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J. J.

Gremmelmaier

Bonita 3?

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2019

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Autor; J. J. Gremmelmaier Normal encontrar um personagem de
Edição do Autor Guerra e Paz em Crônicas de Gerson Travesso, ou
Primeira Edição um Personagem de Fanes em Mundo de Peter.-
2019 Este escritor está somado a milhares
que surgiram com a possibilidade de produção
Bonita3? pessoal e vendas por demanda, surge criando
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte suas capas, seus universos, seus conteúdos sem
Gremmelmaier, João Jose 1967 se prender a regras editoriais, então verá histori-
Bonita 3? / Romance de Ficção /460 as as vezes calmas, diria infantis, como Wave, e
pg./ João Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR. / verá histórias violentas como Ódio, temos histori-
Edição do Autor / 2019 as que ele reuniu em Contos Reunidos, de apenas
1 - Literatura Brasileira – Romance – I – 20 paginas, como Amaná, ou historias de 5800
Titulo paginas como Crônicas de Gerson Travesso.
Indagado em 2018 sobre suas obras ele afirmava
85 – 62418 CDD – 978.426
que ainda tinha pelo menos 13 projetos ainda em
As opiniões contidas neste livro são dos
andamento para termina.-
personagens e não obrigatoriamente asseme-
Alguns autores se prendem a uma his-
lham-se as opiniões do autor, esta é uma obra de
toria, este parece viajar em uma gama imensa de
ficção, sendo quase todos ou todos os nomes e assuntos, mas tendo em sua estrutura, uma
fatos fictícios (ou não).
paixão pelo dialogo, se ele puder por um perso-
©Todos os direitos reservados a
nagem a explicar, ele o faz, evitando narrativas
J.J.Gremmelmaier
pesadas explicando o andamento, e mostrando
É vedada a reprodução total ou parcial que a historia sempre terá o entendimento
desta obra sem autorização do autor.
diferenciado de cada personagem.
Sobre o Autor;
Um autor a ser lido com calma, a mes-
João Jose Gremmelmaier, nasceu em 30
ma que ele escreve, continuamente.
de Outubro de 1967 em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia,
empresário, teve de confecção de roupas, empre- Bonita 3?
sa de estamparia, empresa de venda de equipa- Eu as vezes passo do ponto,
mentos de informática, e também trabalhou em e me perguntam, porque
um banco estatal.- tantas mortes, se não posso
Amante da escrita, da conversa jogada os matar pois a lei e feita
fora, das conversas intermináveis, tem uma para isto, mato em ficção.
verdadeira leva de escritos, em vários estilos, mas As vezes acho que historias são como são, não
o que mais se dedicou foi o fantástico. requerem explicação, vamos novamente por em
J.J Gremmelmaier escreve em suas ho- campo João Mayer, ele vai conquistar odios, e
ras de folga, a frente de seu computador, a algum diante disto, enquanto o economico se desenvol-
tempo largou a caneta. Ele sempre destaca que ve, o pessoal desanda. Vamos a mais um carnaval
escreve para se divertir, não para ser um acadê- ficcional.
mico, ele tem uma característica própria de
escrita, alguns chamam de suave, alguns de
Agradeço aos amigos e colegas que
despreocupada, ele a define como vomitada.
sempre me deram força a continuar a escrever,
Autor de Obras como Fanes, Guerra e
mesmo sem ser aquele escritor, mas como sempre
Paz, Mundo de Peter, Trissomia, Crônicas de me repito, escrevo para me divertir, e se conseguir
Gerson Travesso, Earth 630, Fim de Expediente, lhes levar juntos nesta aventura, já é uma vitória.
Marés de Sal, Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João
Ninguém, Dlats, Olhos de Melissa, entre tantas. -
Ao terminar de ler este livro, empreste a
Aos poucos foi capaz de criar um uni-
um amigo se gostou, a um inimigo se não gostou,
verso todo próprio de personagens. Uma coisa
mas não o deixe parado, pois livros foram feitos
que se enxerga com frequência em suas historias
para correrem de mão em mão.
é que começam aparentemente normais, tentan- J.J.Gremmelmaier
do narrativas diferentes, e sobre isto cria seus
mundos fantástico, muitas vezes vai interligando
historias aparentemente sem ligação nenhuma.
Existem historias únicas, com começo meio e fim,
e existe um universo de historias que se encai-
xam, formando o universo de personagens de
J.J.Gremmelmaier.

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©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Bonita 3?

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João troca de escola, enfrenta novamente os
mesmos inimigos, tenta fugir das explicações
básicas, e isto o afasta da verdade, e em meio
a alegorias, intrigas, vamos novamente a um
carnaval quente, Micaela assume o lugar do
irmão e enquanto todos olham para um lado,
alguns ainda tentam matar João.
Uma historia totalmente ficcional, que se pas-
sa em um mundo que gira em torno do carna-
val, no Rio de Janeiro.

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João Mayer estava a olhar o
mar, e sente aquela menina as
costas, ela ia ali as vezes.
— Continua se escondendo.
— Tinha de ter dado um
tempo para mim, mas encarei
como uma missão, e enquanto ela
não ficou pronta não parei.
— As vezes ideias geniais precisam ser apoiadas, mas as vezes
não entendo meu pai.
— Ele tem ciúmes e quer cuidar para que a filha dele não caia
na lábia de um velho como ele.
— Você não é tão velho assim.
— Como vão as empresas?
— Gabriel não ficou para cuidar.
— Então sabe que não estou tão escondido assim.
— Douglas diz que você está por perto, mas não vai lá.
— Sabe que se for, seu pai apenas dá minha posição, já chega
que tenho de ir ao julgamento da semana que vem.
— Vai encarar?
— Sim, talvez tenha de vender o pouco que tenho para pagar
uma multa, que não acredito dever.
Micaela viu que ele se afasta, as vezes o toque simples, rápi-
do, aliviava o peso, mas ela viu que ele evitara se aliviar dos pesos
assim nos últimos meses.
João sabia que o ultimo ano foi de processos, perdas, e mais
processos, só faltava o processarem por não ter morrido.
Micaela volta a criação de Camarões, viu seu pai lá, ele pare-
cia querer achar algo ali, mas era apenas uma sequencial produção,
todo dia, 5 tanques tirando camarão, o fundo do terreno onde um
dia foi um cemitério clandestino, estava entregue ao mangue que
tomava a região agora.
— Achei que era brincadeira quando falou em produzir cama-
rão quase industrialmente.
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— Sei que todos pensaram isto, mas hoje temos até um con-
têiner que sai diariamente do porto para a Europa.
— E pelo jeito deu um jeito na região do cemitério.
— Oficialmente aquilo nunca foi um cemitério pai, apenas
deixamos ele como era, na parte baixa do terreno, e o mangue co-
meça a tomar conta.
— Dizem que transformou o lugar em uma fabrica, e vejo que
não é muito diferente disto.
— A cada 6 dias, um tanque de lambaris, a cada 4 meses, 10
de Tambaquis, na região de Angra dos Reis, estamos abrindo um
tanque de camarão Rosa, aquilo que queria criar aqui e me alerta-
ram que tinha metal pesado na água.
— E lá que estava antes?
— Sim, estão abrindo os tanques, ainda vai 6 meses para co-
meçar a produzir, mas se não olhamos de vez em quando, não fun-
ciona pai.
— E o seu sócio aqui?
— Uma pergunta que ainda me faço, nem sei se ele volta,
qualquer dia aparece para pegar seu pedaço e sumir de vez, mas
como foi projetado, funciona realmente como uma fabrica, a vanta-
gem é que quando abrir a parte em Angra, poderemos por Maris-
cos, Ostras, e Mexilhões.
Micaela olha em volta e fala.
— A policia ainda observa de longe.
— Acabou tocando o que eles não queriam que você tocasse.
— O não matar pai, deveria servir a todos, mas sabemos que
alguns tem permissão de nos matar e somos culpados por ter mor-
rido, mas eles parecem querer ter certeza que não avançaremos
para onde não nos querem.
— E não vai mesmo avançar para lá?
— Pai, as partes baixas estamos plantando arvores, palmitos,
frutíferas, pois as aguas a volta, estão todas contaminadas, não me
adianta achar que tenho uma produção e estar com toda ela con-
taminada.
— Certo, você quer qualidade.
Micaela olha o pai, ele queria algo.

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— As vezes acho que tinha de afastar o rapaz, as vezes, sinto
que afastamos alguém que sabia ganhar dinheiro, assim como ini-
migos, eles acabavam respeitando mais.
— O senhor escolheu pai, ele fez o carnaval que colocou o de
Joaozinho no passado e o pôs para correr.
— Nada coloca o de Joaozinho no passado.
— Acho que é o contrario, o passado tem seu charme por não
ter como ser contestado, enquanto o futuro sempre é impreciso.
— A ideia que ele teve, nos rendeu apenas duas apresenta-
ções a mais, na volta do segundo, o transporte detonou parte das
alegorias, e para caber na cidade do samba, tivemos de desmontar
tudo.
Micaela olhava ele como se perguntando-se o que ele queria,
ela sabia que ele queria algo, ver auras gera estas coisas.
— Não vai falar de uma vez o que quer pai?
— Ele não está por aqui, pensei que você o escondia por aqui.
— Douglas disse que ele tem de estar semana que vem por ai,
para o processo em primeira instancia da Estácio.
— Não se afasta mesmo daquele policial?
— E nem me aproximo.
Roberto sai, olhando os rapazes tirarem com cuidado os ca-
marões de mais um tanque, eram tanques para todos os lados, mil e
vinte e quatro tanques com subdivisões, então olhando desatento
pareciam mais de 5 mil tanques de 50x10 metros.
Aquilo era um emaranhado de tanques e cuidadores, algo
que nunca pensou em fazer e sua filha de 16 tocava como uma em-
presaria, algo que todos na cidade mesmo tentando não falar, a
chamavam de empresaria.

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Quando João surgiu no fó-
rum naquele dia de Julho, muitos
olham para ele, começava a apa-
rentar alguém normal, corado, o
advogado olha ele e o mesmo
ouve as denuncias em silencio e
deixou o advogado desenrolar a
defesa.
João falou o mínimo, se no outro lado estava Seguranças, es-
tava o presidente de uma escola, estava o antigo Carnavalesco, João
não envolveu ninguém do lado de cá, apenas dados, já que ninguém
conseguira provar que ele estivera lá.
João ouve a condenação em primeira instancia, ele apenas
pediu para recorrer, assim como das multas.
João estava saindo quando Zanon para a sua frente e fala.
— Não vai se defender mesmo?
— Se querem o dinheiro podre, pois é dinheiro por dinheiro,
perdem meu respeito, não preciso me defender.
João pede licença e sai, Hélio para ao lado de Zanon e pergun-
ta serio.
— Acha que ele teria como se defender?
— Sabe que sim Presidente, mas ele escolheu o caminho, e se
o juiz ali não ouviu a defesa, foi por ser seu amigo, sabe disto, mas
instancias para cima, saem mais caras para comprar juízes.
— Não entendi.
— Senhor, ele oferece ajuda, estrutura, o chassi que disse
que foi sabotado, então se ele o fez, ou se presume que todos os
carros pifariam, ou não se presume nada.
— Ele sabotou.
— Eu nem sabia onde estava aquele carro até ele me ligar, es-
te seu segurança ai não deixou o rapaz da organização nos ligar, e o
rapaz da organização nem foi chamado a depor, mas ele escolheu
ficar quieto, sinal que tem algo ai que ignoramos.
Hélio olha para o segurança e saem.
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Zanon vai a Beija-Flor, estavam prestes a anunciar o enredo
do ano, e começaria a correria.
Ele olha João sair com o Landau ao fundo, todos poderiam di-
zer que era um carro de pobre, mas para ele, João estava fazendo
uma marca, não um nome.
João chega a casa que fora dos Rocha, agora sua, as proprie-
dades que primeiro pensara em transmitir para a empresa, com a
morte de sua es, passam a ser passadas para ele, senta-se a sacada
para fora e viu a policia federal fechar a rua.
Douglas faz sinal para ele que abre o portão, os policiais en-
tram, mas a poeira estabelecia que ele não estivera ali a algum
tempo e o olhar dos dois se cruza.
— Voltou?
— Apenas iria dormir antes de sumir de novo, fiz algo ilegal
Delegado?
— Esta casa em seu nome, é um bom começo.
— Estará na minha declaração de renda do ano que vem, não
na deste ano, pois não estava em meu nome.
— E como se compra algo de um morto?
— Quem manda o morto não ter coisas em seu nome, e
quem estava com isto no nome, ter vendido.
— Sabe que se bobear lhe pegamos.
— Sei disto Douglas, é mais fácil me pressionar a ir contra os
amiguinhos, mas veio fazer uma operação, a vontade.
Os rapazes olham para a casa, reviram e um fala.
— Vazia senhor.
Outro entra pela porta e fala.
— Apenas o carro dele na garagem.
Outro sai da cozinha e fala.
— Sem mantimentos senhor.
— Apenas tendo a certeza de que não escondia alguém aqui.
— Alguém?
— Sei lá, já vi ela aqui.
— Um dia a vai perder Douglas, por não assumir o que sente.
— Ela é uma criança.
— Quem dera na ralação a dois, apenas Sexo fosse o impor-
tante, criança para sexo, mas é uma empresaria de mão cheia, e
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tem inteligência, se não fosse um traste, que afasta tudo, olha que
olharia para ela, mas como já disse para ela, eu sai da cidade, pois
todos que estivessem perto, seria como Moreira fez em Curitiba,
matou minha filha e minha es, e ainda a policia me acusou.
— Acha que ele tentaria de novo?
— Sabe que se matar ela fosse fácil Douglas, ela já estaria
morta.
— Sei, ela tem coisas que a defendem, Moreira nem viu isto
ainda.
— Covardia de Deus o ter transformado em um Imortal.
— Dizem que você acabou com quase toda a raiz dele.
— Acho que não vou confessar com você Delegado, prefiro
um padre, atrás de um confessionário, sem saber o rosto dele, e se
considerar que entrei em uma igreja apenas para meu casamento,
não mais que isto, nem a igrejas sou chegado.
Os rapazes saem e o investigador fala.
— Ele não está morando ai.
— Sei disto, mas pelo jeito ele voltou a cidade.
— Não entendi o como ele manteria isto ai.
— Ele é o sócio da menina dos David, naquele lugar que tira
camarão dia sim, outro também.
— E isto geraria quanto?
— Mais de 700 mil liquido, por mês, apenas a parte dele.
— E ele comprou isto com este dinheiro?
— Ninguém sabe o que ele fez, mas ele ganhou outro milhão
no montar do carnaval campeão da Beija-Flor o ano passado, ele fez
tanta coisa em 6 meses, que teremos de analisar se foi somente
coisas legais.
— Pelo jeito é pessoal o problema.
Douglas não respondeu, saíram dali.
João sai a caminhar, e chega a Pensão da Marta e olha Ro-
dney na recepção, sorri e fala.
— Vamos retomar os negócios Rodney.
— Quantos planos deixados na gaveta.
— Bom ver que alguém está cuidando disto.
— Preciso de recursos, mas vi que as vezes que tivemos pro-
blemas o pessoal do trafico afastou o pessoal.
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— Quando se fala que Rodney de Parintins, é um protegido
do Comando Azul, eles ficam tensos.
— Nunca fui traficante João.
— Sei disto, mas tem coisa difícil de ser explicada, e como es-
tão as coisas?
— Calmas.
— Jesse está onde?
— Está regendo as cortinas do Teatro Municipal.
— Prontos para começar a falar daquele assunto?
— Vai voltar ao carnaval?
— Eu, você, Jesse e quem quiser algo bom.
— E com que recursos?
— Estamos com uma empresa funcionando Rodney, mesmo
que ninguém a veja funcionando, mas e dai, já lhe chamaram?
— As montagens começam a partir de agora, sabe disto.
João viu a mais nova entrar e abraçar o pai.
— Amigo pai?
— O dono do lugar.
— Temos de sair?
Rodney olha João que fala.
— Não, apenas tem de cuidar com a vizinhança.
— Eles são gente de bem. – Rodney.
— Não falei dos ao lado, e sim os ao longe. – João olhando a
cidade a frente.
— Voltou?
— Pensa em alguém que fez tudo para tentar um caminho
para seguir, e uma denuncia de um bêbado, me transforma em um
sabotador.
— Eles não lhe conhecem.
— Mas irei carregar isto, eles pré-julgam e não tenho para
onde voltar Rodney.
— E vai fazer o que?
— Começar a semana que vem entregar as plumagens, em-
bora elas sejam montadas em Fevereiro.
— E vai remontar a empresa.

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— Eu me afastei para me cuidar Rodney, vi como a chance de
o fazer, se ainda olham parar meus braços hoje, como alguém es-
tranho, sei como era quando voltei dos mortos.
Rodney faz o sinal da cruz e sorri.
João olha para a Cidade do Samba e desce a ladeira. Chega a
portaria e o presidente da Imperatriz o recebe a porta.
— Veio conversar, pensei que nem viria?
— Ouvir uma proposta, sei que conseguiram pregar em mim
uma imagem que não adianta me defender.
— E como está, pois nem todos absorvem as criticas.
— Juro que se me chamarem a desentalar um carro o ano
que vem, chego como o fosforo.
— Não faria isto.
— Pensa em você ajudar, e tudo mesmo assim dar errado.
— Eles chegaram em segundo, tinham de achar um culpado.
— Verdade, se o carro não tivesse chego, seriam quinto e na-
da teria eu de culpado.
— As vezes temos de dizer não.
— Uma dica?
— Não, nem sei se quer assumir o carnaval deste ano.
— Qual o tema?
— Isto que queremos discutir, você assumiu carnavais, mas
todos eles, você cumpriu um caminho, mas gostaríamos de algo
como o que fez na Beija-Flor, algo que poucos viram, só quem via de
frente você entrar e sair, ordenar, montar, o meu montador princi-
pal, disse que Franco o ano passado pressionou todos porque você
não tinha terminado o carro, você chega no barracão e apenas mon-
ta e envelopa o carro 15 dias antes do desfile.
— Eu não tive um bom ano, mas teria uma ideia de enredo?
— A ideia era falar sobre a miscigenação de um povo.
— Uma ideia ampla ou fechada?
— Porque acha que dá para fazer aberta.
— Porque não existe povo puro, todos falam que fomos mis-
cigenados a força, mas todo o planeta foi, não somos uma espécie
por sermos bons, e sim por sermos hormonais.
— E acha que daria um enredo?

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— Gosto de coisas mais fechadas, mas não me nego a algo
aberto senhor.
— E tem compromisso para o ano?
— Não, não tenho.
— Estamos lhe propondo a direção do Carnaval de 2020 João.
— Tenho de dizer que estou surpreso, esperava algo mais bá-
sico, mas posso montar minha equipe a somar no conjunto maior?
— Deve, pensou em alguém?
— Rodney e Jesse.
— Certo, os responsáveis pelas esculturas vivas, aquilo o ano
passado pegou pesado.
— Sim, teria de verificar se Nuno estaria livre, e falar com al-
guns investidores.
— Entra como investidores?
— Sim, acha que um carnaval como o do ano passado se
monta sem dinheiro senhor?
— Não, mas tenta manter os pés no chão, temos recursos
nem tão grandes assim.
— Quanto senhor?
— 12 até agora.
João olha o senhor desconfiado e ele fala.
— Para os carros, não para o todo.
— Certo, posso usar meu sistema de plumagem? Contratar
alguém? Salários como o de Rodney e Jesse não são baratos.
— Sim, o luxo do ano passado foi encantador. Entendo que
não quer tirar do bolso o salario de colaboradores, mas tenho de
saber se conseguimos os absorver.
— Tenho de pensar Presidente, temos de ter um enredo, te-
nho de achar uma meada para puxar, miscigenação é um bom as-
sunto, mas difícil de passar a frente.
João olha para o senhor como se pensasse.
— O que pensou, teve uma ideia?
— Tenho de pesquisar, mas o ano passado, o carnaval da Bei-
ja-flor foi baseado na língua, o nosso tupiniquim, agora provavel-
mente vai se basear no povo, não sei quem se manteve do ano an-
terior?
— Quase toda a estrutura.
13
— E tenho de dizer presidente, que eu ainda apoio a Alegria
da Zona Sul, espero não ter problemas com isto.
— Grupo A, não vejo problemas. Acha que precisa de quanto
tempo para determinar o enredo?
— Tenho de falar com compositores, o pessoal da comissão
de frente, a bateria, e ver se temos como dispor de algo, sei que
nem todos anos serão como o ano passado.
— Sei disto, pois bater um carnaval como aquele da Beija-
Flor, que deve ficar entre os melhores da historia, fica difícil.
— Vou conversar com alguns e apareço amanha presidente.
O senhor sai e um rapaz chega ao lado.
— Quem é o rapaz?
— O nosso carnavalesco do ano.
— Não conheço.
— João Mayer lhe diz algo?
— O sabotador?
— Sim, o que acusam de ter sabotado uma escola do grupo A,
mas o melhor desfile do grupo A chegou em terceiro, e todos sabe-
mos porque.
— E o que ele vai trazer para a escola?
— Começamos hoje, mas ele disse que queria falar com al-
guns antes.
— Uma equipe?
— Sim, mas pessoas a somar, não o contrario.
João dirige até o bairro do Estácio, estaciona na frente do Fer-
ro velho, entra e olha Silva.
— Como estão as coisas Silva?
— Apareceu, o que precisa.
— Saber como estão as coisas?
— O lugar tem mais frequência, mas foi o tempo dos ferro ve-
lhos da cidade.
— Ainda tem aquelas carcaças?
— Vai querer quais?
— Os dois Impalas e a Rural.
— Vai voltar a ativa?
— Devo ter uns 3 carros que são apenas poeira, mas hora de
abrir os barracões e recomeçar.
14
— Dizem que aquele Roberto ficou puto da cara quando sou-
be que tinha vendido aquilo.
— Eu não vendi, apenas coloquei no nome de alguém que
não vai reclamar se usarmos.
— E porque não reclamaria?
João não respondeu, ele colocara no nome da filha, mas ela
morrera na sequencia.
— E entrego onde?
— No meu barracão lá, não quer retomar lá?
— Acha que aquele Roberto não vai reclamar?
— Vai ser o barracão extra da Imperatriz este ano.
— Certo, então quem estará lá?
— Estou falando com a Chatuba, que quase fechou o ano pas-
sado, a Alegria, que assume o barracão que a União da Ilha usou o
ano passado, dá para apoiar mais alguém, já que a Estácio não quer
apoio.
— Pensou em quem?
— Caprichosos.
— Ela não subiu?
— Sim, mas tem recursos para pagar aluguel, alguém precisa
nos gerar entrada.
— Sempre pensando no bolso.
— Sim, mas se quiser o espaço, apenas reabrimos lá, ou abro
meu ferro velho lá.
— Comprou alguma coisa a mais?
— Basicamente a estrutura em ferro de um em Curitiba que
estava fechando.
— Quer um sócio? – Silva.
— Foi o que propus o ano passado, não topou Silva.
João sorriu e vai a sede da Alegria e olha Marcos que fala.
— O sumido apareceu.
— Hora de começar o carnaval do ano que vem.
— Vai entrar com o que este ano.
João estica a chave e fala.
— O barracão que o ano passado estava a União da Ilha.
Marcos sorri e fala.

15
— Bom saber que temos onde começar, pensei que tinham
vendido, sabe do que falo.
— Os David pressionaram todos pois queriam comprar, então
tive de fazer de conta que havia vendido.
— E ele não vai reclamar?
— Não gosto de ser pressionado, mas onde vocês estavam
vou emprestar a uma escola do grupo D, e tenho de falar com o
pessoal da Caprichosos, eles querem algo a mais, não entendi, estou
com o espaço da Estácio, abandonado lá.
— E vai voltar para a Beija-Flor.
— Não, este ano vou de Imperatriz.
João sai dali e passa no Municipal e pede para falar com Jes-
se, que estranha quem estava a sua sala.
— Voltou?
— Sim, como estão as coisas Jesse?
— Olha que pensei em outras pessoas vindo me procurar.
— Não vim pedir emprego Jesse, vim perguntar se quer as-
sumir a parte de movimentos do ano da Imperatriz.
— Tenho de verificar, sabe que somos uma família na Beija-
Flor, sei que lhe chamaram para dentro e depois o chutaram, mas
eu tenho de verificar antes.
João sorri e fala.
— Pensa, apenas é um convite meu, não da Imperatriz, vou
convidar Rodney também, e não precisa antecipar nada, eu apenas
estou tentando de novo, mas se precisar, estou no telefone antigo.
Jesse viu João sair e o diretor do Municipal olha Jesse e per-
gunta.
— Mais um amigo querendo emprego?
— Não, João foi a surpresa e o culpado de tudo que deu erra-
do o ano passado, um gênio nem sempre se dá bem no primeiro
endereço, mas é bom ver ele de novo.
— Não conheço.
— Está mais corado, parece mais vivo agora.
O diretor não entendeu, mas não teria como perguntar.
João convida naquele fim de dia, Rodney e Nuno e volta para
a casa que pela primeira vez teve vontade de montar.

16
Franco viu João conversar com o presidente da Imperatriz e
olha para Sergio.
— João voltando, pensei que Roberto o chamaria de volta.
— Gênios não se ameaça Franco, eles pulam fora.
— Roberto acabou discutindo com a filha, a única que mante-
ve o rapaz como sócio, mais por não ter como comprar as terras
dele do que por outro motivo.
— E o que olhava Franco? – Sergio.
— Ouvi que Drumond acaba de convidar João Mayer para to-
car o carnaval de Imperatriz.
— Ele veio como carnavalesco?
— Não é oficial ainda.
— Pelo menos ele não desistiu do carnaval Franco, o show é o
importante.
Franco olha para fora e fala.
— Vamos retomar quando?
— Estamos definindo o enredo tarde este ano.
— Certo, muitos falam do desfile deste ano ainda, então en-
tendo que o peso está grande.
— Este Zanon parece com ideias estranhas. – Sergio.
Franco sorriu e fala.
— Sei que tira de letra, lembro da sua primeira impressão de
João do ano passado.
— Eu o chamei de imaturo, lembro.
Gabriel olha o telefone e pensa se tende.
— O que quer João, me deixou como bobo uns meses.
— Quer conversar?
— Onde?
— Minha casa no Irajá.
— Voltou?
— Querendo saber o que você fez, pois eu deixei um império
a tocar e apenas deixou desandar.
— Vai ainda me culpar.
— Querendo conversar, sabe onde estou.
João contrata uma empresa de limpeza e começam a ajeitar a
casa, um grupo chega lavando tudo e depois vieram os pintores.
O trocar de roupas, de moveis, demoraria um pouco.
17
Começava a anoitecer quando Gabriel passou ali e viu que a
segurança era feita pelo grupo de sua irmã, desconfiou de ter en-
tendido as coisas erradas.
— Voltou?
— Gabriel, era para tocar, não para ficar esperando eu olhar,
pensei que entendia daquilo.
— Parte ainda funciona.
— Sei, a parte tocada por Pedro do Tabajara, mas e dai, nem
colocou a empresa de transporte para funcionar.
— Não sou de ficar num escritório.
— Então temos um problema, nem eu.
— E o que quer, que aparece agora, por 3 meses sumiu.
— Eu quero saber se temos uma empresa, ou se vendo tudo,
pois está no nome da empresa que temos, meio a meio em bens
que eram do Rocha.
— Quer vender?
— Não, mas se não vai tocar, se não deu certo, tenho de pen-
sar em algo para fazer com isto.
— Vai voltar a Beija-Flor?
— Roberto não me quer lá, Ricardo até me ligou, mas para di-
zer que não era mais da família, então não é meio do caminho, é
fora, acabo de firmar com a Imperatriz, mas acho que vou de apoio,
ainda não falei como o Cauê.
— E quer saber o que vamos fazer?
— Sim, é o que quero saber.
— Parte tive de alocar, pois não deixaria abandonado, mas
parte nem sei onde fica, e não olhei, a policia me perguntou como
estava com tantos bens.
— Não está.
— Sei disto, mas eles olham a procedência.
— Sei disto, mas olhar, provar, deduzir, mesmo assim, não
transforma em crime.
— Sonegação.
— Quando tiver de declarar, eu vou declarar Gabriel, mas eu
não iria dar a seu pai algo, apenas porque ele, que tem muito mais,
queria, você achava que deveria fazer, então a pergunta, vamos
ainda ser sócios ou não.
18
— Nem entende o quanto é complicado esta empresa.
João sorri, a criança maior era a menos competente, ele olha
o rapaz e fala.
— O que não entende Gabriel?
— As entradas de capital?
— Tens uma empresa que exporta, entre em Dólares, 25 car-
gueiros de grãos e 50 de contêiner, eles giram o mundo, tens uma
empresa que tem 6 mil caminhões, que parece muito, mas no país
nem faz cocegas, tem uma linha de guindastes de alta performance,
todos em contratos específicos, 22 barracões locados, qual a com-
plicação disto Gabriel?
Gabriel olha como se não tivesse noção daquilo e ouve.
— Quer vender sua parte Gabriel?
— Nem sei quanto vale.
— Vou oferecer a sua metade por 22 milhões, venderia por is-
to? – João serio.
— Se alguém pagar.
— Considere vendido, apenas tenho de erguer o dinheiro e
transferir a sociedade assim que você receber o dinheiro.
— Não vai me querer como sócio?
— Não quer sociedade Gabriel, quer o status, você parece
mais que sua irmã, ela vai faturar mais de 22 por ano no que mon-
tamos.
— Ela vai comprar?
— Não sei, oferecerei a 3 pessoas, se quiserem, vamos tocar.
— Sei que não gostou da minha posição, mas é meu pai.
— Ele me mataria e teria de entender que era seu pai, des-
culpa, não gosto de morrer.
Gabriel viu João passar para ele a permissão de venda da sua
parte e saiu pela porta.
João sente o cheiro as costas e fala.
— Vai ser minha sócia nisto também? – Joao sem olhar para
Micaela.
— Não entendo disto, mas o que precisa.
— Você que conhece, pergunta se Pedro do Tabajara não
quer 33% do que estava em nome de Gabriel, fala que o preço é 22,

19
pelos 33%, você assume outros 33% e tem de me apresentar este
tal Rodrigo, que vai ter outros 33%.
— E vai ficar com 50%?
— Sim, vou ficar com apenas 50%.
— E quer Pedro nesta sociedade?
— Ele entende disto, e dizem que ele precisa ter confiança
nesta parceria, para trazer mais operações, então nada como ele
dentro para garantir duas coisas, Moreira longe, ele com mais força
dentro.
— E quer tirar Rodrigo da sombra?
— Não, apenas ele com parte, não precisa aparecer, mas as
pessoas tem de começar a ter algo, para quando ele for comprar
algo, não ter sempre alguém olhando a procedência do dinheiro.
— Certo, legalidade é bom para desviar os olhos, e ainda for-
ça todos os olhares verem como parte da estrutura do CA.
— Não tinha ainda pensado nesta parte, já que parece o mais
perigoso neste acordo.
— Acha que Pedro topa?
— Propõem, estou aqui para estabelecer o que é a empresa,
que seu irmão nem entendeu o tamanho.
— Ele está dando a empresa, é o que está dizendo?
— Estou dizendo que ele não fez esforço para a ter, então sair
com 22 parece para ele uma fortuna.
— E porque não seria.
— É menos de 10% do que temos em caminhões na empresa
menina, é só olhar os dados, vendemos isto de frete mês, ele não vê
porque não quer, um navio contêiner carrega 40 milhões de dólares
por viagem saindo daqui.
— Certo, um mercado imenso, você quer a estrutura, ele quer
o dinheiro, entendo que o que vi foi reinvestimento de todos os
recursos dos últimos 4 meses, ele pensou que não estava entrando
dinheiro, talvez isto que o desmotivou.
— Ele saiu sorrindo pelo trocado menina.
— 22 não é trocado.
— Propõem o preso para Tabajara, não esquecendo, que está
oferecendo 16% da empresa a este preço.
— Certo, e se ele perguntar quanto vale.
20
— A empresa, vale pelo menos três vezes isto, pelo menos
mais que isto, se ele perguntar porque estão vendendo então, por-
que seu irmão não entende disto, e quer torrar e não pode deixar
cair na mão de qualquer um.
— Certo, nem eu entendi toda a confusão destes documen-
tos?
— Criamos nossa empresa para absorver os navios que esta-
vam em nome de Rocha e começamos a operar, oferecemos os
caminhos a Tabajara que nos disponibilizou carga para operar e em
4 meses, temos quase nada, 3% do movimento do porto local, ape-
nas.
— E fez sentado em Angra?
— Olhando a Usina ao fundo e pensando se todos os meios
de segurança estavam realmente operantes.
— Acha que não?
— Brasil me põem medo, como poucas coisas neste mundo.
Micaela sai e no fim da tarde, ela recebia Pedro numa cober-
tura que comprara para ela, mas que nem o pai sabia.
— Sabe que estranho tratar com você menina.
— Me mandaram lhe oferecer Pedro, meu irmão entrou na-
quela sociedade com Mayer, deve saber do que falo?
— Sim.
— Rodrigo me contatou para comprar a parte do meu irmão,
em três partes, pois ele está torrando, e não podemos falar que ele
está vendendo Pedro.
— Porque?
— Estou lhe oferecendo 16,6% da empresa Pedro, por 22 mi-
lhões, e me diz, se quer.
Pedro olha a menina, faz um calculo por alto e fala.
— Ele não tem noção de quanto vale?
— Mayer que criou a empresa, era para meu irmão tocar,
mas quando retornou ontem, viu que se está funcionando, é por
você estar ali, Carlinhos no transporte, e Rodrigo dando segurança.
— E se souberem compram pois é dar a empresa, seria isto?
— Sim, sabe quanto vale cada cargueiro daqueles Pedro.
— Entendi, o preço que deveria ser oferecido em bilhões,
sendo oferecido por menos, mas porque o sócio não comprou?
21
— Ele me olhou e falou.
— Pedro com 16% devem passar a acreditar na empresa.
— Certo, puxando os parceiros para dentro, nem entendi co-
mo alguém compra tudo aquilo.
— Ele não comprou, mas não dava para deixar parado Pedro,
ninguém sabe a merda que Moreira fez no apartamento de Junior,
ele tem feito muita merda e aponta os demais como culpados.
— Todos falam que ele perdeu noção de certo e errado, mas
eu acho que uma oferta destas não recebo há anos, não tenho co-
mo dizer não a ela.
— Então bem vindo ao grupo.
— Vai comprar parte.
— O rapaz me ofereceu os 50%, mas não tenho capital para
comprar, e não quero meu pai nisto, ele não entende que quanto
mais gente no mercado, maior o mercado.
Pedro olha para ela e pergunta.
— E quem serão os sócios?
— Mayer, seu sobrinho Rodrigo, você e eu.
— E ninguém sabe?
— Até Gabriel assinar a venda, eu não vou falar nada exter-
namente Pedro.
Ele sorriu e saiu, olha os rapazes olhando ele estranho, todos
tinham medo da menina, mas pensaram besteira, ele chega em casa
e vai ao cofre, separa o dinheiro e faz o deposito de entrada como
combinara com a menina e João chama Gabriel e assinam a venda
para entrada do resto do recursos, e o rapaz viu o dinheiro vir a ele,
via oficial, legal, e sorri. Falar de milhões não é ver milhões na conta,
para quem entrara naquela sociedade apenas por teimosia e indu-
ção, Gabriel acha que saiu com muito dinheiro, e João não discutia,
era muito dinheiro. Tabajara abraça a esposa e fala.
— Agora viramos bem de vida.
— Não precisamos de tanto.
— Legalidade amor, legalidade, em um negocio que vale bi-
lhões de dólares.
A moça, Israelense sorri, bilhões era algo que sempre gerou
sorrisos. Douglas estava na delegacia da Federal e recebe a ligação
de Tabajara.
22
— Fala Pedro.
— Apensa avisando por cordialidade Delegado, estou assu-
mindo parte do que o Gabriel David tocava nos cais.
— Vem para a luz?
— Quando alguém resolve torrar, compramos.
— Certo, então Gabriel saiu do cais?
— Sim, entrou na parte dele, eu, Azul e aquela que sei que ar-
rasta um caminhão por ela.
— Está falando serio?
— Sim, estou falando serio.
— Então parte dos cais estão com AA e parte com CA?
— Sim, bem isto.
— E o que gerou isto Pedro?
— Alguém monta, para ser tocado, para não ficar abandona-
do, mas o rapaz não quer tocar, quer torrar.
— Então estão tomando a parte do Rocha?
— Em parte sim.
Douglas desliga e olha o investigador entrar e lhe olhar.
— Temos uma visita de Pedro no apartamento novo da Me-
nina, na Atlântida.
— A menina está ficando perigosa, agora é sócia de Azul e
Tabajara, entendeu a bomba?
— Ela firmou isto?
— Sim, pior que na mão de Mayer eu me meteria, na mão de
Tabajara, eu não sou maluco.
— Acha que não vão complicar as coisas?
— Pelo que entendi, ela convidou Tabajara bem por já ter um
mercado, gente que movimenta mais no porto do que eles tem de
capacidade.
— E temos como ganhar com isto?
— Pedro paga sempre certo para não nos metermos, não va-
mos ter de tratar com gente que não molha e dai temos de traba-
lhar dobrado.
O rapaz sorriu, mais dinheiro, era o que o Delegado estava fa-
lando, e isto era dizer que a caixinha aumentaria no porto.

23
Quando na segunda semana
de Agosto João senta a mesa e
olha Cauê ele lhe encara.
— Não entendi a ideia?
— Lhe apoiar para levan-
tarmos o campeonato, qual seria
Cauê? – João sorrindo.
— E qual a ideia, me fala-
ram em Miscigenação, sabe a encrenca de algo assim?
— Sim, por isto temos de achar uma linha de trabalho, pois
sem uma linha mestra, perdemos em enredo e não sai um bom
samba enredo.
— E teve alguma ideia?
— Acho que sou o novato aqui Cauê, não o experiente.
— Dizem que você alimentou a ideia o ano anterior.
— Vamos dar uma volta e conversamos Cauê.
— Uma volta?
— Sim.
Caué estranha, mas aquele Landau era famoso, ele entra, um
carro com espaço interno imenso, entram e João dirige até os bar-
racões que foram no ano anterior da Beija Flor e fala.
— Eu geralmente Cauê, sou o segredo, e entro com estrutura,
então estamos entrando onde o ano passado nem sabiam onde
ficava, mas que este ano fará o carnaval da Imperatriz.
O olhar para cima de Cauê foi de quem estava vendo a altura
do lugar, olha em volta, ainda vazio e fala.
— Aqui que esconderam parte das surpresas?
— Aqui que desenvolvemos parte do carnaval do ano passa-
do, mas se perguntarem, este imóvel está no nome da minha faleci-
da filha, que perdi este ano.
— O motivo de ter sumido.
— Em parte.
João chega ao fundo, o rapaz viu as plumagens e fala.
— Vai vender isto para a escola?
24
— Parte da empresa que tenho produz isto, a diferença, uma
pena artificial custa 2 reais.
— Certo, vende a 4 e tem margem, ouvi isto.
— Sim, mas é o financiar de minhas ideias Cauê, eu não sei
trabalhar ainda uma ideia inteira, me deram uma na Beija-Flor e
fomos desenvolvendo, mas para mim, o que aproxima as historias,
por quantos anos, se usou a palavra como de proibida, de inferiori-
dade, de coisa a não ser feita, a sociedade perfeita de descendentes
europeus, a condenação de Tiradentes, não por ser o idealizador,
mas por sua mãe ser da Terra, os portugueses foram mandados ao
exilio, os da terra, mortos, eu acho que daria para por o prospecto
do orgulho de ser miscigenado, que mesmo estuprados, violenta-
dos, explorados, não somos inferiores, e sim superiores, pois sobre-
vivemos, desenvolvemos e evoluímos, já uma Europa de puros, de
tempo em tempos tem de excluir os seus, matar os seus, é só não
conseguir explorar um lugar que eles entram em crise.
— Acho que temos de conter um pouco o animo rapaz.
— Dando uma ideia, sei que no fim, não sobra muito da pri-
meira conversa.
— Certo, o orgulho de sermos miscigenados, e termos forma-
do uma nação na mistura, isto?
— Sim, que alguns nos tacham como índios, como se fosse
denegrir algo, nos tacham de mulatos, de caboclos, de negros misci-
genados, impuros, para onde olhamos, povos que dizem que isto é
errado, quando no não formal, nos critica, eu acho que Carnaval é
para passar nossa visão das coisas, contra europeus que vem ape-
nas para aventuras sexuais, a pergunta, quem é mais animal nem
que na entrelinha.
— Você é perigoso rapaz. – Caué sorrindo.
— Não entendi.
— Miscigenação proibida, desmerecida, Miscigenação na
Marra, Miscigenação sendo explorada sexualmente, agora compra-
da, mas como saímos das amarras.
— Já saímos, mas temos de ter ciência, que somos lindos,
somos dinâmicos, somos sim em parte indígenas, em parte euro-
peu, em parte asiáticos em duas vertentes, de mais de 30 mil anos,
e de menos de 100 anos, somos negros, de mais de 30 mil anos, e
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de menos de 300 anos, somos Maias, podemos ter sangue Persa,
podemos ter até sangue de Nórdicos, mas somos Brasileiros, o povo
que se recusa a esta propaganda atual, que nos induz novamente a
pureza, seja ela imposta por racistas, por puristas ou por pseudo
defensores de direitos por cor, credo, esquecendo, no genoma,
somos todos negros.
Cauê olha ele e anota mais algumas coisas.
— E este ano iria como que tamanho.
— Leveza, não tamanho, me acusam de ter sabotado um car-
ro da Estácio, de 12 metros de cumprimento e 9 de altura, eu colo-
quei carros de 12 por 60 sem precisar arrastar nada na avenida, se
for para arrastar, fica no barracão.
— E porque o acusam?
— Porque o segurança do Presidente, bêbado saiu com o car-
ro antes da hora, entalou no caminho, Nuno me pediu ajuda, mas
para ajudar, tive de passar sobre o bêbado, eles levam o carro até a
avenida, com a pressão de pneu de rua, e colocam todos sobre a
alegoria, o que acontece?
— Estourou o pneu, e não se defendeu.
— Me defendi, mas o juiz amigo do presidente da escola, deu
ganho de causa em primeira instancia para eles.
— E não se preocupa?
— Eu não sei ainda se vale as rugas, eu estava pregado, ajudo
e viro culpado depois deles chegarem em segundo, a pergunta, viu
o desfile deles, porque não foram rebaixados?
— Quer dizer, compraram e não levaram por um carro, é o
que quer dizer.
— Não tenho como provar, mas jurados são sempre compli-
cado, o titulo a dois anos da Beija-Flor, acredito que aconteceu não
porque ela foi a melhor, se pensar, os Jurados, começam a tirar nota
de todos que não poderiam atrapalhar depois dos erros, e duas
escolas não pareciam os preocupar, a Beija-Flor, com suas alegorias
mal elaboradas, e a que tinha quase caído no ano anterior, primeira
e segunda.
— Acha que foi consequência?

26
— Torcida é impossível analisar, muitos hoje diriam que sou
um torcedor da Beija Flor, eu achei o enredo do ano passado da
Mangueira o melhor, e o melhor desfile o da Grande Rio.
— E levou 5 estandartes de ouro.
— Sim, falei em enredo e desfile, enredo está nos quesitos,
desfile, na evolução, mas não é o que decide, e sim, o impacto, a
comissão de frente da Beija-Flor errou, mas como foi treinada a
continuar sem olhar para trás, concerta e se comparar a apresenta-
ção da primeira cabine com a da ultima, totalmente diferente.
— E pelo jeito estava mesmo enfiado neste barracão.
João chega ao fundo e fala.
— Cauê, neste barracão temos, a esquerda, área para criação
dos bonecos com movimento, a direita, área isolada para esculturas
de isopor, a frente, estoque, a esquerda mais a frente, o corredor
com costura, colagem, ferragem, entre as duas, uma injetora que
produz coisas como aquele beija-flor azul que tinha em todos os
carros.
Cauê olha para João e fala.
— Um barracão inteiro reserva.
— Sim, neste barracão, erguemos o carro abre alas e ensaia-
mos quase dois meses, com a estrutura inteira na posição real.
— Certo, o abre-alas ensaiado que garante o impacto de en-
trada, cada carro, um impacto, mas vamos a um enredo totalmente
descritivo, é diferente.
— Eu ainda não sei como fazer, estamos trocando ideia, mas
este barracão Cauê, passou quase Fevereiro inteiro deste ano, ape-
nas em ensaio de alegorias.
— E todos viram o resultado, todos viram que seria grande,
mas não esperavam o que tinha, uma coisa é por carros grande,
mas tem de ter ideia.
— Isto que não consegui com este nome, ainda acho que falta
algo Cauê, uma ideia ou historia para ser contada.
— Uma linha para seguir? – Cauê.
— Sim, esta linha que não enxerguei, pode ser que se não ti-
vesse feito uma evolução pela língua o ano passado, me parecesse
mais natural.
João anota umas coisas e pergunta.
27
— E se alterar uma frase de William Blake?
— Não entendi.
— Blake tem como uma das suas famosas frases, a Prudência,
é uma velha, solteira, rica e feia, cortejada por impotentes.
João rascunha e fala.
— Racismo, é um velho, solteiro, rico, feio, cortejado por im-
potentes. — João pensou em Europa, mas não falou.
Cauê anota e fala.
— Um caminho para falar de miscigenação, seria isto?
— Sim, éramos um paraíso, mandaram nos invadir, os invaso-
res pregam, que nossa religião é ruim, nossa cor é ruim, eles são o
bom, mas somos os filhos da terra, não dos invasores, somos a ge-
ração que aprendeu o valor da terra, odeio este demonizar do sexo,
então não estranhe eu sempre por ele no paraíso, nas coisas boas.
Mostra que o que eles dizem ser Racismo, não existia aqui, na Áfri-
ca, as vezes confundimos as coisas, tem gente que confunde racis-
mo como escravidão, e não tem uma coisa haver a com outra, es-
cravidão existia em toda a historia humana, mas o racismo foi trazi-
do por europeus Racistas a esta terra, querendo impor que sua cor,
seu mundo, é perfeito, mas para serem perfeitos, ainda exploram e
tentam imperar, mas temos de entender, não somos europeus, não
somos asiáticos, não somos africanos, não somos mais apenas ín-
dios, somos miscigenados em uma terra rica, com cultura própria,
se eles não gostam de sexo, de beleza, de natureza, o que fazem
aqui?
— Digo que discutir enredo é complicado, tenho de pensar
João, mas é um caminho, hora de libertar não apenas as correntes
da escravidão, mas as culturais.
— Eu iniciaria com um carro com um genoma girando imenso
e com dois brancos vendo o genoma e abaixo escrito, negros.
Caué olha ele e fala.
— Imenso quanto?
— Não sei ainda.
— Certo, começamos a ideia, mas pelo jeito, quando o con-
tratam entra um pacote a mais.

28
— Eu gosto de testar o que vou desfilar Cauê, a leveza no des-
filar, tem de ser parte das alegorias, posso fazer uma fantasia de 4
metros de altura, mas ela tem de ser leve.
— E pelo jeito vai por sua marca.
— Eu vou criando, acho que sou adepto de um carnaval que
fica pronto apenas no dia.
— Mesmo preparando tudo antecipadamente?
— O carro final deu mais tempo de preparo que o primeiro,
mas menos de ensaio.
— Aqueles carros de cristal acho que foram geniais.
— Uma ideia que cresce, e tem espaço para crescer.
— Certo, estruturas que lhe permitem criar, mas nem sempre
o carro é a solução.
— Não acredito no carro como solução Cauê, acredito na co-
munidade, no enredo amarrado, no contar de algo, mesmo que não
concordem, sempre fico com a frase que diz que somos a herança
de uma sociedade de heróis, mas filhos dos comerciantes com as
prostitutas que seguiam os exercito, para vender coisas, carros ale-
góricos são os heróis, todos gostam deles, mas é o povo a rua, que
ganha o carnaval, comunidade transforma alegorias feias em lindas,
o capricho das pessoas com suas fantasias, o bailado e puxar da
arquibancada, o fazer da avenida uma festa.
— Os velhos carnavais?
— Não, dizer que o antigo era melhor, é aquela coisa de gen-
te que diz que era bom no regime militar, eles não passaram horas
na fila do leite, pois não tinha para todos, não viveram uma educa-
ção falsa, pois a verdade era proibida, mas obvio, para quem gosta
apenas de arroz com feijão no prato, e cultura é coisa de intelectual,
estava ótimo.
— Sabe que você falar disto depois de um enredo que era
quase um hino ao nacionalismo é estranho.
— Quando coloquei Bilac em destaque, foi apenas para mos-
trar para as pessoas, a frase de Millôr, que para pensar, você não
tem de ter religião ou partido, ele foi preso por não concordar com
a dita Republica que nada foi do que um golpe militar.
— Acho que poucos se tocaram disto antes do desfile, e quer
passar algo?
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— Sempre digo, que sou por ideias complexas, sei que as pes-
soas não gostam muito das minhas ideias, mas por isto a comissão
funciona na Beija-Flor, alguém fala uma besteira, os demais alertam
e mudam, quando é um carnavalesco, as vezes ele fica batendo
numa ideia horrível e ninguém tem como mudar isto.
— E vamos começar quando aqui?
— Quando você definir o que construiremos.
— E acha que supera o ano passado?
— Não tenho de superar o ano passado, se alguém ver as coi-
sas assim, cada ano teriam carros maiores e coisas assim, o carro
era preciso, mas talvez coloque não a representação de um DNA,
mas de 4 deles, mas com as pequenas diferenças, é tão pequena,
que não temos como vendo um DNA por fora dizer a diferença, mas
é que acredito que temos memorias no DNA, apenas não a acessa-
mos.
— E vai pensando e falando?
— Esperando você definir, quem definiu o enredo foi Sergio o
ano passado.
— E como ele definiu o abre alas?
— Carro 1, apresentava o enredo.
— E como ganham com uma definição desta?
Joao sorriu e fala.
— Não esquece, foi este o desafio a Pedro, que ele caiu fora.
— Verdade, não é a toda que ele fugiu.
— Sabe quando alguém entra em campo, pois ninguém esta-
va acreditando no enredo?
— E resolveram puxar você de longe?
— Nem eu sei o que viram em mim, juro que parecia uma fu-
rada quando cheguei a cidade a pouco mais de um ano.
— E acha que conseguimos fazer um grande desfile?
— Acho que tenho de ter ideias diferentes, quem manda por
tudo no primeiro carnaval.
Cauê riu.

30
Quinze dias a mais, e estava
João sentado ao barracão quando
o presidente Luiz entra no local e
olha ele olhando uma armação,
arredondada, e para ao lado.
— Vamos começar?
— O problema é que ano
passado, tudo que fizesse era
novidade, este ano, pareço me repetindo.
— Este é o abre alas?
— Se contentaria com um abre alas deste tamanho?
— Não é tamanho, é ideia.
— Sim, mas definiram o enredo presidente?
— Tem gente que nitidamente queria aqui e não está.
— Família não se separa, admiro isto, apenas terei de ajudar
os seus a desenvolver algo.
— Qual a ideia?
— Apresentar o enredo.
— Acha que o abre-alas tem que ser parte disto?
— Luiz, quando se olha um carro, na armação, e toda a estru-
tura se arma, logico que temos todo o complexo de ideias iniciais,
mas ainda estou pensando, pois o assunto, miscigenação, uma na-
ção querendo perder este diferencial para as culturas que sempre a
criticaram, mas a ideia, casais a frente, índios, negros, brancos, asiá-
ticos, o DNA as costas, as vestes típicas. Segunda parte, uma parede
quebrada, arrebentada, com arvores quebradas e estruturas destru-
ídas, dai uma encenação de caça, escravidão, migração, navegação,
chacinas, a quarta parte, o amor, seja ele comprado ou forçado,
gerando o restabelecer da nova paredes, agora com jardins, e por
fim, casais todos trocados, e descendentes miscigenados.
— Abre-alas é apenas isto? – Luiz sorrindo.
— Acha que precisa de mais alguma coisa? – João serio.
— Tava brincando João, e acha que coloca tudo nesta parte
ai?
31
Foi a hora de João sorrir.
— Não né, dizem que gosta de grandes abre-alas.
— Dizem que outros os idealizaram, apenas isto senhor.
— E estava pensando em que?
— Que tenho de começar a pensar nos casais, no carro e na
estrutura.
— Motivos?
— Algo de impacto, mas sem grandes coisas mirabolantes,
não parece que os demais se interessam.
— Certo, o que pensou.
— O que falei, mas ai é o problema, como fazer?
— Certo, e tem uma ideia?
— Lá vou eu ensinar como fazer mais um grupo de Parintins,
para conseguir minhas primeiras 20 esculturas com movimento,
para o carro abre-alas.
— Certo, já pensou em algo com movimento, com uma estru-
tura, e pelo jeito, muita gente.
— Não sei como fazer ainda senhor, tenho de pensar em uma
estrutura frontal e traseira, que comporte tudo o que penso.
— Certo, as vezes dizem que você põem medo em carnava-
lescos, mas Cauê gostou de você.
— Primeiro me odeiam, depois me amam e depois voltam a
me odiar.
O senhor sorriu.

32
Franco olha para Sergio e
pergunta.
— Vão conseguir aqueles
faisões mais baratos?
— Se me autorizarem com-
prar, embora não veja problemas,
quero autorização, depois dizem
que estamos passando pela dire-
ção.
— Porque não vê problema?
— A filha do patrono é sócia da empresa, por isto não vejo
problemas, mas sabe que metade da empresa é do João Mayer.
— Certo, um motivo a favor, um contra?
— Nenhum contra, não seja infantil Franco, não lhe cai bem.
— Sergio.
— Ele escolheu.
— Não, sabe que Ricardo nos informou que ele não fazia mais
parte da comissão de carnaval, 20 dias depois do termino do carna-
val, não era opção dele, mas o que lhe chateia Franco.
— Ele em frente.
— Alguém o convidou, ele aceitou, pelo que soube, nem para
carnavalesco o convidaram, fizeram como nós, convidaram para
montar um carro, qual, teremos de esperar Fevereiro.
Franco olha Sergio e pergunta.
— Se entendendo com o carnavalesco?
— Acabamos vendendo parte da estrutura para escolas me-
nores como a Chatuba, e a Alegria da Zona Sul, pois o carnavalesco,
disse que não usaria.
— Normal, ou não?
— Sim.
Como já entravam em Setembro e João pede as estruturas e
começa a montar aquilo, e Cauê chega ao barracão e olha aquelas
estilizações de Cintas de DNA, de 20 metros, e sorri.
— Não sabe pensar pequeno mesmo.
33
— As vezes queria saber projetar coisas pequenas, mas per-
dido aqui Cauê?
— Mandaram olhar seu abre alas para ter uma ideia, e vejo
que está acelerando a estrutura.
— No fundo, a injetora está produzindo coroas, o símbolo da
escola, agora em verde, mas já temos algumas em branco, mas a
ideia, o entremeio que você olha como apenas a estrutura, vamos
colocar coroas, fazendo as ligações, de baixo a cima, pelo menos 8
delas por linha de DNA.
— Vai dar trabalho.
— O maior é o da maquina, mas não entendi.
Caué, chega a injetora e pega uma daquelas coroas e fala.
— Esta maquina faz peças incríveis.
— Sabendo usar, sim.
Ele olha a coroa e pergunta.
— Vai fazer uma?
— Se olhar de longe, o carro abre alas, é uma coroa, formada
por linhas de DNA, tem de olhar de frente para ver.
Cauê olha para a alegoria e se afasta.
— E como se vê isto de longe.
João sorriu e falou.
— Nada de mais, uma coroa esticada, com os bonecos for-
mando as pontas da coroa, não fiz ainda todo projeto.
— Certo, quer algo a mais?
— Pensando. Mas o que veio perguntar Cauê.
— Posso levar uma coroa destas?
— Sim, faço mais uma.
— Acha que daria resultado.
João para o que estava fazendo e pega uma das estruturas
que ligava as duas fitas que ele estava preenchendo com tela para
jogar a fibra, pega 9 coroas, coloca a sequencia, branca e verde, do
começo ao fim, começava e terminava com a branca, as fitas de
suporte eram verdes.
Ele coloca no lugar uma, depois a segunda e quando coloca a
terceira Cauê olha ele e pergunta.
— Não para antes de ter o que quer pelo jeito.
— Porque diz isto?
34
— Falou em pessoas a frente, vejo que já projetou o carro
com frente e fundo iguais, pelo que entendi, vai em 4 partes para a
avenida, mas entra já unificada na avenida, se não o mesmo tama-
nho do que montou o ano passado, uns 4 metros maior, altura, qua-
se a mesma, e não entendi aquela parte ali atrás.
— Gente dançando e fazendo movimentos, mas não como vi
no primeiro modelo acho que de Paulo Barros, estes estão numa
fita de DNA, não em uma pirâmide se dizendo uma fita.
— Certo, a ideia de gente no carro, movimento, e isto tem
como chegar a 5 metros?
João apenas liga o onibus e tudo começa a recuar, o que era
um circulo, a frente, fica uma ponta, pois as duas laterais foram
para baixo do carro, as sintas, se destacam e baixam, calmamente,
as ao fundo, baixam também, e o sistema central, que parecia fazer
parte, grandes quadrados na parte superior, de fecham e Caué olha
o carro que antes tinha a altura de um prédio de 5 andares, ficar ali,
com menos de 5, olha João e pergunta.
— Quando estudou engenharia?
— Não estudei, aprendi, mas não estudei.
— Sabe que somente esta redução, me assusta, você desen-
volve pensando em levar inteiro, não em montar lá, quantas vezes
vejo alegorias quebrarem no caminho.
— Vamos manter os pés no chão, não me passou ainda os
motivos do carro dois e três.
— O que tanto faz este barulho constante no fundo?
— As corroa, tem três maquinas, uma fazendo o branco, ou-
tro o verde, e outro as plumagens que vamos ceder a preço de cus-
to para os destaques da escola.
— Posso ver isto, não entendo de produção em serie.
— Tem de ver que decidi por uma acabamento que faz em
coroas a fita de DNA, no fim do desfile, dá para dar 4 coroas para
cada um dos integrantes da escola, apenas com as que vão estar
fazendo o DNA neste carro Cauê.
— Quantas?
— Mais de 14 mil coroas.
Cauê olha João como se perguntasse como.

35
— 14 dias da produção das duas injetoras ao fundo, constan-
temente, 24 horas.
— Você é maluco mesmo por efeitos impossíveis, pois está fa-
lando em um abre alas que pode até não dar o efeito que quer, mas
que vai estabelecer nos detalhes o conteúdo, e o que vai fazer neste
meio tempo.
— Piso, estrutura dois, e três, cobrir com fibra e pintar ela.
— Vai montando enquanto as peças ficam prontas?
— Sim, mas como falei Cauê, preciso das definições dos de-
mais carros.
— Vi que adiantou estruturas.
— Apenas parafusei, não sei quando começamos?
— Vou verificar, estamos atrasados este ano.
— Verifica, eu vou estar na base deste carro, mas tem se qui-
ser ideia, vou pensando enquanto trabalho, vem ai e conversamos.
— Acha que consegue terminar este carro, eu olho ele e fico
tenso apenas em começar.
— Verifica os rapazes que pedi para ajudar, parece que o pre-
sidente não levou a serio.
— Ele diz que você gasta demais.
João olha o rapaz e sorri sem graça.
— Sei que veio de uma escola que esbanja, mas precisa se
controlar, não vai chegar a metade do carro.
João olha a estrutura e olha para o fundo, Cauê saiu e ele li-
gou para o rapaz que vendera as injetoras e pergunta se ele tinha
mais 4 delas para vender, compra para entrega no dia seguinte, ele
vai ao fundo e olha as estruturas, eles não lhe deram o mesmo
apoio, então teria de contratar gente, ele olha para dois rapazes
que estavam desempregados, ele passa os prospectos do que tinha
de ser montado, e começam a fazer as peças que ele pediu, começa
a fazer as estruturas internas e subir cada uma das estrutura inter-
mediaria, ele tira do estoque os sistemas hidráulicos, e começa a
projetar os painéis.
Liga para José, que não iriam usar na Beija-Flor aquele ano,
pede isopor e material, para começar no dia seguinte.
Se não achavam que ele terminaria, ele queria chegar a Janei-
ro pensando em ajudar outros.
36
João estabelece o andar daquele carro, modela em cera, o
que seria o molde da injetora e manda para a empresa que fazia
cada um dos moldes.
Ele começa a descer a estrutura básica e por a grade em to-
das as fitas de DNA, no piso esterno daquele veiculo, o comprar de
material para gerir cristais verdes este ano, mudou o fornecimento,
mas ele começa a acelerar.
Estava sentado olhando o projeto quando sente o perfume de
Micaela as costas.
— Perdida aqui?
— Me cobram as entregas das penas.
João faz sinal para ela e entram e ela viu mais de 100 carri-
nhos, todos com nomes e fala.
12 mil por carrinho, em 6 cores, só tem de receber e entregar.
Micaela sorri e fala.
— E os demais pensando que estava atrasado.
— Eu inventei um carro mais trabalhoso este ano.
— Vai fazer coroas este ano, não beija-flores.
— Sim, e estou apenas no primeiro carro.
— Certo, eles liberaram dinheiro?
— Sim, acham que já estourei o orçamento e não gastei um
quarto do dinheiro, então vamos começar acelerar.
— Devem pensar que vai gastar todo dinheiro neste carro.
— Eles não sabem os custos de algo assim.
Micaela para o carro ao fundo, o segurança ajuda ela a por os
carrinhos na caminhonete de Paulinho e sai dali com 20 conjuntos
de penas.
Cauê chega na cidade do samba e pergunta para o presidente
se o rapaz tinha noção de gastos, pois falava em fazer 14 mil daque-
las coroas apenas para o carro abre alas.
O senhor olha a coroa, bonita, e pensa em como se colocaria
14 mil delas em um carro.
— Acalma Cauê, ele encara de frente, sei que lhe assusta isto.
— O projeto é lindo, genial, mas não sei se ele sabe conter
gastos presidente.
— Ele só teve o primeiro deposito ainda Cauê, calma.

37
— Mas ele já dispôs da estrutura para o abre alas, e mais 3
delas.
— Cauê, o que lhe assustou.
— Ele está fazendo outro daqueles carros imensos, maior que
o abre alas da beija-flor em cumprimento, não é fechado como o
ano passado, mas assustador.
— Ele é destes que encara, se entrarmos com um abre alas
que force os demais nos olharem, será ótimo Cauê.
— Acha que ele acaba algo tão grande?
— Nem liberei o pessoal para ele, ele não é de insistir, mas é
de fazer.
— Ele colocou duas maquinas automáticas para fazer 14 mil
destas presidente.
— Acha que ele vai usar isto de uma forma que fique legal?
— Sim, mas sei que é assustador pensar em algo tão grande.
João no fim daquele dia viu o dinheiro das penas na conta,
olhou o dinheiro vindo da empresa de camarão, e olha para o presi-
dente olhar os rapazes, e pergunta.
— Contratou gente?
— Não sou de implorar senhor, peço uma, duas, a terceira, se
der eu dou um jeito.
— As vezes achamos que é cedo.
— Acho que sempre projeto coisas demoradas de executar,
não caras de fazer.
— Cauê ficou assustado.
— Ele não quer conversar sobre o resto do enredo, com
quem vai correr no fim, eu fico preocupado.
— Certo, mas vai fazer algo tão grande assim?
— Tá no começo, nem está erguido, nem está com as coroas,
nem com as estatuas vivas, falta muita coisa presidente.
— E vai montar algo imenso?
— Não, vou montar algo de impacto, não adianta tamanho
sem impacto, mas não adianta impacto se a escola ao fundo não
tiver na mesma sincronia, e sei onde está o problema de Cauê, o
prospecto de fantasias parece o que sempre se faz, índio, portu-
guês, negros escravos, mas ele não quer ainda trocar uma ideia, e
ainda não estou com algo bom a cabeça para falar senhor.
38
— E vai fazendo um carro para pensar.
— Sim, para ter ideias.
— E toca isto tudo sozinho.
— Não me mandou os rapazes ainda presidente, se demorar
nem vai precisar.
— Certo, vou falar com o pessoal, esqueço que você vem para
mudar a forma de fazer, mas nem temos o samba ainda.
— Sei disto, mas espero sempre que não tenha o abre alas no
encerramento do desfile.
— Não teria como por algo acoplado no fim.
— Me provem que não é um só.
— Você faz as estruturas, mas vai com calma.
— Vou com a minha calma presidente.
— E o que faremos?
— Terminamos a frente do carro e mandamos para a Cidade
do Samba.
— Bem você isto.
João viu o senhor sair, e prepara os dia seguintes.

39
26 de Setembro, um sába-
do, ele olha para o lançamento do
concurso de samba, foi a escola e
olha que o pessoal teria duas se-
manas para apresentar o samba,
ele fica a tomar duas cervejas,
poucos falavam com ele, mas uma
comunidade boa, mas mais fecha-
da.
Ele volta para o barracão no inicio do Domingo e olha para a
armação que fizera para o boneco, ele precisava pedir as roupas, e
era cedo, ele achava que não era, mas faz uma pesquisa de cada
veste, e começa a fazer as estruturas das grandes esculturas, elas
com as pernas, ele faz os sistemas para que a escultura sente, então
se debruce sobre as pernas, ficando com não mais de 4 metros.
Ele faz as 20 estruturas e começa a fazer as estruturas tubula-
res, ele lembra dos comandos de mãos, mas estes teriam de pernas,
teriam de cabeça, de boca, olhos e sobrancelha, ele faz o primeiro
modelo e veste ele com o tecido metálico, testa o ficar de pé e sorri.
Ele estava olhando para cima quando ouve as costas.
— Vai fazer um diferente este ano?
João não olhou, era Roberto, o que o colocara para fora por-
que queria aquele lugar.
— Tentando, não vai ficar legal ainda.
— Me enganou referente a venda deste lugar.
— Perdido aqui Roberto.
— Não vai vender mesmo?
— Não, minha oficina de carros fica atrás daquela parede,
preciso distrair a cabeça as vezes.
— Bem menor do que o do inicio do ano.
— Eles são mais pão duros.
— As vezes achamos que alguns vão implorar para voltar, mas
esquecemos que existem os que apenas mudam de endereço.
João olha Roberto e pergunta.
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— Acha que quer algo, ou só veio olhar a concorrência?
— Queria saber se iria fornecer os faisões de plástico.
— Isto é só perguntar para sua filha, pelo jeito a única que
trabalha naquela casa.
— Ela não me soube dizer se você forneceria.
João sorriu, pois sabia que o senhor estava mentindo.
— Acha que eles vão lhe dar a estrutura que demos.
— Sei que não Roberto, mas o que faz aqui?
— Não quer voltar a Beija-Flor.
— Agora volto ao mercado apenas o ano que vem.
— Não pula fora no meio de uma obra?
— Eles nem sabem o que vão criar, mas me comprometi a
tentar, sei que não me deram estrutura, então assim que abrirem os
barracões lá, vou para lá com este e fecho aqui mais um ano.
— Não vai usar a estrutura?
— Vou usar para outra coisa.
— E não vai falar o que pelo jeito.
— Não.
João não estava fazendo nada naquele momento e apenas
pede para o segurança conduzir o senhor para fora que estavam
fechando.
Roberto ali não era boa coisa, mas sinal que começavam a fa-
lar do que ele pretendia, esquecia que algumas coisas vazavam, ele
olha o carro pintado a base, o fundo, as fitas, mas era como o carro
da Beija-Flor no fim de Setembro do ano anterior, apenas uma ideia
a cabeça, quem olhasse, teria de acreditar na loucura do rapaz, teria
de olhar as milhares de caixas com coroas colocadas em hastes de
ligação de 9 em 9, no estoque, estava apenas testando a estrutura,
não tinha muito o que fazer sem apoio, e ao mesmo tempo, ele olha
para o fundo, olha o segurança e fala.
— Fecha e barra melhor.
— Este pessoal é violento senhor.
— Apenas não se mete em encrenca por minha causa então,
mas é que segredo em uma escola faz parte.
— Certo, dizem que isto ai vai ser um carro, parece apenas
um amontoado de ferragem e fibra.
— Sei disto.
41
João sai dali e entra no barracão onde colocava seu carro,
olha para a rua calma, sai de carro e vai a região dos barracões, ele
olha um que ajeitara para ser a empresa de transportes especiais,
vazio, Gabriel não entendeu, era para fazer acordo em portos que
desconhecia o funcionamento, e ampliar a abrangência, testando
com carros difíceis de transportar, na volta de Santos o menino já
não tinha interesse e o abre alas entala na saída do navio e acaba
quebrado.
Ele olha o lugar, ajeita o lugar e volta ao barracão, conversa
com o segurança, e com o sistema todo encolhido em 4 partes, ele
coloca no outro barracão, põem a estrutura do próximo no lugar,
tira todas as injetoras as colocando em um caminhão e põem tudo
para fora.
Ele olha o barracão e o segurança viu ele sair com a ultima le-
va de placas de isopor revestidas, já passava das 3 da manha.
João foi para casa, sentia as auras, sentia o problema e quan-
do cai a cama, no fim daquele dia, sentia a agitação dos seres em
seu interior.

42
Amanhece dia 27 com o
anuncio do incêndio em um bar-
racão na região do Porto, e os
carros de bombeiros se dirigem
para lá.
O fogo toma o lugar e ainda
destrói duas moradias a esquina
que não eram de João, controlam
o fogo para não atingir o correio, mas tem problema em uma distri-
buidora encostada ao barracão, João sai lentamente da cama e
atende o telefone.
— Problemas João. – Micaela.
— Fala, os seres agitados não me deixaram dormir.
— Eles fazem isto quando sentem que algo vai acontecer.
— O que aconteceu.
— Dizem que algo pegou fogo no barracão da Santo Cristo,
tem 10 carros de bombeiros.
João olha para fora e fala.
— Dá para dar apoio, ou não consegue acesso.
— Meu pai mandou não me envolver.
— Certo, ele sabota nossa empresa e pede para a filha não se
meter.
— Não tem como provar isto João.
João não queria brigar, mas as vezes não sabia segurar a lín-
gua e fala.
— Certo, adia a entrega das penas falsas de faisão, 15 dias pa-
ra por em ordem menina.
Micaela olha para o pai e pergunta serio.
— Foi você pai?
— Já vai me acusar.
— Terei de devolver dinheiro, só queria saber se foi, mas
quando mentiu, em uma frase de defesa, apenas confirmou, odeio
perder dinheiro.
— Do que está falando.
43
— Acha que o que está alimentando o fogo, mais de um mi-
lhão de reais em penas falsas de faisão.
Roberto olha a filha, não pensou que estivesse naquele barra-
cão, teria as tirado, sabia o valor de mercado daquilo e fala.
— Quem manda se meter com principiantes.
João chega ao local e o bombeiro o barra.
— Apenas querendo entender rapaz, sobre o barracão tem
um sistema contra incêndio, mais de um milhão de litros de agua, o
sistema deveria ser acionado por calor, e não parece ter sido acio-
nado.
O bombeiro olha para João e pergunta.
— Onde seria isto.
— Na entrada do barracão dos carros ali.
O bombeiro fez sinal para outro e João apenas abre o barra-
cão, os carros reformados ao fundo destruídos pelo fogo, João indi-
ca a escada, externa, o rapaz bate da válvula, nitidamente presa
com um fio de barbante, o rapaz com dificuldade tira e fala.
— Fio de pipa.
A agua começa a jorrar em todos os barracões, o que era um
incêndio indo para o fim, se estingue em minutos.
O comandante chega vendo que acionaram algo pergunta ao
subcomandante.
— O que fez Ramalho.
— Tinha sistema de detecção por dilatação, mas um fio de pi-
pa, estava enroscado no sistema, e ele não entrou em operação,
tiramos ele e o sistema começou a jorrar agua a toda volta.
Os rapazes fazem o rescaldo e João olha as casas a esquina
em fogo e fala com o senhor Ramos.
— Alguém se feriu senhor?
— Não, mas perdemos tudo.
— Tinha seguro senhor?
— Não.
— Então acalma, tem onde ficar?
— Quem é você.
— O dono do barracão que puseram fogo.
— Tinha seguro?

44
— Sim, estranho algo que tinha laudo do bombeiro de 6 me-
ses queimar assim, mas qualquer coisas, se hospeda no Santos a
frente, e eu acerto a conta, enquanto reerguemos.
— Vai mesmo reerguer?
— Sim, seguro é para isto.
João chega ao segurança que lhe olha, e olha o chão.
— Não preciso saber detalhes rapaz, apenas, por onde entra-
ram?
— No fundo, eles me prenderam na entrada, os bombeiros
chegaram e me tiraram, mas tive medo de morrer ali.
— Certo, vamos esperar a policia técnica e não vimos quem
foi, certo.
— Certo, não quer problemas com eles, mas...
— Versão oficial, assalto encoberto por incêndio.
— O que eles roubariam ali?
— Tinha somente em Faisão, mais de um milhão de reais ali
rapaz.
— Certo, eles tinham o que roubar, pior, coisas que jogam
nos seus barracões e falam que era deles.
— Mas sabe que tem uma coisa que não precisa falar.
— Que tirou parte daqui?
— Sim, isto mesmo.
João acompanha a técnica, viu que os bombeiros apontaram
o rapaz, ele fala o que aconteceu, e a policia pergunta se tinha algo
de valor ali, e ele fala que material para o carnaval da Imperatriz,
estavam com os faisões da fantasia do mestre-sala e porta bandeira,
ouvira o carnavalesco dizer que ali tinha mais de um milhão de reais
em faisão. Mas tinha o isopor que iriam fazer o carro abre alas.
A noticia que era um incêndio no porto vira no jornal do Meio
Dia, Fogo no Barracão da Imperatriz Leopoldinense, parece ter sido
criminoso.
João acerta os detalhes e no fim, com a saída da técnica, pede
uma maquina de limpeza e começa limpar os meios, o barracão da
Alegria tinha queimado todo, seus carros em reforma, apenas ferro
queimado, ainda bem que a Chatuba não tinha nada ali.
Era fim da Tarde quando o telefone de João toca e o presi-
dente da Imperatriz pergunta se estava bem.
45
— Sim, o barracão tem seguro presidente, apenas tenho de
recomeçar do ponto que estava.
— Sabe que não terei como por mais dinheiro.
— Sei disto senhor, mas se precisava de um mês para ter al-
go, agora vai até Fevereiro.
— Caué ficou preocupado.
— Não entendi senhor, temos um enredo ou não?
— Temos, Cauê quer conversar.
— Marca amanhã ai.
— Algo para falar?
— Abre um espaço para o que os bombeiros tiraram antes de
pegar fogo, mas não tenho como fazer aqui agora.
— Sobrou algo?
João sorriu sem graça. Ele caminha ao hotel na frente, acerta
a estada das duas famílias, acerta a reforma das casas, que desaba-
ram a rua, então teriam de refazer tudo, espera a empresa de cons-
trução isolar a área, e era madrugada quando ele dispensa o segu-
rança e fala em se apresentar em 15 dias ali.
Enquanto os rapazes sobem na estrutura e começam a tirar
as telhas de zinco, e olhar as estruturas.
Os bombeiros viram que o pessoal iria fazer um escaldo mais
a fundo, tirando qualquer coisa que pudesse não prestar.
João volta para casa, e quando viu os seguranças de Roberto
a porta, apenas estaciona o carro e entra.
Roberto bateu, João não atendeu, chama um helicóptero e o
senhor viu ele saindo a sul.
O segurança olha para Roberto e fala.
— Este não quer conversar.
— Ele deve estar ainda furioso. – Roberto rindo.
João para a Barra e senta-se a olhar a praia.
Ele sabia que alguns olhavam ele, ainda com a camisa fechada
ate o pescoço, ainda com os braços estranhos, sentado a olhar o
mar, a pensar.
Ele pensa no que faria, o helicóptero na praça ao fundo, ele
caminha novamente a ele e volta ao cais do porto.
Ele entra no barracão da empresa de Transportes Especiais, e
olha para o maquinário, ajeita ao fundo e coloca a fazer as coisas.
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João liga para Micaela e quando ela aparece ali, perto das
Seis, ela estica a mão para ele, ela sempre levantava a mão direita,
ele a olha, sabia que estava pesado, levanta a mão, aquele toque, a
luz, a energia trocada entre as almas, o aliviar do peso, o sorriso da
menina, que fala.
— Tem de ver que isto, nos liga por uma vida João.
— As vezes tenho medo de ligações por uma vida.
— Ainda fugindo.
— No fundo, leva para qualquer empresa sua em Nilópolis.
Micaela olha os carros, as penas e fala.
— Sentiu isto, tirou quando todos dormiam.
— Sim, mas isto dá para acalmar o povo, vou por a maquina
ao fundo para refazer o que se perdeu.
— Certo, e o carro?
— Vou levar de madrugada, com o pessoal da prefeitura
abrindo o caminho, até o barracão da Imperatriz.
— Vai dizer, salvamos algo?
— Seu pai agora quer me cercar, não precisa sacanear para
depois cercar menina.
— Vou pedir um caminhão da empresa de costura, mas deixa
isto mais para a entrada.
— Sim, não precisam ver que temos um barracão imenso va-
zio no porto.
A menina coloca os carrinhos com as penas para a frente, Jo-
ão ao fundo viu a menina receber um caminhão, eles começam a
por as penas para dentro e saem dali.
João ajeita as coisas e olha o segurança.
— Um rapaz da prefeitura ai.
João o recebe e pergunta.
— Não entendemos o pedido.
— O bombeiro tirou isto do incêndio do barracão da Impera-
triz, mas não dava para deixar a rua, então colocamos aqui, agora
precisamos de condução até o sambódromo.
O rapaz olha apenas o carro a frente e fala.
— Levar tudo?
— Não, apenas o primeiro, e as bases que nem tínhamos co-
meçado a fazer, mas que os bombeiros conseguiram salvar, o resto
47
está com pneus estourados, com problemas que temos de resolver
antes de mandar.
— Certo, ajeitamos, acha que consegue conduzir sem empur-
radores?
— A estrutura é de ônibus, apenas não é algo simples, medi-
da de carro alegórico, 8 de largura.
— Certo, altura?
— Estávamos apenas começando.
João viu o rapaz sair, viu o segurança verificar as rodas, ele
coloca a escultura frontal encolhida, ainda estava sem cabeça e sem
roupa, mas com a malha no corpo, coloca as estruturas ali, do que
iria para a Cidade do Samba e prepara toda a saída.
João olha para o resto e foi ajeitando a produção de peças,
ele sabia que os cristais estavam sendo feitos, o centro do carro,
não seria em fibra, seria feito em cristal injetado, dando a sensação
de um centro todo em cristal esverdeado.
Ele coloca os demais sistemas a produzir e o tempo passa, era
perto das 4 da manha quando o pessoal da prefeitura bate, João
entra no comando do carro e começa a sair pela entrada todo reco-
lhido. As outras três armações foram conduzidas por motoristas que
João contatou.
Quando ele embica na Cidade do Samba, o segurança da Im-
peratriz ligou para o presidente confirmando se era para receber o
que estavam entregando, e João estaciona de Ré, em uma cidade
do Samba quase deserta, o carro de ré.
Ele entra, começa a erguer a estrutura e o segurança viu que
era alta.
Ele ergue aos poucos, pois não ergueria o todo ali, mas foi co-
locando as ligações de DNA, o subir e descer de 4 em 4 metros, re-
queria paciência, mas o estar pronto, transformava em rápido.
Era perto das 10 da manha quando o pessoal começa a che-
gar e Cauê olha João, montando a parte interna, do DNA, e olha a
escultura a frente, sem roupa, sem cabeça, olha em volta, o lugar
pronto para 8 escultura de 14 metros, para o barracão, imensas, ele
para olhando ele por a ultima leva de ligação, e o presidente entra e
se depara com aquela armação em verde, com a forma de DNA, em

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verde, da altura do barracão, aquela pintura verde brilhosa, olha
Cauê e fala.
— Disto que falava?
— Pelo jeito, os bombeiros tiraram antes de queimar, e ele
quer deixar bem claro isto, sinal que ele acha que foi sabotagem.
— Eu não duvido.
João estava cansado, senta a frente e olha Cauê.
— Tem coisa que eles não precisam saber Cauê, mas tem coi-
sa que me irrita.
— Desconfia de algo?
— Alguém amarrou no único ponto que barraria o todo do
sistema hidráulico contra incêndio do barracão, com 10 voltas de fio
de pipa, mas uma volta eu aceitaria, 10, diria impossível.
— E o que pegou fogo?
— Minha oficina de restauração de carros inteira.
Drumond olha ele e fala.
— E não tem como provar?
— Os bombeiros foram rápido, pois poderia ter perdido um
segurança lá, amarrado para dentro, então ficou obvio o roubo,
ficou obvio que foi proposital.
— E tiraram de lá, menos mal, pensei que estava começando
do Zero. – Luiz.
— Apenas querendo saber presidente, vamos fazer o carna-
val?
— Não tem paciência pelo jeito.
— Pouca gente gera isto, eu acho sempre que o melhor, dá
trabalho, muito trabalho.
— E acha que não está mostrando muito? – Cauê.
— Acho que eles veem apenas o conseguem ver Cauê, não
esquece, esta é a metade do abre alas.
— A outra parte pegou fogo? – Luiz.
João sorri e fala.
— Em teoria sim, em teoria, eles não viram os bombeiros tira-
rem isto, encostamos em um barracão do porto, mas ele não permi-
tiria o trabalho aqui presidente, quando resolvi fazer lá, é por ocu-
par o espaço de 3 carros imensos.
— Certo, está dizendo que isto é um terço?
49
— Sim, mas o montar dele aqui hoje tem dois motivos, o pes-
soal da escola ver, o pessoal que não sei quem foi, ver que não tive-
ram sucesso, e começar a pensar com Cauê, estou deixando ele
muito solto, ele não está trocando ideia.
Cauê olha para João e fala.
— Este enredo é difícil.
Luiz olha João e fala.
— Acha que não é uma ideia boa?
— O problema é que batemos em paradoxos religiosos e cien-
tíficos, presidente.
— Não entendi. – Cauê.
— Toda a ciência prega que as espécies foram se desenvol-
vendo em ramos, evoluindo, isto estabelece um ponto que ninguém
tem coragem de tocar, que para isto acontecer, espécies teriam de
se relacionar entre elas, ou gerar entre elas outras espécies, e por-
que eles não gostam disto, pois se fala que os Neandertais se extin-
guiram, mas nunca vai ouvir a afirmativa, que podemos ter sido
neandertais, então todo aquele paradoxo de não termos o caminho
de nossa origem, é por não encararmos eles como nossa regressão,
quando se fala em pureza de sangue, é gente dizendo que eles tem
a melhor genética, desculpa, melhor genética, desde quando, a
melhor genética é a que sobreviveria na pior das condições, não na
melhor das condições. Evolução cultural, vai contra evolução gené-
tica Cauê, pregar o purismo, é pregar o fim da seleção, um erro, mas
gerir e proteger todas as evoluções, também o é, pois estamos de-
fendendo o direito do defeito genético ser passado a frente.
— E acha que isto enguiça o enredo.
— Eu como digo, não ouço os demais, como falamos antes,
carnaval de escola de samba é passar de uma ideia, se me pergun-
tasse como abriria o enredo, comissão de frente, a invasão do paraí-
so, mestre sala e porta bandeira, as doenças, baianas, um mar de
sangue, abre alas, a miscigenação a força, 4 alas falando desta mis-
cigenação forçada, caboclos, mulatos, mamelucos, brancos, nada
puros, mas de famílias nobres, bateria como Seleção Natural, após
isto, alas falando da invasão, das mortes, das doenças, do casamen-
to comprado trazido pelos portugueses, para manter os castos ape-
nas nas famílias com dinheiro. Mas nos campos, invasores caçavam
50
noivas, por não ter dinheiro, capatazes faziam sexo com as escravas,
por não ter dinheiro, os excluídos das sociedades, em cargos meno-
res, os índios como praga, os negros libertos como algo a excluir da
sociedade, os primeiros quilombos, os índios cada vez mais ao inte-
rior, os excluídos gerando o cangaço, gerando os agrupamentos
gaúchos, chegamos a independência, a abolição forçada, ao golpe
militar de Floriano, nos jogando da quarta para a decima sexta eco-
nomia do mundo, por fim o Brasil dos Brasileiros, e o Brasil da classe
econômica dominante, um dos bailes, das festas em hotéis de Luxo,
e o do povo, a rua, a alegria contra a hipocrisia, pois um vestido
repetido no dito luxo, é ridicularizado pelos ditos amigos, então não
é festa, é ostentação, já o povo, transforma lixo em luxo, e lagrimas
em grito, nos blocos, ruas, avenidas deste pais.
Luiz olha para Cauê e pergunta.
— Mas seu carro inicial se encaixa onde na invasão forçada.
— Paraiso a frente, são apenas indígenas, em pelo menos 4
povos, estamos em verde na frente do carro, terminamos com co-
roas pretas e vermelho sangue, mas já miscigenados ao fundo.
— Vai mesmo fazer a parte do fundo de novo.
— As coroas não estão prontas, mas a ideia inicial, indígenas,
estatuas vivas de 14 metros, estava desenvolvendo isto, as arma-
ções a volta, onde eles estarão, eu convidaria nativos do país inteiro
para esta parte presidente.
— Vou falar com alguns.
— Acha que o carro dois seria o que?
— Uma prisão na parte baixa, com índios, negros, pobres, na
parte alta, um baile nobre.
Luiz sorriu.
— O três?
— Quilombos, Campeiros, tribos isoladas, favelas, falsos ricos
tentando manter a aparência.
— Quatro?
— Sexo.
— Quinto?
— A invasão de novos povos no nosso bacanal.
— Sexto?

