente e o Tesoureiro da Amnistia Internacio-
ros anos de vida do Plano Estratégico nal Portugal.
vadas foram-no numa versão significati-
Notícias • Amnistia Internacional 13

PLANO ESTRATÉGICO INTEGRADO 2010-2016


Todos os arquitectos são com certeza âmbito, de seis em seis anos define os Internacional, que decorreu na Turquia
unânimes em defender que antes de uma próximos passos para o movimento, com no passado mês de Agosto. Em primeira-
grande obra são precisos estudos cuida- a elaboração do chamado Plano Estraté- -mão, vamos apresentar-lhe as princi-
dosos e um projecto bem concertado. A gico Integrado. Antes da sua criação, é pais conclusões para que saiba para
Amnistia Internacional é uma organiza- feito um trabalho intenso de investiga- onde caminha o movimento, porque este
ção não governamental que se pauta ção, reflexão, consulta e discussão. Tudo é um caminho que queremos continuar a
por estes mesmos princípios e, neste isto culminou na Reunião do Conselho percorrer juntos…

NOVOS E VELHOS DESAFIOS


dade”. Voltada para a erradicação da 2. A CRISE DAS PESSOAS EM
pobreza, aborda e congrega os vários MOVIMENTO
problemas de direitos humanos, uma vez
No rescaldo da Segunda Guerra Mundial
que tem como pilar a concepção de que
surgiu um organismo internacional que
ser pobre deriva de violações aos direitos
visa proteger todas as pessoas aban-
consagrados na Declaração Universal dos
donadas pela sua Pátria, quando esta
Direitos Humanos de 1948. Para a Amnis-
não quer (ou não pode) protegê-las. Hoje,
tia Internacional, acabar com a pobreza
quase 60 anos passados desde a criação
não se consegue apenas “dando o peixe”
do Alto Comissariado das Nações Uni-
ou “ensinando a pescar”. É fundamental
das para os Refugiados, estão sob a sua
pôr fim às violações aos direitos huma-
alçada mais de 30 milhões de pessoas,
nos que a rodeiam e que impedem os
entre refugiados, deslocados internos,
mais pobres de saírem dessa condição. A
requerentes de asilo, retornados e apátri-
recente campanha da Amnistia Interna-
das. Teme-se, porém, que o número real
cional comprova, assim, que os direitos
de seres humanos em movimento seja
humanos são indissociáveis e, por isso,
muito superior. São pessoas que ficam
“exigir dignidade” será a grande aposta
entregues ao seu próprio destino, vague-
© Amnistia Internacional do movimento nos próximos seis anos.
ando pelo mundo à procura de um lar
Delegados da Amnistia Internacional à Reunião do Conselho In- Até porque 1,2 mil milhões de pessoas
ternacional realizam uma acção pelo fim da repressão no Irão. digno e seguro. A isto se chama a crise
continuam a passar fome todos os dias,
das pessoas em movimento e esta tende
Se pararmos por alguns minutos e pen- 1.000 milhões a viver em bairros degra-
a piorar, com a pobreza, os conflitos ar-
sarmos cautelosamente sobre o mundo dados e 2.500 milhões a não ter acesso a
mados e a galopante degradação am-
percebemos que, nos últimos anos, serviços sanitários adequados.
biental. Para a Amnistia Internacional,
muita coisa mudou. Há violações aos este flagelo está apenas no início. É, por
direitos humanos que se perpetuam, ou- isso, essencial torná-lo uma prioridade
tras que estão menos intensas e outras O PAPEL DA AMNISTIA INTERNACIONAL:
nos próximos seis anos.
ainda que parecem “estar para chegar”. • Assegurar que as pessoas que vivem
Realidades que obrigam a Amnistia In- em situação de pobreza são ouvidas pe-
ternacional a novos passos. Como disse los decisores políticos, o que implica dar- O PAPEL DA AMNISTIA INTERNACIONAL:
Kate Gilmore, Secretária-Geral Adjunta -lhes poder para que possam reclamar
do movimento, “o mundo à nossa volta • Aumentar a protecção legal (e efectiva)
os seus direitos;
mudou e nós estamos e somos deste dada às populações em movimento;
• Impedir a discriminação, seja com
mundo, por isso, temos também de mu- • Assegurar que todas as pessoas em
base no género, na raça ou em qualquer
dar”. Nos próximos seis anos é isso que movimento têm acesso à justiça (e a
outro factor, uma vez que tal contribui
vamos fazer, com a definição de quatro processos judiciais justos), à educação,
para a pobreza e a privação;
grandes prioridades, duas relativamente à saúde e à habitação;
recentes para a Amnistia e duas sobre as • Apostar nas mulheres enquanto agen-
• Denunciar a discriminação contra os
quais trabalhamos há quase 50 anos. tes de mudança e desenvolvimento;
migrantes e as detenções de que são
• Proteger as populações mais pobres de alvo;
abusos graves aos seus direitos, como a
1. A ERRADICAÇÃO DA POBREZA escravatura, a corrupção, os desaloja-
• Dar-lhes poder para que ergam a sua
Em Maio deste ano a Amnistia Interna- voz e façam ouvir as suas reivindica-
mentos forçados, entre outros.
cional iniciou a campanha “Exija Digni- ções.
14 Notícias • Amnistia Internacional

3. AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA terrorista. Este receio (mesmo se fun- O PAPEL DA AMNISTIA INTERNACIONAL:
dado) tem levado muitos governos a
Se analisarmos as campanhas desen- • Exigir a libertação imediata de todos os
legitimarem uma repressão cada vez
volvidas pela Amnistia Internacional prisioneiros de consciência;
mais forte às liberdades de expressão,
nos seus quase 50 anos facilmente per- • Defender o direito a um julgamento
de informação, de associação e de re-
cebemos que a temática da violência é justo para todas as pessoas;
união. Em 2008, segundo o Relatório
transversal: quando defendemos o fim
Anual da Amnistia Internacional, pelo • Dar mais poder aos activistas e de-
da violência de género e da discrimina-
menos 81 países reprimiram os defen- fensores dos direitos humanos, para que
ção; quando pedimos uma moratória à
sores dos direitos humanos ou os dis- sejam ouvidos;
pena de morte; quando exigimos controlo
sidentes políticos. Se, por um lado, as
sobre o comércio de armas; ou quando • Apelar aos Estados para que garantam
novas tecnologias vieram trazer maiores
denunciamos o uso de torturas e outros o direito à discordância;
facilidades ao exercício destes direitos,
tratamentos desumanos. No entanto,
como o Irão tão bem testemunhou nas • Eliminar a discriminação com base na
apesar de todo o trabalho feito e de algu-
últimas eleições, por outro vieram facili- raça, etnia, religião, orientação sexual ou
mas conquistas, a violência continua a
tar a vigilância e a censura. Mecanismos género, que muitas vezes está na origem
estar presente na nossa sociedade e tem
usados pelos governos para “calar” os da repressão às liberdades destas pes-
revelado ser uma das violações aos direi-
seus opositores. Nos seis anos que se soas.
tos humanos mais difíceis de solucionar,
aproximam, a Amnistia Internacional vai
seja porque assume diversas formas, ou
continuar a proteger e defender o direito
porque é perpetuada por vários actores
“à palavra”. Foi assim que o movimento
(Estados, grupos armados ou agentes
começou e é assim que irá continuar!
do crime organizado). Nos próximos seis
anos (pelo menos) não desistiremos des-
ta luta! É preciso continuar a procurar
novas “armas” para erradicar, de uma
vez por todas, as diferentes formas de
violência.

O PAPEL DA AMNISTIA INTERNACIONAL:


• Apostar na prevenção de conflitos,
através de um maior controlo ao comér-
cio de armas e do reforço dos sistemas
de justiça, nacionais e internacionais,
para acabar com a impunidade;
• Dar poder às mulheres para que par-
ticipem na resolução de conflitos e na Seis palavras de ordem para os próximos seis anos ao nível dos “Novos e Velhos Desafios”.

reconstrução pós-conflito, uma vez que


sofrem de forma particular as conse-
quências da guerra;
• Denunciar os “conflitos esquecidos” e
todo o tipo de violência; A TRANSFORMAÇÃO NECESSÁRIA
• Lutar contra a erosão dos direitos hu-
manos, que se perpetua com as deten-
ções arbitrárias, os desaparecimentos
forçados, as execuções extrajudiciais, os
julgamentos injustos, o uso da tortura e
de outras formas de maus tratos e com a
aplicação da pena de morte.

4. A REPRESSÃO AOS
DISSIDENTES
A 11 de Setembro de 2001 dois aviões
embatiam nas Torres Gémeas de Nova
© Amnistia Internacional © Amnistia Internacional
Iorque, catapultando no mundo o sen-
Logótipo antigo da Amnistia Internacional Nova imagem do movimento de defesa e promoção dos direitos
timento de insegurança face à ameaça humanos.
Notícias • Amnistia Internacional 15

Se o mundo nos apresenta novos e ando parcerias estratégicas com grupos 3. APOSTA NOS “PODERES
maiores desafios, é essencial procurar as da sociedade civil que sejam benéficas EMERGENTES”
oportunidades acopladas. Diz a sabedo- para todos;
Até há bem pouco tempo era consen-
ria popular que quando se fecha uma
• Educar para os direitos humanos, pro- sual que os Estados Unidos da América
porta, abre-se uma janela. É nisso que
curando qualificar e informar activistas lideravam o mundo. Com o 11 de Se-
acreditamos e é por elas que a Amnistia
e aumentar o número de defensores dos tembro de 2001 o “gigante” abanou,
Internacional vai espreitar nos próximos
direitos humanos. defende o conceituado economista inglês
seis anos, tendo como objectivo essen-
Jim O’Neill. Para o autor, pai do conceito
cial o crescimento. Novas tecnologias,
BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o
novos “líderes” mundiais e experiência 2. MAIOR PROACTIVIDADE ataque veio dar força à ideia da globali-
acumulada são alguns dos trunfos que
Há quase meio século nascia a Amnistia zação e em Novembro de 2001 O’Neill
temos de agarrar. Sabemos, porém, que
Internacional. Tendo como logótipo uma defendia que os quatro referidos países
são precisas mudanças... E estamos
vela, presa em arame farpado, “vestiu- iriam em breve liderar a economia mun-
preparados para elas. No contacto com
-se” originalmente de preto em sinal de dial. No passado mês de Junho, aquelas
o mundo que nos rodeia é importante
luto pelas vítimas de violações aos direi- que são (hoje mais consensualmente) as
apostar em três atitudes e a nível interno
tos humanos e, mais concretamente, “novas potências mundiais” reuniram
incorporar duas posturas essenciais...
pelas pessoas que viviam no “escuro”, e prometeram revolucionar o mundo. A
atrás das grades, por defenderem es- este grupo de Estados juntou-se ainda a
A ATITUDE PERANTE O MUNDO ses mesmos direitos. Com o passar dos África do Sul, enquanto país em ascen-
anos o movimento percebeu que a ima- são. Uma realidade que a Amnistia In-
gem pesarosa que assumiu não reflectia ternacional tem de acompanhar. A par do
1. CRIAR PARCERIAS COM A o mundo de hoje, em que as violações lobby feito junto da União Europeia (ver
SOCIEDADE CIVIL aos direitos humanos continuam, é ver- caixa no final) e dos Estados Unidos da
dade, mas onde cidadãos comuns como América, é preciso olhar também para
Nas últimas décadas, assistiu-se ao os “poderes emergentes”. Uma aposta a
todos nós têm muito mais poder para
crescimento exponencial no número de longo prazo que passa também por in-
mudar esta realidade. Percebendo isso,
Organizações Não Governamentais e de centivar novas gerações de activistas.
a Amnistia assumiu o (mais optimista)
movimentos cívicos. Seja em nome de um Os BRICA (ou BRICS em inglês) e os jo-
amarelo e adoptou o famoso post it, que
ambiente menos poluído, do desenvolvi- vens são o nosso futuro!
diariamente nos lembra que há seres
mento humano ou da protecção de grupos
humanos que precisam de nós... E nós
específicos da população, um pouco por
podemos fazer a diferença! Uma ati-
todo o mundo têm surgido cidadãos que OS PRÓXIMOS PASSOS:
tude proactiva, prática e centrada em
se unem por uma determinada causa.
soluções que é preciso desenvolver nos • Investir nos países onde os direitos
Assim, a par do individualismo, da crise
próximos anos, mantendo os olhos pos- humanos são mais fortemente violados,
e das divisões culturais que os média no-
tos no futuro. nomeadamente Estados do hemisfério
ticiam, há hoje uma força maior a que se
chama “sociedade civil”. Nos próximos Sul e países do Leste, bem como nas
seis anos a Amnistia Internacional não economias emergentes, que em inglês se
OS PRÓXIMOS PASSOS: denominam BRICS (Brasil, Rússia, Índia,
pode ficar indiferente a tudo isto e, em-
bora seja um dos movimentos de direitos • Construir relações, ou parcerias, cons- China e África do Sul);
humanos mais antigos do mundo, sabe trutivas e orientadas para objectivos • Envolver os jovens na promoção e de-
que pode aprender e crescer com par- concretos; fesa dos direitos humanos e apostar em
cerias. Os direitos humanos são valores • Manter um relacionamento próximo e novas formas de participação, como o
partilhados por muitos. É preciso unir eficaz com governos, organizações inter- e-membership e as comunidades online,
experiências, esforços e recursos. Este é nacionais e intergovernamentais (como mais atractivas para as novas gerações.
o momento-chave para criar bases mais a Organização das Nações Unidas) e em-
sólidas, mais globais e mais diversas de presas, de forma a conseguir influenciar
luta pelos direitos humanos. as suas agendas; AS MUDANÇAS INTERNAS
• Propor soluções a cada denúncia feita
OS PRÓXIMOS PASSOS: e apostar em metodologias orientadas 1. FOMENTAR O ESPÍRITO
• Dar voz às pessoas cujos direitos hu-
para a solução; ONE AMNESTY
manos são violados, apoiando novos • Construir mecanismos de avaliação do Há quase 50 anos que a Amnistia Inter-
movimentos de direitos humanos e cami- impacto das parcerias e da actuação da nacional sabe, melhor do que qualquer
nhando para um movimento global nesta Amnistia Internacional, para aprender outra organização, que “a união faz a
área; com os erros, correr menos riscos e repe- força”. Os apelos lançados ao longo dos
tir as boas práticas. anos provaram que se cada um de nós
• Partilhar recursos e experiências, cri-
escrever um simples postal, este soma-
16 Notícias • Amnistia Internacional

