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Cecília Menezes – Direito Previdenciário

HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – AULA 1

Evolução da previdência social e da seguridade social no mundo:

Investigando a trajetória da proteção social no mundo, verifica-se que esta


passou da condição de amparo proporcionado por benemerência dos poderosos e das
instituições religiosas, de liberalidade das corporações em oferecer proteção aos seus
filiados, à condição de garantia individual do cidadão.

Inicialmente a cargo de instituições religiosas, de corporações de ofícios ou


dependente da discricionariedade dos governantes de plantão, a assistência aos
necessitados passa, a partir do século XVII, a ter status jurídico, com a publicação de
leis que determinam responsabilidade ao Estado de prestar assistência aos carentes.
A Lei dos Pobres, editada na Inglaterra em 1601, durante o reinado de Elizabeth I,
conhecida como “Poor Law” ou “Elizabethan Poor Law”, depois complementada pelo
“Poor Relief Act” de 1662, retirou da assistência aos pobres o caráter de caridade,
determinando ao Estado a obrigação de amparar os necessitados. A partir de tal
iniciativa, considera-se criada a assistência pública ou social, direito do necessitado e
dever do Estado.

A partir de 1883, foi instituído sistema de seguros sociais na Alemanha, sob a


iniciativa do chanceler Otto von Bismarck. Tal iniciativa visava garantir de forma
compulsória o pagamento de benefícios por parte do Estado, os quais consistiam em
substituição de renda quando presentes situações de risco decorrentes da perda do
trabalho assalariado. Tratava-se de uma inovação na área da proteção social.

Em 1883, foi instituído na Alemanha o primeiro seguro-saúde obrigatório.


Adiante, são aprovadas leis que garantem seguro contra acidente de trabalho (1884),
aposentadoria por velhice e seguro invalidez (1889), bem como auxílios familiares e
pensões. O custeio dessas prestações era feito por empregados, por empregadores e
pelo Estado.

Durante a Grande Depressão, surgiu de forma mais intensa nos Estados Unidos
a preocupação com a Seguridade Social. Nos anos de 1930, mais da metade da
população americana adulta se encontrava em situação de pobreza. As estimativas
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mais otimistas apontam que, em 1934, mais da metade dos idosos americanos não
possuíam renda suficiente para prover o próprio sustento. Tal realidade determinou a
necessidade de adotar medidas para mitigar os problemas sociais decorrentes da
crise de 1929.

A atenção inicial do governo americano, voltada para um plano de segurança


econômica, foi redirecionada para medidas que garantissem proteção social à
população por meio de seguro social, determinando a edição do Ato de Seguridade
Social como parte da política do “New Deal” e da implantação do modelo americano
do Estado do Bem-Estar Social.

Assinado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, em 14 de agosto de 1935,


o Ato de Seguridade Social abrangia vários programas de bem-estar social e de seguro
social, inclusive de garantia de seguro desemprego. Configurava-se essa medida em
tentativa de enfrentar riscos sociais tais como a pobreza dos idosos, o desemprego e
as dificuldades enfrentadas por viúvas e órfãos. O Ato de Seguridade Social garantia
aposentadoria a idosos, seguro desemprego e benefício de pagamento único para
viúvas em caso de morte do trabalhador

O termo “seguridade social”, utilizado desde 1935 nos Estados Unidos e desde a
década de 1940 em vários países da Europa, para designar um conjunto variável de
programas de bem-estar social e de seguro social, passou a ser utilizado no Brasil a
partir da Constituição Federal de 1988.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o economista inglês William Beveridge, foi


convocado para chefiar uma comissão com a tarefa de elaborar um relatório sobre a
seguridade social na Inglaterra. Do trabalho dessa comissão, resultaram dois
importantes relatórios, entre os quais o denominado Seguro Social e Serviços
Conexos, tratando de seguridade social, o qual não apenas se tornou elemento
importante na consolidação do estado do bem-estar social inglês como influenciou os
processos de implantação de sistemas de seguridade social em andamento no
restante do mundo.

No âmbito do Plano Beveridge, cujos propósitos mais importantes se


configuravam na universalidade (proteger a população do berço ao túmulo), na
uniformidade e na integração da proteção social, foram agrupadas medidas já
existentes, ampliados vários planos de seguro social, padronizados benefícios já
existentes e instituídas novas modalidades tais como seguro acidente de trabalho,
abono familiar ou salário família, seguro desemprego, auxílio funeral, auxílio

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maternidade, abono nupcial, benefícios para esposas abandonadas, assistência às
donas de casa enfermas e auxílio-treinamento para os que trabalhavam por conta
própria.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, prescreve, entre


outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. Assegura
o art. 25 da Declaração "todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e a sua família saúde e bem estar social, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à
segurança, no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos
de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle".

RESUMO DE FATOS IMPORTANTES NO CENÁRIO INTERNACIONAL

1601 LEI DOS POBRES (POOR LAW) INGLATERRA

1662 POOR RELIEF ACT INGLATERRA

1835 CAIXAS DE SOCORROS MÚTUOS FRANÇA

1883 INSTITUIÇÃO DO SEGURO DOENÇA, FINANCIADO ALEMANHA


COM BASE NO PRINCÍPIO DO TRÍPLICE CUSTEIO

SEGURO CONTRA ACIDENTES DE TRABALHO ALEMANHA

1889 SEGURO DE INVALIDEZ E VELHICE ALEMANHA

1917 UTILIZAÇÃO DA EXPRESSÃO “PREVIDÊNCIA” NA MÉXICO


CONSTITUIÇÃO MEXICANA

1919 UTILIZAÇÃO DA EXPRESSÃO “PREVIDÊNCIA” NA ALEMANHA


CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR

1935 ATO DE SEGURIDADE SOCIAL (SOCIAL SECURITY ESTADOS


ACT), COMO PARTE DO “NEW DEAL” UNIDOS

POLÍTICA DO ESTADO DO BEM ESTAR SOCIAL

1941/194 PLANO BEVERIDGE INGLATERRA


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