51
— A sociedade em seus clubes a baixo, nós numa grande fes-
ta na parte superior, eles nos excluíram, agora reclamam de esta-
rem presos.
Luiz sorriu e fala.
— E obvio, quando fala em sexo, espero que não seja um Jo-
ãozinho Trinta novo que surge.
— Presidente, vida a dois é mais difícil que Sexo, mas a misci-
genação se faz pelo sexo, não pelo convívio agradável, e acho que
podemos achar uma forma de apoiar as mais de 60% das mulheres
deste país que mantem suas casas, sem a presença de um homem.
Cauê sorri e fala.
— E começando por ai e avançamos? – Pergunta olhando pa-
ra o presidente, ele queria apoio, a ideia era assustadora.
Luiz concorda, João pega uma caixa ao fundo, coloca na parte
de dentro e começa a por os cristais a volta do centro da peça, a
estrutura, e Cauê entendeu, o carro iria brilhar a noite, não era ape-
nas uma estrutura de DNA.
Franco olha para o carro com a porta aberta e olha Sergio.
— Ele pelo jeito começou o primeiro.
— Pensei que fosse o dele que tinham falado que queimou. –
Silvino chegando ao grupo.
— Um carro simples até, se comparar. – Sergio olhando o que
conseguia ver.
— E eles vão vir para cá, pelo jeito os bombeiros tiraram a
parte que conseguiram.
— Estas partes deixar no fogo só complica. – Sergio.
Aquele abre alas, fez dois grupos de sambistas da escola pas-
sarem lá e olharem o carro, João no fim da tarde sai dali, indo des-
cansar um pouco.
Cauê passou para eles o enredo, e alguns saíram com coisas
anotadas, e pela primeira vez naquele fim de dia, se ouvia correr
uma versão de estrofe para o carnaval 2020.
“A imperatriz vem mostrar que temos orgulho de nossa pele,
de nossa terra, de nossa cor, e que sexo é bom!”
João chega em casa e pega o helicóptero para casa em Angra.

52
João liga para Cauê e fala
que estava criando os carros, que
precisava de 3 dias, para pensar
neles, e ficou em Angra, ele
acompanhava pelo telefone o
repor das telhas do barracão, o
laudo de que um acaso causou o
incêndio, 15 dias para o banco
colocar o dinheiro do seguro na conta, o reconstruir da fachadas
antigas, calmante para não ter de recuar no terreno, o construir das
bases internas, fazia a rua já livre, e poucas pessoas olharem para o
barracão se erguendo.
Ele vai olhando as estruturas, a calculadora ao canto do com-
putador estabelecia quanto cada carro custaria, uma produção em
massa, dava para conseguir o carnaval total, os carros, se o barracão
assumisse o pessoal, perto de 11 milhões, ele olha e confere 3 vezes
os valores, sim, dava para fazer, perdera uma estrutura que deixara
para ser queimada, eles não poderiam não ver nada.
Estava fazendo o calculo quando o telefone toca e Marcos,
presidente da Alegria fala.
— Podemos falar João.
— Temos, pelo que vi, não sobrou nada lá.
— Sim, mas a pergunta, teria como conseguir um lugar de
apoio, estávamos pensando em refazer as estruturas, e não sobrou
muita coisa.
— O principal Presidente, já definiram o enredo?
— Sim, e vamos conversar esta semana antes de o apresentar
definitivamente.
— Certo, pensa em um bom, mas em 15 dias, devemos ter o
lugar refeito, foi criminoso, mas não temos como saber quem, eles
queriam o estoque de penas artificiais que tínhamos lá, como tinha
comprado parte do isopor para as alegorias, foi fácil eles porem
fogo, pior, daquele fogo que pega rápido, queima tudo.
— Vai reconstruir?
53
— O banco confirmou que em 15 dias o seguro está na conta,
vamos ver se ele nos ajuda a reestruturar, mas preciso do barracão
pronto para começar a ajudar novamente.
— Soube que os bombeiros tiraram parte das suas alegorias
de lá, não entendi.
— Presidente, se tivesse um segurança na sua parte, ele teria
aberto e eles teriam tirado.
— Certo, estava trancado, devem ter estourado, mas foi tar-
de, seria isto?
— Eu perdi mais que um carro alegórico apenas em equipa-
mentos de restauração de carros antigos Presidente.
— Então acha que voltamos ao lugar?
— Sim, vai pensando no enredo e nos detalhes que vou cor-
rendo com a obra em silencio.

54
João termina de desenhar
os carros e sorri, ele não sabia
projetar coisas pequenas.
Tira as baianas da frente, e
coloca no encerrar do desfile, a
miscigenação, a morte era forte
para a imagem das baianas.
Ele passa as ideias para
Cauê que olha o presidente e fala.
— Vamos precisar de recursos presidente, mas é para carna-
val vencedor, não para qualquer coisa.
— Ele terminou os esboços?
— Sim, teremos duas sequencias de escultura, e uma delas
me assusta pelo projeto, um carro imenso, e ao mesmo tempo,
limpo demais.
— Não entendi.
— O quinto, aquele que me perguntou, o que ele vai por co-
mo sexo, projeto, a frente um casal de classe alta, o homem em seu
terno a frente, a mulher e duas crianças as costas, 26 metros do
homem a frente, as costas uma casa de classe alta do século passa-
do, o fundo da mesma casa, uma tapera, na porta duas crianças
barrigudas, enquanto o casal está um abraçado ao outro, um no
colo do outro, não tem sexo no carro senhor, tem apenas a indução.
— Em uma alegoria imensa?
— Ele gosta de alegorias que as pessoas falem, não é uma
operação fácil, mas ele me passou algo que até eu tenho de verifi-
car, mas ele fala que pode cortar coisas, mas para estas alegorias
ele precisaria de 18 milhões só com as alegorias, então ele pede
ajuda ou para baratear ou para conseguir recursos.
— E qual o tamanho deste carnaval, pois pensei que o abre-
alas dele era de 8.
— Eu diria que a aparência de cada carro é de 8 presidente.
— Está dizendo o que com isto?

55
— Que ele está pedindo para por 18 milhões em alegorias na
avenida, que alguns carnavalescos gastariam 48!
— Certo, conseguir dinheiro para por um carnaval de 48 a
avenida, seria isto?
— Sim, se não entrar, colocamos com tudo o que ele quer,
não esquece, ele tem três estruturas ai fora, mais metade do carro
abre alas, queimou uma no barracão que estavam as coisas, mas ele
não vai encerrar com algo como do ano passado da beija-flor, ele
quer encerrar com baianas seguidas da bateria e um carro, nos
pondo como os livres, os que sobem o morro, e os que se dizem
ricos, em seus carros blindados, atrás das celas novas, grades.
— Este cara sabe fazer carnaval Cauê.
— Sim, carnaval para pensar, não só para mostrar luxo.
— Mas ele faz luxuoso, viu o abre alas.
— Sim, ele pelo jeito sabe fazer um carro, e pior, ele não pede
um ônibus velho, ele pega uma estrutura nova, o que temos ai fora,
é estrutura nova.
Os dois descem e Cauê fala com o rapaz a ponta.
— Vamos começar a erguer os carros, foi definido, precisa-
mos de alguma estrutura, mas ainda vamos montar fora, quero
conversar com o rapaz responsável pelos carros, pois ele faz aquilo
ali - Aponta para o abre-alas – passar na porta de 5 metros.
Luiz ao lado sorriu e fala.
— Engenharia?
— Nos custos estão projeto estrutural, elétrico, hidráulico e
mecânico, assinados por 3 engenheiros no mínimo presidente, isto
que ele deve ter feito na escola ao lado, carros que tem engenhei-
ros assinando, não apenas um laudo do bombeiro.
— E pelo jeito ele sabe calcular.
— É o que parece, e não sei onde está o resto disto dai.
O presidente sorri, muita gente começa a olhar para eles e a
líder das baianas fala.
— Vão mesmo nos por como morte?
— Não, mas entrarão por ultimo na avenida Rita, agora vem
com a fantasia com o nome inicial do enredo, Miscigenação.
— Melhor, e o mestre-sala e a porta-bandeira?

56
— Eles vem em terceiro na avenida, após a morte como A
Garra da Seleção Natural!
— Fecharam a ideia?
— Ainda não, mas mudamos algumas coisas, sei que algumas
não gostaram, mas temos de ouvir o todo, e talvez seja uma saída
dentro do enredo.
— As vezes as pessoas tem medo de algumas representações.
— Eu poderia no lugar de chamar de Morte, chamar de Sele-
ção Natural, e muitas achariam legal, mas da seleção ficou para o
mestre Sala e porta bandeira.
Cauê chega a sua sala e Luiz pergunta.
— O que tanto pensa.
— Ele pintou a parte de baixo da alegoria ali de negro, ele não
falou algo, pois a alegoria morte, passa para sangue, após o carro,
então ele sai do negro com uma alegoria em verde vivo, e vai ao
vermelho sangue.
— Algo para todos olharem?
— Sim, crômica no mais básico presidente, a intuitiva, o casal
de mestre-sala e porta bandeira, vem no meio do que ele define
como entrada da escola, invasão na comissão de frente, morte por
pragas, ratos, doenças, no meio disto que eles vem como seleção
natural.
— O impacto inicial.
— Sim, e ele não para neste ponto, ele avança rápido, ele vai
a consequência, os miscigenados.
Luiz olha Cauê começar a anotar e desenhar as fantasias, ele
começava a gostar do enredo, algo bem diferente do que pensaram
inicialmente.
João chega de helicóptero no Irajá, pega o carro na garagem e
vai a quadra da Imperatriz, ele olha mais um dia de ensaios, nova-
mente pede uma cerveja e senta ao fundo, olha para os demais
olhando para ele como um invasor, estava tentando entender onde
entrara, estava distraído quando uma moça para ao seu lado e per-
gunta.
— Novo na casa?
— Tentando passar desapercebido.
— Tem cara de conhecido, mas este r não é de carioca.
57
— Curitibano.
A moça olha os braços e fala.
— Sabe que se for o que os braço induzem, é alguém que veio
para mexer com a escola.
— João Mayer, e você?
— Rita Santos, comissão de baianas.
— Sempre calmo assim?
— Ainda é começo do carnaval.
— Acha que será um bom ano Rita?
— Chamaram uma contradição para o carnaval, uns lhe cha-
mam de sabotador, outros de encrenqueiro, e outros de gênio.
— Das três definições fico com o encrenqueiro, gênio estou
longe, sabotador, coisa de perdedor que não quer assumir os pró-
prios erros.
— Acha que alguém acredita que não sabotou?
— Não quero provar nada, o povo acredita mais em um pre-
sidente corrupto do que num honesto, isto serve nas escolas de
samba ou na nação.
— E veio olhar?
— Ver se algo estava tomando a quadra.
— Tem uma tentativa de samba, eles constroem as vezes aos
poucos, as vezes um refrão e uma parceria, fazem um samba cam-
peão. E vai apenas tomar uma cerveja?
— Eu não sou de festas, e vivo delas.
— Contradições da vida, mas não falou se é inocente da acu-
sação de sabotador.
— Nem vou, pois não adianta, mas pode ser que me gere um
dinheiro, que a Estácio não tem, de indenização por calunia.
— E se perder o processo.
— Acho que ninguém leu o inquérito, eles acusam quem ce-
deu espaço, estrutura, a base do carro que foi abre alas e o que
fechou o desfile, mais dois patrocinadores de sabotador, a pergunta
que meu advogado fez, se fosse para sabotar, porque teria gerado a
estrutura que quase os faz campeão este ano.
— E mesmo assim perdeu em primeira instancia?
— A segunda quem vai recorrer são eles.
— E na lentidão de um país, vai avançando.
58
— Acho este país acelerado, não lento, é que não vemos o
mundo a volta dando três passos atrás para cada a frente.
João viu que outras pessoas olhavam para ele e fala.
— Hora de sair.
— Não gosta de chamar atenção mesmo.
— Apenas acho que a Morte é mais bonita do que a Miscige-
nação a nível de fantasia.
Rita olha o rapaz sair, sorri e outra chega a ela e pergunta.
— Quem é o rapaz?
— João Mayer.
— E não ficou muito.
— Ele veio conhecer, quando muitos começam olhar, ele cai
fora, mas viu aquele carro no barracão.
— Dizem que nem está pronto.
— Toquei aquilo, parece vidro, mas é plástico, a ideia é que
faz aquele efeito, mas dizem que é apenas o abre alas.
— Imagino o que é vir de um carnaval campeão para o nosso.
João sai e verifica como as coisas estão no hotel, depois no
barracão em remontagem e por fim, no barracão no porto.
Ele olha as peças prontas, encaixota, põem dentro do carro e
vai para a Cidade do Samba. Para no estacionamento, pega uma
caixa e caminha até o barracão.
O segurança abre para ele que dá de cara com Cauê.
— E dai, vamos construir este carnaval?
— Não entendo os custos?
— Nem eu, ou até entendo alguns com carro de 200 mil e
nem uma casa boa, casa deixa rastro de desvio.
— Certo, veio ver qual deles?
— Cauê, assim que der, vamos devolver este ao barracão que
estava, e tudo por um motivo único.
— Único?
— Carro inicial geralmente temos de ensaiar, então aqui ele
não ficaria na posição e não seria um ensaio.
— Quantos tem ensaio?
— Todos, o que vou falar para você, é que o carro 5, talvez se-
ja o que mais vai dar trabalho, pois eu quero por grupos de dança,
italiana, polonesa, japonesa, holandesa, inglesa, russa, estou pen-
59
sando em 10 grupos, mas é uma apresentação, sobre a alegoria,
diante de uma estilização do que passei para você, abaixo o barco,
as características das construções típicas, as festas, em uma única
alegoria.
— Certo, entendi ela, você não pensa em nada pequeno pelo
jeito.
— Acho que o carnaval é o todo. Quero lhe mostrar uma coi-
sa.
— Tá onde?
João abre a caixa e pega quatro modelos de cabeças, ratos,
urubus, dois de cada, e mostra para Caué.
— Pensei como cabeça das alas frontais.
Caué pega e fala.
— Soma sempre?
— Não, apenas quando dá.
— O que mais?
— Se você viu o desfile da beija flor, de qualquer ângulo que
você olhou um carro, você tinha como dizer, Beija-Flor.
— Quer isto na Imperatriz este ano?
— Sim, então quero ter coroas em todas as alegorias, sejam
elas fáceis ou difíceis de colocar, e deixar claro Cauê, eu gosto de
carnaval bem acabado.
— O que quer dizer com isto?
— Lembro do seu abre-alas do Museu Nacional, olha de fren-
te lindo, quando ele passa, o fundo da alegoria fica muito visível,
não porque não estivesse com um acabamento, mas comparado a
frente, pareceu sem acabamento.
— Quer algo que se complete.
— A Beija-Flor teria posto algo ali, nem que flores, ou mato,
algo para tirar aquela parede branca que era o fundo da alegoria.
— E o que veio fazer?
— Fui a quadra, queria conhecer, mas quando alguns come-
çam a me olhar, sei que meus braços e minha forma de se vestir me
entrega, eu sai de lá.
— E acha que estas cabeças são aplicáveis?
— Eu consigo fazer uma ala por semana se você desenhar os
prospectos antes Cauê, pois o molde demora mais tempo.
60
— E veio ver o carro?
— Vim por os músculos para funcionar, apenas isto.
— E o que queria verificar?
— Primeiro se a armação por baixo, não foi danificada no in-
cêndio.
Cauê viu João puxar uma armação, que saia da que estava ali
e esticava quase um metro e meio para os lados, mais uns 10 me-
tros para frente e mais uns 10 metros para trás, era apenas uma
armação.
Qual a ideia?
— Comunidade ao chão, tentando tomar o grande carro, de
negro, por baixo desta armação que terá um negro profundo como
tecido.
— Você pensa no carro do chão ao topo mesmo?
— Sim, mas se eu falar alguma besteira, me corrige, não sou o
dono da verdade.
João encolhe a armação, tinha uma única falha, soltou no
transporte, ele pegou um ferro de solda e o concertou.
Caminha até o carro dois e fala.
— O maior problema que tenho, é dimensionar minhas ideias
para 4 metros.
— Pode chegar a cinco, - Caué.
— Sei disto, mas quero o sistema hidráulico do ônibus o ti-
rando 40 centímetros do chão para transporte, o que evita 90% dos
problemas de transporte, porque 40 centímetros pode ser quase
nada para uma alegoria que transita com 5 metros pelas ruas, mas
pode fazer uma diferença grande referente a laterais enroscando no
caminho.
Ele chega ao quadro ao fundo e começa a dispor do desenho
do carro 2, e o que cada parte teria de fazer, e Cauê sorri.
— Nesta parte não tem nada de acabamento?
— Não, pois enquanto eles levantam aquilo eu faço a estrutu-
ra geral a volta, isto dá trabalho, não sei porque para mim, um ano
sempre parece pouco, e vocês querem fazer tudo em 3 meses.
— Acha que conseguimos fazer em 5 meses?
— Sim, vamos fazer em 5 meses, não é opção, apenas aper-
tamos o passo um pouco.
61
João pega um sistema de alavancas e ergue parte para cima
do carro dois.
A peça tinha 4 metros de altura, um por um de largura, ele
mede ela e olha Cauê.
— O problema de por no papel, é que ele aceita tudo, o pro-
blema é dimensionar sobre um chassi que tem 28 metros, com os
adendos chega a 32 de comprimento, e que tem oito de largura de
base solida e mais um e meio para cada lado de base ampliada,
geralmente eu trabalho sobre a base principal, gosto de que o show
seja feito para a plateia, não para a TV.
João fixa no chassi, ele estava pensando na base, ele olha a
estrutura frontal e começa a pensar no carro.
Ele encosta na pilastra e fala para Cauê no chão.
— O problema, é que eu gosto de ir com as coisas prontas,
então esta altura, é o topo do carro.
João foi a parte do fundo e olhou que tinha um sistema de
dobra de canos, pegou um fino e começou a fazer um circulo, fez 8
vezes aquilo, prendeu no chão, depois uma volta completa aos 50
cm, e foi colocando de meio em meio metro até os 4 metros, Cauê
viu ele pegar aquela tela que veio junto com a mudança e por de
cima para baixo, normalmente João cortava, mas como tinha um e
quarenta de largura, ele prendeu em cima, prendeu uma lateral e
deu toda a volta prendendo novamente do outro lado, cortando em
baixo.
Cauê viu ele fazer isto nas quatro colunas da frente, e come-
çar a juntar quadrados, e colocar ali, ele faz a parte baixa e pula do
carro e fala.
— As vezes queria ser menos sistemático, eu gosto de coisas
simples, alguns diriam imensas, eu acho que quero ser entendido no
ultimo andar da Marques, e na Frisa no primeiro piso.
— E pensou em algo?
— Que a parte alta do carro não seria vista da Frisa.
Cauê sorriu e falou.
— O grande problema da Marques de Sapucaí, um desfile pa-
ra frisa não é visto pelo Júri.
João olha Cauê e pergunta.
— Acha que conseguem os recursos?
62
— Se fizer eles conseguem.
— E se não tiver para fazer?
— Eles vão encomendando, criando, empurrando, até o di-
nheiro começar a entrar de verdade.
João olha serio e Cauê fala.
— Os 18 eles conseguem, apenas ninguém vai lhe dizer isto,
mas eles acreditam que um carnaval destes fica bom com um pouco
mais que isto.
— Deve estranhar eu perguntar isto, mas colocava minha es-
cola inteira na avenida, bem menos que isto, com 50 mil reais.
— Certo, você vem de um carnaval pequeno, mas suas alego-
rias não parecem isto.
— Imagino, mas é que sou de ideias, não de tamanho, se eu
puser um carro destes nas ruas da Marechal Deodoro em Curitiba,
ele não entra, não desfila, arrasta toda a iluminação do lugar e ain-
da os jurados, que estariam pouco acima das frisas, não veriam na-
da.
O rapaz sorriu, João apenas termina de por os prospectos dos
3 carros ao fundo se despede e vai para casa.
João não viu o segurança do porto chamar reforço quando o
grupo tentou por fogo no barracão do porto e Tabajara em pessoa
foi a frente e desta vez, não sobrou ninguém para contar a historia.

63
João acorda com alguém na
campainha, não dormira 3 horas,
e não dormiria mais, era a policia,
sorri pois era encrenca com certe-
za.
Ele abre o portão e foram
entrando armados, apontando as
armas a sua cabeça e o policial a
porta fala.
— Não resiste.
— Se fosse resistir nem tinha aberto a porta delegado, não
seja cômico, o que me acusam agora?
— De dar fim num grupo no porto?
— Que horas?
— Meia noite.
— Estava na cidade do samba, trabalhando, mais de 12 pes-
soas me viram lá neste horário.
— Acha que acredito.
— Policial não tem de acreditar delegado, tem de levantar os
fatos, crença é coisa de religião.
— Se acha engraçado.
— Não, nem engraçado, nem esperando vocês, estava pen-
sando em ir trabalhar, mas que grupo sumiu no porto, pois primei-
ro, o porto é imenso, segundo, tenho pelo menos 14 imóveis no
porto, qual deles, e o que aconteceu?
Os rapazes ainda lhe apontando a arma lhe deixava inseguro
e olha para o delegado.
— E se estas armas ainda apontadas para mim delegado, for
um servicinho, pede a conta, ganha mais que a maioria neste país
para fazer serviço a terceiros.
— Quer ser preso por desacato?
— Quer me balear e ver se sai vivo pela porta Delegado?
O senhor ficou tenso e fala.
— Me ameaçando?
64
— Não, dizendo que se eu morrer, você morre, pois já tenta-
ram antes, mas o que procura Delegado, não escondo ninguém
aqui, aquela arma que o rapaz colocou ali para apreender, não terá
minha digital, peço a sua e a exoneração dele, por montagem de
provas, então vamos falar serio Delegado, o que quer?
— Vamos o prender por porte de arma, acha que temos me-
do de você?
João não estava olhando a porta mas ouviu.
— Dele não, mas melhor sumir Delegado Celio.
O delegado olha Pedro a porta, muitas armas apontadas para
ele e o delegado olha descrente.
— Não pode defender marginais Pedro.
— Quero saber quem está querendo o prender Delegado,
agora, ou não sai vivo. — Pedro.
— Porque vai se meter nisto?
— Quem?
— Roberto David.
— Então avisa ele, que a próxima vez que ele tentar por fogo
em um barracão que me pertence, ele some, não vai ser na boa, se
ele não respeita nem quem o dá segurança, ele não entendeu nada.
— O barracão...
— Sim, é de uma das minhas empresas, comprei do filhinho
dele, que queria torrar aquilo em festa.
Os rapazes põem os policias para fora e Pedro pega a arma e
fala.
— Se mataram alguém com esta arma Delegado, melhor co-
meçar a correr da cidade, pois covardes nós não deixamos na nossa
cidade, e todos a volta, se querem problema, lhe garanto Celio, eu
aqui é você vivo, então antes de fazer merda, se informa, este dai
não teme Moreira, imagina um policialzinho que cheira a merda da
policia civil do Rio de Janeiro.
Os policiais saíram, Pedro nem ficou para um obrigado e su-
miu a rua.
João liga para o segurança e soube que ele foi baleado, se du-
vidar a arma que iriam colocar ali.
João liga para Micaela e pergunta.
— Tá onde menina?
65
— Em casa ainda.
— Pergunta para seu pai, o que ele quer colocando fogo na
concorrência, e atirando no nosso segurança do porto?
— Quem disse que foi ele?
— Não foi ele, ele contratou o delegado da 22ª DP. Pedro o
colocou a parede, quando tentava me levar a delegacia, provavel-
mente para me acusar de tentar por fogo e atirar no meu seguran-
ça.
— Lhe ligo. – Micaela olhando o pai.
Ela serve o café, olha a mãe e pergunta.
— O que quer ainda com aquele Mayer pai?
— Quem disse que eu quero?
— Um delegado colocado a parede, por Tabajara, já que ten-
tou queimar um barracão dele no porto, a seu pedido, pai?
— Vai acreditar naquele negão?
— Acredito na família pai, se vai negar para mim, me olhando
nos olhos, como vou acreditar em você depois, a pergunta é porque
o senhor quer algo, não sabe pedir, não sabe negociar, o que quer
pai?
— Vai defender ele?
— Ele me gera numa sociedade, muito dinheiro pai, numa se-
gunda, que tenho ele e Tabajara, mais dinheiro ainda, a pergunta, o
que quer?
Roberto olha assustado e pergunta.
— É sócia de Tabajara, tá maluca?
— Não, seu filho iria vender uma parte da sociedade, eu não
tinha como levantar tudo, e consegui parte dividindo com Tabajara,
é negocio pai, apenas isto.
— Não entende do problema que ele me colocou o ano pas-
sado, ganhando o carnaval.
— Não, não entendo pai, acho que nem o senhor, e nada do
que faça este ano, concerta o ano passado, então não está falando
ainda.
Fabiola olhava a filha assustada.
— Ele vai fazer um carnaval para uma rival.
— Escola irmã, é o que o senhor quer dizer?
— Ele vai passar a eles o que fez na nossa escola.
66
— Ele queria vender isto, seu filho não levou a serio a ideia,
mas se fosse fazer isto, com todos que saíram pai, explicaria, mas só
com ele, o que quer pai?
— Afastar ele de vez da família.
— Esquece. – Micaela tão seca que ele olhou serio.
— Tem algo com ele, todos dizem isto, eu tenho de o afastar
filha, e não adianta tentar o defender.
— Toda vez que faz uma merda pai, você me aproxima dele,
não o contrario, pois sei que bombas relógio, como eu e ele, deverí-
amos ser deixados queimando neurônios e energia muscular, não
nos tirando do serio.
Roberto olha serio a filha.
— Acha que vou parar por isto?
— Quer morrer pai, por besteira, colocou Moreira do outro
lado, agora vai querer por Pedro Tabajara e todos os Azuis do outro
lado?
Roberto olha a filha, ela estava seria, ele não queria ouvir, pa-
recia parado em uma meta que parecia não ter sentido para a me-
nina, pois ela não via-se ao lado do rapaz.
— Porque todos iriam para o outro lado?
— Porque está atacando sem olhar o que, invade estrutura de
outros, escolas de outros, e vai detonando, colocando delegado que
nem segura a língua, dando tiros em segurança, meu segurança,
pois o que tinha naquele barracão pai, é as injetoras para produzir
as penas, então está até me atacando para sei lá, vingar o que? Ego
partido?
— Ele não pode apenas ir para outra.
— Porque não pai, você contratou aquele Zanon, que sabe
que João não tinha motivos reais para o sabotar, era para dizer, não
é bem quisto aqui, então ele vai a Curitiba, Moreira mata toda a
família, se antes ele tinha motivos para tentar voltar, entendo, ele
deixa de ter motivos até de estar na cidade, volta, alguém lhe ofere-
ce um emprego, que nem é de carnavalesco, é um misto de chefe
de barracão e montador de carros, então qual o problema pai.
— Ele me passou a perna.
— Não, ele tocou a historia dele, ele ofereceu um lugar, você
nem teve a deia, dai quando tudo fica pronto, ameaça o dono para
67
vender, obvio que ele tentaria outro comprador, pois quem ameaça
para comprar paga o que e quando quer.
— Vai o defender.
— Acorda pai, ele não é escravo seu para ter de lhe obedecer,
agora este incêndio que parece ter sua cara, pois a tentativa no
porto estabelece, foi você, então ainda está de pé a pergunta pai, é
só birra, não sabe ver que os demais tem direito?
— Zanon foi um erro, ele não sabe fazer um carnaval a altura.
— O rapaz não fez pai, foi o grupo, se não estivesse fazendo
burrada, e tivesse apoiando a comissão de carnaval, talvez nem
estivesse vendo ele no barracão a frente.
— E vai continuar sócia dele?
— Se tiver algo mais produtivo, que me gere o que aquilo ge-
ra líquido e limpo, legal, quem sabe.
— Disse que entrou em outra sociedade com ele?
— Pensa na merda de não ter dinheiro, para comprar a meta-
de que seu filho estava vendendo, mas acho que a ideia no fim ficou
boa, mas se vai atacar Tabajara, acorda pai, ali é mais violento.
João chega ao barracão e olha as maquinas e dá assistência
ao segurança, Tabajara olha ele e pergunta.
— O que Roberto quer?
— Não sei, perguntei para a menina, mas ele me colocou para
fora, não fui eu que pulei fora, agora parece querer me detonar
apenas por detonar, sem olhar ao lado.
— Complicado.
— Acho que ele está com ciúmes, de algo que apenas ele
acha que está acontecendo.
— A filha?
— Sim, mas aquela é ligada naquele Delegado da Federal, ou-
tro que acha que está acontecendo algo, estou encrencado.
João organiza as coisas ali, começa a colocar as coroas no car-
ro do fundo, e fazer os sistemas hidráulicos do meio, mas precisava
dos escultores, e ainda não os conhecia.
Ele coloca os acabamentos do fundo, para fazer, e pega as
caixas de cristais verde e sai no sentido da Cidade do Samba.
Tabajara olha para as maquinas funcionando no automotivo e
olha o rapaz.
68
— Nem é algo ilegal, o senhor David deve estar maluco mes-
mo, pois é só uma injetora de plástico.
— E para que ele vai usar aquilo?
— Paredes de acabamento, não sei para que, mas é apenas
para acabamento de algo.
João chega a Cidade do Samba e coloca as caixas para dentro
do barracão e depois estaciona o carro no estacionamento.
Ele começa a por os cristais em cada grupo de 4 metros, e
aquilo começa a mudar de cara.
Ele antes de por as ultimas coloca os sistemas de LED branco
por trás, para cada linha de cristal, 3 linhas de LED, quando ele ter-
mina meio dia a por as ultimas, abaixa o sistema inteiro e coloca o
gerador bem no centro e liga os cabos de energia.
Estava no barracão, meia altura de tudo, e liga os sistemas e
se viu aquela luz verde, pois atravessava os cristais verdes, tomar o
lugar, Cauê na outra alegoria viu aquilo e sorriu, de dia e chamava a
atenção.
João termina e foi falar com os escultores, cada uma das pla-
cas que precisava, os rapazes saíram com muito trabalho a fazer, a
cara de não vai dar tempo para tudo, fez ele pedir para priorizar
alguns.
Pediu para Guerda, para fazer as roupas gigantes, as mesmas
dicas do ano anterior, apena tamanhos maiores, e vai ao fundo e
começa a soldar o que seriam as mãos, as estruturas e movimento
de pernas, e de face, mas não tinha as fases e finalmente conheceu
o pessoal dos rostos em espuma.
Começava a passar a frente o que precisava e via que não era
a mesma dinâmica, pareciam muito corretos, mas muito menos
impulsivos, e João gostava de pessoas impulsivas, lembra de Rodney
e Jesse, que pegaram a ideia e no quarto dia estavam apresentando
algo, ali se fosse pedir algo assim talvez em fevereiro o apresentas-
sem, e não era preguiça, era a dinâmica do pessoal.
Então ele estava dedicando horas para fazer algo que no ou-
tro grupo, existiam pessoas que fariam.
Eles até se mostraram interessados, mas sempre no não é
nossa especialidade, teria de verificar alguém que entendesse disto.

69
João começa a fazer as armações, agora as cabeças chegariam
em Janeiro, então em Janeiro iriam testar tudo, então ele fez as
estruturas de corpo, os corpos, era tecido, então apresentou a
Guerda, ele queria o prospeto para verificar as vestes, para inicio do
mês seguinte, eram coisas demoradas, e João não sabia se era ele o
problema ou achar que não daria tempo, ou não era o caminho que
queria.
Ele faz os prospectos e passa o pedido de sistemas hidráulicos
para a secretaria, pediu também varias outras coisas, se iriam fazer,
hora de ver se eles comprariam as coisas.
João sobe no que seria o carro Sexo, e começa a fazer a base,
apenas a base, e as estruturas de elevação, que seriam fixas, olha
para a dinâmica e começa a fazer a parte bem no centro, a parte
que separava a alegoria em dois, estava soldando mais um trecho e
olha que não tinha mais no estoque, subiu e olhou a secretaria e
perguntou quando chegaria mais material, ela olha a mesa e fala.
— Ainda não foi passado para o fornecedor.
João olha para baixo, não sabia o que fazer e olha para Cauê e
desce, senta a frente do carro e pergunta.
— As coisas são lentas ou eu estou acelerado Cauê?
— O que aconteceu?
— Acabou as vigas de ferro para as armações, sem elas, para
tudo.
Cauê subiu e descobriu que o presidente não assinara a com-
pra, então não foi passado ao fornecedor, então não tinha recurso,
a cara de não posso fazer nada da secretaria, lixando a unha, fez ele
olhar para baixo, pararia todos os carros, pois não daria nem para
um, imagina para três, olha João chegar ao abre alas, descer ele
todo, apagar e desligar tudo, encostar ao fundo.
Ele olha a frente do carro e olha o que tinha, o rapaz olha pa-
ra todos os lados, foi ao estoque e começa a revirar o que daria para
usar, como ferro, aço, estruturas antigas, uma lona preta, que jogou
na frente dos carros, pega um compressor de ar, consegue uma
areia e jateia uma parte daquela matéria ali, na frente da alegoria,
todos viram que o primeiro basicamente se tornou pó, muita ferru-
gem, ele não usaria isto, das 12 estruturas, duas sobreviveram, ele

70
lava o chão, e começa a desmontar elas, depois cortar e volta a fa-
zer o que estava fazendo.
Cauê viu o estado do que estava no estoque, entendeu por-
que ele não pegou, mas ele chega a primeira estrutura, apenas 4
metros, e tudo que tinha recuperado já havia usado, ele limpa o
lugar que havia usado, lava o chão com o jato de areia, o que fez o
chão brilhar.
Um saco imenso de lixo e tudo que ele tentou usar foi a ele, e
coloca a frente, 6 da tarde, não tinha o que fazer, o barracão para-
do, ele fica a olhar para fora, olha Sergio e cumprimenta com a ca-
beça, Silvino, e alguns rapazes.
Cauê olha ele sentado e fala.
— O que pensa?
— O que aconteceria se usasse um metal daqueles, pintado,
se não olhasse o estado das coisas, fosse apenas pela aparência.
— Quebraria na avenida e falariam mal de mim, eu sou o car-
navalesco.
— Bem isto, e se algo ruim acontecesse?
— Sempre desviam da gente.
— Culpariam o construtor, eu.
— E vai fazer o que?
— Não sei, o que acontece nesta hora, é o que depois os de-
mais reclamam de mim.
— O que acontece?
— Começo a apertar o areio e tocar a carroça a frente.
— E como faria isto?
— Não sei ainda, me acostumei fácil com o bom.
— Certo, não faltou material enquanto construía.
— Estava na minha estrutura, eu perdi mais metal por exces-
so de calor, no barracão que queimou do que tinha no estoque. Mas
aquele eu cortei em pedaços pequenos e pus no lixo, pois aço ou
ferro, quando perde o ponto de estabilidade, é pior do que este
com muita tinta.
João estava olhando para fora e fala.
— Conhece o barracão da escola?
— Sim.
— Me apresentaria ele, as cozinheiras e coisas assim?
71
— Tendo uma ideia?
— Pensando, mas não consegui uma saída, vou ter de reco-
meçar a fazer as coisas.
João pega o telefone e liga para o secretario da educação que
conseguira recursos para a Alegria da Zona Sul, no ano anterior.
— Bom dia Secretario.
— João Mayer me ligando, quer dinheiro.
— Sempre, algo que desse para liberar, mas pensando em fa-
zer algo com apoio da secretaria de educação.
— O que?
— Prevenção seria Saúde, Turismo, seria outra secretaria, não
sei, apenas liguei perguntando se tem algo para nós, da Imperatriz?
— Pensou no que?
— No que vão fazer com aquela estrutura que montaram o
ano passado no fim das arquibancadas, para por a publicidade de
vocês, eu estou caçando material barato este ano.
— Quer dar uma olhada no que pode usar?
— Onde?
— Temos um deposito de muita coisa perto de vocês ai, na
Santa Cruz, um barracão de coisas que vamos perdendo.
— E como olhamos isto Secretario.
— Está onde?
— Sentando sem fazer nada.
— Teria de conseguir uns caminhões para tirar de lá.
— Lá onde?
O secretario passa o endereço e marca com João, ele olha
Cauê e fala.
— Vamos ver se temos algo que preste.
— Não tem medo de pedir lixo.
— Iriam mandar nós usarmos o lixo, mas a madeira parece
boa, mas metal e maresia é veneno uma coisa a outra.
João liga para a transportadora e pediu para reservar um ca-
minhão e uma empilhadeira, eles saem dali e fora ao local, João
sorriu da ideia de receber aluguel daquele barracão da secretaria de
educação, o secretario chega e abre o grande barracão e fala.
— Tem de ver rapaz, que colocamos aqui o que não sabemos
o que fazer.
72
— Quer quanto por todo o lixo Secretario?
— Se esvaziar, me poupa o aluguel do lugar.
— Não sei se tenho onde colocar tudo, mas podemos olhar?
— Sim.
Cauê olha a grande armação no fundo, que fora usado no ano
anterior para a propaganda das vagas novas nos colégios estaduais,
ainda com a propaganda, João pega a empilhadeira e separa as 6
partes daquilo, o caminhão coloca aquilo sobre ele, e já encheu,
João olha para Cauê e pergunta se ele ajudaria a alocar aquilo no
barracão e voltaria.
Ele sai e João foi olhando plástico, estruturas, dois geradores
ao fundo e o secretario pergunta.
— Se divirta, deixa com o segurança na saída, venho ver se
não esvaziou tudo depois.
João foi ao carro e pegou umas caixas vazias, começa a sepa-
rar plásticos, depois arame, ferros, latinhas de cerveja ao fundo,
tudo que desse para transformar em algo, tirou as lonas de prote-
ção, pega a cerra de metal e começa a separar em partes, uma par-
te maior ao fundo, e depois de 4 viagens Cauê olha João que fala.
— Pega o pedido de ferro, podemos pedir menos.
Cauê sobe e tira da mesa da moça, e viu João separando aos
trechos retos de ferro, tirando a solda, fazendo uma pilha ao lado,
era separar para depois usar, teriam de ver se poderiam usar.
Os trechos pequenos fez João fazer retângulas, e com estes
fazer estruturas mais finas, o uso de material, reciclagem, faz os dois
irem madrugada adentro, e quando João testou o gerador, e este
funcionou, ele o desmonta para o recondicionar, ele queria ter cer-
teza de que iria funcionar perfeitamente, Cauê foi para casa e ele
fica até umas 6 da manha, e foi descansar.
Quem olhava o barracão na manha seguinte, tinha a sensação
de que alguém trabalhara a noite, mas que tinham material ao can-
to, e estruturas modulares prontas para o que eles tinham de fazer.
João dorme pouco e volta ao barracão, Cauê chega um pouco
depois, somente as roupas entregavam que foram para casa, pois
eles se viram a pouco.
João recomeça a fazer a armação da parte do fundo.

73
Ele termina a parte que se ergueria dos 4 aos 8, e viu o resto
meio sem o que fazer, ele sabia que o que conseguira não dera para
muito, mas estavam trabalhando, sabia que o enredo não era um
vendido, então era difícil de por recursos, miscigenação não é um
enredo que tivesse patrocinador.
João pega o que tinha de tela e usa na alegoria 3, fazendo a
base da parede, sem recortes tinha melhor aproveitamento, quando
cobriu os 8 metros, não tinha fibra ainda ali, então começava a pre-
cisar de mais ideia.
O carro estava ficando visível, mas apenas ferro e solda, nada
que parecesse com um carro alegórico.
Cauê olha João olhar para ele e sair pelo fundo, caminhar a
rua e sentar a uma quadra, pedir uma cerveja, e sorri.
Cauê recoloca o pedido para a moça, que nem tinha visto a
mudança de valores, mas ainda estava ali, parado.
Os barracões a volta estavam ainda meio parados, sem muito
o que fazer, e João rascunha um pedaço de papel, e olha Cauê e um
pessoal sentar a mesa, e ouve.
— Todo esforço não gerou mais do que meio dia de trabalho.
– Cauê.
— Um pouco mais, dois geradores, algum material de acaba-
mento, de cobertura, fio, arame, mas nada que possa usar neste
momento.
— Certo, tem mais coisa lá, mas pelo jeito estamos parados
ainda.
— Eu sempre espero que as pessoas se mecham, mas nova-
mente é a comunidade fazendo, e sei que exagero, e todos ficam
me olhando, porque disto?
— Sim, alguns nem sabem quem é o rapaz que fica lá horas.
— O pessoal vai ficar parado? – João.
— Alguma ideia?
— Me ajudar a por em ordem o outro barracão e começar-
mos a ajeitar lá de novo a parte que não cabe aqui.
— O que nem teve como trazer.
— Eles fizeram barracões que transformaram o carnaval, mas
eles não nos permitem mais de 50 metros de alegoria no mesmo
lugar, quando o maluco quer fazer algo de 60, não cabe.
74
O grupo concorda e saem no sentido do barracão da Santo
Cristo, metade já coberto, paredes sendo pintadas, reerguidas, e
olha aquela estrutura alta.
— Perdeu muita coisa aqui? – O rapaz ao fundo.
— Eles não entendem rapaz, gente como eu, é precavida, se
cada vez que eles me sacanearem eu crescer, eles só ficam mais
putos da cara, pois tudo isto tinha laudo dos bombeiros e automati-
camente seguro, o que gera perto de 30% a mais de dinheiro no fim
do que o valor do imóvel.
Cauê sorriu e fala.
— Mas não recebeu ainda.
— Não, mais umas semanas para receber, estão me enrolan-
do, mas não quer dizer, que não melhore o sistema contra incêndio.
Os rapazes começam a ajudar, e João e Cauê ligam para a pre-
feitura e no fim do dia, traziam para aquela parte já coberta as três
partes que faziam parte do abre alas, e as injetoras e o sistema de
separação, limpeza e flocagem de plástico.
Cauê entendeu a diferença da parte da frente do carro para o
fundo, e viu que o que era verde na frente, virar placas pretas e
vermelhas, translucidas e brilhosas na parte do fundo no que era
um Cromossomo X a frente, era um Y ao fundo, na forma da estru-
tura central.
Os rapazes começam a ajudar a por tudo no lugar e era perto
das 6 da tarde quando eles retornam e a cara de poucos amigos do
presidente da escola, fez Joao ficar na parte de baixo enquanto
Cauê subia.
Cauê chega a sala e Drumond olha ele como se perguntando
onde estava.
— Qual o problema presidente?
— Não deveriam estar trabalhando?
— Sim, mas estamos no estrutural dos carros, sobre a mesa
da secretaria, estão os pedidos, não temos mais ferro, não temos
mais malha, não temos fibra de vidro, não temos rebite, estamos
parados, não temos o que fazer.
— E todo o ferro que tem no estoque?

75
— O aproveitável, usamos ontem, conseguimos uma doação
da cidade, de armações que estavam no cais do porto, não demorou
e acabou de novo, estamos esperando.
O senhor não acreditou, foi ao estoque e viu que acabamento
tinha, mas ferro não, a organização mostrava que tinham desmon-
tado todas as estruturas anteriores.
Ele sobre e dá autorização para a secretaria passar uma parte
dos pedidos.
Cauê olha o presidente querendo algo mais, uma quinta, e
não teriam material antes da segunda.
— Teria de ter avisado antes Cauê.
Cauê não respondeu, o senhor sabia que tinham pedido a du-
as semanas, não no dia anterior, então não respondeu.
Cauê viu que o presidente queria ir no ritmo dele, olha para
João e começam a separar os plásticos, que muitas vezes iriam para
o lixo, separam por tipo, João explicava que são três tipos, as pesso-
as não entendem, mas misturar elas não facilita o produto final.
Eles encheram a caminhonete de Cauê de plástico e saíram.
O presidente olha o carro abre alas e fala.
— Acha que eles evoluíram Mirian?
— Estão me olhando, como se eu tivesse de fazer algo a 3 di-
as, eles sabiam que estava acabando, ontem o rapaz basicamente
pegou tudo que tinha no estoque, e jatiou com areia e Cauê sepa-
rou tudo que não dava mais para usar e começam a usar as partes
que davam, de noite, quando eu sai, eles estavam chegando com
estruturas que nem sei de onde tiraram, sei que veio mais coisas
que estão no estoque.
— Sabe quanto eles conseguiram?
— O problema é que as quantidades para a base destes car-
ros é grande senhor, quando terminarem de fazer as estruturas, vai
vir os pedidos de hidráulicos que continua na mesa, um carro como
aquele abra alas, só ganha formato, quando os hidráulicos começam
a por as coisas no lugar.
O pessoal chega no barracão e começam a estruturar as par-
tes centrais do abre alas, e o que era um meio sem graça, continua-
va sem graça, pois era apenas estrutura sem movimento e sem as
esculturas e painéis.
76
Cauê olhas os entremeios e o fim do carro e olha para João.
— Algo diferente, qual a ideia?
— Parte frontal, o paraíso, que está lá na escola, e a invasão,
com aquelas paredes imensas sendo demolidas, que frontalmente,
dá a sensação de algo grande, verde, mas omite tudo que está na
segunda parte, dai vem a conquista, as mortes as barbaridades, e
mesmo na crueldade, a sobrevivência, o levantar do novo, e o gerar
de uma nação.
— Não mais pura, parece uma critica de cara.
— Tem de ver que para metade da população mundial, bran-
co é morte, preto vida.
— E porque chama a frente de paraíso?
— Verde, o bom, branco, a morte, paraíso é o equilíbrio do
bem e do mal no meu ver, mas isto não vamos falar, deixa cada qual
achar sua interpretação.
— E este fim?
— Vermelho sangue, vida, preto, vida.
— A interpretação que poucos veem.
— Sei disto, preto virou símbolo de morte, e vermelho de
morte, toda a cultura afro foi transformada em coisas da morte.
Cauê olha o colocar das luminárias e depois as placas e fala.
— Você faz para parecer de longe.
— Sim, mas sem os painéis, as esculturas, é apenas uma es-
trutura sem graça.
— E com os painéis ganha conteúdo, com as esculturas, mo-
vimento, com o povo, integração?
— Sim, mas abre-alas são os primeiros a começar, os últimos
a ficarem prontos, mas se a moça for liberar somente quando o
presidente autorizar, o mesmo que diz que não podemos ficar para-
dos, vai reclamar depois que temos de trabalhar Fevereiro acelera-
do.
— E não gosta disto?
— Carros pesados, alguém põem uma única barra no lugar er-
rado, ela se solta, e parece que é dito, acaba travando uma das ro-
das, e tudo emperra.
— E acha que acontece porque?

77
— Gente acelerando onde já deveria estar pronto de cara, an-
tes de começar a erguer, estrutura é o que dá leveza no passar, um
carro assim, não é leve, mas tem de passar leve.
— E como aqueles carros imensos entraram tranquilos na
avenida.
— Na Beija-Flor chamavam o local do motorista de Comando
da Nave.
— E porque chamavam disto?
— Eu tentei algumas ideias o ano passado, o patriarca, depois
o presidente não toparam, mas conhece alguém dentro da Globo?
— Qual a oferta?
João abriu uma armação e entra onde era um dos comandos
e fala.
— O que instalaremos na parte da frente é mais complexo,
mas para se dirigir, temos as imagens laterais, baixas, altas, em 30
pontos, mas uma frontal, para a marques aos fundos, dará a posição
da escola, daria para ter todo conjunto de comando, vendo por
cima, pelo lado, e transmitindo para uma transmissora interessada
nas imagens.
— Eles não toparam?
— Acho que nem propuseram, e como eu era o inexperiente,
achei que a ideia era infantil, até ver a TV de São Paulo usar a
transmissão na apresentação deles.
— Não entendi aqueles desfiles.
— A oferta era pelo show, a ideia era ampliar, mas Gabriel
não tocou a parte que disse conseguia e na vinda para cá, na saída
de Santos, quebraram um dos carros, no meio, para isto, devem ter
feito uma senhora alavanca com a base do carro. Mas a escola lá
colocou com as duas apresentações Cauê, descontado todos os
custos, 4 milhões no bolso.
— E acha que daria para conseguir verbas com as câmeras,
sei que apresentação externa está fora da nossa realidade.
— Vejo que vamos perder porque ninguém quer por uma
campeã na avenida, a diferença, na minha cidade, se fizer algo bem
organizado, eu levanto 50 mil reais, e dobro o orçamento da escola,
aqui, isto nem faz cocegas.
— E como convenço o presidente?
78
— Estou tentando não falar ainda Cauê, tentando com muita
força.
— E vai tocar a parte?
— Ele me ofereceu um dinheiro pelo abre-alas, espero que
pague.
— Certo, mas acha que aqueles números são aplicáveis.
— Acho, mas até agora pelo jeito não tem aqueles recursos,
isto quer dizer, vamos capengar até o carnaval.
— E como fazemos o carnaval que você quer levar a avenida,
pelo jeito todas as brigas do ano passado, poucos viram.
— Eu não sou alguém que briga, eu apenas as vezes viro as
costas e vou embora, eu vi o desfile o ano passado, pela TV, não tive
nem como acompanhar além da armação.
— Sendo mais direto, como colocamos um carnaval campeão
na avenida?
João não sabia, estava ainda na ideia, e parecia que o carna-
valesco queria extrair ideias.
João olha para Cauê e fala.
— Fechando o projeto inteiro antes, falta parte, segundo, pa-
ra cada fantasia que criou, soma uma cabeça e pelo menos uma
alegoria de mão, vamos somar em fantasia, onde não precisamos de
dinheiro e sim de energia elétrica e plástico que podemos conseguir
bem mais barato.
— Certo, se andarmos em um lado, criamos uma estrutura
para começar o desfile.
— Sim, outra coisa, conhece estes rapazes do samba enredo?
— Qual deles?
— Aqueles da “A imperatriz vem mostrar que temos orgulho
de nossa cor, de nossa terra e que sexo é bom!”.
— Sim.
— Me apresenta? Amanha.
— Vamos à quadra?
— Sim, tenho de conhecer o pessoal.
— E o que quer falar com eles? – Cauê vê João lhe esticar um
papel.

79
Cauê sorri e fala.
— Mete a mão em tudo pelo jeito?
— Eu gosto de pensar no todo, não sei você.

80
— No samba não me atrevo.
— Na musica também não, mas quanto mais leve for a musi-
ca, mais fácil de desfilar.
— Eles podem mudar sempre.
— Sim, a verdade é a minha ideia, eles aceitam ou não.
— Certo, e o que deu no ano passado lá?
— Complicado, Franco não gostou nada disto.
Cauê sorriu e fala.
— E vai aqui até quando?
— Eu vou deixar minha parte ainda sem reforma, vou deixar
os tapumes na frente da Santo Cristo e entrada apenas pela lateral
da Cidade de Lima.
— Certo, não quer gente olhando.
— Sim, olhar agora apenas em Fevereiro, e se perguntarem,
aqui faremos 3 carros.
— Certo, vai puxar para cá três, quais?
— O encerramento, o dos novos povos, e os do quilombos.
— E o que vai deixar lá?
— O presidente quer olhar algo, deixar vocês lá fazendo 3
carros, embora um seja o abre alas.
— E quando começa aqui?
— Estou parado por um incêndio.
— Certo, vai reformar e começa acelerando.
— Sim, mas fecha cada fantasia, se quer por plumas artificiais,
põem, se quer uma cabeça de rato, pede, se quer uma lança, pede.
— Certo, quer ajudar onde eles não veem.
— Sim, não esquece, se falarmos em 3800 cabeças, em 3800
alegorias de mão, em 3800 sapatilhas, em 3800 armações de plu-
magem com as devidas plumas, temos de ter muita gente traba-
lhando nisto.
— Certo, vamos ao barracão amanha.
— Disto que falo.
— Acelerar a comunidade, mas e se o presidente segurar as
coisas?
— Quando for campeão espero não me odiar por isto.
— Não entende porque lhe puseram para fora?
— Não.
81
— Já pensou que o presidente estava pensando no filho, não
a filha dele?
João olha desconfiado e pergunta.
— O que quer dizer com isto?
— 20 anos, nenhuma namorada oficial, sempre com alguns
rapazes, festas sempre longe dos olhos, responsável por um lado,
metido em encrenca por quase todos os demais.
João se cala, ele nunca nem dera espaço para uma conversa
que não fosse carnaval ou empresa, não parecia isto.
João coloca a fazer as cabeças das fantasias da frente, e mais
plumagem, Cauê viu que o rapaz iria fazer andar, nem que não se
visse nada.
Cauê sai, João acerta com o pessoal da obra, surge a rua
olhando a reforma das casas na esquina, queria que vissem ele pre-
ocupado com aquilo.
Pega um taxi e volta a Cidade do Samba, olha o presidente
olhando o carro e para ao lado.
— Acha que termina.
— Neste ritmo não, mas sei que invento carnavais caros pre-
sidente, mas vou tentar ajudar, se ajudar por outro.
— Muitos tem medo de suas ideias.
— Eu assumo minha meta Presidente, e ela, estabelece estar
o mais lindo possível na avenida.
— E acha que é um enredo que conseguiria apoio?
— Do que entrou no estoque ontem, e não foi oficial presi-
dente, tem dois geradores, mais de 100 mil em estruturas, ferra-
gem, plástico reciclável, arames, madeiras, e pequenas coisas, mas é
que como falava a Cauê, isto na minha cidade, montava o carnaval,
aqui, não dá para começar a fazer as coisas, mas apenas queria não
parar, estes dias parados, pois agora só material na segunda, vão
faltar lá sobre o carnaval, e sabemos que depois um detalhe e per-
demos o carnaval.
— Acha que não consegue fazer nada?
— Estou abusando presidente, estou usando eles para por o
outro barracão novamente em operação, lá eu consigo construir 4
carros mais espaçoso que aqui faria, deixando para cá, comissão de
frente, 3 tripés e dois carros.
82
— E não teme ser sabotado de novo?
— Oficialmente foi apenas ladrões, isto pode acontecer aqui
também presidente, mas lá, eu vou deixar apenas uma entrada e
todo resto vai parecer em reforma até o carnaval.
— E porque quer montar lá?
— Como verifico se uma estatua está perfeita, do lado de
dentro, se ela tiver 25 metros de altura presidente?
Luiz olha para cima e fala.
— Não verifica, fica para o dia na armação.
— Ai não temos como fazer milagres.
— E pelo jeito é serio que vai montar um senhor abre-alas.
— Vou falar com alguns para ver se conseguimos um dinhei-
rinho a mais, mas para cada ideia, vou perguntar para o senhor.
— Certo, acha que vai operar dois barracões?
— 3, o da escola também, as fantasias em parte vão ser feitas
lá, os ensaios, a bateria, mestre-sala e porta bandeira, partes que
são fundamentais no ganhar um campeonato presidente.
— Se descuidar assume o carnaval.
— Senhor, amanha vamos pedir doação de plástico, de 3 ti-
pos a comunidade, para fazer, plumas, fazer cabeças de fantasias,
fazer alegorias de mão, vamos envolver a comunidade nisto.
— Vai fazer fantasia de lixo, odeio esta ideia.
— Vou jogar naquela maquina ali no fundo, que vai transfor-
mar em três tipos de plásticos, e que na injetora de plástico vai nos
adiantar apenas uma pequena parte do carnaval, todo dia, pois
ainda me assusto com estes números do carnaval local.
— Certo, e vai com o carnavalesco.
— Sim, e na semana que vem vamos começar a falar do nosso
carnaval, para que outros comecem a pensar em por dinheiro no
nosso carnaval.
— Pensou em quem?
— Três multinacionais de cosméticos, este sim é um enredo
difícil de achar investidor presidente.
O senhor olha em volta e fala.
— Vamos fazer uma coisa rapaz, libero uma parte do dinheiro
na sua conta, vejo que gasta por conta, mas é entre nós.
— Sem problemas senhor, boca de siri.
83
— Bom.
João não perguntou quanto, pensou em quase nada, pois era
segredo, então o que ele pusesse, seria um pouco.
— Vai fazer qual parte agora?
— Jogar esta parte para a Santo Cristo e trazer parte da estru-
tura para cá, para começarmos a fazer direito aqui senhor.
— E quando posso olhar o lugar lá.
— As 8 da manha estarei lá amanha. Mas daqui a pouco vou
para lá.
— E o que tanto faz lá?
— Acho que não é o que se faz, é o que não fica visível se-
nhor, mas dependendo do deposito eu adianto o material dos escul-
tores, eu gosto de saber o que vai onde bem antes dos demais.
O senhor sorriu e viu João dirigir aquela parte para a outra
sede, olha o rapaz fechar os tapumes e olha para dentro vendo ele
manobrar aquele gigante e colocar na posição de montagem, viu
que a parte que estava lá era maior, do que a parte que levou, olha
a frente e o fundo, aquele carro olhando lateralmente era mais do
que tudo que tinham feito na escola até aquele momento e o se-
nhor encosta em uma cadeira e olha aquele carro lateralmente.
— Agora entendo o pedido de material para painéis laterais,
estão falando serio em um carro de 60 metros.
João ergue a estrutura na altura de desfile e o senhor olha pa-
ra cima, olha o espaço ainda de mais de 10 metros para o telhado e
fala.
— Disto que falava, algo que quando entrar, todos olharem?
— Sim, está desligado, não esquece.
O senhor fica olhando o local.
— Sim, mas o problema de algo assim, é manter a pessoa no
desfile presidente, pois é algo que chamou a atenção, então o que
vem após, até o fim, tem de ter um acabamento e entendimento
rápido, e agradável.
— E o que são estas maquinas ao fundo, que fazem barulho.
João foi a uma caixa e falou.
— O que vamos passar em parte para lá, o plástico que estava
lá no barracão, abandonado a anos, sem utilidade, transformamos
em – ele pega um saco de flocos de plástico – material que conse-
84
guimos injetar na maquina e formar as cabeças das fantasias a fren-
te da alegoria inicial. – João pega uma das cabeças em plástico, ain-
da sem acabamento de um rato, o presidente olha aquilo e fala.
— E isto poderia ser reciclado para o ano seguinte?
— Sim, a vantagem do plástico, é que mesmo com perdas,
perdemos perto de 10% na reciclagem, então teríamos material
para mesma maquina no ano seguinte.
— E estas maquinas são suas?
— Sim. – João vai ao fundo e pega umas plumas e fala – Ano
passado produzimos apenas faisões falsos, este ano faisões e plu-
mas.
O senhor olha e fala.
— E para a escola que está fornece ao mesmo custo?
— Não, a parte de vendas não sai deste barracão senhor, não
misturo as coisas.
— E todas estas plumas?
— Amanha vamos falar com Rita, para as baianas amanha.
— Certo, começando a por na mão das costureiras o que elas
vão usar, mas isto daria um luxo as baianas.
— Sim, um luxo as vezes, mesmo bem mais barato, faz os
demais olharem.
O senhor sorriu, João confirmou os 6 seguranças e sai dali, o
presidente olha a construção de fora e viu que não parecia estar
pronto, e sorriu.

85
João passa uma mensagem
para Cauê logo cedo e ele passa
para Rita, para Raquel e Roseli, as
chefes dos três grupos de costu-
reira, pensou que o presidente iria
por um trocado na conta, mas
vendo que tinha mais do que falou
em gastar no carro a frente, pensa
nos preços e nas estruturas e olha para um rapaz entregar a arma-
ção das saias, a sapatilha verde, e acerta com ele, entra e termina
de separar as plumagens, os faisões, as cabeças das fantasias, e as
ombreiras para as plumagens, era perto das 11 da manha quando
Cauê olha para ele e fala.
— Não sei o que fez, mas o presidente liberou dinheiro para a
costura, para o ferro e para a estrutura.
— Mostrei apenas como está.
Cauê olha a estrutura erguida e olha o próprio desenho e fala.
— Pensando nas baianas.
— Armação, ombreira, cabeça, DNA em plastico para toda
volta das saias, espelhos para as mãos.
João olha as cabeças das alas frontais e fala.
— 37 cabeças de cada tipo, 6 tipos, 222 cabeças, plumagem
negra para as fantasias, ombreira, estrutura para plumagem, estru-
tura para fantasia em 6 tipos, 37 de cada.
João caminha mais um pouco e fala.
— Aqui tem apenas as ideias que me passou, ombreira, com
plumagens na forma da fantasia, proteção de costas com o tema,
ferragem, cabeças, 6 tipos, 74 de cada.
Cauê olha para João e fala.
— Se ele acelerou, você tira os coelhos da manga?
— 12 das 52 alas do projeto.
— Certo, apenas começo, é o que está dizendo.
— Sim, é o que estou dizendo, para cada fantasia, vamos for-
necer um tipo de calçado e de meias.
86
Cauê olha as moças chegarem, foi inevitável ver o abre-alas
inteiro disposto ainda em construção, e as moças pararem na ima-
gem.
— O que temos para hoje Cauê? – Rita.
— Ainda é começo, mas 200 baianas, temos as armações –
Cauê foi falando do que tinham e mostra para cada uma o que esta-
riam começando a fazer e João fica olhando elas perguntarem deta-
lhes que ele não saberia explicar, mas aprendendo em como fazer.
As moças olham para ele e uma pergunta.
— E vai ter este tamanho?
— Logico que não. – João olhando as moças.
— Maior?
— Não, mais dinâmico, ai, apenas uma sequencia de ideias,
ainda sem vida.
— E como teria vida?
— Não sei ainda. – João mentindo, Cauê sorriu.
A moça chega a parede e olha uma imagem e pergunta.

— Assim que vai estar depois?


— Antes das esculturas.

87
Cauê olha o feito e o a fazer e fala.
— Tem muito a fazer.
— Sim, as estruturas nas costas ainda são apenas estruturas,
mas é que faço andar a andar, lembra disto?
— Sim, a garantia de altura, mas apenas esboço?
— Sei trabalhar com ferro, acrílico, luz, não com lápis de cor.
Rita sorriu e falou.
— E se esconde aqui?
— Voltando para cá, e já começando a distribuir, mas a ideia
das fantasias, é fazer elas com calma, capricho e com o máximo de
detalhes possíveis, não queremos uma escola triste, queremos a
vestir da cabeça aos pés, e isto, nem sempre os demais veem, mas a
comunidade sabe. – João.
— E as sapatilhas tem em todos os tamanhos.
— Não, apenas P / PM / M / MG / G / GG, calça do 34 ao 44.
A senhora sorriu e falou.
— Pelo jeito é serio que veio para nos fazer trabalhar.
— A pergunta, Luiz soltou o dinheiro suficiente para as fanta-
sias ou para as costureiras?
— Costureiras, mas podemos depois pedir mais. – Rita.
— Faz o seguinte Rita, Raquel e Roseli, verifiquem os tecidos,
a quantidade, eu tiro do recurso que ele me colocou na conta, cos-
turar sem receber também não dá.
— Certo, acha que consegue? – Rita.
— Me passa ainda hoje, eu encomendo e na segunda come-
çamos com força máxima estes, quando forem terminando estes,
vem mais roupas e mais roupas, até chegarmos em fevereiro com as
52 alas vestidas. – João.
— Pelo jeito pensei que era apenas o carnavalesco, veio pen-
sando em que?
— O que disse para sei lá quem o ano passado, carnaval para
mim é diversão, com um desfile anual, de muita diversão, prepara-
do para nos fazer erguer uma taça.
Rita olha Cauê e pergunta.
— E o presidente deu carta branca?
— Ele quer um carnaval vencedor e nos dá um tema compli-
cado, vamos fazer o melhor Rita.
88
Elas foram olhar as armações, cada detalhe e passam para Jo-
ão o que precisavam, obvio que quando elas viram que teria pluma-
gem em todas as fantasias, se animaram mais ainda.
Meio dia João passava os pedidos para varias coisas, e quan-
do as moças saíram, Cauê fala que marcou com um amigo da Globo,
que era apenas um carnavalesco, mas que poderia os dar a informa-
ção sobre a possibilidade de vender as imagens.
Cauê viu João reduzir as alturas do carro a frente, o fundo ba-
sicamente foi ao básico, a frente ficou com 8 metros, para ver algo,
mas não o que eles pretendiam.
João fecha a porta do fundo, reduz o barulho, mas se por um
lado fechou algo, deixou sobre a alegoria um modelo de cada cabe-
ça ainda apenas em plástico, sobre o carro alegórico, e uns 10 carri-
nhos de supermercado de plumagens a ponta.
Cauê viu que era uma cena montada, mas o colocar de tudo
fora do lugar, parecia algo feito as pressas para aparentar tudo em
mudança.
O fechar das cortinas do fundo deixavam as armações dali fo-
ra do visual.
A reforma ainda corria na parte alta.
João olha Cauê e fala.
— Vou trabalhar, quando eles chegarem me chama.
Cauê sorri e viu João pegar material de solda, e começar a fa-
zer a estrutura de uma das estatuas frontais, volta e mais voltas de
arames, solda em partes desconectas.
Cauê estava achando que iriam desmarcar quando batem a
frente e João fala para ele dar a volta, pois ali ainda estava em re-
forma.
Cauê dá a volta e viu 3 pessoas conhecidas por reportagens
anteriores ao carnaval, eles entram, vendo que o local estava em
reforma e Milton Cunha pergunta a Cauê?
— Aqui que sofreram o incêndio Cauê?
— Sim, estamos pensando em passar o resto da estrutura pa-
ra a cidade do samba, mas temos de ajeitar lá para entrar com o
projeto do abre alas.
Mariana Gross, que também viera, olha o carro e pergunta.

89
— Pelo jeito este papo de carnaval pobre não atingiu a Impe-
ratriz este ano?
Cumprimentos formais, e informais e Cauê fala.
— Estamos com pouco dinheiro, mas estamos reciclando to-
do plástico, ferro, e coisas do ano passado para gerar novas fantasi-
as e mais lindas.
— E como se recicla e chega a este acabamento?
— Segredos trazidos de fora pela escola para este ano.
— Dizem que trouxeram o montador de carros da Beija-Flor
para este ano, é serio?
— Somamos João Mayer ao nosso carnaval.
— E o que seria este abre-alas, parece algo ainda bem no ini-
cio.
— Estamos em Outubro, então falta muito ainda.
— Mas pelo jeito a Imperatriz vem para disputar mais um
ano, ou estou enganado. – Milton.
Cauê olha para dentro e fala.
— Para um pouco João.
Milton viu o rapaz soltar a solda ao fundo, olhar para eles e
falar.
— Desculpa, me empolgo trabalhando.
Milton olha João, ele passara desapercebido no carnaval an-
terior, por poucos momentos do carnaval, alguém que embora te-
nha feito parte do carnaval vitorioso, falavam que ele era apenas o
rapaz do barracão, e Milton sempre foi bem direto.
— Boa Tarde, acha que soma ou atrapalha este ano?
João sorriu e devolveu a pergunta.
— Acha que devo sumir ou continuar Milton?
Cauê sorriu e Milton olha o carro e pergunta.
— Pelo jeito ainda estruturando o carro.
— Sim, mas ainda no começo, eu queria já estar com mais
coisa feita, mas carnaval é ideia, não apenas dinheiro, então vamos
desenvolvendo as ideias e as executando.
— Pelo jeito vem com luxo este ano, dizem que você levou o
gigantismo a Beija-Flor, ela o enfeitou, agora vem com o gigantismo
de novo?

90
— Não acho que com 6 carros na avenida se possa decretar
gigantismo, não vivi a época dos 8 carros, para não regularem, di-
minuíram, eu sou pelo devolver a cidade o titulo de maior carnaval
do mundo.
— Acha que perdemos isto?
— Não em tamanho, mas estamos perdendo em símbolo, an-
tes todo brasileiro tinha orgulho do carnaval, agora parecem tratar
ele como uma praga do passado, eu acho que artesões, tem sempre
de ser apoiados.
— E este carro as costas, algo de especial?
— Ainda tentando fechar a ideia, abre-alas, tem de chamar os
olhos para a nova escola, as vezes, o povo está extasiado com o fim
da escola anterior, e temos de lhes despertar o encanto, para que o
desfile faça efeito.
— E o que seria este carro? – Mariana.
João olha para Cauê e pergunta.
— Se pode abrir assim o carnaval?
— Sim, estamos apenas começando.
João sorriu e falou.
— O carro abre-alas desfralda o enredo, o nome dele é Misci-
genação, que era a ideia inicial do carnaval deste ano, então temos
um carro abre-alas com a pretensão de apresentar o enredo, mas
bem menos didático do que o ano passado.
— Certo, e o que teria de especial neste carro.
— Ainda é apenas projeto Milton, não ria das nossas pré-
ideias. – João pega o controle hidráulico da frente e começa a er-
guer o carro, e o cinegrafista e os dois rapazes ao lado, começam a
ver aquilo crescer, se viu as estruturas em DNA e Milton pergunta.
— Ainda criando?
— Sim, a estrutura onde vamos por os elementos, sejam eles
alegorias, sejam eles estruturas para dar movimento, ou mesmo
pessoas se balançando ao carro, requer calma na criação.
Milton olha a parte central e chega perto, ele teve de tocar
para ver se era plástico, e não teve certeza.
— Cristais?
— Plástico reciclado. – Cauê.
— E vão transferir isto para o outro barracão? – Milton.
91
— Assim que conseguirmos organizar as coisas lá, aqui que ti-
vemos o incêndio, roubaram mais de um milhão de reais em faisões,
sabemos o valor disto no mercado, e para não deixar vestígio colo-
caram fogo, sorte que atingiu apenas parte do carro, então temos
de por onde haja mais segurança. – Cauê.
— Mas falou em uma ideia. – Fabio Judice ao fundo.
— Quando no ano passado, foi feito uma estrutura para dar
comando aos carros na avenida, e quando do desfile se pensou em
tentar um recurso da rede transmissora para gerir um recurso a
mais, apenas não sabíamos se era praticável, dai quando do uso em
São Paulo da Beija-Flor o ano passado, foi liberado as câmeras dis-
poníveis no carro abre alas, e no encerramento, o que deu uma
visão interna do desfile. – João.
— E este carro teria isto? – Milton.
— Sim, carros imensos tem um sistema de controle para o
por na pista, então este sistema assim como se usa para levar a
Marques, pode ser usado para transmitir tanto para a Marques co-
mo para o mundo.
— E onde estaria esta câmera, porque acha que daria um
bom visual.
João olha para Cauê e apenas acena, como se fosse ele que
coordenava aquilo.
João chega a parte do fundo, toda recolhida e os três viram
que era uma mudança de cores drástica, mas não menos bonita, e
com o erguer, se viu a cabine traseira do veiculo, João abriu e falou.
— Bem vindo a nave Imperatriz.
João liga os prospectos e as câmeras, frontais, traseiras, late-
rais começam a surgir, 6 de alta resolução, e 24 outras de media
resolução.
Milton senta-se e pergunta.
— Tem motorista neste lugar na hora?
— Tem um técnico, pois esta parte é conectada a parte fron-
tal e na avenida a parte frontal coordena todas as 4 partes do veicu-
lo.
Milton sentado ao lugar olha para Cauê.
— Sabe que me falaram de algo assim ano passado na Beija-
Flor, eu achei que estavam delirando, alguns chamavam o abre-alas
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deles de “A Nave”. – Milton olha para João – Mas não é algo muito
caro.
— Não entendo, se investe 8 milhões para por um abre-alas
na avenida, não é trocado, e quando se fala em somar um sistema
de 40 mil reais, que garante ele entrar e sair com segurança, acham
caro?
Milton viu que era uma central de comando e pergunta pra
Fabio.
— Porque o Boni não quis usar o ano passado?
— Roberto ter pedido perto de 6 milhões para liberar as câ-
meras internas.
— Quer quanto para nos ceder imagens exclusivas.
— Primeiro acho cedo para negociar, apenas o abre-alas está
disponível, e façam uma proposta, estamos precisando de cada
trocado para levantar este carnaval.
— Todos os carros terão imagens?
— Sim, todos terão sistemas de entrada e saída controlados.
– Cauê.
— 6 carros? – Milton.
— 6 carros, carro da comissão de frente e 3 tripés.
— E porque os menores teriam câmeras? – Milton.
— Usamos o sistema para verificar a coesão da escola na ave-
nida, a câmera da comissão é voltada para a escola, para controlar
as luzes sobre o casal de mestre-sala e porta bandeira.
— Vem então com um carnaval campeão este ano? – Milton
olha para Cauê.
— Entramos todo ano para vencer Milton, sabe disto.
Milton olha para João.
— E vai por um abre-alas de quantos metros este ano.
— Tamanho não é a prioridade, é consequência.
— Certo, mas definiram o tamanho.
— Até este momento, 60 de cumprimento por 22 de altura,
12 de largura.
Mariana sorri e pergunta.
— Com encenação?
— Não, com as pessoa se divertindo dentro do carro.
— Um carnaval gigante e pesado? – Milton.
93
— Gigante no tamanho, leve no passar, feliz no desfilar e exe-
cutar. – Cauê.
— Vou falar com o pessoal de carnaval, algo a mais que pode-
riam oferecer?
— Quer uma câmera exclusiva da sua TV, dentro do nosso
barracão 24 horas por dia, transmitindo nos trabalhando, conse-
guimos. – João.
— Algo para olhar dia sim e dia também?
— Sim, ate mesmo nas horas antes do desfile, até o voltar pa-
ra o barracão. – João.
— Um pacote?
— Sim, chamar as pessoas ao carnaval requer eles verem o
que teremos a apresentar.
— E não estaria abrindo de mais? – Milton.
— Se tivéssemos alguém fora olhando, teríamos a face de
quem nos roubou Milton, em primeira mão nas imagens lá no seu
servidor, narrando as coisas.
— Vou apresentar uma proposta, mas ainda não sei qual.
— Duas câmeras por carro, 12 delas, mais 4 em tripés de
apoio, e 4 câmeras 24 horas nos barracões do dia que assinarmos,
ao dia que terminar o carnaval.
— E aceita propostas? – Milton.
— Ela será apresentada a escola e eles analisam se vale ou
não, eu sempre digo que a proposta do Roberto não era ruim o ano
passado, só não foi especificada e negociada, algo fixo sem estabe-
lecer parâmetros, parece bem caro mesmo.
O pessoal filmou o carro, o sistema de controle e foram a ci-
dade do samba, e Cauê pergunta.
— Aceita a partir de quanto?
— Milton ainda é ligado a Beija-Flor Cauê, eles precisam saber
que tem uma câmera pegando eles fazendo as coisas, precisamos
de paz para trabalhar.
— Ele parece ter ficado impressionado.
— Ele gosta de luxo, e sabe que temos aqui algo perto do que
pode transformar o carnaval deste ano em luxuoso.
— Não respondeu quanto?

94
— Eles investiram só naquela câmera que corre pelo sambó-
dromo, mais do que os 8 milhões que pretendo gastar neste carro
Cauê, eles não compraram a ideia pois ela não foi vendida.
— Certo, você quer algo em torno dos 6.
— Sim, dá para fazer dois carros com muito luxo, dá para ves-
tir toda a escola.
— Ou por um carnaval inteiro mais barato a avenida.
— Sim, ou isto.
— Acha que o Luiz vai aceitar assim?
— Ele quer dinheiro, acho que a partir de 3 ele topa.
— Certo, ai teríamos entrada de capital até da transmissora
além do pagamento padrão.
— Sim, não sei quanto vocês fecham para transmissão, mas
isto é a parte da LIESA, não é o mesmo pacote.
— E vai fazer o que agora?
— Vamos, acho que preciso de um investidor de comunidade,
e um investidor de estrutura.
— Não entendi.
— Vamos, como disse, temos de achar gente para investir,
em uma historia que não gera investidores.
— E pretende conseguir onde investidores?
— Tenho pequenas ideias, e nem sempre os investidores gos-
tam do resultado final, mas vamos nesta.
João sai e vão a 6 lugares, e por fim a quadra a Imperatriz,
onde ele apena passa sua sugestão, não era nada além de uma pe-
quena sugestão para os compositores.
Ricardinho que fazia parte daquele grupo de criadores do
samba, não gostou, mas recebeu com um sorriso ao rosto.
João olha Rita chegar aos dois e pergunta.
— Fez o pedido?
— Sim, parte eles devem entregar ainda amanha, sábado, dai
o resto na segunda.
— Vai ficar mais hoje ou vai sair correndo.
— Esperando o Luiz, para conversar serio.
— Serio, vai pular fora? – Rita.
— Não, mas eu propus algumas coisas que não tenho como
assinar, então vou falar para ele o que propus e quais os retornos.
95
Cauê sobe com João e Luiz olha a diretoria da escola.
— Andaram falando com muita gente, o que aprontaram
Cauê?
— Como o João falou, propusemos e agora tem de ter o aval
da escola.
— O que tanto propuseram, tem de diretor da Globo a presi-
dente de outra escola me ligando.
— A proposta é que em todos os carros teremos câmeras, e
com isto, temos pelo menos 12 imagens exclusivas com potencial de
transmissão dentro da escola, e nos propusemos a por mais quatro
no barracão, finalidade, um investimento de pelo menos 3, o preço
de mercado é 6 milhões de reais da rede transmissora.
Luiz olha para Cauê e pergunta.
— E o mistério?
— Senhor, câmeras paradas, dão a eles o que queremos que
eles vejam, mas também disponibiliza uma visão 24 horas, de quem
entrou ou saiu dos lugares.
— Eles querem pagar ninharia, ofereceram dois e meio. – Luiz
olhando para Cauê.
— É negociação, se eles baixaram para dois e meio – Cauê
olha para João – Acha que eles querem pagar quanto.
— Querer eles querem pagar dois e meio, mas sinal que espe-
ram uma contraproposta na base de 5 para fechar em quatro e
meio.
Luiz olha para João e fala.
— Roberto da sua antiga escola, diz que não pode usar tecno-
logia da escola dele.
João olha para Luiz e fala.
— Ele inventou a câmera? Não, sistema de transmissão, não,
mas referente a termos instalado isto nos carros dele o ano passa-
do, foi feito pela MD Tecnologia Carnavalesca, não pela Beija-Flor.
— E teria contato com esta empresa? – Um dos diretores.
— Como detentor de 50% da empresa, acredito que sim.
— E os demais sócios.
— Falo com a filha do senhor Roberto, minha sócia neste em-
presa que vende plumagem de faisão, sistemas hidráulicos para
carros alegóricos, estruturas de vídeo, e controles, para carnavais.
96
— Está dizendo que a empresa que aquela menina, fez de
venda de faisões recicláveis, de alta performance, você é sócio. –
Luiz olhando o rapaz.
— Sim, mas nossa maior sociedade é a produção de camarões
em Santa Cruz, mas isto não tem haver com minha função aqui den-
tro senhores, e referente a tecnologia, é de uma empresa, queria
ter terminado de desenvolver mais coisas para a empresa de tecno-
logia carnavalesca, mas tive problemas pessoais.
— Certo, acha que uma contra proposta em 5 eles chegam
perto disto.
— Senhor, se eles não quiserem, vamos vender para outra
empresa, não temos apenas a Globo que faz matérias carnavales-
cas, mas é apenas ideias, pois vimos que precisávamos motivar o
pessoal.
— E o contato da MD Transportes, tem sua mão também.
— Digamos que eu estabeleci metas pessoais o ano passado e
ele foi um ano produtivo, acha que se conquista inimigos se não se
mexe?
— E qual a ideia?
— Ela tem sistemas de vestiários em ônibus, camarins de pin-
tura, banheiros, batedores de transporte, sistemas de proteção e
segurança, podem nos ajudar no armar da escola, no proteger das
alegorias, no dar estrutura para o desfile.
— E quanto a MD Transportes entraria com recursos?
— A oferta foi de dois milhões presidente.
— Certo, um patrocinador a mais, tem algo a mais.
— Sim, conseguimos que a Associação Carioca de Turismo,
entrasse com outros 4 milhões, mas foram propostas, teríamos de
por no papel e quem teria de fechar seria você presidente. – João.
Luiz sorriu, pois ele liberou 4 na conta, pensando em acalmar
o rapaz, viu que ele pega os recursos, estrutura as costureiras, as
alegorias e se mexe para por patrocínio.
— E acredita que eles querem as imagens.
— Oferece senhor, explicando o que está oferecendo, ima-
gens internas do nosso carnaval, que vão do dia da assinatura até o
desfile da escola, não demos um preço, pedimos uma proposta, dois
e meio não nos agrada, ficamos e vendemos as imagens pós evento,
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ou criamos nosso desfile interno, e colocamos no site da escola, mas
a escolha é deles.
— E parece disposto a levantar os recursos para um desfile de
ponta. – Um dos diretores.
— Eu não faço carnaval para perder pessoal, vim de uma ci-
dade pequena, mas eu não acredito em fazer carnaval para disputar
o sexto lugar, se vamos entrar, tem de entrar com o melhor conjun-
to de pessoas capazes de gerir mais notas possíveis. – João.
— E acha que temos como fazer um carnaval vencedor? – Lu-
iz olhando serio a posição de João, diante de sorrisos.
— A ideia é esta, sempre digo que podemos não vencer pre-
sidente, mas os demais tem de olhar e pensar, fui pior que eles, não
é apenas desfilar perfeito, bonito, integro, é desfilar alegre, com
jeito de campeão.
— E como fazemos isto?
— Escolhemos um samba bom, fazemos nosso povo cantar
aqui e em qualquer lugar o samba, ensaio técnico em vários lugares,
para as pessoas cantarem nosso samba, se não temos como escon-
der, mostramos o pouco, e surpreendemos com o muito mais.
— E acha que estaremos prontos para este carnaval quando?
— Neste ritmo, 21 de fevereiro do ano que vem.
— Por isto resolveu acelerar? – Um dirigente ao fundo.
— Não sei quem me viu acelerar, pois eu acho que estou pa-
rado, não acelerado, eu acelerado vamos a 21 de fevereiro, mas não
quer dizer que vamos feios a esta data, quer dizer que vamos até lá
por ser corrido, carnavais vencedores, que não tem tensão e impre-
vistos, não ganham.
— Não vi imprevistos na Beija-Flor o ano passado. – Um rapaz
ao fundo.
— Não terem visto, não quer dizer, não aconteceram, apenas
passado não faz o carnaval deste ano, já passou.
— E em que ponto estamos na elaboração? – Luiz olhando
Cauê, que olha João e fala.
— Definimos e estamos remodelando todas as fantasias, co-
mo João falou, eu não havia me atentado a isto, ele entra com a
tecnologia da MD Tecnologia Carnavalesca, e teremos um carnaval
de um visual rico, e isto quer dizer, roupas com detalhes que não
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tínhamos no pré projeto de duas semanas, como calçados, cabeças,
meias, meia-calça, adereços de mão, então estamos somando nas
fantasias, e nas alegorias, mas o que ele falou, presidente, é que isto
não gera as notas, o que gera nota, são quesitos genérico, então
tem de ter ensaio, tem de ter comprometimento, vamos erguer as
fantasias e alegorias, mas precisamos de ensaio, quadra como al-
guns falam por aqui.
— E acham que estamos no caminho?
— Sim, mas eu tentava fechar com a Globo, se eles não quise-
rem, colocamos um IP no ar, para uma visão da escola, acho que
eles tem como ganhar com isto, mas é uma negociação presidente.
— Certo, vou assumir esta negociação, estava meio desviando
ela, queria saber se tinha realmente a oferecer.
— Desculpa o transtorno presidente. – Cauê.
— E pelo jeito o que querem é todos falando do nosso carna-
val.
— Concordo com João, carnaval esperado, tem mais chance
de ganhar, a Beija-Flor começou a ser campeã o ano passado com
aquele desfile técnico de alegorias. – Cauê.
— Sim, todos quase se perderam depois daquilo, e o que po-
demos fazer referente a isto? – A pergunta foi para João.
— Vou tentar ser menos bicho do mato senhor, mas a ima-
gem que eles tem do nosso carro, ninguém tem.
— Acha que vão falar?
— Eles querem ter certeza do que teriam, e se estão em meio
a negociação, eles podem segurar a reportagem, mas se eles tive-
rem interesse mesmo, eles soltam a imagem.
— E as fantasias? – A pergunta para Cauê.
— Vamos fazer de 12 em 12 alas, para ter uma ordem senhor.
João viu que a reunião era bem mais profunda, estavam con-
firmando os instrumentos novos, todo o pessoal do carro de som,
estavam fechando quem seriam as madrinhas de cada carro, João
não gostava deste local, então isto o põem sempre em silencio, olha
a exposição de Rita, referente a evolução das roupas de baiana, as
demais costureiras, na cabeça de João estava gerir pelo menos 4
costureiras, para fazer as roupas das alegorias.
No primeiro ano ele não se preocupou com isto.
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Quando os demais saíram Luiz olha para João e fala.
— As vezes me assusta a sua forma de tomar um carnaval ra-
paz, tenta dividir as ideias antes.
— Se der tempo, eu falo senhor, estávamos pensando em al-
go, e dividir com quem nos entrevistava o prospecto do que foi ofe-
recido no ano passado, algumas perguntas surgem, mas tentamos
não atropelar sempre.
— Vi que deram estrutura as costureiras, o dinheiro era para
o carro rapaz.
— Quer que peça de volta peço senhor. – João era duro as
vezes, mas o senhor acaba de ver mais dinheiro na conta vindo de
outros prospectos e vem regular dinheiro.
— Apenas não gosto João, quem manda aqui sou eu.
João olha em volta e fala.
— E podemos discutir isto, ou apenas é um cala a boca quan-
do mando presidente, pois sem material, elas não tem como costu-
rar, ou acha que devem trabalhar de graça?
Cauê viu porque neste momento, que João não se dera bem
na Beija-Flor, o senhor olha com raiva, estava pensando e fala.
— Se não está feliz, sabe o que fazer rapaz.
João olha para Cauê e fala.
— Boa Sorte.
João sai, Luiz olha para Cauê e pergunta.
— Ele acha que vai onde?
— Embora, depois devolver seu dinheiro senhor, acho que
não leu a ficha dele, ele faz, mas não gosta de discutir, você mandou
ele embora, ele vai.
— Acha que pode levar tudo que paguei?
— Como disse senhor, tem de manter a calma, ele fala mes-
mo, se quer por freio nele, nem tivesse o contratado, ele estava se
segurando há dias, sabe disto, o senhor libera o dinheiro para ele
fazer o que precisava, ele fez o que ele acha preciso.
João passa por Ricardinho e pergunta.
— Tem aquele esboço da letra?
— Sim.
O rapaz tirou do bolço, João o colocou no dele e saiu, ele não
servia para escolas de samba do Rio, diriam alguns.
100
João sai, pega seu carro e sai calmamente, vai ao barracão,
reduz o carro para transporte, deixa ele encostado ao fundo, ele
precisava pensar, acalmar, ele não gostava de ter de falar, pois ele
não segurava a língua, ele não sabia não dizer o que o incomodava.
Ele tira as laterais de ferro das três composições e colocou no
estoque, ficando ali apenas as carcaças de ônibus.
O abre alas ainda estava lá, mas totalmente rebaixado.
Senta a lanchonete em frente e pede uma cerveja, seriam
ainda 7 dias para ter o dinheiro para receber o seguro, seriam 4 dias
para depósitos, ele olha quanto gastou e devolve o dinheiro para a
conta que origem, por transferência.
Calcula os salários, os gastos, os poucos recursos que gasta-
ram com ele, faz uma segunda transferência, não desfaz as com-
pras, não recolhe nada, mas pega o carro depois de uma cerveja, vai
ao Irajá pede um helicóptero e voa para Angra dos Reis.