-se a outros milhares que, em conjunto, investindo nas diferentes fases daque- as violações aos direitos humanos não
ganham peso no mundo das relações le que deve ser um mesmo trabalho: fiquem obscuras e para que todos pos-
internacionais. Há anos que defendemos primeiro, na investigação; depois, nas sam participar no combate a estas reali-
que juntos podemos fazer a diferença! acções criadas para combater a situação dades;
Está agora na altura de transportar este analisada; em seguida, na forma como
• Comunicar mais eficazmente, respon-
espírito (mais fortemente) para o interior estas causas são comunicadas ao mun-
dendo às exigências do imediatismo, que
do movimento. A Amnistia Internacional do e, por último, na avaliação da eficácia
passará por criar “centros noticiosos” a
conta hoje com uma sede em Londres, do trabalho realizado face à situação que
funcionar 24 horas por dia, sete dias por
meia centenas de secções nacionais, se pretendia solucionar. Apostas que exi-
semana;
milhares de estruturas locais e milhões gem voluntários e funcionários capazes e
de activistas, apoiantes e membros, com espírito de liderança, que sejam, ao • Apostar na formação dos voluntários
espalhados por todo o mundo. Uma di- mesmo tempo, mais accountable. e funcionários da Amnistia, para poder
versidade que dificulta a unidade, mas atribuir-lhes mais competências e po-
engrandece o movimento. Assim, nos deres, num movimento que quer con-
próximos seis anos é fundamental criar OS PRÓXIMOS PASSOS: tinuar democrático;
novas formas de participação e de in- • Avaliação regular da investigação de- • Tornar o movimento mais global, apos-
clusão, para que sejamos sempre, e cada senvolvida, mantendo uma análise estra- tando na diversidade de género e de cul-
vez mais, uma (e só uma) Amnistia. tégica do mundo, de forma a identificar turas no seu interior.
ameaças e oportunidades e a apresentar
soluções;
OS PRÓXIMOS PASSOS:
• Utilização das novas tecnologias para
• Maior investimento nos membros e
dar voz aos mais necessitados, para que
apoiantes, orientando-os para diferentes
formas de participação no movimento;
• Apostar no activismo local, nas estru-
turas locais da Amnistia Internacional,
especialmente nos países onde haverá
uma nova aposta: no hemisfério Sul, a
Leste e nos BRICS;
• Investir na criação do espírito “One
Amnesty”, fomentando a união entre
membros, apoiantes, voluntários e fun-
cionários, para que o trabalho seja feito
a uma voz;
• Transmitir a unidade do movimento ao
mundo exterior, através da adopção, por
todos, de uma mesma imagem, priori- Seis palavras de ordem para os próximos seis anos ao nível da “Transformação Necessária”.
dades semelhantes, uma forma comum
de as abordar e de as comunicar e pro-
cedimentos financeiros uniformizados.

2. MAIOR EFICÁCIA E
ACCOUNTABILITY
A APOSTA NOS RECURSOS
No mundo de hoje, complexo e desafiante,
Ao planear os próximos seis anos, a Am- mais e melhor investigação, maior poder
a Amnistia Internacional quer manter o
nistia Internacional tem, pelo menos, para exigir mudanças nos Estados (e
rigor e a qualidade que a caracterizam
duas grandes certezas: 1) há problemas noutros actores internacionais) e uma
e que fizeram da organização uma refe-
de direitos humanos a que não podemos visibilidade mais global para as viola-
rência mundial. Para tal, sabemos que
voltar as costas e 2) é preciso mudar, ções aos direitos humanos. Para além
é essencial tornar o movimento mais
externa e internamente. Tudo isto, de- disso, é preciso distribuir mais eficaz-
accountable, ou seja, criar objectivos
sengane-se quem acredita no contrário, mente esses recursos, evitando a dupli-
mais concretos, mensuráveis em termos
é impossível conseguir só com “boas cação de esforços e utilizando o dinheiro
de impacto e que permitam pedir respon-
intenções”. Para crescer, o movimento onde ele faz mais falta. Assim, a nível
sabilidades pelo seu cumprimento, ou
precisa de recursos financeiros fortes. Só financeiro serão duas as apostas essen-
incumprimento. Isto exige, nos próximos
assim poderá manter a isenção e o rigor ciais nos próximos seis anos...
seis anos, uma aposta a vários níveis,
que lhe são característicos, rumando a
Notícias • Amnistia Internacional 17

Porém, chegou a hora de sermos nós a


tomarmos as rédeas da situação, au-
mentando a presença onde somos mais
necessários. Se a nossa promessa é con-
seguir um mundo onde os direitos huma-
nos imperam, vamos ajudar a construir
os seus alicerces onde estes não estão
a ser erguidos - e não apenas fazendo
lobby aos Estados mais desenvolvidos,
onde, naturalmente, estão as secções da
Amnistia Internacional com mais fortes
recursos.

© Amnistia Internacional OS PRÓXIMOS PASSOS:


Delegados da Amnistia Internacional à Reunião do Conselho Internacional realizam uma acção pelo fim da repressão no Irão.
• Distribuição estratégica dos recursos
da Amnistia, tendo em conta as novas
1. RUMO AO CRESCIMENTO como um todo, no espírito One Amnesty, prioridades;
adoptando objectivos financeiros e estra-
Nos próximos seis anos a Amnistia Inter- • Garantir a sustentabilidade do movi-
tégias de aumento de receitas comuns;
nacional tem como grande meta o cresci- mento;
mento, ou melhor, “pensar grande”. Uma • Apostar na especificidade de cada
atitude que exige uma aposta forte na secção nacional, podendo estas con- • Investir, significativamente, no cresci-
parte financeira. Temos esperança que, tribuir com o seu know-how para o mo- mento dos movimentos de direitos hu-
de futuro, todas as pessoas do mundo vimento em termos globais. manos nos locais onde estes são mais
percebam a importância de defender os necessários e onde a Amnistia Interna-
direitos dos outros, quando os nossos cional tem presença reduzida, ou seja, no
estão minimamente assegurados, e que, 2. DISTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA hemisfério Sul e a Leste;
como tal, se juntem ao movimento. Num DOS RECURSOS • Reforçar a accountability das finanças
mundo que se estima ir entrar numa nova Quando temos uma Amnistia Interna- do movimento, com relatórios de contas
era, com a crise financeira que ainda es- cional que percebeu que só a união faz periódicos e pormenorizados e uma avali-
tamos a sentir, é preciso fazer crescer a a força, é preciso transpor esse espírito ação constante das conquistas alcan-
base de apoio da Amnistia Internacional e “One Amnesty” para o plano financeiro. çadas face ao investimento planeado e
torná-la mais firme. Para tal, são essen- No movimento, há vários anos que a exigido;
ciais pilares bem fortes e estes são, sem visão de futuro é a de um mundo mais
dúvida, os nossos membros e apoiantes. • Acabar com a duplicação de gastos nos
justo, em que cada pessoa desfruta dos diferentes países onde a Amnistia está
Para além de pedir que continuem a con- seus direitos consagrados na Declaração
tribuir financeiramente, vamos apostar presente, adoptando mais fortemente o
Universal do Direitos Humanos e noutros espírito One Amnesty.
em novas formas de participação para padrões internacionais. Hoje continua-
quem queira mais activismo. Vamos in- mos a pressionar os governos “faltosos”
vestir em si, pois é graças ao seu apoio para que caminhem para este objectivo.
que continuamos a promover e defender
os direitos de todos!

OS PRÓXIMOS PASSOS:
• Diversificar os mecanismos de an-
gariação de fundos, apostando em novas
formas de inspirar para os direitos hu-
manos, com o objectivo de aumentar as
receitas do movimento;
• Envolver mais activamente os membros
e apoiantes que assim o desejarem, ape-
sar dos seus donativos serem, só por si,
uma forma muito válida de activismo.
• Estabelecer uma Linha Global de An-
gariação de Fundos para o movimento Seis palavras de ordem para os próximos seis anos ao nível da “Aposta nos Recursos”.
18 Notícias • Amnistia Internacional

AI@50
Um dos momentos-chave para a Amnistia Internacional nos próximos tempos será o
ano de 2011, quando passarem precisamente 50 anos da publicação do artigo “The
Forgotten Prisoners”, de Peter Benenson, no jornal The Observer. O texto centrava-se
em dois portugueses que em 1960 ousaram erguer os copos e brindar à liberdade em
pleno regime de ditadura, tendo por isso sido presos. O artigo de Benenson dava início
a uma campanha de um ano pela amnistia de todos os prisioneiros de consciência do
mundo, detidos apenas por defenderem os seus ideais políticos. Nascia assim o movi-
mento internacional. Em 2011 será tempo de recordar tudo isto e de mostrar que a vela
da Amnistia emana hoje mais luz que nunca. Para celebrar a AI@50 haverá muitas
© Amnistia Internacional
Retrato do falecido fundador da Amnistia Internacional, Peter
surpresas e novidades! Continuem connosco!
Benenson, tirado em 2002.