101
Amanhece sábado, Luiz viu
que o rapaz não era de meia pala-
vra, todos os recursos que ele
colocara na mão do rapaz ele de-
volvera, olha pra Cauê, as costu-
reiras nem sabiam da discussão,
Cauê era bem discreto.
Um diretor olha para Luiz e
pergunta.
— O rapaz não trabalha mais, não veio?
O diretor fazendo fofoca era o que ele não precisava.
Outro chega e pergunta.
— Sabe se as compras para o pessoal do barracão estão con-
firmadas para segunda?
— A parte de estrutura sim.
Foram ao projeto, eles achavam que tinham um caminho, e
Cauê não olha para cima, passara no outro barracão e estava tudo
fechado, o segurança disse que João passou ali, retirou as injetoras,
e a recicladora, e encolheu o abre alas e encostou no fundo. Mas
que ele não aparecera naquele dia.
Cauê não conseguiu falar com ele, deu fora de área, poderia
estar desligado.
João marca com os dois Marcos da Alegria da Zona Sul na sua
casa em Angra, os dois chegam lá no meio da manha, João alcança a
nova chave e fala.
— Consegue algo bom para este ano Marcos?
— Muita gente querendo ajudar este ano, dizem que fomos o
melhor desfile do ano passado.
— Então que tal fazer o desfile mais lindo do grupo A pelo se-
gundo ano seguinte.
— E começamos quando?
— 10 dias, vamos fazer em paralelo este ano, roupas e carros,
e vamos tentar manter o 10 na bateria e comissão de frente, e te-
mos de fazer mestre-sala e porta-bandeira ensaiarem para valer, e
102
vamos caprichar nas fantasias dos carros, acho que eles penalizaram
sobre os carros, pois não tinha onde tirar e resolveram ser dali.
— Certo, mas começamos como, queimou tudo.
— O seguro entra semana que vem, coloco as novas estrutu-
ras lá, mas como digo Marcos – João olhando o carnavalesco – eu
longe é menos problemas.
— Já discutiu na Imperatriz?
— Eu falei a dois dias que investiria na estrutura das baianas e
na costura, além do carro, ontem o presidente soltou um dinheiro
depois de um mês de enrolação, fiz o que falei, e vem dar uma de
você gasta onde eu quero, sozinho concorda, depois vem fazer de
dono quando tem gente ouvindo, eu não sei segurar a língua, sei
que deveria, e dono de escola, gosta de dizer que sabemos o que é
a oferta da casa, a porta de saída.
— E não discutiu, saiu.
— Devolvi o dinheiro do presidente e sai, desculpa presiden-
te, mas se é para dar e segurar onde ganhamos carnaval, como as
baianas, esquece.
— E não sabe fazer de conta.
— Eu acho que quando um cara como eu, já gastou com o
carnaval de uma escola como a Imperatriz, mais que o próprio pre-
sidente, e mesmo assim, vem me puxar a orelha, acabo não saben-
do meu lugar, eu sei que deveria ter mordido a língua, saído e ape-
nas ignorado.
Marcos, o presidente olha para João e fala.
— Você tem algo que os demais odeiam, atrai as desgraças e
as honras, mas escola de samba, as grandes, tem donos, e isto esta-
belece que eles tem razão sempre, mesmo não tendo.
João sorriu e começa a discutir o carnaval do ano, ele não era
de gastos grandes, ele sabia construir com pouco, ele não entregara
os pontos e discute cada carro da Alegria, iriam novamente e abre-
alas encantador, agora eram fitas ao invés de arvores.
João viu que Marcos estava gostando das ideia, das estrutu-
ras de um carnaval que lhe fazia sorrir.
— Marcos, este ano, vamos de calçados para todos os inte-
grantes, vamos de meias e vestes baixas padrão a todo o conjunto
de integrantes.
103
— Acha necessário. – Presidente.
— Os preparando para subir presidente.
O presidente sorriu e João ouve o telefone tocar e só pede
um momento e atende.
— Boa tarde Cauê.
— Mais calmo.
— Discutindo o enredo da Alegria da Zona Sul, sabe como é,
se não posso estar executando, eu avanço, apenas isto.
— O presidente não entendeu nada ontem.
— Cauê, eu falei para ele que investiria nas baianas, quem
não entendeu fui eu, se era para dizer que manda, ele conseguiu.
— Eles tem medo de você, e você não recua.
— Mas me ligando, problema?
— Não vai devolver o Abre-alas?
— Eu devolvi ontem os 5 milhões, 327 mil reais que o presi-
dente havia gasto comigo, não tirei as armações do barracão da
Imperatriz, não recolhi os faisões, não desfiz os pedidos das roupas
e coisas, então meu gasto foi maior com a escola do que dela comi-
go, não vejo motivos para devolver algo, que não foi pago, não foi
projetado, não querem.
— E vai se manter longe?
— Quem sabe volte a Curitiba, assim ninguém me acha, é só
não atender ao telefone.
— O presidente não vai gostar de saber que não tem abre-
alas João.
— Segundo ele, não gastei com aquele carro, não sei recuar
pela metade Cauê, então estou esperando ele me ligar, se ele não
ligar, não vou fazer nada, e desculpa ter lhe colocado nesta furada,
mas ainda tem mais estrutura a sua frente, do que ele pagou, então
quem está chateado sou eu, se projeta um campeonato para ven-
cer, e tem gente querendo que entremos com as baianas se arras-
tando, fala serio.
— Tenta acalmar.
— Estou calmo, bem calmo.
João se despediu e desligou.
Marcos, o presidente olha para João e fala.
— Sabe que eles gostam de falsidade.
104
— Sei, como sei senhor.
No barracão de Imperatriz, em um sábado, tudo parado, e Lu-
iz para ao lado de Cauê.
— Ele vai trazer o abre alas?
— Não sei senhor, não sei.
— Mas pagamos por aquele carro.
— Quer me colocar na discussão senhor, esquece, aquela es-
trutura é mais cara do que o que temos aqui, aqui tem mais do que
a estrutura que foi paga pela escola, tenho de pensar em um abre-
alas que caiba nos recursos que temos, não no que um maluco, que
não sabe segurar a língua, resolve que conseguimos fazer.
— Ele tem de entender que o dinheiro para ele, é para os car-
ros, não para a costura.
Cauê olha o senhor sem poder se colocar, estava com o pre-
sidente a sua frene querendo algo.
— Precisamos daquele abre alas Cauê.
— Então compra uma estrutura que dê para o fazer senhor,
aço que dê para o erguer, hidráulicos, para o fazer funcionar, siste-
ma de rodas com hidráulico, para controlar o transporte, fibra de
vidro, LED, injetoras de plástico, material para as injetoras que co-
meçamos a reerguer aquilo.
— Mas não tenho como comprar tudo isto.
— Ele só me atendeu para dizer, já devolvi o dinheiro que ti-
nha recebido da escola, fica com as plumas, com as estruturas que
estão a quadra, com os materiais já comprados que não cancelei a
compra, mas que me desejava sorte.
Luiz olha todas aquelas estruturas, ele sabia que não pedira,
ele ainda estava achando que poderia se apoderar do veiculo que
estava no outro barracão.
Cauê olha Romarinho, um dos diretores que pergunta.
— Aquele rapaz, que o presidente trouxe para dentro, não
vem trabalhar, acha que está de folga.
— Não se preocupe com ele Romarinho, vai perder mais ca-
belos do que já perdeu.
O rapaz olha desconfiado, mas queria intriga, e foi perguntar
a todos os demais, e não tinha nada que afirmasse que o rapaz tinha
saído, o presidente não falou, Cauê não adiantaria antes de ser fato,
105
pois já viu gente sair pelos fundos e ser trazida nos braços depois, e
todos os que falaram demais acabam se encrencando.
Luiz sobe e olha para a secretaria que fala.
— Aquele Romarinho está perguntando para todos onde João
está que não está trabalhando.
— Deixa ele procurar, mas vou deixar a poeira baixar e se-
gunda descido o que fazer.
— Não entendi.
— Sei que não, mas se olhar a conta da escola, verá que o ra-
paz devolveu todo dinheiro que havíamos pago para ele, ele disse
que iria investir na costura, eu não gosto disso, quero os carros, ele
não quis entender que não era para me contrariar.
— E o abre-alas.
O presidente olha para baixo e fala com desgosto.
— O que compramos daquilo?
A moça entendeu, o rapaz fizera com os próprios recursos, e
pelo jeito, tinha caído fora.
— Mas não estava falando que ele conseguira investidores?
O presidente olha a moça e lembra, MD, sigla que agora sabia
fazer parte das empresas do rapaz, e não sabia o que falar.
Ele entra na sala e olha os prospectos, os custos de cada parte
da escola, o rapaz pedira 18 para fazer os carros, estava falando em
por um carnaval milionário na avenida, e se depara com o fato de
que não sabia o que fazer.
João chega a casa em Irajá de helicóptero, desce e vai a sua
empresa de reforma de clássicos, lixo, carros quase em ponto de
venda agora totalmente queimados.
João começa a ajeitar as coisas, e começa a por no fundo, as
peças que foram carros, mas queimadas, não sobrara nada, ele olha
cada peça, teria de recomeçar ali.
O cortar em pedaços e por no lixo de reciclagem de metais,
trabalho de mais de mês, o fez olhar sem coragem de recomeçar,
dentro dele muita gente falando para ele desistir, que ele não servia
para aquilo.
João olha para fora, olha para sua vida, vazia, não tinha nada,
ninguém, apenas empresas e bens, João solta os seres e encosta ao
canto, o barracão estava cheio de luzes estranhas, ele encostado ao
106
canto, quando ouve alguém entrando, olha para Douglas e uns poli-
ciais e apenas puxa para ele as almas.
— Perdido Delegado?
— Parece que se tocou que vai se dar mal.
— Sei disto desde meus 10 anos, esperando quando alguém
vai fazer o favor de me livrar do peso.
— Achou que alguém iria lhe ouvir.
— Eu não sei do que você está falando.
— Que tinha um acordo com Marquinhos?
— Quem sou eu para dizer algo, né Douglas, policia que olha
apenas para o que quer, mas procura algo?
— Busca e apreensão neste endereço.
— A vontade, queimou tudo, perdi, como você mesmo dizen-
do que é pela lei, é por uma vingança idiota, mas se quer olhar, tudo
bem.
— Demos uma batida nos barracões ao lado, não entende-
mos, falam em um super carro, só tem obras de uma construção e
nada de mais.
— Sinal que alguém voltou a me roubar.
— E não se preocupa?
— Eu não estou preocupado ainda senhor Delegado, pois não
tô entendendo, ou melhor, começo a entender, mas sinal que no
fim de 5 dias, eu posso precisar sair da cidade, e nunca mais voltar,
mas quem sou eu, João Mayer, para ir contra o que se determina
nas coberturas de luxo da cidade.
— E o que pensa que está acontecendo?
— Um banco querendo não pagar o seguro, acionando para
ver se tem algo, a policia tem algo, um roubo seguido de fogo, mas
como não querem este resultado, vão inventar outra coisa, mas se o
gerente não me pagar, apenas mudo de cidade, pois não terei para
reconstruir, e será apenas uma ideia idiota a mais abandonada.
— Nada delegado. – Um rapaz ao fundo.
Outro olha o delegado como se não tivesse nada.
— E onde esconde uma alegoria de 60 metros?
— Não sei, estava longe, não vi. E se achar alguém que com-
prou uma porca que está naquela alegoria, tenho todas as notas,
então ela é minha, mesmo que tenha de desmontar.
107
— E desmontaria?
— Ela levou sorte da primeira vez, quem sabe não leve a
mesma sorte da segunda vez.
Os rapazes saem e João olha o celular e apenas sorri.
Douglas olha para ele e pergunta.
— Descobriu algo?
— Pedro Tabajara lhe mandou falar uma coisa Delegado Ca-
margo, que seu pai deve estar se remexendo no caixão, vendo você
como cão amestrado dos Drumond e David.
Douglas olha para João e fala.
— Ele não falaria assim.
— Verdade, ele escreveu Cão Sarnento dos Drumond e David.
– João encarnado o delegado saindo, o rapaz ao lado perguntou.
— O que ele quis dizer?
— Que ele não estava olhando, mas Tabajara esvaziou quan-
do soube que dois senhores queriam o que o rapaz tinha.
— Acredita que ele não roubou?
— Se fosse oficial um roubo, teriam mandado o conduzir, eles
não querem provas, eles querem a alegoria.
João olha a porta e a fecha, atravessa a rua e pede mais uma
cerveja, e toma com calma.

108
Duas semanas passam, João
estava em sua casa em Angra e o
seu telefone toca.
— Senhor João Mayer, Ro-
berval Lopes, o seu gerente do
Itaú.
— Fala senhor, pelo jeito
pensei que tinha um seguro e
apostei no lugar errado, pois estão me enrolando.
— Saiu um laudo do bombeiro dizendo que o fogo foi provo-
cado, e abrimos um processo interno para determinar se não foi um
fogo proposital para receber o seguro.
— Fui assaltado, agora vou ser roubado pelo banco, é o que
está dizendo senhor Roberval?
— Não podemos pagar sem ter o laudo interno.
— Certo, assim que sair o laudo, me passa uma copia, que
vou ganhar o triplo por má fé do banco, e não se preocupe, estou
indo a cidade, tiro todo meu dinheiro do banco hoje, se querem
ganhar dinheiro as minhas costas, no próximo século talvez.
— Acato ordens senhor.
— Então informa amanha, quando pedirem sua cabeça, que
fez apenas o que eles mandaram.
João pega o carro e vai a agencia do centro do Itaú, na Presi-
dente Vargas, transfere todo dinheiro para uma poupança do Banco
do Brasil, e passa na Agencia do Banco do Brasil, para abertura de
uma conta jurídica dos três negócios que tinha, e era próximo das 4
quando ele fecha as quatro contas jurídicas no Itaú, a direção do
banco liga para o gerente que fala.
— Queriam o que, vocês contestaram o seguro que ele tinha
de um dos barracões, ele vai transferir todos os seguros para lá,
todas as 2 mil contas de funcionários, mas cumpri as ordens, agora
alguém ai assuma que sofreu interferência para o fazer, perdemos
um grande cliente, com 3 empresas que giram em torno de 140 mil

109
reais dia, por um seguro de dois milhões, que estava tudo dentro
das regras presidente.
— Mas o laudo...
— Sabe bem o que dizia o laudo senhor, roubado, e para não
deixarem rastros põem fogo no barracão, é o que diz o que está no
sistema.
O presidente local do banco olha para a secretaria e olha que
tinha uma determinação para pagar a 15 dias, ele olha e pensa na
merda e pergunta.
— E o que acha que ele vai fazer?
— Teremos de dar a ele o laudo de não pagamento, não está
falando com pobre presidente, ele vai acionar o banco por má fé, e
quando ele receber 10 ou 12 anos depois, 10 ou 20 vezes mais atua-
lizado, não estarei mais aqui mesmo.
O presidente passa um pedido de esclarecimento sobre o
primeiro e segundo laudo e soube que alguém não queria pagar
agora e achou que era uma justificativa, mas não viu quem era o
rapaz, talvez por não ter sido feito aquela pela empresa, e sim pes-
soal.
João olha para os números da empresa de exportação e olha
para um segundo negocio se estabelecendo, e pensar que o menino
dos David não queria aquele negocio.
Ele estava olhando para fora e ouve a menina entra ao fundo
e ouve.
— Não vai voltar?
— Ninguém me quer lá.
— E acha que conseguimos ir a frente?
— A empresa de tecnologia Carnavalesca está parada, apenas
em dois ou três produtos, não é para vendas grossas na cidade, mas
em tecnologia para carnavais externos a cidade.
— Fora as penas, não vejo grande ganho. – Micaela.
— Acho que talvez a ideia tenha de ser melhorada, viu os
números do porto?
— Sim, eu com 16%, terei no fim do ano, em participação nos
lucros, mais de 3 vezes o valor que meu irmão vendeu.
— As vezes queria saber me livrar de todas estas almas.

110
— Elas não sabem o que é ficar uma vida esperando no mar
de almas, elas acham que lhe perturbar é o melhor, mas não sabem
a sorte de estarem ai.
— E veio fazer o que?
— Douglas não me quer por perto mesmo.
— Ele quer que você cresça, mas isto demora.
— Eu não vou crescer muito mais.
— Já tentei entender ele, mas juro, não entendo.
— Acha que vamos chegar a quanto aqui em Angra?
— Com produtos diferentes de lá, quase a mesma quantidade
diária daqui em mais 6 meses.
— Ai vamos estar entre os maiores fornecedores de frutos do
mar e camarões do Brasil.
— Acho que teríamos como ampliar em 5 anos, pois teríamos
um aumento gradual do consumo deste tipo de produto.
João olha ela chegar ao lado, ela levanta a mão direita, ele es-
tica sua esquerda, sente os espíritos começarem a trocarem experi-
ências, era uma sensação imensa, eram segundos que pareciam
horas, mas que em muitas vezes aliviava o peso das almas, isto aju-
dava os dois a enfrentar o dia a dia.
Ela senta ao fundo e fala.
— O amigo de meu pai, pergunta todo dia porque a filha tirou
todas as empresas do banco dele.
— E ele não sabe?
— Sabe, mas faz de conta que não, gerencia apenas faz o que
vem de cima, e são os que sofrem a mudança.
— Sei que tinha operações mais rápidas, mas fiquei pensando
se ele contestassem um grande incêndio no porto, com a mesma
afirmativa, poderíamos ter um problema de bilhões de dólares e
sem cobertura do seguro, um problema imenso.
— Certo, entendi o seu motivo, até Tabajara entendeu, ele
disse que esperava mais profissionalismo do banco, não criancice,
alguém quis manter os números mais positivos com o não paga-
mento da apólice.
João a olha e fala serio.
— E tem dado espaço ao delegadinho ou também corre para
o lado oposto?
111
— Ele quer que corra atrás, não vai acontecer.
— Duas crianças brincando de gato e rato.
Ela sorri.

112
Quando chega a ultima se-
mana de outubro, João estava
chegando em Irajá, com seu carro
e viu o carro de Luiz a frente.
Ele apenas abre o portão,
entra e espera o senhor bater, ele
não fizera nenhum aceno, obvio
que as empresas de João não co-
locaram dinheiro no carnaval, já tinham posto demais, e Luiz entra,
os seguranças a porta, não sabia com quem lidava e isto deixava
João tenso.
— Podemos conversar senhor João.
— Sim.
João senta a sala simples, ele vendeu todos aqueles moveis
chiques e colocou apenas uma boa TV e um sofá a sala, a cozinha
era mais caprichado.
— Acho que não me entendeu direito naquele dia, e vim ape-
nas deixar bem claro minha posição.
— A vontade. – João olha o senhor sem emoção, sem saber
nem o que falar.
— Não é sua função em um carnaval cuidar das vestes, não
foi a função que convidei a assumir.
João não respondeu, ele viu que o senhor não queria ceder
ainda, e isto era cômico, pois João não gostava de abandonar bar-
cos, mas no fim sempre os deixava a deriva.
— Não vai mesmo se defender rapaz?
— Descobri que não sirvo para carnaval onde tem de se segu-
rar a língua senhor, se alguém como eu lhe fala, se deixar eu come-
ço a pensar no carnaval inteiro em um dia, na manha seguinte, se vê
dinheiro na conta, se subentende, que o que falara antes, poderia
ser assumido, mas eu esqueço que não sirvo para isto, e melhor
abandonar o barco a alguém depois não querer me pagar o que
falou, e me acusar de sabotador, senti que estava na mesma histo-
ria do ano passado, então sai.
113
— Mas tinha um carro alegórico quase pronto.
— Não senhor presidente, eu tinha um carro alegórico na po-
sição de 25% pronto, não pronto.
— Mas o que poria lá ainda?
— Não está mais em jogo senhor, você quer irritar gente que
lhe faz o que é, por mesquinharia, trocado, o que lhe passei senhor,
o retorno do que tinham depositado em minha conta, eu ganho por
mês, não estava ali porque precisava do dinheiro, estava ali porque
como disse, entro nas coisas para vencer, não para ficar em segun-
do, e ficar discutindo rendas para baianas, é coisa de carnaval que
deveria ser rebaixado, não campeão.
— Mas elas sempre se deram bem com o reter de dinheiro,
não tem noção do que é controlar uma comunidade.
— Bem isto, não entendo disto, mas se quer desculpas, não
as terá, pois como tinha deixado claro, para mim, estávamos nas
primeiras 12 alas, que devem estar feitas, o resto, com certeza não
liberou nem para o tecido, então de que adianta pensar no carro
abre-alas, se vai perder o carnaval nas fantasias.
O senhor levantou-se e falou.
— Arrota dinheiro, mas vive em um lugar simples.
— Não arroto, se soubesse que era esta a proposta, nem ti-
nha aceitado, para mim, a proposta era levantar um carnaval cam-
peão, dar o sangue por uma ideia.
— E não vai para outra?
—Não estou para carnaval este ano, me propus a fazer algo
Presidente, mas meus carnavais são grandes demais para você, des-
culpa, não gosto de ficar mendigando ferro de armação, só para
você achar que manda, e se não entende que apenas fiz a parte
frontal e traseira da alegoria, na parte barata, pois tinha o aço, o
plástico e os hidráulicos, todo resto esperando, talvez não enten-
deu, eu propus a você me pagar 3 por um carro que vale 18, e pen-
sando em economizar, não entrou com seus 3, então o preço agora,
é o de custo, os 18, pois se não quer, não adianta vir e dizer o con-
trario Presidente.
O presidente viu que o rapaz não pediria para voltar, não pa-
recia nem preocupado com o que deixara, mas se ele estava ali, ele

114
queria algo, mas a casa era grande, mas não tinha nada de grande
valor ali.
O senhor sai e João olha que a policia estava a esquina, algu-
ma armação, João pede o helicóptero e enquanto o senhor sai e a
policia se prepara para a operação, ele sai de helicóptero.
João pega o telefone e liga para o escritório de advocacia, que
entra com pedido de esclarecimento e enquanto João chegava no
porto, o advogado entrava com um pedido de esclarecimento refe-
rente a operação na casa de João Mayer, e o ministério publico re-
cebia o pedido de esclarecimento porque parte da policia, continua-
va a perseguir a vitima.
João olha as alegorias no barracão que um dia queria ter co-
locado grandes guindastes de obras, e sistemas especiais de trans-
porte, uma ideia que não acompanhou e ficou ali o barracão.
Olha para os prospectos da reforma no outro barracão, pron-
tos, olha para os contados e para a reforma terminada do barracão
na região.
João estranha como algumas coisas uma vez em movimento
apenas iria em frente, ele chega a região e Lucas, o administrador
da empresa, de Tecnologia Carnavalesca, estava com os pedidos de
plumas, faisões, peles artificiais, injetados especiais, ele senta e olha
os números e sorri.
— Gostou dos números?
— Acho que um mercado destes, deveria ser alimentado, não
boicotado, mas pelo jeito alguns sistemas ainda são difíceis de ven-
der, como o de controles hidráulicos e de dirigibilidade de carros
alegóricos, estranho alguém investir em algo, mais de dois milhões e
não se preocupar com o chegar inteiro na avenida.
— Mercado que vai crescer aos poucos, sabe disto senhor. –
Fala Lucas olhando João serio.
— Sim, mas os números estão bons, poderiam ser melhores,
mas acho que eu só consigo inimigo no carnaval.
— E mesmo assim eles compram.
— Eu quero ajudar algumas e com outras quero apenas ga-
nhar para ajudar, mas quem não quer, é os fornecedores clássicos
de material bem mais caro, mas eu não me nego a vender faisão,
mas no nosso sistema de importação, fica muito caro.
115
— Temos encomendas que devem chegar ao porto em Janei-
ro, já todas vendidas senhor.
— Bom, mas com o tempo, quero ver se conseguimos uma
representação de materiais para reciclagem de fibra de vidro, e para
isopor, e produtos para preparo da fibra.
— Vai ampliar aos poucos.
— Sim, vou ampliar de acordo com minhas possibilidades.
João recebe a ligação do advogado e vai para casa, com a de-
terminação do juiz, chega lá com a policia e os rapazes tiveram de
sair, devolver tudo ao lugar, e o delegado olha a determinação, ele
odiava recuar, mas com advogado e ministério publico, ele viu que
não teria como forçar naquele momento.
João entra na casa e registra a tentativa de arrombamento da
policia, não tinham determinação para isto, reviraram tudo e o Juiz
sai com um pedido de esclarecimento.
No outro lado da cidade, a menina ia a aula e um grupo de
pessoas a vigiava, como se querendo algo, os seguranças dela não
davam muita chance de ação na escola.
Eles seguem a pequena Micaela até em casa, e veem que a
segurança piora, mas foram documentando cada passo, e em meio
a isto, Douglas recebe uma determinação de vigiar os portos na
parte do cais na manha seguinte, referente a uma operação de con-
trabando.
Ele movimenta o seu pessoal para a operação, avisa Tabajara,
que diz que naquele ponto não teria operação, perguntou se era
seria a operação.
João sabia que algo estava errado, pois sentia as almas agita-
das dentro dele, não estavam acalmando, estavam mais agitadas.

116
Amanhece dia 30 de outu-
bro, quarta feita, João olha a poli-
cia já apontando a arma para ele
no quarto, e sabia que não lhe
alertaram nada.
Ele é algemado e conduzi-
do, sem explicação, e ele estava
detido na sala de interrogatório, a
mais de 3 horas, apenas aguardando, quando o delegado local, al-
guém que João não conhecia, entra pela porta e fala.
— Tem o direito de ficar calado.
— Quero meu advogado, minha ligação e não ficar calado.
— Não chegaram ainda.
— Então conforme sua lei, quando eles chegarem, eu serei
entrevistado delegado, pois não fiz nada de ilegal, para ser tratado
como um marginal.
— Os marginais falam a mesma coisa.
— Sim, os magistrados marginais falam a mesma coisa.
João aguardou ali sentado, e não sabia oque acontecia no res-
to da cidade, no porto, Douglas não viu uma única operação naque-
la doca, ele fica até as 11 hora e retorna, e se depara com as liga-
ções não atendidas.
— Quem tanto tentou me comunicar?
— Paulinho. – A secretaria.
Ele olha o telefone e disca.
— Fala padrinho.
— A menina sumiu as 9 horas, ninguém sabe onde está, nin-
guém está se mexendo, deterão aquele senhor João as 7, você não
estava em lugar nenhum, o que está acontecendo Douglas?
Douglas olha a secretaria e pergunta.
— Alguém mais ligou?
— Não, o coordenador passou três vezes confirmando se vo-
cê tinha ido a operação urgente no porto.
Douglas olha para ele e fala.
117
— Eles não entendem o problema, mas...
Douglas olha para o coordenador aparecer na porta e pergun-
tar.
— Porque já voltou?
— A operação foi um sucesso coordenador, por que não está
em sua sala dando as autorizações e me atendendo. – Douglas en-
trando no jogo.
— Como assim, um sucesso. – O senhor olha para ele assus-
tado, não era para ter nada lá.
— Vai trabalhar, tenho de fazer muitos relatórios, e não estou
para qualquer um.
O senhor olha para ele sem entender Douglas liga para Rodri-
go e fala.
— Apenas ouve, me grampearam, e tem gente da federal en-
volvida, vai cair gente como da vez anterior, a menina sumiu as 9, se
estou certo, Alemão é o mandante, ou o executor.
— E aquele João, não teria como a ajudar?
— Na Civil, preso desde as 7, então sabe, Civil também envol-
vida, e se me mandaram ao cais a manha inteira, mesmo sendo
produtiva a ida, tem Desembargador envolvido, se Duvidar Juízes
envolvidos, então, se aparecer um corpo, segura, pode ser a menina
dos David, eu quero saber quem foi, e pode ter certeza Azul, todos
que tiverem dado cobertura, vão para o buraco, e não me interessa
se é imortal, que seja imortal em um buraco pela eternidade.
Douglas desliga e fala.
— E se foi para matar a menina coordenador Mayke, começa
a correr, pois se não entenderam, vai de novo ter mortes ao milha-
res, acho que vocês esqueceram das mortes a 2 anos.
Mayke sai e Douglas olha para a secretaria e fala.
— Pode tirar folga até segunda.
— Mas...
— Eu lhe dei folga, algum problema?
Ela sorri, sabia que vinha bomba, e estar fora era algo que
ninguém reclamava nestes momentos.
Douglas olha o seu pessoal e fala.
— Voltem ao porto, o coordenador ainda quer nós olhando
lá.
118
— Mas não tem nada lá.
— Eles sabem, mas tem uma operação contra a menina dos
David, e eles não nos querem olhando, o que para nós, é uma van-
tagem não vermos, não morremos por ter visto.
Os rapazes saem e ficou a sensação que estavam em opera-
ção, mas não estavam.
Ele entra no carro da policia a frente e disca para Pedro do
Tabajara.
— Pode falar Pedro?
— O que aconteceu Delegado.
— Deram sumiço na menina dos David, e ninguém viu ou está
dizendo que aconteceu, tem pedido de esclarecimento e ninguém
deu andamento a nada, tem como ver se tem algo?
— Paulinho me ligou, mas não temos nada, ela sumiu em
uma quadra calma, temos 10 pessoas sumidas, e achamos os carros
parados a rua, 3 mortes, 10 sumidos, e a menina não estava lá, mas
não temos movimentação de saída, as câmeras não pegam nada de
anormal.
Douglas olha para fora e dirige até a delegacia da Civil, ele
olha para o delegado que tenta o parar e fala.
— Tenho de falar com aquele senhor.
— Ele está isolado para depoimento.
Douglas segura o delegado pelo colarinho e fala alto.
— Torça Silveirinha, para ela não estar morta, se estiver, você
e todos a volta, eu mato pessoalmente.
Silveirinha olha assustado e fala.
— Acha que me põem medo?
— Pânico, quer puxar esta arma ai, melhor estar pronto para
morrer covarde.
João estanha, pois ouviu a frase, talvez somente nesta hora
entendeu porque estava ali, isolado, e apenas olha para Douglas e
fala calmamente.
— Calma.
Douglas olha o rapaz brilhar, e aqueles seres saírem em todos
os sentidos, o delegado olha assustado e pensa no que aconteceria,
o ir e voltar a velocidade da luz, estabelece o que não parecia possí-
vel, ele olha para Douglas e se levanta, estava algemado, então era
119
obvio que não era apenas interrogatório, era detenção para ele não
ter acesso.
— Na empresa de camarão, nos fundos, mas não vai sozinho.
— Ela?
— Enterrada, sabe do que falo.
Douglas olha o delegado e fala.
— Se quer mais mortes, põem gente no caminho.
Douglas pega o telefone e disca para Paulinho.
— No antigo cemitério Paulinho, ainda viva, eles não sabem
se a podem matar.
— O que faço.
— Vou para lá, fecha a entrada e saída, e consegue material
para fazer uma cabana.
Paulinho aciona todos, e o delegado olha João e pergunta.
— Onde ele vai.
— Torça para ele a salvar delegado, pois eu não tenho pena
de covardes.
O delegado até ergueu os ombros para falar que agora ele iria
ficar preso, mas olha o rapaz sentar e aqueles espectros de cães
ferozes mostrando os dentes para ele, João sentou e fechou os
olhos e um espirito para a frente da menina e entra nela, olha para
frente e pensa.
“Calma, estou detido ainda, mas Douglas está indo para ai”
“Eles querem o matar também João.”
“Sei que deve estar estranhando, mas quem está ai?”
“Moreira, alguns apoios que não conheço.”
Ela sabia que estava nua ao buraco, sabia que alguns estavam
estranhando aquela menina ali, mas o espirito sai do corpo e olha
em volta, eles estavam com atiradores, eles queriam algo a mais, e
talvez João não entendeu de cara, uma operação inicial, viu o dele-
gado Rodrigues da Federal entrar e falar.
— Quer quem mais amigo?
— Vamos dar tempo para eles não ligarem uma coisa a outra
e vamos trazer aquele desgraçado, já está detido na civil.
— Acha que o pai dela não desconfia?
— Eles mantiveram isolado o lugar, e se duvidar ainda me li-
vro daquele Douglas, mas desta vez, não quero nada caindo sobre
120
mim Rodrigues, que eles fiquem enterrados e morram, eu me pre-
cipitei tentando matar aquele desgraçado, teria de ter deixado a
terra o tomar para ela.
— E pelo jeito a reação foi terrível.
— Ele tem algo dentro dele, mas é como a menina, não posso
matar, mas posso enterrar e esquecer onde o fiz.
O delegado olha a menina ao chão, uma criança, não enten-
dia esta parte.
Ele sai, e João olha em volta, ele sentado a delegacia olha pa-
ra todos os lados e sente os espíritos tocarem todos, e caírem, de-
sacordarem, ele solta as mãos da algema, pegando a chave no bolso
de um dos rapazes, pega o telefone e fala.
— Cuidado Douglas.
— Já lhe soltaram?
— Eu, você e ela somos os três alvos de Moreira, nos enterrar
lá e esquecer nós lá.
— E como enfrentamos.
— Eu ainda estou na delegacia, eles querem me mandar para
lá depois de um tempo, mas não quero a menina sofrendo o que
sofri, mas cuida, pois Rodrigues está neste esquema.
— Merda.
— Ele saiu de lá, mas pode ter um reforço próximo, não sei.
— E como confiar em você João?
— Nunca pedi para confiar, mas não esquece, se hoje sou
menos apegado a pessoas, é por sobreviver a um buraco, aquilo nos
apaga pesos, não quer isto para a menina, espero.
— Certo, e fará o que?
— Estou sentado aqui, e estarei lá, mas apenas não atravessa
nenhuma das minhas parte.
— Certo, esqueço que você e ela não lidam com coisas sim-
ples. Mas não a deixa longe.
— Não sabe o quanto tento sair desta cidade Douglas, mas
acabo aqui, e toda vez que volto, alguém acaba se dando mal.
João desliga, vai a porta de entrada, coloca a placa de fecha-
do, levanta cada um os colocando sentados, pega todas as chaves
de carros, e joga num vazo e dá descarga, olha os mesmos no pátio
interno, olha as câmeras, sorri e volta para dentro, olha onde era o
121
setor de gravação e desconecta os HDs, as câmeras continuavam a
pegar as coisas, mas não estavam salvando nada.
Ele coloca os HDs em uma fogueirinha no centro do pátio com
folhas de uma arvore local e volta a parte de dentro.
Douglas para o carro e olha para Rodrigues e fala.
— Vou a minha morte, mas se sobreviver Rodrigues, melhor
começar a correr – olha os policiais federais ao lado – pois gente
que prende uma menina de 16, para dar a Moreira, para tortura, é
animal, e garanto, se eu sair vivo dali melhor começarem a correr.
Rodrigues olha em volta e ouve o tiro seco, sente o anestési-
co no pescoço, e quando viu Paulinho, já estava desacordando.
Douglas entra no terreno, olha os rapazes ao fundo lhe apon-
tarem arma e viu Moreira sair e sorrir.
— Previsível como um ratinho.
Douglas olha em volta e fala.
— Se puder os derrubar agora.
Moreira olha o pessoal cair, saca a arma, Douglas conhecia a
fama do senhor, mas sentiu as armas voarem longe, Paulinho o co-
bria as costa, e o senhor assustado começa a recuar.
Ele recua e atravessa um dos seres e cai de joelho, ele sente
as energias quase o fazerem apagar, olha Paulinho e fala.
— Vamos tirar a menina antes de tudo, e depois, na parte ali
ao fundo, vamos fazer uma capela, com a madeira que pediram, e
vamos enterra todos estes, que vieram para cá, ele pode ser imortal
Paulinho, mas algemado, enterrado até a cabeça, quem sabe ele
deseje por muito tempo morrer.
Moreira entendeu onde eles o poriam, Douglas olha Paulinho
e fala.
— Consegue uma roupa.
Ele saiu e com calma, Douglas a desenterra, ela o abraça e fa-
la.
— Obrigada.
Ela o abraçou como estava e ele fala.
— Tem de entender menina, tempo é para ser vivido.
— Mas não precisa ficar longe por isto.
— Você corre o tempo inteiro, eu corro o tempo inteiro.
— E o que temos a volta?
122
Paulinho chega com uma roupa, ela o veste e fala.
— Obrigado Paulinho, pelo jeito quando preciso trabalham
em conjunto.
Paulinho olha para Douglas e fala.
— Vamos ter de abrir uma cova, os rapazes do Autódromo,
morreram todos. – Paulinho olhando Douglas, ele não entendeu.
— Depois agradeço a quem odeio, mas ele que deu a posição
Paulinho, eles o deterão cedo para nem ter contato com alguém
que o perguntasse dela.
Paulinho olha a menina e pergunta.
— Escola ou casa?
— Casa.
Ela sai e Douglas coordena o fazer do buraco, onde os rapazes
foram enterrados, depois onde Moreira foi colocado, amordaçado,
algemado, e os rapazes de Rodrigues, fora abandonados nos carros,
em uma curva para Angra, num despenhadeiro.
Douglas olha para o seu carro, pega o mesmo e vai para a
operação do porto e Tabajara liga para ele.
— Quer uma apreensão ai para justificar as coisas?
Douglas sorri e pergunta.
— E o que seria?
— Tem um estoque que perdeu o tempo, e ficou no porto,
processadores que tinham valor a 4 anos, agora, lixo, mas é um
contêiner inteiro de eletrônicos, só não narra o que apreendeu.
— Pelo jeito nem tudo passa desapercebido nos portos.
— Lembra que lhe perguntei se tinha mesmo algo ai?
— Vou aceitar.
As pessoas começam a acordar assustadas na delegacia, e o
delegado olha João inclinado a frente, como se tivesse dormido
sentado, e olha todos se ajeitando e pergunta.
— O que foi isto?
— Não sei, acha que Douglas estava falando serio?
— Se ele aparecer, sabemos que ele é pior que Moreira, pois
é o enfrentamento para tirar a menina de qualquer lugar, mas es-
tranho que o rapaz ali tem algo dentro dele, não entendi, vi a luz
sair, e segundos, ela voltar, e ele falar alto ao delegado, é como se
eles o pediram para o deter bem para não terem acesso a ele.
123
O advogado chega, estranha João algemado, o delegado não
tinha um inquérito e tinha alguém algemado, teve de o desalgemar,
eles não perguntaram nada que tivesse algo relacionado a João, e
era 3 da tarde quando ele sai da delegacia.
João olha para a casa, ele não estaria seguro onde eles usam
policia, todas elas para lhe prender.
Ele puxa para ele as almas e soube tudo que havia aconteci-
do, senta-se na sala, liga a TV e nada falava do sequestro.
Douglas bate na casa e pede para falar com ele, entra e senta
a sala, simples da casa e fala.
— Pelo jeito limpou a casa?
— Gente que precisava de 20 pessoas apena para tirar o pó
das coisas da casa.
— As vezes não sei o que é você, mas não entendi o ataque?
— Também não, talvez entenda agora, mas Moreira odeia a
menina, não sei o que naquele passado ela fez, eu sei porque ele
me odeia, talvez ela saiba também.
— Ele tentou a intimidar, e ela apenas lhe tirou todas as for-
ças, talvez ele tenha pensado que ela o tentou matar.
— Este era um que eu queria poder matar Delegado, mas sei
que me sobraria os pesos.
— Agradeço, sei que não gosto de você rapaz, mas obrigado,
sei que você tem seu caminho, e não sei o que ela passaria lá, se
não tivéssemos como a achar, se duvidar, ainda iriam tentar dizer
que você o fez, e ninguém duvidaria, sabe disto.
— Eu não penso em pesos que já carrego Douglas, eu me
afastei de minha esposa e filha, para não as matar, aquele desgra-
çado as matou e estava solto por ai.
— E vai ficar por aqui, esta casa tem um peso de passado.
— Os pesos já limpei, como falou, mas não fiz por você, ape-
nas para ela não sofrer, mas cuidado, eles no começo se fazem de
amigos, depois lhe culpam.
— Sei disto, mas tenho de me posicionar ainda, e ela é muita
atirada.
— Crianças brincando de sentimentos, é sempre perigoso.
— Sempre vejo que os dois se entendem com toques, não en-
tendo, tenho ciúmes, sei disto.
124
— Não sendo de mim, tudo bem, mas as vezes ela precisa ali-
viar o peso das almas dentro dela, sei que não entende, mas as ve-
zes ajuda um toque rápido.
— E não fala disto por ai?
— Acho que o delegado da civil viu demais hoje, sei lá, eles
me prenderam sem determinação, era para tentar isolar ontem,
sinal que tinham algumas tentativas montadas.
— E não teme mais peso?
— Marginais as vezes queria apenas deixar ao caminho.
— Mas não deixa.
— Se eu posso descobrir o que aconteceu, e tenho alguém
que o viu, o fez, só tenho de não esquece quem eu sou.
João viu o delegado sair depois de um tempo e caiu na cama,
esta coisa de absorver energia, lhe tirava a calma, e um sono as
vezes ajudava.

125
Dia das bruxas não é um dia
comemorado no Brasil, mas João
sabia que a calma aparente, era o
queimar das provas que ninguém
vira, o diretor geral da Federal
chega a Douglas e pergunta.
— Achei que não acharia
nada lá ontem.
— Me mandaram lá para não achar nada?
— Sabe bem o que aconteceu?
— Não sei, não ouvi, pois depois ainda me acusam de alguma
coisa, mas é bom saber que só tenho covardes a volta Diretor, pois
pode ter certeza, mechem com quem está quieto, depois lembram
de mim, quando tiver de por cal nas covas.
O diretor olha revoltado e Douglas sorri.
— A sua secretaria?
— Ela teve problemas pessoais e retorna na segunda.
— Seu grupo?
— Terminando de ver o que deixaram lá para acharmos, lixo,
mas sei que vocês adoram isto.
— Como assim lixo?
— Alguém reteve uma carga, como a papelada era difícil de
legalizar, deixaram lá, e nos mandaram lá para achar, mas como
digo, algo armado, não algo a dispender policia federal.
— Mas falaram em mais de 6 mil processadores.
— Sim, processadores que já passaram pela revista a 4 anos,
então estava em algum ponto do porto, para ninguém ver, alguém
esqueceu lá, e processadores de 4 anos atrás, é lixo senhor.
O diretor entendeu, colocaram algo lá para parecer uma ope-
ração seria, e nem lhe comunicaram, mas o rapaz parecia não estar
dando atenção a mais nada.
Na Imperatriz, Cauê estava conversando com um rapaz novo
ali, e o presidente chega a eles.
— O que temos para hoje?
126
— Não sei, minha parte já gastei toda senhor, e os carros es-
tão começando a ter apenas forma, mas os hidráulicos, o elétrico, o
acabamento está ou em andamento, ou esperando material.
— E o que está em andamento?
— A parte que aquele Mayer tinha comprado, então os escul-
tores estão terminando em duas semanas.
O presidente sabia que estava segurando o dinheiro, e a dire-
ção não estava querendo liberar mais, ele olha para Cauê e pergun-
ta.
— Acha que ele conversaria?
— Ele não gostou senhor, sei que está faltando dinheiro, mas
sabe, ele gastou mais com o carnaval do que devolveu, e nem ficou
para discutir, mas a direção está nos parando.
— Acha que ele desmontou o carro?
— Ele arregaça as mangas senhor, a diferença, é que ele é sis-
temático, temos coisas prontas que nem sabemos onde iriam, te-
mos a parte que ele liberou de recursos nas fantasias prontas, mas
ainda falta muito para fazer, mas dá tempo de por algo bonito na
avenida.
O presidente sabia que sim, mas parecia querer achar um
caminho para voltar atrás, e não sabia por onde.
— As vezes esqueço que ele estava falando serio quando fa-
lou em assumir o carnaval, mas a frieza dele assusta Cauê.
— Sei disto, Ricardinho tinha recebido dele o que ele poria
numa letra, e como ele não queria dizer-se interessado, apenas
colocou no bolso o esboço da letra, quando ele saiu apenas pediu
para ver a letra, põem no bolso e se Ricardinho queria olhar depois
para impor algo sobre, me pergunta até hoje se eu lembro o que o
rapaz escreveu.
— Não entendi? – Luiz.
— Presidente, a letra da musica da Beija-Flor do ano passado
foi baseada na letra que ele escreveu.
— E ele avança em todos os sentidos.
— Sim.
Em Nilópolis Ricardo olha para Roberto e pergunta.
— Como está Micaela?

127
— Não entendi, eles haviam detido aquele João, para ele não
conseguir achar ela, Douglas mandaram a uma operação para não
se envolver, todos falam que nada aconteceu, mas ela fala que Pau-
linho, Douglas em conjunto com a informação conseguida por João,
a tiraram do cativeiro.
— Quem?
— Moreira.
— Ele que disse que queria paz, e que tínhamos de nos livrar
do rapaz?
— Sim, ele acenou com um acordo de paz, mas parece que
era apenas falácia. Queria que nós nos déssemos mal em uma ten-
tativa frustrada, para afastar o rapaz.
— Pior que o colocamos para fora, sem nem ouvir.
— Pior é que aquele Zanon, não se acerta com Sergio e Fran-
co. O ano passado estávamos quase no mesmo ponto, mas com
alguém que sabia bem o que iria fazer.
— Mas ela está bem?
— Esfolada, as vezes temo por estes animais se passarem por
gente de bem.
— Mas sinal que não falaram nada do que fizeram.
— A policia não se mexeu, mas Paulinho quer saber onde es-
tão os seguranças que sumiram, e quem fez a operação, ele não vai
deixar barato.
— Pelo jeito mais mortes.
— A policia diz oficialmente que não tem indícios de ter acon-
tecido algo, mesmo achando um carro com 3 mortos, que faziam
parte da segurança da menina.
— Muita gente gera dá isto, mas se Paulinho resolveu desco-
brir o que aconteceu, pode ter certeza, algo vai aparecer.
— E Gabriel, esqueceu o cara?
— Ele queria algo que o cara não tinha como prover, mas
aquele grupo de marginal dele quase põem tudo a perder, mas
aquele incêndio podia ter dado merda se o bombeiro não chegasse
rápido.
Roberto olha em volta e fala.
— Pior que não demos espaço para ele chegar perto.
— Sua filha que foi esperta.
128
— Ela se envolve com quem não avança, se eles avançassem
ela desencanava, não avançaram e ficaram a altura da mão, ela se
interessa.
João foi ao barracão ao porto, estava com as injetoras traba-
lhando quase em tempo integral, os pedidos chegando e viu Rita
chegar ali e olhar para ele.
— Perdida aqui?
— Sumiu e não apareceu mais.
— Eu digo que sei fazer, mas quando me dão a palavra, vira
merda, as pessoas dizem que gostam de sinceridade, mas todos
odeiam sinceridade.
— Não entendi, um dia liberou muita estrutura, suficiente pa-
ra montarmos todas as baianas, com luxo, renda, bordado, peças
que parecem acrílico modelando cabeça e corpo da fantasia e no dia
seguinte, sumiu?
— Se está aqui, sabe mais do que está falando Rita.
Rita olha ele desconfiado e ouve.
— Sei que não entende Rita, mas saber quando é mentira
uma palavra numa frase, não ajuda, apenas atrapalha.
João olha para o material que iria para a Portela, e olha para
Rita que fala.
— Luiz parece querer alguém o puxando para dentro, mas ele
não sabe como.
— Se ele não manda, quem pode mandar Rita, ele foi em casa
e queria que eu pedisse desculpas, mas eu não acho que fiz algo que
precise pedir desculpas.
Ela olha ele separando mais 6 encomendas e fala.
— E resolveu ganhar dinheiro com outras escolas.
— Já ganhava, ser independente financeiramente falando, fa-
cilita dispor onde se quer o dinheiro, mas as vezes falo de mais, e
não sou bom em pedir desculpa por algo que não me culpo.
— E o que o faria voltar à escola?
— Acho que isto não se discute assim, eles não querem pagar
o que querem como resultado.
— E você faz pensando no retorno?
— Eu faço pensando no impacto, não no retorno, mas eu sei
que sou sistemático, eu entro em um barracão e se precisar fazer 12
129
mil painéis de acrílico, para testar uma ideia, eu faço, coloco no
lugar e vejo se dá o efeito, não fico pensando que tem de pedir isto,
ligar para ele, perguntar se concordam com isto, então se você olhar
a escola, toda aquela armação que tem lá de carros, saiu do meu
bolso Rita, eu investi na escola, para ela ser a mais linda que eu
pudesse por, não para ficar no primeiro liberar de dinheiro, que não
cobria nem um terço do que eu tinha colocado lá, que não podia dar
estrutura as costureiras, que o dinheiro não era para isto.
— Ele falou com estas palavras?
— Sim, talvez tivesse de ter deixado você fazer como conse-
guia, mas eu não queria meia baiana, eu queria ela inteira.
— E não queria uma escola pela metade.
— Eu sei que no fundo, dá tempo de vocês se organizarem,
mas é que eu penso sempre maior, para mim, se eu vou por um
adereço na cabeça das baianas, que custa 120 reais, apenas o ade-
reço, dai eu somo em pluma, 100 reais, e em faisões tingidos outros
300, para mim, é um detalhe, se eu pego isto e somo um tecido
bonito, com bordado e renda, com sapatilhas e meia calça, porque
teria de me contentar com menos que isto.
Rita olha para João, ela sabia que era algo caro, ela o monta-
ra, sabia que as costureiras ficaram encantadas com o resultado,
que as baianas quando foram provar, para ficar no tamanho de cada
uma, elas sorriram da qualidade, e pergunta.
— E lhe tacham e nem reclama.
— Rita, eu vivi isto o ano passado, eu cedi uma estrutura de
carro como a que tem lá no barracão para a Estácio, quando eles
tiveram problema, e não tinham ninguém para culpar, eles lembram
de quem não era da escola, e eu viro o sabotador, mas eu sei que
não dei muita opção para o presidente.
— E não parece preocupado.
João não respondeu, olhou o rapaz trazer os pedidos e as no-
tas de entrega e viu carregarem no caminhão da empresa e sair com
aquilo, sabia para onde iria cada uma daquelas.
— Não se defende pelo jeito.
— Rita, o problema, é que não adianta eu me preocupar an-
tes deles falarem “se preocupa”, pois eles podem não dizer, e eu
teria perdido tempo com isto.
130
Rita viu que o barracão preparava coisas, e pergunta.
— E pelo jeito sabe fazer o que os demais compram?
— Sim, reduzir custos é, pegar uma maquina de 20 mil reais,
põem para produzir as placas, a diferença, eu consigo dizer quando,
e quanto eu terei o material, todos olhavam para o que estava mon-
tando e pensavam, ele está gastando muito.
— E estava pensando nas roupas, eles nem viram, e quando
viram, pelo jeito você não aceitou a critica.
— Eu estava gastando para eles muito com os carros, eles fi-
cam bravos porque não estava gastando com os carros, digo que
não entendo nada de carnaval.
Rita se despede e a duas quadras dali Luiz a recolhe e pergun-
ta, como se querendo uma posição.
— O que ele falou?
— Que não entende vocês, mas começo entender a discus-
são, ele investia um dinheiro que não estavam pagando no carro, e
quando se deparam com ele investindo em fantasias, resolveram
que não queriam?
— Ele reclamou algo?
— Não, ele tem uma empresa ali, que está vendendo injetá-
veis de acabamento para escolas de samba, pelo que vi, para vários
costureiros de fantasias de desfile de gala, ele não está preocupado
presidente, ele tem recebíveis, ele é simples, mas ali é uma empresa
de fabricação de coisas para carnaval.
— E acha que ele voltaria?
— Não entendi, ele disse que não lhe deu espaço para lhe
chamar de volta, e não vai se preocupar, se não o chamarem para
se preocupar, nisto ele tem razão, ninguém o quer lá, eu chego ali, e
posso gerar uma visão para ele, que não é o que a direção quer, ele
as vezes parece ter ficado chateado, e não o condeno, ele estava
colocando do bolso, e ninguém estava reclamando, quando tiraram
um pouco, como sempre, reclamam, mas pegaram alguém que não
segurou a língua, e apenas saiu.
— Saiu como entrou, deixando todos mais tensos, pois ele
não tirou tudo que colocou, e não descontou nada, ele apenas dei-
xou lá e devolveu, e pode parecer pouco Rita, mas estamos falando
em devolver mais de 5 milhões de reais em um dia.
131
— E quanto vale o carro que ele estava montando?
— Cauê falou que ele estava falando em montar algo que va-
lia 8 por 3 milhões, para investir nos demais.
— E pelo jeito tudo desandou rápido?
— Não sei como o trazer de volta, eu o convidei, eu o colo-
quei para fora, ele nem falou para ninguém, sai, tem gente ainda
achando que ele está na escola, e não sei o que falar.
— No lugar de por a culpa nele, escolhe um culpado Luiz, não
é questão de não ter um culpado, mas um que não pese, você o
colocou para dentro, quando ele resolveu acelerar, o senhor o
põem para fora.
— Acha que ele toparia?
— Presidente, ele ainda tem tempo, mas daqui a pouco, não
vai dar mais tempo.
— E se ele tiver desmontado os carros?
— Ele como se define, é um construtor presidente, ele entra
no barracão e sai de lá quando tiver algo.
— Mas a direção está segurando o dinheiro do carnaval, e ele
gasta muito rápido nosso dinheiro.
— Sim, ele estava investindo em um carnaval vendedor, não
num segundo colocado, tem de saber presidente se quer segurar o
dinheiro, você me disse que ele estava torrando, ele está é ganhan-
do dinheiro, não torrando, ele ali, tem produzido para alguns. Ga-
nhado dinheiro que não tinha lhe cobrado, poderia estar forçando
como alguns, exigindo o produto de tal fornecedor.
Os dois saem dali enquanto João olha para aquele rapaz do
grupo Carnavalha, entrar e lhe olhar.
— O rapaz que me destratou. – Guimarães.
— Perdido aqui Guimarães? – João.
— Mandaram fazer uma reportagem sobre empresas que for-
çavam o renascimento do carnaval, mas João Mayer não esperava
encontrar. – Guimarães.
João riu e olha o rapaz.
— Já almoçou, pois eu estava de saída? – João.
— E quem é o dono?
— Oficialmente empresários da cidade, e um tal João Mayer.
— E vai me pagar o almoço onde?
132
— Eu como em qualquer lugar, mas daqui, acho que o Ibis
ainda está com o restaurante aberto.
O rapaz sorriu, um hotel 5 estrelas não era o que esperava,
eles saem, e caminham 3 quadras, João faz sinal para o rapaz na
entrada que iam ao restaurante e Guimarães olha João subir, vai ao
banheiro, lava as mãos e volta a mesa.
— Quer uma reportagem, ou uma versão que só atrapalha
Guimarães, sei que muitos não entendem, que falar mal sem pen-
sar, é fazer o trabalho dos que falam contra o carnaval.
— E entrou nisto quando?
— Ainda no ano passado, eu propus para o Gabriel David,
montar aquela empresa, mas o menino queria algo que não enten-
di, ou como um rapaz falou, nem estava pensando para entender.
— E qual a ideia?
— Investir em tecnologia no carnaval.
— Não acha que se perde a essência do carnaval assim.
— Uma delas, mas imagina eu investir 8 milhões em um car-
ro, e ver tudo detonado, porque não tinha um sistema que permi-
tisse ao motorista olhar ao lado, eu não sou contra o artesanal, por
sinal, acho que é a soma que transforma em lindo, mas levar um
carro inteiro ao desfile, faz parte da festa, ter uma forma de usar o
plástico do ano anterior, na forma de plumas, faisões artificiais,
injetáveis, é parte de não ter uma lixeira lotada no fim do carnaval.
— E Gabriel topou assim fácil?
— Ele pulou fora do acordo, problemas pessoais, dai eu tive
de procurar sócios, e Pedro Tabajara apoiou a ideia, e a pequena
Micaela entrou também com parte do capital.
— E conhece Tabajara de onde?
— Temos uma outra empresa juntos, de transporte.
— Transporte?
— Importação e exportação de produtos, começamos com
ele sendo estrutural para saída diária de um contêiner de camarão
para a Europa, agora importamos parte dos produtos que podem
ser usados no Carnaval.
— Dizem que você está na direção do carnaval da Imperatriz,
a Globo até anunciou esta mudança na direção, e não o vemos lá,
era marketing.
133
— Tem dois pontos ai, não é positivo ter alguém com a tarja
de Sabotador em um carnaval, segundo, nada foi colocado no papel,
então era apenas ajuda a Cauê, gosto de carnavais que erguem a
moral do Brasileiro.
— Então não é oficial, apenas ajuda?
— Até este momento, apenas ajuda informal, alguns dizem
que minha ideias transformam os carnavais em caro, e num enredo
que não tem muito o que vender, fico meio de mãos amarradas.
— E monta algo para se manter perto.
— Eu mantenho meu apoio informal a Alegria da Zona Sul, es-
te ano, não passo nem perto da Estácio, pois vai que peido e eles
me culpam.
João pede e Guimarães acompanha, e pergunta.
— E quem lhe mantem na cidade, almoços aqui são caros.
— Arroto o que não ganho, e os demais acreditam. – João
mentindo.
— E o que tanto produzem ali?
— Até agora, apenas plumas, faisões, e algum injetável, mas
nada muito grande, as partes tecnológicas vão mais para hora de
tirar os carros dos barracões, então ainda falta quase 4 meses.
— E pelo jeito enquanto alguns falam que o é um sabotador,
não se preocupa.
— Guimarães, quando for a segunda instancia, se eles não
continuarem a comprar juízes, uma hora alguém lê o processo,
quando alguém o fizer, ou estingue, ou não serei mais eu recorren-
do do processo.
— E não está preocupado.
— Não sei quem disse, que ouvindo a imprensa parece que fi-
camos o tempo inteiro pensando nisto, lembramos apenas quando
temos de comparecer a audiência.
— Acha que as provas não lhe condenam.
— Eu fiz um pedido formal, que não apenas na Marques, mas
que os motoristas tivessem de passar pelo bafômetro antes de sair
dos barracões, pois quem acaba morrendo, é o rapaz que ajuda
empurrando, quando o maluco no volante se enche de andar a 10 e
arranca o fio de energia.
— Está dizendo que não foi você, mas porque o culparam.
134
— Não tenho provas referente ao porque, eu sei que não fui
o culpado, o que fiz no carro deles, para desinstalar do meio fio, fiz
em todos os carros da Beija-Flor, mas não vou explicar para um car-
navalesco, eu era o amador, que antes de por os destaques, se es-
vazia um pouco os pneus, para não estourar.
— E pelo jeito não levou para o pessoal.
— Levei para o pessoal o processo, mas não tem nada lá que
me condene, então primeiro vou esperar o primeiro processo, e
depois, quem sabe eu não processo Hélio por calunia, não a escola,
e sim o presidente e o motorista, pois eles que me caluniaram, a
escola não é culpada, mas isto depois do processo.
— E teremos novidades este ano na avenida?
— Eu tenho apenas até agora o compromisso de ajudar a Ale-
gria da Zona Sul a tentar subir para o grupo especial, fazendo um
desfile para se firmar como escola de bom samba e de boa estrutu-
ra.
— E como uma escola que não tem barracão pode ter boa es-
trutura.
— O barracão deles não será barracão, será um clube a beira
da Rodrigo de Freitas, devem inaugurar no inicio do próximo mês,
agora em Novembro, os ensaios técnicos vão para a zona sul, o
samba deve sair no sábado que vem, a bateria está a duas semanas
se adaptando aos instrumentos, e até agora, a única que me preo-
cupo, como já disse o ano passado, alguns falam que não existe
perseguição, mas ainda não engoli o tirar de meio ponto da bateria
e meio das fantasias, e sabe bem onde ela estaria se não fosse esta
notas que destoam do desfile.
— E acha que quem leva este ano?
— Quem errar menos, eu sempre digo que carnaval onde se
analisa erros, não premia o melhor e sim o que menos errou, dei-
xando os melhores carnavais em terceiro, mas não vamos trocar a
diversão por pontos, vamos levar a perfeição, no que eles julgam, e
o resto, detalhe.
— Dizem que ofereceu ajuda a Chatuba.
— Eles estão fora dos desfiles do grupo D, por falta de apoio,
temos estruturas abandonadas, temos solda, ferro, isopor de anos
anteriores, plástico reciclável, por que não ajudar.
135
— E o papo de oferecer ajuda, alguns lhe colocam como um
novato, como um novato pode ajudar.
— Eles olham apenas o que querem, lembro de Roberto per-
guntando quando o abre alas estava com 25% pronto, porque deixei
ele pronto tão antecipadamente, e lhe garanto, 12% dele não foi a
avenida, pois não deu tempo, carnavais simples, não me dão tesão
de fazer, gosto de desafios.
— E investe em fornecimento de tecnologia.
— Sim, tecnologias de painéis moveis, me permitem dispor
em um mesmo carro até três vezes mais esculturas do que num
fixo, então são mais escultores, pintores, mas obvio, é mais enge-
nheiro, pois um carro básico, deveria ter três engenheiros respon-
sáveis, não apenas um laudo do bombeiro, que não tem formação
em engenharia.
— Certo, segurança e show.
— Sim, o ideal de qualquer Show, é ninguém lembrar da en-
genharia, dos bombeiros, da estrutura, ela só é lembrada, se algo
deu errado.
— E esta como colaborador da Imperatriz este ano.
— Informal, como falei antes.
João termina de comer e pede a conta, acerta e o rapaz viu
que João não comera muito, mas lembra de como ele estava nos
dias do desfile, estava bem melhor.
— E do que seria esta empresa que fala em tecnologia.
— Como falei, tecnologia é reciclagem, tecnologia é qualidade
de desfile, tecnologia é enxergar um desfile como um todo, com
qualidade de som, com sistemas de luz que não pifam, com fantasi-
as confortáveis e que permitam ao componente se divertir.
— Dizem que você é a favor do voltar dos 8 carros.
— Eu sou de usar regra, se comparar um carro atual, diria que
os antigos são menores que os atuais tripés, então dizer que reduzi-
ram, apenas para quem não faz o carnaval, ou não quer fazer, colo-
camos um carro na comissão de frente, não conta, 6 carros, sendo
um acoplado, e mais 3 tripés, eu estou entrando basicamente com
11 carros na avenida, se não conseguir passar com isto, para que
quero mais carros?

136
— Dizem que você adulterou o sistema de regras que falavam
que os carros acoplados eram apenas o primeiro.
— Forma de encarar, mesmo o carro da Beija-Flor do ano
passado, 60 metros, ele não foi acoplado na armação, ele fez a cur-
va acoplado, tecnologia para nos permitir desafiar desfiles passando
ele por baixo de um viaduto.
— Acha que o carnaval precisa de mais dinheiro publico?
— Não quero dinheiro publico, a prefeitura fala que não quer
por dinheiro no carnaval das escolas, mas controla a venda dos in-
gressos, retêm o recurso em Outubro, e fica chantageando as esco-
las, com um dinheiro já na conta, sempre digo, se eles não querem
fazer, larguem, mas vamos pedir sim liberação das mesmas ruas,
vamos sim, pedir o que dela é responsabilidade, mas receber o di-
nheiro e depois ficar fazendo-se de evangélico, olhando as cifras na
Riotur e pensando em desviar, desculpa, é para o carnaval, se vende
um ingresso, quem dá o show, são as escolas, é como você querer
vender um show, e se negar a pagar o artista.
Guimarães sorriu, isto daria o tipo da repercussão que ele
gostava, explosiva.
— E o que faria se a prefeitura decidisse acabar com a festa?
— Quem sabe, abríssemos a conta da Riotur, prendêssemos
os últimos 10 prefeitos, o resto prescreveu, e processaríamos o
prefeito por discriminação cultural, pois para a orla chique, para
shows de estrangeiros, pagos com dinheiro de impostos, todos
aplaudem, mas quando o dinheiro vem para os brasileiros, estra-
nho, os próprios brasileiros dizem ser errados, não entendo esta
cabeça mesquinha de alguns, não todos, mas de alguns, que insis-
tem em tratar uma banda marcial fora do país, como cultura, mas
nossas escolas de samba, não, é pouca vergonha.
— Acha que devemos valorizar as escolas de samba?
— Não só elas, mas toda cultura própria, somos criadores de
sons, mas insistimos em ser apenas consumidores, temos da melhor
poesia, mas importamos poetas, temos até escritores incríveis in-
ternamente, mas preferimos a ficção externa, se eu escrever um
conto sobre um bruxinho Brasileiro, sou ridicularizado, mas se ele
for inglês, o brasileiro se apaixona por ele.
— E acabou em uma escola de samba?
137
— Eu não tenho formação para além disto, deveríamos estar
atraindo os cultos, estamos sempre na reinterpretação de temas,
tendo tantos a discutir.
— E vai estar por perto, mas sem assinar nada.
— Ainda sem assinar nada, como muitos falaram, sou o nova-
to aqui, faz pouco mais de um ano que me mudei para a cidade.
— Obrigado por receber-nos, pensei que nem falaria com
nós.
— Guimarães, eu tenho um grande defeito, se me perguntar
algo com segundas intensões, eu sei ser afiado, sei não segurar a
língua, sei me dar mal por isto, então veio por bem, é bem recebido,
veio por motivos escusos, o recebemos bem, mas respondemos
apenas as partes escusas, com aquela sinceridade que os brasileiros
dizem querer, mas odeiam.
O rapaz saiu e quando a reportagem as 19 horas vai ao ar, o
presidente Luiz olha para Cauê, e fala.
— Me apoiaria a tentar atrair este Mayer de novo?
— O que ele fez?
— Perguntado se a ajuda a Imperatriz era apenas Marketing,
ele falou que era uma poio apenas informal, o que deixa ele sobre o
muro, que nós construímos.
Cauê olha o presidente.
— Sabe que é difícil, tem gente pensando em amigos, não no
carnaval presidente.
— Sei, mas como estamos, estamos no meio do caminho, se
não definirmos por ele, tenho de começar a lhe liberar dinheiro
para que consiga fazer pelo menos o que já foi mostrado.
— Acha que ele voltaria presidente?
— Me acompanha a uma reunião e depois vou tentar passar
por cima de algumas coisas, e sei que ele não vai pegar leve.
— Acha.
Luiz subiu e viu o pessoal e fez sinal para uma reunião e olha
para o grupo e pergunta.
— Como estão os investimentos para este carnaval pessoal.
Eles se olham, não estavam pensando em dinheiro, e sim po-
sições.

138
— Estamos focados na comunidade, temos os ensaios, a co-
munidade prestativa ao carnaval. – Romarinho.
— E quando este grupo vai soltar o dinheiro, pois sem ele não
vamos montar um carnaval. – Luiz.
— Você contratou gente que nem está ai. – Romarinho.
— E para que ele estaria, se não tem recursos para ele mon-
tar nada Romarinho.
— Dizem que você o mandou embora e não tem coragem de
falar para nós.
— E dizem que você fica o dia inteiro, rodando por ai pergun-
tando dele, tem um caso com o cara? – Luiz olhando o senhor serio.
— Não seja desagradável.
— A pergunta, vão se mexer e começar a liberar os recursos
ou terei de os desviar? – Luiz.
Roberval a ponta fala.
— Não vamos soltar recursos escassos para um carnaval de
alegorias imensas, quando quem ganha não são os carros, é o povo
a avenida.
Luiz olha os demais e Fabio na ponta fala.
— Estamos investindo pesado em bateria, mestre sala e porta
bandeira e fechamos com a Silvinha para a comissão de frente, você
foi a favor Luiz.
Luiz o olha, eles não liberaram recursos nem para a ideia da
comissão de frente.
— Estamos analisando cada gasto.
— Se estão todos retendo gastos, a partir de amanha, reuni-
ões apenas na quadra, se querem fazer de conta que estão fazendo
algo, que todos vejam, estão apenas enrolando, eu passo o carão e
você se fazem de trabalhadores, e espero que liberem dinheiro para
os demais que falaram, e se não liberaram, vou querer saber onde
foi o dinheiro, pois para a troca do seu carro, não parecia que estava
escasso o dinheiro, e se está, devolve – Luiz olha para Romarinho –
e obvio, que onde não tem dinheiro, não deixamos gente que pen-
sa, pois vocês parecem querer apenas as honras.
Luiz olha para a secretaria e perguntou.
— E porque a devolução não deu certo?
— Ele fechou aquela conta, algo sobre o seguro no barracão.
139
— Certo, a partir de amanha, todos na quadra da escola, já
que não estão ajudando aqui, não vamos pagar a luz a mais daqui
para vocês ficarem pendurados na internet.
— Mas temos de organizar o carnaval. – Roberval.
— Como você falou, não vamos desperdiçar dinheiro com coi-
sas inúteis, quero todos no ensaio da escola no Sábado, quem não
estiver lá, nem precisa aparecer na segunda. – Luiz.
— Mas tenho um compromisso. – Romarinho.
— Desmarque ou nem apareça na segunda.
— Os que não trabalham você defende.
— Se você tivesse erguido algo lá embaixo, poderia cobrar al-
go, fica como cão de guarda, e quero todos fora daqui ainda hoje,
abram seus escritórios lá e não tomem espaço, todos que estiverem
aqui amanha, eu pessoalmente corto a luz e a internet.
O grupo de 8 pessoas foram as suas salas e começam a ajeitar
as coisas e Luiz olha para Cauê e fala.
— Me levaria lá?
— Ele está no cais.
— Quem sabe seja um lugar melhor para conversar.
Os demais olham-se quando Luiz sai e se perguntam o que
havia mordido o senhor.
João estava a olhar uma armação que colocariam ao fundo do
barracão, com a revitalização da região, alguns barracões ficaram
com acesso apenas pelo porto, então ficam ali quase como enfeite,
quando viu Cauê e Luiz entrarem naquela parte do porto, o presi-
dente da Imperatriz não conhecia o lugar.
Caminham até João que olha os dois tentando não falar mui-
to. Mas sabia que aquele esticar da mão, para os cumprimentar
estava tenso.
— Perdidos aqui?
— Queria lhe pedir uma coisa João.
O presidente indo direto a um assunto.
— Se puder aceitar, o que quer presidente?
— O que tratarmos aqui, não vai passar pela diretoria da Im-
peratriz.
— E o que seria que não teria haver com a escola senhor?
Luiz olha em volta e fala.
140
— Sei que parece que o sabotei rapaz, mas saiba, temos
acordos em pontos, em favela, em baixadas, que ultrapassam o
carnaval, e quando uma diretoria resolve que não devemos apoiar
alguém, e este alguém chama atenção, a pressão vem de todo lado,
e eles nem sabem quanto está crescendo, são velhos em seus apar-
tamentos de luxo, já foram jovens como você, hoje são pelo não
deixar ninguém sobrepor-se, mas parece que você não liga para o
que eles querem, e isto os irrita.
João não estava entendendo.
— Queria o chamar a tocar com Cauê o carnaval novamente,
mas o mais fora dos olhos, e não é por não confiar neles, mas eles
estão pensando em seus postos, e você é daqueles nomes que hoje
é desconhecido rapaz, mas põem medo na inercia deles.
João olha Cauê, olha o senhor que termina.
— Entendi que estava colocando muito, mas tinha ouvido re-
clamações de todos uma tarde inteira, eu não soltei o dinheiro para
não fazer, mas gostaria de o ter novamente, e sei que não tem mo-
tivos para voltar, mas gostaria de o convidar.
— Sabe a condição de montagem presidente.
— Não tenho sua conta, dizem que mudou até de conta, para
não ser enredado.
— Detalhes das ultimas semanas. – João passa o cartão dele,
o novo e o presidente fala.
— E o que seria um sinal que estamos falando serio, parece
ainda não nos levar a serio.
— O deposito do valor que falei que valia o carro abre alas se-
ria um senhor sinal, mas nem todos tem isto em dinheiro.
Luiz olha para Cauê e fala.
— Então vocês tem de achar uma forma de o fazer sem apa-
recer muito, pois sabem o que vai acontecer, eles vão por todos a
olhar.
Cauê olha para o presidente e pergunta.
— Não entendi sua posição ainda presidente.
— O não nos mexermos para fechar o acordo, fez a Globo
propor 8 pelas câmeras, mas não sei o que deixaríamos lá, mas eles
falaram em ter uma câmera lá, a Schincariol propôs mais 8 pela
propaganda lá lixada nos próximos meses.
141
João entendeu em parte e fala.
— Deposita que começamos de novo senhor.
— E acha que entregaremos qual qualidade.
— A melhor, mas faz os ensaios nas quadras, eu ainda não sei
como voltar lá.
— Tenta não levar a ferro e fogo, vi que se posiciona a ponto
de delegados ficarem tensos, não sei ainda o que apresentaremos,
mas com certeza, quero algo que represente o tamanho de nossa
escola.
Luiz e Cauê saem e João fica pensando no que faria, pensou
em não se envolver tão direto, não entendeu metade das coisas que
o senhor falou, mas se tivesse os 18 na conta, muda as coisas.
João olha o carro ao fundo, coberto, olha para as demais es-
truturas, e o sair das estruturas para o barracão, na madrugada, era
apenas um detalhe a mais na região, ele retorna as coisas ao barra-
cão e os seguranças da noite viram que voltariam a funcionar, o
caminhão colocando as injetoras novamente no lugar.
João trabalhou até as 3 da manha e foi para casa.

142
Os movimentos de João,
não despertam nada naquela se-
mana até ele aparecer na quadra
no sábado, Rita sorri e para ao seu
lado.
— Voltou?
— Temos como conversar
onde poucos ouçam.
— Problemas?
— Tem muita gente querendo atrapalhar, e preciso saber o
que podemos fazer, sem chamar muita atenção.
— Sabe que você aqui, os faz olhar.
— A maioria não sabe quem sou.
— Certo, mas o que pretende?
— Saber como apoiar, pois eu pensar em algo, não é todos
concordarem, mas se puder continuar avançando, para no fim de 3
meses estarmos com as fantasias prontas, já é um começo.
— Certo, mas eles vão ver fazendo.
— Sim, e tem de continuar a pedir dinheiro, material, estrutu-
ra.
— Mas podemos comprar algo em duplicidade.
— Pedimos o que não estamos fazendo no momento Rita, as-
sim não acontece isto.
— E quer falar sobre isto onde?
— Amanha no barracão dois.
— Voltou a operar?
— Sim, voltei a operar.
— E pelo jeito estavam lhe dando gelo.
— Não entendi a ideia, mas não sou de muita festa, apenas
tomarei uma cerveja e vou para casa.
— Certo, ainda não se mistura.
— Dizem que sou a má influencia.
João se afasta, toma mais uma cerveja e sai no sentido de Ni-
lópolis, ele olha para Paulinha, presidente da Chatuba, entrar na
143
quadra da Beija-Flor, o estar dele ali não passaria desapercebido
muito tempo, olha ele e pega um copo e pergunta.
— Não entendi a ideia.
— Ajudar, se quiser ajuda.
— E o que seria a ajuda?
— Instrumentos para a bateria, roupa para ela e para Baianas,
3 alegorias, mas tem de ter um assunto.
— E porque faria isto?
— Porque hoje posso, embora é minha ajuda, não de nin-
guém a volta.
— E porque não ofereceu antes?
— Ofereci, mas pelo jeito não levou a serio Paulinha.
— E como falamos sobre isto?
— Passa neste endereço na segunda, se aparecer conversa-
mos, se não, vou tentar ajudar outra escola.
— E porque nós?
— Nada especifico, apenas tinha como conseguir o telefone
da dona, proprietária e idealizadora da escola.
— Quem dera fosse tudo isto.
A moça se afasta e João ouve as costas.
— Perdido aqui?
Joao olha as costas e viu Douglas, ao lado Micaela e fala.
— Ainda desapercebido, mas perdido deve estar você.
Micaela sorriu ao lado e fala.
— Veio apenas tomar uma cerveja.
— Espiar a concorrência. – João sorrindo.
— Fala alto que eles acreditam.
— O problema é que não sei correr atrás, mas só tomando
uma cerveja, e os dois, se entendendo?
— Ela não quer proteção da Federal.
— Eu se fosse ela também não iria querer Douglas, já que ofi-
cialmente nem aconteceu.
— E vai apenas tomar uma cerveja? – Douglas.
— Tentando entender o que vou fazer a partir de amanha,
então é um verdadeiro mistério para mim, o que posso e o que vai
ser feito, mas uma cerveja as vezes deixa a cabeça leve.
João viu um olhar vir sobre ele, olha Micaela e fala.
144
— Deixa eu sair antes de ser colocado para fora.
João começa a sair e quando a segurança chega ali Micaela
olha para Franco e pergunta.
— Segurança para que Franco?
— Ele não é bem querido aqui.
— No seu carnaval, pode ser, na comunidade de Nilópolis,
não temos nada contra ele. – Micaela.
— Ele está nos vigiando.
— Ele só estava oferecendo ajuda a Paulinha.
— O que Paulinha quer com ele?
— Estou falando da Paulinha da Chatuba Franco, não da esco-
la, bom ver que está com medo dele, pois segurança é coisa de me-
do. – Micaela olhando o senhor.
— Seu tio não vai gostar de saber que ele esteve por ai.
Micaela nem viu João sair, mas pelo jeito o negocio ainda es-
tava fora do que pensou.

145
Luiz deixou João trabalhar 3
semanas, para não parecer deses-
pero, e marca com o rapaz, que
resolveu marcar no barracão, e
Luiz foi a região.
João estava a cobrir mais
uma serie de painéis, com fibra de
vidro, quando Luiz chega, o segu-
rança o anuncia e João apenas foi ao canto e fez sinal para um ra-
paz continuar, pois não queria perder o material, já preparado.
Lava as mãos e olha para Luiz entrar, a tensão nos olhos do
senhor fez ele sorrir.
— Sabe que está me fazendo pagar meus pecados.
— Acalma presidente.
— Mas não refez o que tinha feito.
Olhando ao fundo, como a parte alta, era basicamente da
mesma altura da baixa, e cada qual tinha dois metros, quando se
juntava a parte alta com a baixa, parecia dois pratos sobrepostos,
não um carro alegórico, João sorriu e falou.
— Presidente, acredite, nem tudo precisa ser mostrado.
— Mas começam a me pressionar para liberar os recursos dos
veículos, eles viram que não estamos andando muito.
João olha para Richard ao fundo e fala.
— Afasta as pessoas do carro.
O rapaz começa a pedir espaço e o presidente não entendeu,
até ouvir.
— Presidente, o que ninguém vê, é o que todos querem ver,
mas em duas semanas vamos começar a por os últimos acabamen-
tos desta alegoria. – João chega ao comando do carro e abre a por-
ta, liga os motores e começa a carregar as baterias, todos os 12
geradores ligaram e começa lentamente a erguer todo o carro, o
que estava a 4 metros e meio, vai subindo, afastando os dois metros
da cobertura para cima, e os encaixes começam a se fazer, o carro
que parecia apenas dois discos um sobre o outro, começa a subir.
146
— Richard, pede ajuda ali na frente, para trazer 6 indígenas.
Luiz viu eles indo para dentro e trazerem esculturas altas, o
subir parou um pouco, viu eles fixarem em hastes de não mais de
um metro sobre as laterais, deitado, as 6 imagens.
Luiz olha ao fundo o meio do carro, estava agora com oito
metros, se via os painéis intermediários, o mais baixo, a invasão, o
que se mostrava agora entre 4 e oito, um painel imenso, a explora-
ção, viu João fazer sinal para os rapazes no fundo e prenderam mais
6 esculturas.
Os rapazes olham se estava bem preso e Luiz olha João olhar
para ele.
— No projeto, fixamos tudo antes de ir a Marques, é algo
comprido, mas que está nos limites da altura deitados.
Ele recomeça a subir e agora se mostrava mais 4 metros, o
painel intermediário mostrava, repovoando um mundo, estava em
12 metros, nas bases baixas começam a se erguer colunas com esti-
lizações de grandes mártires do Brasil, em pedestais para desta-
ques, 12 em cada lado do carro. Começa a subir a terceira parte,
que trava no lugar aos 15, com o quadro, Miscigenação, a frente e o
fundo se erguiam aquelas colunas de DNA, com a parte central fron-
tal sendo 4 X e a dos fundos 4 Y, o senhor olha o carro passar len-
tamente a erguer a quarta parte, que vai a 18 metros, com os dois
da base que se ergueu, chegando a altura limite do abre alas, 20
metros, se viu o ultimo painel, chamado Remiscigenação, os deta-
lhes a toda volta se colocando ao lugar, as estatuas ficando prontas,
e o que era um carro recuado, abaixado, se mostra em seus 60 me-
tros de comprimento, com seus 20 de altura, 12 de largura.
As estatuas em pé, parte dos painéis ainda não estavam pron-
tos, mas estavam no lugar, Luiz olha aquele abre alas meio sem
entender como poderia estar tudo ali, sorri, pois todos olhavam
para aquela estrutura, na maioria viam apenas a parte que instala-
vam, não no tamanho real.
João olha o senhor e fala.
— Ainda faltam dois índios frontais, dois mamelucos ao fun-
do, a coroa da imperatriz sobre a alegoria, os acabamentos, mas é
que um carro destes leva tempo para se montar presidente.
Luiz sorri e fala.
147
— E fica ai encolhido, como se não tivesse nada.
— Ele na maioria das vezes, fica com a parte que se está tra-
balhando disponível para trabalhar, pois uma coisa seria fixar os
painéis a 18 metros, outra a um metro do chão, onde o ponto má-
ximo está a 5 metros do chão, reduz perdas e riscos.
— E pelo jeito é serio quando falam que gosta de algo imen-
so.
— Imenso, não pesado, vamos terminar de montar para dis-
por das armações que as pessoas vão ser fixadas, para transporte
até a curva para a apresentação, então cada parte, requer terminar
a anterior, mas é um abre-alas com 200 rapazes da comunidade,
com 20 metros de altura, 20 rapazes dentro da esculturas para fazer
movimento, 12 geradores, mais de 300 sistemas hidráulicos, então
testamos eles incansavelmente presidente.
— E algo dos demais está pronto?
— As estruturas, estamos fazendo em paralelo os painéis, as
esculturas, os sistemas elétricos. – João olha para Richard e fala.
— Pode deixar nos 4 metros novamente.
O rapaz pega o comando e João olha para o presidente e fala.
— Mostro como estamos indo.
Eles entram e o presidente olha as outras 3 armações, dispos-
tas ali, mas estas não estavam encolhidas, em media, 29 de cum-
primento, 12 de largura, altura variando de 18 a 28 metros, a maior
no centro, o armar do que se fica, ser partes, de 4 em 4 metros, do
que junto, fazia a escultura de 28 metros do senhor a frente, o pre-
sidente olha aquilo e fala.
— Talvez a maior escultura única que vi num carnaval.
— Estamos fazendo a parte metal e hidráulica, o problema de
grandes esculturas, é que acabam deitadas, eu gosto de coisas er-
guidas, com estrutura para que toda a Marques veja.
O presidente entendeu, aquele era o carro que o rapaz havia
definido, se via os dois ao lado, aparências na estrutura, grades na
parte baixa, mas a diferença, enquanto o a direita tinha negros,
índios, como escravos, na parte baixa, no a esquerda as classes me-
dia e alta, por trás de suas grades de proteção, sobre um existia um
grande baile, sobre o outro, uma Marques de Sapucaí etilizada, mas
ele foi ao fundo, e estranha, ao fundo do carro, que deveria ser o
148
ultimo, um grande rosto, negro, mas em todo ele estava estilizado a
volta, AUGAUCU ou TACTAGA, João teve de explicar que eram as
sequencias genéticas e que não tinham ainda o LED instalado nas
saliências, cada letra em uma cor.
Se Luiz achava que estavam parados viu que estava avançan-
do aparentemente rápido, mas era evidente que tinha muita coisa a
fazer, não era algo fácil de se fazer.
— E eu pensando que você estava parado.
— Presidente, se eu avançar rápido, fico com os acabamentos
para a semana anterior ao carnaval, se fizer corpo mole, não durmo
na semana do carnaval.
— Certo, tem muita coisa, mas este rosto daria um abre alas.
— Como digo, tem coisa que é feita para encerrar, e este ros-
to, é o fundo perfeito de um carro, ele fecha o complexo, eu acho
que em uma escultura, a definição da palavra Miscigenação.
— Certo, contar a miscigenação e acabar com ela.
— Não era a ideia.
— Se precisar de dinheiro pede, vejo que realmente investe
os recursos.
— Confirma com a Globo, antes que outro feche, eles vão
querer ver e mostramos as duas câmeras do carro inicial, e quem
sabe eles não fazem uma reportagem, mas no dia deixamos sem a
parte central, para eles não verem tudo.
— Porque das esculturas imensas, ela tampam o carro em si.
— Elas em si são parte do enredo, o carro lindo, sem enredo,
nos tira pontos Presidente.
— Certo, e vi que trocou as sequencias de coroas.
— Sim, mas como as coroas estão dentro, poso mudar de
ideia até 3 dias antes, 3 dias pois preciso disto para dispor todas em
lugares diferentes.
— Certo, o pessoal está querendo algo, o que indica.
— Se quiser, as placas e estruturas frontais estarão definidas
na segunda, transferimos a noite somente a parte frontal do carro,
abre-alas para a cidade do samba, preciso trazer de lá o Novos Po-
vos, vi que não está avançando muito.
— Tem gente que está perdida no meio do caminho.
— Quer que organize lá presidente, pede.
149
— Não entendo como você com calma cria coisas assim.
— Se você tem uma ideia, investe nela, mesmo que aquelas
esculturas, pensa que elas tem 28 metros, se você visse elas a se-
mana passada, as 7 partes ao chão diria que não estava entendendo
nada, é como as 4 outras esculturas deste carro, espalhadas por ai,
ganham forma quando ganham tamanho.
— Uma escultura para todos olharem para a armação.
— Sim, montamos ela, agora estamos testando o pré-encaixe,
toda a estrutura já tem fibra, montamos ela antes, então é hora de
pintar a escultura, e deixar ela com 4 metros após.
— Algo que eles vão ver chegando e só entenderão na hora?
— Sim, algo que de contrapeso, nos fez ter de reforçar toda a
base do carro.
— Não entendi. – Luiz.
— Ele resiste de pé, com vento lateral ou frontal de até 80
quilômetros por hora, isto requer peso, distribuição de carga, e um
sistema inteligente para o levar ao local.
— E existe o risco de virar?
— Senhor, um carro de 28 metros de altura, é um prédio de 7
andares, então obvio, sem base tomba, mas temos a base, acha que
estamos pensando apenas em um desfile, temos de resistir até o
desfile das campeãs.
— Certo, a engenharia para por isto na avenida, mas quer di-
zer que vai com isto pronto, apenas vai erguer os hidráulicos?
— Sim, o ser paredes inteiras, facilita, pois encaixes nos com-
plicariam mais.
— E vai ter quantas esculturas a mais?
— E esposa e o filho ao fundo, e o casal na parte de trás do
carro.
— Dimensionou tudo para esta altura lá?
— Sim, é estranho como a dinâmica de um desfile, vivido, fa-
cilita para o próximo.
— E se o ano passado tinha carros quadrados, continua com o
estilo quadrado.
— Sim, mas acho que os demais acalmam colocando a frente
do carro abre-alas lá, mas temos de fixar a coroa ainda, e os acaba-

150
mentos finais de iluminação, vamos testar no lugar, antes de desfi-
lar, mas o passar dos cabos aqui, facilita muito.
— E acha que segunda feira daria para marcar com a Globo?
— Acredito que sim, passou para o Cauê o que fazer.
— Não quer aparecer ainda.
— Se for para atrapalhar, não apareço senhor.
Luiz sai dali e chega a cidade do samba, e olha o pessoal da
direção da escola lá e viu Romarinho olhar para ele.
— Sei que ficou chateado Presidente, mas temos de acelerar,
já estamos no meio de Novembro, não temos quase nada.
— Temos de acelerar presidente, estamos com todo o carna-
val atrasado. – Roberval.
— A 15 dias, todos vocês diziam temos tempo suficiente, o
que aconteceu? – Luiz.
— Viu a estrutura do carro abre-alas da Beija-Flor.
— Que eles usariam algo grande, normal, eles tem ali estrutu-
ra para 10 carros e só podem por 6 na avenida.
— Mas temos de mostrar algo.
— Vão liberar recursos e fazer suas partes ou só eu tenho de
entrar com recursos e vocês ainda se fazendo de atingidos, sei lá
pelo que?
Roberval olha os demais e fala.
— Pensamos que tinha entendido que não somos contra car-
navais grandes, mas o rapaz já sabotou um carnaval.
— Roberval, conta outra historia, ele colocou carro a carro da
beija-flor naquele dia na armação, está em todos os blogs de carna-
val hoje, a reprodução da reportagem dele, de algumas semanas, os
que o chamavam de sabotador, estão chamando o carnavalesco ali
da frente, que a Beija-Flor chamou para o desfile deles, de principi-
ante, pois perder um carnaval por não olhar a pressão dos pneus, é
coisa de carnaval de quinta, mas ainda não entendo a posição de
vocês, parecem querer que não dê certo este ano.
— Temos de ter carros, a globo parece que vai aceitar a sua
proposta, e não temos nada.
— Segunda feira falo com a Globo, se eles aceitarem a pro-
posta, eu fecho pessoalmente isto, mas isto não parece ser o que os

151
incomoda, só desculpas esfarrapadas, por sinal a ideia de ceder
imagens para a Globo foi do rapaz.
Todos se olham e Romarinho fala.
— Ele investiu uma fortuna que era do carro nas baianas.
— Problema com as baianas? – Rita a porta.
Romarinho olha para ela, talvez a pessoa que não queria que
tivesse ouvido.
— Não vai responder Romarinho? – Luiz.
— Não me interpretem errado, mas montar fantasias de mil
reais a cada Baiana, é um absurdo.
Luiz viu o sorriso de Rita e olhou o presidente.
— Apenas querendo a confirmação, presidente, não queria
atrapalhar, mas posso dar andamento na execução daquelas 5 alas?
— Sim, vamos fechando o desfile, se os três conjuntos me
adiantarem as fantasias facilita. – Luiz a olhando.
Rita sai e Roberval olha Luiz.
— As fantasias estão andando?
— Contra quem deveria estar fazendo, como disse a alguns
dias, se não iriam ajudar, os desviaria, estamos indo para números
que podem nos garantir 25 alas vestidas, vão faltar ainda 27, mas a
ferragem de algumas estão sendo feitas, e as primeiras a ficarem,
vão a execução, Roberval, a pergunta, todos vocês falando de que
estamos atrasados, comissão de frente, tem seu tripé, porque as
costureiras pedem liberação para tecidos, não sai, porque eu tenho
de liberar estoque dos carros de arame, para o pessoal da ferragem
das roupas, porque nada do hidráulico foi nem orçado, porque não
temos ferro para começar, porque não foi testado os LED do ano
passado, para saber quanto vamos precisar?
— Você nos tirou daqui.
— Os pedidos chegaram a vocês, agora entendo a revolta do
Romarinho, está pensando em como gastar 200 mil na sua roupa, e
termos gasto 300 mil com todas as baianas.
Romarinho olha descontente.
— Se não conseguiram financiamento para seus afazeres, não
deveriam estar sabotando os demais, tinham de estar trabalhando
em dobro.
— Acha que teremos algo na segunda?
152
— Ainda não confirmei isto, mas acredito que sim.
Luiz olha para os demais e fala.
— Se querem começar, são bem vindos, mas sem enrolação,
são menos de 3 meses para estarmos na avenida.
— E não temos nenhum carro pronto.
— Alguma novidade nisto Roberval, carros ficam prontos na
semana anterior, as vezes na madrugada anterior, que novidade
tem nisto.
— Mas nos deixou fora da negociação com a Globo.
— Vocês queriam o que, dinheiro a mais para ficar retido,
desculpa, preciso acelerar, não parar em vocês, ainda tento achar
qual o verdadeiro problema.
Roberval olha para Luiz serio.
— Eu não acredito na inocência daquele rapaz, não gosto de-
le, ele é estranho, aqueles braços me passam algo muito ruim, to-
dos sabemos que ele não cheira a coisa boa.
Luiz sorri e fala.
— Comecem a trabalhar, pois vou chamar ele de novo a este
barracão, assim que tiver o dinheiro confirmado da Globo.
Os demais entenderam como se fosse uma tentativa, já que
teriam recursos, ignorando a verdade sobre recursos.