NOVOS MEMBROS DO COMITÉ EXECUTIVO INTERNACIONAL


O Comité Executivo Internacional (CEI) o órgão executivo da Amnistia, providenciando
liderança em termos globais e definindo o caminho a seguir. Os elementos que com-
põem o CEI, oito pessoas obrigatoriamente de diferentes países e um tesoureiro, são
todos voluntários e até agora eram eleitos de dois em dois anos. Neste ano de 2009
resolveu estender-se o mandato de alguns elementos do CEI para quatro anos. Além
disso, na passada reunião do Conselho Internacional houve eleições para o novo Co-
mité Executivo, tendo sido eleitos: Christine Pamp (Suécia); Euntae Go (Coreia do Sul);
Guadalupe Rivas (México); Julio Torales (Paraguai); Louis Mendy (Senegal), Peter Pack
(Reino Unido); Pietro Antonioli (Itália) e Vanushi Walters (Nova Zelândia). O novo te-
soureiro da Amnistia Internacional é Bernard Sintobin.

© Privado
O novo Comité Executivo Internacional.

ONE AMNESTY E O ESPAÇO REGIONAL EUROPEU

© Victor Nogueira
Os participantes na Assembleia Geral da Associação da União Europeia da Amnistia Internacional, que decorreu em Junho de 2009.

A definição do Espaço Regional Europeu realizada no passado mês de Junho em pondendo perante um novo tipo de Di-
(ERS, na sigla inglesa) da Amnistia Inter- Îttre, Bélgica, aprovou por unanimidade recção, ficando agora sob a dependência
nacional (AI) e consequentes alterações a mudança do seu nome, estatutos e conjunta das secções/estruturas que a
organizacionais constituem algumas atribuições, dando origem à nova As- constituem e do Secretariado Internacio-
das alterações decorrentes do desenvol- sociação Europeia da Amnistia Interna- nal (IS, na sigla inglesa).
vimento de “One Amnesty”. cional. O actual escritório de Bruxelas
A Assembleia da EUA culminou um longo,
(denominado EU Office) terá as suas
A Assembleia Geral da Associação da complexo e polarizado processo de dis-
funções adaptadas à nova situação, res-
União Europeia (EUA, na sigla inglesa), cussão de quatro anos, envolvendo os
Notícias • Amnistia Internacional 19

A Europa é um actor político funda-


mental na cena internacional, com uma
grande e diversa população, grande
poder económico e capacidade de influ-
enciar outros países. A democracia e os
direitos humanos fazem parte integrante
das constituições nacionais e dos valores
de referência das instituições europeias.
Mas a Europa dos bons princípios, que
se toma como referência moral univer-
sal, é politicamente frágil e ambivalente,
incoerente e pouco credível, dividida por
menoridades e rivalidades estreitas, vul-
nerável aos grandes interesses económi-
cos, cega ou distraída às violações de
direitos humanos cometidas dentro das
suas fronteiras – como as rendições, ou
© Victor Nogueira
a violência xenófoba, comprovam.
Os representantes das várias secções pertencentes à Associação da União Europeia e participantes na Assembleia Geral de 2009 Há muito a fazer para esbater a pretensa
assinaram o seu nome num quadro. Na imagem vê-se o delegado grego a cumprir o protocolo.
superioridade europeia em matéria de
seus membros, as secções, o Fórum de local. Nas secções, a especificidade das direitos humanos, especialmente no
Presidentes (denominado Chairs Forum, acções propostas geralmente não era quadro da campanha “Exija Dignidade”,
em língua inglesa), o Fórum de Direc- adequada à participação do activista de avaliando e combatendo as políticas da
tores, o Comité Executivo Internacional base e a especialização exigível do tra- União com impacto negativo nos direitos
e o Conselho Internacional. Nas secções balho também não o tornava suficiente- humanos, a nível interno e externo, se-
também foram efectuados debates e mente conhecido dos membros e até de jam elas decorrentes da política externa,
discussões, como aconteceu entre nós, dirigentes, tornando difícil um pleno comercial, de cooperação, de segurança,
nomeadamente em Conselho Geral. comprometimento com as responsabili- ou outras. As vítimas podem ser defen-
dades assumidas. sores de direitos humanos, migrantes e
A EUA nasceu da consolidação de um
requerentes de asilo, vítimas de conflitos
projecto desenvolvido autonomamente Em 2005, a Assembleia Geral da EUA
e violências, marginalizados, pobres e ex-
por secções europeias desde 1985, que propôs uma revisão do trabalho europeu
cluídos, membros de grupos minoritários
pretendia introduzir os direitos huma- da AI que o tornasse mais integrado e
ou marginalizados, detidos ou vítimas de
nos no coração das políticas da então efectivo. Por iniciativa do Comité Execu-
maus tratos prisionais. Não os podemos
Comunidade Económica Europeia (CEE), tivo Internacional foram criados grupos
esquecer.
aproveitando, de forma coordenada, os de trabalho que fizeram diagnósticos
calendários das instituições comuni- e apresentaram propostas, que susci- O Espaço Regional Europeu deve reforçar,
tárias e as acções e campanhas da AI. taram uma ampla discussão. na Europa, esse trabalho fundamental,
O escritório estabelecido em Bruxelas visando obter o máximo impacto, interno
Foi consensual que a Amnistia Interna-
passou a coordenar e a promover uma e em outras regiões, procurando desen-
cional deve passar a abordar de forma
rede especializada que inclui as secções volver na AI mais solidariedade, diversi-
integrada e coerente todas as insti-
europeias e as estruturas dos países em dade, democracia e transparência, esta-
tuições relevantes do Espaço Regional
processo de integração, desenvolvendo belecendo internamente melhores pontes
Europeu (sobretudo a União Europeia
acções de informação, aconselhamento, entre os responsáveis pela governança e
e Conselho da Europa, mas também a
monitorização e lobby junto das insti- a gestão, as direcções e os directores das
OSCE-Organização para a Segurança e
tuições e dos mais relevantes actores secções, os profissionais do IS e do EU
Cooperação na Europa), que as secções,
políticos, ONG e média europeus. Office. É um desafio aliciante.
estruturas e o Secretariado Internacional
Apesar do seu mérito, é reconhecido que se comprometem num planeamento con- Por Victor Nogueira - Membro do EU Council
sempre houve algumas dificuldades e junto de acções que permita maximizar (2004/09)
tensões, tanto na dimensão profissional as oportunidades existentes e que o es-
(EU Office e o IS), como no trabalho vo- critório de Bruxelas deve alargar a sua
luntário desenvolvido nas secções. intervenção, neste novo enquadramento.
Profissionalmente, a distância, a dimen- Para ultrapassar as últimas divergências
são, a especialização, a flexibilidade, a e esclarecer o processo de transição foi
sensibilidade para a importância da di- preparado um documento de discussão
mensão europeia, constituíam algumas (MoU, Memorandum of Understanding)
das razões de incompreensão entre Lon- que teve lugar na Reunião Geral Anual
dres e Bruxelas, a estrutura central e a 2009 (AGM, na sigla inglesa) da EUA.
20 Notícias • Amnistia Internacional

Desalojamentos forçados continuam em África


Quando a 5 de Outubro se assinalou o Dia Mundial do Habitat, a Amnistia Internacional lançou, no âmbito
da campanha “Exija Dignidade”, uma acção global que visa erradicar aquela que continua a ser uma
realidade em muitos países africanos: os desalojamentos forçados. Uma violação dos direitos humanos
que muito contribui para as estimativas que apontam que em 2030 um terço da Humanidade estará a
viver em bairros degradados

O QUE SÃO DESALOJAMENTOS FORÇADOS?


Proibidos por tratados internacionais – como o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais – os
desalojamentos forçados, ao contrário do que o nome indica, não são necessariamente os que ocorrem com recurso à força.
Sendo comum esta ser usada, um desalojamento é forçado quando a lei internacional é violada, ou seja, quando este não é
entendido como último recurso. Para que seja legal, um desalojamento só deve acontecer depois de terem sido exploradas todas
as alternativas viáveis com as comunidades afectadas. Estas têm também de ser formalmente avisadas. Os Governos devem
ainda, após o desalojamento, assegurar que ninguém fica sem abrigo e que as vítimas são devidamente compensadas pelas
suas perdas.

Angola 54,3% dos cidadãos sobrevivem África, uma vez que o primeiro país deste
com esta quantia e na Nigéria a situação continente a figurar no já referido Índice
é ainda pior (64,4%). de Desenvolvimento Humano é o Gabão,
que surge em 103º lugar entre os 182
Números que nos ajudam a vislumbrar o
Estados analisados. África é, por isso, o
que será a vida nestes países e a per-
único continente que não tem um único
ceber a raiz das deploráveis condições
país representado entre os considera-
de habitabilidade aí existentes. Condi-
dos de desenvolvimento humano “alto”
cionantes que muito contribuem para
ou “muito alto”. Segundo a Amnistia
uma realidade para a qual a Amnistia
Internacional, para isto contribuem for-
Internacional tem vindo a alertar nos úl-
temente os desalojamentos forçados que
timos anos e que são, ao mesmo tempo,
© George Osodi aí se perpetuam, como iremos ver nos
sua consequência: os desalojamentos
Membros da Igreja procuram os seus bens entre os escombros quatro exemplos que aqui apresenta-
da demolição que ocorreu no bairro degradado de Makoko, em forçados. Demolições que atentam con-
mos. Uma realidade a que nós portu-
Lagos, Nigéria, a 6 de Maio de 2005. tra os tratados internacionais, uma vez
gueses devíamos ser particularmente
Imaginando que todos nós recebíamos que “as pessoas são retiradas contra
sensíveis, uma vez que África está
o Salário Mínimo Nacional, teríamos de a sua vontade das casas ou terras que
cravada no coração de muitos e ficou
viver com 450 Euros mensais, ou 15 Eu- ocupavam, sem protecção legal e sem
gravada na nossa História, quando em
ros por dia nos meses com 30 dias. Ima- que lhes sejam dadas quaisquer alter-
Ceuta, em 1415, começou a incursão por-
ginemos então o que seria ter de parti- nativas ou ressarcimento”, explica Lucy
tuguesa por mares nunca dantes nave-
lhar essa quantia com filhos e outros Freeman, da equipa da Nigéria da Am-
gados. Hoje, quase 600 anos depois, é a
familiares a nosso cargo... Para dificultar nistia Internacional. Uma violação grave
nossa vez de fazermos História! Vamos
ainda mais, pensemos agora por alguns aos direitos humanos que não podíamos
acabar com os desalojamentos força-
minutos como seria viver com menos de deixar de voltar a destacar quando a 5
dos em África! Vamos impedir que em
80 cêntimos por dia... Segundo o Índice de Outubro se assinalou o Dia Mundial
2030 haja dois mil milhões de pessoas a
de Desenvolvimento Humano de 2007, do Habitat.
viverem em bairros degradados e que a
do Programa das Nações Unidas para o Para comemorar a data, a Amnistia lan- pobreza se multiplique ainda mais.
Desenvolvimento, no Quénia esta é uma çou uma campanha internacional cen-
realidade para 19,7% da população, em trada nos desalojamentos forçados em
Notícias • Amnistia Internacional 21

ANGOLA tação, anualmente atribuído pelo Centro qualquer protecção legal no país, ficando
UM PARAÍSO SÓ PARA ELITES para o Direito à Habitação e Desaloja- até vulneráveis a aumentos arbitrários
mento (conhecido pela sigla COHRE). nas rendas das precárias habitações
Para tal muito contribuíram os desa- onde vivem. Pessoas sem qualquer voz,
lojamentos forçados autorizados pelo que o Governo parece ter esquecido.
Governo, que continuam a acontecer
quase todas as semanas desde 1999,
quando a democracia voltou a imperar ZIMBABUÉ
no país, denuncia Lucy Freeman, cam- A SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS DOS
paigner da Amnistia Internacional para DESALOJAMENTOS
a Nigéria. Os motivos anunciados têm
© Privado
Beatriz, habitante de um dos muitos bairros demolidos em Lu-
variado, mas são quase sempre os mes-
anda, e o seu filho naquela que outrora foi a sua casa. mos a que recorrem outros Governos: o
desenvolvimento e o embelezamento das
“Em 2001 começámos a registar os de- cidades. Em nome de estradas ou (até)
salojamentos forçados que provavel- de melhores condições de habitabilidade © Tsvangirayi Mukwazhi
mente já vinham a acontecer em An- para as populações, são enviadas para A polícia anti-motim patrulha um bairro de Harare enquanto as
gola”, refere Marise Castro, campaigner os bairros degradados retroescavadoras retroescavadoras cumprem a sua missão, em Junho de 2005.
da Amnistia Internacional para o país. que destroem tudo à sua passagem.
Desde então, pelo menos 10.000 famílias Com poucos antecedentes no que diz
Aos habitantes resta procurarem abrigo
foram desalojadas só na capital, Luanda. respeito a desalojamentos forçados, o
nas áreas circundantes, até serem no-
Um problema que nos obriga a recordar Zimbabué é um bom exemplo de quão
vamente expulsos. Desde o ano 2000, a
os 27 anos de guerra civil no território, duradouras podem ser as suas con-
Amnistia registou mais de dois milhões
quando a destruição e o recrutamento de sequências. Tudo aconteceu a 19 de
de desalojamentos forçados na Nigéria.
militares no meio rural levaram centenas Maio de 2005, quando o Governo zim-
de pessoas a procurar refúgio na capital. babueano colocou em marcha a Ope-
Cresceram assim os bairros degradados, QUÉNIA ração Murambatsvina, que literalmente
que nunca chegaram a ser legalizados, ONDE OS DESALOJAMENTOS SÃO significa “afastar o lixo”. O objectivo
seja porque muitos angolanos não têm “NORMAIS” (anunciado) era a limpeza das cidades.
sequer bilhete de identidade, ou porque Simeon Mawanza, campaigner da Am-
na altura Angola era “terra de nin- nistia Internacional para o país, refere
guém”. Em 2002, a realidade passou a que “houve indícios de que o Governo
ser outra, quando o fim do conflito trouxe queria dispersar as pessoas dos bair-
um grandioso investimento financeiro. ros onde pudessem ocorrer revoltas”.
Multiplicaram-se os projectos de recons- Seja qual for o motivo, cerca de 700.000
trução urbanística e a terra, que antes pessoas foram desalojadas. Uma peque-
poucos queriam, passou a valer muito © Amnistia Internacional na minoria voltou a ter casa, embora sem
dinheiro. Hoje, muitos dos 4,5 milhões Uma criança junto à água poluída que corre num dos maiores título de propriedade, e a grande maioria
bairros degradados do mundo, em Kibera.
de habitantes de Luanda continuam em ficou entregue à sua sorte, o que ajudou
risco de perderem as suas casas. a sobrelotar os muito degradados bairros
Os últimos registos, de 2006, indicam
dos subúrbios do Zimbabué, onde faltam
que só em Nairobi, capital do Quénia,
serviços tão básicos como a água canali-
há 199 estabelecimentos informais que
NIGÉRIA abrigam mais de dois milhões de pes-
zada. Uma situação que muito contribui
UM DOS PRINCIPAIS VIOLADORES para a pobreza existente no país.
soas. Esta forma de vida, sem acesso a
DO DIREITO À HABITAÇÃO recursos essenciais, tornou-se “normal”
no país antes ainda da sua independên-
cia, em 1963. Segundo Amy Agnew, cam-
SAIBA MAIS:
paigner da Amnistia Internacional para Leia os relatórios da Amnistia Internacional sobre cada
o Quénia, estes bairros foram crescendo um dos países e os vídeos realizados nesses locais em
sob “a aprovação do próprio Governo, www.amnistia-internacional.pt (Aprender / Revista da
Amnistia Internacional)
que os deixou serem construídos em
terras que estavam reservadas a pro-
O QUE PODE FAZER:
© George Osodi jectos de infra-estruturas”. Sendo as- A Amnistia Internacional (AI) lançou a campanha “Casa
Um dos habitantes do bairro degradado de Makoko, em Lagos, sim, os desalojamentos forçados têm das Assinaturas”. Sendo Angola o único país de língua
carrega o que foi uma das cadeiras da sua casa, demolida em
2006.
sido uma constante no país e ocorrem portuguesa desta acção, a AI Portugal quer recolher, en-
à medida que os projectos vão sendo tre os portugueses, 10.000 assinaturas para enviar para
o país. Tudo o que tem de fazer é assinar o postal que se
Em 2006 a Nigéria recebeu o “prémio” concretizados. Para tudo isto muito con- encontra no interior da revista e enviar por correio para a
para principal violador do direito à habi- tribui o facto de as populações não terem sede da Amnistia Internacional Portugal.
22 Notícias • Amnistia Internacional

Amnistia Internacional Portugal nos Festivais de Verão


Nos meses quentes de Verão a secção portuguesa da Amnistia Internacional acompanhou milhares de
portugueses e seguiu rumo aos festivais de música
Por Daniela Jerónimo e Cátia Silva

principal do Castelo onde se vivia o fes-


tival com euforia. O balanço final acabou
por ser muito positivo, uma vez que a
acção foi recebida com entusiasmo, cu-
riosidade e admiração.

FESTIVAL DE PAREDES DE COURA


DE 29 DE JULHO A 1 DE AGOSTO
No recinto místico do Festival de Pare-
des de Coura, a Amnistia ficou bem no
centro dos acontecimentos, junto aos
“comes e bebes” e ao palco principal. O
solo acidentado e o tempo inconstante
© AI Portugal ameaçavam a presença da AI, mas ape-
O mural dos Direitos Humanos que percorreu os Festivais de Verão. sar das intempéries o mural dos direitos
humanos ergueu-se. Nada fazia prever o
O Verão é para muitos portugueses soluções. Ideias, desabafos e propos- sucesso estrondoso que no primeiro dia
sinónimo de férias, praia e...festivais tas que ficaram registados em mais de deixou a equipa da Amnistia sem mãos
de música. Assim, se Maomé não vem 1.500 post-it que serão entregues às au- a medir, face às filas duplas de festiva-
à montanha, a montanha tem de ir a toridades portuguesas. leiros que queriam participar. Com tanta
Maomé. Uma abordagem adoptada pela agitação, foi a uma velocidade estonte-
Amnistia Internacional (AI) Portugal já ante que o mural se cobriu de post-it e
em 2004, quando marcou presença no FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO as petições de assinaturas, enquanto o
primeiro Rock in Rio Lisboa. Este ano de DE 17 A 20 DE JULHO
material para venda ia esgotando.
2009 a aposta foi ainda maior e falou- A acção da Amnistia Internacional Por-
Os dias seguintes foram mais calmos,
-se de direitos humanos em três festivais tugal no Festival Músicas do Mundo, que
com o mau tempo e a mudança para
de Verão. O objectivo é estar mais perto decorreu em Sines, foi inaugurada pelo
junto do palco secundário do festival, de
dos activistas e falar-lhes, cara-a-cara, Presidente da Câmara Municipal, que
forma a proteger o mural dos excessos
quando estão mais disponíveis. num acto solene colocou o primeiro post-
da noite. A lágrima colocada num post-
Este ano de 2009, no âmbito da cam- it no mural. Seguiram-se os vereadores e
it deu lugar a muitos comentários, con-
panha “Exija Dignidade”, a presença nos outros elementos da autarquia.
versas e palavras de incentivo a acções
festivais de Verão teve ainda um outro A equipa da AI esteve junto à entrada como esta. Foram, por tudo isto, muitas
propósito: lembrar que todos podemos (e secundária do Castelo de Sines, com o as surpresas em Paredes de Coura, ten-
devemos) ter voz na resolução dos pro- mural e com uma banca de divulgação do ficado provado que nos festivais nem
blemas globais. Assim, num mural de e venda de merchandising. Nos quatro tudo se resume a cerveja e rock and roll!
seis por dois metros com uma imagem dias de Músicas do Mundo a fotografia
alusiva às violações aos direitos huma- do mural ficou quase totalmente coberta.
nos, os festivaleiros foram convidados Um sucesso que não é comparável ao FESTIVAL JAZZ EM AGOSTO
a deixar uma mensagem lembrando de Paredes de Coura, mas que se com- DE 6 A 9 DE AGOSTO
as suas preocupações ou sugerindo preende pela localização, longe da porta Naquele que é tradicionalmente o último
Notícias • Amnistia Internacional 23

em Paredes de Coura, o que se deveu


muito provavelmente a uma das princi-
pais características do Jazz em Agosto:
os concertos ocorrem à hora marcada,
sendo a entrada feita apenas meia hora
antes. Nestes minutos, portugueses e es-
trangeiros entravam em massa e alguns
passavam pelo mural com a mesma
velocidade com que levam o dia-a-dia.
Muitos, porém, pararam para deixar
uma mensagem e para falar de direitos
humanos. No final, ficou a sensação de
missão cumprida, com o mural (quase)
repleto de sugestões e ideias muito in-
teressantes. É caso para dizer: foram
poucos, mas bons!

© AI Portugal
As mensagens deixadas no mural da Amnistia, que serão enviadas aos governantes portugueses.
A Amnistia Internacional Portugal agradece
mês de Verão, a Amnistia Internacional o mural dos direitos humanos esteve du- à Câmara Municipal de Sines a possibili-
Portugal mudou radicalmente de registo rante quatro dias bem na frente de uma dade de participar no Músicas do Mundo, à
ao participar no festival Jazz em Agos- das portas principais do recinto. Ritmos e Blues por permitir a presença no
to da Fundação Calouste Gulbenkian. Festival de Paredes de Coura e à Fundação
Por motivos de agenda, não foi possível Apesar da localização privilegiada, a Calouste Gulbenkian por tornar possível fa-
receptividade não foi tão massiva como lar de direitos humanos no Jazz em Agosto.
acompanhar o evento desde o início, mas

CONCURSO “ARTE PARA A DIGNIDADE”


Em todo o mundo, o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de Dezembro) é comemorado com pompa
e circunstância. Em Portugal a Arte foi o seu anfitrião
Quando globalmente se assinalou o Dia tista plástica Joana Vasconcelos e a jor- ainda distinguida, com o terceiro lugar,
Internacional dos Direitos Humanos, nalista Paula Moura Pinheiro, apoiados a obra “Direito à Vida”, de Paulo Carnei-
a 10 de Dezembro, foram conhecidos por Pedro Krupenski, Director-Executivo ro, que apela à liberdade e ao bem-estar
os vencedores do concurso “Arte para da secção portuguesa da Amnistia. Ao da Humanidade.
a Dignidade”. Lançado em Maio deste júri a Amnistia Internacional agradece a
ano, no âmbito da mais recente cam- colaboração e a profunda dedicação.
panha da Amnistia Internacional “Exija
Dignidade”, pretendeu, através da arte,
sensibilizar os portugueses para a im- CATEGORIA: PINTURA
portância da Dignidade Humana, ao 1.º LUGAR
mesmo tempo que espera ser uma fonte
de inspiração para que nos tornemos to- “Pain Under Cover”, de Zfarrajota.
dos mais activos na luta pelos direitos Uma pintura em acrílico sem tela onde a
que são de todos nós, Seres Humanos! autora lança um desafio: “Se conseguir-
Das 34 obras a concurso, foram distin- mos Olhar através das nossas vendas,
guidos os três primeiros lugares de cada veremos a Dor invisível que se esconde
uma das quatro categorias do prémio: atrás das mantas esfarrapadas, de cor-
pintura, fotografia, escultura e conto. pos sujos marcados pela pobreza”.
Uma escolha criteriosa que contou com O segundo lugar da categoria de “Pin-
um júri de peso: o ilustrador André Letria, tura” foi entregue a José Assis, pela pin-
o fotógrafo António Pedro Ferreira, a ar- tura sobre papel intitulada “Erguer”. Foi
24 Notícias • Amnistia Internacional