153
Quando na madrugada do
dia 18 de novembro eles colocam
uma estrutura para fora, ajeitando
para a tirar dali, e aquela armação
abaixada chega, eles deixaram na
parte de fora, ainda abaixada,
como se fossem manobrar ela e
não tivessem onde.
Cauê olha o pessoal olhando em volta e Luiz olha para ele.
— Ele não vem?
— Ele não sabe se é uma boa ele aparecer.
— Ele está querendo acelerar, e preciso deste recurso da
Globo para poder ajudar um pouco mais. – Luiz.
— Ele tem medo de atrapalhar.
Era 9 da manha quando os demais carnavalescos e pessoal
das demais escolas olham aquilo que parecia um disco, todos
olhando aquela armação, o acabamento era bem evidente o estilo,
João Mayer fizera aquela estrutura, diriam alguns.
O pessoal da Globo chegou, e o diretor geral de comunicação
da Globo, os repórteres de carnaval, eles haviam visto aquilo mon-
tado, não encolhido e Mariana olha para o cinegrafista ao fundo,
discretamente e pede para armar a câmera, e focar no carro, mas
com distancia, para pegar inteiro.
O rapaz não entendeu, mas ela não tinha certeza de que teri-
am a imagem, mas sabia que vira aquilo antes.
Luiz sobe, confirma, assinam, e o diretor geral queria dar
acesso ao pessoal da técnica para saber se poderiam usar o equi-
pamento, Cauê pede para se afastarem, com tinha meio fio dos dois
lados, ele aciona o sistema hidráulico e a suspensão subiu a estrutu-
ra e começa a soltar as laterais, e subir, o cinegrafista entendeu, e
se a Beija-Flor tinha mostrado a estrutura do abre alas, ali estava a
Imperatriz mostrando parte, a superior deixou a coroa que girava
sobre a parte inicial subir, e cada um dos encaixes hidráulico foi

154
subindo, Cauê fez para provocar, não precisava mostrar tudo, mas
abre a cabine de comando e olha o técnico.
— A ideia é simples, temos para cada câmera, um sistema de
transmissão, e o sistema pega elas e retransmite, para nosso con-
trole aqui, temos a linha de transmissão e de comunicação, a ideia,
fornecer por carro, 4 linhas de comunicação.
Cauê coloca a imagem frontal, onde se filmava a frente do
carro, bem do alto e o técnico sorriu e chamou o diretor geral e fala.
— Se eles nos derem a frequência Diretor, teremos a melhor
imagem da apresentação do casal de mestre-sala e porta bandeira.
O senhor viu a imagem que parecia boa e pergunta.
— Qual a qualidade?
— A ideia é fornecer as de qualidade, pois as de controle de
distancia, tem pelo menos 20 em volta, são para o motorista saber
exatamente a distancia a cada obstáculo.
O técnico olha e pergunta.
— Este sistema é de controle, tem em todos os carros?
— Nos que precisam, tripé nem sempre precisa.
— E estavam com este escondido ai?
— Encolhido ele não atrapalha muito, temos de terminar al-
guma coisa ainda, o comando deixa claro que não estão todas as
partes ai, pois temos 20 pequenas câmeras desativadas e 4 grandes
desativadas.
— Certo, está implícito que é metade do carro, seria isto. – O
diretor.
— Sim, seria isto.
Na frente da Beija-Flor, Franco olha para o carro e fala.
— Este João sabe criar algo para encantar, está é a diferença,
não é apenas tamanho, é enredo, DNA dá o caminho de algo com o
nome Miscigenação.
Zanon olha o carro e pergunta.
— E como sabe que foi João?
— Aquele modelo, armação coberta de fibra, que permite ele
fazer este imenso X a frente, translucido, que se vê a parte interna,
as linhas de DNA, é o estilo dele.
— E pelo jeito o admira e odeia?

155
— Eu admiro, mas se a direção escolheu você, eu defendo a
escola e sua estruturas.
— Soube que acessou a segurança a alguns dias, para o tirar
da quadra, estranho isto.
— Ele foi lá provocar, mas se todos falavam que a Imperatriz
não tinha nada, vão lembrar destas saias em fibra de vidro, da nossa
escola do ano passado e ficar pensando, onde estão fazendo.
Os diretores da Imperatriz olham o carro do lado de fora e
Romarinho fala.
— Ele estava ocultando de nós parte do carro, para acharmos
que não tínhamos nada.
— Ele deu andamento, pelo jeito, mas sinal que temos um
carnaval, ele tirou parte da estrutura para por para dentro, os rapa-
zes estão ajeitando as coisas.
O rapaz da técnica saiu do carro e viu Cauê chegar ao coman-
do e toda aquela armação começa a se encolher, Franco olha e fala.
— Isto que falava Zanon, uma estrutura imensa, que sai do
barracão, chega a avenida para o desfile, sem mostrar ao que veio –
Franco espera travar tudo – e cabe ao fundo sem atrapalhar.
Zanon olha o carro entrar e olha para a estrutura que mostra-
ram, a ideia era boa, o pessoal falando em fazer de um jeito, ele
querendo de outro, enfrentando a lenda, que um rapaz veio de
Curitiba e montou um carnaval daquele jeito.
Sergio olhava da parte alta e olha Roberto.
— Se todos se perguntavam o que ele estava fazendo?
— Aqueles abre-alas que tiram o folego, isto que quer dizer?
— Sim, Zanon não se entende com estruturas tão grandes,
mas parece que se alguns falavam que Mayer não estava no carna-
val, ele declarou que oficialmente não está, é evidente a mão dele
naquilo dali.
— Estilo.
— Sim, estilo, ele gosta que todos olhem o carro dele, não é
apenas um carro lá no fundo, é o carro que todos olham.
— E pelo jeito ele em verde e branco está se dando bem.
— Ele era um aliado que insistimos em por do lado de lá, mas
mesmo ali, tem muita gente que não o quer por perto.

156
— Ele parece distante, mas quanto tempo se demora para er-
guer um carro daqueles Sergio?
— Dois meses de trabalho no esquema dele, não de outras
escolas, algumas demorariam 6 meses.
— Então ele não estava fazendo no barracão dele?
— Tudo indica que não.
João começa a montar as placa do carro a frente do carro no-
vos povos, viu os rapazes chegarem e um perguntar.
— Quais painéis vão neste.
— Os Numerados com 5 e separados como França, Itália, In-
glês, Árabes, Gregos, Judeu, Chineses, Japoneses, Coreanos, Ucrani-
anos.
Os rapazes viram que estavam na altura um, e começam a por
os portais inteiros, veio gente ajudar em todos os lados, e começam
a entrar todas as peças, iriam pintar já no carro, mas como tudo que
tinha andares, estavam no térreo e chegariam ao sétimo andar,
onde os painéis de fundo iriam ao lugar, e no lugar de olhar o que
falaram, fica até as 22 horas fazendo aqueles painéis, estava termi-
nando o terceiro andar de placas de quatro de lateral.
Três andares a toda volta, parecia um avanço, mas faltava pe-
lo menos 4 andares a mais, mais cobertura, e começar os acaba-
mentos baixos.
João olha aquela menina entrando, ao lado dela Roberto que
olha o carro e fala.
— E dizem que não está no carnaval?
— Não estou no carnaval, mas se me contratam para montar
um carro, monto.
— Um grande quadrado? – Micaela.
— Sim, um grande quadrado, com portas, janelas, saguão de
entrada, e no telhado as danças típicas, sendo executadas de acor-
do com o samba enredo.
— A surpresa é esta?
— Não, eu não pretendo fazer surpresa, apenas defender os
trocados este ano.
Roberto olha João e pergunta.

157
— Soube por Boni que sua empresa que fornece a tecnologia
de transmissão do carro para fora, teria como vender isto para mais
alguma escola?
— A empresa é metade da sua filha, ela pode lhe responder
isto.
— Perguntei para você, pois o grupo de carnaval deste ano,
me disse que você propôs o ano passado, e todos não fizeram ques-
tão de me mostrar o potencial, não insisti e agora com o patrocínio
da Globo a Imperatriz, quem sabe não conseguimos parte dos re-
cursos, com este tipo de transmissão.
Joao termina de fixar mais uma placa, os rapazes continuam e
olha Roberto.
— O carnaval do ano passado da Beija-Flor já tinha as câme-
ras, é apenas reinstalar. – João limpando as mãos.
— Eles não entende daquele equipamento.
— Como disse Roberto, existe uma empresa, de tecnologia
carnavalesca, que tem técnicos capazes de ajudar, sua filha é sócia
desta empresa, é serio, não precisa de que esteja lá para por para
funcionar.
Roberto olha para a filha, o discurso igual fez ele pensar se
era verdade, mas parecia duvidar.
— E os sistemas lá contidos dariam conta?
— Sim, mas qualquer coisa, entra em contato com a empresa,
um técnico, ou um grupo vai a vocês e auxilia a remontar as câme-
ras, apenas tem de estar com o carro montado, para passarem os
cabos.
— E sabe o valor disto?
— O sistema montado aqui na Imperatriz, quando terminado,
vai ter custado perto de 3 milhões, não porque não desse para fazer
mais barato, mas aqui o equipamento tem de ser colocado, lá, deve
ficar em um milhão, pois o equipamento já deve estar lá.
— Caro.
— Roberto, o sistema foi implementado o ano passado por
este custo, foi o custo de 6 carros, pois é o que lhe permitia ir com
os carros inteiros do barracão até a Marques e voltar, sem proble-
mas com as ruas de ligação.

158
— Então é parte daquele custo de coisas que ninguém me sa-
bia onde foi parar?
— Algo a implementar e usar por 3 ou 4 anos, mas é que sis-
tema evoluem, mas está lá, se pegar 6 carros a 3 milhões, sei que
parece caro Roberto, mas é o custo de levar e trazer carros sem
perder nada no caminho.
Roberto pensa e fala.
— Um preço a ser administrado por mais de um ano, seria is-
to.
— As câmeras de transmissão, a ideia era ter quem nos torna-
ria aquele sistema lucrativo.
— E tinha de a implementar de qualquer forma?
— Eu odeio ver carros quebrarem no caminho Roberto.
— E pelo jeito ninguém estava prestando atenção.
— Acho que todos estavam tensos, tinha um calouro no co-
mando de 6 naves espaciais na Marques de Sapucaí.
— E vai criar mais uma?
— Isto é o clássico carro alegórico, janelas e portas onde tem
gente, nada além de um carro para dizer, veio mais gente a somar.
— Um carro muitas vezes feito.
— Sim. – João estava terminando de fixar as placas, mas ain-
da apenas as frontais, era evidente que após as placas ainda era
apenas estrutura apos de estrutura.
— Muito trabalho ainda pelo jeito.
— Sim, carros não ficam prontos como se pensa, eles não ve-
rem fazer, não os transforma em menos trabalhosos.
Roberto olha em volta e fala.
— E no fundo outra parte do que está na cidade do samba.
— Ainda apenas os hidráulicos, tem de considerar que mon-
tar algo assim requer calma, e nem sempre estamos calmos, dai
vamos para painéis e coisas que se você errar um centímetro o pa-
rafuso, fica parecendo que tudo distorceu ali.
Roberto se despede e saem, João olha os rapazes e um per-
gunta.
— Não viram de mais?
— Sim, mas amanha temos dois grupos que controlam o car-
naval, que vão aparecer por ai.
159
— E vai mostrar isto?
João baixa as placas prontas e ergue as sem acabamento,
dando a impressão de que estava pronto apenas até os 4 metros, o
resto, sem nada.
— Vamos ter de fazer as placas intermediarias, os pisos in-
termediários, dai a iluminação interna, para começarmos a pensar
na externa.
— Tinha gente que não sabia onde iriam tantas placas, olhan-
do os demais se perguntando, vai caber tudo ai?
— Não, mas eles vão entender apenas quando terminarmos
tudo, é um projeto grande.
João pede umas pizzas e senta-se a frente, o pessoal comeu
algo e ele ficou a olhar o carro.
Estava olhando ele e sente aquele delegado entrar e lhe
olhar.
— Trabalhando até tarde? – Douglas.
— Sim, trabalhar acalma os seres violentos.
— E olhava o que?
— Pensando na ideia, perdido por aqui?
— Não sei como pode a tratar como criança sempre.
— Eu perdi uma filha daquela idade Douglas, esta é a diferen-
ça.
Douglas olha o carro e pergunta.
— Mais um grande quadrado, de João Mayer, dá até para ou-
vir os críticos.
João olhava Douglas, ele queria algo e não tinha falado, então
ou estava esperando reforço João não imaginava o que ele queria.
— Tem de ver que poucos confiam em você João, isto sempre
complica as coisas nesta cidade.
Quando os seguranças vieram fechar Douglas soube que es-
tavam fechando e pergunta.
— Porque ela fala mais de você que qualquer coisa?
— Sei lá, o carnavalesco do ano passado, o sócio em 3 empre-
sas, o ser que todos odeiam, mas as vezes, precisam conversar com
ele, e não sabem como?
João pega a carteira, o celular e pede um taxi, e Douglas olha
para ele caminhando a entrada e fala.
160
— Acha que eles deixam você tranquilo?
— Eles?
— Estes senhores que acham que mandam no carnaval.
— Não entendo como alguém pode se dizer senhor do carna-
val e nem saber falar, pois eu não estou no mercado deles.
Chegam a entrada e Douglas fala, caminhando ao carro.
— Obrigado por ela, e não me ouviu falar isto.
João olha o Taxi, entra e volta para a casa no Irajá.
Roberto chega a cidade do Samba e olha para Sergio e per-
gunta.
— Porque não anda este ano o carnaval Sergio.
— Estamos falando de algo fácil, então não sei, desenvolvi as
ideias, mas não está andando.
Roberto olha Zanon e fala.
— Quando perguntei se conseguia fazer carros ao nível da es-
cola, você disse que conseguia, o que está acontecendo.
— Eles ficam falando que não se faz daquele jeito, não gosto
de engenheiros dizendo que não vai aguentar, não gosto de ter de
explicar para o engenheiro elétrico onde vamos passar cabos, pas-
samos eles quando tudo estiver no lugar, não gosto desta forma de
trabalho, e parece que o senhor não manda nada aqui.
— Pensei que estava falando com um carnavalesco, não com
um amador Zanon, pois quem não consegue por engenheiro em
seus lugares, não são carnavalescos, são principiantes, mas a per-
gunta não foi esta?
— Estamos com pouca gente, ainda tem tempo, o prospecto
do carro está quase pronto, a estrutura tenho de estudar, pois sei
que poucos no Rio trabalham com carros tão grande, e parece que
querem algo maior que isto?
— Não, tem de entender Zanon, os carros do ano passado
não eram grandes, eram necessários para o enredo. – Roberto olha
para Franco – porque não o está dando estrutura Franco, somos
uma equipe, em equipe vamos a frente, somos assim a décadas,
não a dias, qual o problema.
— Acho que não definimos além do enredo e das fantasias,
estamos com os pré projetos dos carros, mas nada que pareça an-

161
dar, e a bateria, as baianas, mestre-sala e porta-bandeira estão to-
dos com ensaios e roupas prontas.
Roberto olha para Nuno.
— O que acha?
— Não me perguntaram antes de o mandar embora e por Za-
non Roberto, então estou apenas como montador de carros, se não
era importante minha opinião quando o afastaram, não preciso dar
opinião, o meu carro está andando, mas as vezes paramos como
hoje, pois Zanon não quer que façamos a base em grades e sim em
madeira, para depois colocarmos um tecido, paramos, colocamos a
madeira e estamos parados esperando ele definir a cor que ele
quer.
Zanon olha Nuno, trabalharam bem no ano anterior, mas este
ano ele parecia querer mostrar quem manda, e nada estava funcio-
nando.
— Tem de ver que sou o carnavalesco, eu dou o caminho, não
você ou alguém que não está aqui, e que tenho todos os motivos
para o querer longe.
Nuno olha Roberto, era a ele que estava respondendo.
— E em que parte estão? – Roberto olhando Nuno.
— Ele definiu um terço do carro, então estamos na ferragem
desta parte, sem acabamento algum ainda.
Zanon viu os olhos virem sobre ele e falou.
— Pelo jeito aquele jeito de cordeiro, é só comigo, pelo que
entendi, quero o projeto dos carros em uma semana, se não tiver,
começa a pensar em como acabar o que não começou, pois vou ter
de buscar ajuda, me induziram que você era um bom carnavalesco,
e que não tinha como por suas ideias em pratica, mas deveria ter
me atido Zanon, que quem o falou, foi quem você processou por
algo que eu, você, Hélio e todos que leram aquele processo sabem,
vai responder por calunia no fim.
— Mas estou ainda na elaboração.
— Não lhe convidei para demorar um ano inteiro elaborando,
e sim fazendo parte de uma equipe, eu sempre estou sobre as cos-
tureiras para terminarem em tempo, e pelo jeito este ano o carna-
valesco está mais demorado que as costureiras.
Roberto olha para Nuno e fala.
162
— Assume o carro, como foi o ano passado, pega a ideia de
Sergio e assume.
Nuno sorri, pois ele ajudara um carnaval e acabara no meio
de duas partes o querendo enroscar, João não ficava para discutir,
mas sabia que estava tudo parado.
Nuno chega na parte de baixo e fala para Marquinhos.
— Separa a parte da frente, tira todas aquelas madeiras da
base, vamos fazer uma grande barca de madeira, na aparência, na
frente e no fundo.
— E o carnavalesco?
— Vamos fazer nossa parte e ganhar nossa parte, estamos
todos parados, outra coisa, pega todo sistema hidráulico que era
deste carro, todo aquele acrílico dele, e vamos começar a pensar
em algo.
Marquinhos olha para Jota ao fundo, a equipe que fora de Jo-
ao estava quase toda com Nuno, que começa a tirar as inutilidades
de cima do carro e limpar a região, os quadrados do sistema interno
começam a surgir e enquanto os demais viam o carro mudar de
rumo, Zanon olha revoltado para Roberto.
— Mas não teremos padrão assim?
— Seus carros não estão em padrão com as roupas, nem se
preocupou com isto, então começa a trabalhar Zanon.
Zanon baixa a guarda e foi a sua sala e começa tentar dese-
nhar e fica a jogar papeis ao lixo, Roberto olha para Franco.
— Capricha nos quesitos de pontuação e obrigatoriedade,
pois é onde podemos defender algo ainda.
— Acha que ele consegue?
— Temos de nos reinventar novamente Franco, qual a novi-
dade?
Franco sobe e olha Sergio a olhar os prospectos de roupa e fa-
lando com duas costureiras, espera ele sair e pergunta.
— E o que vai fazer para por em dia Sergio.
— Eu segurei com toda força Rodney e Jesse, e Zanon não
passou nada para eles.
— O rapaz pelo menos olhava nossa estrutura e dentro dela
acelerava, não víamos, mas as coisas funcionavam, este não sei o
que espera, acho que o sonho de muitos, chegarem aqui e fazerem
163
parte de uma grande equipe, mas estamos sempre no limite da
criatividade e dos prazos.
O dia acaba com o fechar do barracão e o grupo de Nuno
aproveita a madrugada e acelera no mudar o que não estava certo.
Nuno estava cansado quando vai para casa, e o pessoal sorria
de terem uma ideia.

164
Amanhece uma manha
calma, João liga a TV e olha a noti-
cia do fogo no barracão da Beija-
Flor, olha em volta, lá vinha bom-
ba, liga para Luiz.
— Podemos falar Presiden-
te?
— Sabe que adorariam lhe
culpar.
— Sei, mas a câmera frontal está desde ontem gravando, en-
tão chama a policia e entrega as gravações, pode não ter nada, mas
nos tira do problema.
— Entendi, pode ser proposital?
— Seja acaso ou proposital, não tendo um dos nossos fazen-
do, nos tira do problema, ainda colaboramos com o problema.
Luiz olha para Romarinho e pergunta.
— Problemas Romarinho?
— Dizem que temos parte naquele incêndio.
— Quem diz?
— Um dos carnavalescos de lá.
— Zanon?
— Sim.
Luiz olha para Romarinho e fala.
— Eu não julgo antecipadamente Romarinho.
Luiz caminha até o meio do pátio interno e olha para Roberto
ao lado do policial e fala.
— Alguma suspeita Roberto?
— Tem gente falando de mais novamente.
— Só pondo a disposição a câmera frontal do nosso barracão,
ele daria todo o movimento frontal dos barracões na madrugada.
O policial olha o senhor e fala.
— Se tivermos acesso pelo menos paramos as fofocas e va-
mos aos fatos, como onde começou.

165
Zanon olha a policia indo no sentido da Imperatriz, ele não
sabia o que estavam fazendo, mas quando subiram, o senhor libera
as câmeras e olha para os rapazes saindo, perto das 3 da manha,
nada por uma hora, os seguranças se recolhem e um rapaz chega
pela entrada lateral e joga para dentro uma bomba incendiaria,
quando ele olha em volta ele fixa os olhos na Imperatriz e o policial
olha para Roberto e pergunta.
— Conhece?
— Não.
Ele olha para Luiz e pergunta, ele parecia tentar lembrar o
nome, mas não vinha o mesmo e pergunta.
— Conhece o rapaz.
— Já vi, segurança da Estácio, policial civil, acho que eles aci-
onaram a Beija-flor por um atentado o ano passado.
A câmera não tinha como se mexer, então estava com a ima-
gem do rapaz sair rápido por onde entrou.
O policial olha para o senhor e fala.
— Porque desta câmera?
— Vendemos para a Globo, um acompanhamento interno e
externo do carnaval para este ano, mas fica tudo no sistema grava-
do.
O policial olha para outros dois saindo e dá as ordens, e Zan-
on viu que algo havia acontecido, mas não entendeu, o bombeiro
chega a Roberto e fala.
— O sistema de incêndio molhou as coisas, mas evitaram o
pior.
Nuno olha descrente ter pego fogo, fica pensando nas pala-
vras de Zanon, acusando João Mayer e olha Roberto chegar perto e
falar.
— Calma, o sistema contra incêndio funcionou.
— Temos como tirar as coisas?
— Não, estamos vendo como manter as coisas sem tirar, pois
o fogo pegou onde não tinha muita coisa para pegar fogo.
— Onde?
— Nas pilhas frontais de tecido, não tinha linha de energia ali,
não tinha como ser acidental, mas ainda não temos o que aconte-
ceu.
166
João vai para o barracão e olha para o pessoal da Chatuba
olhando as 3 alegorias e Paulinha olha João.
— Olha que assim até acredito que vamos desfilar para valer.
— Vão, mas tem de ensaiar o samba e fazer algumas reuniões
para conseguir ir a frente.
João vê gente da escola pequena olhar felizes, e vai a parte da
Alegria e Marcos olha ele serio.
— Sabe o que falam?
— Espera a policia apurar antes de falar algo Marcos.
— E como ela saberia?
— Acha mesmo que vou ser acusado por um carnavalesco
que ajudei o ano passado, que falei bem, apenas porque ele não
quer recuar.
— Certo, mas acha que algo assim entra na avenida?
— Sim.
Marcos chega ao lado do carro abre alas, era duas grandes
esculturas, imensas, cada uma sentada em uma armação de ônibus,
e entre elas, fios em sua mão, para ter gente pendurada a ser mani-
pulada, os azuis e os vermelhos, mas a ideia de abrir assim um desfi-
le, era diferente, a volta milhares de Zumbis modernos, gente presa
a seu caminho, a seu celular, e sua mesmice, e dois senhores em
seus ternos, manipulando gente de cima, na união dos carros, a
frente, um manipulando um fiel, e as costas, um trabalhador.
João olha o carro e fala.
— Eu sei que minhas ideias assustam Marcos.
— Você propôs uma brincadeira no lugar de uma abordagem
seria, e o Deszumbizando está dando o que falar, o samba pegou,
agora o pessoal tem onde ensaiar, todo ensaio vendemos muita
cerveja, muita gente em volta aparece, a coisa virou um point da
zona sul, e com isto entra recursos, entra investidores, e principal-
mente, muitos falam do nosso carnaval, mas eles nem imaginam,
algo assim.
— Acha que vão reclamar?
Ele sorri e fala.
— Sabe que muitos vieram a escola, voltando a ela, pois fize-
mos um carnaval lindo, agora vamos ao segundo ano, mas agora o

167
pessoal começa a fazer a festa, e ver que podemos ser um pouco
mais.
— Apenas ajudando um pouco.
— Soube que onde fazíamos a reunião do ano passado, está
reformando.
— Quem sabe não me compra aos poucos onde vai criar seus
carnavais Marcos.
— Quer sempre vender.
— Ninguém dá valor a coisas dadas de graça.
— E veio ficar longe do problema.
— Sim.
João entra no barracão e o pessoal colocava mais um andar
daquele carro, um dos rapazes para ao lado e fala.
— Quem olha depois de feito, fala que parece fácil.
— Como estão os demais painéis?
— Caminhando, as vezes parece que não faz sentido, mas
quando começamos montar, como este dai, entendemos que é uma
criação imensa, não apenas estática.
— Temos de terminar as pontas, pois vamos por as portas, as
luminária, e somente ai, vamos começar a ensaiar.
— Ensaiar?
— No chão superior, existe uma luz verde e uma vermelha,
parece um detalhe de chão, mas quando está no verde, o grupo
performático dança, quando vai ao vermelho, carro andando, se
segura.
O rapaz olha o tamanho do carro e pergunta.
— Acha que cada detalhe conta?
— É parte da ideia, carnavais bons requerem cuidado.
— E as demais, parece que alguns estão totalmente fora de si.
— Eles construíram uma senhora escultura, e só quando a
montamos, eles se tocaram do que estavam fazendo, parece que
quando montamos o primeiro do carro sexo, todos se animaram.
João foi passando em cada alegoria, estava terminando de
olhar o carro 4 quando viu dois rapazes pedindo para falar com ele.
— Perdidos em casa? – João.
— Acho que não levamos a serio a sua proposta João, parece
que eles nem tiveram tempo para pensar no problema lá.
168
— Querem um desafio imenso ou médio?
— Gostamos dos imensos. – Jesse.
João os conduz e olham aquela escultura imensa e Rodney fa-
la.
— Você gosta de um tamanho inimaginável.
— Estes não são problema, teve dois rapazes que fizeram um
esquema legal o ano passado, mas tem uma coisa que se os dois
tiverem interesse no desafio.
— Algo maior?
— Não, vamos ao barracão ao lado e explico.
— Iria fazer sem nós?
— Eu não brigo para ser ouvido.
— Mas deixa o convite de pé.
— Pelo que entendi, Sergio vai precisar de ajuda seria agora.
— Ouvi absurdos hoje pela manha. – Jesse.
João olhou serio e perguntou.
— Vai dizer que mesmo sem eu aparecer por lá, vão tentar
me culpar?
Os dois entram e olham o abre alas da Alegria e João fala.
— O problema é que precisamos de movimentos que pare-
çam reais, nas mãos acima.
Rodney olha aquilo e pergunta.
— Desfile do Sábado?
— Sim.
Os dois chegam perto e João apresenta a Marcos, conhecer a
fama dos rapazes, não era conhecer os rapazes, e Marcos entendeu
que o que parecia um desafio, ele queria algo mais encantador.
— Usou a armação do ano passado? – Rodney.
— Sim, o prospecto que os dois fizeram para o carro. – João
mentindo, Jesse olha o presidente e o carnavalesco ao fundo e sorri.
Rodney encara, toma coragem, usando uma a escada chega
ao comando e olha para as câmeras e olha para João.
— Sem bateria.
João teve vontade de falar Grupo A, mas se conteve, desce e
pega uma bateria e ajuda Rodney ligar as câmeras, e o rapaz olha a
mão, Marcos ao chão olha o rapaz pegar algo, mas viu a mão da
imensa representação de um Manipulador, mexer a mão para fren-
169
te, e viu o rapaz começar a ajeitar distancias, e viu ele olhar em vol-
ta, a cabeça meche, a mãos se mexem.
João da parte de baixo olha Marcos parar ao lado e falar.
— Reforço?
— Para movimentos, sempre os melhores, diz a lenda.
— Certo, não quer apenas eles parecendo que mexem os de-
dos.
— Não, é bonecos vivos de 20 metros, no grupo A, quero ver
todos os demais falarem mal agora. – João.
— Eles não tinham o que falar João, sabe disto, nós ficamos
nos divertindo em um desfile, enquanto você tirava bêbados de
carros, corria atrás de calçados, de cabeças de fantasia reserva,
quem viu o desfile, não viu seu trabalho na armação, mas se nos
divertimos foi por estar tudo pronto para isto, e olha que tem de ter
sangue frio para passar deitado o viaduto e 40 segundos após, estar
olhando pelas câmeras a 10 metros de altura.
Rodney sai a porta e fala.
— A mão direita está boa, mas tem dois elásticos que pare-
cem presos na mão esquerda.
João olha ele e fala.
— Se segura ai.
Rodney sorri e viu a parte alta descer e a mão esquerda che-
gar a menos de 4 metros e João falar.
— Soltou em algum lugar, está frouxo.
Enquanto os três colocavam as engrenagem manuais para
funcionar, na Beija-Flor Sergio olha a policia entrar e perguntar so-
bre Zanon.
Zanon olha para eles e pergunta.
— No que posso ajudar?
— O delegado quer sua versão, parece saber de algo que os
demais não sabem.
Zanon sorriu, mas Nuno olhava ele sair e olha a direção do fo-
go, bem no sentido do único carro que tinha começado a mudar, e
olha Marquinhos.
— Mudamos o carro das 10 da noite as 3 da manha, e alguém
o ataca, quem sabia que mudamos o carro Marquinhos?
— O que está tentando jogar a culpa na escola do outro lado.
170
— Eu quase acreditei neste Zanon, cheguei a falar merda para
João, sobre o carro alegórico, mas foi sacanagem deles.
O grupo começa a fazer as armações de ferro frontal, e de-
pois passar a tela, dando a forma, Nuno olha a estrutura e fala.
— Pensar que odiava esta técnica há um ano.
— Tem gente que vem facilitar, e demoramos a entender.
— Sim, o após que fica fácil, além de ficar limpo, para passar
fios, passar comandos, mas é que quando se coloca a fibra de vidro,
dá uma sensação muito estranha.
Era meio dia quando o Jornal Estadual falava no deter de um
dos carnavalescos da Beija-Flor, e Roberto não falou nada, mandou
o advogado, mas sem pressa de o soltar.

171
Quando na Sexta, bem ce-
do, retiram do barracão uma ar-
mação, na Imperatriz e aquela
armação toda recolhida entra pelo
portão, vindo da Santo Cristo e se
posiciona para dentro, poucos
viram o entrar e sair, mas era evi-
dente que a Imperatriz estava
fazendo em outro lugar.
Alguns diretores viram que agora não era um, eram dois car-
ros e aquela armação de um terceiro sendo erguida.
A armação da alegoria dois chega a sede da Santo Cristo e os
rapazes começam a por as escultura, enquanto se erguia duas par-
tes da armação na Cidade do Samba do carro 5 e os pintores come-
çam a fazer os acabamentos, o lixar, pintar, dar cor, por os acaba-
mentos em cada divisão.
A imagem que se via no site da emissora, mostrava o carro
sendo pintado, um carro que agora ficava visível.
A cidade falava de uma tentativa de sabotagem interna na
Beija-Flor, vindo de alguém interno, os diretores não falavam nada,
e mesmo tentando não se posicionar, os sites de noticia tinham de
falar algo, e naquela tarde, surge no barracão pedindo para falar
com João, Guimarães, que olha para o agito geral da produção, mas
João veio de outro lugar, não estava na empresa.
— Perdido aqui Guimarães?
O rapaz aperta a mão de João e pergunta.
— Me daria a sua versão de alguma coisas?
— Minha versão, isto parece produção de noticias.
— É serio rapaz. – Guimarães.
João fez sinal e subiram a um escritório, que se via a produ-
ção e os estoques ao fundo.
— O que gostaria de perguntar?
— Qual sua visão sobre a tentativa de sabotagem da Beija-
Flor.
172
João olha para fora e fala.
— Não sei se entendi, pois eu não estava na cidade do samba,
por sinal, evito passar lá a mais de dois meses, eu não tenho passa-
do perto para não ser acusado, e quando ouvi alguém me perguntar
porque fiz, aqui, tive de me informar sobre o que havia acontecido,
e não entendi, porque me acusar, eu não estou oficialmente nem na
escola em frente, nem na Beija-Flor, eu não sou algo a ser atacado,
ou eu não entendi o que eles acham que estou fazendo.
— Alguns dizem que fez o carro abre-alas da Imperatriz.
— Oficialmente quem rege o carnaval da Imperatriz é Cauê,
um rapaz de ótimas ideias e postura carnavalesca, como disse, eu
ajudo, não faço.
— Alguns dizem que seu estilo está bem visível no carnaval da
Imperatriz deste ano.
João olha para a parede e para o rapaz e fala.
— Quando projetamos um carro, mesmo em conjunto, acre-
dito que nossa marca fica ali, vejo Drumond tendo dificuldades para
este ano, enredos que não são fáceis de vender, sempre são com-
plicados de executar, me propus a ajudar, mas referente a meu
estilo, acho que esqueceram, eu sou o inexperiente, não o famoso e
cheio de estilo, sou apenas um João a mais no carnaval do Rio.
— Não lhe cabe mais este papel, mesmo muitos, até eu, ne-
gar o valor daquele desfile, sei que tem seu estilo, mas parece não
querer pesar contra, e alguém ainda acha que está pesando.
— O que vou falar é um acho, ano passado, fizemos um curso
intensivo, todos, na Beija-Flor, na pratica, de como mudar o estilo
dos carros, fazendo ele maiores, mas mais baratos, qualquer um
que chegasse lá para fazer o mesmo, teria problemas, pois todos
estão fazendo de um jeito, por ser mais barato e rápido, e alguém
lento e gradual, com pesos desnecessários chega para fazer o mes-
mo.
— Acha que o que fizeram o ano passado que muda o com-
portamento?
— Quem a policia prendeu, foi quem me acusa de ter sabota-
do o carro da Estácio, então eu não vou falar nada referente ao
evento, posso falar de carnaval ou de técnicas, de vendas, de tecno-
logia carnavalesca, mas não do que eles pretendiam Guimarães.
173
— Porque não?
— Eles tentam algo, não dá certo, e o ódio, vem contra quem
estava quieto, não sei ainda como a polícia desvendou o problema,
mas eu quando vi a noticia sedo, na TV, pensei que a policia seria a
primeira coisa que enfrentaria pela manha, ainda mais, pois já me
perguntavam por mensagem porque tinha feito aquilo.
— E não vai se posicionar?
— Eu tive um barracão meu queimado, o seguro não pagou,
pois dizem que pode ter sido fogo que colocamos para receber o
seguro, mesmo os laudos dando diferente, então sofri um incêndio,
e não vi todo este agito na época, então vou apenas trabalhar para
não ficar pensando nisto.
— E no que deu o caso do incêndio?
— Nada, não acharam uma meada a seguir, encerraram ape-
nas como um incêndio criminoso, mas sem terem dados para apon-
tar para ninguém.
— E vai reerguer lá?
— Se o seguro tivesse pago, já teria reerguido, mas priorizei
as casas vizinhas, pois achei que receberia o seguro, e acabei gas-
tando meus recursos, embora tenha recebíveis, tenho sempre de
pensar em investir em fixos.
— Alguns falam que existem câmeras na Imperatriz que de-
ram a posição de quem fez o incêndio.
João olha em volta e fala.
— Se foram as câmeras da Imperatriz, as imagens estão a 3
dias no Globo Play.
Guimarães olha para João e pergunta.
— Está dizendo que aquela câmera externa está no Globo
Play?
— Sim, uma interna e uma externa, para que se acompanhe
o clima na Cidade do Samba.
Guimarães sai e liga para a secretaria e pede para ela puxar o
vídeo de ontem a noite, que estava indo ao escritório.
Guimarães olha para ela olhando ele serio.
— O que houve?
Ela estava na tela dela com a imagem parada.
— Até você vai entender.
174
Guimarães olha o policial civil Soares, sabia que era o segu-
rança pessoal de Hélio, e era a base da acusação contra João Mayer.
Guimarães monta a reportagem e coloca o print da imagem
no ar, com o rosto do policial, sem dizer quem era, mas que este era
quem tinha feito o atentado.
O agito do ver da reportagem, fez o diretor da Globo ver o
símbolo da Globo Play ao lado e o rapaz fala ao fundo.
— Sim, a imagem que temos no ar, está lá o atentado e toda
a correria para apagar o fogo.
O rapaz da Globo põem o anuncio de que a imagem no Globo
Play pega o momento do atentado, comparando o preso, mostrava
que a policia teve acesso a câmera, e que algo tinha mudado, todos
acessando a imagem, a transforma em assunto em todo pais, e
Guimarães viu que João mesmo parecendo a parte, sabia quem fora
o preso e que isto ligava tudo, e põem a reportagem.
“Sabotador ou Vitima?”
Quando o site começa a ter comentários em todos os senti-
dos, Guimarães viu o quanto o rapaz causava ódio e amor, estranho
pois enquanto gente ligados a Beija-Flor, Chatuba, Alegria da Zona
Sul, falavam bem, gente da Tijucas e Estácio falavam mal, mas para
quem ganhava por acessos, viu que o vídeo de comentário sobre o
acontecido, ganhar muito destaque, e sorri da visibilidade que aque-
la discussão gerava.
João estava sentado na empresa, quando Sergio liga para ele
e fala.
— Ainda bravo com nós?
— Não discuti com você Sergio, precisando de algo?
— Conversar.
— Sabe onde fica a MD Produtos Carnavalescos?
— Sim.
— Vem aqui e almoçamos junto, não comi nada ainda.
Sergio sorriu, pega o carro e vai no sentido do porto, para na
empresa e olha para João o cumprimentar e falar.
— Sei que ainda não estou tão bom para ficar 6 horas sem
comer algo, almoçamos e conversamos.
Atravessam a rua, duas quadras e entram em uma churrasca-
ria, e Sergio fala.
175
— Sabe que muitos estão sem saber o que fazer?
— Não entendi.
— Você faz falta lá, sei que muitos não gostaram do que
aconteceu, mas faz falta.
— Problemas pelo jeito.
— Sim, montar carros para um carnaval após o ultimo.
— Só não vale ficar bravo com Jesse e Rodney, pedi para eles
ajudarem a Alegria da Zona Sul.
— Certo, mas não sei o que falar, preciso de ajuda.
— Sabe que oficialmente não posso ajudar, ética é isto.
— Imagino, mas teria como me dar uma luz?
— Trouxe aquele caderno mágico?
— Sim, mas este Zanon não parece preocupado, e tudo que
conseguimos foi fantasias, ele não anda em sentido nenhum.
— Ele saiu da Estácio, ele projetou um carnaval campeão o
ano passado, mas algo deu errado, muito erado, e agora está retido
lá por uma mentira, isto o tira do carnaval principal para um secun-
dário.
— Sei que não deveria pedir ajuda a concorrência.
— Sergio, o problema é que historias se contam na avenida,
nem que eu quisesse, eu repetiria a historia, cada um executaria de
uma forma diferente.
— E acha que o que fazemos com o tema do ano.
— Quem está tocando o barracão?
— Acaba de ser detido.
— Nuno ainda está lá?
— Sim.
— Do ano passado?
— Dos que conhece ele e o pessoal de construção.
— Certo, vamos ao começo, o que foi feito de fantasia?
— Os caminhos do beija-flor, temos alguns grandes momen-
tos, e estamos os refazendo.
— E o que tem de abre alas?
— Nada, este Zanon não consegue uma ideia fixa.
— Certo, estão falando dos 70 anos do beija flor, não é?
— Sim.
— Quais os 14 grandes carnavais da beija flor?
176
— Os campeões?
— Estes são os que geraram premio, temos aqueles que não
levantaram a taça e são memoráveis e os memoráveis, então vamos
por uma coisa em mente, se topar Sergio.
— Vem bomba.
— Primeira, não tivemos esta conversa, segunda, tem enge-
nheiro lá contratados para calcular as coisas, eles falam ferro 20,
você faz com 40, e não discute.
— Certo, mas qual a ideia.
— A comissão de frente ter um beija flor velho, estilizado com
uma bengala, entrando na avenida, começa a apresentação e ele se
torna em um beija flor rejuvenescido.
Sergio anota e fala.
— Vai mudar tudo pelo jeito.
— Sempre. Bateria vem de beija-flores, baianas, historias do
beija-flor, o abre alas, vai lançar memoria nos 14 títulos e nos 11
vice campeonatos que fazem parte da historia.
— E como põem isto em um carro?
— Não sei como o samba está, mas sobre o carro, beija flores
em revoo, a primeira dama a frente, os filhos ao lado, e grandes
destaques sobre beija flores acima do carro, são 14 pedaços, onde
começa em um titulo e termina em um segundo lugar, tema relaci-
onados, é que teria de desenhar os painéis, geralmente eu falo para
os artistas e eles fazem, não sou tão bom em desenho Sergio.
— Sim, entendi, e os carros?
— Serão 5 carros depois do abre alas, então os 4 primeiros
remetendo aos títulos, e o ultimo, aos que não venceram, mas fa-
zem parte da memoria da beija flor.
— Acha que conseguimos?
— Para Nuno e o pessoal das esculturas e passa a eles, o que
pretende, a engenharia começa a fazer os carros, o pessoal acelera
nas esculturas, e quando no começo de fevereiro montar, verá se
esqueceu de algo.
— Acha que Nuno consegue.
— Tem de o empurrar as vezes, ele fica tenso, mas quem não
fica, eu não dormi nas noites anteriores, e mesmo assim estava na
avenida no dia.
177
Sergio anota e fala.
— E pelo jeito não tem problemas em dividir ideias?
— Eu estava pensando em erguer a Estácio para o grupo es-
pecial pela historia, os grandes para mim teriam de estar no topo,
mas me deparei com um fato, são 4 dias especiais, apenas não con-
seguimos acompanhar, mas se todo ano, puder ajudar alguém do A
melhorar, eu vou fazer.
— E escolheu a Alegria?
— Eu vou indicar a todos que conheço, vejam o desfile da
Alegria, para entender o poder do carnaval do Rio.
— Certo, ajuda os demais e faz um desfile.
— Texto limites, mas qualquer coisa, almoçamos e discuti-
mos, mas acho que se você der o caminho, Nuno precisa ver um
desenho, os desenha, e passa para Nuno que ele executa.
— Certo, e pelo jeito enquanto os demais se preocupam, co-
meça a curtir a cidade.
— Ainda tentando me soltar, toda vez que ameaço, alguém
me põem numa delegacia.
— Mas lhe ligo, as vezes é bom falar com gente que pensa o
carnaval como um show com começo, meio e fim.
Sergio volta a Cidade do Samba e olha para Nuno e fala de
cima, terceiro piso.
— Nuno, sobe aqui.
Nuno olha para Sergio e sobe, sabia que as coisas estavam
complicadas, e viu ele serio.
— Senta um pouco e vamos ver se nos entendemos, vou pro-
por na reunião uma ideia, já que não a temos, e preciso de sua aju-
da, e de todos do barracão.
— O que pretende?
— Vou desenhar os carros, como João fazia o ano passado, vi-
são alta e visão lateral, superior para se ver as paredes, lateral para
se entender os encaixes e acabamentos, das 6 alegorias, então sei
que não quer parar, mas preciso que pare o que está fazendo e or-
ganize no barracão as 6 estruturas de ônibus, e me verifique o que
temos de aço para cada uma delas, vamos construir 6 carros en-
quanto o pessoal faz os painéis e as esculturas, mas quero a parte
hidráulica, elétrica e estrutural, assinada pelos engenheiros, e va-
178
mos imitar alguém, o ano passado o engenheiro falava, ferro de ¼
de polegada, nos colocávamos ½ polegada, sempre o dobro, enten-
deu?
— Sim, acha que consegue fechar a ideia?
— Eu e você vamos assinar isto Nuno, então vamos agora de-
finir os 6 carros, entendeu?
— Sim, quer começar a fazer o que não estamos fazendo.
— Sim, então vamos definir a estrutura, dai vou passar para
cada parte o que precisamos, nos 6 carros, lembra do ano passado,
os carros pareciam estrutura até entrarem os painéis e as escultu-
ras.
— Sim, mas qual a ideia para começar.
— Comissão de frente, vamos por um adereço para eles, um
carro que é um beija-flor estilizado com uma bengala, cansado, ve-
lhinho, este beija-flor, durante a apresentação da comissão se trans-
forma em um novo beija-flor.
Nuno anota.
— Abre-alas, algo imenso, sobre ele beija-flores, um para ca-
da titulo, e a frente do carro, 14 enredos campeões, ao fundo, 11
vice campeonatos.
— Pelo jeito resolveu pensar no enredo.
— As vezes temos de tomar as rédeas, vamos dedicar dai os 4
carros do meio Nuno, aos 14 campeões, e usamos o ultimo para
falar dos que nos marcam, mas não vencemos.
— E tem uma ideia para cada um?
— Sim, eu desenhei as fantasias para serem didáticas e crono-
lógicas, mas parece que nossa ajuda na confecção dos carros não
estava prestando atenção.
— Certo, vou começar a chamar todo pessoal e organizar o
lugar, pelo jeito vamos desmontar o que mostramos?
— Tira tudo que atrapalha a estrutura, termina a estrutura,
estamos com muito material, não tem porque fazer algo pequeno,
mas vou falar com duas pessoas, e elas vão me dizer se é possível a
ideia do beija flor na comissão de frente.
Nuno desceu e Sergio ligou para Rodney que olha para Jesse e
fala.
— Beija-Flor chamando.
179
Jesse olha para o carro e fala.
— Este é para marcar nossa vida.
— Sim, lembra do que João falou?
— A ideia do beija flor?
— Sim, ele passou o prospecto, mas temos de trabalhar em
conjunto, e viu que detalhes as vezes ganham um campeonato.
Os dois saíram com o prospecto na mão e chegam a cidade
do Samba e Sergio fala.
— Como está a Alegria da Zona Sul?
— Sabia, pensei que ninguém sabia?
— Não sei o que vão aprontar, mas sei que não tínhamos pas-
sado nada, e alguém me falou de uma coisa e preciso saber se é
possível.
Jesse olha a porta e Rodney a fecha e pega a folha e fala.
— Também não sabemos Sergio, mas alguém nos disse que
era uma ideia boa, mas que novamente, teríamos de nos superar.
Sergio sorriu e viu Rodney por na mesa o projeto e falar.
— É um carro, mas a 20 centímetros do chão, e sobre ele se
apresentaria a comissão de frente.
— Acham que conseguem?
— Não sabemos, mas novamente teríamos uma imagem de
cena, e temos de ver se a mudança seria convincente.
— Certo, acham que conseguem desenvolver isto?
— Se tivermos recursos, o ano passado foi corrido, mas tive-
mos os recursos e João não pensava, liberava espaço, material, es-
trutura, então não sei como será este ano.
— Vou propor em momentos a comissão de Carnaval a mu-
dança.
— E pelo jeito não tem certeza.
— Eu quero fazer, se tiver apoio, quero levantar este carna-
val, o ano passado nos superamos, mesmo tendo gente dentro
atrapalhando, parece que estamos nos repetindo.
— Se nos der carta branca, começamos assim que pedir. - Jes-
se.
— Isto que queria saber, outra coisa, vão pelo jeito encantar
na Alegria?

180
— Um manipulador é algo sempre a pensar nos movimentos,
mas quando ele está no carro abre alas, e tem 20 metros, logico que
impressiona.
— Este João não se contenta com coisas pequenas.
Sergio os dispensou, começou a desenhar os carros e viu a
comissão chegar e Roberto chegar após, e lhe olhar.
— Acha que temos como fazer algo bom?
— Queria trocar uma ideia, temos como por algo de impacto
na avenida, mas para isto Roberto, Franco, Nuno, Raquel, Paulinho,
quero saber se tenho permissão de o fazer.
— Qual a ideia?
— Estou mandando parar tudo na parte dos carros Roberto,
mas acho que conseguimos contar esta saga em 6 carros, e isto quer
dizer, acelerar as construções, Raquel, pensei em mudar a comissão
de frente, para algo mais especifico e com um adereço onde a co-
missão fizesse a apresentação a sua volta.
— O que pensou?
— Estava trocando uma ideia com Rodney e Jesse, eles disse-
ram que tem como desenvolver um beija-flor, sobre uma platafor-
ma de poucos centímetros, pareceria que estão quase sobre a ave-
nida, usariam a estilização de um beija-flor velho, que entra na ave-
nida andando, lentamente, e diante da historia, recupera suas jovia-
lidade.
— Tem o prospecto? – Raquel.
— Sim, mas temos de saber se seguimos este caminho. - Ser-
gio olhando Franco que viu que Sergio pensou nos 6 carros e no
carro da comissão de frente.
— Eu não tenho nada contra, estamos parados.
Roberto olha e fala.
— Como digo, sempre nos superamos, não é um tropeço que
nos vai tirar da avenida.
Os demais concordaram e Sergio passa para Nuno o que seria
cada alegoria, e que pediria para Rodney projetar um dos bonecos
como no ano anterior, mas se ele pudesse caminhar como o beija-
flor, lembrando o ultimo titulo, seria bom.
Roberto olha e sorri, parecia que iriam a um caminho.

181
Quando Nuno desceu viu na ponta Rodney e Jesse separando
um espaço e uma estrutura.
João longe dali olha para o carro dois e começa a erguer as te-
las das grades, translucidas, este ano era base e acabamento em
plástico, se o ano passado usou a fibra em quase tudo, este ano
estava no meio a meio, e todos os acabamentos iam ao cristal.
Ele quando começava a trabalhar ali parecia que esquecia do
mundo, os seguranças sabiam que ele sempre iria além do horário,
e sempre evoluindo e pedindo pizza depois de um tempo, João olha
o carro.
João pensa na coroa no símbolo do teatro municipal que era a
fachada da festa superior, mas começa a pensar na estrutura, e olha
o carro subir, ele fazia algo que poderia parecer rente ao chão, mas
também era em detalhes.
Os impérios sobre os pobres, João sorri e apenas anota a
ideia, ele sabia que não dava para alterar sempre, mas dava para
somar em ideias.

182
Dezembro se apresenta e os
trabalhos iam parando, para as
festas de fim de ano, João as vezes
queria ter algo de bom para aque-
le momento, tudo que ele cons-
truiu, parecia em parte ter se per-
dido, ele olha para o barracão,
sabia que era a semana mais va-
zia, e pedira material para trabalhar direto, a semana inteira, ele
estabelece o que pretendia, e foi fazendo as armações, e da ultima
alegoria, a parte do fundo, era um rosto de 20 metros, feito em
trechos, então eram encaixes que para ele sempre tinham de ser
menos visível, ele começa a por as telas, depois as fibras, andar a
andar, quando ele aciona o sistema erguido para secar a fibra, e não
grudar internamente, olha o imenso rosto, ele fica pequeno diante
daquilo e ouve um ruído e olha assustado para trás, viu Micaela e
Roberto olhando ele.
— Lugar isolado pessoal.
Roberto sorri e fala.
— Vai trabalhar em pleno natal?
— Temo estragar a festa das pessoas, e nada como criar para
não pensar.
— Este é um rosto estático, pelo que entendi.
— Sim, o fundo do ultimo carro.
— E o que algo olhando para trás, soma? – Micaela.
— Não é a soma, mas é que tinha de fechar o desfile, e a úni-
ca ideia que tive foi esta?
— E diz não estar no carnaval deles? – Roberto.
— Eu não estou oficialmente lá, mas qual a diferença, todos
tem medo de mim, seja pelos gastos, seja pelo histórico, pelos pro-
cessos, sei lá, se existisse uma escola de samba de um único com-
ponente, eu a realizaria.
— E aceitaria um convite para o natal? – Micaela.

183
— Vou recusar, e não leve para o pessoal, é apenas evitar
problemas que sei que inevitavelmente terei.
Os dois saem e João olha o segurança que fala.
— Desculpa, mas não sou maluco de os parar, aquela é a pro-
tegida dos anjos.
João sorri, olha o rapaz que pergunta.
— Vai passar a noite inteira ai?
— Sim, mas quantos seguranças estão de serviço nos 4 peda-
ços deste barracão?
— Uns 10.
— Então vamos fazer uma coisa, vamos fazer um churrasqui-
nho e uma pequena refeição, apenas não vai ter álcool, senão o
dono os mata.
— Conhece o dono?
João sorri sem falar, mas pega o aplicativo de uma rede de
supermercado, pede algumas coisas, para entregar, e menos de
meia hora estavam entregando, ele temperou a carne, fez no fundo,
uma armação para a grelha, uma mais alta para algo mais demorado
e o pessoal sorriu, a maioria novo na cidade, sem família, ele fica
entre a carne no fogo e o trabalhar, queria fazer parte dos carros,
eram 6 injetoras, todas trabalhando, no fundo tinha uma maquina
fazendo corda, na outra, uma desfiando e trançando palha, ele nem
sabia se usaria tudo, mas era para acelerar todos, uma coisa era
falar, temos 4 mil calçados, uma coisa era dizer, temos a parte baixa
da fantasia para 4 mil pessoas, 4 mil cabeças de fantasia, 8 mil ade-
reços de mão, 4 mil conjuntos de costas com plumas e faisões, a
existência de partes que a maioria não prestava atenção, fazia a
corrida ser grande, mas João não gostou de ter perdido meio ponto
em fantasia, então ele queria melhorar neste quesito.
Ele serviu um bife, os rapazes começam a falar de suas famí-
lias, e João apenas se isola ao trabalho, isto que ele tinha medo de
viver naquela data, ele neste ponto tinha um buraco no coração, e
não teria como passar rápido por isto, então o ouvir dos demais
felizes parecia incomodar ele ainda.
Ele controlava as injetoras e um rapaz chega a ele.
— Pelo jeito não é de festas?

184
— Natal me lembra, que meus pais morreram, que minha es
e minha filha morreram, que não tenho ninguém que choraria por
mim se eu me fosse neste momento.
— E vai trabalhar para não pensar?
— Quando acaba o ano, é a hora que tudo acelera, barracões
que era pura lentidão vira desespero, eu quero terminar a parte de
injetoras de plástico das 20 alas que ainda faltam, todos os adereços
e calçados, devem terminar no sábado, estou adiantando o que
posso, e que não precisa de humanos fazendo.
— E tudo isto para uma escola?
— Não, eu estou ajudando 3 escolas diretamente, uma sem
ninguém falar, mas o ano passado, estava mais ativo nesta data,
amanha com certeza Marcos passa ai, para irmos fazer entrega de
brinquedos e sestas básicas no Cantagalo e Pavão-Pavãozinho.
— E entra nestes lugares sem problema?
— Eu não entro para brigar, e fazer uma criança mais feliz,
deveria ser função de todos a volta.
O rapaz viu João separar por caixas, numerar e descrever nas
caixas, e pergunta.
— Não entendo isto?
— As vezes parece fácil, mas é a organização de cada detalhe,
que faz com que dê certo.
— E tudo isto vai a avenida?
— 90% em uma única escola.
— Eu nunca vi um desfile de perto.
— Está vendo mais de perto do que muitos vão ver.
— Certo, quando se fala em carros alegóricos, parece algo do
outro mundo, quando vemos estes carros, alguns dizem que esta-
mos mesmo em outro mundo.
João sorriu e quando fechou o lugar as 5 da manha, já ama-
nhecia, chega em casa e toma apenas um café forte, viu o pessoal
passar ali e foram ao Pavão-Pavãozinho, se a um ano era apenas
uma ideia, foi melhor executada, e ver as crianças felizes fez João
sentir que no fundo, o mudar do caminho de alguns, está no ajudar
as comunidades pobres, eles foram a 6 pontos, em 6 subdivisões de
favelas próximas e distribuíram brinquedos, presentes, sestas bási-
cas, era uma auxilio a comunidade, não para eles.
185
João chega em casa perto das oito da noite, deita a cama e
adormece, sentido os pesos leves, as vezes a rocha chamada João
ate sentia algo, ele temia ficar maluco ou seco demais.
Sonhou com sua filha, ainda criança, poucos momentos de fe-
licidade, mas que o fizeram relaxar naquela noite.

186
João parecia incansável, e
numa semana que ele separa cada
calçado de ala, cada meia, cada
peça de acabamento, fez ele olhar
o carro, o segurança o vê começar
a separar ele, dos demais, era dia
30 já e ele começa a tirar as partes
feitas, e as partes superiores, co-
meça a desmontar cada parte do carro, estranhou o rapaz basica-
mente retirando todo o projeto.
João olha a armação, e o que eram 4 andares imensos, ele di-
vide em 4 partes, por lado, e um a frente e um ao fundo.
Ele olha as esculturas e olha as dimensões, estava refazendo a
ideia do carro 3, o que eram andares, vira painéis laterais, ele olhou
o carro e pensou o que alguém da frisa veria, alguém dos camarotes
veria, o que o povo ao fundo, veria?
Para João o carnaval era para todos, não para um ou outro,
ele começa pelo mudar da forma básica, e pelo interagir das partes,
com esculturas atravessando de uma parte para outra.
Era um carro sem movimento neste momento, o que antes
tinha projeto de pessoas sobre ele, agora teria de repensar, mas é
que as vezes a execução muda toda a forma em si.
O segurança olha ele e pergunta.
— Desmontou tudo, tem certeza que tá certo?
— Acho que o problema, é que as vezes, eu reservo até para
mim os problemas, e este carro era daqueles que você monta, mas
não se convence do efeito, talvez o efeito não fique tão bom quanto
o outro, mas conta a historia que eu quero.
— Certo, mas vi que desmontou todo o carro, tem partes que
nem saberia o que fazer com elas.
— Vou com a empilhadeira, separar as estruturas das 10 es-
culturas maiores, vou pedir outras 16 estatuas, e vamos ver como
fica.
— Está falando em fazer diferente?
187
— Eu não gostei e quando não gosto, mudo.
— E Cauê vai achar o que disto?
— Saberei no dia 6, quando ele aparecer por ai.
O rapaz parecia tenso e João fala.
— Relaxa, sei que não entendeu.
João coloca as estatuas que tinham projeto para ser de 3 me-
tros, agora pareceriam pequenas, mas João não era de parar uma
ideia, isto o diferenciava, ele finalmente fecha os traços básicos do
carro e sorri de poucos entenderem os traços básicos.

João começa a desenhar os quadros de fundo de cada divisão,


olha para as esculturas e muda os projetos de rostos e de roupas e o
que eram adultos viram crianças, o que eram esculturas básicas de 3
metros vira estrutura para 8 metros, e começa a fazer as bases de
divisão, ele somava nos meios e nas estruturas, pensando naquilo
subindo e se comportando como parede divisória, e o rapaz viu que
João começa a por estrutura a base toda de novo, o carro cresce
para frente e para o fundo, e as divisórias no meio, começam a divi-
dir o carro.
Dois seguranças olham para João e um fala.
— Não entendo o que ele está fazendo, parecia que a estru-
tura estava pronta, ele mudou tudo.
— Ele é João Mayer, o rapaz que dizem ter posto Moreira pa-
ra correr, mas é nítido que ele gosta de fazer isto, ele está pensando
em um resultado.
João vai a forma de coroas, umas menores, e coloca uma das
injetoras fazendo aquilo em cor branca e outra em verde, e volta ao
carro, olha para as luminárias, e acessa o seu sistema e faz dois mo-

188
delos de lumiarias em cera, coloca na base de gesso, e deixa lá vi-
brando e tomando forma.
A noite avança, e ele olha toda a estrutura em sua cabeça,
olha para as paredes como detalhes de cada moradia e vida, acima,
os nobres, a baixo, os filhos dos brancos normais, ele começa a pro-
jetar as estruturas do corpos, e viu que poderia deitar eles, o que
dava basicamente para fazer em duas partes, ele para a frente do
carro e olha para ele, sorri, ele mudara tudo.
Ele parou um pouco e pegou os moldes e coloca no forno,
baixo, e viu a cera sair de dentro dos moldes de gesso, pega umas
barras de aço, e coloca num pequeno forno mas de altíssima tem-
peratura, e quando ele põem dentro dos moldes aquele aço liquido,
sabia que tinha de fazer com calma.
Os rapazes ao fundo viram ele mexendo em varias coisas, e
quando ele cobre a parte baixa do corpo, com aquela malha que
parecia dar forma a primeira escultura, viram que as mesmas iriam
crescer, e o rapaz ao fundo fala.
— Ele pelo jeito achou que as esculturas estavam pequenas.
— Não entendo como alguém consegue transformar arame,
estruturas que não entendo em peças que parecem ser pessoas.
Os dois viram João por alguns pedidos, que seriam feitos
quando voltassem a funcionar, mas ele na cabeça, estava aceleran-
do o processo.
Quando ele foi para casa, amanhecendo dia 31, ele sabia que
mudara algo muito, e não iria perguntar, quem sabe apenas mais
uma briga.

189
Douglas vai ao Terreiro do
pai, ele talvez sentisse a falta da
família, como João, mas culpava o
rapaz pelos acontecimentos, ele
raspa a cabeça, ele coloca as ves-
tes, faz uma oferenda, umas velas,
estava sozinho no terreiro quando
sente aquele cheiro, fecha os
olhos, estranho como alguns cheiros lhe trazem boas recordações.
Ele sente aquilo lhe atravessar, olha em volta, e sente o corpo
diante de um ser, não abriu os olhos, mas sabia que o via, parecia
um cão, ao lado dele, dois seres, em luz.
Ele não conseguia identificar seus pais nos seres de luz, talvez
porque para olhar para eles, a vista tinha de desviar da luz.
— Tens uma missão maior filho, e não vai gostar dela, mas
todos que ignoraram suas missões, estão para Egungun, os que en-
frentam suas missões, chegam a Egun, para ir a Orun, mas todos os
passos lhe trouxe a este ponto, e acredite filho, a escolha pode pa-
recer das pessoas, mas as vezes é superior a ela, os seres tem cami-
nhos, alguns nada fácil.
— E qual seria minha missão?
— Ajudar duas almas, a chegarem a Eguns. – Douglas quase
ouve a voz de seu pai, de tão real.
— Duas?
— Sim, duas, e não precisamos falar quais, mas ambas estão
atravessadas em sua vida, e ambas, tem pesos pessoais tão grandes,
que não se tem como escapar de seus caminhos.
— Mas porque pai?
— A vivencia, é para crescimento pessoal, algumas tem suas
missões mais compridas, mas complicadas, e os desafios das perdas,
as vezes tiram nosso caminho, as vezes o estabelecem.
— E o caminho foi estabelecido.
— Todo caminho tem muitas vertentes, todos temos do ca-
minho a frente, pra trás, estacionário, direita, esquerda, milhares de
190
caminhos intermediários, mas evite os caminhos para trás, eles nos
afastam filho.
Douglas sente aquilo atravessar ele de novo e sente o corpo
ao chão, abre os olhos, pareciam inchados, olha em volta, senta-se
as pernas, e tenta se recompor, ele sabia que este caminho era ine-
vitável, mas no seu amago, ainda tinha uma vingança.
— Sei que não me querem perdido no caminho.
Douglas se levanta, lava o rosto e viu seu irmão a entrada, faz
sinal para ele entrar e o abraça.
— Pensei que estaria com a família nova mano. – Douglas
olhando Kevin.
— As vezes tenho saudades da mãe, e ainda não sei, aquele
rapaz parece se dar bem, mas nada para sobre ele, nem os méritos,
e fico com aquela frase do pai, quando pequeno, que dizia que os
que não colhem os méritos, são predestinados a se perder no cami-
nho, pois não querem o caminho.
— Ainda acho que terei de conseguir enxergar o rapaz de
forma diferente, mas não consigo.
— E sozinho?
— Onde queria estar, não é o que devo fazer.
— Foge daquela menina desde quando, ela tinha uns 7.
— Ela cresceu, mas ainda não sei me postar diante de uma
menina de 16, que é mais empresaria que o pai, mas inteligente que
muitos que conheço e que sabemos, é mortal.
Kevin olha o irmão e fala.
— Muita gente tem medo dela, mas ela colhe os méritos, en-
tão ela tem seu caminho a Orun, traçado, mas as vezes sei que mui-
tos falam dela, e não se encaixa com a visão que tenho dela, você
viu mais que eu.
— Ela pode colher os méritos mano, mas talvez tenha razão,
dois protetores estranhos, que não colhem os méritos.
— E vai passar o ano sozinho?
— Acho que esta data não tem sentido, ela parece ter senti-
do, mas é apenas econômico, as pessoas compram estas 2 festas,
mas elas deixam de ter sentido espiritual, para ter apenas motivos
econômicos, Natal virou comercio, e Ano Novo, uma forma de repe-
tirem todos os impostos sobre nós.
191
— E tenta se achar neste momento, mas vamos lá para casa
mano, não fica sozinho, sei que estamos afastados, que acabo bri-
gando com você, dois caminhos, o da lei e dos direitos, mas está
convidado a passar com seu irmãozinho e os poucos que ainda es-
tão por perto.
Douglas sorri, troca de roupa e vai a casa do irmão, curtir a
passagem de uma noite, que era apenas a passagem de uma noite
para Douglas.

192
João olha para aquela igre-
ja, Santo Cristo, entra a noite e
senta-se, olha curioso, ele não era
cristão, ele em sua forma de crer,
tinha uma crença pessoal mais
próxima ao candomblé, mas às
vezes ele sentia os pesos, as vezes
sentia que aquilo dentro dele es-
tava errado, e não tinha como se livrar, a ultima missa do dia, a que
atravessava de um dia a outro, de um ano a outro, aquelas imagens
lhe olhando tinham um peso que não lhe cabia, nem a pena e nem a
cobrança.
Fecha os olhos, a igreja estava cheia, e sente suas energias
iriem a níveis baixos, com a saída dos espíritos, sorri da leveza, al-
guns olham assustados aquelas almas em uma missa, João de olhos
fechados sente elas, estranho que a ligação estava feita, ele não se
livraria mais daquilo, mas sentiu mais almas ficarem visíveis a igreja,
se ela estava lotada, agora tinham pessoas filmando, João sorri da
impossibilidade da gravação direta, mas sente a paz passada pelas
almas, elas acalmavam umas as outras.
João nunca soube orar então apenas agradeceu as coisas bo-
as, e pediu compreensão as coisas que não foram boas.
Quando João abre os olhos, sente a energia voltar para ele,
não sabia o que os demais viram, mas todos olhavam em volta, co-
mo se algo tivesse sumido, o padre ao altar faz o sinal da cruz e vol-
tam a missa.
João se levanta, vai as velas e acende uma para sua es e para
sua filha, e para cada alma dentro dele, sentindo a historia de cada
um, suas historias, estranho ter gente que estava preso a ele e lhe
odiava, e gente que parecia ignorar totalmente os acontecimentos.
João ao se inteirar de cada historia, parecia alimentar o cami-
nho em cada alma, mesmo que no ódio por ele, parecia que ficavam
mais leves.

193
Ele sai com a maioria, e caminha até o barracão, entra e olha
para os carros, olha o projeto, senta um pouco pensando no que
faria, sente que estava leve, mas sem sono algum, ele olha os pros-
pectos de hidráulico do carro 3 e coloca a parte central que subiria a
10 metros, baixa a altura de 4 metros, baixa a base, a três e começa
a por a estrutura do que iria acima daquilo.
Ele se distrai fazendo aquilo, sobe sobre a base e olha em vol-
ta e repara que muitos olhavam para ele e pergunta.
— Problemas?
Olha em volta e vê seu corpo encostado na parte baixa, olha
sem jeito e sente o corpo e todos veem o ser desaparecer, João
estava ao chão e sente o coração voltar ao ritmo normal, mas estra-
nha, o espirito estava soldando, ele erguera coisas, como?
Um rapaz olha João ao canto encostado e chega a ele.
— Tudo bem senhor?
— Devo ter cochilado.
— Não viu aquilo?
— Aquilo?
— Parecia que tinha um espirito fazendo o carro.
João olha como se não acreditasse e outro fala.
— É serio senhor.
João olha o ferro de solda na parte alta e pergunta.
— Quem colocou o soldador lá encima?
— Os espíritos.
João olha serio e fala.
— Vamos parar de brincadeira pessoal, eu não consigo erguer
aquilo, como um espirito o faria?
João olha em volta e fala.
— Pelo menos este espirito sabia o projeto de construção.
O segurança sorriu e falou.
— Não viu mesmo?
— Devo ter cochilado.
João se estica e pensa na possibilidade, teria de procurar en-
tender isto, pelo menos na ciência dele, não era possível, mas viu
que em espirito, ele fez muito rápido, não teria tempo para algo
naquele nível e pergunta.
— Que horas são?
194
— Nem chegou a uma ainda senhor.
A missa acabou a meia noite e meia, ele caminhou até ali, isto
demorou uns 10 minutos, ele lembra de ter sentado um pouco, e
olhado o projeto, e para ela, foram horas de trabalho, e estava o
trabalho ali, mais de 12 horas de trabalho, de força, assustador, ele
olha os rapazes e fala.
— Acho que perdi então o evento do ano.
— Não está nos levando a serio.
— Estou, mas pensando como vocês fizeram, tem 12 horas de
serviço ai feitos, eu sai e fui dar uma volta, assisti uma missa pela
primeira vez na vida, volto, não passei uma hora e 15 fora, e tem 12
horas de trabalho adiantado a minha frente.
— Não vai desfazer?
— Eu não, se os espíritos falaram que é para ser assim, quem
sou eu para discutir.
O rapaz sorriu, pois João estava tirando sarro, mas os rapazes
haviam visto e João ali era algo que era normal, mas João olha em
volta, e sobe no lugar, pega uma empilhadeira, para mexer o equi-
pamento de solda.
O segurança tenta levantar aquilo, talvez não acreditando
que era pesado e fala.
— Ele estava falando serio que não tinha como erguer lá.
— Eu sei que vi, mas se me perguntarem, não vou falar, vão
perguntar se estávamos bebendo.
O segurança a entrada entendeu, poderiam ter visto, mas se
não provassem, não teria como.
João olha aquilo, sente a energia da sua alma, bem mais forte
que ele, não precisava de física, mas sente sua mente acelerada, e
olha tudo como se estivesse parado, começa a soldar a parte alta, e
depois os buracos com sistemas hidráulicos, de onde tudo subiria.
Ele olha por cima, e começa a soldar as telas, e o pessoal co-
meça a dispersar, ele foi fixando as telas a toda volta, por cima e por
baixo, frente e fundo, e quando o dia insistia em nascer do lado de
fora, ele faz o preparo para por a fibra e cobre todo o segundo piso,
as laterais, as paredes ao fundo, quando ele chega ao fundo, parou
por falta de material, e sabia que agora teria de parar um pouco o
interno do carro.
195
Era oito da manha, quando ele resolve ir para casa descansar
um pouco e o segurança fala.
— Este trabalha o que o resto não faz.
— Ele é rápido, vi gente dizendo aqui que ele desmontou este
carro inteiro no dia 26, faz 4 dia, olha como o carro está, todo re-
modelado, todo redefinido, mesmo abaixado, ele não é de deixar
para depois o que pode fazer.
— E o que acha que foi aquilo?
— Não sei, dizem que ele é protegido daquela menina dos
David, e espíritos parecem ser coisas dela.
— Sei que Machadinho tentou filmar e não aparece nada na
gravação.
João toma um banho gelado e cai a cama, sente as energia e
pensa em como acontecera, não tinha resposta.

196
João acorda com o celular,
atende sem sentir.
— João, podemos falar.
João olha o nome e fala.
— Sim, onde Cauê?
— No barracão que dizem
ser seu, que tem um carro que
desconheço a frente.
João sorriu e fala.
— Deixa eu só tomar um café e vou para ai.
Cauê olha as divisões, sabia que era a estrutura do 3, pois ela
não estava mais ali, e as demais estavam avançando rápido, pergun-
ta para o segurança que fala que João desmontou dia 26, ele não
entendeu, ficou a reparar, os prospectos de mudança de roupas e
rostos, e mais 20 esculturas, não era algo para ficar menor, e sim,
diferente.
Cauê estava olhando e viu João entrar e falar.
— Pensei que teria mais tempo para evoluir o conceito do
carro.
— Este não era o carro dos 4 andares?
— Sim, dai eu subi na empilhadeira e olhei para o carro e vi
somente o andar a frente, não via o acima e não via o abaixo, não
daria o resultado em um desfile, que cada um está em um piso,
cada um teria uma interpretação do carro.
— E mudou todo o carro?
— Cada lado, tem 5 locais, nos andares iniciais, e 3 no superi-
or, esculturas de ligação, onde temos a miscigenação, sendo elas de
cima para baixo, de todos os lados para todos os lados.
— E acha que consegue mudar toda a estrutura e entregar,
pois estou preocupado com o prazo, e um carro começando do Ze-
ro, não era algo para hoje.
— O que estava pensando?
— Em terminar o ultimo, não sei se avançou nele.

197
— Não, mas fica nesta concepção, duas alturas, não 4, as 4 ti-
ram todo visual do carro, parecem distorcer a concepção, pois você
fecha muito os quadros.
— Mas acha que consegue?
— Cauê, se eu achasse que não dava tempo, não tinha mexi-
do, vocês me cobram, como se não tivesse ficado até a véspera
nunca fazendo o acabamento de um carro.
— Sei que já fiz muito isto, mas preciso de algo para acalmar
Luiz, os diretores estão pulando de raiva, por algo referente a acu-
sarem eles de sabotagem, apenas por ter você no grupo.
— Sempre digo Cauê, eu sei trabalhar sobre tensão, mas raci-
onal, não dor de barriga.
— Tem algo?
— Eles não voltam no dia 6?
— Sim.
— Estaremos com os calçados dos 4 mil integrantes, com suas
meias, e suas roupas de baixo prontas, precisando apenas distribuir,
para as fantasias, vamos estar com a cabeça e ombro prontas das
ultimas 20 alas, vamos estar com plumagem para somar nas 4 mil
fantasias, adereço de mão, para os 4 mil componentes, carros an-
dando, todos eles.
— E enquanto isto muda toda a estrutura do carro a frente?
— Eu estou pensando em fechar os prospectos hoje de todo o
hidráulico, e começar a colocar as peças que já temos, estabelecer
quais não temos, quais serão de fibra na estrutura, e vou já dispor
das estruturas.
— E os demais carros.
— Fiz a escultura final, no carro numero 6, falta os LED, mas
isto é colocado na semana do desfile.
— Certo, não entendi aquele rosto.
João abre uma gaveta e estica um prospecto de como ficaria.
— A ideia é básica, um rosto ao fundo.
Cauê olha para o rosto e fala.
— E como está hoje?
— Em 4 trechos de fibra de vidro, quem olha, não entende as
entradas.

198
Cauê sorri e fala.
— Sabe que é esta soma de ideias, que fazem a diferença que
chamam de seu carnaval João.
— Sei que ainda estou aprendendo, mas as letras em plástico
já estão na caixa, nas cores, dai vem os LED, mas tudo isto, quando
se monta que fica legal, eu não sei fazer diferente ainda Cauê.
— Mas é o que falou, os demais ignoram o fundo, os jurados
olham tentando achar algo errado, e se deparam com algo assim.
— É o encerrar do desfile, alguns não vão entender, mas é
que estamos falando de Miscigenação, e estamos puxando um pou-
co de ciências para a avenida.
Cauê olha para ele e fala.
— E não porá lá um rosto perfeito.
— Não, sou humano, não sou perfeito.
— Sabe que se adiantou lá, mesmo refazendo aqui, já é algo a
falar.
— Eu não gosto de mostrar as coisas em fibra, e deve enten-
der, é a parte que assusta eles.
— E o que temos aqui, pois desfez toda a fibra anterior e re-
fez toda a parte.
— Toda não, tenho de esperar o pessoal abrir na segunda dia
6 para pedir mais fibra.
— Acredita que fica melhor?
— Nenhuma alegoria é daquelas que me faz parar muito
tempo Cauê, eu tento achar o diferencial ainda.
— E quando vai procurar o Diferencial?
— Fevereiro.
199
— E acha que não tem diferencial ainda?
— As vezes falar com outros, me deixa tenso, prefiro quando
não falo, mas é que as vezes descobrimos que os amigos vão tentar
algo incrível e fico pensando.
— incrível?
— Um beija flor de 16 metros, que caminharia a frente, com a
comissão de frente da beija flor.
Cauê olha João e fala.
— E quer algo de mesmo impacto?
— Desfilamos após eles, temos de ter nosso impacto.
— Acha pouco o que propôs?
— Não disse isto, mas ainda estou achando que a visão mais
marcante do que soube, vai ser o manipulador da Alegria, então
tenho de pensar em algo.
— Ouvi falar, se funcionar vai ser para eles chamarem a aten-
ção, é o que quer?
— Eles conseguiram financiamento da oposição, mas não po-
de ficar visível, então estamos ainda construindo o carnaval.
— E pensou em algo?
— Tenho como falar com a Silvinha?
— Consigo isto, pelo jeito não parou de pensar ainda.
— Cauê, eu posso lhe garantir, as roupas estarão prontas an-
tes de 31 de Janeiro, 6 carros estarão prontos antes do mesmo dia,
pelo menos o que pensamos até agora, mas a pergunta, o que vou
somar a eles, até o dia a apresentação, dia 24 de fevereiro.
— A surpresa?
— Como digo, todo o carnaval, baseia-se na surpresa, naque-
la coisa que todos viram, e não viram.
— E quer tudo andando rápido e refaz um carro.
— Quando eu coloco um sistema hidráulico que gera escultu-
ras em 4 partes, pois o encolher as determina o local, e no fim, me
parece que o carro está vazio, eu refaço, eu não gostei do carro que
projetei.
— Saberia o defender, mas não gostou?
— Bem isto.
— E vai somar mais esculturas nisto?
— Sim, mas é o pensar no desfile, lembra?
200
— Sim, começamos com a invasão, é uma morte na Sapucaí.
— O problema, é estabelecer o que é cada ponto, e como não
participei do samba este ano, eu tenho de adaptar a historia ao
canto e ao samba, como parte do enredo.
— E pensou em algo?
— Usar coisas muito tecnológicas na comissão de frente, é ar-
riscar o não funcionar.
— Você pensando em não arriscar?
— Eu sou de arriscar, mas o erro na comissão de frente do
ano passado na Beija-Flor, não foi notado Cauê.
— Eles erraram?
— Se você comparar a apresentação nos 3 módulos de jura-
dos, foi diferente, então o improviso no primeiro, por um tecido
travado, gerou uma mudança no segundo, e por incrível que pare-
ça, o tecido travado no primeiro, funciona no terceiro, dando a sen-
sação de que foi planejado para ser daquele jeito.
— Isto que quer, algo que se der errado, funcione.
— Eu gosto de carros baixos a frente, e não poria um portu-
guês pisando em índios e negros a frente, apenas por saber fazer, e
parecer que estou copiando a escola anterior.
— Certo, já chega os seres a frente da alegoria.
— Sim, já chega a parte que como elaborador pensei para os
carros frontais, mas sei que vão falar que é copia.
— E porque não seria?
— Quando o carro anda, os índios a frente se erguem e fazem
a dança do Kuarupe para avançar.
— Estas partes nem falou.
— Eu não terminei ainda para falar tudo Cauê, ter a ideia e
querer que funcione, é diferente, mas minha ideia inicial, uma apre-
sentação sobre um palco que não parece palco, é de 30 centíme-
tros, então parece um nada que está sobre a frente, mas não en-
tendo de dança, como falo, um carnavalesco que não samba.
— E qual a ideia?
— Um quadrado de 11 por 11, que é um painel de LED, temos
15 pessoas, então temos os negros, os brancos, os índios, a base da
mescla, mas não temos um negro, não temos um branco e não te-
mos um índio, e não sei como deixar isto claro.
201
— O que?
— Não somos filhos de uma nação de Negros, uma nação de
Índios, uma de Brancos, somos a mistura, de varias vertentes em
conjunto ao todo, vieram grupos inteiros de negros, vertentes intei-
ras que só tem descendência genética no Brasil, não éramos um
índio, existiam índios altos ao litoral, mortos, mais baixos ao interi-
or, diferentes ao sul, não fomos colonizados apenas por portugue-
ses, tem sangue de varias vertentes brancas.
— Certo, e quer isto na comissão de frente, mas não entendi
a ideia.
João vai ao fundo e desceu uma estrutura de 30 centímetros
de altura, que estava encostada a parede, coloca ao chão e fala.
— Uma ideia que tive estes dias, e todo dia fico olhando ela
um pouco.
Cauê viu que tinha sistema de rodas, e fala.
— Anda?
— Com até 6 mil quilos, sem problemas.
— E qual a ideia?
João aciona o piso e Cauê viu que era uma tela de LED, ele co-
loca na cor vermelha sangue, depois na cor verde, e fala.
— A ideia é simples, não sei se aplicável Cauê, as vezes preci-
so trocar ideias.
— Certo, qual a ideia?
— 4 seres alados a frente, em 4 cores de pele, eles vem a
frente, em pequena armações, não pensei tudo, mas eles começam
a contar uma historia, e a volta, um sistema de cortinas, eles dan-
çam durante a festa do paraíso, mas como uma cortina, eles passam
sobre os demais e enquanto eles passam, se aciona o ponto um.
Cauê viu surgir ao piso barcos chegando e o chão fica sepa-
rando areia, mar, terra verde, o primeiro contato, dai João aperta o
dois e o que eram barcos, vira uma pequena fortaleza com canhões,
o que eram espelhos, viram armas, e nos campos os homens mortos
ou aprisionados, o três e vira cidades com barcos e os negros che-
gando, o quarto a liberdade, isolando e interagindo, o cinco, mais
estranhos chegando, o seis a mistura de arquiteturas, e estruturas e
Cauê sobe naquele piso e fala.
— Tudo em 30 centímetros?
202
João olha para o rapaz, ele não tinha certeza se era aplicável.
— Sei que as vezes minha ideias não dão fruto Cauê, então
estou lhe mostrando, teria de perguntar para Silvinha se daria para
fazer.
— Algo a ensaiar, testar incansavelmente.
— Mudanças assim geram o desgastar dos integrantes, não é
apenas integrantes Cauê, é gente com força física, com disposição e
que não errem cansadas.
— Quer algo que dê impacto?
— Sim, mas tenho de saber se é possível antes, e se temos
como fazer, nem que mudando algo.
— E fica pensando em coisas assim?
João olha sem graça e fala.
— Tentando entender o que é fazer um carnaval Cauê, sei
que alguns não gostam da minha forma, mas este ano estou ten-
tando acelerar as fantasias, da cabeça aos pés, eu continuo a achar
que as alegorias tem de chamar atenção, mas tentando entender o
que as pessoas gostaram o ano passado.
— E pelo jeito não tem medo de se expor?
— Eu não me expus Cauê, Silvino ganhou uma vaga de carna-
valesco principal na Tatuapé, pois todos atribuem a ele o carro nu-
mero um, para mim, apenas o trabalho, e sei que minha forma de
encarar certas coisas, faz deste o melhor lugar para mim.
— E não se preocupa?
— Eu estou fazendo o que gosto, estou começando pela pri-
meira vez construir um futuro, e no meio disto, sinto que falta muita
coisa.
— E vai fazer outro carro estilo João Mayer?
— Não entendo, ouço isto, mas ninguém me atribui a criação,
apenas o estilo.
— Acho que poucos falaram com você para saber a verdade,
mas você tem ideias perigosas, lembro quando vi o carro abre alas,
acho que meu medo atrapalhou, pois vi um carro com 14 mil coro-
as, para se fazer o DNA.
João sorriu e fala.
— Agora imagina se tivesse visto tudo Cauê?
— Cada dia mais assustado.
203
João entra e Cauê viu coroas de DNA de mais de 4 metros de
altura e perguntou.