CATEGORIA: FOTOGRAFIA que aborda o problema da violência de


GRUPOS E NÚCLEOS DA AMNISTIA INTERNACIONAL
género e alerta para o facto da mulher
1.º LUGAR (grupo, localidade, coordenador, email, blog)
ferida poder ser qualquer uma que passa
“Não é esta a luz que procuro”, de por nós na rua.
GRUPO LOCAL 01 (Lisboa)
Tânia Espírito Santo
Coordenador a designar: grupo1.aiportugal@gmail.
Num cenário que pode ser o caminho que com; http://grupo1aiportugal.blogspot.com/
CATEGORIA: CONTO GRUPO LOCAL 03 (Oeiras)
qualquer um de nós percorre no seu dia- Lucília José Justino: zjustino@gmail.com
-a-dia, a autora apela a que não fique- 1.º LUGAR GRUPO LOCAL 06 (Porto)
mos indiferentes. “Todos os dias passa- “Os Três Efes”, de João Manuel da Silva
Virgínia Silva: aiporto6@gmail.com; http://aiporto.
blogspot.com
mos por vultos, por corpos largados ao Rogaciano GRUPO LOCAL 14 (Lourosa)
abandono da dignidade da vida que já Valdemar Mota: aigrupo14@gmail.com
tiveram e daquilo que outrora foram”. Filomena chega a casa depois de um dia GRUPO LOCAL 16 (Ribatejo Norte)
inteiro de trabalho árduo. Mas no lar es- Yvonne Wolf: yvonne_wolff@adsl.xl.pt
No segundo lugar da categoria de “Fo- peram-na muitos outros problemas... Se- GRUPO LOCAL 18 (Braga)
tografia” ficou uma imagem sem título, gundo o autor, “dignidade é uma palavra
José Luís Gomes: ai18braga@gmail.com
GRUPO LOCAL 19 (Sintra)
de Cláudia Morais. O terceiro lugar foi cujo conceito é desconhecido naquela Fernando Sousa: ai.grupo19@gmail.com; http://
entregue a Marta Lopes Silva pela fo- casa e é um direito sonegado (pelo filho blog-19.blogspot.com
tografia (ou postal) que visa aludir a e pelo marido) àquela mulher”. Para
GRUPO LOCAL 24 (Viana do Castelo)
Luís Braga: luismbraga@sapo.pt
uma das formas de violência sobre as Paula Moura Pinheiro, o conto mereceu GRUPO LOCAL 32 (Leiria)
mulheres: a mutilação genital feminina. o primeiro lugar porque “consegue colo- Maria Fernanda Ruivo: fernanda.ruivo@sapo.pt
GRUPO LOCAL 33 (Aveiro)
car-nos na pele desta mulher, no centro Joana Valente: amnistiaveiro@gmail.com; http://
das suas circunstâncias que são, como
CATEGORIA: ESCULTURA sabemos, as circunstâncias de muitos,
amnistiaveiro.blogspot.com/
GRUPO LOCAL 34 (Matosinhos)
1.º LUGAR de demasiados de nós”. Ao mesmo tem- Otília Gradim Reisinho: amnistia.matosinhos@
gmail.com; http://nucleodematosinhos.blogspot.
“Dignidade”, de Alberto Miranda po, “Os Três Efes ajuda a não nos deixar com/
esquecê-lo”.
NÚCLEO DE ALMADA
Os segundo e terceiro lugares da cate- Marlene Oliveira da Conceição: ai.nucleoalmada@
goria “Conto” foram atribuídos pela gmail.com; http://ai-nucleoalmada.blogspot.com/
NÚCLEO DE ARCOS DE VALDEVEZ
Amnistia Internacional, enquanto júri
Rui Mendes: rbritomendes@gmail.com
complementar no concurso. O segundo NÚCLEO DE CASTELO BRANCO
lugar foi entregue a “Monocromia”, de (a designar): ai_nucleo_castelobranco@yahoo.
Fernando Albino Guimarães Gonçalves, com; http://amnistiacastelobranco.blogspot.com/
NÚCLEO DE CRIANÇAS (Vila Nova de Famalicão)
que retrata as memórias de um homem Vitória Triães: aip.ibeji@gmail.com
encarcerado, num qualquer país do mun- NÚCLEO DE ESTREMOZ
do. Em terceiro lugar ficou o conto “Os Maria Céu Pires: amnistiaetz@gmail.com
NÚCLEO DE GUIMARÃES
Sonhos” pagam-se caros, de Zina Maria Cristina Lima: amnistia.guimaraes@gmail.com
Neves Gomes de Abreu, que através de NÚCLEO DO OESTE / CALDAS DA RAINHA
um thriller desvenda as “indignidades” Teresa Mendes: ai.nucleooeste@gmail.com; http://
aioeste.blogspot.com
que podem ser cometidas em nome da
NÚCLEO DO PORTO
ordem financeira dominante. André Rubim Rangel: nucleo.ai.porto@gmail.com
NÚCLEO DE TORRES VEDRAS
Ana Lopes: aitorresvedras@gmail.com;
GRUPO SECTORIAL EDUCAÇÃO PARA OS DIREITOS
HUMANOS
“A figura humana sobre a torre paralele- Fernanda Sousa: mfpsousa@gmail.com
pípeda (os quatro cantos do mundo) CO-GRUPO DA CHINA
simboliza a autoridade e superioridade Maria Teresa Nogueira: nogueiramariateresa@
moral do indivíduo sobre o meio agreste gmail.com
CO-GRUPO DA PENA DE MORTE
(...). O tapete de pedras brancas (símbolo Coordenador a designar: ai.contrapenademorte@
de pureza) representa o árduo caminho gmail.com
para atingir e/ou manter a dignidade do GRUPO DE JURISTAS
Sónia Pires: sonia.c.pires@gmail.com
Homem, como indivíduo, num mundo de NÚCLEO LGBT
exclusão, desigualdade, violência e ra- Manuel Magalhães: lgbt.amnistia@gmail.com
Saiba mais sobre os vencedores e as obras
cismo”, esclarece o autor.
do concurso em www.amnistia-internacio-
Nesta categoria do prémio “Arte para a nal.pt (Aprender / Revista da Amnistia In- Se ainda não existe um grupo da Amnistia Interna-
Dignidade” houve apenas duas obras a ternacional). Assista ainda à exposição dos cional Portugal perto de sua casa, pode sempre ser
trabalhos patente na livraria Ler Devagar, pioneiro e começar o activismo na sua localidade.
concurso. O segundo lugar foi entregue a no espaço LX Factory, em Lisboa, até 30 de Fale connosco pelo boletim@amnistia-internacio-
Graça Patrão pela obra “Mulher Ferida”, Dezembro. nal.pt ou ligando 213 861 652.
Notícias • Amnistia Internacional 25

JOVEM
X Campo de Trabalho da Amnistia Internacional Portugal
Uma década a educar para os direitos humanos
No fim-de-semana que antecedeu o feriado de 1 de Dezembro muitos portugueses aproveitaram para tirar
umas mini-férias. Mais de meia centena de jovens preferiram passar os quatro dias a falar de direitos
humanos. Assim decorreu o X Campo de Trabalho da Amnistia Internacional Portugal

Realizou-se, pelo décimo ano consecu- dos lados da questão e os jovens, que cos jovens pensam. Em primeiro lugar foi
tivo, o Campo de Trabalho da Amnistia falaram em nome de sete Estados: três apresentada a campanha “Exija Digni-
Internacional (AI) Portugal. Na Colónia retencionistas, um abolicionista para dade”, da Amnistia Internacional, que
de Férias da Praia Azul, em Torres Vedras, crimes comuns e três abolicionistas. Em pretende erradicar a pobreza do mundo
57 jovens com idades entre os 14 e os 18 voto secreto, os participantes expressa- através de três acções: 1) responsabili-
anos estiveram quatro dias – entre 28 de ram a sua opinião sobre a pena de morte zando os que assumiram o compromisso
Novembro e 1 de Dezembro – a falar so- e, caso a Assembleia tivesse sido real, a de erradicar a pobreza; 2) facilitando o
bre direitos humanos e a aprender mais pena capital teria sido abolida do mundo acesso dos mais necessitados aos re-
sobre os problemas do mundo cuja re- com 78% de votos a favor da moratória, cursos necessários para que lutem pelos
solução também depende deles... 14% contra e 5% de abstenções. seus direitos e 3) encorajando a partici-
pação das populações nos processos de
SÁBADO, 28 DE NOVEMBRO À tarde falou-se de discriminação,
decisão que lhes dizem respeito.
que já tinha sido referida pelo facto de
As boas-vindas ao X Campo de Trabalho
existirem mais negros que brancos no Logo depois os jovens falaram com Ta-
da Amnistia Internacional Portugal foram
corredor da morte dos Estados Unidos da tiana Moura, do Núcleo de Estudos para
dadas pelas 14 horas, quando mais de
América. Para abordar a questão, os 57 a Paz do Centro de Estudos Sociais da
meia centena de jovens entraram de ma-
jovens foram divididos em dois grupos. Universidade de Coimbra, sobre bair-
las e bagagens na Colónia da Praia Azul.
Foi através de exercícios práticos que o ros degradados. No centro do debate
Distribuídas as camaratas, a AI Portugal
primeiro explorou a discriminação com estiveram as favelas do Rio de Janeiro,
e a Câmara Municipal de Torres Vedras,
base na orientação sexual e o segundo onde a investigadora desenvolveu uma
parceira no evento, deram início aos tra-
os diferentes tipos de discriminação, tese e tem um projecto ligado à violência
balhos. Seguiu-se depois o lanche, para
que originam exclusão social. Temáticas armada. O mote foi dado por um episódio
abrir o apetite para uma sessão sobre a
polémicas que os grupos apresentaram da série brasileira “Cidade dos Homens”.
Amnistia Internacional e o trabalho rea-
depois um ao outro. Para descompri- Depois da conversa, que serviu para des-
lizado na promoção e defesa dos direi-
mir, a Colónia da Praia Azul recebeu o fazer mitos, os jovens ganharam novo
tos humanos. Para organizar ideias, os
grupo “Ritmical: Da Rua”, constituído ânimo para a última tarde de trabalho,
participantes foram divididos em sete
por jovens com idades semelhantes às dedicada ao activismo. Perceberam en-
grupos e tiveram de criar um cartaz so-
dos participantes do Campo, mas com tão como podem ajudar a salvar o mundo
bre a organização, que depois foi apre-
uma história de vida muito diferente, e em grupo programaram uma actividade
sentado a todos. À noite foram realizados
uma vez que todos vivem ou viveram na para os 50 anos da Amnistia Internacio-
jogos com o objectivo de “quebrar melhor
rua. A noite terminou em festa total com nal, que se assinalam em 2011. A noite,
o gelo” entre os participantes. E este foi
os bombos dos “Ribombar”, da Escola à semelhança do que já vinha a acon-
totalmente quebrado!
Básica Padre Vítor Melícias (Torres Ve- tecer, foi de verdadeira festa com uma
DOMINGO, 29 DE NOVEMBRO dras). Uma noite promovida pela Câmara sessão de karaoke que pôs os 57 jovens
O dia começou com um assunto bem sério: Municipal. a cantar e a dançar.
a pena de morte. A forma adoptada para SEGUNDA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO TERÇA-FEIRA, 1 DE DEZEMBRO
falar sobre o tema foi ainda mais formal:
A manhã do terceiro dia do Campo de O feriado da Restauração da Independên-
simular uma Assembleia Geral da Orga-
Trabalho da Amnistia Internacional foi cia portuguesa foi o dia do adeus para
nização das Nações Unidas onde estava
dedicada à pobreza, um dos assuntos o Campo de Trabalho, que marcou uma
a ser debatida uma Moratória à Pena de
que tem estado na ordem do dia um pou- década passada desde a criação deste
Morte. Para formar uma opinião, foram
co por todo o mundo e no qual muito pou- projecto de educação para os direitos
ouvidos dois representantes de cada um
26 Notícias • Amnistia Internacional

humanos pela secção portuguesa da AI. como fundamento os Dias Internacionais reencontro que terminou mais um Campo
Antes do regresso a casa, houve ainda relacionados com os direitos humanos. E de Trabalho da Amnistia Internacional.
tempo para um último jogo, que tinha foi com muitos abraços e promessas de

GRUPO 1 © AI Portugal GRUPO 2 © AI Portugal

A MELHOR ACTIVIDADE: “A da pena de morte, porque é um A MELHOR ACTIVIDADE: “A acção sobre a não discrimina-
problema global, que nos interessa a todos. E a do activismo, ção.Gostei porque era um grupo mais pequeno e podemos
que é uma área muito importante.” abrir-nos mais. Era uma espécie de brainstorming... “
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “O apoio das pessoas e a O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “O espectáculo do grupo Rit-
alegria. O sorriso que tiveram sempre para nós [participantes mical e os tambores dos Ribombar.”
no Campo de Trabalho].”
O QUE APRENDI: “Havia coisas em que nunca tinha pen-
O QUE APRENDI: “Não sabia que a Amnistia defendia tanto o sado, embora soubesse do assunto, como alguns dados so-
Ser Humano. E discutimos vários assuntos. Nós estamos aqui, bre a pena de morte. Nunca me tinha passado pela cabeça
mas temos pessoas que estão do outro lado do mundo a sofrer. que no corredor da morte [nos Estados Unidos da América]
E não sabia, por exemplo, que havia casos como o daquela há mais negros que brancos. Apercebi-me que não se trata
mulher que se divorciou e ia ser apedrejada [Amina Lawal] e só da questão de tirar o direito à vida, mas também de dis-
que com a ajuda das pessoas conseguiu ser salva.” criminação.”
Lino Pereira, 15 anos, 10.º ano, Centro de Estudos de Fátima, em represen- Sílvio Vieira, 15 anos, 10.º ano, Colégio de S. Miguel (Fátima), em repre-
tação do Grupo 1 sentação do Grupo 2

GRUPO 3 © AI Portugal GRUPO 4 © AI Portugal

A MELHOR ACTIVIDADE: “Pensando em termos de grupo, um A MELHOR ACTIVIDADE: “Todas as actividades obrigaram a
dos trabalhos que ficou mais bem feito foi o do planeamento trabalhar e a pensar muito, mas em termos de grupo a que
de uma actividade para o 50.º aniversário da Amnistia Interna- funcionou melhor foi talvez a primeira, onde tivemos de fazer
cional. Talvez porque era um trabalho mais prático, ou porque um cartaz de um Grupo de Estudantes da Amnistia.”
já estávamos habituados a trabalhar uns com os outros.”
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “O convívio entre as pessoas,
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “A primeira noite, de jogos, principalmente à noite.”
apesar de eu ter um pouco de mau perder.”
O QUE APRENDI: “Sobretudo sobre as favelas no Brasil. Não
O QUE APRENDI: “Já trazia ideias bem formadas em relação a sabia quase nada sobre isso. Pensava que as favelas fos-
vários temas, mas pensando, por exemplo, na pena de morte, sem um sítio onde não há dinheiro, nem comida e onde todos
comecei a ver os dois lados da questão. As pessoas normal- quisessem era ganhar dinheiro para conseguirem sair dali.
mente pensam sempre que ou é sim ou não, mas temos de Mas aquilo é um estilo de vida, as pessoas não querem sair
ponderar vários factos.” de lá...”
Luís Miguel Dias, 15 anos, 10.º ano, Escola Secundária com 3.º ciclo Sá da Beatriz Carvalhana, 15 anos, 10.º ano, Colégio de S. Miguel (Fátima), em
Bandeira (Santarém), em representação do Grupo 3 representação do Grupo 4
Notícias • Amnistia Internacional 27

A MELHOR ACTIVIDADE: “A da pena GRUPOS DE ESTUDANTES DA


de morte, porque tivemos mais pos- AMNISTIA INTERNACIONAL
sibilidade de interagir e de dar as PORTUGAL
nossas próprias opiniões... ao mes- (Coordenadores e emails/blogs)
mo tempo que tivemos de não dar
as nossas próprias opiniões [quan-

GRUPO 5 © AI Portugal
do representaram um país abolicio-
nista ou retencionista]. Aumentou o
nosso poder de argumentação.”
• GE DO COLÉGIO DE SÃO MIGUEL
(Fátima)
Sónia Oliveira: ai_csm@live.com.pt
• GE DO COLÉGIO DIOCESANO DE NOSSA
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “A festa com os Ritmical, que foi fantástico, e os SENHORA DA APRESENTAÇÃO (Calvão)
Ribombar.” Jorge Carvalhais: amnistia@colegiocal-
vao.org
O QUE APRENDI: “Primeiro aprendi o que é a Amnistia Internacional, que não sabia. • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
E também não tinha bem a noção como estavam as coisas no mundo. Não sabia ALBUFEIRA
muito sobre a pena de morte, sobre a pobreza,... São coisas em que nunca pensei Rosaria Rego: grupoestudantes_esa_
muito. Aqui fiquei com mais noção dos problemas actuais.” amnistiainternacional@hotmail.com;
Michelle Tomás, 16 anos, 10.º ano, Escola Secundária com 3.º ciclo Sá da Bandeira (Santarém), em grupodaesaai.blogspot.com
representação do Grupo 5 • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA ANTERO
DE QUENTAL (S.Miguel, Açores)
Fernanda Vicente: fpacvicente@sapo.pt
A MELHOR ACTIVIDADE: “A da pena • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
de morte, porque é um assunto ERMESINDE
polémico e obrigou a pensar noutras Maria Arminda Sousa: ai-ese@sapo.pt;
ideias. Tivemos de defender aquela www.ai-ese.pt.vu
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
que não é bem a nossa opinião
FERNÃO MENDES PINTO (Almada)
[ao representar um país abolicio-

GRUPO 6
Marta Reis: amnistia.internacional@
nista ou retencionista]. Aprendemos esfmp.pt
© AI Portugal a analisar vários pontos de vista.” • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA FILIPA DE
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “As VILHENA (Porto)
pessoas... Na escola estou com muito trabalho e nem sempre sou muito sociável. Carla Ferreira: carlafariaferreira@
hotmail.com
Aqui fiz novos amigos, de todo o país.”
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA MARIA
O QUE APRENDI: “Tudo o que falámos são coisas implícitas na vida, mas não pen- LAMAS (Torres Novas)
samos nelas porque temos uma vida boa. Não estamos nessas situações. Não so- Teresa Gomes: teresinha_mfrg@hotmail.
mos discriminados. Eu nunca senti isso na pele.... Também gostei muito da sessão com
sobre as favelas.” • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA SANTA
MARIA MAIOR (Viana do Castelo)
Rita Constantino, 15 anos, 10.º ano, Escola Secundária com 3.º ciclo Sá da Bandeira (Santarém), em
representação do Grupo 6 Cristina Soares: crisoaresd@hotmail.
com; amnistisiados.blogspot.com
• GE DA FACULDADE DE DIREITO DE
LISBOA
A MELHOR ACTIVIDADE: “O grupo Ana Matos Ferreira: nucleoai.fdul@
trabalhou muito bem, mas tendo gmail.com
que escolher uma actividade talvez • GE DO ISCTE
a do cartaz que tivemos de criar por Ana Monteiro: amnistiaiscte@yahoo.com
causa do 50.º aniversário da Am- • ReAJ-REDE DE ACÇÃO JOVEM
nistia. Era uma comemoração, uma Gonçalo Marcelo: redejovem.amnistia@

GRUPO 7
gmail.com; www.reajportugal.blogspot.
assunto mais soft, por isso estáva-
com
© AI Portugal
mos todos mais dinâmicos.”
O QUE NUNCA VOU ESQUECER: “As
pessoas. Já fiz colónias de férias, mas nunca tinha vindo para um Campo de Tra-
balho. É um contexto completamente diferente. Há uma maior seriedade e todos
conseguiram aliar a diversão ao trabalho sério.”
O QUE APRENDI: “Não houve nada que me surpreendesse demasiado porque leio Se ainda não existe um Grupo da Amnis-
muito sobre direitos humanos, mas gostei particularmente da sessão sobre a pena tia Internacional na tua escola, podes ser
de morte. As minhas expectativas foram superadas.” tu a criá-lo. Nós dizemos como... Escreve-
Ana Morais, 17 anos, 12.º ano, Escola Secundária 2+3 Filipa de Lencastre (Lisboa), em representação -nos para boletim@amnistia-internacio-
do Grupo 7 nal.pt ou telefona para o 213 861 652.
28 Notícias • Amnistia Internacional

BOAS NOTÍCIAS
ANGOLA Chegam agora boas notícias relativas a O tribunal não conseguiu fazer prova
JOSÉ FERNANDO LELO FOI LIBERTADO este caso: no dia 21 de Agosto Fernando do suposto encontro e baseou a sua
Lelo foi libertado, após ter sido absolvido sentença em declarações dos militares
de todas as acusações pelo Supremo Tri- obtidas sobre tortura. Em Setembro de
bunal Militar. 2008, Fernando Lelo foi condenado a 12
anos de prisão por “atentar contra a se-
Recorde-se que o jornalista tinha sido
gurança nacional” e “incitar a rebelião”.
preso em Novembro de 2007, no seu local
A Amnistia Internacional considerou o
© Amnistia Internacional de trabalho nos arredores de Cabinda, e
julgamento injusto e incoerente com os
mantido 90 dias numa prisão militar
No número 2 do “Notícias da Amnistia padrões internacionais de Direitos Hu-
em Luanda, sem que fosse formalmente
Internacional Portugal” foi lançado um manos.
acusado. Alegadamente teria reunido
apelo em nome de José Fernando Lelo, um com seis soldados, em Julho de 2007, Os nossos membros e apoiantes acredi-
angolano condenado a 12 anos de prisão com o objectivo de planear uma rebelião. taram que era possível ajudar Fernando
num julgamento injusto que decorreu no Em Fevereiro de 2008, o jornalista e os Lelo e juntos conseguimos. Após a liber-
Verão de 2008. A Amnistia Internacional soldados foram presentes a tribunal mili- tação, o jornalista agradeceu à Amnistia
considerou-o um prisioneiro de consciên- tar em Cabinda. Uma vez que Fernando Internacional e aos seus activistas.
cia, uma vez que foi detido na sequência Lelo nunca pertenceu às Forças Arma-
de artigos publicados nos quais criticava A todos, obrigado!
das, não deveria sequer ter sido julgado
o governo angolano e os processos de paz. neste tipo de tribunal.