— Quantas e onde vai por isto? – Cauê olhando aquela forma


estranha, mas nitidamente fibra de vidro, mas de longe, parecia
quase cristal.
— Nos topos dos carros, como o que tem ali atrás, mas eles
vão variar de cor, embora a melhor cor tenha ficado no azul, estou
forçando a tons verdes.
— E quer que todos olhem mesmo e falem, Imperatriz?
— Sim.
João abre uma caixa e fala.
— Todas as hastes para os destaques de segurarem vão ser
assim.

Cauê pega na mão e fala.


— Detalhes que não foram para os carros?
— Sim, detalhes que vão na hora de finalizar, sabe que não é
questão de dizer, está bom, e sim, de fazer o melhor possível.
— E vai por isto em todos os carros.
— Vamos ter representações cromossômicas e de DNA no
percurso inteiro, é questão de meta, e a minha é ter as melhores
alegorias e melhores fantasias, se pudermos no meio disto, colocar
junto a cada pena verde, uma com LED, com certeza o fazermos,
mas como teríamos de fazer em um conjunto, para não ser apenas
uma perdida no todo, só vou propor se der para abraçar pelo menos
12 alas.
204
— Não pensa pequeno mesmo.
— Não sei você Cauê, eu não tenho formação nisto, mas para
mim, é o conjunto, desta vez não vou correr o risco de desfilar de
dia, então vamos brilhar de verdade a avenida.
— Sempre tem este risco, mas quarta escola sempre é Noite.
— Então as bases dos carros, terá muita luz, todos os locais
onde der para por uma luz, vou por.
— Mesmo em uma pena perdida as costas de uma fantasia.
— Sim, mas para isto eu montei uma, e ela está acessa na sala
ao fundo, com uma pilha AAA de 3 volts, e quero saber quanto
tempo ela brilha.
— Não quer algo de grande impacto?
— Quero algo que não pese muito, que se puser as penas,
elas em si já falam, riqueza, quando se põem luz nas penas, dá um
diferencial, não é todo ano que conseguiremos inovar.
— E vai por coroas nos carros, vai por verde, a cor da escola.
— O dourado estará nos detalhes, e em toda a escola tam-
bém, é carnaval, não é para ser realista, é para ser belo.
— E pelo jeito enquanto os demais descansam, pensa nos de-
talhes finais do desfile.
— Os finais, no dia, cuidando carro a carro para entrar.
— Dizem que ano passado nem parecia você, era um zumbi
que estava a avenida.
— Espero não ser enterrado este ano, 15 dias.
— Certo, você passou por maus bocados, e ouvi alguns o con-
denarem por estes braços, gente que diz que não discrimina, mas
não sabe o quanto discriminam.
— Eu vejo os olhares ainda hoje.
— E vai pondo detalhes?
— Este carro tem Candia, fogueiras, luminárias publicas a gás,
lampiões a querosene, nos detalhes de cada divisão, as paredes ao
fundo, embora cada uma remeta a uma cultura, elas serão como
aquela ali em cima, que parece uma de casa bem acabada, mas na
forma de conjuntos de DNA a toda parede.
— Vai investir em cada detalhe.
— Sim, uma historia que se bata o olho e se entenda, não é
questão de querer o melhor, é de fazer o melhor.
205
— Nos detalhes?
— Sim, eu como digo, vou na técnica que me sinto bem, se
quiser somar, sempre é bem vindo Cauê.
— E está acelerando quando todos param.
— Eu consigo pensar melhor quando os demais não estão
perguntando coisas, então começo a ouvir os meus pensamentos,
não o dos demais.
— E pelo jeito vamos com consistência a avenida.
— Padrão, as vezes temo minhas ideias infantis Cauê, eu não
tenho experiência, meu segundo carnaval para valer, mas referente
ao carro ali fora, não se preocupe, é algo para somar, sei que proje-
to grandes quadrados, é que eu acho mais fácil transformar um
caixote do que transformar uma arvore.
João sempre pensava no que estava falando, e pensa se não
deixou algo passar, mas não teria como impor algo, ou teria, Cauê
olha ele olhar em volta e pergunta.
— Pensou em algo, mas algo que parece não ter se convenci-
do, se não me engano.
— Quando fomos jogados neste caldeirão de misturas cultu-
rais chamando Brasil, perdemos parte da historia, mas não saberia
dizer quais eram os nomes originais antes de virem para cá, mas
assim como Johan virou João, quantos foram renomeados, ou quan-
tos foram nascendo sem nomes, os sobrenomes eram os dos anti-
gos proprietários de escravos, mas explica os sobrenomes de norte
a sul do País, mas como não sei como se define os sobrenomes dos
índios, nunca tinha pensado nisto, teria de ver se é aplicável.
— Não entendi onde quer chegar.
— Eu crio carros aos poucos, o ultimo carro, é uma festa in-
vertida, terminando em um rosto mestiço, mas as conexões ainda
não estão estabelecidas, e poderiam ser grandes arvores, que saem
dos poucos sobrenomes portugueses e vai se ampliando, em uma
arvore imensa de galhos com milhares de sobrenomes, mas tenho
medo de induzir a outra coisa.
Cauê olha João e fala.
— Disto que fala, vai somar até o dia que não der mais para
executar.

206
— Sim, a miscigenação é bem evidente em negros com so-
brenomes Japoneses, negros como primeiro nome de Jonathan,
brancos que se chamam Cauê que é indígena.
Cauê sorriu, João olhava como o todo, tentando contar a his-
toria, e fala.
— Algo contra nomes?
— Nenhum, sempre tentei descobrir quem foi um provável
tio avô, de segundo grau, sobrenome Pombo, conhecido como
“Mão Pequena” – João estica suas mãos a frente, pequenas – que
era jagunço de Lampião, mas ele teria a idade de minha avó, então
ou ele era irmão de meu bisavô Pombo, ou era um dos filhos desre-
grados da família, quando se levanta a arvore de uma família, ela
não fica tão visível pois os registros não são tão claros, mas isto
estabelece que no passado, teve um Jagunço, mestiço, que estabe-
lece uma linha genética forte a frente, toda minha família, se desta-
ca pelas mãos pequenas.
Cauê olha os carros, toda a Miscigenação foi colocada na dis-
cussão genética.
— E teria como impor algo que contasse os sobrenomes no
enredo?
— Sim, somaríamos pequenos detalhes em todas as fantasias,
poderíamos por uma linha a mais de renta nas baianas, com milha-
res de sobrenomes bordados, já que elas encerram o desfile.
— Você complica e vai ampliando.
— Eu quero algo pesado, no sentido de contar algo, passar al-
go, não apenas meia historia.
— E vai fazendo e pensando.
— Porque não.
— Vou ajudar a verificar a documentação disto e ver se é apli-
cável, embora pelo jeito pensou em por uma imensa arvore na ave-
nida.
João chega ao desenho ao fundo, na parede e fala.
— E se o carro final, no lugar de ser uma prisão feita por gra-
des, fossem raízes, que sobem, tomando o corpo do carro, e nas
duas ligações, se erguessem duas imensas arvores, e sabe que
quando falo imensas, eu pensei em algo imenso.

207
— Todos sabem, está falando em usar a mesma estrutura,
mas a interpretação da ultima alegoria mudar, para uma prisão com
pessoas com sobrenomes quase iguais, mas uns presos e outros
soltos pela própria estrutura social gerada pela miscigenação força-
da.
— É uma visão pessoal isto, muitos vão criticar, mas acho que
carnaval é para pensar, forçar as pessoas repensarem seus concei-
tos.
Cauê viu o rapaz rabiscar o desenho e sorri.
— Mudando a impressão do carro?
— Sim, o que eram dois andares, agora são estruturas de três
imensos troncos cortados, e no meio dos três troncos, nascem no-
vas mudas, com todas as miscigenações, alguns presos ainda a raí-
zes puras e os soltos, os novos ramos da arvore. A coroa coloco na
cabeça da escultura no fundo, e somo no centro da coroa mais pon-
tas, para ela ser diferenciada, como se fossem brotando novas co-
roas ao centro.
— As vezes estas coroas parecem não fazer sentido. – Cauê.
— Sim, mas se eu dentro delas colocar nossos destaques de
luxo, ninguém fica sem lugar.
— Pensando em gerar um símbolo, um lugar, passou o senti-
do de cada fantasia?
— Sim, assim como a predominância da cor do carro.
Cauê sorriu, acabara de saber que dois carros acabaram de
evoluir e tinha de falar com a coreografa da comissão de frente.
— Vou falar com a Silvinha, mas pelo jeito quer dar um pulo a
frente até dia 6.
— Sim, gosto de definir as coisas.
Cauê sai dali e foi a cidade do Samba, Luiz o esperava a frente
e os dois entram, dia dois poucas pessoas passariam por ali.
— O que tem, acha que conseguimos?
— Luiz, o problema é que João é sistemático, ele vai disponi-
bilizar no dia 6, todas as demais cabeças para fantasia, todas as es-
truturas de costas com as devidas plumagens, calçado para todas as
alas, meias e roupa de baixo para todos os integrantes.
— Padrão mesmo.

208
— Não é padrão Luiz, a ala da frente, são fantasias negras, en-
tão calçado negro, meias negras, roupas de baixo negras, para não
contrastar em nada em meio a um mar de negro.
— Então em fantasias estamos avançando.
— Sim, mas como se diz, terminamos o projeto, não o carna-
val, ele mudou o carro 3 e vai ampliar as coisas no 6.
— Ele vai quebrar a escola assim Cauê.
— Acho que não entendeu Luiz, ele faz, ele não fica lá man-
dando alguém fazer, ele desmontou todo o 3 e hoje parece outra
estrutura, sei que se analisar por custos, alguma coisa se perde, mas
talvez ele tenha razão, o carro que menos representava algo era o 3,
ele está tentando mostrar em um carro algo que alguns brasileiros
escreveram muitos livros para tentar traduzir, não é algo fácil de
explicar.
— Certo, mas o 6 não estava pronto.
— Luiz, como ele falou, ele pretende terminar o que projetou
até o final deste mês, mas montagem, somente nos últimos 10 dias,
e lógico, se formos tendo ideias, vamos somando.
— E falo o que?
— Estamos avançando, é só olhar os 3 carros que estão aqui
Luiz, mas a surpresa da comissão de frente, ainda não sei se vai sair,
é algo tão básico e tão estranho que tenho de ver de cima e ver se
vai dar impacto.
— E quando terá uma ideia?
— Vou falar com a Silvinha, acho que ela vai gostar, se ela
gostar, é nossa entrada, talvez não seja a mais surpreendente, mas
como João disse, as vezes é melhor não saber o que os demais vão
fazer, ficamos mais calmos.
— Ele ainda vigia as demais?
— Ele não é conhecido pelos grandes, mas ele sabe defender
uma ideia, isto complica as vezes.
— E ele está lá trabalhando?
— Sim, ele está lá trabalhando.
Na beija flor, em pleno dia dois, Nuno chega para o trabalho e
olha para aquele prospecto em tamanho e dimensão a entrada,
sorri para Jesse e fala.
— Os dois não descansam.
209
— João está em algum lugar trabalhando.
— E vão pelo jeito querer vencer ele.
— Ele é pelo espetáculo Nuno, sabe disto.
— Sei, ele construiu o ano passado 3 carros que vão estar pa-
ra sempre em minha memoria, e se pensar, ninguém o dá o mérito
por aquelas criações.
— Estamos tentando fazer algo que ele projetou para o ano
passado Nuno, mas não tínhamos tempo de idealizar o movimento
de caminhada, era muito pouco tempo.
— Acha que ele vem com algo de peso?
— Ele não tem a mesma estrutura de pessoal, mas é teimoso,
e sabe que poucos desenvolvem coisas para ser tão altas, e nós
vamos passar por baixo da ponte, ele não, então ele pode dispor de
algo para se erguer e se ajeitar um pouco antes.
— E sabe o que ele vai fazer?
— Não vi pintado e vestido, mas é uma pequena estatua de
28 metros de altura. – Jesse.
— Com movimentos?
— Básicos, tem de ver que algo de 28 metros, não tem muita
alternativa barata para se movimentar, e como é a representação
de uma foto antiga, eles estáticos fazem sentido.
— Fotos não tem esta altura. – Nuno.
O pessoal começa a organizar as coisas, o carnaval aceleran-
do. Era começo de ano, agora a data se aproximaria a cada dia.

210
Dia 6 de janeiro começa
com João pulando da cama com a
campainha, olha para o oficial de
justiça, assina e liga para o advo-
gado, marcaram a primeira audi-
ência da segunda instancia, e co-
meçava a esquentar em plena
manha, João toma um banho, olha
sua pele ao espelho, estava ainda bem estranha, mas ele começava
a se acostumar com ela.
Ele olha para fora, pega o carro e vai para o barracão, liga pa-
ra Cauê e olha os rapazes da prefeitura, ele mandaria a estrutura do
3 para a cidade do samba, e traria o abre alas para começar os en-
saios, e isto já estava no combinado.
Era manha, pouca gente a rua e o transporte foi rápido, pou-
cos viram o carro sair, mas o dispor do carro diante da câmera, de
transmissão estabelecia, existia um projeto novo, e João olha para
Luiz no barracão da Cidade do Samba e pergunta.
— Quer dar um jeito?
— Sim, estamos muito desorganizados.
— Deixa Cauê chegar e vamos começar a fazer algumas mu-
danças, vamos começar dois ensaios no outro barracão e neste va-
mos dispor de 3 carros e fazer eles acelerarem.
— Acha que ficam prontos?
— Ficar prontos é fácil presidente, ficarem perfeitos e pron-
tos é a meta.
— Certo, e vai por para cá as atenções por quê?
— Se vamos ensaiar em outro lugar, eles que olhem para cá,
tem três ensaios que começam esta semana lá, comissão de frente,
a noite, abre alas e novos povos, então hora de olharem para nós
aqui.
— E vai montar quais?
— Os que conseguir, eu tenho problema com este pé direito
que acham alto daqui.
211
— Todos falam deste tal exagero dos carros de alguma esco-
las.
Cauê chegou e olha João.
— João, não sei se conhece a Silvinha, ela quer trocar uma
ideia, ela viu aquela armação, e me perguntou algumas coisas, e sei
que você que entende daquilo.
— Subimos e conversamos, eles vão ajeitar para acelerarmos
aqui, subimos e conversamos.
Luiz viu que as câmeras pegariam a conversa, mas eles sobem
e João fala.
— Qual a duvida?
— Ela perguntou porque parece que aquilo vai enguiçar, ela
já se apresentou sobre algo como aquilo e precisava de 4 empurra-
dores, mas na comissão somariam nela.
— Estamos com dois motores, capazes de levar ele do come-
ço ao fim da avenida, sei que parece estranho, mas é que precisa
parecer frágil, mas por isto precisamos treinar, eu expliquei que
para cada ação da comissão de frente do ano passado da Beija-Flor,
tinha dois caminhos alternativos, o tecido travou na primeira apre-
sentação, improvisaram, o sistema de escadas laterais não abriu na
segunda parte, eles apenas inverteram e fizeram com o veiculo de
lado, no ultimo, tudo funcionou, então era para ter três apresenta-
ções como a ultima, mas eles foram ensaiados a fazer de qualquer
forma, mas a ideia ali, uma base – João pega o prospecto ao fundo e
põem a parede.
— O que parece um conjunto de placas fixas, é uma conjunto
de hidráulicos, pequenos, mas a base é o que fazemos nos carros,
tem 30 centímetros e pode chegar a 2 metros, e a pergunta para
Cauê é se não seria muito arriscado, o problema, é que a escola a
frente, vai entrar com um piso deste antes de nós, mas sobre ele,
vai caminhar com a comissão de frente, um beija-flor estilizado de
15 metros.
— E começa a pensar em por algo que surpreenda, para não
parecer apenas algo que não chamasse atenção.
— Eles nem precisam saber que sei Silvinha, sei pois minha
empresa de tecnologia que está por trás do desenvolver do andar
de uma alegoria, o mais real possível na avenida.
212
— E pensou em um piso que se adulterasse?
— É a ideia básica, como disse para Cauê, uma ideia para ser
mudada, implementada e ensaiada, cansativamente, quem estiver
ali, vai estar mudando de ação a cada 30 segundos, por mais de 40
minutos, é uma sequencia de 80 pedaços, treinados, qualquer erro,
poderia ser trágico, se não nos prepararmos para ele.
— E este prospecto diz onde está cada parte interna?
— Estou pensando em algo ainda, mas não coloquei lá, pois
postes e arvores, podem chegar a 4 metros, e ocupam menos espa-
ço que um quadrado ao chão.
— Está falando em ampliar o complexo, sabe que aquilo é ar-
riscado mas pode surpreender.
— Sei disto, um chão que não vai chamar atenção, e todos
olharão pensando onde estava aquilo.
— Um Jogo de cena?
— Gosto de jogos de cena, mas queria saber se é possível, o
projeto ganhou algumas arvores, alguns postes, e um elevador hi-
dráulico que elevaria alguém a 4 metros, é apenas fixar o pé, espe-
rar o sistema lhe dar apoio as nádegas e ele vai lhe levantar a 4 me-
tros.
— Quer algo que impressione?
— Acho a ideia boa, sei que as vezes se assustam, mas tem de
considerar que a primeira vez que se faz algo, é assustador.
— E teriam apenas os 15 bailarinos.
— Sim, eu não recomendo esconder alguém em 30 centíme-
tros, a pessoa ficaria esticada e apertada, não vejo praticidade em
usar alguém neste caso a mais, eu sou daqueles que gosta de alguns
carnavais, mas odeia algumas ideias, como aquela imensa barraca
que saia o carro do Airton, eu gosto de coisas que surpreendam e
não pesem no geral.
— E não tirem o visual do carro abre-alas.
— Sim, eu projeto abre-alas de 20 metros para eles serem
destaque.
— E pelo jeito quer algo que dê impacto? – Luiz.
— Que pare as pessoas olhando, eles acabaram de ver um
beija-flor andando e se alterando, precisamos de algo que faça eles
pensarem, como eles fizeram isto.
213
— E se não der certo?
— Moça, está é a minha pergunta, tem como dar certo? Se
tem, o que precisa, pois se não der certo, não levamos o titulo, mas
se der, pode ser a imagem que vão falar no carnaval.
— Certo, vou ter de pensar no pessoal, leves, fortes e resis-
tentes, não é apenas bailarinos, tens razão que é coisa para gente
que resiste, e que mantem a concentração mesmo cansados.
— E pensa em algo, se achar que é muito, reduz, a apresenta-
ção é de 3 minutos, eu pensei em 6 atos, mas podem ser 4, e isto
seria menos desgastante, quando falo em algo não deu certo, im-
provisar, é pensar em 3, 4, 5 ou 6 formas de fazer.
— Vou pensar nisto, vão liberar o local lá para ensaio?
— Sim, onde tinha a parte das esculturas de isopor, vai vir pa-
ra cá e vamos liberar, toda a parte que tinha o carro abre-alas, para
o veiculo poder andar até 80 metros, em movimento, e vocês fa-
zendo o ensaio.
— Está dizendo que consegue 80 metros para treinarmos lá,
sobre aquele material?
— Sim, mas eles estão definindo a largura da pista e vão de-
marcar a reta, para vocês terem como ensaiarem.
— E teremos acesso a noite?
— Sim, a noite as vezes eu passo lá, mas é mais por não dor-
mir mais do que 4 horas por dia, e depois das 23 lá só tem os segu-
ranças.
— Certo, um lugar para ensaiar e nos preparar, teria como
conseguir algum material de ginastica – Silvinha olhando Luiz.
— Sim, se vão precisar se preparar, entendi por cima a ideia,
mas pelo jeito algo desgastante.
— Algo que o ideal é sair da avenida em 30 minutos, mas tem
de estar ensaiado para 40 minutos. – João.
Silvinha olha João e pergunta.
— E se não aceitar?
— Fala com Cauê, ele precisa definir esta semana a comissão
de frente. – João viu que a moça queria discutir, ver auras as vezes
se vê demais, as pessoas olhavam ele e muitas vezes queriam o
afastar.

214
Cauê saiu com ela e João começa a por as esculturas que vi-
nham chegando que estavam no outro barracão, teriam mais, mas
ele dispôs delas e deixou ali, um carro de 10 metros para as câmeras
verem.
Com esculturas e com detalhes sendo pintados ao fundo, Luiz
chega ao lado e olha João.
— Dizem que a Beija-Flor vai tentar a mesma técnica que nós,
que eles vão por as mesma câmeras.
João olha Luiz, o que ele tinha haver com isto.
— Dizem que você que forneceu para eles.
João olha para Luiz e pergunta.
— Quer falar sobre isto presidente, como sempre digo, me
mantenho longe pois fofoca não leva a nada.
— É mentira.
— Não, eu ergui todos aqueles carros o ano passado, e todos
eles tem o mesmo equipamento que vamos instalar aqui, eles já
tem eles lá, nós ainda estamos instalando senhor.
— E porque eles não propuseram antes?
— Eu propus lá no ano passado, mas ninguém me leva a se-
rio, agora que veem que fechamos, eles vão querer, qual a novida-
de, a frase de Franco o ano passado, Escolas Coirmãs, não de Frei-
ras.
— E resolveu mostrar algo.
— Eu não consigo nem se tentar mostrar para esta câmera, o
carro inteiro senhor.
— E pelo jeito Paulinha não gostou da ideia.
— Sei o que é isto senhor, ela não gosta hoje, em fevereiro,
no fim do desfile, vira uma ideia difícil de ter, com muito ensaio,
com muita dedicação, que estão a mais de 6 meses treinando.
— E não se preocupa mesmo em por o nome.
— Eles não querem me dever nada, eu sou chato senhor, eu
não sei ficar no meio do caminho, eu apresento o que pensei, agora
é hora dela dizer, não vamos usar isto ou aquilo.
— E não teria problema em recuar?
— Senhor, a ideia que tive era primaria, do dia que tive até
agora, foram pequenas implementações, eu acho que dá para ter
impacto positivo, mesmo que muitos não gostem.
215
João começa a por as estatuas no lugar, o carro erguido a 10
metros, dava para fazer toda parte baixa, então ele recebe as fibras
e começa a fazer os entremeios.
No escritório de Guimarães ele olha João e fala.
— Este rapaz me parece um mistério.
— Porque?
— Ele parece frágil, mas ele tem ideias e as implementa, ago-
ra a câmera vai pegar ele trabalhando neste carro, hora a hora, vejo
gente desorganizada, ele organiza e dispõem em ordem de uma
forma a evoluir, não sei o que estará nos lugares, mas a parte sen-
tada de 3 esculturas é o que ele está fazendo em fibra.
A moça olha e fala.
— Dizem que ele faz projetos imensos.
— É só olhar o que ele está fazendo, ele está focado ao fundo,
se vê ele trabalhar, mas não se vê metade do carro.
— E porque olha?
— Alguém se propôs a mostrar como se monta um carro, vi
por duas semanas eles fazerem estruturas, parecia maluquice, pois
não fazia sentido, dai começa os sistemas de encaixe do carro e
agora trocam o carro e colocam o que era diferente no lugar, e co-
meçam a instalar as estatuas, se olhar as roupas, são as crianças, ele
está modelando a parte baixa dos adultos, mas como se diz, ele faz
esculturas em fibra de vidro de 10, 20, metros, ele fez a parte baixa
e cobriu com fibra, agora ele está fazendo o corpo, mas no estilo
com arames e sistemas de roldanas, ele está mostrando ao vivo
como fazer algo para se mexer.
— Acha que ele vai com isto até onde?
— Isto que estou tentando aprender, não dá para criticar al-
guém sem entender o que ele faz, pensa que ele monta carros de 20
metros, que passam em ruas a 5 metros de altura, falei com o enge-
nheiro da Beija-Flor, antes do feriado, queria saber o que ele achava
do surgir mais este ramo da engenharia, ele estava ainda bem des-
locado, perguntei sobre os carros da Beija-Flor do ano passado e ele
me disse que todos os carros foram feitos por este rapaz, os enge-
nheiros assinavam os prospectos, mas quem calculava era ele, sem-
pre com uma margem imensa de erro, e que estruturas solidas,
geram muitos carnavais, mas que João Mayer era dos poucos que
216
construíam carros para resistir a uma avenida, mais do que um des-
file, e olhando ele, não se diria.
Guimarães e alguns outros blogs, até concorrentes viram João
colocar os ombros daquele boneco, ficaram vendo ele colocar aque-
le tecido metálico sobre a armação e a moça chega ao lado de
Guimarães, quando viu o rapaz entrar no boneco, ainda apenas com
a roupa de metal, começar a testar os movimentos de rosto, os sor-
risos, a cara triste, mas no fim, o boneco ergue os braços e acena
para a câmera e Guimarães olha aquilo vendo a moça parada na
imagem.
— E alguns dizem que ele era apenas o sabotador.
A moça olha o rapaz sair de dentro e pegar um controle e vi-
ram a cabeça abaixar, o ombro passar ao lado da perna para baixo,
e ficar ali, apena a parte baixa e Guimarães fala.
— Isto é técnica, engenharia e pensar num carro, isto que não
vimos no carnaval do ano passado, como eles elaboraram os carros.
Muitos olhavam a imagem e viram quando João voltou, e er-
gueu a cabeça novamente, prende um cabelo pixaim, pinta a fibra
baixa, com uma base e tira as três partes, e todos acompanham ele
por a roupa em partes, pintar o rosto de negro, os olhos de branco,
olha aquele corpo machucado, João desenhar as feridas nos braços,
se parecia técnica, agora parecia criação, e por fim, ele coloca as
peças no lugar, coloca um chinelo básico no pé do ser e ergue no-
vamente, agora de roupa e Guimarães faz a matéria.
“Aprendendo ao vivo, a arte do carnaval!”
O diretor da Globo olha os blogs indicarem a pagina deles, e
pede para falar com o pessoal do comercial e viram que a pagina
estava em destaque.
— O que acham do resultado.
— Senhor, um dos rapazes da Imperatriz montou um boneco
ao vivo, com movimentos, e isto virou febre, tivemos gente do pla-
neta inteiro logados vendo a imagem, começou com o pessoal do
carnaval local, se espalhou para locais que tem carnaval, no fim,
tínhamos gente em 187 nações olhando o rapaz fazer, lentamente
para quem via, mas de uma técnica e organização que nos deu des-
taque e a #carroimperatriz tomou o mundo, por duas horas era o
que estavam falando senhor.
217
O rapaz passa os dados e fala.
— E pensei que não daria retorno, um dia destes justificaria o
gasto, vistos no mundo por uma hora e 32 minutos, em mais de 7
milhões de pontos, mas ainda tem 3 milhões de pessoas olhando.
— Sim, este resultado faz com que os patrocinadores queiram
entrar nesta empreitada, passou de deficitário, pensamos em virar
lucrativo próximo ao carnaval, mas é nítido que alguém resolveu
mostra um trecho do que é o carnaval no Rio de Janeiro, e muitos
blogs do mundo, estão pondo nossa pagina como local a acompa-
nhar a montagem de um carro alegórico de verdade.
O senhor olha a cena e fala.
— Eles estão fazendo para chamar atenção, e não posso dizer
que o que parecia uma ideia boba, vai tomando consistência.
João olha o telefone e atende.
— Fala presidente.
— Queria agradecer rapaz, você conseguiu pelo que o diretor
da Globo me falou, parar o mundo olhando você fazer uma escultu-
ra, mostrando as técnicas que podem parecer fáceis, mas são a se-
quencia de muito trabalho manual.
— Pergunta se ele ligar amanha, se ele pagaria para ter mais
câmeras internas.
— Não acha que estaríamos mostrando muito?
— Aqui tem 50% do carnaval em alegorias, isto é 12% do des-
file, mas é que quero mais gente no carnaval senhor.
— Um objetivo pessoal?
— Quem sabe.
João olha para Cauê entrar e falar.
— Alguns me ligam e perguntam, este cara não descansa?
— Logico que sim, mas como Silvinha reagiu ao espaço?
— Ela está tentando entender, mas você criou um corredor
de passarela por 80 metros, ela está lá tentando entender cada
parte das estruturais, para entender o que pode fazer.
— Espero que não tenha de ter outra ideia ali.
— E vai até quando?
— Já que está aqui, vamos por as placas ao fundo, e verifica-
mos os encaixes.

218
Cauê viu João ir ao fundo e pegar painéis que pareciam casas
de pau a pique, madeira e terra, mas ainda em fibra, traz elas e co-
meça a instalar a primeira, a segunda, a terceira, fechou o andar de
4 metros, desce a parte alta, e coloca as próximas 3 partes, 8 me-
tros, recua e desce mais um pouco colocando a parte de dois me-
tros, e começa a prender a parte alta, telhado, e quando fixados,
começa a erguer.
João olha o ser e começa a por o segundo ali e a escultura das
duas crianças, e ergue a parte baixa do carro e começa a pintar a
parte atrás, Cauê olha e fala.
— Você montando parece rápido.
— Rápido, este carro tem 10 partes iguais a esta, mas para
quem vê montando, parece rápido. – João começa a pintar primeiro
uma base, e protege as esculturas, ele marca os pontos do piso e
olha para o sistema de luz, e começa a por os pontos para destaque,
e com o fundo secando a base cinza que pintaria sobre, após lixar,
faz o pessoal ficar atento, João olha a estrutura, a câmera pegava
um pouco mais de duas divisões, ele começa a fazer a divisão lateral
e fixar os painéis, e põem fibra no piso e nas pernas de dois seres na
parte dois, chega ao comando e amplia a parte para fora, naquele
ponto e quem via pela câmera, viu que o piso se ampliou, ele confe-
re os fios, os cabos, coloca o gerador, a entrada de combustível, o
sistema de fios isolado, e após isto, começa a por a fibra para fora,
ele sorri da evolução, teria de secar, e para não deixar as pessoas
sem nada, começa a fazer a estrutura do segundo ser daquele pon-
to, ali era um negro e uma índia, então obvio que mesmo apenas
em estrutura, alguns sites tiraram a pagina da transmissão, mas
outros vieram, e a media de 3 milhões de pessoas naquela câmera a
mais de 4 horas, chama a atenção de mais gente.
Quando ele põem o tecido de metal sobre a indígena, e de-
pois um tecido cor de pele, sobre o corpo, uma cabeça de indígena,
e ergueu os dois, viu Cauê olhar da porta.
— Vai ficar até quando?
— Estou pensando em terminar dois blocos da parte baixa,
são 10 bloco embaixo e 3 superiores, lembra que disse que ficaria
pronto?
— Mas não precisa ser esta noite.
219
— Sei disto, mas quando começo, vou a frente.
João termina a moça, o rosto, testa os movimentos, testa o
virar do corpo e abraçar a escultura ao lado, deu tempo da pintura
ao fundo secar e começa a pintar entre a cor terra e a mais amare-
lado nas madeiras atravessadas, ele olha o efeito e vai a frente e
pega 3 candeeiro, e coloca a frente, os liga e o que era algo ficando
escuro, agora iluminada os dois, pinta o teto e põem os LED superi-
ores e os liga.
João faz a base na parte ao lado e pinta com o básico, deixa
erguido, mas apaga, olha, sorri e vai para casa, próximo das 3 da
manha.

220
Quando amanhece o dia 7,
muitos esperavam a volta do ví-
deo, com sistemas de retorno,
João vai ao barracão perto das 9
da manha, olha para o carro e
pede ajuda e manobra ele um
pouco mais para frente, e isto
dava quase a visão de 3 divisões
na câmera, ele olha as esculturas e outras duas divisões, olha o piso
a volta e pega a lixadeira e faz um pouco de poeira, depois alisa
bem, e por fim, passa a primeira camada cor de terra na parte baixa
daquele lado, terra em tinta metalizada e automobilística, com mui-
to brilho, faz o lado que não se via pela câmera.
Na Globo um grupo de diretores se reúne e um fala.
— Sabe que vão falar que estamos dando cobertura exclusiva
a esta escola.
— Eles se propuseram, e garanto Boni, se tivesse falado desta
possibilidade o ano passado, teríamos feito já na Beija-Flor, lembro
de entrar na discussão e ninguém apoiou, juro que algumas sema-
nas, pensava ser algo a fundo perdido, mas os rapazes voltaram a
ativa, e o mundo novamente põem 4 milhões de usuários naquela
câmera, e o que está atraindo não é a imagem, ela está lá desde
antes no Natal, mas um rapaz, resolveu mostrar ao mundo como se
monta uma parte do carro.
— E os números?
— Assustadores, quando o vídeo parou, pois o rapaz foi dor-
mir, começaram a reprisar o dia, e o que era para ser um momento
de paz, parece que serviu aos criadores de conteúdo, fazerem per-
guntas sobre o que era o carro.
— E acha que o interesse se mantem?
— Estava vendo o vídeo, o rapaz fala para Cauê, o carnavales-
co, que tinham 13 blocos daqueles a fazer, se pensar na velocidade,
pode parecer rápido, mas ele termina encima do carnaval.
— E como está hoje cedo?
221
— Gente comentando na pagina, em pelo menos 12 idiomas,
mas obvio que a torcida da Imperatriz entrou em campo, e isto faz
muitos olharem aquilo, e surge a pergunta de ontem, que foi res-
pondida hoje cedo, quem é o rapaz.
— Alguém conhecido?
— Desconhecido na imagem, mas aquele é João Mayer que
todos falam do estilo, hoje ele está pintando toda parte baixa do
carro, todos os lados, na cor terra, o que ontem eram paredes de
fibra, olhando hoje, parecem paredes de terra e madeira, e ele co-
meçou a pouco a fazer novamente, dizem que ele trabalha perto de
16 horas por dia, ontem ele apenas começou a tarde, mas hoje vejo
conteúdos baseados em nossa câmera, reproduzindo, gente falando
do carnaval local, das técnicas, da parte cultural e artística do pro-
cesso.
— Qual a abrangência?
— 22 parceiras externas querendo fazer reportagem sobre o
assunto, e ainda não sei como fazer.
— Sabe que deve ser passageiro.
— Sim, tudo neste mundo está muito passageiro, mas com
certeza, lembro que o ano passado após o desfile técnico da Beija-
Flor, proposto por aquele dali, quietinho ao canto, os ingressos su-
miram, agora ele novamente ali, e novamente todos se perguntam
quando vai ser o desfile que ele está por traz, agora de Imperatriz.
O pessoal começa a discutir a parte marketing enquanto ou-
tros começavam a desenvolver conteúdos que pudessem ser soma-
dos naquela pagina.
Luiz estava saindo de uma reunião e Romarinho o cerca e fa-
la.
— Não acha que estamos mostrando de mais?
— De mais? Não tem como eles verem de mais.
— Eu não gosto do rapaz, sabe disto.
— Então se mexe, faz algo, ele é um desconhecido, que trans-
forma ideias que parecem bobas, em coisas encantadoras, ele não
projeta, ele executa, sabe disto.
— E o que é aquele carro.
Luiz olha para o senhor, sorri e fala.
— Vai pesquisar o que é nosso enredo Romarinho.
222
— Não parece fazer sentido.
— Miscigenação é o que para você Romarinho?
— Mas ali tem negros com índios.
Luiz olha descrente e fala.
— Volta para a escola, pois o problema ai é ignorância Roma-
rinho, pensei que era contra o rapaz, na verdade é contra sua cultu-
ra que a obra está batendo, obras primas desmontáveis, é o que ele
está fazendo.
Luiz olha a sequencia de coisas que estavam em andamento
no barracão e pensa o quanto um único ser fazia de diferença.
Em frente Roberto olha Franco e fala.
— Entendeu a ideia?
— Sim, eles querem chamar atenção para o desfile deles,
quem não vê, muitas vezes vê na internet depois e vem falar mal,
eles querem gente olhando na hora, e pelo jeito, no mundo.
— Ontem olhando o rapaz montar uma escultura daquelas
até parece fácil.
— Técnicas que ele domina, e executa, não é questão de dizer
que alguém domina, ele mostra como fácil, algo que os demais vão
demorar dias olhando para entender o quanto de preparo requer
aquilo, experiência com ferro, com fibra, com tecidos maleáveis,
hidráulicos, elétrica, sistemas de movimentação rápida, de estrutu-
ras musculares de face, braços e mãos, tudo em uma cena que pa-
rece apenas mais uma, isto que deixou todos olhando, pois a coisa
se materializou, e quando este João se mexe, todos olham, mas
repara, ele consegue ser quase invisível, eles perguntam das técni-
cas usadas, dos projetos, dos materiais, eles olham ele como um
executor, mesmo ficando visível o tempo inteiro.
— Ele não chama para ele a atenção.
— Estranho, pois isto é que deixa todos inseguros, e ao mes-
mo tempo, não deveria, ele não chama a ele os brios, ele não faz
nada correndo, quem vê um vídeo de horas, é execução atrás de
execução, apenas sabendo a sequencia, e novamente, estruturas
que fazem todos olharem.
— Acha que Sergio consegue organizar.
— O que ele está mostrando Roberto, o rapaz deixou tudo
encaminhado, a engenharia, a eletrônica, a ferragem, a estrutura
223
pesada, se tínhamos alguém que não estava usando, era problema
de termos dado espaço demais para o rapaz, e ele não querer usar,
não sei se por medo, ou porque era a parte do outro.
— Até agora não entendi o que Zanon queria com o atentado,
e isto me deixa sempre olhando para o lado, pois ele não fazia nada
e ao mesmo tempo, quando demos estrutura para algo começar a
andar, vem aquele atentado.
— Ele nega, diz que o rapaz está mentido, o delegado está
dando corda para ele se enforcar, mas não sei o que ele queria
também Roberto, parece mesmo algo contra nós, não contra quem
nem está ai mais.
— Ou usando ele para nos atacar e usar ele como culpado,
mas nitidamente, nós como objetivo.
João olha para a parte alta do carro e começa a colocar nos
11 metros, era o limite que ele conseguiria ali, mas ele deixar a es-
trutura alta, e começar a passar o verniz ao fundo, estabelecia que
ele estava no acabamento.
Ele olha para cada local daquele carro, ele acelerou mais 3 de-
les, somando no fim daquele dia, 6 divisões com acabamento, era
perto das 6 da tarde, quando chega as peças do fundo, feitas em
isopor, ele fixa as partes e prepara a fibra, era a forma dele fazer,
muitos estranhavam isto, mas ele coloca sobre as esculturas fibra, e
as dispõem ao canto, seriam 12 horas para voltar a mexer nela, pe-
ga as peças injetadas em plástico verde, eram esverdeadas, tinha
perto de um metro de altura, senta a frente da alegoria e começa a
dispor dos LED na parte interna, deixando dois fios pequenos na
parte de baixo e dois na parte de cima, ele faz isto em algumas e na
divisão, o que separava um parte da outra, tinha uma parede de
ligação, ele dispõem do primeiro acabamento, era verde, na forma
de um DNA com suas ligações, coloca a primeira, prende ao contro-
lador de luz, e este a bateria ao fundo, prende o segundo, o tercei-
ro, e foi ampliando para cima, ajeita os andares superiores, e enco-
lhe, vendo se existiria a pressão, viu dois deles estourarem, o baru-
lho fez muitos olharem, João sorriu, ergue novamente, verifica a
canaleta que o enfeite deveria ter entrado, viu que dois deles esta-
vam obstruídos, ele pega uma serrinha e tira a parte que estava
atrapalhando e prende novos acabamentos, encolhe novamente e
224
olha para os encaixes após subir novamente, corretos, prende os
fios nos pontos de folga, e deixa estes soltos em um ponto isolado,
ele faz a segunda parte, e desce para 4 metros o carro, pega dois
candeeiros proporcionais as esculturas, prende ao teto, põem as
iluminações internas, testa o acender, ergue de novo e verifica as
canaletas antes de fixar a segunda ligação, prende a terceira, mas
ao lado eram lampiões, novamente imensos lampiões, nos campos
dos pampas, as fogueiras, e olha aquelas duas esculturas que havi-
am colocado ali, pintadas, os cavalos, alguns diziam que ele estraga-
va a criação dos demais, mas sabia que aqueles cavalos, tinham seus
espaços, e eles não poderiam ir a avenida com 8 de altura, então
eles com calma, faz as armações de ferro e coloca aos poucos no
interior das esculturas, nas 4 patas, dos 3 cavalos, e coloca um sis-
tema hidráulico que os deitaria, olhando assim, parecia não fazer
sentido, mas após isto fez o acabamento de mais uma ligação, fez o
acabamento onde iriam as esculturas, vindo das costas, do lado
direito e do esquerdo.
João testa o hidráulico e desce e abaixa-se por baixo do carro,
chega ao comando de baterias, prende os fios, liga ao gerador e
volta a ponta, pega os apoios para quem dançaria a volta, destaca
aquela parte do carro para seu lado, ganhando ali 2 metros naquela
pequena extensão de 10 metros, ele começa a puxar os fios nos
pontos que iriam os apoiadores, feitos de plástico e com LED inter-
no e prende cada um deles, quando ele baixa tudo, e aciona os sis-
temas, quem estava em casa, viu o carro ir de 4 para 10 metros e
começar a acender, o piso mesmo na cor de terra, brilhoso, as lumi-
nárias dando as especificações, as junções, acendem e João olha o
caro, Cauê chega ao lado e fala.
— Está era a ideia?
— Acha que vai dar impacto?
— João, quem dera as pessoas criassem a mente e executas-
sem como você faz, está quase terminando um lado.
—A parte baixa, quer dizer.
— Verdade, a parte baixa, mas está ficando lindo, os pontos
em verde a volta, brilhosos, dá um destaque que todos a volta ficam
olhando.
— Lembra da pergunta que me fez, se ficaria pronto?
225
— Se tivesse gente como você, em todas as escolas, o carna-
val iria mais longe.
— Ou pararia nos custos, mas agora preciso que parte seque,
não consigo pintar as esculturas que ficaram prontas, e tenho de
pensar no impacto do todo, não desta parte apenas.
— E qual a ideia.
— Eu não sei fazer uma escultura daquelas em uma tarde,
com tamanhos detalhes, mas se eu jogo fibra sobre ela, eu consigo
fazer um molde, e todos me perguntam, porque um molde, porque
eu quero um efeito que está a minha cabeça, as vezes não fica legal,
mas não quer dizer que não vou tentar.
— E pediu 20 esculturas para isto.
— Pensa na tensão de quem fez aqueles cavalos, sabendo
que eles vão deitar e se erguer.
— Estamos no lado que nos permite erguer antes.
— Estamos no lado que tem aquelas arvores que sempre en-
gatam carros.
Cauê sorriu e fala.
— Os desafios do Rio o transformam na melhor.
— Deixar claro Cauê, que eu vou montar inteiro, mas assim
que terminar os acabamentos que podem quebrar, com as luzes,
vou guardar, para remontar quando for a hora.
— Quando falam que você trabalha pelo resultado, muitos
duvidam.
João sorriu, olha os cavalos, aciona o deitar, o encolher do
carro e quando ele está com pouco mais de 3 metros, ele sobe na
estrutura e começa a fazer sinal para os rapazes, e eles foram pas-
sando partes para cima, armações, e ele as foi soldando, e colocan-
do os hidráulicos, começa a olhar em volta e olha para Cauê.
— Esta coisa de cada coisa ter seu lugar, é quando se chega
ao andar superior que se repara se existe o espaço.
— Acha que existe?
— A parede que estamos montando, entra inteira dentro da
baixa, mas temos de ter espaços para as esculturas, elas podem
parecer atravessar, mas elas não podem ocupar o espaço interno.
— Por isto dos moldes?

226
— Não, é que eu quero a sensação de seres saindo das pare-
des, o quadro ao centro, uma mensagem, mas a toda volta, vão
existir pessoas saindo das paredes, eu peço para eles fazerem 20
esculturas, e transformo em 200 em uma tarde.
— E eles nem imaginam.
— Se eu falar para o presidente que quero por mais 200 es-
culturas neste carro, o que ele falaria?
— Que é maluquice.
— Vamos ver em 3 dias se é maluquice.
— Todas em fibra de vidro?
— Firmes, que se possa prender em uma parede, que sobe e
desce, o que quer dizer, se eu colocar em posições diferentes, elas
não ocupam mais do que um metro de altura, mesmo dispondo elas
em varias paredes, então o que você olha ali, não é o que virá para
cá, mas isto, alguém já deveria ter imaginado.
— Ver que deixou locais para solda, e luz, não é entender o
problema.
— Vamos ver se minha loucura se supera a cada carro.
João começa a por as armações superiores, o piso tinha um
metro de largura, o que dava a diferença, mas o principal, ocultada
toda a estrutura que subiria, dando a sensação de algo bem solido.
Ele termina de por os básicos e começa a soldar aquela estru-
tura imensa, alguns ajudavam na parte do fundo, se alguém duvida-
va que aquilo era grande, agora olhando abaixado, via eles soldando
a todo chão aquela grade, quando perto da uma da manha, o pes-
soal começa a sair, ele começa a por a fibra de vidro em toda parte
alta, se uma hora parecia uma soma de grades, na outra, uma linha
imensa de fibra de vidro.
João termina, lava as mãos, pede uma pizza, come com os
que ainda estavam lá e vai para casa.

227
A Globo olha que ouve que-
da no assistir do vídeo, mas ti-
nham pessoas ainda bem acima
de qualquer outra que eles ti-
nham, pois os números mostra-
vam pessoas olhando aquilo no
mundo inteiro, como se fosse um
curso online que estavam acom-
panhando.
João parecia meio cansado, olha para o espelho, sorri, estava
acabado, faz a barba, olha para o corpo, raspa o braço como fazia a
cada 3 dias, pois alguns lugares crescia pelo, outros parecia que
ainda estavam estranhos, então ficava estranho não os raspar.
Ele sai no sentido dos barracões da Santo Cristo, olha como
estavam os demais carros, viu que teria de isolar parte, confirma
com Marcos se precisava de algo, passa um recado para a menina
perguntado como estavam as entregas, liga para alguns e quando
chega a Cidade do Samba, estava lá a frente Roberto ao lado de
Luiz, os cumprimenta e entra, Cauê olha ele com aquela cara de não
entendi, ele olha o carro e sorri.
João saiu as 2 da manha, ele pensou em deixar 12 horas, o
material secar, mas alguém tinha mexido na altura, e uma placa
tinha se soltado, ele pergunta para Cauê se poderia ajudar a por
para fora um pouco, eles ajudaram a empurrar para fora, e João
ergue o carro, se viu a placa fazer barulho, hidráulico contra fibra de
vidro, e rasgar, ele entra e tira os restos da mesma, desce tudo de
novo e devolve para dentro, e Cauê pergunta.
— O que aconteceu.
— Era para ficar na posição até eu chegar, não estava seco,
alguém mexeu, e aquilo que não deveria acontecer, acontece, uma
placa que deveria ter milhares de motivos para colar, usa a cola
como sabão e depois de escorrer um pouco, lembra que estava ali
para colar e para onde não deveria, mas se tivesse vindo as 6, ape-

228
nas a tiraria, mas ela seca no intervalo, teria de tirar toda aquela
parte para conseguir.
— Sabe que eles não gostam de mostrar as coisas.
— Estamos ensinando ao mundo como fazemos, que olhem.
Cauê viu João descer a parte alta, subiu lá, pegou uma jatea-
dora, mas jateou massa de carro, fina suficiente a fazer uma camada
inteira a toda base, quando ele terminou de fazer isto, ele desce,
solta cada um dos modelos, faz um modelo de ferragem, põem os
pontos do tecido metálico, e cobre aquilo, começa a por fibra de
vidro, o que era um chão com espaço, começa a ter a cada 12 minu-
tos uma replica um pouco diferente do que fora o original, todos
olhavam sem entender, era onde todos se perguntavam, onde iria
tudo isto, a imagem daquilo se somando, as dezenas, fez gente
olhar se perguntando onde, João estava com a parte alta, em fibra
coberta por massa de carro, ele pega uma escada e começa a esticar
bem as laterais, e os pontos onde conseguia, era dar o acabamento
a algo que quanto mais liso, maior o impacto. Mas era deixar espa-
ços alisados, e foi determinando linhas sutis, como se fossem as
ligações do piso, transformando a parte alta em um imenso piso de
pedras, Cauê sobe no terceiro piso e olha João a fazer aquilo e Luiz
para ao lado.
— Não entendi o que ele está fazendo. – Luiz.
— O piso da parte superior, ele primeiro colocou a estrutura,
agora ele vai dar a sensação de que é pedra, fica visível que não é,
mas ele está usando a massa que serve para alisar, para dar forma a
parte baixa, ele deixou os caminhos determinados para caminhar lá,
com madeira, então toda parte alta, ele vai ajeitar daquele jeito, ele
sabe que na primeira hora não conseguiria, agora ele tem 3 horas,
para dar forma, depois teria de raspar, mas dele não duvido que
fizesse.
— Porque ele tirou o carro?
— Ele colocou as placas da parte superior, se olhar, duas bem
acima, não estão lá, quando ergueram, não sei para que, duas delas
escorreram, como ele não veio pela manha e aquilo endureceu, ele
tinha de acionar o hidráulico para ver onde ela parou, usando
mesmo para tirar ele de onde não deveria.
— Os técnicos vieram ver se a câmera deste estava instalada.
229
— Acho que ainda sem energia.
— Eles ergueram pouco apenas para ter acesso, mas deve ter
sido o suficiente, mas pelo jeito ele não fica condenando ninguém.
— Ele refaz, é assustador a forma que ele encara presidente,
ele não para analisando se pode, ele sabe o que quer, e como ele
disse ontem, eu duvidei, ele pegaria 20 esculturas, e faria copia de
todas elas, ele quer as 20 para cada parte, então se pedisse, todos
diriam, é caro demais, então ele fez.
— E pelo jeito ele não discute besteiras, tem quantos painéis
ainda em execução?
— Não sei, mas os painéis deste, estão todos ai, a parte alta,
ele parece estabelecer em estrutura de hidráulicos, mas nem eu sei
o todo, ele muda de ideia e vai ampliando.
— Aquela câmera, põem muitos nos olhando.
— Nem estou olhando, mas Silvinha acertou o bailado da co-
missão de frente ontem a noite, diz que vai ser apertado o ensaio
para estar tudo em total sincronia.
— E todos os demais carros?
— O dos grupos típicos, estão ensaiando desde ontem, é um
típico, mas em samba.
— Certo, gente da comunidade?
— Sim, queremos gente cantando.
— Algo mais?
— Os carros se erguem aos poucos, mas acho que ele está
querendo evoluir este, para terminar o 6.
— Vi ontem que o que pensava sobre este carro era apenas a
minha impressão, pois vi as luzes, os detalhes, e agora vamos ao
segundo piso.
— É um carro falando de misturas, mas eu ainda não entendi
o todo ele presidente, mas o que ele me falou ontem é que se falas-
se, preciso de mais 200 esculturas neste carro, iriamos falar que não
teria como.
O presidente olha ao chão e sorri.
— E o que os demais demoram 4 dias para fazer, ele sozinho,
cria copias.
— É criação, mas em uma proporção assustadora.

230
— Ele pelo que vi, soma algo todo dia no carro, algo que entra
em quantidades imensas, e faz o mesmo no dia seguinte, e seguin-
te, e olhando, quando ele põem, some no carro.
— Isto, a ideia de carros gigantescos, gera isto presidente.
— Ele me assusta com estas ideias, mas ele sabe o que está
fazendo, está é a diferença.
João faz toda parte alta e começa a repor placa que caiu, ele
precisou prender ela em outras, e era o local onde não estava pin-
tado.
Ele desce e olha o carro, entra no sistema interno e levanta
apenas um pouco.
Olha os cabos internos e limpa bem o meio, onde a placa ha-
via caído, não queria deixar vestígios daquilo ali.
Após isto, começa a montar no chão, sobre um hidráulico,
pedaço a pedaço do que iria sobre o carro, em arame, ajeita e no
fim daquela madrugada, estava com três estatuas sem forma, sendo
cobertas por aquele tecido de aço, soldado, dando a estrutura das
mesmas, ele as ergue e sorri da ideia, pois ali estava um ser branco
e de identificava isto facilmente a frente, a senhorinha ao fundo, a
escrava e a indígena ao fundo gravidas, cada um em um canto, e
todos na parte alta, com brancos.
Cauê na parte alta fala.
— Canso de ver ele trabalhar.
A moça ao lado sorri e fala.
— Quando se fala em estilo, não falaram em incansável.
Cauê olha a moça e fala.
— As vezes ele colhe isto, as pessoa preferem as que estão
cheirosas, as que tem mãos delicadas, que não estão suadas, então
quando se fala dele, não se fala do rapaz na imagem, e sim de al-
guém que ninguém conhece.
— Ele parece sozinho.
— Ele garanto que é sozinho por escolha, muita gente se sou-
besse o que aquele rapaz sobre o carro tem, estariam se atirando.
— E ele não dá espaço?
— Ele parece temer algo, e sei que aquele Moreira, matou
sua ex e sua filha, então ele teme aproximar as pessoas.
— E ele vai até que horas?
231
— Ontem ele parou as 3 da manha, ainda falta uma hora.
— E pelo jeito ele faz todos acelerarem.
— A diferença é que ele sabe o que quer fazer, ele faz um car-
ro pensando no próximo, isso que é o perigo nele.
João olha as esculturas, começa a fazer a mistura da fibra de
vidro e começa a por na parte baixa, nos braços, nas costas, dando
estrutura onde iria ficar firme, e olhando as esculturas, agora todas
começavam a ganhar corpo, João olha para o rapaz ao terminar e
fala.
— Pede umas pizzas.
— O sinal que todos sempre esperam.
João sorriu e Cauê olha a neta de Luiz ao lado e fala.
— Ele agora para um pouco, hora da pizza.
A moça olha em volta e fala.
— E o que era o carro mais no básico, agora 3 dias depois, es-
tá alcançando todos.
João olha para o rapaz do controle e fala.
— Vamos mudar um pouco as posições, pois amanha come-
çamos a mostrar parte e omitir parte.
Era madrugada, eles abrem a porta da frente e colocam dois
carros para fora, e estacionam o que João construía ao canto e
põem na posição principal o carro 6.
Cauê viu a menina olhar e perguntar.
— Ele vai esconder parte agora?
— Ele tem de fazer a surpresa, todos achando que sabem o
que terá ali, e na verdade, quase nada sabem.
— E pelo jeito encanta os demais.
— Ele estava maluco para pegar no carro 6 novamente, algo
que está apenas nas estruturas.
— Por quê? – A moça.
— Ele tem aquele rosto que colocou para o fundo, para não
se ver, e mudou toda a ideia deste carro.
João come a pizza, toma um refrigerante e olha para o carro.

232
Um novo dia e João mal pa-
rou em casa, a pequenas marato-
na antes de chegar a cidade do
samba, estabelece o sair do barra-
cão dois com dois caminhões de
coisas, que iriam para o carro que
ele começaria a montar naquele
dia.
Quando eles estacionam
para dentro e começam a descer o
material, obvio que alguns foram a internet, ela dava a posição in-
terna, e isto parecia ainda inimaginável, mas as bases de uma gran-
de arvore começam a entrar, Joao desce todas as estruturas laterais
para ficarem abaixadas, e começa a por a estrutura do hidráulico
nas duas divisas, quando ele coloca o primeiro tronco, e começa a
por os demais, alguns viram que ali seria uma imensa arvore, ele
olha os pontos e o que não se via, a diferenças de luz, ele entrou e
colocou os cabos, a energia e começa a montar toda a estrutura, ela
veio para ser montada, e se esticava para os dois lados, como se
entrasse nas paredes a frente e ao fundo, e se espalhava para os
lados.
Quando no começo pareceu apenas uma montagem, alguns
estranharam não ser mais o mesmo carro, mas João não recebera a
oferta que queria da Globo, então se era para manter os mesmos
recebíveis, ele não forçaria muito, ele começa a erguer, e obvio,
quando passa dos 10 metros, ele recolhe os sistema a cada trecho a
mais.
Ele coloca a primeira arvore, a segunda, e ergue as estruturas
a 10 metros, e na parte interna começam a entrar os painéis, que
davam a cidade luxuosa e logo a seguir, as grades, e após isto, onde
se erguia a estrutura ele começa a por ferragem na forma de raiz,
para todos os lados.
O que era uma armação, começa a ganhar profundidade, os
rapazes começam a pintar os painéis internos, e João começa a criar
o tronco a toda volta, acima, e Luiz olha para o carro e fala.
233
— Ele pelo jeito quer acelerar um pouco.
— Ele vai neste ate a fibra hoje, dai ele tem 12 horas a espe-
rar, então ele tende a criar o em volta e no fim do dia voltar ao car-
ro ao fundo.
— Não lembro destas arvores.
— Elas não existiam.
— E não param de por mais coisas?
Cauê não discutiu, viu João sair para o almoço, e aproveitou
para conversar com ele.
— Agora vai deixar todos tensos?
— O que houve no ensaio Cauê?
— Silvinha não me falou, mas parece que queria isolamento
para ensaiar.
— Ela sabe das regras?
— Sabe.
— Pois lá só tem segurança, e que não olham, estranho, ela
acha que está escondendo de quem?
— De você, de quem mais.
— Se é para me fazer olhar, ela vai conseguir.
Cauê sorri e pergunta.
— Mas ela gerou algum problema?
— Empurraram o carro Sexo contra o portão da Santo Cristo,
parece que eles conseguiram danificar o portão, e parte da pintura.
— Tenho de verificar, aquele carro parece importante.
— Eles não veem o carro, está encolhido, mas não entendi
porque empurrar algo que não estava na reta deles.
— E não quer se envolver.
— Explica para a mocinha, que aquele lugar, é meu Cauê, ela
pode não gostar de mim, mas respeite os demais trabalhadores,
pois aquilo vai dar mais de 12 horas de trabalho extra, vai custar
uma porta de 7 mil reais, não é para nos gerar mais custos que fi-
zemos aquilo.
— Vou verificar, mas olho, sei que não gosta de refazer as
coisas.
— A pintura para chegar a mesma cor, é difícil, ainda mais al-
go na proporção do que fazemos Cauê, pois preparamos quantida-

234
des imensas, então odiaria ter de pintar toda parte de baixo daque-
le carro de novo, por uma batida traseira, mas se precisar, faço.
— Certo, verifico.
João enquanto os rapazes soldam as grades na estrutura que
ele soldara, começa a lixar as esculturas em fibra, na parte interna
delas ele coloca as luzes em cada uma das esculturas, e começa a
por no carro agora ao fundo, faz sinal para os rapazes colocarem
sobre a estrutura as coroas de cromossomos esverdeada, nos dois
pontos altos da estrutura, ficava na imagem ao fundo.
Cauê vai ao segundo barracão e olha para o estrado na porta,
entra e olha que empurraram um carro naquele sentido para por ali
os equipamentos de ginastica, tento espaço no outro lado, fez sinal
para os rapazes mudarem e sabia que naquele horário não teria
ninguém para lhe dar uma posição, mas ele volta o carro ao lugar, e
põem travas nas rodas, eles estavam com no ponto morto para
facilitar, e não forçar as marchas, ele coordena o trocar das divisões
amassadas da porta e olha para o estrago do carro e pensa na mer-
da que algo assim poderia gerar.
Cauê não queria discutir, mas teve de chamar Luiz que olha o
estrago e viu que algo assim não teria como fazerem sem verem
que fizeram merda, pior.
Cauê estava tenso em ter de falar com a moça e olha o segu-
rança ao fundo parar ao lado e resolve perguntar.
— Viu quando aconteceu?
— Sim, quando o pessoal daquele Romarinho, veio por o ma-
terial de ginastica, como estava com espaço sobrando, não ligamos,
só fomos para a região quando ouvimos o barulho, eles tinham co-
locado os equipamento e estavam empurrando o carro, e só para-
ram porque o portão segurou o carro.
Luiz olha para o segurança e pergunta incrédulo.
— Foi antes de Silvinha chegar?
— Sim.
Luiz olha para Cauê e fala.
— Apenas alerta ela que mudaram o lugar dos equipamentos,
se perguntarem porque, os banheiros ficam para aquele lado, mas
se temos alguém querendo encrenca, sabe o pé que ele pode pisar
para sentir-se quem manda de novo.
235
Cauê entendeu, era apenas birra de carnavalesco que se
achava acima da lei, das pessoas, mas no discurso, gente de bem.
Luiz retorna a cidade do samba e olha Romarinho ao fundo,
dando ordens, e para ao lado e pergunta.
— Qual a urgência disto Romarinho?
— Organizar as coisas.
— Espero a transferência dos 74 mil reais que danificou na
outra sede, ainda hoje na minha conta Romarinho, e rapazes, Ro-
marinho é fantasia e estrutura de desfile, barracão, nada.
— Mas ele quer espaço para ensaiar parte do pessoal aqui. –
Um dos rapazes.
— Aqui não é lugar de ensaio.
Romarinho olha para Luiz e fala.
— Vai acreditar neste dai?
— Ele nem sabe ainda que você, e estes dai, danificaram um
pintura de 12 mil reais, mais fibra e coisas assim, espero o dinheiro
ainda hoje, ou Romarinho, vou ter de pedir a saída sua, e explicar
que é birra, para os demais.
— Não tem com provar que fui eu.
— Tenho, lá é tudo gravado, e se danificou um carro proposi-
talmente, e veio aqui tentar em outro, a pergunta, para quem vocês
trabalham?
Luiz olha o segurança ao fundo e fala.
— Estes não tem autorização alguma aqui dentro – olha Ro-
marinho e fala – se não depositar, pego a empilhadeira e jogo seu
carinho no porto, se tá sobrando, quem sabe acorde, estamos em
janeiro, lembra disto, carnaval em fevereiro.
Luiz pega o telefone e disca para Cauê, e fala.
— Quando falar com Silvinha, pergunta se ela quer fazer par-
te, não esquece, foi indicada por Romarinho, se ela não quiser,
achamos quem faça.
Romarinho olha para Luiz que sobe, vendo isto volta a dar or-
dens, e o segurança o ignora, ele vai a outro, a ordem de não obe-
decer, fez ele fazer sinal para os 6 rapazes empurrarem o carro 3, e
o movimento pega João sobre a estrutura, e ele perde o equilíbrio e
todos ouvem o tombar ao fundo, Luiz olha para baixo e vê o rapaz
cair e olha para o segurança e grita.
236
— Detêm estes rapazes e chama a ambulância e a policia.
Luiz desce e olha para Romarinho e fala.
— Agora passou dos limites, vai responder por tentativa de
assassinato Romarinho.
—Eu não...
— Quem deu ordem de mexer nos carros com gente traba-
lhando, eu nem terminei de subir a escada, e pode ter certeza, vou
cobrar de você cada centavo que desviou, pois isto é comportamen-
to de quem desviou o dinheiro.
João estava soldando a base da parte alta de uma das estatu-
as, ele primeiro acha que estava cansado, mas viu que a escada que
estava sento empurrada, ele sente ela pender para trás, segura nela
e ela inverte e acerta o carro 3 ao fundo. Ele escorre pela lateral e
todos a volta vendo o carro vindo seguram ele para não bater um
no outro.
Romarinho tenta sair pelo fundo e o segurança o segura e fa-
la.
— Se tinha urgência em empurrar agora não tem pressa de
sair senhor.
— Não pode me deter.
— Quer que Luiz lhe ache em casa, vai ser pior senhor.
Os demais seguranças viram a manobra, Romarinho foi pego
dando ordens para empurrar pela câmera, e todos viram o tender
para trás de alguém, não viam quem, mas a queda havia sido alta.
Luiz olha para João sentado ao fundo e fala.
— Está bem?
João olha o rosto, sentiu a pancada e fala.
— Ainda não sei, mas nada grave.
Luiz olha o rosto e fala.
— Vamos ver direito, as vezes esquecemos que temos gente
que parece fazer de tudo para atrapalhar.
— Não entendi nada. – João meio tonto, ele nem lembra co-
mo veio parar embaixo, foi muito rápido.
A ambulância chega e o rapaz viu que o rapaz estava bem, e
quando João levanta, o medico viu que o rapaz não tinha sofrido,
mas estava ainda meio sem direção, ele vai ao banheiro e olha o
rosto raspado e sorri sem graça, ele lava o rosto e apenas sente a
237
energia interna, a imagem bem lenta dele caindo, raspando e os
seres dentro dele segurando com tudo em todos os lados e mesmo
assim, cai ao chão, mas bem mais leve.
João olha para as mãos e pensa em comer algo.
Romarinho estava sentado na parte alta e viu quando Silvinha
chega e olha para Luiz.
— Eu não faço mais parte da comissão de frente, se vão acu-
sar Romarinho de tudo que acontece errado, eu não faço parte.
— Sem problemas moça, ele lhe indicou, e pelo que entendi,
não tem formação para o que precisa, mas – Luiz olha para Romari-
nho, sentando a frente – queria saber o que você ganha sabotando
nosso carnaval Romário, crescemos juntos nesta escola, eu escolhi
você para a minha chapa atual, a pergunta, por quê?
— Você colocou desconhecidos.
— Sabota a escola porque não gosta de quem está trabalhan-
do, fala sério?
— Quem sabe você quando ele deixar a escola, nos ouça.
— O que quero é vocês falando, participando, mas não é o
que está acontecendo, e não entendo, porque sacanear com o ra-
paz, isto que não entendo.
— Ele detonou com Moreira, ele era um apoio ao carnaval da
cidade, ele investia em muitas escolas.
Luiz ainda esperava algo real, isto era desculpa.
— Ele é uma anomalia.
— Sim, ele é um sobrevivente ao animal do Moreira, então
ainda não é o motivo, e se não falar, agora, não vai mais entrar na
minha escola de samba Romário, pois gente que faz coisas impen-
sadas para detonar um carro, depois força os rapazes a mexer em
um carro no sentido oposto as escadas que estão soldando lá enci-
ma, é gente que quer matar alguém, e se está querendo fazer o
trabalho do amigo animal, não será aqui dentro.
Luiz olha para a moça e fala.
— E se quer pular fora do que lhe jogaria nos grandes nomes
de coreografia, não posso fazer nada, pois sabe a merda que seu
amigo está fazendo, e cumplices de tentativa de assassinato, não
quero dentro da minha escola.

238
A moça que estava firme, viu que era algo sem volta, Romari-
nho se levanta e fala.
— Acha que vou deixar barato.
— Se foi uma ameaça, acho que esqueceu com quem está fa-
lando Romário.
O senhor saiu e a moça saiu junto, os rapazes dele saem e Lu-
iz pede uma reunião e anuncia a saída de Romarinho, por motivos
financeiros e pessoais.
Luiz não sabia se João estava mesmo bem, mas viu ele termi-
nar de fixar o que estava fazendo.
Cauê chega ao local e soube que Silvinha pulou fora, antes
mesmo deles conversarem.
João sobre o carro era a única coisas que aparentava no lugar,
todos olhavam assustados, e quando João prende a ultima das 200
esculturas, ele liga o carro e Luiz de cima viu o carro brilhar, e viu as
esculturas altas, todas colocadas, e a luz ao fundo, e as duas coroas
verdes girando ao topo, e ouve sua filha ao lado.
— Este não para nem caindo do carro.
— Ele parece ter metas, e teme não as fazer, então acelera,
ainda faltam muitos detalhes, mas se pensar que esta alegoria no
dia 25 de dezembro era outra, é uma senhora evolução, para hoje,
dia 9 de Janeiro.
— E que briga foi esta com Romarinho.
— Ele danificou um carro no outro barracão, vem para cá e
empurra um carro com gente encima, ele não é de atos impensados
filha, ele pretende algo.
— Ele voltou a jogar pai?
— Não sei, mas fala, não sacaneia com a escola.
— Sei que não gosta de traições, mas ele sempre foi da famí-
lia, releva pai.
— As vezes, temos de pensar na família, mas ele não estava
aqui pela família, e tudo pelo rapaz ali, não sei, muitos odeiam ele,
sem esforço algum, não entendo a carga que ele carrega, ele cria
com as mãos e organização carros assim, pois ele sabia que parte
estava sendo feita e não fica discutindo se dá ou não, apenas execu-
ta.

239
João sai e a moça chega ao lado do carro, olha as esculturas
saindo das paredes, Cauê chega ao lado e olha Luiz.
— Ele não quis ir ao médico.
— Ele não para senhor, mas se ontem parecia uma coisa, ho-
je, talvez tenha ficado mais dramático todos os quadros.
Luiz recua e olha para o mesmo e fala.
— Isto é obra de arte, se não me engano, aquelas que quando
levamos a Sapucaí, as pessoas se perguntam se temos mesmo de
desmontar ao fim.
A moça abraça o pai e fala.
— Pensa que todos que viram o carro a frente, pensam ter
entendido a ideia pai.
— Sim, quem via pode ter uma ideia, mas não o resultado, e
ele não estava escondendo nada, pois tudo que tinha ontem, tem
hoje, mas tem mais coisas ai.
Cauê olha o carro e fala.
— Tem ideia de quem por na comissão de frente?
— Não, vou falar com alguns, não sei o que falar, mas as ve-
zes as crianças param de fazer birra e começam a trabalhar.
O trio olha a segurança fechar e no outro barracão, Nuno olha
para as demais portas, talvez aquela câmera fosse a provocação,
mas João não parou na discussão, ele apenas saiu, mas dizerem que
ele não sabia fazer era algo impensável.
Ele olha os demais barracões pararem e vai para casa.

240
João acorda com dor, olha o
pé, sente ele inchado, mal conse-
gue encostar ao chão, olha para
fora e pensa em como se virar, ele
com dificuldade, põem uma rou-
pa, um chinelo e chama um taxi,
vai ao auto atendimento, paga
particular e era perto das 9 quan-
do ele sai com um pé enfaixado, e sorri.
Ele pega um taxi e vai a cidade do samba, ele entrar com o pé
enfaixado, estabelecia que ele teria de dar ordens, explicar, isto era
um dos desafios.
Cauê quando chega e vê o pé de João fala.
— As vezes tem de deixar de ser teimoso um pouco.
— Juro que não senti ele, mas hoje mal conseguia encostar
no chão, não quebrou, mas a luxação no dobrar no sentido que não
foi feito a dobrar, gerou uma luxação, nada que em 15 dias não
esteja bom de novo.
— E o que quer fazer no carro?
— Acha que consegue que o pessoal aplique massa com a ja-
tiadora e depois modele como uma arvore o carro inteiro.
— A parte de dar forma?
— Sim, técnica que desenvolvi por não ter como fazer de ou-
tra forma, técnica para um montador solitário de carros.
— Vou falar com o pessoal, mas pelo jeito terei de isolar o ao
lado.
— Verdade, acha que o carro ao fundo está seco?
— Sim.
— Recolhe ele a 4 metros e cobre antes, esta massa se for pa-
ra lá, vou ter de refazer.
— Faço, mas não entendi estas arvores.
— Como assim não entendeu?
— Tem toda uma estrutura que não entendi.

241
Sentado ao canto, João se levanta e pega o controle e desce a
parte baixa para recolhido, ele teria de testar de qualquer forma, e
com dificuldade de estar pulando em um pé, em uma tala que iria
ficar feia até o fim do dia, chega ao lado do carro, apoia o pê incha-
do, pega no protetor e sobe, caminha até o sistema interno e abre
uma portinha lateral, Cauê viu a estrutura subir e estranhou.
— Isto é a parte que a maioria não viu Cauê.
Cauê viu João subir aquela escada passo a passo, era 4 metros
de escada e entrar em uma espécie de parte interna, todos ouvem o
destravar de algo, e Cauê se afasta, não sabia se estava tudo bem,
mas olha duas laterais altas da arvore dianteira se abrirem em
olhos, e uma parte descer como uma boca, parte da copa se virar
para ele e olhar para ele, no comando, João olhava ele pelas câme-
ras internas, e todos no barracão olham aquela arvore sacudir os
galhos, como se fossem grandes braços, e os envergar para o lado
que estava olhando, Cauê olha aquilo assustado, pois era uma arvo-
re com movimentos, não apenas uma arvore.
A câmera mostrava aquilo ao mundo em primeira mão e João
olha para a câmera e sorri, quem estava na internet olha os lábios
da arvore sorrirem, focarem a câmera e erguer os braços.
Cauê olha para onde a arvore olhava, a câmera e sorri.
João volta o veiculo para a posição natural e começa a descer
com dificuldade.
— O problema é que não está pintada ainda Cauê.
— As vezes esquecemos que seus carros tem surpresas, e vo-
cê pensou em uma arvore viva de quantos metros.
— Ela lá fora tem 24 metros, mas ainda tem de ensaiar as
pessoas dentro.
— E tem visão para baixo?
— Sei que não foi a um destes o ano passado, mas depois so-
be lá, liga as câmeras e verifica, é a forma de funcionamento deste,
mas pela forma que está, que pelo jeito terei de repintar o carro.
— Silvinha pulou fora ontem, então precisamos de uma core-
ografa.
— Mantem a calma, as vezes eu não fico para discutir, mas
sei que Luiz deve ter ficado meio perdido.
— Sim, ele pensou em algo mais simples a resolver.
242
— Hoje vou descansar um pouco, enquanto vocês trabalham.
– João olhando para Cauê.
— Sei que não vamos conseguir fazer como você faria, mas
daremos nosso melhor.
João olha para fora e fala.
— Vou a distribuidora, preciso passar umas ordens hoje, e es-
tava no hospital no horário que ninguém me vê lá.
— Certo, acho que você mancando por ai eles param de falar
que você é intocável.
— Eles não sabem do que falam. – João tirando sarro.
Ele pede um taxi e sai no sentido da MD Distribuidora, entra e
olha aquela menina olhando os dados, ela sorri vendo ele entrar
mancando e fala.
— Quem manda não por sinto de segurança.
— Verdade, teria ficado pendurado lá como um boneco.
— Veio olhar os dados.
— Sim, mas consegue verificar porque Romário Pontes está
contra a própria escola, se tem algo que não vejo?
— Desconfia de algo?
— Não conheço, mas alguém que não está cercando os de-
mais, e sim a mim, as vezes é só entender o problema, pois as vezes
ele nem existe, mas alguém faz questão de dizer que sim.
— Certo, e este pé?
— Torção, quando medicou já desinchou, está enfaixado para
que não mexa muito, mas as vezes dói.
Micaela chega e estica a mão para ele, aquele toque pareceu
sumir com suas dores e ela fala.
— Tem de se cuidar João, é importante, eles não sabem o
quanto você é importante para mim, para o carnaval, para parte dos
portos, tem de se cuidar.
— Nem viram eu cair.
— Mas vimos o Romarinho insistir, em mandar empurrar, ele
sabia o que estava fazendo João.
— Ou no desespero, por isto preciso saber o problema.
Micaela olha ele serio e fala.
— Quando for fazer um carro, não capricha tanto, todos fi-
cam correndo para fazer melhor.
243
— Gostou? – João.
— Nem vi o resultado final do carro, mas sim, você sabe mon-
tar um carro como aquele, e o que todos querem saber, quanta
engenharia tem naquele carro, eu estava lendo alguns prospectos
de formação, mestrado, doutorado, que estudam as estruturas de
carros alegóricos, e todos ficam muito no básico, você elevou o nível
a um ponto que todos ficam obsoletos.
— Lembro de um que li, que falava quando precisava calcular
os pontos mais frágeis que os computadores não tinham capacidade
de o fazer, e fiquei pensando se era minha arrogância achar que
uma integral definida, para cada ponto calculava aquilo, então não
era questão de capacidade computacional, já que se eu consigo com
uma calculadora HP calcular, e nem sou engenheiro, para que iria
precisar de um computador?
— Eles falam em analise em movimento.
— Sim, mas se eu dispor da velocidade, da gravidade e senti-
do, eu tenho os valores máximos, vira uma integral indefinida ao
infinito, apenas muda a formula, e dai eu tendo os máximos, todo
resto, não me preocupa.
— Eles não usam tecnologia em seus carros, tem de relevar.
— Eu relevo, mas acho exagero dizer que eu elevei a outro ní-
vel, meu nível é básico.
— Acho que um dia vai entender que seu nível é diferente,
talvez a palavra diferente seja mais aplicável, mas referente a Ro-
marinho, verifico se o problema é real.
João senta-se, olha as planilhas e faz as confirmações de pa-
gamentos e de pedidos, e Micaela olha para ele.
— As vezes suas ideias parecem bobas, lembro que falei que
não era uma ideia muito boa, mas vai gerar somente com o carnaval
nacional, mais de 18 milhões de dólares em vendas.
— Tem de entender menina, que esta estrutura em parte é
sua, se quiser fazer algo para a escola do pai, fala.
— Eu não saberia criar algo assim.
— Não precisa criar, mas pergunta para Sergio se não precisa,
não esquece que muito foi fornecido o ano passado e ninguém nem
viu.

244
— E pelo jeito vai forçar falarem de carnaval, toda vez que
não tiverem assunto.
— Não entendi.
— O comentário a pouco, na internet, e tem muita gente as-
sistindo o inicio do dia, fala que teremos uma arvore quase viva
num dos carros de carnaval do carnavalesco Cauê da Imperatriz.
— Sim, tenho de olhar isto, estar dentro não é a mesma coisa.
— E não se preocupa em dar os méritos ao outro.
— Ele está ganhando para ser o carnavalesco, eu estou ga-
nhando para montar os carros, sei que o que faz muitos quererem
me parar é porque gasto demais, segundo eles.
— E você põem tudo na calculadora e ganha mais dinheiro.
— Eu quero sistemas de carnaval vendáveis, eu mostrei o ano
passado, ninguém se propôs a comprar, vou mostrar de novo, e de
novo, até alguém começar a comprar como regra.
— Meu pai achou caro.
— Caro foi sua festa de 15 anos, o resto foi detalhe.
Micaela sorri e fala.
— Eu mereci.
— Sim, mas tinha dinheiro para fazer do seu jeito e deixou o
papai gastar.
— E acha que chegamos a quanto em ganhos anuais se con-
seguir por a tecnologia nisto?
— Estou pensando, pois acho que podemos abrir um merca-
do, ofertei algo como o carro abre alas da Alegria, para o Rock in Rio
do ano que vem.
Micaela sorriu e fala.
— Vai querer ir além do carnaval.
— Sim, planos para teatro, shows, carnaval.
— E todo pensando no projeto pequeno.
— Pequeno como nossa empresa de criação de camarão.
— Certo, algo tão além do nosso mercado que temos basica-
mente um mercado interno, um externo e um exclusivo dentro do
mesmo mercado.
— Sim, e se nosso mercado é pequeno, é porque sou um, não
tenho porque montar algo para além de um mercado, como alguém

245
me disse um dia no passado, para que quero ganhar mais do que
consigo gastar durante uma vida?
— Gastos são a parte que distorce o mundo João, ganhar um
milhão de reais, diria alguns, impossível, gastar um milhão de reais,
o mais pobre dos brasileiros gasta em 15 dias.
João sorriu e fala.
— Deixa eu arrastar este meu pé por ai.
— Se cuida.
João sai pela porta, pega outro taxi e vai a região do barracão
da Santo Cristo, olha o carro ao canto e olha o estrago.
Ele dá as ordens, tirariam e refariam.
Ele olha o local que ele dedicara ao ensaio, talvez a ideia não
fosse boa suficiente, então ele aproveita e manobra os carros, colo-
cando o abre alas, no lugar que estava, muda para o canto o corre-
dor de ensaio, e faz o pessoal começar a tirar a parte afetada e refa-
zer.
João senta-se um pouco, o pé as vezes doía, toma o remédio
e olha em volta, quanto esforço para não dar em nada, ele se co-
brava uma ideia, e parecia que não surgiria fácil.
Ele mudando as posições, consegue estabelecer o abre alas
inteiro na parte atravessada, ergue ele e os demais viram o mesmo
pronto para começarem a treinar.
Ele olha os rapazes porem fibra na parte que ficara danificado
e olha o local, nada de mais, se tudo escondido parecia muito, ele
com ajuda abriu espaço entre os dois carros, o da estatua, ele a
ergue para ver se estava tudo certo, e vê o fogo surgir e o pessoal
sobe e apaga o fogo.
Olha em volta e pensa no porque daquilo.
Os rapazes olham para os carros e João faz sinal para todos
saírem e chama a policia.
A policia estranha o chamado, mas quando o rapaz sobe na
alegoria e viu que era uma bomba incendiaria, chamam o pessoal
especializado e começam a procurar nos carros.
Quando com 4 bombas incendiarias acionadas por despren-
dimento de gás, então pegariam fogo quando esvaziassem, era algo
premeditado e que poderia pegar fogo, Luiz chega ao barracão e
olha para João e pergunta.
246
— O que acha que está acontecendo.
— Eu abria o barracão lá, e fazia o mesmo que aqui senhor,
um incêndio e tudo se perde.
Luiz entendeu e foi falar como os policiais, o rapaz pensa em
descartar, mas se acontecesse, eles teriam de ter se responsabiliza-
do, e aquele agito de policial fez a imprensa falar, e era perto do
meio dia e ia ao ar a reportagem sobre tentativa de incêndio crimi-
noso na Imperatriz Leopoldinense.
As câmeras começam a ver a policia chegar aos carros na par-
te da Cidade do Samba, e quando acham mais duas, estabelecia um
plano para acabar com o carnaval, pior, danificar os vizinhos.
João olha para Cauê e fala.
— Porque atraio tanta desgraça.
— Não se culpe.
— Acho que no fundo, tento entender, mas... – O telefone to-
ca e João atende – Fala menina.
— Romarinho tem ligado direto para o presidente da Estácio,
tem certeza que é contra a imperatriz.
— Sim, pegaram mais duas bombas na Cidade do Samba.
— Em que carro?
— Qual a importância?
— Pensando João, mas nada faz sentido.
— Manda alguém ver se aquele imortal ainda está lá. – Fala
João no telefone.
— E como ele sairia?
— Dizem que eles conseguem sobreviver comendo pedra, pa-
ra mim era lenda.
— Verifico.
João olha para fora e fala.
— E se o alvo for eu?
— Mantem o que acha, mas espera para sair dai.
— Mantem a calma menina, não manda ninguém a lugar al-
gum, e fica onde está.
— Mas...
— Espera, apenas isto.
Cauê estava ao lado de João, ele caminha até o banheiro e
abre os braços, e as almas começam a sair em todos os sentidos,
247
elas vão na velocidade da luz, elas começam a revirar tudo e olha
em volta, João olhava pelos olhos dos seres, senta-se no vaso, e fica
ali quieto, enquanto as almas reviravam a cidade, ele sente as in-
formações e sai do banheiro e pega o celular.
— Roberto, ouve.
— Me ligando, problemas?
— Sim, protege sua filha, Moreira de novo, e pede para revi-
rarem seu barracão, tem bomba lá também.
— Que merda.
— Sim, é contra eu e sua filha, então tudo que temos estará
sobre ataque.
João passa o alerta para os funcionários e para a empresa,
Micaela recebe e olha para o recado e olha Paulinho.
— Moreira escapou.
— Como?
— Não sei, mas é o problema, ele está no apartamento dele,
pelo que alguém me passou, mal, estão me indicando ficar em casa,
mas cuidar, pois os sistemas de incêndio, são para nos tirar dos lu-
gares as pressas.
— E como enfrentamos?
— Com tudo que temos.
Micaela abre os braços e Paulinho viu aquilo o desviar e ir
passando, e saindo, os seguranças viram isto e viram dois carros a
frente serem atravessados, e se viu os rapazes parados.
A segurança da orla chama a policia que abre o carro e acha
os 4 mortos.
Micaela olha o senhor Moreira parado a janela e sente al-
guém atravessar a alma e cair de joelhos.
— O que está acontecendo Moreira?
Ele olha para Renata e fala.
— Eu não vou parar antes de os matar.
— Vai matar a todos nós, para não parar Moreira, quem falta
você ver morrer para entender, eles não vão morrer.
— Sei que não entende Renata, mas não posso deixar minha
vida e minha vingança, não vai me sobrar nada.
Moreira sente aquilo o atravessar e cai, alguém entra e o es-
pirito olha para Douglas a porta e Moreira falar.
248
— Vai fazer algo ou nos ver morrer Douglas, eles tem de ser
detidos.
— Detidos pode ser, mas quer matar todos.
— Eles mataram os meus.
— Eles não podem ser acusados, a menina estava presa, e vo-
cê, me ameaçando de morte, lembra?
— Mas se não as parar, vai ver seu irmão morrer, vai ver seus
tios e parentes todos mortos.
João olha em volta e sente onde eles estavam e liga para
Douglas.
Douglas olha o celular e atende.
— Fala João.
— Bras Crispino 1687.
— Estão vivos?
— Eles sim.
Douglas olha para Moreira e fala.
— Talvez tenhamos de o dar o mesmo fim que indicava aos
demais, mas isto, quando for a hora.
— Vai onde?
— Verificar onde ele está, mas eu começava a correr, ele já
sabe que está vivo.
Douglas dá o alerta a poucos e atravessa a cidade, para no
terreno aberto, viu os carros parados, entra no barracão, os policiais
foram desamarrando as pessoas, e chamam o IML, Kevin olha o
irmão e pergunta.
— Quem nos quer mortos?
— Moreira os prendeu para me pressionar a matar duas pes-
soas, ele acha que é fácil.
— E o que vai fazer?
— Os ver soltos, em casa e protegidos.
A policia entra, viu os mortos e um rapaz olha Douglas.
— Quem os matou?
— Não sei, recebi a denuncia que meu irmão estava preso
aqui, acho que até parentes que não vejo a 10 anos estão aqui, e
apenas vim ao lugar.
— Mas vai responder pelas mortes. – O rapaz do ministério
publico.
249
— Se vai me processar, começa a fazer o seu trabalho, de-
terminar causa morte, quem são, o que queriam eliminando minha
família, mas pode ter certeza rapaz, antes de voltar ao ministério
publico, se ligar para Moreira, sei que é cãozinho de marginal,
mesmo que o cara tenha sido famoso e poderoso, então melhor ir
pelas provas, pois fora dela, vai acabar em minha celas.
João olha o tirar de bombas até da empresa de camarão, iri-
am tentar de todos os lados de uma vez, muito dinheiro circulando,
Moreira olha para a segurança, pensa em onde se esconder, e olha
para a porta e sai sem dar a posição, uma alma o acompanha até
uma casa na Ilha do Governador, ele olha para o lugar e pega suas
armas, João olha pelos olhos de 4 espíritos, que se postam a porta e
quando Moreira sai pela porta, cai de joelho ao primeiro atravessar,
se desequilibra a frente no segundo e mesmo tentando não andar a
frente, anda caindo e desacorda no terceiro e quarto.
Paulinho ao longe chega ao corpo e os rapazes colocam um
capuz e Paulinho pega o celular e começa a anotar todos os núme-
ros ligados, passa um sinalizador e caminham até uma lancha, saem
da baia, a 30 milhas da costa, colocam aquele e alguns corpos num
contêiner furado, e este começa a afundar, se Moreira era imortal,
iria a mais um desafio de sobrevivência, mas agora sem sinalizador e
para uma pressão de 2 mil metros de agua.
Os rapazes voltam e Paulinho chega a entrada da casa da
Menina, ali a segurança era outra, mas viu a policia olhar em volta,
tinham 4 carros com mortos a volta, 6 na entrada da empresa de
camarão, 3 na rua lateral da cidade do samba a entrada do Cemité-
rio dos Ingleses.
João senta-se, o pé estava doendo, toma o remédio e Cauê
fala olhando ele.
— Não entendo o que aconteceu, saberia?
— Existem pessoas que se defendem, então me viu alertar
apenas quem precisava, nada mais que isto.
— E como sabe, parecia que estava apenas pensando, foi ao
banheiro e avisa a concorrência e não sei quem mais?
— Um policial federal que me odeia.
— E avisa ele?
— Alguém havia prendido a família dele, apenas isto.
250
— Eu não entendi nada.
— Nem eu, mas este pé às vezes dói para valer.
Cauê via a confusão e fala.
— E o que pretendiam?
— Sei lá, mostrar o que todos sabem, que se eu ficar muito
visível, alguém se dá mal.
— Você nem saiu daqui, e parece saber o que aconteceu, os
policiais ficam olhando você, como o querendo culpar, eles não
gostam mesmo de você.
— As vezes, acho que desafios foram feitos para serem en-
frentados, mas as vezes canso disto.
— E o que podemos fazer.
— O pessoal que Silvinha convidou, treinaram algo?
— Sim, mas eles não eram da escola e saíram junto.
— Quem cuida disto normalmente?
— A Claudia que sempre cuida disto.
— E teríamos como falar com ela?
— Luiz tentou e parece que Romarinho a destratou.
— E onde achamos esta moça.
— Teria de verificar.
João liga para a MD e pede para a secretaria descobrir o tele-
fone de Claudia Mota.
Cauê viu que João iria tentar algo e não tinha como não apoi-
ar e foi falar com o presidente que estava ao fundo.
— Alguma posição presidente?
— Eles estão revirando cada carro, o problema é que são car-
ros imensos e eles querem ter certeza de que não ficou nada para
trás.
— Pelo jeito o pé pegou ele.
— Ele está tentando atrair Claudia de novo a comissão de
frente.
João viu a moça passar uma mensagem e pega o celular e dis-
ca caminhando com dificuldade para a saída da escola e sorri.
— Boa tarde, Claudia Mota?
— Quem gostaria, esse telefone e particular.
— Desculpa, sou João Mayer, e soube que é coreografa de
comissão de frente.
251
— Já falei para o Luiz que não faço mais parte da comissão da
Imperatriz, não insista.
— Nem ouve pelo jeito?
— Cansei destes dai.
— Uma pena, boa tarde então.
A moça olha para fora e um rapaz pergunta.
— Problemas?
— Um rapaz que não conheço, me ligando, mas todos sabem
que ele está na Imperatriz, e não sei o que pensar, não quero discu-
tir com mais ninguém.
— Esquece eles, mas dizem que Luiz colocou aquele Romari-
nho para correr ontem.
— Foi tarde.
João olha para o barracão do fundo e caminha até Marcos, e
olha o pessoal da comissão de frente e pergunta.
— Teria um coreografo para emprestar?
O rapaz ao fundo olha para João, não o conhecia, e Marcos
perguntou.
— Precisando de um?
— Um coreografo e 15 corajosos para um desafio de 40 minu-
tos na avenida.
Marcos sorriu e falou.
— Quer eles emprestados?
— Não, preciso de gente com preparação física.
O rapaz chega ao lado e pergunta.
— Para que escola?
Marcos olha o rapaz e fala.
— Richard, este é João Mayer, que está neste momento na
Imperatriz.
— A Claudia não vai sair este ano? – Richard.
— Tivemos um problema interno, e ela não quer falar com a
gente, e nem assinar a comissão este ano.
— E o que precisa?
— Algo de impacto, com uma estrutura básica, e que precisa
de 15 pessoas que sejam boas em dança, resistentes fisicamente, e
que aceitem um desafio pensado pelo ser a sua frente.
— Cauê sabe disto? – Richard.
252
— Eu queria Claudia de novo, mas não sei qual foi a ofensa
deste Romarinho para ela, as vezes tem gente que resolve em um
ano mostrar que já está ficando velho e lunático.
— Não a conhece?
— Quer tentar? – Richard.
— Se tiver como?
— Hoje tem uma recepção de obtenção de recursos do Hospi-
tal Menino Deus, e ela sempre está lá, mas teria de conseguir um
convite para você, e isto é difícil.
— Onde?
— Copacabana Palace.
João pega o telefone e disca para Micaela e pergunta.
— Como estão as coisas menina?
— Acha que já é seguro?
— Sim, mas uma pergunta, como consigo um convite em cima
da hora para uma recepção de recursos para o Hospital Menino
Deus hoje, no Copacabana Palace.
— O que vamos fazer lá?
— Vamos?
— Vai como meu acompanhante.
— Sacanagem isto, mas tem como?
— Sim.
— Então vou combinar e vamos lá, o que faremos, doar um
dinheiro para o Hospital.
— Você pensando em caridade?
— Lhe ligo.
João olha o rapaz e pergunta.
— Fora ter de levar uma criança junto, o resto não tem pro-
blema, mas acha que conseguimos que ela nos ouça?
— Eu falo para ela que não tenho como aceitar, mas tem de
me explicar a ideia.
— Conhece nosso barracão dois?
— Não.
— Apresento aos dois.
— E a segurança? – Marcos.
— Vamos.