IRÃO Na última edição do “Notícias da Amnis- propaganda contra o regime”. Parvaneh


MULHER DE MANSOUR OSSANLU tia Internacional Portugal” demos-lhe Ossanlu, mulher do activista, agradeceu
AGRADECE a conhecer Mansour Ossanlu, líder do à Amnistia Internacional o apelo lançado
sindicato dos trabalhadores da Compa- e informou que, graças aos mais de 9.000
nhia de Autocarros de Teerão e arredores postais enviados, Mansour Ossanlu pôde
detido em Julho de 2007. Este activista entrar em contacto com a família após
já tinha sido intimidado e perseguido pe- 20 dias de detenção em regime de inco-
las autoridades iranianas, devido à sua municabilidade.
ligação com sindicatos internacionais.
Obrigado a todos os que participaram.
Encontra-se agora a cumprir uma pena
Sem a vossa ajuda não teria sido pos-
de prisão de cinco anos por “acções con-
sível!
© Privado tra a segurança nacional” e por “difundir

PAQUISTÃO No número 4 do “Notícias da Amnistia dente Musharraf declarou o Estado de


AUDIÊNCIAS SOBRE DESAPARECIMENTOS Internacional Portugal” divulgámos o Emergência, suspendendo a Constitui-
FORÇADOS REABERTAS caso de Atiq-ur Rehman, um cientista ção e o Estado de Direito. Desde 1 de
paquistanês da Comissão de Energia Novembro desse ano que não se realiza-
Atómica que desapareceu no dia do seu vam audiências sobre desaparecimentos
casamento, a 25 de Junho de 2004. Atiq- forçados. Após os apelos lançados no
ur foi levado para parte incerta e a sua passado mês de Setembro pela Amnis-
família interrogada e aconselhada a não tia Internacional em nome de Atiq-ur, as
divulgar o sucedido. Os desaparecimen- audiências foram retomadas pelo Su-
tos forçados têm sido uma constante premo Tribunal do Paquistão no passado
no país, consequência da adesão do dia 16 de Novembro. Um avanço muito
Paquistão à “Guerra ao Terror” e de ten- importante.
tativas de oposição interna. Recorde-se
© Privado Obrigado pela sua ajuda!
que a 3 de Novembro de 2007 o Presi-
Notícias • Amnistia Internacional 29

APELOS MUNDIAIS
Na página anterior demos-lhe conta de casos que, graças à ajuda de centenas de pessoas conseguiram
ser resolvidos ou estão no bom caminho... Se cada um de nós enviar um postal, serão milhares a chegar
às autoridades. E esta é uma forma de pressão internacional que, muitas vezes, é eficaz!

Nesta revista, falamos-lhe de mais quatro pessoas que precisam desta mobilização mundial. Tudo o que
tem de fazer é enviar um postal.

CONHEÇA OS CASOS E PARTICIPE!


PARA TODAS ESTAS PESSOAS O ENVIO DE UM POSTAL PODE SIGNIFICAR O FIM DE UMA INJUSTIÇA E A
SI CUSTA MUITO POUCO.
30 Notícias • Amnistia Internacional

MOÇAMBIQUE
Homem inocente morto pela polícia

Julião Naftal Macule era um homem de negócios, de 46 anos, quando depois de dar en-
trada num hotel em Massinga, Moçambique, no dia 8 de Novembro de 2007, foi confun-
dido por um empregado com Agostinho Chauque, o criminoso mais procurado do país.
A polícia rodeou o hotel e 10 elementos da Polícia de Intervenção Rápida invadiram o
quarto de Julião, atingindo-o mortalmente. A força policial começou por anunciar que
tinha capturado e morto “o inimigo público número um”, mas quando os jornalistas
pediram para ver o corpo a polícia reconheceu que não era Agostinho Chauque. Ainda
assim considerou ter assassinado “um homem perigoso”.
No dia seguinte, a polícia contactou a família de Julião e deu-lhe conta do erro cometi-
do. Os familiares exigiram que fosse realizada uma autópsia, onde se concluiu que
Julião faleceu devido a uma hemorragia que teve origem no ferimento da perna es-
© Amnistia
© JavierInternacional
Verdin/ LA
querda. Nem a polícia, nem o Ministro do Interior, contactaram a família para pedir
desculpa ou oferecer alguma compensação.
Em Junho de 2008 o advogado contratado pela família para procurar justiça foi informado pelo Procurador-Geral que estavam a
decorrer processos criminais contra três polícias, sem esclarecer se estes estavam detidos ou suspensos das suas funções. Em Maio
de 2009 a mesma fonte disse à Amnistia Internacional que sete polícias estavam acusados pelo homicídio de Julião Macule, no
entanto, não houve mais informações.
Este crime deve ser investigado de forma completa e imparcial. Os culpados devem ser presentes a julgamento e a família informada
de cada etapa do processo. Junte-se a nós neste apelo!
Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)

ISRAEL/TERRITÓRIOS OCUPADOS DA PALESTINA


Inocente preso sem acusação ou julgamento

Khaled Jaradat foi detido no dia 3 de Março de 2008 pelas autoridades israelitas e le-
vado para a prisão de Ketziot. O Governo de Israel decretou a sua detenção administra-
tiva durante seis meses, mas esta foi renovada em Outubro de 2008 e em Abril de 2009.
Casado e pai de seis filhos, Khaled é professor de inglês numa escola secundária da
Cisjordânia, um dos Territórios Palestinianos Ocupados, e esteve envolvido em acções
de caridade, como a angariação de fundos para um hospital local.
As autoridades israelitas acreditam que Khaled Jaradat é membro da organização pa-
lestiniana radical Jihad Islâmica e é, por isso, considerado culpado de vários actos de
violência contra cidadãos israelitas. No entanto, os Serviços de Segurança israelitas
não apresentam provas da ligação de Khaled à Jihad Islâmica, o que impossibilita o
seu advogado de contestar a legalidade da detenção. Refira-se que a prisão adminis-
© ITF
trativa é decretada pelo Governo e não pelo poder judiciário.
Na primeira revisão da ordem de detenção, o juiz ordenou que a acusação apresentasse
uma queixa formal e decretou a libertação de Khaled. No entanto, o Exército recorreu e
© Javier Verdin/ LA ganhou, tal como aconteceu na segunda revisão da detenção. Até hoje a pena continua
a ser renovada.
Khaled já foi várias vezes detido por ordem do governo nos anos 80 e 90. Devido às constantes detenções, os seus filhos têm crescido
sem uma presença paterna regular e mesmo as visitas ao estabelecimento prisional estão agora proibidas.
Ajude-nos a libertar Khaled Hussein para que possa voltar para a sua família. Participe! Precisamos de si!
Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
Notícias • Amnistia Internacional 31

GRÉCIA
Ataque a líder sindical pode ficar impune

Konstantina Kuneva, de 45 anos, foi líder do sindicato das trabalhadoras dos serviços
de limpeza, defensora dos seus direitos e lutou para acabar com problemas laborais
resultantes da subcontratação de mulheres migrantes por parte de Empresas de Lim-
pezas e da elevada competição nesta área.
Como consequência do seu envolvimento em actividades do sindicato, Konstantina
Kuneva, também trabalhadora de limpeza e migrante oriunda da Bulgária, foi atacada
e queimada na cara com ácido quando voltava do trabalho para casa, em Atenas, a 22
de Dezembro de 2008. Passou vários dias em coma, perdeu a visão de um olho e sofreu
danos em vários órgãos vitais. Konstantina tem um filho a seu cargo e foi na tentativa
de lhe proporcionar uma vida melhor que se mudaram para a Grécia.
© Javier Verdin/ LA
A Amnistia Internacional lançou no Dia Internacional da Mulher, que se celebrou a 8
de Março, um apelo em seu nome para que fosse feita justiça. Foram entregues 22.000 assinaturas no dia 25 de Maio ao Ministro
Adjunto do Interior grego, que prometeu investigar o caso e levar os responsáveis à justiça.
O juiz encarregue do caso de Konstantina Kuneva decidiu no passado mês de Junho encerrá-lo, mesmo não tendo sido identificados
os agressores. A ordem foi enviada ao Procurador-Geral e este decidirá se o caso é encerrado ou se a investigação continua, com o
mesmo ou com um novo juiz.
Junte-se a nós num apelo urgente ao Ministro da Justiça grego, para que o caso não seja encerrado até serem encontrados os culpa-
dos. Não podemos deixar que este crime fique impune!
Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)

COREIA DO NORTE
Ex-agente raptado e detido por forças norte-coreanas

Kang Gun, um ex-agente secreto da Coreia do Norte, foi detido na província de Jilin, na
China, no dia 4 de Março de 2005, por agentes norte-coreanos. Tudo indica que terá
sido traído por um dos seus contactos, uma vez que quando foi detido seguia uma
pista. Kang Gun foi obrigado a atravessar a fronteira e ficou preso durante seis meses
na Agência de Segurança do Estado, em Chongjin, onde foi interrogado e torturado.
Posteriormente, foi levado para a prisão de Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
O prisioneiro nasceu e cresceu na Coreia do Norte, onde entrou para a Agência Nacional
de Segurança. No entanto, a grave escassez de alimentos que teve início em 1990 levou
Kang Gun a emigrar para a China. Mais tarde, mudou-se para a Coreia do Sul, país do
qual viria a tornar-se cidadão.
Em Fevereiro de 2004, Kang Gun entregou filmagens obtidas secretamente num esta-
© Javier©Verdin/
PrivadoLA
belecimento prisional político norte-coreano a uma estação de televisão japonesa. No
mesmo ano, iniciou acções de sensibilização sobre as violações aos direitos humanos
cometidas na Coreia do Norte e ajudou norte-coreanos a abandonarem o país, refugiando-se na Coreia do Sul.
A última vez que foi conhecido o seu paradeiro, Kang Gun continuava detido na prisão de Pyongyang, onde pode enfrentar tortura e
execução. Ajude-nos a libertar Kang Gun, para que possa voltar à Coreia do Sul, ou exigir que tenha um julgamento justo, segundo os
padrões internacionais, e que seja formalmente acusado de crimes tipificados na lei.
Participe! Contamos consigo!

(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
32 Notícias • Amnistia Internacional

Nesta edição do “Notícias da Amnistia Internacional Portugal” tornamos a apresentar uma análise da
situação financeira da secção portuguesa da organização
Por Departamento de Angariação de Fundos e Financeiro

RECEITAS E DESPESAS 2009


Apresentamos, mais uma vez, os valores dia todos os pagamentos a fornecedores JANEIRO A OUTUBRO DE 2009
totais de receita e despesa da Amnistia e ao Estado. As prioridades da AI nos
RECEITA € 588.696,07
Internacional (AI), correspondentes aos próximos meses serão: a campanha “Exija
primeiros dez meses de 2009, que reve- Dignidade”; diversas acções de Educação DESPESA € 489.649,98
lam um saldo positivo no valor total de para os Direitos Humanos e eventos de SALDO € 99.046,09
99.046,09 euros. Fruto da boa situação sensibilização relacionados com o tema
financeira da Secção, permanecem em da Violência sobre as Mulheres. TABELA 1 - Receitas e Despesas

CONSIGO VAMOS MAIS LONGE O objectivo deste empréstimo, por parte no funcionamento da Amnistia Interna-
UM PASSO IMPORTANTE PARA A SECÇÃO do SI, foi apoiar o financiamento inicial do cional Portugal.
Projecto “Face to Face” (F2F), favorecendo
Na sequência do empréstimo contraído Dada a situação financeira actual, a AI
o crescimento da secção e contribuindo
pela AI Portugal ao Secretariado Inter- Portugal pretende, até ao final de 2009,
para a sua autonomia financeira. O Secre-
nacional (SI, sede da AI em Londres) em liquidar a dívida congelada ainda exis-
tariado Internacional considera a amor-
2006, no valor total de 230.000 euros, foi tente (29.467 euros). Ficando regulari-
tização do empréstimo um passo muito
efectuada em Junho a quarta amortiza- zada esta situação, a Secção Portuguesa
importante para a Secção Portuguesa, do
ção, desta vez no valor de 25.000 euros, tem os seus compromissos financeiros
qual estamos bastante orgulhosos, pois
e por fim em Agosto a última parcela, no para com o Secretariado Internacional
este representa uma grande estabilidade
valor de 50.000 euros. totalmente saldados.