253
Os três saem e entram a frente, o rapaz viu que o que por ali
parecia um corredor com varias salas, pelo menos 4 andares de
salas para cima, mas quando chega a parte interna Marcos para na
visão do carro, se eles tinham um imenso abre alas, aquele era dife-
rente, e fala.
— Os carros de João Mayer.
João caminha ao lado, Luiz viu que era alguém que ele não
conhecia, mas como era onde não havia os carros, e com a policia já
saindo, João olha para o rapaz e fala.
— A ideia é simples de ter, complicada de executar.
— O que é isto, um chão com LED? – Richard.
— A ideia, um pano que cobre tudo e descobre e no fazer dis-
to. – João aciona o numero 1 do comando e o rapaz viu surgir do
chão as três embarcações, as arvores na praia, e a areia branca,
contrastando com o azul do mar.
João olha o rapaz olhar e lhe olhar.
— E teria de encenar apenas com isto.
— Não entendeu, tem 6 atos, descoberta, 1, matança – ele
clica no 2, rapaz viu os campos com sangue, as arvores vermelhas
cortadas, e as armas – 2 é a matança inicial – João clica no 3 – a
chegada dos negros – clica no 4 – A miscigenação – clica no 5 – os
novos povos – clica no 6 – um povo diferente, Brasileiros sim.
Os olhos do rapaz veem todo o chão voltar a bandeira da es-
cola e olha João.
— E isto seria uma encenação, de 6 atos em 3 minutos.
— Sim, por isto falei em pessoas corajosas, pois é a represen-
tação cansada no final, que tem de ser a meta.
— E tudo isto estaria disponível para a comissão.
— Temos uma reta de ponto a ponto neste trecho, de 30 me-
tros, largura da avenida, ao fundo uma academia para que todos se
preparassem fisicamente, e preciso de um coreografo e um grupo
resistente, não vai ter gente escondida, todos precisam estar pron-
tos do começo ao fim.
— Tem o esquema do que pretende.
— Sim.
João começa a sair e passa na sua sala naquele lugar, pega os
prospectos e folha a frente do rapaz.
254
— Nem vou perguntar onde e como se faz, mas entendi a
ideia, mas acha que consegue o convite, pois temos de estar lá em
uma hora e meia.
— Qual o traje?
— Carnavalesco veste-se no clássico, mas pelo jeito você tem
um pé que não vai entrar em um sapato.
João sorriu e ouve.
— Marca com quem vai conseguir o convite na porta, em
uma hora.
João olha para traz e fala.
— Ela já está as costas Richard.
O rapaz olha a menina e fala.
— Mas é ...
— Sim, Micaela David.
— Qual a ideia João?
— Tentar puxar alguém ao barco novamente, mas provavel-
mente não vai dar certo. – João.
— E vamos quando?
— Não sei, vai assim? – João a olhando.
— Sim, é um evento beneficente, minha mãe sempre me re-
presenta nestes casos, mas sempre tenho minha entrada.
— Lhe representa? – Richard.
João olha ela e fala.
— Então vamos.
Richard pega os papeis e umas folhas em branco, uma caneta
e Marcos olha para João.
— Se cuidem, vi o quanto a policia está sobre tudo.
— Eu cuidava com bombas incendiarias.
— Os policiais olharam até meu barracão.
— Melhor prevenir do que remediar.
Os três saem, Richard ia perguntar se iriam com seu carro e
viu a caminhonete da menina parada a frente, ela entra e o carro da
segurança a frente as costas fez ele sorrir e entrar, olha a menina e
pergunta.
— Se conhecem a muito?
— Somos sócios em uma produção de plástico. – Micaela.
— E tem idade de ter ser sócia de algo?
255
— Não, mas isto é um detalhe apenas.
45 minutos depois estavam parando a frente do Copacabana
Palace, João é conduzido, o segurança olha para o rapaz, desconfia-
do, mas vindo com a David, ele não barraria.
Micaela olha a mãe que pergunta.
— Perdida aqui filha?
— Tentando ajudar alguém e evitando problemas a mais hoje,
lugar aberto é bom, com testemunhas, ótimo num dia destes.
— Problemas? – Fabiola, a mãe.
Micaela olha o rapaz ao fundo e sacode a cabeça que sim, e
Fabiola sorri.
Os três sentam e Ricard olha para Claudia ao fundo, pede li-
cença e para a mesa de Claudia e a cumprimenta com três beijos no
rosto e fala.
— Teria um minutinho Claudia.
— Está com a Beija-flor este ano?
— Não, com um problema em andamento e um que me apre-
sentaram hoje, e não sei se aceito.
— O que lhe propuseram, você sempre aceita sem pensar.
— Disputar com grandes, como você, sempre me faz ter de
aceitar e depois pensar Claudia, não seja modesta.
— O que lhe pôs medo.
— Já fez alguma vez, um prospecto sobre um carro andando,
baixo, uma apresentação.
— Carro baixo?
— Baixo na concepção, 30 centímetros, mas que desenvolve
durante a apresentação 6 formatos. – Richard coloca sobre a mesa
os prospectos de cada uma das mudanças, Claudia olha desconfia-
da, pois a ultima sabia de cara para quem seria.
— Tentando me cercar para isto? – Claudia.
— Pedindo uma ajuda, se não pode me ajudar, vou falar com
sua irmã.
— E porque ele pediria para você? Já que me que convencer
que não veio para me cercar?
Richard olha para os papeis e os recolhe e fala.
— Desculpa, as vezes me empolgo, mas se não quer, descul-
pa, apenas vou ter de recusar, e ainda não sei como dizer não.
256
Richard sai da mesa e olha para João e fala.
— Ela está bem arisca.
— Acho que eu em si, só atraio problema rapaz, mas teria co-
ragem de tentar?
— Tenho de falar com alguns, é um projeto audacioso, mas
esquece ela.
— Seu nome e Richard do que? – João.
— Ramalho.
João passa o nome para Cauê que olha para Luiz e pergunta.
— João quer saber se aceitaria o coreografo da Alegria da Zo-
na Sul, com supervisão de João Mayer.
— Temos outra opção?
— Não.
João olha a confirmação e o valor e apenas mostra a resposta
do carnavalesco sem falar nada e Richard sorri.
— Tem de entender que o seu maior desafio vai ser ter apre-
sentações diante de alegorias imensas, nos dois casos.
— Vi que quando entrei neste ano era um desconhecido, e
posso sair como conhecido.
João tinha uma rede social, ele raramente publicava algo, mas
coloca lá que o pé começava a melhorar, e serviu para estabelece
quem vai assinar a comissão de frente da Imperatriz.
Micaela olha pelo celular e olha para João.
— Vai jogar.
— Mick, tem de entender, pensa no que estão falando, eles
não sabem quem eu sou, mas você sabem, Richard, sabem, então
apenas fazendo sala aos dois famosos.
— Mas eles sabem quem é você. – Richard.
João sorriu, sabia que se o rapaz não tivesse sido apresentado
a ele, ele não ligaria o rapaz ao tal João Mayer.
Uma moça chega a mesa e pergunta.
— Vai participar menina? – A moça.
— Sim.
A moça olha para Richard que diz estar apenas acompanhan-
do e nem olhou para João que olhar para a moça se afastar e fala.
— Queria não ser tão invisível.
— E teria como participar? – Richard.
257
João olha para Micaela e fala.
— As vezes queria estar bem, mas por dentro as coisas que-
bram mais fácil do que por fora.
— Quer que a chame. – Micaela.
— Ainda falta meia hora para começar, calma. – João.
Guimarães entra pela porta e olha em volta e olha Micaela,
João não estava olhando, mas viu João ao lado, e olha Richard a
mesa, olha em volta e acha Claudia e chega a mesa dela.
— Nos daria uma entrevista rápida Claudia.
— Até você me cercando?
— Pensei que assinaria como nos anos anteriores a comissão
de frente da Imperatriz, mas vejo que as fofocas de que Richard a
vai assinar é verdade.
— Mas ele está com a menina dos David.
— Ao lado dela, um rapaz de camisa, até o pescoço, João Ma-
yer, e pelo jeito, ele ainda passa desapercebido em todo lugar.
— Eu não entendo quem é este. – Kiko, o rapaz com Claudia.
— Ele é sócio da menina, tanto na DM Importações, na DM
Produtos Carnavalescos e na DM Camarões.
— E o pai dela sabe?
— Ele e o namorado dela, embora ninguém assume que ela
namora aquele delegado da Federal.
— Pelo jeito o rapaz estava procurando um coreografo, mas
não entendi, não iriam com aquela Silvinha. – Kiko.
— Ela era indicação de Romarinho, ouvi que a policia está
dando uma geral na casa do senhor, e do presidente da Estácio, pois
tem detecção de pelo meninos 4 bombas incendiarias, que as câme-
ras internas, da escola, mostram o senhor Romarinho colocando, e
no meio disto, ficaram sem alternativas, mas pensei que eles insisti-
riam com você Claudia.
— Eu não estou no carnaval este ano. – Claudia.
— Obrigado pela atenção.
Guimarães olha para a mesa que Richard estava e para nela e
pergunta.
— Nos daria uma declaração Richard?
— Fala Guimarães?

258
— Queria a confirmação de que vai assinar a comissão de
frente da Imperatriz.
— Olha que você já saber, é algo que me impressiona.
— Às vezes levamos sorte de vir para o lugar que jurava não
encontraria você e Joao Mayer em uma mesa. – Guimarães olha
para João – Tudo bem João?
— Sim.
— E me informaria porque Richard?
— Quem me indicou ele foi Marcos da Alegria da Zona Sul,
tentamos com Claudia que já é parte da família, mas Romarinho
falou algo para ela que não sabemos o que foi, e ela não gostou e se
afastou, então estávamos tentando até hoje sedo, mas como termi-
nou o tempo, agora não tem jeito, precisamos de algo para por a
avenida.
— Acha que Romarinho tinha algo haver com os atentados?
— A policia está ainda analisando ligações, mas não sei.
— E não teria uma teoria?
— Nenhuma.
Guimarães olha para Micaela e pergunta.
— E você menina, o que a traz a festa?
— Eu queria entender melhor de hipocrisia, mas locais como
este me ensinam em horas, anos de hipocrisia.
— Não entendi.
— Guimarães, deve entender algo de carnaval, não?
— Sim, alguns anos cobrindo o evento.
— Este é um evento de levantamento de fundos, mas quem a
volta fora eu minha mãe e João ao lado, não está falida, gastando
no cartão dos maridos ou dos pais?
— Por isto estranhei você aqui.
— Ele queria falar com Richard, e ele tinha confirmado que
vinha aqui, apenas ajudando um sócio a cercar o coreografo para
mais uma ideia maluca de João Mayer, mas este João Mayer, fora
você Guimarães, é uma assombração que eles não sabem como é.
Guimarães olha para a moça chegar a mesa e olhar para ele e
perguntar se ele iria participar, ele diz que não, e sai novamente da
mesa, sem olhar para João.

259
Guimarães acompanhou os olhos de João na moça, mas ela
nem olhou ele, não ofereceu a ele e fala.
— E pelo jeito vai continuar invisível.
— Como podem me odiar tanto, se nem sabem quem eu sou,
Guimarães?
Guimarães olha os seguranças todos olhando a mesa, sorri, e
fala.
— Tem de ver que eles estão em seus ternos e roupas mais
caras, você veio como estava.
João se encostou na cadeira, nem os aperitivos passavam a
mesa e sorri.
Guimarães olha que Claudia estava olhando a mesa e João
olha para Richard.
— Acha que consegue uma boa coreografia?
— Sim, vou ver a métrica da musica e fazer algo com as 6 par-
tes, e ver se fica bom, mas vou precisar de um dia para pensar no
problema e mais um para falar com as pessoas certas.
— Não esquece, menos de dois meses.
— Certo, vou olhar os prospectos.
Guimarães estava tentando ver algo a mais, mas Richard
guarda os papeis, ficam ali até a menina arrematar um vestido de
festa e saem.
Guimarães olha para o segurança chegar a ele e fala.
— Esta menina sempre nos trás pobre para dentro.
Guimarães olha para o segurança, ele falara alto, para que os
demais ouvissem.
— Se acha João Mayer pobre, desculpa, não sei quem aqui
seria rico?
Guimarães se levanta e sai.
O segurança olha como se não pudesse ser e uma senhora
chega a Fabiola e pergunta.
— O rapaz ao lado era João Mayer?
— Sim.
— Como sua filha se envolve com gente como aquele rapaz?
— Ela não se envolve com gente como ele, ela faz fortunas
com ideias novas, mas João Mayer é apenas um dos sócios dela.
— Gente sem berço.
260
João é deixado na quadra e Richard olha para ele e fala.
— E pelo jeito não deu certo o que pensamos.
— Pensa no que propus, se achar que não deve aceitar, fala,
pois vai ser dois ensaios por dia até o dia das apresentações.
— E você que decide?
— Eu deixo eles darem opinião, quando não aparece uma
ideia, e preciso de um carro, de uma comissão, de uma fantasia no
meu enredo, no que está a minha cabeça, e eles que vão assinar, eu
procuro, mas se achar que precisa de ajuda, procura, as vezes as
pessoas não entram como principais, e sim como ajuda, ou você
acha que alguém no fim, vai lembrar do carro, dos bailarinos, não,
eles vão lembrar apenas do coreografo.
— E você não se preocupa em aparecer mesmo?
— Eles não querem saber quem sou, um invasor sem berço
hoje, quando nisto há uns 10 anos, dai eles começam mudar os no-
mes, mas tenho de chegar ao decimo, estou no meu segundo.
João vai a quadra com aquele pé arrastando e Richard chega
a Alegria e olha para Marcos.
— Acha que consigo fazer algo como aquilo Marcos?
— Pensa, ele põem gente maluca como você tenso, isto que
aquele rapaz quase desconhecido faz.
— Não entendo como ele passa desapercebido.
— A sociedade em volta, quer um rosto bonitinho, com um
corpo bonitinho e com travas na língua, ele não se encaixa nisto.
Richard olha para Marco e fala.
— E quem sabe quem é fica impossível confundir com qual-
quer outro, seria isto, e mesmo assim, em uma festa de gente ligada
ao carnaval, apenas a menina e Guimarães conheciam ele.
— Ele distratou Guimarães, este não esqueceria ele nunca,
mas pensa em um rapaz que afrontou Guimarães, todos falam do
fato até hoje, e nas fotos está sempre Guimarães.
Richard pega o quadro e fala.
— Uma ideia que parece simples, mas requer treino, isto que
não estou conseguindo pensar.
O telefone de Richard toca e ele atende.
— Boa noite. – Desmotivado, sem ver saída, e sem olhar
quem era na ligação.
261
— Boa noite Richard, pelo jeito não está bem. – Claudia ten-
tando ser mais simpática.
— Odeio ter de recusar algo, por achar que não vou dar con-
ta. Mas fora isto tudo bem.
Claudia pensa do outro lado e pergunta.
— Quer ainda dividir o problema Richard.
— Sim, mas não sei ainda nem por onde começar.
— Está onde?
— Conhece o barracão onde está a Alegria da Zona Sul na al-
tura do porto na Pedro Alves.
— Tá ainda ai?
— Tenho ensaio da comissão da Alegria hoje a noite, então tá
quase na hora de mudar de foco.
— Vai querer assinar duas?
— Eu disse sim, e começo a pensar se terei de recuar.
— Passo ai e conversamos.
Claudia olha Kiko e pergunta.
— O que tem de Barracão na Pedro Alves.
— Ele falou em que Barracão.
— O da Alegria da Zona Sul.
— O cedido por João Mayer, dizem que aquele barracão é o
diferencial que todos viram da Alegria o ano passado.
— E quem é este João Mayer, que surge do nada?
— O calouro que o ano passado tentaram chamar de Alemão
da Beija-Flor.
Claudia olha para Kiko e pergunta.
— E ninguém sabe como o cara é?
— Ele raramente vai a um evento, pois dizem que ele traba-
lha 16 horas por dia, mas ontem aquele Romarinho, empurrou um
carro sobre ele, e o rapaz despencou de cima do carro, então todos
falam que o afastamento de Romarinho é por quem quase matou
João Mayer, mas para um morto, estava bem demais.
— Pelo jeito ele era o objetivo que Romarinho queria prejudi-
car, ele não conseguiu no resto, desviou a comissão de frente, e
mesmo assim não parou o rapaz.
— Vai lá?
— Se olhar o barracão talvez entenda o que assustou Richard.
262
Claudia pega um Uber e vai a região de Santo Cristo e olha
para o barracão, bate a frente e o segurança dá a região, ela chega e
viu o pessoal começar o aquecimento e depois a preparação física
para movimentos específicos e foi inevitável parar diante do imenso
carro de 20 metros, o manipulador, e os rapazes ensaiando tanto
dentro quanto fora do carro, olha para traz, um biombo simples
tirava toda a visão de fora, e pensa naquilo entrando na avenida, e
ter de fazer uma comissão a frente.
Richard a olha e fala.
— Veio, pensei que não vinha.
— Pelo jeito é serio que vai fazer uma comissão a frente de o
que é isto?
— Um manipulador, teremos gente pendurada nas cordas,
dos dedos e o carro abre alas vai as manipulando, é uma carro com
vários manipuladores.
— E quem é o carnavalesco por trás disto?
— Marcos.
— Olha que começo a pensar em ver o desfile do sábado.
— Vamos tentar pela primeira vez Claudia passar para o gru-
po especial, sabemos que é disputado, mas só conheço este barra-
cão na região que posso testar o carro na posição de avenida.
Claudia olha para cima e fala.
— E acha que chega lá, sabe os problemas disto.
— Sei.
— Mas o que lhe tirou o sono.
— Teria como me ajudar, pois se não for ajudar, dentro do
barracão ao fundo, nem autorização para entrar deveria ter.
— O segredo do ano?
— Se em segredo, tiraram 4 bombas incendiarias do carro 4,
imagina se não fosse.
— E quem quer algo contra a escola ao lado.
— Ex-presidente, Joaquim Jose Moreira.
— Romarinho mecheu até com este?
— Pelo pouco que entendi da conversa de Micaela e João, os
dois eram o alvo, e onde ele estiver, vira alvo.
— E o que ele teria de tão terrível que Moreira o quer matar
pelo jeito.
263
— O que ninguém fala, que ele levou 3 tiros de Moreira
quando criança, e ainda está vivo.
— E acha seguro estar ali.
— Não entendi ainda, mas ele não é perigoso, quer dizer, a
engenharia da cabeça dele que gera carros como este a sua frente,
este carro foi pensado por João Mayer, Rodney e Jesse da Beija-Flor,
com a assinatura de Marco, talvez por isto seja tão real, tão assus-
tador a ideia, pois não estamos falando de pessoas normais.
— E todos contribuindo com a Alegria?
Richard não sabia as regras e fala.
— Parece que sim, mas tenho de ver se consigo autorização
de lhe mostrar o problema.
— Qual o problema?
— Desenvolveram um veiculo, que somente olhando, aquele
prospectos parecem legais, mas o real que põem medo.
— Aquilo existe?
— Sim, aquilo existe, quer ver?
— Se conseguir.
Richard liga para João e consegue que ele entre e Richard
olha João passar ao segurança que Richard, como quem iria montar
o grupo da comissão de frente, colocaria nomes na lista que teriam
acesso, pois eles iriam ensaiar ali.
O segurança anotou e Richard fala.
— João, está é Cláudia Mota.
— Prazer, pelo jeito entrei em uma briga perdida, mas des-
culpa ligar direto, não sabia que não podia, sou novo na cidade, mas
fiquem a vontade, estou ainda arrastando este pé por ai hoje.
João sai dali e foi para dentro, e Richard viu que João não in-
sistiu, talvez ele tivesse razão, mas quando eles saem da parte das
salas e se deparam com a parte interna do barracão a moça enten-
de o que era o segredo, o carro que todos falavam que era grande,
em cristais verde, a sua frente, com uma coroa de DNA ao topo,
com a armação para fora toda pronta e os rapazes começando a
instalar os índios de 14 metros a frente e aos lados.
Ela estava olhando e Richard fala.
— Vamos desfilar a frente disto, começou a ver o primeiro
dos problemas.
264
— Vai por duas comissões de frente a frente de monstros
tecnológicos.
— Este carro é assustador em todas as dimensões, pior, ele é
como aqueles da Beija-Flor do ano passado, que todos param no
desfile das campeãs atentos para entender, pois nada aqui, apenas
3 carros, e o tripé da comissão de frente, é normal.
— Eles estão num super carnaval e ninguém fala.
— Eles estão mostrando, acho que poucos não deram uma
olhadinha lá.
Eles chegam naquele corredor e a moça viu todo um canto
preparado para um grupo de ensaio, e olha para a cortina isolando
toda aquela área, imenso e secreto e pergunta.
— Mas isto ai faz o que?
Richard liga o veiculo e fala.
— A ideia é complicada, pois tem de correr de acordo com o
samba enredo, então as vezes parece não fazer sentido, mas con-
curso de sambas gera isto.
Richard olha o local e fala subindo nele.
— Pelo que entendi, entrei nisto hoje, e estou perdido Clau-
dia, o que vê ao chão são caminhos, mas que olhando de fora não
se vê, mas fica no caminho.
Ela olha ao lado e vê ele apertar o 1 e ouve.
— Temos nesta plataforma de 30 centímetros de altura, o
que vê surgir, engenharia empregada ao carnaval.
Claudia viu a caravela surgir ao seu lado e com mastro, mais
de 4 metros de altura, olha em volta e viu o chão azulado, com mo-
vimento de ondas sendo passados pelo LED ao chão, a frente as
arvores.
Claudia para na imagem e fala.
— Quantas participações.
Richard pula para fora, ele não sabia onde eram todos os
pontos e fala.
— Tenho de estabelecer os pontos, para saber se podemos
ter gente onde.
— E como vão fazer as mudanças?
— A ideia era 3 serres alados, que fazem parte da comissão e
que – o rapaz chega ao estremo e mostrou que tinha uma cortina, e
265
ele prende ela, e Claudia olha o sistema passar para o dois, mas
aquela lona passar sobre o carro, preso em uma armação que sai do
nível, passa sobre e fica na outra extremidade.
— Acho que neste ponto, estabelece que os componentes no
momento da apresentação tem de ir ao centro. – Claudia.
— Sim.
Os dois olham a mudança e passam por dentro do novo for-
mato e da nova estrutura e foram passando uma a uma das 6 possi-
bilidades e Claudia fala.
— Bem arriscado isto.
— Acha que estou perdido por quê?
— E ninguém sabe disto pelo jeito.
— Pelo que entendi quando vi, só acreditei quando vi, e falar
nisto encaixado em 30 centímetros com coisa chegando a 4 metros,
é assustador.
— E o que os leva a pensar em algo assim.
— Digamos que grupos internos estão tentando impressionar
e criaram desafios próprios, a base deste carro, é em engenharia
mais complicado do que o carro na entrada, pois lá, é um carro que
sai de 4 metros e meio e vai a 25, aqui, sai de 30 centímetros e che-
ga a 4 metros.
— E que vão por lá e antes de começar a apresentação, nin-
guém vai falar nada, pois vai estar ali e ninguém vai dizer nada refe-
rente a algo assim.
— Sim, no fundo estão criando um segundo, com as mesmas
dimensões, pois eles tem medo de que não resista, então o que
entendi deste rapaz a frente, ele providencia, ele coordena, mas
não vão ver ele a frente de nada.
— E acha que vale o esforço? – Claudia.
— É uma comissão de carnaval campeão, não de segundo lu-
gar.
— E precisa de uma coreografia que exemplifique isto, é o
que não está conseguindo.
— Sim, o efeito é legal, mas é quase alto explicativo, e não
quero e o rapaz pediu que a coreografia, superasse o carro.
— Ele conversa?
— Sim, hoje parece não estar legal, mas conversa.
266
— Se eu tivesse caído de um carro daqueles, eu estaria mor-
ta.
— Ele caiu de 10 metros, assustador isto, mas lá não conse-
guiríamos por o carro da entrada na metade de seu tamanho.
— Vou tentar não ser desagradável, tenho uma boa historia
nesta escola, e sei que as vezes falo demais.
— Então cuida com ele, dizem ser dos seus grandes proble-
mas, fala sem pensar.
— E pelo jeito toca um barracão secreto.
— Talvez o ver do carro ali, explique onde eles ensaiaram o
carro da Beija-Flor do ano passado.
— Sim, algo tão ensaiado que pareceu natural, mas o que é
este corredor.
— 30 metros, para ensaiar em movimento.
— Eles são malucos, sabe que a altura disto assusta.
— Mas o que quer falar com ele?
— Oferecer ajuda, não foi o que foi pedir?
— Mas...
— Pensei que era uma arapuca, mas você quer resolver um
problema, o grande problema técnico disto Richard, é que tem de
se ver por fora e por dentro para ensaiar isto, e mesmo assim, talvez
a verdadeira visão só se tenha na apresentação.
Richard estava agora tentando não demonstrar que a queria
ali, mas ele precisava, e sabia que os rapazes no outro ponto esta-
vam quase no ponto de aquecimento.
Richard olha para Claudia e fala.
— Mas teria um jeito, acho que um desafio destes, mesmo
parecendo fácil para quem vê depois, precisa de uma precisão que
geralmente eu não sou muito aficionado.
— Eu gosto de precisão, mas me apresenta ao rapaz, pelo jei-
to ele está meio arredio.
Richard volta e olha para João.
— Podemos conversar.
— Sim, hoje to meio estranho, esta coisa de parado, tomando
remédio para um pé, que me tira toda a agilidade, me deixa grogue
e inerte, odeio inercia.
— Não sei se conhece Claudia Mota.
267
— Não, como disse, novo na cidade.
— Sei que me ligou e descartei a possibilidade, mas a pergun-
ta, ainda precisa de ajuda, pois seu coreografo está perdido.
— Mais do que pensa, ele deveria estar ensaiando os bailari-
nos da escola ao lado.
— Coordena os dois barracões.
— Deixar claro senhora Mota, este barracão é meu, eu o ano
passado trabalhei para a Beija-Flor, e emprestei para a Alegria e
para a Estácio, a Estácio acaba me processando depois por isto, mas
Alegria e Chatuba, estão na qualidade de carnavais que eu ajudo, e
Imperatriz, o desafio de aprender como me virar em um carnaval
que insiste em ser menor do que pode ser.
— Quer ir a algo maior?
— Não maior na dimensão, acho que podemos voltar aos 5
mil componentes, e acho que podemos ter carros acoplados além
do primeiro, além de nos ser permitido controlar a iluminação da
Sapucaí, mas toda vez que avançamos, eles limitam, entendo todos
sobre uma regra, mas estranho regras que limitam apenas por limi-
tar um carnaval.
— Em que sentido.
— Comissão de frente, os 15 integrantes vem da época que
vinham os dirigentes a frente com seus chapéus.
— Acha que deveria ter numero máximo?
— Acho que o numero depende do que se transmite, o pró-
prio precisar dela deveria ser opcional, mas eles a colocaram para
valer ponto, então todos acabam caprichando, mas poucas escolas
são apresentadas, e nisto ainda pareço uma contradição.
— Porque acha que é uma contradição?
— Eu acho que a comissão de frente ao meu ver, tem de
apresentar a escola, então tem de ficar claro a qual escola pertence,
tem de contar o que a escola vem desfilar, tem de interagir com o
público apresentando a escola, e estar bem apresentável, digna a
uma escola.
Claudia olha para João, pela primeira vez entendeu a comis-
são de frente do ano anterior da Beija-Flor, e pergunta.
— Coordenou a comissão de frente o ano passado.

268
— Não, fizemos como aqui, demos a ideia, e o carro, e tudo
foi desenvolvido dentro dos parâmetros que pedimos.
— Sabe que se eu analisar pelo que você falou, eu entendo a
comissão de frente da Beija-Flor do ano passado, mas nem sempre
as pessoas na Marques entendem.
— O interagir é bem para tirar esta sensação de que não está
funcionando direito, pensa em uma comissão que não funcionou, a
da Beija-Flor do ano passado, ela teve nota máxima, e o pano travou
no primeiro júri, a estrutura de abrir no segundo e tudo resolveu
por magica funcionar no terceiro, mas como eles estavam compro-
metidos em explicar o enredo, em apresentar a escola e interagir
com o publico, não houve jurado que percebesse.
Claudia olha serio para João.
— Mas já decidiu por Richard?
Joao olha para Richard e pergunta.
— Está disposto a dividir a responsabilidade?
— Sim, bem perdido, e falta menos de dois meses.
João olha para Claudia.
— Acha que é aplicável, pois podemos mudar tudo ainda.
— Acho que vamos perder uns dois dias marcando e conver-
sando, pois é algo que nunca fizemos, ainda mais em movimento.
João olha ela serio.
— Conseguimos, a ideia é diferente, talvez a mais diferente
que ouvi, certo que me falaram em algo impressionante na Beija-
Flor.
— A ideia de abertura da Beija-Flor, não precisa da interação
com o tripé, ele muda, mas eles estão fora do mesmo, sempre digo
que as vezes temos de ficar quietos, damos a ideia depois alguém a
executa.
Claudia sorriu, mas estava na duvida, pois eram bailarinos, e
recebiam por isto, e pergunta.
— E qual o montante para execução da comissão.
— Digamos que para pessoal, o mesmo do ano passado, mas
se precisar de algo, fala.
— Acha que Luiz vai aceitar assim?
— Acho que estão tentando lhe ligar, mas pensei que não vol-
taria atrás, foi tão enfática que apresentei a quem estava fazendo a
269
escola ao lado, e ele me apresentou Richard, eu posso ter ideia, mas
se precisar uma opinião sobre passos, fica difícil.
— E pensou em que quando fez o carro?
— Eu ouço quase de tudo, então quando olhei o material ao
chão, eu as vezes fico olhando e tentando, aquilo foi uma tentativa
que incrementei dia a dia por algum tempo, eu não posso fazer um
carro de 70 metros pois a base estreita me faria ter tanto peso na
base que ninguém empurraria, nem dois motores de ônibus especi-
ais conseguiriam, então desenvolvi algo mais leve, mais dentro da
possibilidade e fazer pensar, a miscigenação é nosso assunto, e
quando ela começou, poderia ir a pré historia, mas vim a invasão,
eu deixo bem claro em todos os meus pensamentos que nunca ouve
descobrimento, e sim, invasão, então eu penso da minha forma, o
português duro de um lado, vinha da dança do Fado, e do outro os
indígenas, que vinham de instrumentos mais rudimentares, mais
bam bam, nada incrementados, um dança já socialmente o outro,
para acasalamento, mas o primeiro contato apenas é para terem
tempo de invadir, na minha cabeça, apenas o barulho do tiro de um
lado e do desmatamento do outro, terceiro momento, chibatadas e
continuam os tiros e mortes, a liberdade não dada, mas conquista-
da, enquanto os rapazes da sociedade, para casar, o pai da moça
tinha de pagar dote e toda uma burocracia social, os negros, índios
e pobres mestiços, subiram os morros e foram se proliferando, en-
quanto um transforma o sexo em social, o pobre, em braçal, ter
mais filhos ao campo facilitava a vida, dois Brasis, que convivem até
hoje, hoje o rico preso em sua riqueza, e o pobre, livre em seu de-
sespero, mas quando o pobre vem para a avenida, o mundo olha o
carnaval, e toda sociedade em volta, por não ter algo deles, os
brancos, que deu certo, condenam o carnaval e sabe bem o que o
pobre pensa desta condenação.
Claudia sorri, quase se perdera na frase tão grande, e fala.
— O enredo inteiro em uma frase imensa, mas como por isto
na comissão de frente.
— Se fosse o coreografo, não sou, eu sou um montador de
carros alegóricos, e restaurados de carros e bicicletas antigas, como
falavam tirando sarro na outra escola, um Alemão que não samba
querendo dar palpite.
270
— É que não entendo como vai representar isto.
— Viu o resto do carnaval? – João a olhando.
— Vai mostrar assim?
— Pensa em todos saberem e mesmo assim se surpreende-
rem, este é meu lema, se for para surpreender, mas não querer ver
de novo, não foi surpresa suficiente. Tem medo de altura?
— Um pouco, mas enfrento.
— Tem de ver que minhas ideias, são visíveis, integralmente
aqui dentro, apenas de cima.
— Certo, vamos nesta.
Os três saem e ele induz ao subir em uma escada fina que iria
ao comando do guindaste que corria sobre tudo.
Ele sobe e a moça viu que mesmo com dificuldade ele não
temia aquilo.
Era com proteção dos dois lados, mas estavam acima dos car-
ros e Claudia olha o carro da família de frente e pergunta.
— Quantos metros tem isto.
— 28.
— E encolhe a 4?
— Quase 5.
Ela olha o carro ao lado e olha as festas, as representações
dos povos, o pessoal estava ensaiando as danças típicas, e no fundo
se ouvia o samba do ano.
— Eles vão fazer a dança típica dançando samba.
— Dançando e cantando o samba.
Ela olha para o outro lado e estava ali, o abre alas por cima,
algo brilhoso e diferente, não era o mesmo carro, mas era algo de
impressionar, e ela fala.
— E pelo jeito não tem medo da critica.
— Éramos verdes, puros, e viramos miscigenados, dai o mis-
cigenado que invade o mundo inteiro, quer falar de pureza, se quer
ser puro fique em casa. – Ele liga o equipamento – balança um pou-
co – os dois viram aquele guindaste se mecher sobre o barracão e
agora tinham a visão dos fundos dos carros e Claudia falou.
— Quer dizer que na frente do carro, tem uma representação
da família dominada pelo homem, imposta pela sociedade, e nos

271
fundos quer uma família que podem dizer impuras, mas felizes, sem
os dogmas da sociedade a frente.
— Ainda bem que ficou claro.
Claudia olha para baixo e fala.
— Quantos metros está o barracão.
— A parte baixa deste guindaste tem 35 metros, então não
pensei em nada superior ao que está lá embaixo, talvez um dia en-
tenda como representar algo de longe, que fique bem evidente,
sem ter de dar tamanho a escultura.
Claudia olha os detalhes e fala.
— Todos em construção?
— Sim, tem muitos acabamentos que entram apenas 15 dias
antes.
— E consegue fazer em um lugar que poucos olham.
— Eles olham, mas fingem não ver, pelo menos acho que não
tem como não ver este barracão.
— E o que mais fazem neste barracão?
— As fantasias em parte vieram para cá, acho que este é um
dos problemas que não acompanhei o ano passado, este ano, quero
não perder um decimo em fantasia, embora não saiba em qual foi
tirado, sei que melhorei a exigência este ano, o problema é estabe-
lecer limites de compreensão para as fantasias, elas muito luxuosas,
ficam com as notas dos juris, mesmo que para o publico, as penas
não deixem ver bem a fantasia.
— Ouvi dizer que você, quer dizer, Cauê pediu, mais de 14 mil
peças para por no carro ao fundo, mas que peças são estas? - Clau-
dia.
— Quando desmontar o carro, o DNA é formado por coroas, e
se distribuir uma branca e uma verde para cada integrante, ainda
me sobra todas as com cor.
Claudia tenta ver de onde estava, mas apenas vê o começo do
ensaio da parte frontal e traseira do carro, com pessoas fazendo
movimentos de corpo, para dar vida ao Cromossomo, Richard olha
que o que era um carro aparentemente parado começa a ter movi-
mentos na frente e ao fundo.
— Novamente algo a ver na avenida?

272
— Eu espero sempre conseguir chegar no desfile das campe-
ãs, pois desfile para valer, não vejo nada, é da comissão de frente ao
encerramento, ala a ala, colocando na avenida.
A moça volta com Richard para a parte da Alegria, ela faz al-
gumas anotações enquanto Richard passa os passos da comissão.
João vai para casa, senta-se no sofá, olha o pé e tira a tala,
olha para ele e fala.
— Vai me custar alguns dias. – Vai ao banho e cama.
João nem acompanhou as noticias, e descansou o corpo.

273
Uma semana se passa, e Jo-
ão sai do hospital, ele não sentia a
dor no pé a dois dias, mas não
quis arriscar, ele chega ao barra-
cão da Cidade do Samba, estacio-
na normalmente, parece leve
quando chega ao barracão da
escola e olha o carro, olha as es-
culturas e começa a fazer os entremeios, colocar os bonecos que
ficariam altos após.
Ele estava sobre o carro quando sente as pessoas olhando pa-
ra ele, estranha, olha em volta, olha para as mãos translucidas, não
estava por ali, se olha, e todos os demais viram aquela luz ficar bem
fraca e refaz o caminho e sente o corpo parado ao carro, olha o
anestésico no pescoço e olha em volta, não ouve a explosão, mas
sente aquele vibrar, olha para o carro começar a pegar fogo, puxa
todas as almas para perto e com dificuldade, quase sem acordar o
corpo se arrasta para fora.
Dois rapazes que ouviram a explosão chegam e ajudam João a
se afastar mais, e o carro termina de explodir.
João olha para o carro e pensa no que ainda estava fora de
controle, pois continuavam a tentar matar ele.
Um carro ao longe, sai lentamente, João olha para o carro e
olha Zanon saindo, estranha, ele não tinha nada haver com seus
problemas, ele que se enfiou no meio, João olha os dois rapazes
chamarem uma ambulância e os rapazes fazem perguntas que João
apenas sacode a cabeça como sim ou não.
O bombeiro chega, apaga o fogo, mais de 4 carros a volta
atingidos, e novamente a noticia de atentado na Cidade do Samba
junto com a tentativa de um efeito especial nos carros da Impera-
triz, contrastam no jornal do meio dia.
João entra e pensa o como sua alma estava solta do corpo,
pela segunda vez isto acontece, lhe disseram o posto, não o que
estava acontecendo.
274
Muitos perguntam se estava bem, se tinha visto algo, ouviu
até se ele estava querendo se matar.
João estava meio confuso, e viu o delegado responsável en-
trar no barracão e olhar para ele.
— Podemos conversar rapaz?
— Sem problemas.
— Viu algo que poderia narrar?
— Não, estranhei, pois raramente eu durmo, mas encostei ali
e senti sono e apaguei, acordei com o barulho, e sai do carro me
arrastando, dois rapazes me ajudaram a me afastar mais.
— É usuário de drogas.
— Apenas as licitas, mas estava sóbrio voltando do hospital,
onde fui tirar a tala referente a um acidente a 7 dias.
— Vai ser convocado a depor, pois tivemos uma morte e te-
mos de apurar.
— Quem?
— Jose Figueiredo.
Na cabeça de João, não entrou a informação, que somente
mais tarde entenderia, Nuno havia morrido.
João olha sem entender, algo ainda estava acontecendo e ele
não entendia os motivos.
João que apenas observara na ultima semana, pensou em
chegar e trabalhar e estava ali, parado a olhar tudo como se não
fizesse sentido.
Ele liga o computador e todas as noticias falavam, Nuno Beija-
flor havia morrido numa explosão de carro naquela manha, cataram
a imagem dos dois andando no fim do desfile do ano anterior e o
repórter complementa, que a explosão quase mata os dois, um saiu
do carro rastejando, enquanto o outro, não sabem porque ainda
estava no carro.
João olha a informação e demora a computar, olha para Cauê
e fala.
— Porque todos que gosto, morrem?
— Não lembra de nada?
— Uma picada no pescoço, apenas isto.
— Eles ainda vão tentar jogar sobre você.

275
— Eu sou sempre o culpado até que alguém surja com mais
culpa que eu, juro que as vezes me encho disto.
João levanta e atravessa a praça e vai até Sergio e o abraça.
— Porque está acontecendo isto Sergio?
— Não sei, eles ainda vão jogar sobre você.
— Se cuida, o que me ligava a Nuno, apenas o carnaval – João
pensa e fala baixo – e o processo da Estácio.
— Acha que tem haver?
— Não vou acusar ninguém, mas que é estranho é.
Franco chega e fala áspero.
— O que este espião está fazendo aqui dentro.
João ignora e fala.
— Me passa uma mensagem de onde vai ser o enterro, ele
merece uma ultima homenagem.
Os olhos de João estavam segurando as lagrimas, olha Franco
e fala.
— Não adianta entender de carnaval Franco, se não entende
de gente, e nem adianta mandar você crescer, pois sabe o que faz,
quer ser me acusar, entra na fila.
João sai e Franco olha atravessado para Sergio.
— Ele não é bem vindo.
— Tem algo haver com o atentado Franco, que mesmo vendo
que os dois foram atacados de novo, vem com pedras na mão? –
Fala Sergio olhando ele serio.
— Este não gosto.
— Até que mandem gostar, isto não é racional Franco, nada
racional.
O silencio na quadra, o luto interno de 3 dias, e muita gente
querendo entender o problema.
João volta a sua sala, fecha e sente tudo a volta, o que ainda
estava pesando.
Ele solta as almas, sente o corpo leve, olha por olhos avan-
çando em todos os sentidos, entra na quadra da Estácio e olha Hélio
olhando para Zanon.
— Incompetente, não consegue matar dois fracos como
aqueles.
— Um foi, mas não seria mais fácil tirar o processo?
276
— Não tem mais como tirar do sistema, vai a julgamento
amanha, e sabe o que diz lá.
— Sei, acha que a morte pararia o processo?
— Sim, pois não tem como a defesa impetrar pedido sem a
parte querer.
— Falei que era uma péssima ideia Presidente.
— Nem dando o serviço para aquele Moreira, o rapaz morre.
— Temos de cuidar para não sermos envolvidos, já chega que
aquele seu segurança está preso ainda, por aquele atentado.
— Não entendi, não houve mortes e não houve grandes da-
nos, porque o mantem preso?
— Bomba caseira entra na lei antiterrorismo, e ai não tem fi-
ança presidente.
O espirito queria atravessar os dois a frente e João os segu-
rou, pega o celular, olha em volta e apenas guarda de novo.
Sem carro de novo, sai a entrada e viu muitos olharem para
ele, não sabia o que estavam pensando, olha para fora, olha como
se perdido ali, viu os rapazes erguendo a tenda, onde fariam a gra-
vação dos programas sobre a escola, senta-se em uma cadeira e
pensa em sumir novamente.
Ele estava sentado ali e viu Micaela sentar ao lado.
— Sacanagem, quem foi?
— Zanon e Helio.
— E não tem como provar?
— Se eles surgirem mortos eu sou o culpado, mesmo não os
tendo apontado, mas não gosto desta sensação que tem me acom-
panhado, perda atrás de perda, as vezes queria ter morrido.
— Não fala besteira.
João viu Magalhaes parar a frente e falar.
— Vamos apurar isto rapaz, é muita coisa acontecendo e a
policia não acha culpados.
— Obrigado senhor.
— Deve estar pensando no que fazer.
— Eu poderia ter morrido, um amigo morreu, e a policia no
lugar de querer resolver, novamente fica apenas olhando.
— E viu algo?

277
— Não tenho como provar nada senhor, não entendo nem
porque virei alvo, mas é difícil ver amigos morrerem senhor.
— Vamos apurar isto.
João olha para Micaela e fala.
— Tenho medo de ficar paranoico.
— As vezes até eu João, mas todos estão abatidos hoje, Nuno
era alguém que motivava as pessoas a se superar, mesmo que na-
quela sua forma de sempre duvidar.
João se ergue e volta ao barracão, pega suas coisas, chama
um taxi e vai ao barracão, faz um cartaz e põem na porta, folga por
3 dias, luto oficial da empresa.
Existem coisas que não param, e coisas que podem parar en-
tão João resolveu deixar bem claro, que não gostou daquilo.
Os funcionários olham alegres por um lado, preocupados por
outro.
João senta-se a olhar o cais do porto, a sensação de que aqui-
lo tudo não estava lhe gerando nada bom, dinheiro, uma casa imen-
sa sozinho, realizações pessoais, mas nada que lhe alimentasse a
alma, ele olha para o infinito esperando uma luz que não tinha.
Aquela senhora andando no cais, fez ele olhar, sua historia
seria a de destruidor dos mitos do passado, eliminar a existência de
um futuro bonito, porque ele ainda estava ali, era o que lhe remoía.
Priscila de Sena chega a frente do cais e viu aquele rapaz sen-
tado, todos indicavam ele, e não sabia o que obteria.
— João Mayer.
João a olha e fala.
— Pelos olhos, pela aura, pela postura, Priscila de Sena, se
não estou enganado.
Priscila olha para aquele humano a frente e fala.
— A pergunta antes de morrer, onde está Moreira?
— Se escondendo em algum ponto, ele faz merda, vocês de-
fendem, nós mortais, morremos, e ele se esconde, esperando a
ferida estar toda cicatrizada e criando a sua versão da historia, você
e ele vão ao futuro, mesmo que eu não queira.
— E porque me indicam você como inimigo?
— Sabe o que é um Aliviador de Pesos?
— Não?
278
— Quando muitas almas estão soltas, nasce alguém que as
acalma e perde controle sobre sua vida, caminha obtendo as des-
graças da vida, enquanto as almas aprendem a se comportar para
estarem diante dos mares de almas, e esperarem o fim ou o renas-
cimento.
— E você seria isto?
— Seu amiguinho me transformou nisto, ele me deu três tiros
quando eu tinha quase 10 anos, no entendimento destes que estu-
dam isto, pois eu fujo disto, era novo demais para ser um ser alado,
velho demais para renascer sem passar pelo mar das almas, novo
demais para ter memorias que resistiriam ao mar das almas, e por
algum motivo, uma alma muito arraigada ao corpo.
— Sobreviveu e cresceu, e o que aconteceu para novamente
virar um inimigo?
— Aquelas coisas que seu amigo, sabe fazer, me colocou em
um buraco e fiquei lá por 15 dias, ele torturando gente que não
sabia de nada, apenas para se divertir, pois matar crianças fazendo
perguntas que elas não sabem, e você sabe que elas não sabem,
não é coisa de homem.
— Somos todos bichos, alguns mais racionais, outros menos.
— Se os Fanes são bichos, sinal que ainda espero o homo Sa-
piens aparecer.
— E sobreviveu ao buraco.
— Só quem me viu sair de lá, sabe como sai, mas eu achei que
morreria lá, as vezes não poder mexer uma mão, estar em uma
condição psicologia ruim, me fez esperar a morte, e ainda estou
aqui, dizem que enquanto eu ia ao hospital, com a pele basicamente
morta, os seres dentro de mim, procuraram almas para me fazer
caminhar e sobreviver, muita gente morreu naquele dia, e pode me
considerar um inimigo por isto moça, mas nada do que aconteceu,
foi controlado por mim, ainda espero a bala que me matará ou a
pessoa que me esclarecera como me livrar dos pesos da vida.
— O que de tão poderoso que tem dentro de você?
— Almas em primeira existência, que tem de crescer inter-
namente para sobreviver ao mar de almas, com suas memorias, se
não conseguirem, nasce um ser sem a ciência que já viveu antes.
— E se o matar?
279
— Não sei, eu caio, quem sabe morra, e como no dia que ma-
taram meus pais, nada aconteça, quem sabe seja como no dia que
Moreira me deu um tiro a cabeça, no buraco a chão, todos os mor-
tais em um raio de 100 metros morreram, é covardia para eles, mas
não sou eu que controlo isto.
João estava de saco cheio disto, viu a moça sacar as duas ar-
mas, olha em volta, quantos inocentes morreriam, ela puxa o gati-
lho, a primeira vez, Joao sente as coisas bem lentas, olha as balas
vindo, via tudo muito lento, sente as primeiras almas atravessarem
a moça, e ela antes do segundo puxar do gatilho, já caia de joelhos
olhando para ele, ele olha a bala chegando a ele, pega ela a desvi-
ando, para sair dele, a segunda também, a terceira alma atravessa
Priscila que cai quase desacordada.
Ao fundo, alguns ouvem os tiros e vem e moça cair.
João sentado olha tudo voltar ao normal e caminha até a mo-
ça e afasta as armas.
Ela estava atordoada, voltando ao normal.
— Tem de entender Priscila, eu não sou alguém, não me tor-
nem o que não quero ser.
João caminha se afastando ao porto e viu ao longe mais al-
guns olhando. Pega um corredor entre dois barracões e sai dali.
Priscila olha dois rapazes a ajudarem e um pergunta.
— Está bem, não entendemos nada, você atirou nele.
Priscila olha as duas marcas a parede ao fundo, olha a arma e
fala meio sem sentir.
— Ele não reagiu, mas algo dentro dele, reagiu a tudo isto.
— Mas está bem.
Priscila senta-se ao chão e fala.
— Loco achou alguém a altura e não soube parar, temos um
problema serio rapazes.
— A altura?
— Não entendi, ele se definiu como Aliviador de Pesos.
Os demais não tinham entendimento sobre isto e Priscila vê
aquele rapaz imenso lhe esticar a mão e perguntar.
— O que Priscila de Sena faz nos cais do Porto? – Pedro Taba-
jara.
Priscila segura firme a mão e levanta-se, olha em volta.
280
— Conhece João Mayer.
— Sim, temos uma importadora que cobriu o buraco deixado
por Marquinhos Rocha.
— O que ele é Pedro? – Priscila olhando aquele rapaz, ela ti-
nha de olhar para cima para lhe encarar.
— Alguém na dele, discreto, mas que atrai todos os proble-
mas. – Tabajara fazendo sinal para os rapazes dele ao fundo já saí-
rem das posições.
— Atiraria em mim?
— Adianta matar imortais?
— E como ele sabe?
— Dizem que ele vê auras, e quem fala isto diz que a aura de-
le é impossível.
— Impossível? – Priscila.
— Algo sobre existir sobre aquele ser, a aura de mais de 350
pessoas, estas são as visíveis. Então tem de crianças a adultos, de
velhos a fanes, de mortais a imortais.
— Como ele teria a aura de alguém imortal.
— Isto que muitos não entendem, ele não sabe, mas é como
uma parte de quem o enfrentou, o peso, ficasse com ele, mas al-
guns, preferem o peso, estes tendem a ver ele cada vez mais como
inimigo, pois cada enfrentamento, lhes tira pesos, e isto para eles,
parece que gera quase que uma atração a encrenca a frente.
— Ele falou que Moreira atirou nele, acredita nisto?
— Isto é historia do Capanema, lá em Curitiba de mais de 20
anos, o menino do Candinho, de 10 anos que não morreu.
— Vingança?
Pedro olha para Priscila e sacode a cabeça negativamente,
eles estavam se tornando animais.
— Vocês estão todos fora da razão, atiram em uma criança de
10 anos, e 20 anos depois, tentam ainda jogar no rapaz a merda que
fizeram.
Pedro sai sem dar as costas a Priscila, a fama de boa atirado-
ra, vinha com ela a mais de 20 anos, poderia estar com seus 36
anos, mas Pedro não facilitaria a ela.
Priscila sente o corpo, sem forças, foi difícil levantar os om-
bros e sair dali.
281
— Que merda está acontecendo aqui?
Um dos seguranças olha para ela e fala.
— Eles apenas observaram de longe, eles sabiam que o rapaz
não morreria senhora Sena.
— O rapaz pode se mexer lentamente, mas as costas existem
pessoas atentas, ou pelo menos olhando.
— O que aconteceu senhora, vimos a senhora atirar, não erra
assim, e parece ter passado mal.
— Esqueço que nem tudo na vida é como se escreveu, e no
meio disto, as lendas se desmancham, mas preciso saber onde colo-
caram Moreira.
— Estamos perguntando, todos falam de uma operação no
terreno ao fundo do rapaz ali, feita por Moreira, mas o rapaz não
estava lá e poucos querem dar detalhes.
— Moreira omite ainda hoje, parte de sua historia, isto que
gera as mortes, ele acredita hoje que foi um santo e tudo justifica os
meios usados, mas esquece, nem tudo está na lei, nem tudo esta no
aceitável.
Priscila caminha até o carro se fazendo de forte, mas sentia os
músculos doidos, entra no carro e fala ao motorista.
— Me leva a casa de Roberto David.
O motorista sai dali enquanto ela ligava para alguns contatos
da polícia.
João sente parte de vivencias, aquilo as vezes lhe dava medo
de se perder, achar que o caminho de outros era o seu.
O caminhar até o barracão da Santo Cristo, fez ele pensar no
que estava acontecendo, ele definiria depois, como a marola de
uma pedra jogada ao lago, a pedra afundou, mas a marola ainda se
espalha, lentamente, cada vez mais fraca.
Olha os rapazes fazendo os acabamentos dos carros, fazendo
os prospectos de transporte, entra na parte isolada e olha Claudia e
Richard dando as instruções para a comissão, começava a escurecer
lá fora e João observa apenas um pouco, estaria com problemas em
breve, e não sabia exatamente quando.
Caminha para fora e olha a empresa que ele mal conseguira
começar, olha um dos carros ao fundo, termina de instalar o Motor,
e sai a rua, dirigindo, indo no sentido de Angra dos Reis.
282
Priscila pede para subir, Roberto estranha, mas os seguranças
estavam todos postados, desarmam a moça antes de subir, indicam
o elevador e Roberto olha aquela senhora entrar.
— Boa noite, o que traz uma lenda a minha sala.
— Lenda, me chamando de velha.
— Experiente, mas o que traz a menina dos olhos de Moreira
a minha casa?
Priscila olha o lugar e fala.
— Apenas entender, porque colocou o rapaz para fora?
— Moreira disse que era uma forma de termos paz, mas seu
amigo não cumpriu a trégua, sequestrou minha filha, então não
estamos em trégua.
— E quantos anos tem sua filha, Moreira tem algo com ela?
— Não, somos humanos, não Fanes, não seja cômica.
Priscila desarmada era alguém menos arrogante, e olha para
Roberto e fala.
— O que aconteceu, pois não entendo o que Moreira quer?
— Também não, ele queria sair do trafico local, não entendi,
ele saiu, vendeu por trocado e apoiou meu sequestro, gente da
policia querendo comprar o trafico e não tendo para pagar.
— Bem Moreira querer uma guerra para mostrar seu valor.
— Minha filha chama a forma dele tocar o trafico local de dé-
cada de oitenta, bem primário, mas se estamos do outro lado, é que
a policia invadiu este lugar como policia, mas saiu como marginal,
mataram uma lenda a porta, desarmado, para acusar minha segu-
rança, até hoje não entendi o que eles queriam, mas a sensação foi
de que queriam um fornecedor do dinheiro, um roubado morto e
acusar a segurança do morto do evento, como eles são a lei, o ex-
presidente, os mocinho, se tivesse dado certo, eu estaria morto, seu
amigo, com dinheiro que arrota ser trocado no bolso, a policia ma-
tando a concorrência nos morros, e a minha dilacerada, como mi-
nha filha me tirou do cativeiro, seu amigo, considera ela uma inimi-
ga, pois ela protegeu a família, e todos vocês que vem depois, ape-
nas detalhes de um grupo grande que quando resolve que o outro
lado tem de morrer, nem que por birra, continuam ataques por
todos os lados.
— Não estamos atacando.
283
— Quem fornece C4 para explodir carros, sempre foi o seu
grupo, quem fornece gás incendiários, seu grupo, e continuamos
sendo atacados, com estas coisas, tivemos um rapaz morto hoje,
com C4 combinado com Gás incendiário, o rapaz que fala, saiu do
carro, depois de explodido, todos dizem que ele deveria ter morri-
do, sai sem um aranhão, e você aqui, só me confirma, vocês fizeram
vistas grossas novamente, e um rapaz bom, trabalhador morreu.
— Não posso ser culpada de tudo.
— O que veio fazer aqui, ameaçar, pois um dos meus meninos
morreu hoje, morto por algo que só conheço um grupo que vende
neste país, o seu.
— Queria saber se sabe onde esconderam Moreira, da ultima
vez ele estava sinalizado, então o achamos, mas agora, ninguém
sabe me dizer onde ele foi parar.
Micaela olha a policia entrando mascarada na recepção do
prédio, entrando como bandidos, o primeiro tiro e ela apenas abre
os braços e pega o telefone.
— Paulinho, dá atendimento a Robson na entrada, ele levou
um tiro.
— Os policiais?
— Chama a policia, não vamos nos preocupar com ele, mas
dá sumiço em armas ilegais e coisas do gênero, que estou chaman-
do a policia que vai demorar para chegar.
— Certo.
Paulinho olha os rapazes todos caídos a entrada e chega ao
canto e atende o recepcionista com um tiro no ombro.
A policia foi chamada, mas parecia não ter pressa, Micaela
olha para a porta e fala.
— Estes invasores me enervam. – A menina olhando a mãe a
porta – mas apenas se cuida mãe.
— Certo, acha que tem perigo?
— Já vou saber. Pega pouca coisa mãe e nos espera no heli-
porto.
Micaela desce e olha para o pai.
— Amiga nova pai?
— Ela quer saber onde está Joaquim Moreira.

284
— Nem quero saber, a ultima vez que o vi estava sendo en-
terrada, ainda bem que aquele delegado achou o lugar.
Priscila olha a menina e fala.
— E não se vingou?
— Como se vinga de imortais como você moça, não sei quem
é exatamente, mas esta aura é de imortal, então não existe vingan-
ça, não para nós, mas para vocês, isto parece não ter peso algum.
— E vê auras?
— Ainda não entendo direito, é confuso, não falo isto com
muitos, mas pensei que era uma amiga nova do pai, não gente per-
guntado por animais.
Priscila viu que ninguém fez questão de fazer de conta amar
Moreira, ela esperava algo, mas tinha de passar algum tempo.
— Mas pai, não vamos sair, tinha marcado no Copacabana,
lembra?
Roberto olha a filha, soube que tinham de sair e pergunta.
— E sua mãe.
— Já esperando para sair.
Roberto olha o segurança e fala.
— Pode conduzir ela a entrada, temos mais coisas a fazer.
Priscila viu que eles sairiam antes e Micaela apenas vê ela pu-
xar a arma do segurança e sente o espirito atravessar a moça que
cai tonta e fala.
— Vamos pai, não dá para perder tempo com isto ai.
O segurança pega a arma de volta e a colocam para fora.
Priscila chega a entrada e olha para a policia chegando, olha
os rapazes entrarem e se depararem com os rapazes ao chão, mor-
tos, e o que era um fim de tarde normal, passa a tirar corpos e obvio
que mortes sem causa, sabiam a causa, Priscila olha para o motoris-
ta e pergunta.
— O que aconteceu?
— Entraram violentamente, deram um tiro no porteiro pela
portinhola da segurança, não passaram da entrada, e caíram todos
mortos.
— Mas como?
— A menina dos David tem uma fama de ser protegida dos
anjos, que eles intercedem e matam para ela não se envolver.
285
— E o que aparece nas mortes?
— Mal súbito, apenas isto.
Priscila pega o celular e pergunta.
— Onde ele se esconde?
— Acabou de chegar numa casa em Angra.
— Ele tem casa em Angra?
— Simples, mas sim.
Ela passa o endereço para o motorista que sai no sentido de
Angra.
João senta-se naquele inicio de noite a casa a beira da praia,
olha em volta, verão, muita gente, ele sente os espíritos quietos, e
pensa no como tudo estava tenso e ouve os poucos “se cuida”, a
maioria não entendia o que estava acontecendo.
Ele afasta as mãos e sente a sua alma sozinha no corpo, a le-
veza dos pensamentos e a energia em alta, ele sente tudo a volta, o
rapaz o seguindo sente aquilo o atravessar e cai sobre o volante e os
vizinhos chegam vendo que o rapaz cairá sobre a buzina, João puxa
a alma do ser e sente a ligação, não entendia porque ele tinha de
viver e os demais morrerem, liga a TV as costas e o falar de policiais
passando mal quando foram fazer uma batida em um apartamento
na Zona Sul, não falava em nada a verdade.
João estava sentado a varanda quando ouve o estalo no piso
ao fundo e falou.
— Demorou.
A pistola a mão de Priscila, os seguranças chegando por todos
os lados, fazia ele pensar se valia as vidas a volta.
— Porque apagar as boas historias Priscila de Sena, não en-
tendo este tipo de reação.
— Amar algo é isto.
— Tudo que amei, até minha filha, que nada tinha haver com
minha atual vida, seu Loco matou, sabe disto, então não fala do que
não entendem.
João gira a cadeira e olha Priscila, as costas um espectro que
João não conhecia, não era referente a vivencias, mas não falou,
olhou Priscila que não sabia o que fazer.
— Sei que ele passou do ponto, ele sempre passa do ponto,
mas onde encontro o desgraçado.
286
— Ninguém registrou Sena, não fui eu, não foi a menina, ape-
nas vimos ele sair, não perguntamos, não vamos perguntar e não
quero saber, mas não entendo gente que acha certo matar e não
admite, que quem com a vida brinca, com sua vida está brincando.
— Não sabe mesmo?
— Sei que neste mar a frente, pelo menos 40 milhas, profun-
didade, uns 3 mil metros, onde, não tenho nem como saber, algo
que cai a minha frente ao afundar 3 mil metros, para em qualquer
lugar, menos a minha frente.
— O mataram.
— Isolaram, uma caixa que resiste 50 anos, é o tempo que eu
viverei no máximo, você estará viva quando ele ressurgir por ai, eu
não.
— isto eu sei, eu vou lhe matar rapaz.
João sentia o rapaz chegar as costas, apena aproxima as mãos
e Sena olha os rapazes caírem mortos, não viu as almas vindo a vi-
vencia de João, ela estava tensa e fala.
— E não quer morrer antes.
— Desisti de vocês, vai antes que tenha de me vingar Priscila,
você pode não morrer, mas Paulo morre, todos não mortais a sua
volta morrem, e não quero lhe aplicar o que me foi aplicado, não
tenho mais ninguém, seu amiguinho matou todos.
— Acha que vou parar antes.
— Se não os ama, não reclama depois, não me venha depois
com mais raiva e vingança, pois eles vão morrer e não estarei ai
para segurar.
Sena sabia que se puxasse a arma talvez o rapaz não morres-
se, Joao por outro lado, já deixara morrer todos a volta, todos que
para ele apontava armas, soníferos, ou coisas do gênero.
— E se matar aquela menina.
— Ela é pior que eu Sena, ela atrai as desgraças, mas colhe as
honras, eu não colho honras, então ela é respeitada, a cada ataque,
ela fica mais forte, e ela não conversaria, ela deixaria você atacar e
acabaria com toda sua arvore, sem falar nada.
Priscila olha para a porta e viu Paulinho olhando para João
com a arma em punho.

287
— Não se estressa Paulinho, ela só está tentando adivinhar
em que profundidade o amorzinho está para se juntar a ele.
Ela viu os rapazes entrarem por todas as portas apontando
para ela, abaixa e guarda a arma, sai e olha o motorista morto, puxa
ele para fora e sai.
João olha para Paulinho e fala.
— Obrigado.
— Não ajudei, apenas observei.
— Sei que desarmou uns 30 no cais, então obrigado.
Um carro para de costas e viu os rapazes porem os corpos e
saírem sem falarem para onde.
Micaela olha Douglas entrar com o delegado da 10ª DP e per-
gunta.
— Ele afirma que eles morreram em serviço.
— Se o serviço de seu amigo é nos prender e matar, ele não
está na lei Delegado Douglas, um monte de gente mascarada e sem
identificação em carros não oficiais, não é uma operação oficial, já vi
meu pai ser tirado daqui assim, e até agora a 10ª não deu um rela-
tório sobre aquilo, só desculpas sem esclarecimentos, mas o que ele
quer, ninguém subiu, se quer verificar, da proteção contra ataques
na portaria para fora, onde todos estavam, não no apartamento na
cobertura.
O delegado a encara e fala serio.
— Sei que foi você.
— Sei que esta aura é de medo, não combina com a cara es-
farrapada delegado, a próxima vez que quiser, vem morrer junto,
não manda os rapazes, coisa de covarde.
— Acha que está falando com quem? – Grita o delegado.
Micaela firme, olha o senhor, brilhando, e fala olhando serio,
sem um desvio de sentimento naquele olhar e semblante, fala.
— Quer descobrir Delegado.
Douglas viu que Micaela não estava para brincadeira naquele
dia e fala.
— Vamos acalmar pessoal.
O delegado olha Douglas e olha a menina e apenas sai, ela
olha ele a encarar na entrada, talvez a ver como ela era fez o dele-
gado se tocar, ela matou, mas prove.
288
— Tem de acalmar Mick.
— Ele manda os rapazes para morte, em uma operação ilegal
e quer se fazer de correto.
— Concursado, Doutor, lembra?
— Você foi por este caminho, acho que só para fugir de mim
Douglas, o delegado, no lugar do advogado.
— Eu não entendi nada, teria como me explicar?
Micaela olha a mensagem criptografada no celular e apenas a
lê e fala.
— Esta coisa de desconfiar da sombra, geram mensagens que
poderiam ter 10 ou 12 significados.
— Custos da marginalidade.
— Verdade, vocês falam tudo claro nos telefones e comuni-
cadores, as vezes acho que somos todos malucos, querendo se dizer
inteligente, e dai, vai ficar? – Micaela jogando os cabelos para trás,
sorri e Douglas olha ela serio e fala.
— Indo.
— Previsível demais Douglas, previsível demais.
Micaela entra e Douglas sai, o rosto de assustado do delega-
do da 10ª era evidente.
— O que foi aquilo.
— Se for mandar os seus para morte, se informa antes dele-
gado, não se entra em campo com aquela menina, sem estar prepa-
rado, e ela sim, é mortal, daquelas que desafiam institutos de crimi-
nalística a provar que ela fez algo.
— E a defende?
— Pode não parecer delegado, mas estou lhe defendendo, de
você mesmo.
O delegado viu os carros da federal começarem a ligar e co-
meçarem a sair dali.
João no fim do dia, pega o carro que agora era um opala re-
formado, volta ao Irajá.

289
João acorda de um sonho
agitado, olha em volta e sente as
novas almas, sempre revoltadas,
sempre indispostas, sempre revol-
tadas, mas toda vez que passava
por algo assim, vinha mais infor-
mação, mais formação, estranho
saber leis que nunca estudou,
saber coisas que nunca parou para pensar sobre aquilo.
Ele se olha ao espelho e vai ao banho, começava a se aclima-
tar a cidade, sai pegando o celular e passa mensagem para os locais
que queria ir, e desce ao carro, liga ele e vai a Cidade do Samba.
Ele entra e olha para os carros e olha para a reunião, ele já
parecia melhor, mas todos sabiam que ele estivera num carro que o
que explodiu ao lado, matou o ocupante.
— Bom dia a todos, faltam 5 semana para estarmos nos pre-
parando para ir a avenida, e preciso saber o que está pronto e o que
falta a fazer. – Luiz olhando Cauê que olha para João.
— Saberia dizer o que falta ainda?
— Um mês de trabalho é o que falta, são 6 carros a terminar
e ensaiar, a comissão já começa a pegar o jeito, por dias pensei que
teríamos de mudar de ideia, mas ela começa a dar frutos, as fanta-
sias faltam acabamentos, aqueles que evitamos por muito antes,
mas começamos a por esta semana e começamos a embalar cada
uma das 52 alas, temos atraso em duas alas na costura, mas que
vamos por em dia, temos de terminar 3 carros ainda trabalhosos
que estão ainda se erguendo, sei que a culpa foi minha, mas pre-
tendo os acabar, e as fantasias da comissão de frente, das 6 alegori-
as, devem estar prontas esta semana, dos destaques, provavelmen-
te na semana do desfile.
Luiz olha João e pergunta.
— Está bem?
— Tentando não pular fora senhor, mas sei que me compro-
meti e vou terminar o que propus.
290
— Vai ao enterro hoje?
— Sim, Nuno e eu montamos uma escola o ano passado, ele
era daqueles detalhistas que me deixava seguro a ir ao carro a fren-
te e não me preocupar com o que ele estava cuidando, ele sabia
dizer não quando tinha de dizer não e ainda não entendi o que me
ataca toda vez que tento acelerar algo.
— Tenta manter os pés no chão, sei que nesta hora muitos fa-
lam merda, mas releva, pelo menos tenta relevar.
— O problema eu administro senhor, mas temos ainda de en-
saiar muito para chegar a avenida.
— E acha que estamos na data.
— Devemos ter toda a parte interna, quase pronta em duas
semanas, o que quer dizer, dia 31 de janeiro, devemos ter uma ga-
ma imensa de coisas prontas, mas ai começa o acabamento que não
podemos por antes nos carros e roupas.
— Certo, alguém tem alguma duvida?
Rita olha para João e pergunta.
— Qual o motivo de segurar a costura final das Baianas?
João olha em volta e como estavam apenas em 5 fala.
— Se ficar muito evidente que estamos com quase tudo pron-
to Rita, as pessoas param e não fica pronto, se olhou, temos 150
baianas prontas, o que falta?
— Não sei, retiveram as roupas e disseram que iriam remode-
lar.
— Mantem a calma, mas como se diz, uma costeira a mais e
uma barra a mais, não demora tanto tempo.
Rita sorri e pergunta.
— Investiu pesado nas baianas este ano.
— Como falei para alguns, eu não invisto no que não acredito
Rita, apenas as pessoas tem de entender, que uma ideia completa,
apenas se apresenta no desfile.
Luiz olha para Cauê e pergunta.
— E os ensaios?
— Andando, a bateria está afinada, a comunidade esta can-
tando a musica, muitos falam que estamos escondendo muito, e a
outra metade, que estamos mostrando tudo.

291
O pessoal dispersou, João olha o carro da escola, e pede per-
missão de deixar ele coberto de negro por dois dias para Luiz, ele
concordou e João sobe no mesmo e cobre ele.
As pessoa a internet começam a comentar que a frente da
Imperatriz e o carro estavam com faixas negras de luto.
João sai no sentido do cemitério, ele nunca fora a região do
Caju, cemitério São Francisco Xavier, uma das capelas, e quando ele
entra, olha os olhos virem a ele, não estava ali pelos demais, mas
viu que aqueles olhos de raiva, ele estava com raiva, talvez tivesse
de entender, mas chega ao caixão e toca o corpo e sente o espirito
ao lado, olha ele e apenas pensa.
“Desculpa”
O espirito olha nos olhos de João e fala, estranho as palavras
virem tão claras.
“Eu duvidei que eles chegariam a isto, se tivesse deposto a
seu favor, eles pelo menos os ligariam a minha morte.”
João sente aquela menina chegar e fala.
— Descansa amigo, não o protegi, desculpa!
Roberto entrava naquela hora e ouve um rapaz ao fundo falar
alto.
— Não é bem vindo anomalia.
Joao segura a mão de Nuno e respira fundo.
“Eles não lhe conhecem, não os condene por suas ignorân-
cias!”
“Machuca, eles não falam para não machucar, eles não falam
para me dar paz, e sim culpa, sei que é ignorância, mas machuca!”
Micaela olha o rapaz que ia falar algo e olha a fúria nos olhos
dela e se cala.
João sempre esperava o pior das pessoas, ele queria ser dife-
rente, mas com ele, elas nunca eram.
Ele se afasta e uns começam a comentar e apontar e João
olha para fora, Micaela chega ao lado dele e fala.
— Calma, eles não sabem que o espirito está ali ao lado.
— Eles são o que são, a pergunta, o que eu sou?
— Apenas o João, lembra dele?
— O menino morreu aos Dez, quando em um dia de dor, ele
assume a memoria de pai, mãe e um amigo.
292
— E nunca tentou falar sobre isto?
— Não quero pena das pessoas, prefiro elas sinceras como o
rapaz ali, mesmo que na ignorância dele, do que pena.
— Pensei que não vinha.
— Sergio precisa de ajuda e não posso oferecer.
— Pensando no trabalho para não pensar nos inimigos.
— Nosso trabalho é o que deixamos, todo resto, como Moacir
Franco fala, acaba em bosta.
Roberto chega ao lado e fala.
— Alguns não gostam de você, releve.
— Vocês me mandam embora, e eu que sou culpado, mas tu-
do bem, vim e viria, mesmo que fosse enxotado, Nuno merece os
amigos por perto, não os que nem o reconheceriam a rua, e agora
vem pois precisam demarcar área.
Roberto olha João e pergunta.
— Sabe quem foi?
— Zanon e Helio com apoio de Priscila de Sena, que abriu o
caminho para o material chegar a eles.
— E como tem certeza. – Roberto.
— Roberto, eles estão vivos, pois se morressem, eu e sua filha
seriamos culpado, eles não atacaram, mas se morrerem, foi retalia-
ção, sabe do que falo.
— Você falando assim me preocupo rapaz.
— Eles mataram, o presidente a Associação de Escolas de
Samba fez vista grossa, mas calma Roberto, não se preocupe com
eles, mas como falava para sua filha, Sergio precisa de ajuda e não
tem como pedir.
— E não tem como ajudar.
— Ter eu tenho, mas posso me complicar com isto.
— Certo, e se aceitar a ajuda, como faria?
— Eu não saberia de nada, ele coordenaria, daria espaço,
pessoal e material.
— E porque ajudaria?
— Ao lado do caixão esta um espirito que gostava de fazer
carnavais bonitos, a ele é a ajuda, a mostrar seu trabalho Roberto,
não a mim.
Roberto olha para o caixão e pergunta a filha.
293
— Ele está ali mesmo?
— Sim pai, ele está ali, olhando o corpo sem poder fazer
grande coisa, morreu sem sentir, mas ver pelos olhos abertos, é
mais dolorido do que pelos olhos fechados.
— E o que ele faria? – Roberto.
— Ele sempre fez, sabe disto, ele ali a fazer os primeiros car-
ros com balanço, ele fazendo carros lindos, e ao mesmo tempo,
ninguém nunca o dando o real valor.
— Aceito ajuda. – Roberto.
— Amanha falamos com Sergio.
O ficar por perto de João fez alguns lembrarem dele, outros
ignoravam quem era, mas ele ficou ali até o caixão baixar na gaveta
e fecharem o local.
João não gostava de enterros, mas era um local de paz, ele
chega a entrada do cemitério e puxa para ele todas aquelas almas
que ali penavam, com uma exceção, Nuno, que olha aos olhos e
pensa alto.
“Tem de entender, mar de almas não é um caminho.”
João chega ao carro, fecha os olhos e sente as almas, as acal-
ma, segundos que as vezes pareciam horas para João, ele abre os
olhos e vai ao barracão do Santo Cristo.
O entrar de João no barracão da Alegria, vez Marcos olhar ele
e perguntar se estava tudo bem.
— Sim, podemos conversar presidente.
— Problemas?
— Como está o carnaval?
— Adiantado, você acelera tudo.
— Eu quero ajudar um amigo que se foi a terminar o que foi
projetado, me ajuda?
— Vai ajudar a concorrência?
— Presidente, eu gostaria, com toda força, de erguer o grupo
A das escolas de samba do Rio a um nível se não superior, muito
igual ao que se apresenta no Especial, isto faria todos acima terem
de caprichar muito.
— Quer um grande show, acha que estamos no nível?
— Como estão os ensaios no que chamamos de quadra, mui-
tos de terreiro?
294
— Bom, muito bom diria, só em cerveja vamos levantar nos
dois meses, mais de 300 mil reais.
— Disto que falo presidente, tornar o carnaval lucrativo, di-
vertido, e ao mesmo tempo, ganhar influencia.
— E como ajudamos?
— Não sei ainda, eles tem de aceitar a ajuda, mas quero pas-
sar as alegorias da Alegria para o barracão ao lado, e abrir este es-
paço.
— Certo, conseguimos, acha que vai usar mais que espaço.
— Vou por as alegorias de Chatuba a frene aqui, assim abre o
fundo, e a estrutura inteira de onde está sobrando espaço. Esta
parede é recuável, ela é apenas estrutura, então vamos ajeitar as
coisas, sei que deve estranhar.
— Sim, você não se nega a ajudar, e as vezes eles se assustam
com este tipo de comprometimento.
João não respondeu e começa a dar as indicações, eles bai-
xam o carro a posição de transporte, somente assim passa pela por-
ta e param a rua um pouco para mudar de uma estrutura para ou-
tra.
Internamente eles soltam a parede que era oca, e com 3 em-
pilhadeira a recuam, no barracão que estavam as 3 pequenas alego-
rias de Chatuba, eles param a rua e vem no sentido da entrada des-
ta parte, enquanto João explicava que tentaria ajudar mais alguém,
Paulinha sabia que o espaço era imenso, e que as alegorias do ano
eram para encher os olhos.
Era quase noite quando todo o agito fez alguns começarem a
falar que um agito se fazia num barracão no Santo Cristo, mas os
portões fechados, e os ensaios todos para dentro, não davam o que
estava acontecendo.
A parte da costura que estava dedicada a Imperatriz é trans-
ferida para parte de costura da Cidade do Samba, separando ala a
ala, o que foi um tumultuo em espaço.
Luiz viu o quanto estava estocado no outro barracão, se al-
guns tinham duvida referente as fantasias, sorriram de ver que es-
tava bem avançado, mas ainda faltando alguns acabamentos.
João acerta o fechar daquela parte para o barracão interno e
passa determinação de entrada apenas pela Santo Cristo.
295
Era um agito de mudança de estrutura, e muitos nem enten-
diam porque, mas ficava mais fechado o lugar, mais secreto.
Os ensaios a noite começam no barracão e João estava sen-
tado agora no que um dia foi a parte do montar do carnaval da Im-
peratriz, agora isolado para estruturar uma segunda ideia, talvez na
cabeça de João, se ele pudesse ele ajudaria mais gente.
Viu Sergio entrar ao lado de Roberto, conhecia o lugar, estive-
ra no ano anterior muito ali, mas viu que estava diferente e fala.
— Tá bem João?
— Ainda tentando entender, mas Nuno não merece ter seu
trabalho destruído por estes, estou oferecendo ajuda, para estabe-
lecer que a competição seja justa.
— E no que poderia ajudar? – Sergio.
— Espaço para 3 carros estilo aquele maluco do João Mayer,
pessoal, local para costura e escultura, apenas isto.
— Desalojou a Imperatriz para nos ajudar. – Roberto.
— Não, mas o que tinha contratado com a Imperatriz está
quase pronto, eu termino.
— Sabe que esta ajuda eu estranho. – Roberto.
— Sei disto, em 5 anos, todos vão dizer que sou maluco, mas
ainda sou apenas um desconhecido.
— Sabe que se vazar terá problemas? – Sergio.
— Sei que a nível de Carnaval, tudo vaza, mas se no fim todos
me virarem as costas, apenas estarei com a consciência limpa, eu
nunca me preocupei muito com o que eles pensavam.
— E pelo jeito abriu espaço.
João levanta e fala.
— Conhece o lugar Sergio, mas estamos com paredes isolan-
do os trabalhos.
Sergio viu que o que iria para o barracão a frente estava fe-
chado, e viu que na ponta estava aberto, onde ele nem vira, e olha
as 3 estruturas a ponta.
— Carros da Alegria? – Roberto.
— Chatuba. – João.
Sergio olha o espaço e fala.
— E vai ajudar a terminar o projeto?