EVOLUÇÃO DE MEMBROS E
APOIANTES
Apresentamos no gráfico 1 o número de 14.000
12.239
membros e apoiantes activos da secção 12.000 11.378
portuguesa da Amnistia Internacional, 10.000 8.132
ou seja, as pessoas que mantêm o seu 8.000
donativo, com base nos registos à data 6.000 4.101
de 31 de Outubro de 2009. 4.000 1.777
Para a AI Portugal, tão importante como 2.000
inscrever novos apoiantes é continuar a Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 (até Junho)

informar e envolver as pessoas com quem


contamos todos os dias. É nossa priori- GRÁFICO 1: Número de membros e apoiantes activos, entre 2005 e Outubro de 2009.
dade valorizar quem nos apoia, transmi-
tindo a credibilidade e eficácia do trabalho
da AI em todo o mundo. Ao mesmo tempo, COM UM PRESENTE PODE
queremos saber a sua opinião. Envie-nos do projecto de rua “Face to Face”, con- MUDAR O FUTURO!
sugestões, ideias e comentários para tinuando a ser este a origem de 83% dos O Natal não ocorre só a 25 de Dezembro mas é (e
boletim@amnistia-internacional.pt apoiantes e membros da secção portu- deve ser) quando um Homem quiser. Lembramos,
Queremos saber de si! guesa do movimento. por isso, que pode comprar os seus presentes na
Amnistia Internacional e torná-los ainda mais es-
No gráfico 1 é apresentado o crescimento Em 2009, as equipas de colaboradores do peciais. Livros e Jogos Educativos, Mochilas, CDs,
do número de membros e apoiantes da Projecto “Face to Face” inscreveram mais Postais, Canetas e muito, muito mais, estão à sua
AI Portugal desde 2005. Entre as 12.167 de 2.500 novos apoiantes. A todos eles, a espera na Amnistia Internacional Portugal. Escre-
pessoas que actualmente apoiam a Am- Amnistia Internacional dá as boas-vindas va-nos para boletim@amnistia-internacional.pt
e agradece a iniciativa e o interesse! ou venha visitar-nos!
nistia, 10.083 inscreveram-se através
Notícias • Amnistia Internacional 33

AGENDA
DIAS DO DESENVOLVIMENTO PENSAR A EUROPA LEITURAS
A 21 e 22 de Abril de 2010 realiza-se a Desde o passado mês de Outubro que a
terceira edição daquele que é o único Europa Viva-Associação Europeia para THE UNHEARD TRUTH:
evento em Portugal que reúne organiza- a Criatividade e Solidariedade Social POVERTY AND HUMAN RIGHTS
ções e entidades que trabalham, como o está a promover o seminário “Saber Eu-
De Irene Khan,
próprio nome indica, na área do desen- ropa”, dividido em módulos. Para além W.W.Norton
volvimento social. Intitulado “Os Dias dos dedicados à música e à literatura, 256 páginas
do Desenvolvimento”, é uma iniciativa destacamos a “História da Europa” e o PVP: 13,99£ ou
do IPAD-Instituto Português de Apoio ao módulo centrado na “União Europeia”, 16,45€
Desenvolvimento que teve início em 2008 onde pode conhecer melhor a história da
e todos os anos se dedica a uma deter- instituição e a sua estrutura e divisão No ano em que a Amnistia Internacional lan-
çou a campanha “Exija Dignidade”, saiu para
minada temática. Em 2010 a proposta interna. Em Maio, a Europa Viva convida, o mercado, em Outubro, o livro The Unheard
é reflectir sobre “Cidadania e Desenvol- ainda no seio deste módulo, a reflectir Truth: Poverty and Human Rights, escrito
vimento” e mais concretamente sobre: sobre o multilinguismo e o pluralismo pela Secretária-Geral Irene Khan. Baseado
1) Comunicação e desenvolvimento; 2) cultural europeu. Junho será dedicado nas suas investigações e experiência pessoal,
a obra refere o problema da pobreza como
Conhecimento, capacitação, transferên- aos cidadãos e à opinião pública da sendo uma das piores crises de direitos hu-
cia de tecnologia e desenvolvimento e União Europeia. Cada módulo tem um manos no mundo. O livro está a venda no site
3) Democracia, Estado de direito, segu- custo de 45 Euros e inclui diferentes internacional da Amnistia, em http://shop.
amnesty.org/, ou nas livrarias Bulhosa.
rança e desenvolvimento. Uma oportu- conferências. Programa e informações
nidade única para pensar estas temáti- em www.europaviva.eu
cas e trocar ideias com especialistas TOME NOTA
de todo o mundo. Mais informações em
• 11 de JANEIRO
www.diasdodesenvolvimento.org
8.º Aniversário da Abertura do Campo de
Detenção norte-americano de Guan-
tánamo
• 27 de JANEIRO
Dia Mundial do Habitat e o Direito à Habitação Dia Internacional em Memória das
Por Gonçalo Miguel Miranda Pedro (FecoPortugal)
Vítimas do Holocausto
• 6 de FEVEREIRO
Dia Internacional de Tolerância Zero à
Mutilação Genital Feminina
• 20 de FEVEREIRO
Dia Mundial para a Justiça Social
• 8 de MARÇO
Dia Internacional da Mulher
• 21 de MARÇO
Dia Internacional para Eliminação da
Discriminação Racial
• 22 de MARÇO
Dia Mundial da Água
• 25 de MARÇO
Dia Internacional em Memória
das Vítimas de Escravatura e
do Comércio Transatlântico de
Escravos
34 Notícias • Amnistia Internacional

CRÓNICA
“DJUNTA MO”, Juntar das Mãos na Cova da Moura
Por Godelieve Meersschaert*

trabalharam no duro. Joaquim, pedreiro exclusão e promove um agir em confor-


e morador na Rua B, foi orientando e midade. A valorização da contribuição de
coordenando os trabalhos. Foram cres- cada um, o respeito pela especificidade
cendo os 22 degraus. de competências e do conhecimento de
cada morador, o estímulo da cooperação
A areia, brita, cimento e madeiras foram
proporciona uma sinergia que constrói
escassos, mas o espanto perante tanta
uma comunidade.
capacidade e trabalho de voluntariado
dos moradores da Cova da Moura moveu Por volta das 19h a Dona Fernanda, com
© Privado telefonemas e respostas condignas da o pé ainda no gesso duma caída na Rua
parte da Junta (chegou um pouco tarde: B, espreitou, aliviada, as obras: os mora-
uma hora de espera de 30 pessoas...30 dores da Cova da Moura deram a prova
horas). que o “djunta mo” move montanhas e
© Privado muda caminhos íngremes!
Foi um reviver da construção das ca-
sas na Cova da Moura, melhorado com
Desde os anos ’80 estavam projectadas
os conhecimentos e competências en-
as escadinhas na Rua B da Cova da
tretanto adquiridos! No “Djunta Mo” * Nascida na Bélgica, vive há 27 anos no bairro
Moura. Mas no bairro há muito para fazer do Alto da Cova da Moura e participa na luta pela
trabalharam idosos, jovens, pedreiros,
e as escadinhas iam ficando na gaveta qualificação do bairro. Os moradores da Cova da
carpinteiros, pintores, armadores de fer-
da autarquia. As quedas frequentes, as Moura construíram nos anos 80 a Associação Cul-
ro, um fotógrafo, empregadas domésti- tural Moinho da Juventude, que tem como uma
horas e dias no hospital com braço ou
cas, cozinheiras, amas… das suas traves mestras o empoderamento: o
perna magoada ou partida, proporcio-
desenvolvimento das capacidades e do poder de
navam lamúrias e zangas fortes, outras A estigmatização constante dos mora- participação activa nas decisões. Uma activi-
mais contidas. dores dos subúrbios provoca uma inte- dade essencial para pôr fim à marginalização e
riorização do negativo, da rejeição, da exclusão da população dos bairros sociais.
No quadro da “Cidadania Participativa”,
projecto da Associação Cultural Moinho
da Juventude com apoio financeiro do
Governo Civil e da CIG, moradores da
zona reuniram-se em Maio de 2009 para
operacionalizar o seu SWOT. Por una-
nimidade escolheram a feitura das es-
cadinhas como prioridade para a zona.
Fizeram cálculos de cimento, areia, brita,
madeira. Desenharem escadinhas e uma
rampa. Decidiram juntarem-se num fim-
-de-semana para a construír num “djun-
ta mo” (juntar das mãos). Pediram apoio
à Iniciativa Bairros Críticos, à Câmara
Municipal de Amadora. Conseguiram,
depois de diversas reuniões, a promessa
do material para a construção da parte
da Junta da Buraca.
No Sábado 3 de Outubro às 7h da ma-
nhã, a ama Lucinda e a Beba puseram a
grande panela na fogueira de lenha com © Privado
o feijão pedra. Mais de 30 moradores Moradores do bairro da Cova da Mora planeiam a construção de umas escadinhas há muito necessárias.
-
AJUDE-NOS A DEFENDER OS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO!

TORNE-SE
MEMBRO
DA
AMNISTIA
INTERNACIONAL

© AP/PA Photo/Khalid Mohammed © UNHCR/H Caux © AP/PA Photo/Halabisaz

TODOS OS DIAS, A TODA A HORA E A CADA SEGUNDO, SÃO VIOLADOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS
A Amnistia Internacional trabalha para acabar com todos eles
Ajude-nos a defender os Direitos Humanos no mundo!

PODE AJUDAR-NOS:
• Tornando-se membro (e passando a participar nas reuniões e assembleias da Amnistia Internacional Portugal)
• Tornando-se um apoiante regular
• Enviando um donativo esporádico
• E participando activamente nas actividades que lhe propomos durante todo o ano

TODOS OS MEMBROS E APOIANTES DA AMNISTIA INTERNACIONAL RECEBEM:


• Informação periódica sobre as Acções e Campanhas da Amnistia Internacional, nas quais pode participar
• A revista trimestral da Amnistia Internacional com notícias e reportagens relacionadas sobre as mais variadas
temáticas ligadas aos Direitos Humanos

CONCORDANDO COM A ACÇÃO DA AMNISTIA INTERNACIONAL:

1. Assinale uma das seguintes quatro opções: * 1. Autorizo a minha entidade bancária a debitar da minha
conta ao lado indicada, por sistema de débitos directos
DESEJO TORNAR-ME MEMBRO (SDD), a pedido da Amnistia Internacional - Secção Por-
Quota Anual: €40 €20 (Estudantes, Reformados e Desempregados) tuguesa, as importâncias indicadas e com a regularidade
indicada 2. Estou informado de que os débitos poderão ser
DESEJO TORNAR-ME APOIANTE
efectuados em datas distintas 3. A Amnistia Internacional
Quantia do donativo: €25 €50 €100 €250 Outro: apenas poderá alterar os montantes após uma informação
Regularidade do donativo: Mensal Semestral Trimestral Anual prévia 4. Irei informar a minha entidade bancária, por es-
crito, caso pretenda cancelar as instruções aqui indicadas
DESEJO FAZER UM DONATIVO PONTUAL 5. Tenho conhecimento de que, caso algum débito (efectuado
No valor de € por SDD) não cumpra as instruções aqui indicadas, terei 5
dias úteis para reclamar junto da minha entidade bancária,
QUERO APENAS A REVISTA TRIMESTRAL (poupando sobre o preço da capa) que me devolverá o montante em causa.
Assinatura por 1 ano (4 números) = 6 euros Assinatura por 2 anos (8 números) = 12 euros
** Dados de preenchimento obrigatório

2. Escolha a forma de pagamento:


Junto envio cheque nº (ou vale de correio) no valor de: €
Envie o cupão para:
Sistema de Débito Directo*: NIB (21 dígitos)
Número de Entidade: 100813 Referência: a preencher pela AI AMNISTIA INTERNACIONAL - Secção Portuguesa
Av. Infante Santo, 42 – 2º andar
3. Deixe-nos os seus dados pessoais 1350-179 Lisboa
** Nome: **Contribuinte:
** Morada:
** Código Postal: - Profissão: Data de Nascimento: / /
** Contacto Telefónico: Email:
Data: Ass.: PORTUGAL
A Amnistia Internacional
Portugal deseja-lhe
Boas Festas!
Obrigado por tudo o que tem feito pelos Direitos
Humanos e no próximo ano vamos continuar
juntos a iluminar o mundo.

EII;C#78H?=EDÁE;N?IJ;CIãDED7J7B
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