296
— Acho que sei melhor que Roberto do projeto Sergio, ape-
nas ele não sabe disto, e não era para saber, mas não era para ma-
tarem Nuno no meio disto.
— Certo, acho que o problema é dispor ideias imensas, você o
faz com maestria.
— Eu não penso em tamanho e sim na ideia, sabe disto.
— Mas você fala e depois ficamos com aquilo a cabeça.
— Qual não conseguiu pensar.
— O que estabelece o conjunto de títulos e desfiles marcan-
tes.
— Eu lembro do Roberto preocupado com o passar da escola
no desfile das campeãs da Ratos e Urubus, e o Joãozinho desfilando
a gloria a frente, um na regra e outro no deslumbre, acho que
quando se fala em alguns desfiles, foram imortais pela postura, não
pelo desfile.
— Como assim?
— Acho que o que difere algumas escolas, e posso por a Bei-
ja-flor entre elas, é que a comunidade aprendeu o que tem de fazer,
mas as vezes, ela esquece de se divertir, que independente do car-
ro, da alegoria, da fantasia, é ela que faz a festa, vejo na cara dos
componentes a vitória na entrada, não na saída, olhando depois,
não na hora, pois a cabeça está no carro, no bêbado no abre-alas,
sambista que não se aguenta em pé e insiste que quer fazer sua
parte na coordenação, é detalhe, e quando se faz um carnaval vito-
rioso, geralmente este fator é o que lhe deu a vitória, mas quando
você impõem isto, e não vence, todos sabem, vocês poderiam ter
vencido.
— Não foi claro.
— Sergio, eu pensei que você tivesse entendido.
— Acha fácil por 14 títulos assim, fácil na avenida?
— Certo, o que temos de abre alas?
— A ideia de 14 títulos, 12 vice, 2 terceiro lugar, que marca-
ram a vida da escola.
João olhou para Sergio como se perguntando o que tinham.
— Não consigo, tenho muita estrutura, pouca novidade.
— Certo, primeiros 3 campeonatos, quem é o nome?
— Joãozinho Trinta.
297
— O que além de Joãozinho ainda vem na avenida, desde
aqueles dias?
— Quer fazer referencia, as vezes eu me perco nesta coisa de
criar.
— Você tem o mesmo puxador desde lá Sergio, então o que
temos, historias, criadores, família, carnavalesco, peças fundamen-
tais, cada ano, tem um conjunto de homenagens, mas obvio, o que
mais é importante, a função, a família, os protagonistas, eu criaria
um carro destes em meia hora, executaria em 3 meses.
— Sabe o problema.
— Certo, eu passo para o Rodney 50 esculturas, e 35 autori-
zações para se usar as imagens, pois não tenho como por o Roberto
Carlos lá sem ele autorizar. – João olha Sergio e fala – A verdade não
precisamos de partes altas, quer uma remodelação, inteira?
— Não dá tempo João. – Sergio ficando tenso.
— O que demora, os beija-flor estão prontos?
— Sim.
— O carro está como Sergio?
— Nuno estava fazendo o ultimo, e as peças dos primeiro es-
tão em produção.
João começa a rascunhar e fala.
— Tem de definir onde por quem, mas vamos pondo os dados
e depois as considerações, se achar que não dá Sergio, começa a
cortar, mas ideias pequenas, não é meu ponto forte, a ideia básica,
é uma leva de pessoas andando a avenida, e sei que posso estar
tirando o titulo neste instante da Imperatriz. – João vira o esboço.

298
Sergio olha o esboço e vê João começar a colocar nomes, e
depois alturas de base, e quantidade de beija-flores, pois a imagem
era a mesma, mas ele colocou os nomes e olhar para ele.
— A diferença destes para os básicos beija-flores, é que estes,
baterão asas a 80 batidas por minutos Sergio, um beija-flor que
pareça um beija-flor, o revoar ao lado de celebridades que fizeram a
historia dos últimos 50 anos de carnaval.
A cara de pânico de Sergio era contrastante com o sorriso de
Roberto que fala.
— Dou estrutura Sergio, vamos pegar todos e começar a fazer
os carros, como ele definiu este abre alas, pode ter tido uma ideia
que tira da escola que ele está hoje o titulo.
— Os beija flor estão nas medidas?
— Sim, as estatuas basicamente do tamanho do beija-flor da
comissão de frente, mas é para dar movimento mesmo de longe.
— E vai tentar ganhar isto?
— Eu como disse Roberto, não entro para perder, mas o prin-
cipal, não entro para fazer um carnaval feio.
— Usaria a base a que altura?
— A mínima, para parecer que tudo vem quase do chão e se
estica, toda a base tem de ser feita, estou dando a base apenas, e
tem de ter flores, tem de ter um campo onde os seres caminham.
— Acha que o carro dois e três são bons? – Sergio falando al-
go que para Roberto era uma novidade, que João sabia qual o car-
naval deles.
— Como falei antes Sergio, Nuno vai fazer uma falta imensa,
mas tem como puxar gente que está quase fora do carnaval este
ano com a ida de Silvino para o carnaval de São Paulo, puxa eles e
monta uma equipe extra, mas o principal, o que entrar no carro,
estar acabado, termina a base e prioriza cada sequencia, assim você
vai colocando nos carros o que precisa ser posto, mas o que está
pronto.
— Quantos destaques neste carro?
— Se contei direito, 336 destaques.
— Não tenho tudo isto de Beija-flores.
— Quer perder o carnaval Sergio?

299
— Não, mas nosso prospecto diz 200 beija-flores, todos
achando um absurdo a quantidade, quer por mais 136 deles.
— Quem transmite e júri gosta de números Sergio, sabe disto,
tudo que fazemos é ampliar ao máximo o que podemos fazer.
— E qual a sua interpretação para o final.
— Que venham mais 14, que venham mais 70 anos. Coirmãs,
se cuidem, que passamos vocês em títulos, pois o Cristo ainda olha
por nós.
— Já tem escola para o ano que vem? – Roberto.
— Ainda não, depende muito dos resultados, lembram disto?
— E qual mais mudaria sua postura?
— Alegria da Zona Sul nas Especiais.
— E continuaria ajudando? – Sergio.
— Sempre, mas espero anos mais calmos.
— E como faria a divisão das alegorias, você pelo jeito pensa
em algo grande, mesmo quando estava no seu carnaval de 3 carros.
— Pensar no pequeno, é passar uma historia com 600 com-
ponentes, com 30 alas e com 3 carros, é bem diferente de poder
usar 6 carros, 3 tripés mais comissão de frente e 4 mil componen-
tes.
— Ajudaria no abre-alas? – Sergio.
— Traz apenas a estrutura baixa, e as bases e começamos a
por os beija-flores um a um, não sei como você estão os reprodu-
zindo, mas ajudo no que der.
— Soube que reproduz coisas a base de molde de fibra de vi-
dro. – Sergio.
— Eu estou tentando ajudar Sergio, mas todos os carros que
montei este ano, tem surpresas, o problema é funcionar todas as
surpresas.
— Tecnologia?
— Quando se projeta uma comissão de frente, que pode vir a
perder nos oitocentos metros da avenida, até 5 quilos por pessoa,
qualquer um que não aguente, nos tira o campeonato.
— O papo do abre-alas do ano passado? – Roberto.
— Não, nós erramos no abre-alas, apenas o júri não viu Ro-
berto, a diferença foi esta.
— Coisas sempre dão errado.
300
— Então evita por coisas que dão errado, é um desfile de fes-
ta, não um desfile de inovação, e sabe que a festa ganha mais do
que a inovação, apenas as vezes a imagem do carnaval fica com a
segunda ou a terceira colocada.
— O Cristo coberto? – Roberto.
— A imagem do Cristo todo coberto, é mais forte para o país
do que ele descoberto, o que fez aquele campeonato ficar mais
especial do que o normal, foi aquele Cristo coberto, o cristo com a
cara de Joãozinho, teria sido um escracho.
— E cobriria o Cristo novamente? – Roberto.
— Sergio sabe como fazer no final.
Roberto olha para Sergio e pergunta.
— Conversaram sobre o enredo pelo jeito.
— Todos estavam em pânico, Zanon preso, apenas almoça-
mos, sabe que muito se discute em almoços que ninguém viu.
— E o abre-alas não tinha entendido? – Roberto olhando Ser-
gio, que sorri e fala.
— As vezes, temos de ver a ideia da comissão de frente para
termos ideia do peso de umas ideias.
— Aquele beija-flor eu não entendi ainda. – Roberto.
— Porque não tem como o deixar de pé lá, apena por isto.
— Certo, vou fazer uma proposta, e vê se aceita. – Roberto.
— Fala.
— Nos ajuda, sei que um carro como o que montou o ano
passado, não custa 6 milhões, eu pago os 18 milhões pela ajuda no
carro abre alas e mais toda ajuda que conseguir.
— Dinheiro na conta, armações e esculturas aqui, o pessoal
começa a trabalhar. – João.
— E vai contar para o pessoal da Imperatriz?
— Roberto, este lugar ainda é meu, sei que foi onde nos de-
sentendemos o ano passado, mas não entro em algo para dar de
graça, lembre disto.
— Certo, você entra com estrutura própria, e sei que impres-
siona com ela. – Roberto olha para o espaço e pergunta.
— Aqui cabe o abre alas?
— Sim, antes de acoplar.

301
— E pelo jeito modernizou o lugar, ano passado tinha duas in-
jetoras.
— Como falo Roberto, eu invisto para ganhar o carnaval, não
para ficar em segundo, mas quem sabe eu aprenda a investir para
ficar em primeiro, segundo e terceiro.
— Muitos são pelo segredo.
— Eu sou pelo perfeito, e todos sabem, eu investi na Alegria e
ninguém viu.
— Os ensaios deles são os mais animados da zona sul, nin-
guém fala de outra coisa. – Roberto.
— Pensa Roberto, você estava me pressionando para vender
aqui, eu estava olhando a falência do pessoal do Clube da Ilha dos
Caiçaras, enquanto você me pressionava aqui, eu e sua filha, virá-
vamos donos do Clube e basicamente proprietários da sede da Ale-
gria da Zona Sul.
— Investindo pesado?
— Nem tanto, mas enquanto seus ensaios Roberto, geram
perto de sei lá quanto, mas estamos tirando perto de 300 mil por
fim de semana lá.
— Esqueço que você e minha filha pensam com a calculadora,
então financia eles por ser um bom negocio.
— Sim, entramos com a sede, entramos com 300 mil reais nos
últimos 2 meses, na escola, e faturamos perto de dois milhões.
— Você acha que eles se estabelecem como escola da Zona
Sul.
— É provocação para os certinhos Roberto, eles querem nós
longe dos bairros deles, dai eu me enfio na baia Rodrigo de Freitas
apenas para provocar.
— E acha que conseguimos fazer um bom carnaval?
— O forte de vocês sempre foi a comunidade Roberto, sabe
disto mais que muita gente.
— E aqui teria estrutura para quanta ajuda.
— Não tenho como ajudar mais do que abre-alas e mais um
carro, mas vocês tem de querer.
— Vamos conversar, saiba que algumas coisas ainda estra-
nho, e você perto da minha princesa é uma delas.
— Eu sempre atraio confusão, lembra disto Roberto.
302
— E Moreira, acha que volta?
— Espero que esteja no inferno, mas não sei como seria o in-
ferno de imortais.
— Aquela Priscila é perigosa.
— Então protege sua filha, pois não fui eu que dei sumiço no
amorzinho de Priscila.
— Certo, ela pode não saber, mas tem como conseguir a in-
formação, e não tenho como perguntar para ela em casa.
— Quem manda ter a casa mais vigiada do país pela policia
federal, seja por inimigos ou por amigos.
João se despede e vai para casa.

303
O tempo avança duas se-
manas, enquanto os carros da
Imperatriz pareciam chegar ao
ponto de acabamento, os da Bei-
ja-Flor chegam na parte de entrar
acabamentos básicos, os ensaios
varavam madrugadas, e muitos se
perguntavam como chegariam ao
carnaval.
João vai ao primeiro ensaio da Chatuba, quase lembrou das
primeiras vezes de trocar uma ideia sobre o criar da Sitio Loco, bem
recebido.
Paulinha apresenta ele, um desconhecido, que muitos sabiam
fazer parte da historia do carnaval do ano anterior, apresenta as
fantasias, olha comissão de frente, a bateria, agora com instrumen-
tos novos, com um samba pesado, falar sobre algumas coisas ainda
parecia uma vivencia que João não tinha, mas uma vez no interior
do problema ia até o fim.
Guimarães ao fundo registra a recepção a João Mayer, estra-
nha, mas viu as fantasias bem feitas, bem acabadas, todas no enre-
do, roupas da sapatilha, roupa de baixo, até a cabeça, roupas para
uma escola especial, mas em uma escola de 600 pessoas, ele pega o
carro e vai ao seu apartamento em Ipanema, ele digita o assunto do
dia, e faz um pequeno vídeo com o tema.
“Quem é João Mayer, que agita o carnaval este ano!”
João não viu a reportagem, pois ele não parava para ver ví-
deos no Youtube, mas lá o rapaz falava do ir de João ao ensaio na
Sexta na Ilha dos Caiçaras, recebido por Marcos, e apresentado co-
mo reforço das ideias naquele ano, a ida de João ao ensaio técnico
da Imperatriz Leopoldinense, o acompanhar de Luiz ao rapaz, o
apresentar dele a muitos da comunidade, depois a ida de João ao
ensaio da Chatuba, e basicamente ser recebido como carnavalesco,
uma Chatuba pronta a nível de roupas, e ensaiando comissão de

304
frente, uma escola que quase deixou de existir, ressurgia pelo me-
nos com enredo.
Guimarães olha que novamente vinha criticas da Estácio, mas
alguns comentaram que viram João em almoço informal com Sergio
da comissão da Beija-Flor, e ficou nos comentários uma possibilida-
de que Guimarães não tinha documentado, que ele ainda tinha con-
tato com a Beija Flor.
Ele fica a olhar os comentários e sai a rua, ele caminha até a
Lagoa, ele fazia exercício andando a volta da Lagoa, e para a frente
do que agora se dizia sede da Alegria da Zona Sul, era domingo e
muita gente chegando a festa que aquela escola de samba ali estava
gerando, ele compra uma entrada e viu a bateria postada, estranho
um lugar onde os destaques estavam as pessoas de duas favelas da
região, e não os boizinhos da zona sul, eles fizeram um pequeno
trecho de caminho, estreito, mas que dava para evoluir tocando, e
enquanto chegava gente, se via uma comunidade ensaiando mais
um dia, o que era um point de jogadores de tênis, pouco agitado,
estava se tornando naquele carnaval o ponto de ouvir uma boa
bateria, mesmo não conhecendo os sambas, na primeira vez, se via
o povo cantando agora.
Guilherme olha João Mayer chegar e olhar para o pessoal e
um rapaz o cumprimentar, não conhecia, mas aquela postura, me-
dalhão de ouro a frente, pulseira e aquele boné com um CA, fez
Guilherme evitar a maquina fotográfica.
O agito na avenida deixava vizinhos reclamando há um mês, e
daqui para diante ninguém pararia, mesmo os ensaios não durarem
mais de 3 horas a cada noite, sempre tinha os que ficavam por per-
to, alguns blocos falando em sair dali naquele carnaval, algo que a
prefeitura não queria.
Guimarães olha o rapaz parado ao lado da região que vendi-
am latinhas de cerveja, e olha para o rapaz ao fundo.
João senta-se em uma parte isolada, Guimarães tenta chegar
lá e teve de insistir para o rapaz o liberar, ele olha João sentado
rabiscando e pergunta.
— O agitador do ano me daria uma entrevista exclusiva?
João olha para trás e não vê mais ninguém e fala.
— Quem é este que quer entrevistar?
305
Guimarães olha como se não entrando na brincadeira.
— Já tem mesa exclusiva?
— Eles não me querem perto, então não os deixo irritado.
— E porque não o querem perto?
— Porque tinha gente querendo colocar para dentro coisas
ilegais que acabariam por transformar uma ideia boa, em ilegal, e
dai é ruim ter de dizer não e saber que tem gente que não gostou.
— Ilegal como?
— Drogas, acha que o que eles querem, estes boizinhos da
zona sul, eles querem uma balada que tenha drogas, para depois
culpar a balada.
— E acha que eles aceitam?
— Sei lá, acabo de dizer para um cara do Comando Azul que
aqui não vai ter drogas, ele não pareceu gostar, e gostaria que não
publicasse isto, eles já se irritam sem precisar mais gente tirando
sarro deles.
— E porque você se meteria nisto?
— Digamos que o Clube se meteu em dividas por anos, e a
meio ano, quando a Alegria me perguntou se sabia um lugar que
poderiam usar, eu apenas olhei em volta, dai como todos sabem,
posso trabalhar para a Imperatriz, mas a minha parceria financeira é
com os David, entrei com parte e eles com outra parte e compra-
mos as dividas do clube, assumindo o mesmo, então se temos os
sócios que estavam com 36 meses sem pagar e sempre arrotando
por fazer parte deste clube fechado, de mal humor, pois caçamos
seus títulos, pois isto é um clube, não a casa da mãe Joana, por ou-
tro lado temos vizinhos que viram o pessoal dos morros que lhes
fornecem empregadas domesticas baratas, todos por perto, os fa-
zendo pedir mais segurança, e agora os rapazes querendo impor o
que não teremos aqui dentro.
— Então você é um dos novos donos do Clube dos Caiçaras,
sabe que isto o transforma no agitador maior da Zona Sul.
— Estou tentando, que uma escola da Zona Sul, tenha uma
sede na Zona Sul, que não seja onde não dá para ter acesso aos
demais, e não sei, as vezes querer o melhor custa um pouco.
— Mas investe na Chatuba.

306
— A Chatuba é para lembrar de onde vim, aquela escola tem
quase o tamanho da que fazia parte em Curitiba.
— E além da Chatuba, Alegria da Zona Sul e Imperatriz, alguns
dizem que lhe viram falando com Sergio.
— Eu e ele tínhamos um amigo que morreu covardemente a
duas semanas, e ainda não vi uma explicação sobre aquilo, usar uma
bomba com base em C4 e gás incendiário, a ponto de queimar so-
mente o carro, não é coisa de principiante, então eles sabem quem
fez, mas não tem como mexer, toda vez que é isto, é referente a
Joaquim Jose Moreira, vocês chamam de ex-presidente, eu de as-
sassino, ele me odeia, desde meus 10 anos, e não pretendo explicar
o que todos já deveriam saber.
— Acha que o atentado tem envolvimento do ex-presidente?
— Guimarães, tem coragem de escrever algo que pode custar
sua vida?
— Pesado assim.
— Saber o nome de Alemão da Rocinha, Loco de Porto Ale-
gre, e outros marginais conhecidos apenas por apelidos.
— E você sabe disto, Moreira sabe disto, e isto o torna alvo?
— Não, eu sabia os nomes, eles estão todos mortos, e alguém
do grupo de Moreira assumiu a identidade, e este é o segredo que
colocou Fernandinho no pé do senhor David, quando Moreira quis
passar a frente os 500 pontos de Alemão aos morros.
— E como saberia disto?
— Digamos que minha infância, termina aos 10, quando Joa-
quim Jose Moreira, mata toda minha família e me dá três tiros, en-
tão o que vocês conhecem como um excelente presidente, eu co-
nheço por Zero, o marginal da vila Capanema, que matou a minha
frente meu pai, minha mãe e um vizinho que estava lá, eu levei três
tiros e não gosto de relembrar disto.
— E toma uma cerveja para esquecer.
— Para desviar suas perguntas sobre escola de samba, eu até
falo da minha infância.
Guimaraes sorri e fala.
— E vai apenas beber uma cerveja?

307
— Amanha começa o instalar de todos os fios dos carros da
Imperatriz, estranho um carro que tem apenas 60 metros, ter mais
de 8 quilômetros de fio.
— Acha que quem ganha este ano?
— Eu gosto do enredo da Mangueira, da Portela, da Grande
Rio, da Beija-Flor e da Imperatriz, mas eu monto carnavais para
tentar ganhar, eu não sei entrar na avenida para disputa o segundo
lugar, então vamos com um samba bem consistente, com carros
bonitos, com um enredo bem mastigado, fantasias luxuosas e quase
alto explicativas, mas infelizmente ganha quem errar menos.
— E o carnaval da Alegria da Zona Sul.
— Algo para ver, rever, ver de novo, podemos não ganhar o
carnaval Guimarães, mas quero todos que virem, falarem do carro
abre alas deles, que todos que virem, falem das baianas deles, que a
comissão de frente foi incrível, que a bateria estava afinada, que o
puxador estava possuído, que olhem a escola passar e pensem, não
dava para ficar mais tempo?
— Então me recomenda ver o desfile.
— Da Frisa, pois é para quem fazemos o carnaval, para quem
está olhando encantado.
— E não revela nada do carnaval?
— Pensa, eu acho que invisto em marcas, em coisas que você
bata o olho nos carros e fale, Imperatriz, então quero que todos
olhem para os carros da Alegria, e falem, Alegria da Zona Sul.
— E veremos?
— Sim, assim como vai olhar todos os carros da Chatuba e fa-
lar, Chatuba, vai olhar o abre alas da Imperatriz e falar, Imperatriz.
— E acha que vale o desfile?
— Quero que valha cada centavo, mas garanto, quem perder
o desfile da Alegria no Sábado, vai perder parte do carnaval.
— E vai estar lá?
— Tenho desfile oficial da Chatuba as 21, da Alegria as 3 da
manha, acho que se não me enroscar em lugar algum, consigo.
— E não vai se recusar a ver os dois desfiles.
— De dentro não se vê, eu infelizmente verei pelas câmeras,
depois dos desfiles, lembro de não ter visto a comissão de frente do
ano passado, pior, nem parei para pensar nela, pois tivemos de tirar
308
um bêbado que tinha ensaiado o carro um, mas não conseguia ficar
de pé e insistia em se agarrar ao carro e dizer que ia desfilar de
qualquer jeito.
Guimarães riu falou.
— E ninguém viu.
— Imagina você ter um bêbado, podendo empurrar alguém,
em um sistema hidráulico automático, que pode matar alguém ape-
nas por estar fora do lugar, o rapaz até hoje reclama, mas prefiro
ele reclamando a ter ido ao enterro dele.
— E este ano?
— Como disse, um carnaval diferente, e somente vendo para
entender, eu não perderia o desfile de domingo também, embora
saiba que desfilar no domingo, é quase certeza de não vencer, mas
terão uma sequencia que eu não perderia, pois Grande Rio, seguida
de Salgueiro, seguido de Beija-Flor, seguida de Imperatriz e fechada
a noite por Tijucas, podem tirar destas o titulo, quando aposto no
ano na Mangueira, é por achar que o enredo deles ficou melhor que
a Mocidade que vai fechar o carnaval.
— Então acha que mesmo colocando a escola para ganhar,
não ganha.
— Não disse que não ganharei, não disse nem que a Beija-Flor
não ganhe, disse que o Show vai ser no Domingo, não na Segunda.
— E vão dar um show como?
— Pensa em uma escola que entra em negro, nas primeiras
alas, e o primeiro destaque, após a cor da comissão de frente, é o
casal de mestre sala e porta bandeira, em meio ao negro, e ao fun-
do disto, um carro em verde, brilhoso, que você não conseguirá não
ver ele na avenida.
— Um carro João Mayer?
— Sei lá, não sei por que falam isto.
— Seu estilo em carros grandes.
— Se este é meu estilo, porque quando se diz abre-alas da
Beija-Flor do ano passado, não vi meu nome, quando se viu o fe-
chamento, não ouvi isto, então não é meu estilo, é um novo estilo,
que pode ser mais barato, não disse barato, disse mais barato.
— Certo, os carros não eram seus, mas todos dão o seu no-
me, como quem resolveu os problemas técnicos.
309
— Guimarães, eu posso garantir, o abre alas da Beija-Flor des-
te ano, não vai aparentar meu estilo, como falou, o da Alegria e o da
Imperatriz vão aparentar.
— E mesmo assim diz que vai ser o ano dos anos?
— Não, o carnaval a cada ano fica melhor, mas como falei pa-
ra alguns, se o carnavalesco não investir em maior, em mais dinâmi-
co e mais abrangente, nos tornamos mais um, quantas pessoas fa-
lam por ai, que os carros de São Paulo eram maiores?
— Você os calou, todos os carros da beija-flor tiveram de re-
duzir a parte alta para entrarem lá.
— Um carnaval para 22 mil pessoas, temos mais gente nas fri-
sas e camarotes que isto.
— E não teme falar isto.
— Eu sou o maluco, pois eu pegava a obra de arte de Nieme-
yer e recuava o arco ao fundo até a altura da rua, demolia os seto-
res 12 e 13, reerguia mais próximo da avenida, fazia um segundo
piso de arquibancada naquela altura, e nas áreas que eles estão, ao
fundo, grandes áreas de alimentação. Pois o fim da avenida, é a
parte que todos ficam na saudosa lembrança de uma ideia que não
deu certo, e não foi corrigida, nunca vamos voltar a ter aquela área
aberta, se eu trazer para frente, diminui a área de arquibancada
baixa, dos dois lados, somado a parte alta, aumenta, diminui a área
de frisa e cadeiras baixas, mas aumenta a de camarotes, melhora a
resposta da escola, e não aumentaria um metro a avenida, apenas
recuaria pois quero apenas um espaço maior para manobrar meus
carros.
Guimarães olha para João e fala.
— A diferença de você rapaz, é que fala o que os demais tem
medo de falar, parece não se interessar pela historia, quer ir a fren-
te.
— Uma pergunta Guimarães, se eu puser no lugar de um car-
ro de som, um carro alegórico a frente de meu bloco, o que diferen-
ciaria do carnaval do passado?
— O samba.
— Não, existiram anos no passado de sambas horríveis, ou o
samba do ano que Paulinho da Viola cantou como esquenta, “Foi
um Rio que passou em minha vida” seria tão conhecido como o
310
samba da Portela daquele ano, todos falam que era melhor, melhor
por não existir regras, não por ter sambas melhores.
— Você é maluco de afirmar isto.
— Estou bebendo, não dando uma entrevista.
— E teremos um bom carnaval?
— A minha parte estou fazendo.
— E acredita que a Beija-Flor não está em crise novamente?
— Eles tem uma comunidade forte Guimarães, sei que não
gosta deles, mas se todos que falam mal, fossem a seus barracões e
doassem tempo próprio as escolas, elas seriam melhor.
— E você investe tempo nas escolas que acredita.
— Pensa, eu não estou investindo na Estácio esta ano, porque
tem um presidente Babaca, que para não assumir, pus um policial
civil, amigo e segurança meu, bêbado para levar a alegoria 4 para a
avenida, pois minha aposta o ano passado era nas duas e só sai do
apoio a Estácio, eles me odeiam, devo ter sido horrível o ano passa-
do, doei 3 estruturas de carro, a ideia do abre alas e do carro 5, doei
toda a roupa das baianas, emprestei o espaço que eles construíram
os carros, consegui 3 patrocinadores, e o babaca, para não assumir
a merda que fez, joga nas minhas costas, tenho pena de uma escola
que não enxerga que as vezes, temos de por o presidente no lugar
que deve estar.
— E ficou chateado.
— Você não ficaria se tivesse investido 3 milhões de reais, e
conseguido mais 8 em patrocínio, para alguém por uma escola linda
a avenida, ser acusado de sabotador, sempre digo que foi a minha
pior aposta do ano passado, a única que não deu lucro pessoal e
nem para a escola.
— E apenas saiu da parceria?
— Eu não tenho como estar onde as pessoas me odeiem por
algo que nem fiz.
— E estaria lá se não fosse isto?
— Sim, minha parceria com a Alegria da Zona Sul cresceu, e
estamos aqui, onde posso tomar uma cerveja.
— E investiu tudo que investiu na Estácio na Alegria?

311
— Não, investi em produção, na Chatuba, numa importadora,
o que posso fazer, algumas me pagam para fazer carros, outras, são
onde gasto para aprender, pois ainda sou um calouro aqui.
João levanta e fala.
— Agora deixa eu ir para casa.
Guimarães olha o rapaz ligar para um taxi, e sair dali, ele pen-
sa em tudo que ouviu e fica com a pergunta, teria coragem de pu-
blicar algo que pode lhe custar a vida, ouvindo o que o rapaz falou.

312
João vai ao barracão e olha
para os acabamentos e fios, co-
meça a passar os fios e quando
Luiz chegou ele estava abaixo do
carro e pede para a secretaria
para ele chegar a sua sala.
João olha a secretaria, tenta
lembrar tudo que falou no dia
anterior, estava bebendo, não lembrou, sorriu e subiu.
João olha ele serio e pergunta.
— Urgente senhor?
— Apenas queria saber oque é verdade do que aquele Gui-
marães escreveu.
— Teria de ter lido para saber.
— É um vídeo.
— Pior ainda, não tenho paciência para o estilo de vídeo dele,
fica enrolando para receber cliques.
— Ele falou que é sócio proprietário do Clube dos Caiçaras.
— Sim, quando pensei em ceder para a Alegria para ensaiar
lá, não pensei que os boizinhos iriam consumir tanto lá.
— Dando retorno?
— Sim, dando retorno.
— Ele falou que você tem uma historia triste, que não acredi-
ta em você e que você é alguém que quer desmerecer Joaquim Mo-
reira, que é quase um ídolo nos morros.
— Algum problema de não ser do grupo a favor de Moreira?
— Não gosta dele mesmo.
— Eu perguntei para Guimarães se ele teria coragem de falar
porque Moreira me quer morto, ele mostra apenas que teme alguns
a cidade, nada de mais, se ele desse nomes mortos, como Alemão
da Rocinha, ai ele seria corajoso, provavelmente um corajoso mor-
to.
— Ele fala que você disse que a provável campeã do ano, é a
Mangueira.
313
— Senhor, se a Mangueira acreditar nisto, temos mais chance
deles errarem, pois desfilamos no primeiro dia.
— Certo, ele coloca o que quer, mas acha que ganhamos?
— Vamos fazer um desfile para sermos campeões senhor,
mas vamos desfilar depois da campeã, então temos de ter algo de
impacto, pois a Beija-Flor campeã, é uma escola rica.
— Ele sita que viu você conversando com Sergio da Beija-Flor.
— Eu fui procurado por eles, se a pergunta é esta presidente,
mas não tenho escola para o ano que vem, meu trabalho acaba
aqui, quando o senhor falar, acabou.
— Certo, não falamos de ano que vem ainda, mas alguma coi-
sa o indicaria sair daqui?
— O que falei para Sergio e para Guimarães, é que o que pe-
saria muito, se acontecesse seria a vitória da Alegria no Grupo A.
— Certo, mas isto é difícil.
— Sim, mas o ano passado foi o melhor desfile.
— Ele fala que chamou o presidente do Estácio de Babaca.
— Prove.
— Certo, mas chamou.
— Presidente, eu consegui em investimentos para a Estácio o
ano passado, mais do que vou conseguir tirar liquido aqui depois de
tudo, e eles para não assumir uma merda que fizeram, jogam tudo
sobre mim.
— E pelo jeito estava bebendo.
— Estava tentando não me meter em encrenca, e lá estava
este que me ama, documentando tudo.
— Ele foi debochado o ano passado por você, ele não esque-
ce tão fácil, mas até parece estar mudando de ideia. Cuida com de-
clarações assim, podem lhe complicar a frente, as pessoas não gos-
tam de gente que fala demais por aqui.
— Como disse presidente, eu não sou de duas palavras, as ve-
zes de mais de uma atitude, mas não de duas palavras, se fiz, falo,
mas estou aqui pois o senhor me chamou para fazer carros, sei que
eu me escondo por trás de carnavalescos, sou o ser que ninguém dá
valor, mas estarei aqui enquanto o senhor quiser, e estivermos de
acordo com o andamento, não sou insubstituível, não me acho as-
sunto, então eu acabo falando demais, mas posso voltar?
314
Luiz olha João e apena acena com a cabeça e João volta aos
cabos, passar os cabos, não é algo aparente por horas, mas o fazer
direito, estabelece ter as ligações principais feitas.
João sabia que começava pelo dispor dos geradores, dos tes-
tes, das passagens apertadas, sempre vindas de cima para baixo,
usar a gravidade em locais apertados, é sempre ideal, mas nunca
esquecendo, aquilo iria de 4 a 20, João olha onde cada um dos ca-
bos poderia vir a ter problemas, ele tenta já deixar uma guia especi-
fica para cada parte mais difícil, sabendo que as horas anteriores
eram todas tensas.
João passa a cada um dos rapazes da elétrica o que queria, e
no meio da tarde sai dali e vai para o barracão que estava separado
em parte para a Beija-flor, parte para a Alegria, parte para a Cha-
tuba e a maior parte Imperatriz, ele entra na parte da Chatuba e
olha o rapaz olhar ele e perguntar.
— Vamos instalar o que?
— Fiação, geradores, e preparar para daqui a duas semanas,
colocarmos os acabamentos das plumas e os LED.
— E todos achando que estava pronto.
— Eu não sei quando vai estar pronto, mas é que comparado
a anos atrás, está bem pronto.
— E quer algo melhor.
— Sim, consegue passar todos os cabos e colocar como esta-
beleci, sem ligar nada, todas as peças no lugar.
— Sim.
— Lembra, a pressa não vai ajudar em nada.
— Certo, Paulinha olha para os carros encantadas.
— Eu quero ela cuidando do compromisso das pessoas, e o
conseguir que elas vão a avenida.
— Ela consegue.
— Imagino, mas não esquece, estamos investindo em um
carnaval campeão, então temos de cuidar para fazer bem feito.
O rapaz sorri.
João foi ao barracão que dedicara para a Beija-Flor e olha pa-
ra Rodney e Jesse e os dois sorriem.
— Vai nos dar a responsabilidade de mais um abre alas?
— Sim, sabem fazer, a diferença, por todos no lugar.
315
— Eles estão colocando os beija-flor todos a volta e abrindo
espaço, acha que vale o esforço João? – Jesse.
— A Beija-Flor vem a avenida este ano no estilo Rodney e Jes-
se, algum problema com isto? – João.
— O que não dividiu com nós, sabemos que tem um monstri-
nho de 28 metros por ai.
— Algo muito fixo ainda Rodney.
— E vai dar movimento quando?
— Estou só no meu segundo carnaval.
— Certo, mas Sergio falou em motor elétrico para as asas dos
beija-flor. – Jesse.
— A ideia, parecerem beija-flores, e um beija-flor bate perto
de 80 vezes por minuto as asas, por isto mal as vemos.
— Acha que resiste? – Rodney.
João caminha até o carro e o motorzinho em um deles, tira
uma das asas e fala.
— Tem de ser bem fixas, vai ser um ventilador de asas este
carro.
— Pensou no efeito disto no peso do carro? – Jesse.
— Não, temos mesmo de pensar, uma coisa é um beija-flor
batendo 80 vezes as asas, outra, uma leva de 300 beija-flor fazendo
isto, realmente isto não sei calcular.
— Qualquer coisa colocamos asas a volta e voamos pela ave-
nida. – Jesse sorrindo.
— Não brinca que ele faz. – Rodney.
João sorri e fala.
— Sei que pode parecer legal pensar em vento, mas passa is-
to a Sergio, não tinha pensado que as fantasias a frente e ao fundo
precisam estar bem fixas. – João mudando do sorriso a preocupa-
ção.
— Qualquer coisa fazendo nos beija-flor bater mais levemen-
te as asas. – Jesse.
João olha os detalhes se despede e vai a parte da Imperatriz,
e passa a coordenação da passagem de fios, nos carros que ali esta-
vam, estavam em Fevereiro finalmente, e era a hora de acelerar.

316
Uma semana de muito tra-
balho voa, e quando João sentou
na parte alta do carro da Impera-
triz, erguido a 20 metros, as suas
costas a coroa iluminada, a frente
o teste dos rapazes no acender da
luz de andando, e todos os índios
a frente no caminhar como quem
dançava e avançava, ver as estatuas de 14 metros fazendo aquilo
coordenado fez ele sorrir.
Ele olha o pessoal da comissão de frente passar ao lado
olhando aquilo e Claudia olha para ele e grita de baixo.
— Inspecionando o treino destes dai?
— Estes grandinhos é complicado, mas como está o ensaio.
— Eles estão fortes, estamos treinando pesado, para eles
acostumarem a fazer cansados, exaustos, mas eles vem a frente
destes índios, então eles tem de conseguir motivar o publico.
João olha em volta e fala.
— Apenas um carro, as vezes me parece uma repetição, que
não nasci para fazer isto.
— Vamos ensaiar e não muda de ideia, não dá tempo.
João olha as placas feitas em fibra chegando, os rapazes ti-
nham a parada do ensaio, ele sorri e olha para Claudia que pensa
onde iria tudo aquilo, João desce e vai a parte do meio, tinham os
encaixes e recua o abre alas, para frente separando das duas partes
do meio, e fez o mesmo na parte do fundo.
Ele prepara a estrutura baixa, uma atrás da outra e quando já
tinha 50 bases, começa a por sobre elas sistemas hidráulicos tubula-
res, e testa o primeiro, viu a altura, e começa a montar as linhas de
DNA que iriam tomar o meio do carro, onde não se via nada, o
meio, a parte que todos achavam não existir, nada, ele coloca ali
sistemas que ergueriam sistemas de DNA como fitas ao ar.
João coloca as primeiras na parte central, atrás dos muros
que indicavam a invasão, e depois coloca na segunda parte, ele co-
317
loca as luzes e depois apenas recua elas, deixando elas abaixadas,
devolve as partes para seus locais normais e encaixa o carro nova-
mente o deixando como estava antes.
João estica as lonas pretas que na aparência, era o chão dos
índios de 14 metros que estavam erguidos e prende as cabeças dos
seres da morte, foi colocando as peças e viu o grupo que veio da
comunidade e explica o que seria a parte que eles fariam, eles viram
que era diante do carro abre alas, eles começam a fazer as intera-
ções, os rapazes voltam aos índio, ele foi pondo o todo a volta do
carro e onde cada grupo ficaria, e todos viram que todo o piso a
volta do que era um carro imenso seria com a comunidade, muitos
olhavam o carro encantados, o pessoal da parte central, chega para
o ensaio, estavam ensaiando o carro inicial, com mais de 200 pesso-
as e chega o pessoal do carro 5.
Obvio que quando saíram, o pessoal da comissão de frente
não viu mais as placas, pensaram ser em qualquer outro lugar, mas
era evidente que a Imperatriz estava acelerando os ensaios, e a
entrada e saída de gente dali, fazia cada barracão ficar curioso sobre
o que faziam ali.
Naquele dia o coreografo do carro 5 fala que estavam prontos
e que agora era para se recuperarem e estarem bem para o dia,
João olha o carro, o encolhe, testando cada lâmpada antes e o enve-
lopa, chama os rapazes e começa a por os plásticos negros a toda
volta e a envelopar aqueles carros.
Faz o mesmo com o carro que ele denominava Sexo, e marca
para manha seguinte, sai dali e vai a Cidade do Samba, começa a
recolher os carros 6 e 2, era hora de acabar eles, e precisava testar
se eles estavam prontos para a altura total.
Ele deixa eles prontos para mudança de local, o agito no bar-
racão com o encolher dos carros, deixava bem visível que os carros
estavam imensos.

318
O mudar dos carros de bar-
racão, deixa todos mais tensos,
pois o chegar de dois carros enve-
lopados da Imperatriz, mesmo as
pessoas tentando não mostrar o
quanto eram grandes, eram imen-
sos, recolhidos, 5 metros de altu-
ra, entre 28 e 30 de comprimento,
e o sair de dois dali, era sinal de que testariam eles, Luiz olha os
carros envelopados e olha para Cauê.
— Quais estão prontos?
— Novos Povos e Sexo, o prisão e Baile ao fundo também es-
tá quase pronto, mas ele quer olhar o Miscigenação e o Baile e Pri-
são, vou para lá para verificar, pois as arvores nunca estiveram em
posição total, e isto pode nos gerar problemas lá, então ele quer
testar antes.
— Hora das surpresas?
— Senhor, ele mostrou muito, e isto pressionou todos a ten-
tar não errar, sabe disto.
— A Beija-Flor o está querendo de novo.
— Tentou convencer ele a fazer parte do grupo presidente,
ele é apenas o construtor com nome mais chique na escola ainda.
— Sei que ele dá medo com estes carros, acho que todos fi-
cam tensos a volta.
— Ele somou coisas que nem vi onde Presidente, são deta-
lhes, que vão aparecer quando ligar, agora ele quer terminar o carro
que ele fez na frente, pôs acabamento ao fundo, e agora quer testar
todos os pontos.
João recebe o carro final e começa a ajeitar os dois no lugar e
pela primeira vez ele ergue as duas arvores centrais, 26 metros de
arvores não era para qualquer lugar, os galhos vão ao lugar, e ele
começa a passar os cabos de luz e os rapazes viram ele olhar as sus-
penções, os motores, os geradores, e depois começa a por os cabos
e ligar a linha de LED, no fundo os rapazes foram prendendo os AU-
319
GAUCU e os TACTAGA e testar os LED, na parte interna, eles come-
çam a ver o pessoal das esculturas vivas e explicar onde cada um
ficaria, e apresentar o que eles fariam, enquanto uns se adaptavam
aos comandos e telas, mexendo os braços, ele instalava as câmeras
de transmissão, depois as luzes baixas em LED, o carro brilhou
mesmo de dia, e por fim, as placas de 4 metros que fechavam a
arvore, mas que não haviam colocado, não teria como no barracão
anterior, e quando ele baixou a arvore, e trouxe de dentro aquela
coroa de DNA verde e colocou no topo de cada uma das arvores, as
ligou e recuou, testou o giro.
O abrir das laterais e fixar os apoios de mão, o por laterais in-
teiras de DNA nas arvores, troncos, dando mais detalhes, parecia
algo que somente quando posto, entenderiam.
Ele estava voltando o carro a posição erguida e Cauê chega ao
local com Luiz que sobe no guindaste para olhar aquilo de cima e
fala olhando Cauê.
— Isto que ele queria?
— Se reparar, o pessoal está pintando uma parte que nem ti-
nham conseguido por, aquelas coroas, não estavam no desenho, ele
começa a por as estatuas sobre a parte alta, e se analisar que as
abaixo tem oito metros, as acima, oito, o carro fica imenso e ao
mesmo tempo, pequena diante das arvores, quem viu as arvores da
Alegria da Zona Sul, estão falando que ele se repetiria, eles nem
imaginam a verdadeira arvore.
— Acho que isto que todos a volta tentam dizer que não é
possível, mas vamos aos acabamentos, ele falou que era a hora que
tudo tomava forma, vejo que estão começando a empacotar o abre
alas.
Cauê olha que tinham desacoplado e colocado em 4 partes,
para envio a Marques, nessa posição ocupava mais espaço, então a
noite eles levariam duas partes para a cidade do samba e trariam a
ultima delas para dar acabamento ali.
João quando eles desceram, começa a erguer as estruturas
das estatuas altas e colocar elas nos seus buracos, ele testa cada um
dos sistemas hidráulicos, o pessoal foi seguindo as instruções, exis-
tiam muitos pequenos detalhes, que somente agora iriam ao carro,

320
o que era um carro quase pronto, vira um carro em total transfor-
mação e Cauê olha Claudia entrando e olhar para ele.
— Mais dois dias de ensaio, dai todos vão descansar até o dia,
e estes carros.
— Quando se fala em acabamento, este Joao Mayer pensa
em coisas que não parecem fazer sentido, antes de ver pronto.
— Ele é bem sistemático, temos um veiculo dois, que não
usamos, mas ele fez testarmos todos os sistemas dele, fazendo dois
dias ensaio nele, estranho gente que prioriza mesmo o show.
Ela olha o carro a fundo, agora separado e envelopado e fala.
— Pensa em um carro, que precisa de 200 integrantes para
funcionar, ele não é um qualquer Cauê, somente quem viu o ensaio
ontem, com todos os personagens, entendeu o quanto uma ideia
boba, pode chocar na avenida.
Caué recua um pouco, pois viu João pegando a roupa do casal
ao fundo, a festa, da parte alta, se via nas vestes que eram pobres,
alegres num carnaval pobre e alegre, passava pela primeira arvore,
onde um integrante do bloco, quer dizer, uma escultura de 10 me-
tros, mijava na arvore, e outro passava mal do lado oposto, depois
um casamento, e o véu da noiva, se tornava a base sobre o rosto ao
fundo, sorri, a moça casando estava gravida, e a festa induzia a isto,
um casamento por amor, e o fundo, um rosto, com as letras das
combinações genéticas, o véu se tornando um boné, e sobre o bo-
né, a coroa verde girando da escola, ele olha para frente, uma co-
roa, ao fundo uma coroa, ao meio uma coroa, e fala olhando Luiz.
— A ideia básica inicial, é que se olhassem nossos carros,
qualquer um, soubessem no olhar que era da Imperatriz.
— Ele produz uma marca, isto que quer dizer.
— Sim, este carro encerra nosso desfile presidente.
— Está dizendo que o que parecia pronto lá, faltava um andar
da arvore, 45 esculturas com movimento e suas roupas, além das
luzes a toda volta.
— Sim, vamos levar o abre-alas para lá e trazer a ultima ale-
goria que não passou por aqui, e vamos por o abre-alas apenas a 6
metros diante da câmera, com a coroa girando até sábado senhor.
— Uma provocação?
— Sim, uma provocação. – Cauê.
321
Claudia olha o carro e pensa o como era imenso aquilo e olha
para Richard e pergunta.
— Viu aquilo?
— Sim, pior que este rapaz, diz que só monta carros, mas olha
aquilo, tem o ao fundo, que assim que ele terminar aquele vai pe-
gar, e quando ele terminar cada um dos carros, ele faz como fez
com o abre alas, agora acabado, pronto para levar a avenida.
— E quem não sabe o que está acontecendo, olha como se
fosse apenas um barracão alto que pelo barulho, na maioria dos
dias, hoje bem silencioso, diriam ser uma fabrica.
— Sim, uma fabrica de carnaval. – Richard.
— Acha que a comissão de frente da Alegria está bem?
— Tem de considerar o todo eu acho que sim, ela faz as core-
ografias perfeitas, ela apresenta a escola, ela é inovadora, ela diz
quem vem ali e principalmente, desfralda o enredo.
Claudia sorriu e foram para mais um dia de ensaio, a meia
noite, tiveram de parar a rua para manobrar dois carros para fora
para tirar as 4 partes do abre-alas, João ajeitou o ultimo carro na
área onde estava o abre-alas, e dispôs um bem encostado as colu-
nas laterais, dando espaço para o ultimo carro vir para ali.
No barracão da Imperatriz o agitar fazia sempre os demais
olharem, agora estavam tirando um ultimo carro e viram aquelas
armações cobertas chegarem, como algo que está dividido em 4
partes, e todas elas são imensas, todas encolhidas, dava a sensação
a quem via que a Imperatriz estava com quase todos os carros enve-
lopados.
Cauê quando põem por ultimo a frente do abre alas, recuado,
com as estatuas deitadas a frente, dando a sensação de que haviam
esculturas que iriam a frente daquele carro, descobre a parte fron-
tal e ergue apenas a coroa, em Cromossomos, verde, liga o gerador,
coloca gasolina nele, isola tudo, acende a coroa e ela começa a gi-
rar, Cauê viu que tinha um comando a mais para erguer coisas, e foi
a parte que normalmente ficava entre os dois ônibus laterais que
formavam aquele carro e viu que tinha algo ali que ele não conhe-
cia, ele vai ao controle e pensa se ergueria e fala baixinho.
— Calma, vai ver em primeira mão de qualquer jeito Cauê. –
O rapaz falando com ele mesmo.
322
Luiz olha para ele e pergunta.
— Parece preocupado.
— Na verdade, existe sistemas de imagem, de hidráulicos, de
luzes que não estavam aqui a 4 dias, mas tenho de conter os dedos,
e a curiosidade.
Luiz sorriu e perguntou.
— Eles agora estão com os três últimos.
— Sim, temos 3 carros prontos aqui, mas olhando dá a sensa-
ção de que terminamos os 6 carros, eles viram tirar um, então de-
vem pensar, vão ao ultimo, pois eles devem imaginar que nosso
abre-alas não vai ter só 30 metros.
— Só trinta metros já me tira o sono.
— Presidente, as esculturas deitadas a frente, dão a sensação
deste carro ter uns 42 metros.
— Certo, elas se erguem, e quanto será isto.
— Um abre-alas para não ficar atrás da armação que a Beija-
Flor mostrou.
— E que deixa as coirmãs nervosas.
— Ouvi que tem gente querendo propor limitação de com-
primento de carro, sempre tem os que não entendem que não é o
comprimento o problema, mas o enredo e o conjunto.
— Mas a tempos não ficava tenso.
— Faz parte presidente.
João viu o pessoal começar a ajeitar o carro 6, e começa a por
as hastes reguláveis no carro final, eram hastes hidráulicas, que
corriam para o fundo, e que dispunham de 12 pontos, que se afas-
tavam do carro para o fundo e formavam um circulo, ele começa a
pegar os prospectos de arvores que já estavam feitas, e que a maio-
ria pensava ir para cima do carro final, e começa a por elas ao fun-
do, o véu escorria para o fundo do carro, fazendo uma parada a
cabeça da escultura dos fundos, e depois corria para a parte onde
agora aqueles hidráulicos esticavam ela, mudando do branco para o
verde, e em cada ponta ele colocou uma arvore, com movimentos,
e o que era um circulo eram arvores que cresciam ou decresciam,
quando elas cresciam, elas erguiam a toda a volta, um plástico bri-
lhoso, que com a iluminação e os galhos da arvore, faziam uma co-
roa onde as copas eram as pontas da coroa, e nestes plásticos ele
323
foi colocando os dizerem, de 12 escritores brasileiros sobre miscige-
nação.
Claudia e Richard quando terminam o ensaio, param vendo as
arvores ao fundo, ao lado e a frente do carro, Claudia olha Richard e
fala.
— Disto que falava, ele sabe o que pediu, e somente agora,
na montagem final, todos ficam olhando o que ele queria com cada
carro.
— Sim.
Eles estavam falando, e ouviram João no megafone, nem sa-
biam que tinha gente em cada arvore.
— Tem um sistema a frente, que lhes dá a visão, sem ele vo-
cês não veem nada, mas com eles, veem os galhos, os pontos, de
interação e o publico, agora quero vocês abrindo os olhos das arvo-
res.
Claudia olha as arvores ganharem feições.
— Agora escolham um ponto e tentem acenar com os galhos,
eles são dinâmicos e formam os galhos se você dispor a mão para
cima, mas se dispor ela para frente, transforma eles em ombros,
braços e mãos, para se acenar para o publico.
Richard olha aquilo e fala.
— Ainda bem que não tenho de entrar na avenida, depois de
uma arvore destas.
Claudia ao fundo pensa no impacto.
— Agora vou acionar o verde, todos no verde, levantam os
galhos, desculpa, os braços.
Os demais param no barracão vendo as arvores se encolhe-
rem um pouco, os galhos formarem pontas e as inscrições subirem.
A luz ainda não estava pronta.
— Não esqueçam, três posições, mãos para baixo antes de
começar na luz azul, mãos para cima, quando der verde, e vermelho
é altura máxima e aceno ao publico.
Eles foram para posição um e os olhos fecharam, então pare-
ciam apenas arvores.
João deixou um rapaz ensaiando os rapazes e olhou para Ri-
chard.
— Como está a comissão da Alegria?
324
— Eles estão prontos, mas tensos, eles sabem o problema de
errar, e todos sabemos, todos começamos com nota máxima.
— E todos pensando que estava pronto. – Claudia.
— Quero ver se amanha ensaiamos um pouco, mas estes, vão
ensaiar na armação, todos carros com muita luz, grandes, pesados e
com movimento, isto até a mim dá vertigem. – João.
— E todos cheios de surpresas? – Richard.
— Nem todos, mas quero poder amanha saber se realmente
temos como disputar o campeonato.
— Somente amanha?
— Claudia, eu invento as ideias, mas elas, tem de estar no
mínimo, prontas, para não perder pontos no lugar de ganhar.
— E vai saber amanha se dá para terminar?
— Sim, amanha terminamos as luzes e instalações elétricas
de todos os carros, então mesmo que não tenha uma placa no lu-
gar, ele vai brilhar como se tivesse.
— Certo, e pelo jeito o carro que fecha o desfile ficou imenso.
— Sim, mas é que acho que o encerrar, tem de ter o peso do
abrir, não dá para diminuir o peso, apenas não queria revelar tudo a
todos.
— E agora está quase pronto? – Richard.
— Pronto? Tá brincando, isto somente no desfile.
— Luiz vai ter um treco assim.
— Richard, acha que o carnaval da Alegria está bonito?
— Sim.
— Eu pensei nele para disputar com este, não com aqueles do
grupo A.
Richard sorriu e falou.
— Então lá está uma correria que não se vê?
— Como montamos aquele barracão no cais, que está com as
faixas da escola, com todos os prospectos, você saiu de lá a pouco, e
só temos um abre-alas, e umas peças desconectas, somente eu e
Marcos vimos como está o carnaval, e garanto Richard, é para dis-
putar a atenção de todos.
— A este nível?
— Não, a nível da demais, não da principal.
— Falam que você está ajudando a Beija-flor.
325
— Soube a pouco que as vezes temos umas ideias malucas, e
estão colocando peso em cada uma das divisões do abre alas por
minha culpa.
— Sua culpa? – Claudia.
— O movimento é coisa que eles assim como aqui dominam,
mas se eu colocasse beija-flores a toda volta de um carro, bem pre-
sos a carenagem para não saírem voando, e cada um deles gerasse
um cavalo de força no sentido oposto ao chão, quando se coloca
300 pássaros fazendo o mesmo, temos quase o primeiro carro ale-
górico voador da Marques de Sapucaí.
Claudia olha descrente e pergunta.
— Está falando serio.
— Claudia, as vezes me perguntam, o que eu faria se tivesse
de por um carro na posição tal, eu falo, mas o problema, é que eles
ficam pensando, se eu falei, eu pensei que daria para fazer, e se
daria para fazer, porque não fazer, posso saber calcular as coisas
para enfrentar a gravidade, mas não as forças opostas a gravidade,
então eles foram colocando, ligando os motores elétricos nos beija-
flor, para eles baterem as asas como os beija-flores, mas um bichi-
nho que tem 1,2 metros por asa, batendo ela a 80 batidas por minu-
to, gera um ventilador e tanto, mas agora pensa em uma alegoria,
com 300 destes a volta, batendo asas?
— Está falando serio que eles fizeram algo assim?
— Estão fazendo.
— E desfilamos depois deles.
— Como disse, a imagem que acho forte do ano, é a do meio
do carro abre alas, da Alegria, eles tem dois símbolos na escola,
todos sabemos disto, mas os manipuladores a volta, manipulam os
brasileiros, e o ao centro do carro, é Pato Donald, manipulando Zé
Carioca.
Richard olha para João e fala.
— Isto que está coberto ao centro do carro?
— Sim, pois a surpresa, faz parte do enredo, e como quase
sempre, gosto de provocar.
— Como aquela frase ao fundo? – Claudia.
João olha para o carro e lê a frase que subia em um dos lados,
“Em apoio as 56% das mulheres brasileiras que tocam seus lares
326
sem a presença de um homem. Homem não é quem sabe fazer Se-
xo, orangotango os fazem, homem é quem cria os filhos que fez.”
João olha para Claudia e fala.
— Se não tivermos uma pequena critica no final, não seria eu.
— Pequena?
— Eu defendo o tempo inteiro a miscigenação no enredo,
mas as vezes, temos de diferenciar, homens de macacos.
— E isto só vai ficar visível na avenida.
— Sim, os rapazes vão sair agora, e vou trabalhar para ajeitar
as alegorias que saem do carro para os destaques, tenho de prender
os fixadores dos destaques, no topo das coroas, e preparar a saia
dos destaques laterais.
— E não está pronto? – Richard.
— Richard, o meu problema, é que se deixar, eu vou somando
ao carro a cada dia, e isto torna os carros impossíveis de acabar,
mas as peças em fibra, foram entregues hoje, então precisamos
apenas dos caminhos de entrada e dos hidráulicos, este carro a
frente está com 10 metros e vai a 12 metros, de largura.
— Está falando as saias.
— Sim, aquilo que nos quase encosta ao chão a todo lado.
— E todos nem viram isto.
— Tinha de por todas as esculturas internas para colocar as
saias do carro, que são raízes, então agora com elas dentro, é mais
fácil.
Claudia olha o carro e fala.
— E tudo isto saiu da sua cabeça?
— Eu troquei uma ideia com Cauê, a ideia, era a parte central,
no começo éramos escravos, carro 2 e os brancos eram os soltos e
quem era dono de tudo, hoje, eles continuam donos dos bens, mas
as ruas, a alegria, o verdadeiro amor, é nosso.
— Só esta frase já vale o ter voltado rapaz, eu quase deixei o
barco esta ano, e em lugar algum alguém me falou isto, o mostrar
da inversão das coisas, sei que muitos não gostam desta visão, os
mesmos que acham que ter uma arma em casa é bom.
— Eu posso não ter algumas ideias formadas sobre alguns as-
suntos, mas sempre acho Claudia, que temos de levantar as polemi-
cas, não apenas a festa.
327
João viu o pessoal saindo, viu os seguranças fechando parte
da entrada, viu os demais saírem e enquanto todos iam para casa,
ele põem a armação das saias, que era um emaranhado de curvas
que se elevavam em troncos de dois em dois metros, depois ele
solda a malha de ferro sobre a estrutura, vai ao canto e pega as
hastes de hidráulicos e fixa abaixo da carenagem, e testa o sair da
posição que estava e correr a frente, fixa uma a cada 2 metros na
lateral sobre as saias, e sobre as pontas, põem solda um circulo de
aço, e sobre ele fixa o apoio dos braços.
Ele olha e espera que funcione, ele vai ao fundo e começa a
pegar as peças de fibra, já pintadas em marrom escuro, com os es-
paços de LED, ele foi prendendo os cabos, e depois as peças sobre
as saias, a volta foi longa, ele fixa ela toda e testa o recuar da peça,
ele viu que não entraria, ergue o carro em posição de rua e a saia
encaixou, ficou bem baixa, menos de 30 centímetros do chão, o que
deixou João preocupado, pois ele estava apostando naquele carro e
não queria uma lateral danificada no caminho, ele odiava a ideia de
encaixar no lugar, ele olha as laterais, ambos os lados, as saias a
frente, e olha para onde ele poderia por uma roda de reforço, foi a
parte de ferramentas e soldou 5 rodas a mais nas laterais, rodas que
mudavam de posição, posição de transporte, de desfile e de desen-
gate, ele testa e verifica que assim voltava a ter os 45 centímetros
de transporte e não precisava deixar na posição mais alta da sus-
pensão, pois ele não queria raspar as coroas nos elevados.
Ele fixa os pontos, viu que os hidráulicos ficaram no lugar, en-
tra na cabine de comando e coloca mais um controle de hidráulico,
testa os dois sistemas em paralelo e vendo que ficava pesado, põem
um controle a mais, saia em um, destaques em outro.
Ele engata cada encaixe de fibra que já estava pronto para
base dos destaques, eram troncos que olhando lateralmente, saiam
da raiz que era a saia, e despontavam mudas a toda volta.
Ele recolhe tudo, olha o carro e pensa no trabalho que ainda
teria.

328
João olha o calendário e es-
te não o dava mais tempo, ele
teria de por a escola em duas se-
manas na avenida, duas semanas
e seria domingos 23, dia que co-
meçava sedo e não acabava.
Ele sai de casa, não tinha
dormido 3 horas, e não parava de
pensar no carro.
Ele olha o carro 3 e começa a pensar ele colocara estatuas,
ele fizera quase tudo, começa fixando as coroas, que ali, eram verde
quase mata, translúcidos, mas bem mais escuros, olha os movimen-
tos e o pessoal que treinaria nos 3 carros começa a chegar, estarem
preparados para o básico, era o que ele pretendia, todo resto, espe-
rava mesmo que fosse na valentia.
Pela experiência, João presta atenção nos mais tímidos, estes
eram os que exageravam na bebida, então ele queria conhecer e ter
alguém na reserva para casos que não poderia não ter movimento.
O acender os sistemas de seres saindo quase como paredes
vivas, dava uma sensação boa, mas muito parada.
João testa um sistema de luz que piscava em branco bem for-
te nos quadros, e viu que o efeito mudou, em meio a isto os três
destaques do carro que fechava o desfile chegam, ele explica onde
cada um ficaria, ele encolhe o carro, explica que eles subiriam antes
de ser erguido, que tinha um alerta ao chão, de quando estava em
movimento, os três foram aos lugares e viram o carro subir e fica-
ram a observar de cima, as demais esculturas.
Eles descem e um deles olha como se encantado, o outro
contrariado.
— Mas é o ultimo, ninguém olha para o ultimo.
João não discutiria isto, mas obvio, ele as vezes tentava não
entrar em discussões com pessoas que nem sabia bem quem eram.
— Qualquer coisa falem com Cauê, se ele pediu uma roupa
especifica, ele espera que estejam neste carro.
329
João não ficou discutindo, ergueu o carro novamente e o pes-
soal a volta se aproxima para terminar o trecho que estavam pin-
tando, os acabamentos das junções da saia que ele colocara no dia
anterior, e das estruturas entre os dois sistemas de fibra, ele pega
ao fundo um tecido feito em corda e chega ao rapaz que fazia a
pintura e fala.
— Vamos vestir a parte alta com isto.
O rapaz olha que basicamente fechava o espaço e já estava
na cor do acima, olha João e fala.
— Reduz bastante o serviço.
— No fundo tem uma caixa com este acabamento, se puder ir
fixando e verificando se tem para todos.
— Sou apenas da pintura, não faço estas coisas.
João olhando que os destaques ainda olhavam para ele, pega
a caixa e fala.
— Então deixa eu instalar tudo e lhe pagar apena pelo que
precisa ser feito.
O rapaz olha João como revoltado, outro ao fundo olha o ra-
paz e fala.
— Se queria enrolar neste pintura, tivesse aceitado prender
as coisas, não quer, vai para a parte alta antes.
Havia partes em pintura em vários níveis, e tudo parecia ain-
da em acabamento, se alguém a dois dias achava que aquele carro
estava pronto, olhando agora, diriam que faltava muito para ficar
pronto.
João fixa os 35 tecidos no lugar e volta ao carro 3, para fazer
os acabamentos altos, de iluminação, ele estava somando fio, refle-
tores de LED, fitas de LED, geradores, aproveitava e testava os co-
mandos e os sistemas internos.
As roupas chegaram e ele começa a vestir as alegorias superi-
ores, e após isto, desce para instalar os holofotes do primeiro andar,
e por fim, se abaixa abaixo do carro correndo as fitas de LED de
ponta a ponta.
Ele olha o carro e pinta as junções de preto, olha os demais e
abaixa o carro e com a empilhadeira coloca as duas coroas de Cro-
mossomos no topo da alegoria, coloca os pontos de apoio e as luzes
de destaque para os carros.
330
João não se preocupava em trabalhar com pessoas olhando,
mas sabia bem o que os rapazes ao fundo iriam pedir, para mudar
de carro.
João sorri da ideia, eles pediriam para sair do carro que fe-
chava o desfile, que teria todo destaque de fechamento para o de
numero 3, foi inevitável lembrar do seu carro do ano anterior.
Um dos rapazes, o que ficara impressionado para ao lado de
João e comenta, após ver os dois rapazes saírem de carro.
— Eles vão pedir para mudar de carro.
— Acho que eles não entenderam nada do carnaval se o fize-
rem, mas não descido onde colocar os destaques, esta parte, real-
mente é com Cauê, eu dou estrutura, penso nas fantasias baixas,
mas garanto rapaz, estar no carro que fecha este ano, é estar onde
muitos vão perguntar, o carro 3 é um carro bom, mas abre alas e
fecha alas, é para gente que sabe sorri de uma ideia linda.
— Eles querem destaque, sei o que é isto, eles querem ser
vistos de longe.
João sorriu e apenas fala sem sentir.
— Era apenas pedir, quem sabe eles não fossem o objeto
mais alto e arriscado deste desfile.
— Eles não querem risco, querem aparecer.
— Como disse, não coordeno esta parte.
— Mas eu achei lindo o carro, a anos não vinha em um carro
tão lindo, eu não quero outro lugar. – O rapaz.
João continua a fazer o carro e olha para a mensagem, desta-
ques com nomes, DNA Miscigenado, e DNA puro, ele poderia trocar
com o pessoal do carro dois, e Cauê olha para a resposta e olha os
dois e fala.
— No carro 3 não tem jeito, mas poderia ser para o carro
dois.
— Tudo menos o carro 6. – Um deles.
Cauê olha para o celular e liga para João.
— Sei que criou os espaços para os destaques, não sei o como
ficaria lançar mão dos destaques do carro 2 para o 6.
— Também não sei Cauê, não tenho o prospecto das fantasi-
as do carro 2, apenas são nomes invertidos, então podem ser troca-
do e o júri não teria motivos de descontar pontos, tem de mudar o
331
descritivo, mas no 3 sem chance, é o destaque, com nome, imposi-
ção social, e felicidade social, não teria como dispor no carro dois ou
seis estes destaques.
— Certo, verifico as fantasias.
— Verifica as fantasias e liga para os destaques Caué, pois fa-
zer a vontade de dois rapazes, que estão pulando de um carro com
6 vezes mais luz, 10 vezes mais integrantes, pode na teoria, ser pos-
sível, mas verifica se o destaque aceita, pois não podemos ter dois
destaques para o mesmo carro. – João pensa – Ou até podemos,
mas não temos mais tempo de adendo para isto, mas daria para por
duas coroa a mais no carro dois.
— Verifico, mas então existiria duas formas?
— Sim, mas na segunda, teria de fabricar uma roupa de des-
taque para por alguém da comunidade em um ponto que quem
pediu para sair, tem de assinar que pediu, pois depois ainda vai
dizer que favorecemos alguém para o tirar de lá.
Cauê olha as fantasias e viu que eram feitas para o prospecto
do carro dois, não para o encerramento, liga para os rapazes, e ob-
vio, ninguém queria sair do dois para o 6, e a solução de somar mais
duas coroas, ao carro dois, parecia algo impensável para Cauê, mas
se Joao falou ser possível, deixa bem claro que eles sairiam de pon-
tos de destaque no carro 6 para de menor impacto no carro dois e
que teriam de assinar que era uma escolha deles, não da escola, um
volta ao carro 6, e um insiste em ir para o dois.
João passa para Cauê onde o rapaz iria acabar e Cauê confir-
ma com o destaque se queria mesmo esta mudança,.
Cauê viu o celular tocar e atende.
— Fala João.
— Quer matar uma surpresa, mas resolver isto?
— Uma surpresa?
— Eu tenho no barracão do porto, duas pietas, de miscigena-
ção.
— E qual a ideia?
— Colocar uma coroa sobre cada uma delas, você desenha
duas roupa de luxo, convida duas pessoas especiais a escola e colo-
ca no carro que fechamos a historia.

332
Cauê chama os dois e fala sobre a ideia, e obvio, os dois gos-
taram, uma coisa era ser destaque em um carro, outro ter um para
ele ser destaque.
Cauê olha os dois saírem e sabe que as vezes se perdia carna-
vais mais por desafiar brios pessoais, olha o prospecto que João
passa para ele e olha atento.

Ele olha que o que todos consideravam ter visto, e o que nin-
guém tinha visto, mais da metade não havia sido revelado, e agora
sabia que tinha dois tripés, que nem ele sabia onde estavam, mas
que obvio, era uma saída, pois as vezes os brios desviados tempora-
riamente, faziam pessoas com cara de não quero estar aqui sobre
um carro e isto complicava a evolução, Cauê não duvidava do poder
de uma única pessoa pesando contra.
João pede para o escritório passar a prefeitura o pedido de
transferência em dois dia de três alegorias para ali, do porto, já se
preparando para o carnaval e volta ao carro dois, pelo menos não
teria de alterar ferragem nesta altura do campeonato, a ideia das
coroas já estava antes na cabeça de Joao, mas ele queria pessoas da
comunidade ali, mas as vezes isolar um mal agouro, fazia parte de
montar uma escola de samba.
No fim do dia ele olha o carro 6 e olha Cauê e Rita entrando e
ela olha o carro final e fala.
— Isto que está fazendo?
— Problemas? – João.
333
— Não sei quem por ai, não temos mais tempo de por alguém
de trajes de luxo.
— Põem o que ficou no ponto a fundo, sobre a cabeça, a fan-
tasia dele tem frente e verso, o que dá um visual bom dos dois la-
dos, e como quem não tinha destaque, neste carro estará brilhando
lá onde os demais pularam a frente, sobre as coroas frontais, dois
casais da comunidade, que todos vejam como símbolo da escola.
— E eles tem como subir lá? – Rita.
— Todos sobem no carro a 5 metros no máximo, eu prefiro
gente do que destaques, mas é parte dos recursos a escola.
Cauê olha João e anota.
— E quando vai nos mostrar os tripés?
— Mais um dia de ensaios da comissão de frente, pois não os
vou parar para por ali algo que é apenas um tripé Cauê.
— Apenas um tripé seu, fez todos olharem parte da historia
dos cartórios o ano passado.
— Está escrito em todo lugar isto, quem manda ninguém ler?
— E pelo jeito agora o seu encerramento está a altura do que
quer?
— Uma coisa eu tenho de escola pequena Cauê, eu gosto de
entrar e sair no mesmo pique, esta coisa de ver a escola morrendo
no fim e se arrastando, não gosto.
— E pelo jeito, tudo que alguns achavam que era o carro, era
apenas o esboço do carro.
— Gosto de ir fazendo em partes Cauê, se alguém me tirasse
hoje daqui, já teriam um desfile, e os demais nem saberiam o que
ainda tem a minha cabeça.
— Certo, e o que pretende?
— Hoje terminamos todas as partes hidráulicas, elétricas e
pintura, amanha no fim do dia, empacotamos o carro 6.
— Vai terminar tudo quando? – Rita.
— 21 é a proposta.
— Sabe que não duvido que tenha coisa a fazer até lá, você
soma em cada carro um pouco.
— Cauê, a pergunta, o que o povo está falando da provoca-
ção?

334
— Que agora vamos mostrar o verdadeiro espirito das esco-
las, muito sigilo.
— O que mostramos de verdade Cauê?
— Não viram 30% dos carros, então eles não viram 18% da
escola, pois viram apenas as fantasias das alas vendáveis.
— Espero que esteja com a razão, dai podemos fazer uma
boa surpresa e brigar pelo campeonato.
— Todos falam que você não gostou do samba.
— Ganhou, temos de nos contentar com ele, é que venho de
um que vai ficar na historia do carnaval, não me culpe.
— Verdade. – Rita.
— E hoje vai fazer o que?
— Vamos ao barracão da empresa e termino de montar as
coroas e preparar para virem para cá, sem ninguém ver nada.
— E como ninguém veria? – Cauê.
— Tripé, é tripé, não é um carro alegórico Cauê, mas eles
querem destaque, vamos os dar destaque, pior, eles no ato vão
achar estar abafando e depois, não sei o que vão falar.
— Que não insistimos para eles ficarem.
— Querem mais destaque, montem suas escolas. – João.
— E o que tanto o segura?
— Amanha eles entregam a ultima parte do carro dos novos
povos, que tinham dito que não conseguiriam entregar Cauê, e ago-
ra não sei, eu embalei ele e vou desembalar lá, e montar parte.
— O que pediu que não daria tempo?
— As armações que estão ao fundo, que fariam as chaminés,
mas que sem algo para sair pela chaminé não me parecia algo a
implementar, mas então se começarem entregar algo amanhã lá na
cidade do samba, saiba, vamos manobrar a alegoria e alguns vão ver
apenas a parte que pode, pois não vou desenvelopar o carro, vou
desenvelopar onde vou por as chaminés, testar se elas conseguem
mesmo encher com ar quente as bexigas na forma de DNA, se der
certo, é como se o barco estivesse chegando no Brasil, espalhando
mais DNA pelo país.
— E não falaria nisto se não tivessem garantido que ficaria
pronto.

335
— A ideia vai se somando, mas nem todas elas, conseguimos
para o ano, não quer dizer que não a guardasse para um carnaval
futuro.
— E os acabamentos?
— Assim como os envelopados, primeiro fizemos a base, a
base elétrica e mecânica, depois ferragem de estrutura, entramos
com a ferragem e hidráulico, todos os meus acabamentos, dai entra
madeira, tecidos, plástico, esculturas, e por fim, elétrica final com
todos os focos, mas obvio, a plumagem está pronta, embalada, mas
só vamos por na avenida.
— Sabe a correria que isto gera? – Cauê.
— Sei, mas não é tanta plumagem assim, e todas, embaladas,
numeradas e apenas de encaixe, sei que dá trabalho, mas se não
tiver ninguém lá, eu sozinho faço.
O pessoal começa a parar ao fundo e João termina.
— Então vamos a minha empresa e conversamos mais.
Cauê sabia que este era o problema de acompanhar o rapaz,
todos diziam ser impossível fazer naquele custo, seguem ele e duas
quadras a mais entram no barracão, Cauê olha os carros ao fundo
empacotados e pergunta.
— Mas não eram apenas três tripés?
— Os carros da Alegria estão prontos e protegidos Cauê.
— Certo, esqueço que você quer erguer alguém para o ponto
mais alto.
O rapaz viu 4 casais abraçados no primeiro tripé, e 4 no se-
gundo, viu ele ir ao fundo e pegar uma base, uma estrutura e mon-
tar uma coroa, colocar os acabamentos ao fundo, reduzir o carro e
colocar lá a coroa, dispor do motor e das luzes e olhar para Cauê.
— Fizemos as plumagens em conjuntos circulares ou de pai-
nel, nestes tripés – João desembala um e encaixa na lateral e Cauê
olha os encaixes e fala.
— Separa cada um deles com isto.
— Sim, tinha pensado em ampliar a coroa e a deixar mais bri-
lhosa, mas se temos alguém lá encima, precisamos do ponto de
fixação da fantasia dele.
João chama o rapaz ao fundo que prende apenas uma ponta
e enrola em plástico o que ele havia desenrolado.
336
Rita olha que o conjunto era uma obra de arte em pintura,
escultura e armação, e aquilo iria dividir a escola, ela olha que tinha
uma terceira e pergunta.
— E a terceira?
— As vezes temos uma ideia, mas ela na execução não fica
como se queria, e fico na duvida de como fazer.
— E não teríamos como ajudar? – Cauê.
João chega e descobre, era uma base, tinha apenas os ferros
e ele descobre um conjunto ao chão e fala.
— As vezes querer passar algo mais técnico, me complica.

— O que é isto? – Rita.


— Bem no meio, tem um imã de atração e um de repulsão,
tudo que você vê em amarelo seria Fosforo, em Branco Hidrogênio,
em vermelho oxigênio, em azul, Nitrogênio, e cinza Carbono, quan-
do se fala em cadeia genética, do lado esquerdo aqui temos a liga-
ção em forma de T, e a direita em A, não é retinho como fizemos, é
bem mais complexo, eu queria fazer uma hélice de DNA com os
matérias que ela é composta, para todos saberem, não estamos
falando que o DNA é algo sobrenatural, é a combinação destes 5
elementos.
Cauê olha o material e fala.
— Uma aula de química, é o que esta falando.
— O problema, primeiro, iria deitado, não consegui fazer um
hidráulico que o erguesse, segundo, tive de por peso na parte baixa

337
para ficar de Pé e fechei encima pois precisava de um fim, mas o
principal, não sei como deixar o que fiz entendível pelos demais.
João vai a parte de traz, faz sinal para o rapaz e eles chamam
três ajudantes e colocam de pé a peça.

Cauê olha o tripé e fala.


— Não se convenceu, foi isto?
— Sim, isto é reação química, eu sei como tem de montar,
mas eu não tenho ciência de tudo e o que faz isto.
— E se adesivassemos todos eles. – Cauê.
— Adesivar? – João.
— Com os símbolos químicos, ficou lindo para deixar no bar-
racão, você faz um tripé de 9 metros, que deve ter dado trabalho, e
338
esconde, como se não quisesse que víssemos, mas pela posição dos
pneus pensou nele passando de lado, entendo que é algo que os
químicos entendem, sei que muitos me perguntaram quem era o
químico que nos dava assessoria na parte técnica, sempre digo que
nosso enredo não é químico, é social, mas porque não acredita na
alegoria?
— Ficou fora bem do enredo, ficou bonita, mas não conseguir
encaixar em nada, e ficou ai, pensando em desmontar.
— Adesivamos com a parte química, fazemos os acabamentos
e levamos, tem de ver que para mim, uma alegoria em tripé a mais,
é sempre uma alegoria a mais, mesmo que ela não tenha nada de
surpresa.
— Tentando pensar nela ainda Cauê, não desisti dela, mas é
que nem sempre pensando em tantas alegorias, as coisas ficam
claras, se for adesivar, escolhe um bom adesivo Cauê.
— Esta teria de ir deitada, entendo que você tenta chegar o
mais pronto possível, mas é uma ideia que nem pensei, quer dizer,
nem sabia quais as partes e a química disto João, mas se temos cada
componente, baseado em uma reação de atração, e acredito estar
certo, pois sei que o hidrogênio tem uma ligação, ainda lembro dis-
to e o carbono 12, oxigênio 8, mas acha que daria para somar nesta
hora algo a mais? – Cauê.
— Somar? – João sorriu, pois viu que Cauê teve uma ideia.
— Sim, podemos desenvolver uma ala a mais, mas não sei se
temos tempo – Cauê olhando Rita – Pois seriam bolas de tamanho
diferente, pequenas, medias e grandes, Hidrogênio Pequeno, Fosfo-
ro grande – Acha que consegue que façam a ferragem? – Cauê
olhando para João.
— Não estou entendendo, mas consigo, apelo jeito acabou
tendo uma ideia.
— Tem um ponto na parte que fala dos exames de DNA, para
determinar os pais, este tripé poderia ficar ali, você até aproximou
deles no que me passou, mas fazemos uma linha de fantasias, pre-
sas, na saia do carro e os integrantes ao chão, andam com o tripé,
acho que é algo que nos gera até aquilo que estávamos falando
antes.
— Aquilo? – João.
339
— Uma fantasia para a comissão de carnaval.
— Iriamos como?
— Doutores, todos vestidos de Doutores.
Rita sorriu e falou.
— Não tem pena da gente mesmo.
— Duas semanas Rita, dá para fazer, todo o resto está emba-
lado, as plumas entraram semana passada, agora vejo a soma de
plumagem que agora sei onde vai, pois reparei nos encaixes, enten-
di que é algo apenas para somar no luxo, aquilo que pelo jeito pen-
so como João, o carro é mais que isto, mas se colocamos ele não
falam e nos dão notas, não colocamos, eles chamam de carnaval
pobre.
Rita olha para o fundo e fala.
— Tem de considerar que ele tem uma escola inteira aqui
Cauê, mas consigo, roupa de médico é fácil de fazer, apenas temos
de ter um modelo, me passa amanha e começamos a fazer.
João fez sinal para deitarem o carro novamente, e se viu as
rodas ficarem de lado e João foi terminar de por a segunda coroa no
segundo tripé, a entrada de chineses, de indianos, japoneses, albi-
nos, latinos americanos, misturando tudo de uma vez.
Cauê olha o acabamento e fala.
— Entendo que é uma soma, você pensa em um carnaval que
não falem ficou pouco.
— Eu gosto de dar formas Cauê, sabe disto, você dava as idei-
as e fomos crescendo, sei que tenho de terminar aqueles lá, estes as
esculturas em si terminam o tripé, pois nada aqui é além de giro,
baixo e alto.
— Sabe que todos estão começando a nos apontar como
quem está aprontando.
— Não quero o titulo antes Cauê, quero no dia, cada alegoria
destas, nos dará destaque, mas mais gente para organizar.
João termina de por a coroa e abaixa a estrutura, e Cauê viu
que estes já estavam ficando prontos para transporte, João foi ao
fundo, como estava deitado, separa a base dos DNA em dois, e os
rapazes trouxeram uma armação frontal, encostaram a parte alta,
fixaram, ergueram a de trás e puseram um sistema de rodas, põem

340
uma proteção de coloca sobre a primeira a segunda, deitada, agora
era comprido, mas não mais de dois metros de altura.
Os rapazes começam a separar as plumagens, e Cauê viu que
iriam com muita plumagem para a avenida.
Deixam tudo pronto para mais dois dias, e saem para a cidade
do Samba, e Cauê olha João ir ao carro e Luiz descer e falar.
— Não estava pronto?
— Quando ele disse que ficaria pronto presidente?
— Dia 21, mas não tinham acabado estes?
— Sim, ele tinha pedido um sistema que enche bexigas espe-
ciais, e não tinham confirmado de entregariam, confirmaram, então
como é noite, abrimos, jogamos um pouco para fora, colocamos o
abre alas ao lado, e ele vai montar algo onde não tem nada.
— Nas junções?
— Sim, ele não vai descobrir, ele vai fazer uma parte a mais, e
passei para a Rita, para fazer todas as roupas da comissão de carna-
val, como se fossem médicos, então ela vai terminar e entregar na
semana que vem, para todos os que forem da comissão.
— Estão mesmo querendo me impressionar.
Cauê não falou nada, ele começa a ajudar a tirar os plásticos
do meio, João liga para o outro barracão e pede toda parte de fibra
que e ferragem que estava como Novos Povos, e enquanto eles
colocavam em um caminhão tudo aquilo, ele vai as duas partes e
começa por lixar, pois ele tinha pintado de preto, e agora precisava
soldar e prender uma estrutura ali.
Os rapazes chegaram e João coloca a estrutura, e quem esta-
va em casa curioso viu aquela chaminé subir, ainda sem as placas.
Cauê viu o que era estar com as peças prontas, ele começa a
encaixar dos dois lados, com a chaminé erguida as placas das late-
rais, os rapazes traziam e ele prendia, ali tinha de fazer em parte,
prendeu a parte alta, a parte media, recolheu, ergueu a parte supe-
rior, abre o comando, e coloca os sistemas de hidráulico e luz a
mais, e prepara as estruturas.
Duas da manha, João olha a primeira chaminé do navio ali e
se despede e vai descansar um pouco.

341
Quando João acorda, ele
olha em volta, sonhara com coisas
estranhas, e vai ao banho, toma
um café forte e vai a cidade do
samba, outros viram entregarem
mais material na Imperatriz, todos
reclamando de dinheiro e aquela
escola recebendo mais equipa-
mento, João olha o sistema giratório, e o sistema de aquecimento,
básico demais, mas testa e viu que teria de ajustar.
Ele olha a terceira tentativa e viu que não daria todo o efeito
que ele queria e pensa se alguém conseguiria fazer aquilo, e sabia
que acabaria pondo alguém ali, poucos a veriam, mas ele arma tu-
do, e sai, começa a montar a parte ao fundo, ele monta ela e come-
ça a pintar por partes, a superior primeiro, enquanto a tinta secava
ele testa o equipamento e poucas bexigas subiram sozinhas, ele
teria de ajustar aquilo.
Cauê olha a poucas bexiga subirem, viu Luiz pegar uma no
terceiro piso, o senhor sorriu, mas viu que João não estava feliz, ele
parecia precisar pensar, e foi pintar a segunda Chaminé daquele
barco.
Era meio dia quando João senta-se e olha em volta e vê Rita
olhando de cima e pensa que não daria o que ele queria.
Cauê senta-se ao lado e fala.
— O que não está dando certo?
— Fizeram algo muito básico, pensei em algo mais profissio-
nal, mas esqueci, eu falei, para um carro alegórico.
— E o que não funcionou?
— Estoura parte, fura parte, e menos de 20% sobe.
— E tem como ajustar?
— Se soubesse que era isto que eles entregariam, teria feito,
não pago para fazer, mas tudo bem, entendi a ideia, a tinta alta tem
de secar para a baixar, então vou ao outro barracão, tenho mais

342
equipamento na minha oficina lá do que aqui, aproveito e termino a
saia do ultimo carro e verifico a pintura por lá.
Cauê viu que João não gostou, Luiz sorria na parte alta, mas
ele entrou e viu a pilha de borracha, aquilo não funcionaria, ficaria
até perigoso.
Cauê olha o lugar, daria para por alguém para encher, mas
sabia que João não gostou de algo, daria tempo para o rapaz.
Ele olha o carro de fora e Luiz pergunta.
— As chaminés, como tinha esquecido delas?
Cauê viu que era um detalhe que fazia conjunto com a parte
baixa do carro, não com as cidades, mas que gerava o interagir e
explicava o formato.
— E ficou pronto apenas agora?
— Ele não gostou do que veio, mas vai montar, mas tem de
dar tempo a tinta para secar.
As costureiras chamadas para a parte alta, e parte do pessoal
montando parte no alto para baixar sobre o carro, fez voltar a ter
movimento no barracão .
João para na sua empresa de carros, testa dois sistemas de
funcionamento, o sistema inclinado fazia perder parte no encaixe,
ele coloca um limitador de altura, que solta a borrachinha que fe-
chava o bico, e o sistema força para cima, ele olha a maquina, a
ideia era simples, mas vendo a outra, entendeu o problema, e fica
sobre o projeto a tarde inteira, ele não trouxera muitas bexigas para
testar, então quando testou o primeiro, faz um segundo e fotografa,
ele coloca no opala e volta para a cidade do samba, Cauê viu ele
erguer aquilo tirando um e colocando um mais reforçado, ele coloca
um cilindro de oxigênio na ponta, o oxigênio passava num sistema
que esquentava ele, o forçando para a bexiga, João calculou apro-
ximado o tempo para encher, ele faz o pré teste e apenas 2 em 100
estouraram, ele foi a parte do fundo, Luiz a parte baixa que achou o
teste da manha bom, quando viu aqueles 100 subirem, entendeu
que o rapaz não queria algo simples, mas Cauê olha do quarto piso
e pega uma ao lado de Rita.
— Ele tem o dom Rita para pensar nestas geringonças, ele
agora testou, pela diferença, deve ter perdido bem menos, e tem de

343
considerar que se ele fizer funcionar só um trecho da avenida, já é
uma soma ao carro.
João terminou de montar a parte de trás e faz o segundo tes-
te, que saia pela câmera e Guimarães olha as bexigas e fala.
— Este quer diferença, não sei como ele está fazendo, mas é
a soma de pequenas coisas que muda o conceito, sei que não gosto
muito dele, mas é alguém a somar.
A secretaria olha e fala.
— E teve gente que disse que eles esconderiam as coisas a
partir de agora.
— Eles sabem que estamos olhando, mas tem de ver que é
arriscado se não funcionar.
João faz a ligação dos dois carros, antes era aberto, agora ele
coloca os 4 hidráulicos de ligação, Cauê desceu para ajudar e para
estabelecer o que precisava, Cauê reparava que João sempre seguia
uma regra básica, estrutura, hidráulico, placas, teste, luz, era sem-
pre nesta ordem.
Ele olha a chaminé e entende que a parte bem a baixo eles
poderiam até nem pintar, mas lembrou que João pintava nem que
para dizer, pintei.
O que para alguns era um trabalho rápido, para João parecia
um demorado, pois ele queria perfeito.
João sabia que ali era sempre mais demorado, pois no outro
barracão fica tudo erguido e se monta tudo de uma vez.
João faz toda a parte de fibra e de hidráulico daquela parte,
coloca os painéis, o pessoal ajudou e quando ele pinta a parte late-
ral baixa, da cor da base do barco, que era um preto brilhoso de
embarcação, parecia que dava um charme as laterais, parecendo
um barco de luxo.
As Janelas nos 4 trechos, que na parte já protegida estava es-
condido.
João termina ali e quando o dia insistia em amanhecer, ele faz
a mudança das peças do barracão no porto para o da Santo Cristo, e
começa a ajeitar sobre cada carro o que iria com eles para a aveni-
da.

344
Uma semana a mais, e co-
meça a distribuição das fantasias,
e a confirmação de cada um da
comissão de carnaval, de organi-
zação, de comando, e começam a
distribuir as roupas do pessoal da
coordenação.
João passa num barracão
em Ramos, olha as roupas dos carros, olha a filha de Ruy, que fala.
— Não entendo o que ganhamos com isto?
— Sabe que a proposta real é para o ano que vem.
— E porque aqui?
— Eu acho que as coisas tem de ser espalhadas.
João confirma com as costureiras os prospectos de roupas fi-
nais e vai ao barracão.
Desta vez João garantiu uma credencial para ele antes mesmo
dos demais, ele envelopa o ultimo carro da Imperatriz e olha para
Sergio na entrada do barracão ao lado, sorri e chega a ele.
— Estão conseguindo Sergio?
— Sim, muitos estavam com medo que você ficasse muito
encima, dai quando não fica, falam mal.
— Sei que não ajudei muito, mas como sempre digo, eu que-
ro sempre a melhor disputa.
— Acha que como vai ser o carnaval?
— Estamos no primeiro dia de desfile, sempre sacaneiam com
os do primeiro dia, para dar notas melhores ao segundo dia, mas
sabe que se alguém falar, é apenas despeito.
— Um despeito que acontece todo ano. – Sergio.
— Sim, mas se precisar de ajuda, vou estar agora por três dias
dentro da Alegria e Chatuba.
— Certo, vai ajudar onde deixam você entrar.
— Eles tem de empacotar aquele abre-alas, e tudo que posso
fazer é não atrapalhar.

345
João chega ao barracão da Alegria e viu Marcos olhando o to-
do meio assustado.
— Problemas?
— Não, quer dizer, um monstro de 24 metros, que dizem que
reduz, mas eu não sei como.
João sorriu e deu toda volta e olha para o rapaz do comando
e fala.
— Como estão as baterias, ligadas?
— Sim.
— Hidráulicos?
— Devem estar ligados.
“Devem é algo terrível as vezes” – Pensa João.
Ele abre o comando e verifica se existem câmeras, sim, a par-
te frontal, sim, olha os sistemas laterais, sim.
Ele olha as mãos frontais, teria de as esticar a frente do corpo
antes de descer, ou abrir o braço antes de descer, então ele vai a
cada um dos gigantes e começa a os preparar, e quando aciona o
hidráulico para descer, nada aconteceu.
Ele olha os cabos internos, ligados, ele sai do carro e olha pa-
ra o projeto hidráulico e olha para o carro.
Algo que se não descesse, não chegava e se não chegasse,
começariam com um imenso problema.
João chega a parte do fundo, e verifica que ali abaixou, então
ele desce a parte dos fundos, desconecta os dois carros e faz sinal
para os rapazes começarem a passar o plástico a toda volta.
Quando um desceu, Marcos reparou que a frente não fizera
daquela forma, viu João pegar uma lanterna e ir se arrastando por
baixo do carro, ele olhava o fio, ele chega a bateria dos hidráulicos e
sorri sem graça.
João sai e olha para o presidente e pergunta.
— Quem tirou o gerador 3 do carro?
— Usaram no ultimo.
— E o do ultimo, o que fizeram com ele?
— Não sei, você que coordenou isto.
João liga para a empresa e pede um gerador e Marcos per-
gunta.
— O que aconteceu.
346
— Eles trocaram um gerador por uma bateria, a diferença é
que para baixar e erguer eu preciso de muita amperagem, e como a
bateria não me dá amperagem, dá a sensação de que vai funcionar
e fica parado.
João volta para baixo e entra na parte dos geradores, olha pa-
ra aquela bateria e olha para fora, não via nada, mas olhar os deta-
lhes as vezes lhe mostrava um problema.
Ele pega o material de solda e faz dois reforços de estrutura
por baixo, retira a bateria, testa os fios, quando o gerador chegou,
teve de encher, colocar os líquidos, e quando arrastou ele para o
lugar, colocou no lugar, ele prende bem, fixa os cabos e os fios, e
volta ao comando.
Quando ele acionou o descer e começou a descer Marcos o
presidente sorri.
Ele viu as laterais se encolherem, os bonecos se inclinarem e
quando ficou com 4,85 metros, os rapazes vieram para empacotar e
João que pedira o hidráulico, vai ao caminhão da empresa e começa
a tirar as plumagens e colocar sobre o canto do carro.
Todos viram João separar cada detalhe que poderiam precisar
e colocar junto ao veiculo, agora separado em dois, e pronto para ir
a avenida.
João foi ao fundo e viu que o fundo do carro que fechava o
desfile parecia meio solto, ele chega e puxa uma parte, deveria ter
ficado, mas veio inteiro.
Ele olha o rapaz ao fundo e pergunta se tinham soldado a ba-
se.
Ele sacode a cabeça, como se sim, mas aquela inclinação pa-
recia que a parte do fundo andara um pouco, ele desce e olha para
os parafusos, pega a solda e tira os parafusos tortos e com a empi-
lhadeira ergue a parte do fundo e solda a parte que estava cedendo,
e depois parafusa.
Ele olha o acabamento e refaz os pedaço e coloca com cuida-
do na parte do fundo.
Quando Marcos, o carnavalesco chegou, viu João sobre o car-
ro e perguntou o que foi feito e viu que o rapaz não estava brincan-
do, olhou o carro abre-alas e pergunta.
— Ele descobriu o problema? – Um Marcos olhando outro.
347
— Você colocou o gerador para o carro do fundo, faltava
energia para algo desta magnitude.
— E ele descobriu como?
— Ele começou pela parte do fundo e se arrastou ao chão até
achar o que estava acontecendo.
— E como estamos presidente?
—Agora menos tenso, o carro veio a um tamanho que dá pa-
ra ir a avenida.
O rosto de João surge por baixo do carro e fala olhando Mar-
cos.
— Assumi o colocar em posição de transporte.
— O que aconteceu.
— Parte da estrutura, não foi soldada, foi apenas parafusada,
dois parafusos estavam trabalhando e os 9 milímetros na parte do
fundo, naquele ponto, soltou toda a parte do fundo, pois ela era
presa na parte do centro, 9 milímetros com todo aquele peso, sol-
tou de ponta a ponta o painel do fundo.
— E já concertou pelo jeito.
— Ia testar agora os hidráulicos, para abaixar e ficar pronto
para transporte.
Marcos sorriu e fala.
— Quem dera todos soubessem o que fazem.
— Quem dera. – João.
João começa a fazer os testes de hidráulicos, entendeu que
eles precisariam de um sistema hidráulico a mais ali, as vezes no
lugar de pedir pegam ao lado, mas o encolher mostrou ao erguer
uma placa solta e Marcos olha o desprender de uma placa, o pro-
blema de projetos grandes, é não perder tempo com placas imen-
sas, então João para, com ajuda de Marcos e mais dois tiram do
lugar, ajeitam, o hidráulico abaixado, limpam o local e erguem no-
vamente, colocam o painel, ajeitam os acabamentos, trocam algu-
mas fitas, alguns cantos, descem e sobem mais umas 10 vezes, lim-
pando e ajeitando cantos, quando fecham o carro Marcos entendeu
o quanto o rapaz era sistemático.
— Acha que estamos prontos?

348
— Espero que tenha distribuído as fantasias para os coorde-
nadores das alas, que tudo tenha ficado pronto, e que todos este-
jam descansados no Sábado.
— Vai descansar? – Marcos.
— O desfile do ano passado eu não vi, este ano quero estar
inteiro para a correria, pois este ano não vou por uma escola e sim 3
em 3 categorias.
— E pretende que todas ganhem.
— Ganhar é detalhe Marcos, o problema é estar lindo, ani-
mado e gostoso de fazer.
— Quer se divertir um pouco este ano?
— Sim, e isto para alguns é quase pecado.
Marcos, o presidente viu os carros embalados e pergunta a
Marcos.
— E os demais?
— Todos embalados presidente.
— Hora de cuidar dos detalhes de desfile e de todo o emara-
nhado de coisas, mas vi que o rapaz sabe cada detalhe deste desfile
que você não me passou Marcos. – O presidente cobrando o carna-
valesco.
— Ele deu a ideia, e tenho de considerar que nunca havia li-
dado com tamanha tecnologia presidente, quando entravamos bem
iluminados já era um ganho, este ano cada carro tem movimento,
luz e engenharia, viu o reduzir e subir, ele verificou cada junta, cada
lado, ele quer a certeza de que chega inteiro.
Os dois viram o rapaz ir a frente, ele olha os rapazes do barra-
cão da Chatuba e um fala.
— Embalados, estes não são tão grandes. – O segurança.
— Não é desfile na Marques, então é o limite de altura dos fi-
os, da rua, do conjunto de coisas.
— E mesmo assim caprichou. – O segurança.
— Como disse, quero a concorrência olhando para nós, quero
chamar a escolas alguns que tem paixões a distancia, por outras,
para terem uma paixão interna, somar.
— E agora?
— Embalados, prontos, hora de me preparar para sábado.
João pega o carro e vai para casa.
349
O passar dos poucos dias,
fez João cuidar um pouco dele, as
vezes esquecia de fazer bem a
barba, de se preparar para os pro-
blemas pessoais, estava feliz com
os carros, evitava falar do pessoal,
pois parecia perdido ainda.
Chegar no Sábado, depois
de ter visto o desfile da Sexta, pela primeira vez como apenas um
curioso na arquibancada, desconhecido e que não fizera nada para
chamar a atenção, ele dorme poucas horas, de praxe e vai ao barra-
cão, tinha o horário para começar a dispor das alegorias, na Av.
Presidente Vargas, ele chega ao barracão da empresa e começa a
por os carros para fora, e faz a volta, olha para os carros um e 5 ao
lado esperando eles e todos juntos, envelopados, vão lentamente a
avenida, eles desfilariam por quarto, então quando eles passaram
as alegorias, pela ultima passarela, João viu os rapazes a volta co-
meçarem a tirar as embalagens, tinham mais de 8 horas para o ini-
cio do desfile, e começam a erguer o abre alas, obvio, a partir da-
quele momento, todos começam a olhar aquele abre-alas, o pessoal
da RioTur verificou os laudos do bombeiros, olhou as alegorias, e na
ordem de desfile, ao canto começam a montar todas as 5 alegorias,
quando João começa a por as plumagens, já havia testado as luzes,
já tinha colocado todas as proteções e incansável, ou exausto, co-
meça a ver todos se prepararem, João ficava tenso, Marcos ao lado
viu que João olhou carro a carro, detalhe a detalhe.
Ele olha para a chuva chegar, ele uma hora estava seco, no
segundo seguinte, encharcado.
O rio ao lado subiu rápido, João olha os pés mergulhados na-
quela agua suja, viu a cor do seu tênis ir ao marrom.
A transmissão para a TV local, fazia ter repórteres a todo la-
do, João era meio arisco a isto, mas ele olha o telão ao fundo, mos-
trar os rostos das pessoas na arquibancada quando o carro dos ma-
nipuladores entram na avenida, a bateria estava no recuo, esperan-
350
do a saída do ultimo carro da escola anterior e se ouviu o silencio da
arquibancada, Marcos olha como se procurando o que eles olhavam
e viu que todos estavam olhando o carro.
João olhava o isopor boiando ao fundo com os ratinhos, parte
do pessoal olhava eles se afastarem.
A agua cedeu, o limpar do que dava para limpar, mas os cal-
çados iriam sujos, não teria o que fazer agora.
A Porta Bandeira põem uma sapatilha, já que com o barro fi-
cou meio liso o começo da avenida.
O pessoal da Comlurb passou uma agua, todos esperando pa-
ra entrar e ao mesmo tempo, o sair dos rapazes da limpeza.
O primeiro alarme e a bateria começa a esquentar, e um
samba que foi tocado em exaustão nos ensaios, mesmo que não
sendo um excelente samba, tinha o povo cantando ele.
A comissão começa a se apresentar, a dança dos laços, que se
apertados poderiam matar, se frouxos, deixar fugir, na posição certa
serviam para manipular.
A alegoria que subia com os componentes e descia, seguida
de uma guarda de proteção, que protegia mestre-sala e porta ban-
deira, um vinha de politico, e outro de corrupto, em uma dança
feita para representar a soberba e manipulação.
O carro abre alas, vinha com pessoas sendo manipuladas,
imensas esculturas de 22 metros e os malabaristas a toda volta sen-
do manipulados.
Representando vários tipos de manipulação.
João não viu a apresentadora ir a frente do vidro na dispersão
e perguntar ao vivo.
— Qual o tamanho daquela escultura?
O repórter que estava na arquibancada popular responde.
— Assustador e encantador, é como descrevo.
A imagem traz muitos que não estavam assistindo, para a
transmissão, pois um começa a comentar, redes sociais, e aquele
carro chama a atenção, e muitos voltam a ligar na Globo.
O apresentador olha para a descrição do carro e fala.
— Este é um carro assinado por aquele rapaz que o ano pas-
sado estava na Beija-Flor, João Mayer.
— Este gosta de coisas imensas.
351
O carro se aproximando da dispersão, e o repórter sai para
olhar o carro e fala.
— Com certeza, uma imagem que vai ficar na memoria.
João viu os demais carros, olha para os intermediários, Mar-
cos sorri de toda a repercussão e na dispersão quando fecha o por-
tão o abraça e fala.
— Seja sempre bem vindo João.
João sorriu, ele sabia o que projetava, mas realmente quando
se está envolvido, não se vê o desfile.
João acompanha os carros para seus barracões, e cansado vai
para casa dormir um pouco.
Os comentários dos repórteres de varias transmissões fala-
vam do desfile impecável da Alegria da Zona Sul, a mais animada e
que mais cantou o samba.
Todos os comentários destacando que Aquela comissão de
frente que subia com os laços, e o abre alas, eram a imagem do
carnaval do grupo A.
João dormia, não viu estes comentários.

352
Domingo já tarde, João olha
para fora, sente que esta coisa de
inverter uma noite inteira, dava
uma sensação estranha, em todos
os espíritos dentro dele.
Sai dali e vai ao barracão.
Ele apoiara a Chatuba de
Mesquita, pois era do grupo D no
ano anterior, mas este ano, ele queria aprender exatamente o que
era isto, pois falar em grupo E desfilando com 20 escolas, no sábado
seguinte ao carnaval, para ele era algo impensável, pois para João
isto demostrava que tinha um potencial que teria de apoiar, ele
ainda pensava apenas nos grupos iniciais, e estranhava algumas
escolas tão clássicas, existentes desde a década de 40 do século
anterior, desfilarem tão precariamente.
Estranho como falar de cantores boêmios da zona Sul, era ti-
do pelo país como cultura, já a guerra de levantar mais de 50 esco-
las, 50 sambas, com alegorias, fantasias, enredo, milhares de parti-
cipantes, não era cultura para a maioria.
João não conhecia a Intendente Magalhães, iria apoiar a pri-
meira escola do grupo D, o desfile iria começar as oito da noite,
noite já, Domingo de Carnaval, estaciona o carro ao fundo, olha a
comissão de frente e a presidente olhar ele, enquanto os carros,
bem menores, altura máxima ali era a altura rebaixada das alegorias
das especiais, ele olha os olhares dos componentes, viu o brilho aos
olhos ao ver fantasias bem elaboradas, viu Paulinha o arrastar para
uma Van de transmissão, para João aquilo tudo era novidade, mas
soube naquele momento que as transmissões iriam ao ar, por um
canal de transmissão via YouTube, Sambarozzo, olha os apresenta-
dores cumprimentarem a presidente e o rapaz perguntar.
— Como vem esta ano a Chatuba para o desfile do grupo D
depois de anos de grupo C Paulinha?
— Viemos com força, estamos pensando em competir com
vontade.
353
— Quem traz com você? Novo na região?
— João Mayer nos ofereceu seus serviços e não o deixamos
escapar, ele assina o enredo e as fantasias do ano.
O comentarista Rogério foi pego de surpresa, ficou evidente
na transmissão, e fala.
— Então veio conhecer o carnaval da Intendente Magalhães?
— Sim, ele é muito mais próximo do que acontece na minha
cidade, estranho um potencial deste, com tantas escolas, não existir
uma empresa seria disposta a patrocinar.
— Acredita que a iniciativa privada deveria abraçar estas es-
colas?
— Sim, e como declarei antes, se o UBER não confia em uma
Escola de Samba, das mais tradicionais do mundo, como posso con-
fiar em uma empresa que nem saiu das fraudas, eu voltei aos Taxi,
as vezes pego o 99 e se o carioca que respeita as escolas de samba
fizessem o mesmo, eles entenderiam o que a Mangueira representa
a cidade, se eles não querem se associar a marcas como a Manguei-
ra, nós não deveríamos querer eles por perto.
Paulinha sorriu, o assunto foi desviado e antes do rapaz que
tinha se perdido mais falar interceder, ao vivo não tinha mais como
cortar, João fala.
— Desculpa a pressa é tenho 10 minutos para verificar se está
tudo pronto.
João saiu e o rapaz fala com o rapaz aos fundos.
— Não tem como cortar Carlinhos?
— Não, e concordo com ele, inventaram um motivo e todos
ficamos quietos.
Paulinha da Chatuba, pois uma das apresentadoras tinha o
mesmo nome viu o rapaz chamar o desfile, e ela saiu, João olha a
comissão de frente, verifica como estavam, olha o pequeno tripé,
era um conjunto de gangorras que davam os 12 lugares para sentar
e os rapazes estavam todos vestidos de meninos maluquinhos.
Rogerio olha a comissão de frente e fala na transmissão.
— Chatuba vem com o enredo sobre Infância perdida ou In-
fância Abandonada?
— Este samba tem sido cantado pela cidade, pois no ensaios
na Lagoa Rodrigo de Freitas pela Alegria da Zona Sul, eles tem puxa-
354
do este samba, e também tem sido tocado por Rodney na Beija-Flor
em apoio a escola da mesma região. – Claudinha, a outra comenta-
rista.
Rogério viu o pessoal cantando nas arquibancadas, e muitos
chegarem para olhar, arquibancadas cheias na primeira escola não
era muito normal, mas como uma escola que recebeu apoio decla-
rado de duas outras, uma na parte de ensaios, e outra na parte de
local para ensaio em Nilópolis, fez muita gente da comunidade vir
olhar, e o conjunto de câmeras pegava aquele parquinho que meta-
de tinha os brinquedos, e era verde, e no outro estava jogado a
sujeira.
Logo em seguida vinha a porta bandeira e mestre sala, com a
roupa, crianças largada a sorte.
Uma ala com lápis quebrados, livros rasgados, e cadernos
usados, formava a fantasia.
O carro primeiro trazia uma escola publica a frente, com cri-
anças tentando estudar em cadeiras quebradas, e tudo mais, e a
parte ao fundo, uma escola inteirinha.
As alas falando em fantasias metade, bom, metade ruim, da
comida, da estrutura, das condições.
Depois vem as 3 alas de apelo, por melhorias, carro dois, o
sonho de uma escola não luxuosa, mas funcional. Funcionários que
só olham os holerites enquanto a educação se deteriora, fecha o
carro dois.
Após o segundo carro o espaço para professores bons, profis-
sionais bons, respeito, direito a serem vistos, a evoluírem.
Rogério viu que estavam seguindo exatamente o enredo nar-
rado com as suas vestes, e veio a bateria vestidos de Pombos da
Paz, representando a esperança.
Após eles, criticas ao desvio de recursos, e o desviar das aten-
ções, culpando a diversão, para não olharem para os desvios de
recursos.
Por fim, uma escola boa, com crianças bem alimentadas, com
fartura, e livros didáticos, computadores, e direito a sorrirem sem
ser pecado.
Claudinha que transmitiu olha para o encerrar do desfile e
olha para Rogerio.
355
— Se começamos com o pé direito, vamos a uma noite de
grandes desfiles.
— Tenho de concordar, roupas impecáveis, carros lindos, en-
redo critico, bateria afinada, comunidade cantando, Paulinha real-
mente trouxe a Chatuba para tentar voltar ao grupo C.
— Um carnaval simples, mas que mostra que pensaram um
carnaval para o ano, ensaiaram, e este João Mayer, segue o cami-
nho de Paulo Barros, que começou por aqui também.
Rogério olha para Claudinha e fala.
— Um desfile bonito, não posso negar, mas muitos falam hor-
rores deste rapaz.
— Fala serio Rogério, nem o conhecia, fama de fazer coisas e
ninguém conhece a cara que tem, mas vimos uma Chatuba ensaia-
da, e vai brigar no grupo com certeza. E enquanto todos comentam
o desfile da Alegria da Zona Sul ontem, um dos responsáveis vem a
raiz do nosso samba, prestigiar o carnaval na Intendente.
João olha para Paulinha e pergunta.
— Acha que agradou?
— Posso dizer que este foi o desfile mais legal que a Chatuba
já fez, como se fala, o pessoal se divertiu, o publico ajudou, e desfi-
lar por primeiro é sempre uma tensão.
— Deixa eu atravessar a cidade agora.
— Vai onde agora?
— Tenho o desfile da Imperatriz hoje, quer dizer, já será
amanha, mas tenho de começar a colocar os carros na ordem do
desfile.
— Muita surpresa?
— Nem tantas quanto eu queria, mas o enredo é bem didáti-
co, vai ficar por ai?
— Vou ajudar a levar os carros, e quem sabe apareço lá.
— Qualquer coisa me liga. – Joao a olhando.
Paulinha viu João ir ao fundo, aquele carro restaurado era um
dos símbolos do ano, o pessoal se organiza para levar os carros de
novo ao barracão.
João chega ao barracão e começa a ver o pessoal da Liesa
chegar para acompanhar o deslocamento, eles vão com calma, car-
ros recolhidos, a calma de tirar os carros um a um, parte a parte, a
356
confirmação de que o abre alas já estava na avenida, as mesmas
passarelas, transpor ela e começa a descobrir o abre Alas, a arma-
ção a frente era do Salgueiro, por aquele lado, seria a ultima a en-
trar na avenida, ele tentava não se envolver com as demais, mesmo
alguns pedindo ajuda, ele lembrou do ano anterior, se precisavam
de ajuda, estavam com problemas, algo daria errado e isto o fez
recuar, e tinha uma desculpa imensa para isso, por aquilo em or-
dem, quando ele começa a erguer a primeira alegoria, e as pessoas
da armação veem a dinâmica dos rapazes entrando nas esculturas,
começam a olhar em volta.
João olha alguns pararem ao longe para olhar, e os rapazes
acoplam as duas laterais, baixam as saias, o pessoal da escola che-
gava, e foram olhando eles erguerem as laterais, Cauê chegou e as
hastes de DNA começam a se erguer, as pessoas começam a tomar
seus lugares, as saias, começam a posicionar gente, os destaques
sentados nas partes altas, o acoplar da parte dois, e o começar er-
guer da parte dois.
João foi erguendo e verificando cada componente, sempre ti-
nha de tirar um ou outro que por, sei lá, birra, queria desfilar com o
calçado que veio, nestas horas que se vê bem quem é da comunida-
de, e quem apenas comprou uma fantasia.
Os dois destaques que reclamaram começam a subir nos car-
ros, o erguer dos tripés dava a sensação de que não era grande coi-
sa, ao fundo Cauê começa a erguer o fecha alas, enquanto o pessoal
da organização, em suas vestes de doutores, começavam a olhar ala
a ala.
O presidente da escola olha o abre alas, e somente agora en-
tendia a imensidão daquilo, e não estava ali por ser grande, estava
ali para chocar mesmo.
Na avenida, a Beija-Flor entrava com seu abre alas e todos
param na imagem do beija-flor estilizado de 12 metros, andando
com dificuldade na avenida. A transformação e o agito, os antigos
carnavais em um carro imenso, logo após toda uma tecnologia e
embora fosse um carro pesado, o comentarista fala.
— A Beija Flor veio mais leve, mas não menor, se alguém ti-
nha duvida se no meio de toda crise eles teriam como disputar o
tricampeonato, estão ai, mostrando a que vieram.
357
A comentarista olha o carro 2 e fala.
— Tem muita influencia daquele que dizem não ter feito o
ano anterior, que gostaria de por minha consideração, pois João
Mayer fez boa parte do titulo do ano passado, e deixou uma mu-
dança de estilo.
— Para quem não viu a apresentação do grupo A, ontem, ele
assinou junto um carnaval, o da Alegria da Zona Sul, e olhando este
carro, e aquele de ontem, é a técnica, a coragem, hoje vemos escul-
turas com movimento de 16 metros, varias, ontem no carro abre
alas da Alegria, tinham 16 manipuladores de 24 metros de altura, se
não viram, vão no Globo Play, e vejam com calma. – O segundo
apresentador.
Sergio olha para a entrada do ultimo carro, e olha ao fundo o
começar da Imperatriz e fala para Marquinhos da coordenação.
— Fizemos o melhor Marquinhos.
— Estou impressionado Sergio, você montou um carnaval in-
teiro, em meses, juro que seria um ano mais leve.
— Acho que pecamos em alguns pontos, mas quando se olha
ao fundo, se vê o verdadeiro estilo que estávamos o ano passado.
O rapaz olha para o abre-alas da Imperatriz, e fala.
— Um gigante, vai dizer que realmente o Silvino não fez o
carro do ano passado.
Sergio sorriu.
A Beija-Flor entra inteira, fecha o portão e a bateria começa a
se posicionar na região todos viram trazer aquele quadrado e por no
chão. Cada um que vai desfilar tem seu próprio ritual.
A comissão aciona o comando e os 4 querubins se posicionam
na ponta e cobrem aquele quadrado ao chão, se num momento
parecia apenas um quadrado, naquele momento, parecia a bandeira
da escola, cobrindo aqueles 144 metros quadrados, mostrando que
tinha algo a mais.
O abre-alas, os índios a frente, gigantes, se abaixam e pegam
um tecido bem a frente e o erguem, os ao lado fazem o mesmo, o
que era um carro brilhoso, vira uma frente negra, com os dizeres.
“Nos livros diz apenas,
Fomos descobertos”

358
No fundo os mulatos, caboclos, mestiços de todas as formas,
fazem o mesmo e no fundo, se ergue o tecido também.
“Mas na verdade,
A maioria, ou foram mortos, ou violentados ou forçados a
vir!”
Nesta posição que o carro abre alas começa a fazer o joelho
da armação e se posicionar, imenso, entra sem problemas, mesmo
o rapaz no comando tendo de dispor de mais pressão nos pneus da
direita.
As pessoas para fora do abre alas eram representantes da
morte, e a frente do carro ainda tinha o mestre sala e a porta ban-
deira que olham que naquele momento, as luzes superiores, eram
focadas a frente, era a entrada deles, que o carro anunciava.
Aquele carro imenso, como os tecidos na frente, os no fundo,
faziam os olhos irem ao meio do carro onde era uma verdadeira
chacina, politica e cultural.
João olha o carro dois, Prisão e Baile, e as pessoas no lugar, o
carro na posição erguida, começa a por as plumas de um lado os
rapazes do outro, alguns na parte alta ajustam e quando o carro
começa a andar, acende as luzes e o que era escuro na parte baixa
com luzes escuras, com algo oculto, escondido, na parte alta, os
salões dos brancos eram destacados.
João pega um carrinho baixo, passa abaixo do carro e refaz
uma ligação, prende o pé no carro sobre aquele carrinho que desli-
zava por baixo, alguém mastigou um meio fio vindo, e mordeu um
fio que fazia parte da iluminação do fundo.
Ele prende o fio com o carro andando.
No abre-alas, ainda com os seres segurando o tecido, o apre-
sentador da Globo, grava a imagem, para falar depois, enquanto
entrevistavam os componentes no estúdio da Beija-Flor.
João vai ao primeiro tripé, o senhor olha aquele carro a frente
e sabia que lá tinha um destaque, mas viu acenderem as luzes e o
que tinha 4 metros foi a 12 metros, o senhor achou estar abafando,
as luzes sobre ele, mau via a avenida abaixo, quando entrasse na
avenida que as luzes a volta eram mais fortes, ele conseguiria sentir
o que estava acontecendo.

359
O carro 3, que se chamava miscigenação, o ultimo a ser pen-
sado, começa a subir, os destaques, as pessoas a volta, os rapazes
dentro dos seres, fazendo movimentos, o esticar das saias a volta e
o subir dos destaques baixos, fez ele começar a andar, segundo
tripé, e logo após o carro Sexo, quando aquelas esculturas quase
estáticas começam a subir, as pessoas viram o quanto era grande,
estavam falando em mais da metade da escola e aquele carro co-
meça a andar no sentido dos demais, parando na formação, os inte-
grantes olhavam encantados aquele carro.
Terceiro Tripé e o carro Novos Povos, toda a gama de pessoas
sobre os carros, a verificação da segurança, o teste das chaminés na
altura total, o erguer de João a 12 metros para ele prender uma
placa de fibra e pintar, onde se soltara.
Todo o agito e começam a andar por fim, e chega ao carro fi-
nal, as arvores, os hidráulicos jogam as arvores para frente e para
cima, e as pessoas começam a se instalar nos tecidos ao chão, com
suas cabeças de flores.
No fundo o subir das arvores tornava o que era um carro pe-
queno em imenso, e as baianas que iam a frente deste carro ficam
olhando encantadas, e Rita olha o carro agora sim montado e fala
para a moça ao lado.
— Cada dia ele pôs algo diferente neste carro.
João viu o começar avançar da escola, a tensão em cada olhar
quando faziam a curva, mas quando entravam, era o ir reto e ser
feliz, Cauê o abraça ao fundo e fala.
— Este foi especial João.
— Como digo, eu não vejo o desfile, vamos que ainda não
acabou, termina no fechar do portão. – João.
Os dois foram ao fundo da coroa, a bateria sai a frente deles e
encerra o desfile, os olhos de muitos estavam no complexo de idei-
as, e João apenas tentando terminar mais um desfile.
As arvores cumprimentando e se despedindo, fazia todos a
volta sorrirem, isto era gratificante, a bateria encantada com as
arvores os animando, o publico interagindo.
No estúdio de transmissão a apresentadora principal olha pa-
ra a comissão de frente entrando, nada especial em suas fantasias, a
porta-bandeira estava tensa vendo o ultimo carro chegar, o publico
360
interagindo em cantando o samba, e por fim, o fechar do portão,
enquanto João foi verificar se estava tudo bem, encolher os carros,
Cauê vai a festa e olha os demais olhando para ele.
— Cauê, de onde tirou este carnaval, foi incrível – Milton Cu-
nha.
— Como muitos falaram, mostramos mais do que todas as
demais juntas Milton.
— Mas a confecção foi incrível, todos se perguntavam como a
comissão de frente se apresentaria diante de um carro como o abre
alas, vocês esticaram um pano negro para olharem apena para a
comissão, e o mestre-sala e porta bandeira.
— As ideias as vezes assustadoras de Mayer, nos faz ter de
nos superar, são detalhes que poucos viram, ou se deram conta,
mas que estão ali, a cada dia colocamos uma novidade, e a cada
novidade uma tentativa de surpresa a mais.
Começam a falar com a porta bandeira que olha para Cauê e
fala.
— Agradecida por esta roupa linda!
— Muito pesada a roupa? – A apresentadora.
— Não, uma roupa significativa, mas linda.
Todo pessoal se prepara para o ultimo desfile e a apresenta-
dora olha para o começo da outra apresentação, e fala.
— Ai vem a ultima do dia, para encerrar um dia de muita be-
leza.
João leva os carros aos barracões e olha para a sua vida, ele
entra no barracão da Santo Cristo e senta-se a direção do barracão,
olha o fim do ultimo desfile, olha o desfile da imperatriz pela inter-
net, acompanha o desfile, da primeira vez, ele foi ver após a vota-
ção, ele olha para os defeitos, tinha ao seu ver, 12 erros que não
precisavam acontecer.
Pega o carro cansado e vai para casa, ele não sabia se ficaria
por perto para a segunda de carnaval, mas está era a ideia.

361
João as vezes sentia-se pa-
rado, como se não fizesse sentido
todo aquele esforço, acordar se-
gunda, sozinho, sem motivações
além das pessoais, parecia as ve-
zes pesado, as vezes, gerava tem-
po para pensar em o que faria.
João pega o carro e vai a In-
tendente Magalhães no final da tarde, senta a arquibancada, pega
umas latinhas com o vendedor e fica a olhar a armação, quantas
pessoas deveriam estar chegando ao Sambódromo no centro, e ele
ali a olhar as escolas começarem a desfilar.
Segunda é dia de grupo C, 13 escolas e começa pela Boca de
Siri, ele olha a diferença, as vezes olhares estranhos sobre ele, mas
estava tentando pela primeira vez enxergar a dimensão do que era
o carnaval do Rio de Janeiro.
Ele estava sentado e uma moça sentou ao lado dele de nariz
de palhaço e uma cabeleira falsa de negra, ele não olhou.
— Aqui que se esconde?
João olha ao lado e teve de fixar a vista para achar Micaela
naquela fantasia.
— Eu por aqui até se entende, perdida?
— Tem um monte de gente querendo falar com você, e você
olhando um desfile, nem sei que escola é esta?
— Segunda escola do dia, Unidos de Lucas.
— E veio fazer o que aqui?
— Na bagunça não fico pensando em mim ou no problema
destes seres dentro de mim.
— E o que o atrai para cá? – Micaela sabia que João não era
de ficar no meio do caminho.
— Dentro de mim, tem um tenente, que trabalhava no fim
desta rua, naquele sentido, Campo dos Afonsos.
— E vem para perto.

362
— Queria entender menina, sabe quando você olha algo e
pensa, isto tem um grande potencial.
— A que nível de potencial está falando?
— Politico, social e cultural.
— O que viu de tão grande aqui na Intendente Magalhães?
— Se eu somar as escolas do grupo B, C, D e E, é quase 60 es-
colas de samba, fazendo fantasias, adereços, sambas, organizando
algo, as pessoas que organizam as coisas são para mim, os verdadei-
ros empreendedores.
— E estava pensando em algo?
— Sim, mas hoje estou só olhando.
— Algo a que nível?
— Se a prefeitura não quer, assumirmos o tocar junto a Asso-
ciação das Escolas, de todo este emaranhado de gente.
— Tá maluco, isto não daria lucro.
— Entenda menina, se não desse lucro, a prefeitura não esta-
va financiando, ela gastou mais nos últimos anos, mas ouvi falar que
em patrocínio para esta parte, a prefeitura arrecadou mais de 6
milhões de reais, ela ainda concede as licenças dos ambulantes e
terceiriza boa parte do serviço, o resto, funcionários já contratados,
que apenas estão trabalhando no carnaval.
— E o que esta alma ai dentro de você tá falando.
— Não gosto de as chamar de almas, são existências.
Ela olha João como se querendo que ele falasse, mais uma es-
cola terminava o desfile, ele pede mais uma cerveja e Micaela olha
desconfiada.
— Vai se embriagar? Tenho de me preocupar?
— Sempre.
João olha um rapaz vendendo pipoca e compra uma, Micaela
via que João não estava nem querendo chamar a atenção, mastiga-
va como se não olhasse o que estava comendo.
João continuava a assistir, em sua cabeça eram escolas me-
nores, mas naquele trajeto, sem estrutura, ficariam assim por déca-
das, estava olhando quando Paulinho chega ao lado e fala.
— Esta ficando barra pesada Menina.
— Relaxa, não entendi a ideia ainda, mas você por perto que
os deixa tensos Paulinho.
363
— E não vou me afastar.
— Certo, mas relaxa, o que acha que complicou?
— Gente de Chatuba em volta, é gente barra pesada.
Micaela olha para João que encara Paulinho e fala.
— Se achar que tem de a tirar Paulinho, não se prenda por
mim, eu sou apenas o rapaz que constrói carros.
— E que poucos sabem a cara.
— Não entendo ainda o que eles pensam, todos me veem,
mas ninguém me enxerga, é como se o que eles vissem nas câme-
ras, não fosse o que veem pessoalmente.
— As vezes pode até acontecer João, sabe disto. – Micaela.
— Eu não sei de nada.
Um senhor com um corte militar chega ao lado, ele estava
mais distante, mas vendo que ali tinha um grupo mais calmo, encos-
ta por ali.
— E não tem medo? – Micaela.
— Eu colho as minhas escolhas menina, não a dos demais, e o
que falei referente a potencial, é que para que se coloque em Curi-
tiba, 10 escolas na avenida, é algo com mais estrutura que isto, ten-
do toda uma estrutura seja de venda, seja de policiamento, mas a
montagem é a mesma, se eles usam um, dois ou 4 dias, quanto mais
se usa, mais barato fica.
Micaela viu que João não estava olhando as escola como os
demais e pergunta.
— Mas qual o tamanho de um mercado destes?
— Se as escolas não gastarem nada, uns dois milhões, se elas
gastarem, não mais de 18 milhões, mas o problema, é que não tem
apoio, é como se eu fizesse uma musica ruim na zona sul, é cultura,
na zona norte, vagabundagem, eu não entendo, sei que sonho alto,
mas o publico alvo deste lugar, é perto de 200 mil pessoas em 4 dias
de desfile, se cada pessoa gastasse nada, uns 30 reais, já gera para a
região uns 6 milhões, mas pensa em algo assim, com estrutura, com
atrativos, com organização real, pois desculpa, tá uma bagunça ge-
neralizada.
Micaela sorriu e viu um rapaz chegar a frente deles e falar.
— A carteira ou morre branquelo. – As costas do rapaz mais 6
rapazes que pareciam estar armados.
364
João apenas sacode as mãos e fala baixo.
— Sem mortes.
O senhor ao lado não entendeu, mas viu os rapazes desaba-
rem a frente, e o policiamento que se fazia de cego veio ver o que
acontecia. Tiram os rapazes levando para um posto medico na regi-
ão, enquanto Paulinho volta a se aproximar e perguntar.
— Vai continuar arriscando menina?
— Ainda estamos conversando Paulinho, daqui a pouco eu
vou arrastar ele para aquela reunião chata no Municipal, mas estes
estavam muito malucos, caíram sem nem entendermos o que acon-
teceu.
João soube que alguém queria falar com ele, mas ainda esta-
va pensando e o senhor ao lado pergunta.
— O que fez, não entendi.
João olha o senhor e pergunta.
— Eu nada, mas o que faz um professor da Escola de Aero-
náutica passeando por aqui?
— Me conhece?
— Não, apenas distingo poucas pessoas, dizem que sou pés-
simo fisionomista.
— E eu levei a sorte?
— As vezes quando vamos em um museu, e nos deparamos
com alguém tentando explicar para os demais algo, gravamos aque-
la feição.
— Certo, mas o que aconteceu?
— Passaram mal, o que mais, já ouviu falar em indução pela
fala?
— Não acredito nisto rapaz.
— Certo, não vou ter como provar sem gerar pânico, então fi-
ca apenas na afirmação, que foi algo sobrenatural.
— E que papo é este de estrutura a esta bagunça?
— Na verdade não é uma bagunça, é algo que no lugar de ser
transformado em cultura, se transforma em escracho, e não sei
porque alguém acredita que escrachar os mais humildes é ganho,
você não alimenta uma bomba uma vida e quer paz, é o que estão
fazendo, alimentando uma bomba, que quando explodir, quem vai
assumir a merda?
365
— E como melhorar isto?
— Neste lugar sem chance senhor, rua em curva, com alta
voltagem de um dos lados da pista, não permitindo a ampliação
nunca, um lugar destes para um baile noturno, até daria publico,
mas seria violento, poderia ter blocos de rua, mas ainda assim, pre-
cisaria de organização, diria que a organização atual, dois ou 3 blo-
cos de rua funcionariam.
— E acha que teria como ser feito diferente?
— Teria de ser em um local plano, reto, que desse para mon-
tar as arquibancadas e desse para controlar a entrada, os morado-
res iriam com mais segurança.
— Interessante alguém olhando uma bagunça e pensando no
potencial disto.
— Eu sei que muitos estranham, mas eu e esta criança ao la-
do, montamos a maior empresa de produção de camarão de agua
doce do país, estamos com uma importadora, mas temos mais só-
cios, mas como podemos viver em uma panela de pressão e não
entendermos que ou aliviamos a pressão, abrimos a tampa, ou co-
zinhamos todos.
— Acredita na função do carnaval? – O senhor.
— A valorização da escola, seja na década de 30 para contro-
lar e aliviar o peso, ou na publicidade positiva nas décadas de 70 e
80, eram para destampar a panela de pressão que este país sempre
esteve.
— Alguns apostam em outras soluções.
— Os mesmos donos de terras e exploradores?
— Eles acham que a violência contraria funciona.
— E o soldado, o policial, ou mesmo o gari, o professor primá-
rio, voltaria para casa como?
— Acha que começaríamos uma guerra interna?
— Senhor, se a Zona Norte do Rio invadir a Zona Sul, não so-
bra nada, como se diz, existem montanhas que os separam, existe
até símbolos centenários que os separam, mas a pergunta, o que
ficaria de pé, nada, então quando se diz, vamos apoiar, é dar fun-
ção, dar ocupação, dar valorização, dar voz, eu posso estar engana-
do, mas se eu der espaço e registro, disto, destes movimentos, des-

366
tes Sambas, em 10 anos tereis mais registros e historias que todo o
grupo especial.
— E vem de onde, fala não como um da terra?
— Curitiba.
O senhor olha a menina, talvez fosse difícil ver Micaela na-
quela fantasia, olha os braços de João e fala.
— O famoso encrenqueiro que veio de Curitiba?
— Famoso? – João.
— Quando ontem, esta arquibancada encheu, muitos se as-
sustaram, principalmente porque era a primeira escola, e vi um
desfile inteiro de pessoas tentando achar defeitos na primeira esco-
la, quando se fala tentando comparar quer dizer, alguém impressio-
nou e nem ficou aos holofotes.
— Queria poder apoiar mais senhor, mas sou apenas um me-
tido, que não para, eles dizem que sou hiperativo, eu não quero
parar para pensar nem na condição do país e nem na minha, traba-
lho para não pensar, e avanço onde me permitem avançar.
— E o que precisaria para fazer algo melhor.
— Teria de ser plano, que desse para armar de desarmar o
complexo, controlar entrada, mas como disse, sou novo, mas o que
me fez pensar nisto, é que o carnaval na minha cidade, é lucrativo,
com menos de 10 escolas, entre blocos e escolas, como eu com 60
escolas, não consigo fazer algo lucrativo, mas o principal, mostrar o
verdadeiro espirito local, temos possibilidades de exportar isto, e
ficamos nos denegrindo.
— Pelo jeito és mais encrenqueiro do que parece.
— E vem sozinho a nossa região.
— Eu tenho um tênis velho, uma camiseta passada, mas bem
usada, um celular de 300 reais, no bolso apenas o da cerveja.
O senhor alcançou um cartão e falou.
— Se quiser discutir sóbrio esta ideia maluca.
João alcançou o seu para o senhor que olha a menina e fala.
— Mas não entendi quem é você menina?
Ela tira o cabelo falso e o nariz, sacudindo o cabelo e o senhor
fala serio.
— A menina dos David numa arquibancada da Intendente
Magalhães, a que dizem ser protegida dos anjos, vão ficar por ai?
367
— Sábado que vem estarei por aqui, quero ver o que é o des-
file do grupo E.
João se levanta e Paulinho ao fundo se ajeita, o senhor olha o
pessoal se mexer na saída, e mesmo os desatentos olham que algo
estava acontecendo, mas o que não era tão visível, e João vai ao seu
carro ao fundo, o senhor olha aquele Opalão recuperado ao fundo,
o rapaz sair como entrou, com muita calma.
João para na casa no Irajá, deixa o carro, já tinha bebido de-
mais para dirigir, olha o telefone e atende.
— Fala menina.
— Vai demorar?
— Nem sei onde vou.
— Um sapato não sei se tem, um bom blazer?
— Se puser uma gravata, vou dispensar menina.
Ela sorri e fala.
— Nos segue?
— Já bebi demais para ir a região que tem policia de transito,
dois Rios, um com policia de transito e outro com policia de cassete-
te.
— Lhe dou uma carona.
— 5 minutos na entrada.
João pega uma camisa, uma calça, um sapato-tênis, passa um
desodorante e um perfume, escova os dentes e sai pela porta.
O motorista abre a porta para ele entrar e vão ao centro, des-
file de roupas de luxo, em paralelo ao desfile na Marques era pro-
vocação, mas o desfile fora pela tarde, agora era apenas uma con-
fraternização de alguns.
A menina entrega os convites, o rapaz revista João, e Micaela
viu que os seguranças fizeram basicamente só com João, ele atraia
os olhos de desconfiança, mesmo em lugares que fosse convidado,
sinal que nem entraria se não estivesse acompanhado, ela tentava
entender isto, mas não fazia sentido.
João chega a ela e fala.
— Já sabe por que odeio lugares assim.
João entra no lugar, seguiu a menina e viu ela indicar a cadei-
ra e sentou, uma mesa para 4 que só estava ele sentado, ela senta-
se e fala.
368
— E acha que alguém lhe ouviria.
— Acho que não entendeu Mick, a ideia não é para que eu
trabalhe mais, nem para você, mas sei que poucos entendem que
eu não quero o holofote, e locais assim são o holofote.
— Todos se perguntam hoje, onde estaria João Mayer?
— E porque o perguntariam?
— Algo referente a uma apresentadora de TV o querer no
programa dela e quinta.
— E porque teria de ir?
— Eles não lhe conhecem, e isto é algo que realmente não se-
ja para ser publico, mas não quer colher as glorias?
— Mick, no ponto frágil que estou psicologicamente, sei que
estou, se eu colocar alguém ao lado, será um peso para a pessoa,
poucos entendem o embrulho que me meti.
— E se tiver um cache.
— Se não tiver eu nem vou ouvir o convite.
Micaela sorriu e fala.
— E não se importa em estar invisível?
— Eu não sei ainda a proposta, mas obvio, eu sentado vendo
escolas lá, ou vocês aqui, tem o mesmo nível de interação social,
aquela que se permitem.
João viu Luiz e Roberto chegarem a mesa, as caras de sorri-
sos, induziam algo, mas a bola de cristal de João não estava boa.
Ele evitava as vezes saber de mais, não querendo antecipar as
coisas, pois isso o cansava.
— O achou onde filha?
— Intendente Magalhães.
— Fazia o que lá?
— Via as escolas, tinha ideias malucas, coisas assim.
Luiz cumprimenta João e fala.
— Se escondendo da imprensa.
— Sei que falo merda, então longe dos microfones é o indica-
do presidente.
— Sabe que existe uma pressão para proibirem os sistemas
de ônibus acoplados na avenida.
— Uma sacanagem previsível.
— Sacanagem mesmo. – Micaela.
369
— Medo do gigantismo. – Roberto.
— Eu não faço as regras Roberto, eu trabalho nelas, mas é
uma decisão apenas do grupo especial?
— Ainda não decidiram. – Luiz – Sinal que assustamos eles
Roberto, eles não sabem agir apenas pela evolução, mas não posso
negar que aqueles carros nos deixam tensos.
— O problema é que eles não entenderam, se olhar o carro
do meio da Alegria Luiz, ele é um chassi normal, mas ele coloca hi-
dráulicos indo a frente por 10 metros, hidráulicos ao fundo por qua-
se 15, um bloco único de 35, e temos um gigante, a menos estável
de todas aquelas alegorias. – Roberto.
João estava ali, perdendo a noite de desfiles e ninguém falava
nada e pensa que teria de dormir a mesa, aquela era tipo da festa
que dava sono para ele.
Micaela olha João e olha para o pai que fala.
— Ele está entediado pai, o que queria com ele?
Luiz sorriu e Roberto falou.
— Tem de considerar filha, que as vezes estar em locais públi-
cos, e isto ele tem de entender, estar com alguém, é sempre positi-
vo.
João não gostou da fase e apenas fala.
— Não tenho medo de acusações sem fundamento, mas fes-
tas assim me dão sono.
João viu um senhor sentar a mesa e olhar para Roberto e Luiz
ficou de pé.
— Este é o rapaz?
— Sim.
— Sou Luiz Roberto, direção da Globo, e pediram para lhe
contatar, e vejo que mesmo os que lhe confiam o carnaval não lhe
acham.
— Estranhando ainda alguém querer falar comigo.
— Quando tem 3 carnavalescos e dois presidentes de escola
falando bem de você, nossa direção do programa Encontro quer
você com a gente lá.
— Acha que é uma boa ideia, eu não sou alguém que segure a
língua, sempre digo que eu e microfones, deveria ter uma lei proi-
bindo.
370
— A apresentadora pede que considere.
— Como falava, com a Mick, não entendo o que se ganha
com isto.
— Querem sua posição sobe carros gigantes.
— E quem vai estar lá? Posso levar alguém?
— Pode indicar 3 pessoas, mas não quer dizer que a direção
tope.
— Luiz é seu nome, as vezes eu temo minhas ideias, mas
quando se fala em carros grandes, compara o abre alas da Impera-
triz, o abre alas da Beija-Flor, a filmagem da entrada deles na con-
centração, dai filma a entrada do abre alas da Portela, eles não es-
tão querendo barrar carros grandes, eles querem barrar novidades,
mas o abre alas da Imperatriz, tinha um engenheiro civil, um elétri-
co e um mecânico, então se é para falar dos carros que apenas
monto, mas que engenheiros garantem a estada lá com segurança,
eu queria os engenheiros lá.
Luiz sorriu, pois isto era um cala boca nas especulações.
— Não acredita no perigo da industrialização do carnaval?
— Eu, um nada, fiz um desfile de uma escola do grupo D, on-
de o carro veio do lixo e foi a avenida, mas com segurança, eu colo-
quei apenas 3 escolas de samba na avenida este ano, qual o índice
de problemas técnicos que tivemos?
— Certo, mas não respondeu.
— Eu não preciso ser contra a engenharia, para ser a favor do
escultor, eu não preciso ser contra o luxo para ser a favor da reci-
clagem, o que estamos apenas querendo, é segurança, a pessoa
investe falando baixo, 5 milhões em carros alegóricos, e para eco-
nomizar 400 mil, coloco chassis usados e velhos, e um deles quebra
na entrada da passarela, então joga 5 milhões pela janela para eco-
nomizar 400, eu sou pelo gastar dos 5 e quatrocentos.
— Mas sabe dos riscos?
— Quem me dá limites é o engenheiro, eu estaria a 40 metros
se ele não me provasse matematicamente que com uma base de 12
eu estaria arriscando a receber um vento lateral e virar. Ele me deu
o limite de 30 metros, eu fui prudente e coloquei um carro de 28
metros, então a escola está na segurança, empregam apenas 3 en-
genheiros, em contra partida escultores, são 68, aderecistas, 31,
371
eletricistas, 12, serralheiros, 28, costureiras, 60, pintores, 30, um
barracão de escola de samba é uma fabrica de imprecisões, mas não
quer dizer que não possamos fazer as imprecisões dentro de regras
matemáticas.
— E porque algo tão grande?
— Quando se está na folga das frisas, é cômodo falar mal da
altura, fazemos um desfile para toda a Marques, não para os que
estão nas cadeiras ou frisas, o próprio júri está mais para a altura do
publico normal do que para a frisa.
— Alguns falam que você gera quebra na evolução.
— Eu sei que exagero, mas geralmente nos carros de entrada
e saída, saída não existe evolução e sim encerrar, abertura, chocar e
chamar as vistas sobre nós, é fácil criticar e ter de desfilar depois da
genialidade da criação de abertura do Rodney e Jesse, e dizer, eles
exageraram, para mim foram geniais, e tinha de por algo após eles,
que fosse a altura, não menor que aquilo.
Luiz sorriu e olhou o presidente de nome Luiz e fala.
— Disto que falam, alguém que fala como se fosse quase uma
certeza, tem gente que vai amar e odiar ele.
João estranhou e ouviu.
— Se quiser aparecer com 3 convidados, neste lugar, as 9 da
manha de quinta. – O senhor esticando o cartão.
Luiz olha João guardar o cartão, ele o encara e pergunta.
— Não foram claros porque disto? – João.
— Tem gente que quer a diminuição do show, e desculpa os
descrentes, mas quando perguntei para Rodney, das esculturas
vivas da Beija Flor, de onde veio uma ideia tão genial, ele falou que
a ideia não era dele, quando perguntei porque dos pesos no abre
alas da beija-flor, um engenheiro me falou, para não voar, quando
perguntei para Marcos da Alegria, da engenharia daquele manipu-
lador, ele me disse que quem calculava era um rapaz do barracão ao
lado, um tal de João Mayer, quando perguntei para alguns porque
das coroas na Imperatriz, ouvi mais de 300 pessoas falarem, pois
somos a Imperatriz, é nosso símbolo, e alguém me fala, que era
uma reedição de uma ideia de por o olho no carro e saber, é da
escola tal.
João olha o chão, depois para o rapaz e fala.
372
— Querer algo bonito, não é estar pronto para um microfone
senhor, mas se quer arriscar, eu apenas volto a minha invisibilidade.
— Sua invisibilidade deixa todos tensos na avenida, sabe dis-
to?
— Eu quero fazer o meu carnaval, sei que alguns dizem que
temos de montar um carnaval para o publico, sim, monto para to-
dos verem, mas eu monto o que eu gostaria de ver, e as vezes as
pessoas não entendem, eu não faço carros pesados, eu apenas faço,
fica grande pois vai se somando ideias, e elas tem dois lados, duas
arquibancadas, tem começo e fim, as vezes se fala que uma parte
não vai ficar pronta, e na semana antes da apresentação lhe entre-
gam, você começa a ajeitar as coisas e recebe algo que não funciona
e tem de reinventar o mesmo processo, carros são ideias, se for
apenas para estar ali, não precisava de um carro.
— Dizem que você não acredita em carros maiores, e seu dis-
curso fala isto, e vem com gigantes.
— Eu talvez um dia volte a fazer carros como na minha cida-
de, mesmo os para a Chatuba da Mesquita, não entrariam na Mare-
chal Deodoro em Curitiba, então estou aprendendo, acho que ainda
sou imaturo para um microfone, para uma discussão demorada,
mas ainda criando.
— E onde se escondia, ninguém sabia onde estava?
— Primeiro, tenho casa em Irajá, Santa Cruz e Angra, não é se
esconder, é descansar, fiquei a disposição o ano passado e me pedi-
ram ajuda para desentalar um carro do meio fio, ajudei e acabei
sendo tachado de Sabotador, então não estava me escondendo,
apenas não ficando disponível.
— E teria como não atender apenas?
— Sim, no Rio você vai para um bloco no Centro, ninguém te
acha, mas estava na Intendente, falando com o Brigadeiro Ramalho
do Campo dos Afonsos.
— Não entendi.
— Como a pequena Mick falava, estava tendo ideias perigo-
sas, e como a ideia é apenas inicial, está apenas sendo dividida en-
tre pessoas que podem ajudar ou parceiros comerciais.
— Não entendi mesmo.

373
— Sei disto, mas se nem eu entendi, como você entenderia,
coisa de montador de carro alegórico, falaria o falecido Nuno.
— E falaria sobre estes atentados?
— Não, seria conseguir inimigos onde não se precisa inimigos.
— Onde?
— Nos que amam aquele filha da puta do Joaquim Moreira.
O senhor viu que João foi bem enfático no xingar do senhor e
apenas sorri sem graça.
— Certo, mas acha que ele saberia quem fez?
— Eu sei que quando se fala em fornecimento ao país de gás
incendiário e C4, apenas a empresa dele tem liberação para vender
isto, uma bomba que tem os dois ingredientes, colocaria ele, o
exercito, e mais apoiadores contra, sou mortal, por mais que alguns
falem o contrario senhor.
— Entendi, foi ai que travou a investigação, eles não teriam
para quem perguntar e ficaram todos quietos, acha que foi isto?
— É uma das possibilidades.
O senhor saiu e Micaela olha para João.
— Quer voltar para casa?
— Acho que vou ter de entender o problema, mas o que não
falaram, sei que sou alheio as noticias.
— Que surge mais um João transformando o carnaval.
— Conhece o pessoal do Sambarozzo?
— Não, pensou em algo.
— As vezes eu tento descansar, mas vamos voltar a Intenden-
te Magalhães.
— Por quê?
— Apenas para dar uma volta.
Micaela sorri e vê João se levantar, se despedir dos dois que
se olham e Roberto fala.
— Ele teve alguma ideia.
— Sim, pior que ele desvia o olhar, os olhos vão longe, um
sorriso bem discreto e ação após.
Os dois veem ele sair e Micaela sair ao fundo.
— Sua filha anda grudada nele?
— Pelo que entendi, ele a tornou sócia da maior produtora de
camarão do país, sócia da segunda maior empresa portuária do
374
país, sócia de uma empresa de importação e de uma carnavalesca
que fornece tecnologia carnavalesca.
— Abraçou de uma forma a não a deixar longe.
— De uma forma a não a deixar perto, mas ele é estranho, sei
que ele a afasta o tempo inteiro, ela está ali por isto.
— Certo, e acha que ele quer o que?
— Nem ideia.
As transmissões da Intendente continuavam, mas quando Jo-
ão pediu para falar com o responsável, viu Paulinha entrar, Rogério
estranha o rapaz ali e ela estica a mão.
— Veio conhecer?
— Conversar, não sei se á hora é boa.
— Temos uma parada, mas tem algo a propor?
— A pergunta, seria, quanto custaria um patrocínio para a
Sambarozzo transmitir as escolas do B, C, D e E, com pelo menos 6
câmeras a volta e 4 internas a pista.
Paulinha olha desconfiada e pergunta.
— Não entendi a ideia?
— Estou perguntando Paulinha, sei que estranha, mas eu
acredito que este desfile pode ser mais valorizado, e o valorizar
começa por melhoria na transmissão, mas sei que sem patrocínio
não tem como fazer isto.
— E quem seria o patrocinador?
— MD Produções.
— Não conheço.
— Produz camarão, importa produtos carnavalescos, produz
produtos carnavalescos, tem uma operadora de cais, e 20 navios de
transporte.
— E quer saber quanto custaria, seria isto?
— Sim, e sei que alguns não vão gostar da ideia, então ainda é
apenas entre nós.
— Alguns?
— Dar espaço de transmissão dos demais grupos, é tirar
atenção dos grupos especiais e A.
— Certo, pelo jeito quer algo mais profissional.
— Na verdade mais interativo.
— Pelo jeito veio agitar mesmo.
375
— Eu quero ver se no fundo, todos querem mesmo o que eu,
e isto é difícil as vezes de definir, mas quero melhorar as coisas.
— Como assim?
— Se eu tiver um lugar melhor preparado, eu acabo tendo
mais retorno, se eu tiver uma transmissão, as pessoas em volta
olham e vão vir mais, se o lugar tiver preparado para receber, quem
veio volta, e no lugar de termos um lugar que a maioria das pessoas
são as participantes das escolas, viram meio a meio.
— E quer isto formal?
— Sim, começando hoje a pensar no carnaval do ano que
vem, apenas isto.
— E vai querer abraçar até a serie E?
— Sim, e vai ver, se o negocio começar a despertar interação
na internet, as publicidades aumentam.
Paulinha olha para a menina ao lado e pergunta.
— Filha?
— Não, ela não quer aparecer ao lado de um encrenqueiro.
Micaela sorriu e quando João saiu Rogério entra e pergunta.
— O que o rapaz quer?
— Saber quando sai para fazermos algo melhor, a ponto da
empresa dele investir nisto.
— Mas é apenas um carnavalesco?
— Não, ele é João Mayer, a pessoa que ninguém liga a MD,
das produções de camarão, da Transportadora, que tomou a Marí-
tima, lembra?
— Não pode ser ele.
— Rogério, a menina disfarçada ao lado dele, quem é?
— Sei lá.
— Micaela Oliveira David lhe fala algo?
O rapaz olha para a entrada e viu o carro parar e os dois en-
trarem e fala.
— Mas...
— O M da MD Rogério, o nome oculto que todos querem sa-
ber quem é, mas que nunca se revela, custei a entender, confirmei
pois tudo me induz a isto, mas nunca havia ouvido, tinha de confir-
mar, pois seria o investir no ano que vem, estamos falando de pre-
parar o ano que vem, não este.
376
Ruy, presidente da associação que geria os grupos C, D e E,
mesmo existindo uma divergência no grupo E, olha para o presiden-
te da União do Parque Acari e fala.
— Como está este ano presidente?
— Animado, mas com as dificuldades de todo ano.
— Bom desfile.
O senhor olha os seguranças e se afasta e João chega a frente
dele e fala.
— Podemos conversar senhor? – Olhando a segurança de
Paulinho que o permitiu chegar ao senhor.
— Não quero guerra rapaz, sou de Paz. – Ruy.
— Desculpa a confusão, também sou de paz, mas a seguran-
ças gostam de uma confusão. – João esticando a mão.
— Quem quer conversar.
— João Mayer.
O senhor olha a segurança e pergunta.
— Anda com uma segurança pesada.
— A segurança é da menina, não minha, mas poderíamos
conversar senhor?
— Assunto?
— Melhorar este espetáculo.
O senhor olha em volta e fala.
— Vamos à área reservada.
Os seguranças foram abrindo espaço, o senhor tinha colar de
ouro, relógio e anéis, João lembra dos traficantes do sul da sua ci-
dade, quando não se tinha cultura, se impunha por ouro.
João viu uma cabine para o senhor e sorriu, pois ali tinha
agua, estrutura, nada chique, mas bem melhor que tudo a volta.
— Qual a ideia rapaz? – O senhor olhando para João.
— A primeira pergunta senhor, quer melhorar isto em volta e
ganhar mais com isto?
— E teria como ajudar?
— Sim, mas a pergunta, quer?
— Depende da oferta rapaz, não entro em qualquer furada,
se não for para ajudar o todo.

377
— A ideia pode parecer fácil, mas não é senhor, melhorar o
local, apoiar as escolas, melhorar a qualidade com isto, divulgar o
trabalho de todos, ou quase todas, as que quiserem.
— A prefeitura está sempre segurando as coisas.
— Sei disto, este é o problema, precisar de autorização para
fazer, obedecer as regras deles.
— E tem uma saída?
— Não propus ainda, pois não mando em nada, não me adi-
anta dizer para alguém, vamos fazer assim, se quem está na coor-
denação disto, não souber do que vou propor.
— E acha que conseguimos melhorar isto?
— Sim.
— Em que sentido, logico que apoio é bom, mas temos de ver
o custo disto rapaz.
— Quer ajuda senhor? – João sério.
— Dependendo da ajuda.
— Ajuda para melhorar o desfile, melhorar as escolas, melho-
rar o conhecer disto e por fim, a festa por si.
— Nem tudo é tão fácil rapaz.
— Sei dito, mas senhor, a prefeitura, para por aqueles banner
na cidade inteira, arrecada dinheiro, mas monta uma estrutura que
desculpa, minha cidade natal que não tem carnaval, tem uma me-
lhor.
— E como conseguiríamos isto rapaz.
— Se me autorizar, vou tentar buscar investidores para o car-
naval do ano que vem, com melhoria de som, luz, estrutura.
— E como posso acreditar nesta sua proposta?
— Quero a chance de mostrar que dá para melhorar, amanha
é o desfile do grupo B, quando a maioria olha para cá.
— E quer mostrar que pode ser melhor?
— Sim, que podemos melhorar em muito isto senhor.
Ruy viu que era uma provocação e olha para traz e fala.
— Ricardo, vê uma identificação para o rapaz, e dá apoio a
ele, vamos ver se este rapaz faz jus a lenda que falam dele na Zona
Sul.
Ricardo fez sinal para ele chegar junto, a um computador e
pergunta, não conhecia o rapaz.
378
— Nome completo!
— João Mayer com Y.
O rapaz olha desconfiado e pergunta.
— A menina?
— Ela ainda não precisa de identificação.
O presidente se afasta, foi conversar com outros a avenida
enquanto Ricardo viu João olhar a estrutura e olhar para o local.
Ricardo imprime uma identificação e fala.
— E o que precisa?
— Consegue apoio para amanha cedo?
— Vai começar a tentar algo?
— Tentar algo é bem relativo, eu só sei funcionar fazendo, en-
tão vou olhar em volta, e se conseguir gente para ajeitar as coisas e
não perdermos tempo, seria bom.
— Algo mais?
— A prefeitura dá uma geral pela manha?
— Perto do meio dia, os garis passam pela manha, mas a rua
é liberada para o transito, então temos algo que se monta e des-
monta.
João olha a área de apresentação e pensa no problema, passa
a lateral e olha as ruas, com os banheiros químicos na principal e
nas laterais, a avenida ao lado como passarela, o tentar não interdi-
tar o local que gerava o tamanho pequeno das arquibancadas, era
bem mais primário do que imaginou inicialmente.
João mede locais, anota lugares, verifica paredes, pichações
em fachadas, portas, e vai anotando as coisas.
— Vai trabalhar muito pelo jeito? – Micaela.
— Quer ir para casa, me viro.
— Não disse isto, mas o que faço.
— Registra como está hoje, que preciso saber se depois con-
seguimos melhorar mais ainda.
— Não entendo sua ideia?
Ele sorriu, foi anotando e quando perto das 5 horas, a ultima
escola começando a armação, ele olha para ela e fala.
— Consegue uma carona até o barracão da empresa?
Ela concorda e enquanto eles iam ao barracão, João passa um
recado para os rapazes, que trabalhavam no barracão.
379
Muitos acostumados a atravessarem noites, mas sabia que
eles apareceriam quando acabasse o desfile na Sapucaí.
João entra no barracão e Micaela viu que no fundo, tinha pelo
menos 50 banheiros químicos, eles usaram para o ensaio técnico
que fizeram na região, ele nem participou, tinha as divisórias que
ele usou para separar o corredor para ensaio da comissão de frente,
em fibra, ele começa a por eles sobre um caminhão, depois ergueu
estruturas de fibra, compressores de agua, geradores, luminárias,
caixas de som, estava terminando de lotar o segundo caminhão
quando o rapaz que ele passara a mensagem chega ao barracão.
— Hora extra chefe?
— Hora que ganhamos dinheiro, Carnaval.
— E vamos fazer o que?
João fecha a lateral do caminhão e fala.
— Me segue que vamos trabalhar.
João chega a Intendente e olha os rapazes chegando, ele pas-
sa a eles o que queria que fosse feito e cada um vai fazer o que ele
falou, estavam terminando de varrer quando o caminhão pipa pedi-
do por João começa a lavar a pista com um jato forte, lavando tudo
em volta, madrugada de Terça feira de Carnaval, poucos veriam
algo.
Depois da lavagem grossa, entra dois em cada pista lavando
com compressores, depois disto, pintando as faixas laterais e a sina-
lização.
Um dos rapazes dispunha em 3 lugares a mais os banheiros
químicos, e João coordenava o erguer de novas plataformas para
Som e Luz, em todo o percurso.
Micaela foi registrando, Paulinho ao fundo viu que estavam
lavando de verdade o lugar, canto a canto, a calçada de anos de
sujeira começa a mudar de cor.
Dois rapazes começam a pintar as fachadas de casas que es-
tavam pichadas, outros colocavam nas partes ao fundo das arqui-
bancadas, placas de fibra de vidro de cima a baixo.
Era perto das 10 da manha quando Ricardo chega com o ra-
paz da prefeitura e olha o lugar e pergunta.
— Que furação passou aqui?

380
Ricardo conduz o rapaz até onde João terminava de por mais
duas imensas caixas de Som e fala.
— João, este é Pereira, o representante da Riotur e prefeitura
para o evento na Intendente.
João estica a mão a aperta e o senhor olha em volta.
— Não entendi a bagunça?
— Lavamos, estamos pintando, isolando onde não queremos
que vire banheiro, mudando as divisórias, sabemos que elas vão ao
lugar na hora do desfile, mas estas são mais inteiriças, colocamos
mais 50 banheiros químicos, mas não sabemos se a prefeitura os
lava ou troca todo dia?
— Na maioria das vezes apenas damos uma geral.
João olha para o rapaz ao fundo e fala.
— Lava.
O rapaz pôs uma mascara, abriu as portas e começa a esvazi-
ar as caixas, depois coloca no jato de agua espuma e lava tudo por
dentro e por fora.
O rapaz da prefeitura olha descrente, eles estavam iniciando
tudo de novo.
— Vão limpar tudo mesmo?
— Sim.
Os rapazes afastaram os pontos de vendas, lavaram também
e depois cobriram, usam as divisórias para separar os locais onde
ficariam mais coisas, e começam a por a iluminação. João pede para
uma empresa de arquibancadas algumas maiores.
Para o lado da calçada eles desmontam duas arquibancadas
de 10 degraus de colocam uma que começava a um metro do chão
e se erguia em 20 degraus, o rapaz da prefeitura só autorizou eles
porem naquele lado, João insistiu e consegue autorização e realoca
para o outro lado as duas que haviam desmontado.
Pista preparada e limpa, pronta para outro dia, ao meio dia
eles liberam os carros normalmente na rua, meia pista em um dos
lados, mas pouca gente as ruas ainda.
João vai para casa e Micaela entra no carro de Paulinho e
pergunta.
— Não entendi a ideia dele?

381
— Acho que ele ainda a está tendo, ele queria verificar se a
sujeira era inerente ao lugar ou ao descaso.
— Acha que ele limpou apenas por isto?
— Eu acho.
— O lugar mudou de cara, não sei o que o presidente da liga
deles vai pensar.
Paulinho olha o lugar e apena faz sinal para irem.
Joao estaciona o caminhão a frente de casa, entra, senta a sa-
la e respira fundo, estava ainda agitado, depois de um tempo, vai ao
banho e cai a cama.

382
Era próximo das 16 horas
quando Ruy chega a Intendente,
olha para o fechar da avenida,
para recomeçarem a montar o
lugar, começava com um baile
infantil, mas olha em volta e es-
tranha, olha Ricardo de costas,
chega olhando casas pintadas, o
chão não parecia o mesmo, olha as arquibancadas e a estrutura.
Ricardo olha o presidente e sorri.
— Bem vindo Ruy.
Ruy olhava em volta, iluminação nova, a região onde haviam
os cabos altos, não estavam lá, apenas os da rua do outro lado, ao
chão, aquela caixa que corria de ponto a ponto, o chão todo limpo,
mesmo com o começo da bagunça das crianças, era algo muito mais
claro, olha as torres de iluminação, de som, as arquibancadas, os
locais de comercio, os banheiros, e fala.
— Que magica fizeram aqui Ricardo?
— Não sei de onde tiraram o rapaz, mas mesmo o Pereira que
começou a reclamar no começo, olha agora o quão está mais dinâ-
mico e anotou todas as mudanças.
O publico era o mesmo, mas até estes estavam encantados,
pois era mais organização, os vendedores em pontos menos fedi-
dos, não estavam reclamando, moradores com paredes limpas,
cantos lavados, também não reclamaram.
Ruy chega a beira da pista e olha aquelas armações de fibra
pintados de cinza claro, que definiam a pista.
— Acho que tenho de conversar serio com este rapaz. – Ruy.
— Ele tem estrutura senhor, a prefeitura se enrola para er-
guer, ele faz, guarda a sobra e sai, meio dia estava desta forma se-
nhor.
Rogério do Sambarozzo, chega ao presidente e pergunta.
— Nos daria uma entrevista antes do inicio da apresentação
presidente?
383
— Sim, só verificando as mudanças antes de autorizar a mon-
tagem das escolas do grupo B.
Rogério queria bem perguntar referente a isto.
— O esperamos para esta entrevista.
Rogerio foi ao pequeno canto montado para eles trabalharem
e Paulinha olha para ele.
— Ele vem?
— Sim.
Ela passa a ele as perguntas e olha para fora e fala.
— Eles lavaram e mudaram algumas coisas, temos de ver se
as nossas câmeras estão todas funcionando.
Rogério olhava as perguntas, ainda faltava perto de 4 horas
para começar, eles chegam antes e saem cansados ao final, mas
aquele lugar estava mais leve naquele dia.
Rogério começa a filmar a Intendente Magalhães e olhar as
câmeras e verifica os ângulos e o que era uma imagem que mostra-
va uma estrutura no dia anterior, ele compara as duas imagens e
Paulinha chega ao lado.
— Quando eles fizeram isto?
Rogério olha para ela e fala.
— O que se vê é outro lugar Paulinha, aquele canto, estava
pichado, está pintado, o chão era uma sujeira, eles lavaram e isola-
ram, eles trocaram todas aquelas grades que podem ser praticas
para colocar, mas que são ruins para definir fins de pista, por estes
conjuntos que parecem concreto de longe, mas é fibra de vidro, se
olhar para este canto, não tinha todo este espaço, eles tiraram estes
banheiros químicos daqui, e dispuseram para a rua lateral, a arqui-
bancada ficou com o dobro do tamanho de um lado, e transferiram
para o outro aquela que ali estava, isolaram os fundos das arqui-
bancadas, ergueram as caixas de som, puseram mais, puseram ilu-
minação que não vemos, aqueles fios pendurados de som, luz, fo-
ram todos para dentro do que parece com este limitador de concre-
to, o que eram arquibancadas sem cobertura, agora estão cobertas,
o que eram pontos sujos para se posicionar ao lado da pista, agora
estão limpos, eles isolaram até uns buracos, vi dois deles que recla-
mava todo ano, cobertos.
Paulinha olha as duas imagens e fala.
384
— As 3 câmeras, parece que mudamos o local delas, ninguém
vai acreditar que mudaram o lugar.
— Sim, mas todos chegando e se instalando, todos olhando
estranho, como se estivessem em outro lugar.
— Eles ampliaram até o numero de banheiros químicos.
— Sim.
Era perto das 18 e 30 quando o presidente da Liga que abra-
çava as escolas menores chega ao local.
— Bem vindo presidente.
— Bom dia, é bom ter a transmissão de nossa festa.
— A primeira pergunta Presidente, como se faz um milagre
destes, de ontem para hoje.
— A maior diferença, em pouco tempo não se verá, foi lavada
toda a rua, calçadas e fachadas, primeiro com um carro pipa e de-
pois com Vaps que tiraram o que estava há anos incrustrado a rua e
calçadas.
— Mas a mudança também foi de espaços.
— Sim, tivemos apoio para uma pequena reformulação e os
rapazes trabalharam muito entre o fim da apresentação de ontem e
hoje, colocamos também mais 50 banheiros químicos, eles coloca-
ram novos limitadores da pista, mudaram um pouco a disposição e
capacidade das arquibancadas, a luz ainda não testamos, mas esta-
mos começando a testar o novo sistema de som.
— Parabéns pelas mudanças presidente.
O senhor saiu e Paulinha fala ao microfone com a imagem in-
do para a rua.
— Estamos ao vivo a partir de agora, mostrando a Intendente
Magalhães, hoje verão o desfile do grupo B, a essência do carnaval
do Rio de Janeiro, as escolas começam as oito horas, serão 12 esco-
las, onde o tempo máximo por escola é 45 minutos, e o mínimo, 40.
Rogerio olha para as imagens indo ao ar e completa.
— As crianças terminam o baile infantil na avenida, muitas
famílias se divertindo hoje na intendente, ainda é tempo de vir para
cá, mas se ficar em casa, estaremos transmitindo o total do desfile.
Ruy foi olhando os detalhes, muitos agradeciam a ele as me-
lhoras, e obvio, sabia onde viria a cobrança, mas era apenas o teste,
ele duvidou no dia anterior, mas olhando em volta, não foi grande
385
investimento, foi organização, limpeza, ele olha em volta e vê que a
sensação de um lugar limpo era o que mais agradava neste momen-
to, sabia que não ficaria assim, mas para quem vira o dia anterior,
era uma grande diferença.
Pereira para ao lado do Ruy e fala.
— Olhando agora parece que foi fácil Ruy.
— Mostra que quando se tem vontade, se faz, isto é a essên-
cia do carnaval carioca, vontade própria imperando sobre o todo.
— Não entendi sua ideia inicial, mas tenho de dizer que ficou
com outro visual, o presidente da Riotur vem dar uma olhada.
— Ele vem ver ou atrapalhar?
— Não somos tão ruins assim.
João acordara na terça, já passado das quatro horas da tarde,
foi a um boteco simples da região, come, com calma leva o cami-
nhão para o barracão, pede um 99 e vai ao barracão da Imperatriz,
haviam marcado uma reunião lá, e queria saber o que pretendiam,
João entendia que muitos não o queriam perder, mas sentia que
por ter estrutura, eles não se preocupavam em o segurar.
Ele chega a reunião e viu Romarinho de novo a escola, era o
normal, mas como um autônomo, ele apenas senta-se ao fundo e
viu a explanação do presidente, que iriam definir os rumos de acor-
do com o resultado do dia seguinte, que fizeram um grande traba-
lho, e que para ele, manteria as coisas como estavam.
Reunião apenas para dizer, eu estou aqui, e Romarinho vol-
tou, nada que precisasse de uma reunião, João ainda estava com os
carros no barracão, então não era hora de pular fora, mas sabia que
iriam jogar sobre outros, que o presidente entendeu errado, João
conseguia formular as mesmas desculpa.
Ele viu Rita sentar ao seu lado e falar.
— Preocupado?
— Apenas constatando que domingo depois do desfile, estou
desempregado novamente.
— Acha que eles não gostaram do trabalho?
— Não entendo de politica, Roberto da Beija-Flor e o Luiz,
combinaram alguma coisa, mas não estou para adivinhações hoje.
— Romarinho ai lhe confirma que não é para seu bem.

386
— Ele danificou dois carros, ele quase me matou empurrando
aquele carro, mas eles são os dirigentes, eu, apenas o montador de
carros.
João olha o celular e olha em volta.
— Cauê não veio porque Rita?
— Não sei.
João se levanta e fala.
— Não sei ficar quieto, então vou sair, nos vemos no sábado.
Rita entendeu, João não apareceria nem na apuração, ele pe-
ga o celular e disca para Micaela.
— Consegue me verificar uma coisa Mick?
— Problemas?
— Qual a acusação que parece que levantaram contra Cauê
da Imperatriz, parece armação daquele Romarinho.
— Sabe se ele tem advogado?
— Não, não sei, ele está sendo conduzido para a 5ª.
— Vou pedir para alguém chegar lá, quinta? Não é a de com-
bate a terrorismo?
— Manda alguém lá e me avisa, eu vou para casa, qualquer
coisa eu chego onde preciso estar.
— Certo.
Cauê foi conduzido a delegacia, algo especial criado para a
olimpíada do Rio, mas que continuava ativa.
Ele passara um recado para Luiz, para alguns conhecidos, mas
ninguém retornara, ele tentara ligar para o presidente da Imperatriz
e não conseguira falar com ninguém, ele não entendeu a acusação.
Ele estava na sala de aguardo quando um rapaz chega a ele e
pergunta se é Cauê Rodrigues?
— Sim.
O rapaz esticou seu cartão e perguntou se já o haviam intei-
rado do que se tratava, qual a acusação.
— Não, não tenho ideia da acusação.
O delegado veio e viu que já havia advogado.
— Seu cliente esta encrencado, melhor alertar que tudo que
falar pode ser usado como prova.
— Ele nem sabe do que o acusam, bem coisa de delegado,
encrencado está quem o acusa, mas tudo bem, quando teremos
387
acesso a acusação, já que meu cliente foi tirado de casa, sem nem
sabe a acusação.
— Ele sabe o que fez.
— O senhor tem tanta certeza, por acaso, foi o inventor da
acusação? – O advogado encarando o rapaz.
— Não sabe com quem fala Rapaz, melhor conter a língua.
— Eu sei com quem falo, Delegado Salgado, especialista em
coisa alguma, formação duvidosa, indicação ao cargo pelo secreta-
rio de Segurança.
— Querendo me irritar advogadinho?
— Paulo Queiros de Oliveira para o senhor.
O delegado olha a escrivã ao fundo, pela primeira vez não en-
tendeu, não estava com um advogado de porta de cadeia, estava
com um especialista em desmistificar crimes.
— E quem vai pagar um advogado caro se ele não é culpado?
— Os amigos, ele tem amigos senhor.
— Sabe a encrenca que ele se meteu?
— Provavelmente alguém querendo jogar a culpa sobre ele,
de algo que ele nem sabia, mas todos, até o senhor, é inocente até
que se prove o contrario Delegado.
Oliveira chega a Cauê e fala.
— Eles não parecem ter um inquérito, não sei se eles não
querem provocar algo, e estão usando você.
João chega em casa, senta-se no sofá e começa a soltar as
almas, cada uma numa direção, uma para a sala de Luiz e ouve.
— Sabe que pode ser que tenha me enganado com os dois,
mas se for armação sua Romarinho, não põem mais o pé nesta es-
cola, vou esquecer até da minha infância, para o apagar.
— Eles me afastaram para poder fazer este desvio de dinhei-
ro, tenho certeza que eles desviaram muito dinheiro em um carna-
val milionário destes, e sabe que posso ser chato, mas tenho meus
métodos.
— Seus métodos este ano estavam bem contra a escola Ro-
marinho.
— Absurdo gastar mil reais na roupa de uma baiana, isto sim.
No apartamento de Roberto, ele entra no quarto da filha e
pergunta.
388
— Porque está o defendendo?
— Defendendo quem?
— O carnavalesco da Imperatriz?
— O que o senhor tem haver com isto pai?
— Acha que desisti de comprar aquele barracão? Eu sei ser
falso como ele, quando quero.
— Tudo por algo que o faz produtivo pai, para que?
— A estrutura é boa.
— Com covardes, não serve de nada, não me adianta um bar-
racão de 30 metros se os carnavalescos não tem coragem de fazer
carros de 20 de altura.
— Acho que você está encantado por ele.
O espirito sentiu os olhos dela irem a ele, João sabia neste
instante que ela sabia que ele estava ali.
— Ele sabe pai que se avançar eu recuo, e se eu avançar ele
recua, é um acordo, mas saiba, ele já sabe das suas intensões.
— E como ele saberia, contou para ele.
— Não me ouve pai, ele soltou seus vigias, acha que ele me
achou em segundos como?
— Não acredito nisto.
Micaela olha para o pai e pergunta.
— Então o que faz aqui, se acha que já ganhou?
— Esperando a prisão do rapaz.
— Ele vai pai, mas a pergunta, sabe o que quer?
— Ele longe de você.
— Ele não está perto, ele estava lá na Imperatriz hoje, antes,
trabalhando na Intendente Magalhães, ele projeta o amanha, en-
quanto vocês vivem o ontem, ele está pensando no carnaval do ano
que vem, e vocês ainda tentando passar a perna nele sobre este
carnaval.
— A intendente é algo de míseros subsídios.
— Sim, entendi isto, vi a diferença de desfiles, vi alguém em
uma manha, mostrar para Riotur e presidente da Liga de lá, que
podem ser melhor, sei que para alguns, um mercado de 6 milhões
de reais ano, é trocado pai, mas quantos brasileiros vivem com me-
nos que isto a vida inteira?

389
— Está falando que ele estava abrindo mercado lá, mais uma
ideia maluca dele.
— Ideia maluca, qual ideia dele não deu retorno pai?
Em outro ponto, Marcos, presidente da Alegria recebia o re-
cado que a prisão de João foi decretada e liga para ele.
João atende o telefone e apenas fala.
— Calma presidente, já sei que eles estão vindo, apenas deixa
os lobos mostrarem os dentes antes de os arrancar um a um os
dentes.
— Sabe que é armação?
— Sim, mantem a calma, já tenho um advogado no lugar, e
agora tenho de manter a calma.
Um outro espirito chega a frente do Delegado Douglas que fa-
lava com outro ao telefone.
— Eles vão prender os dois, não sei se tem prova para os
manter lá.
— Não sei se ele tinha álibi hoje cedo, mas se for uma pessoa
desmontamos fácil.
João olha o celular e passa a mensagem para Micaela e que
passa ao advogado toda a situação, ele olha o Delegado e olha
Cauê.
— Mantem a calma.
— Um momento senhor Juiz.
O advogado sai pela porta e lê todos os prospectos apurados,
todas as provas circunstanciais, todas as pseudo provas, e todas as
indagações, e passa um recado para Micaela.
Micaela olha para a sala abaixo e olha para a praia, pega o te-
lefone e liga para Priscila de Sena.
— Boa noite, poderíamos conversar senhora Sena?
— Quem?
— Micaela Oliveira David.
— O que quer menina?
— Sua aposta é ridícula, mas o pior, é infantil, vai perder con-
cessões, pois vamos as tornar ilegais, para que não aconteça se con-
tinuar neste caminho, eu como mortal, não me preocupo com o
dinheiro daqui a 100 anos, você deveria.
— Mas tenho de o parar?
390
— Não entendeu senhora, ele é inerte, se não atacado, eu
sou inerte se não atacada, somos peças de um quebra cabeça mai-
or, que não temos ideia da dimensão, mas nossas reações, são ape-
nas quando nos atacam, ficamos fortes com ataques, não nos dei-
xando trabalhar, sei que deve estranhar, mas não entendo, toda a
lenda gerada sobre vocês, é de pessoas inteligentes e controladas, e
tudo que vemos, é gente capaz de me enterrar aos 14 anos num
buraco, para morrer, apenas porque não gostou de eu o ter desa-
cordado, crianças que se dizem adultos, e são apenas crianças.
— E como sabe quem foi?
— Isto teria de ser mais do que apenas uma imortal para en-
tender senhora, o que ninguém fala, a paz só vem depois da guerra,
a guerra nem sempre vem quebrar a paz.
— E me liga porque?
— Quem mais vai perder é você, Tabajara não comercializa
este tipo de armamento no Brasil, mas se quer perder, não será
trocado desta vez senhora.
Micaela usava o senhora com destaque nas frases, para cha-
mar Priscila de velha.
Na casa de João a policia chegava ele já foi saindo pela porta
e fala.
— Vamos então, não sei para que tanta gente para prender
um trabalhador.
Os policiais olham o rapaz esticando a carteira para cima, sa-
bia que iriam o revistar, e o algemam, João sempre dizia que os
demais iriam sem algema, ele, sempre algemavam, estranhou uma
vez não o ser, então voltava ao que era antes.
João olha para o depoimento de Cauê através de um dos es-
pectros na sala, ele acompanha os telefonemas de Roberto, de Ro-
marinho, e se depara com o segurança de Hélio chegando a Estácio,
e olhando o presidente.
— Agora eles vão se dar mal presidente.
— Segura os instintos, você começa algo com eles presos e
todos voltam a nos olhar como culpados.
— Acho que não entendeu Presidente, esta vez ele não esca-
pa.

391
João estava ao carro sentado, e pensa no que o rapaz queria
dizer, não teria uma forma rápida de descobrir, ou teria.
O espectro atravessa o segurança, o presidente o vê tender
para frente e olha em volta, pede ajuda, e João puxa para ele as
duas almas.
Ele estava no carro e sente a informação e olha para os rapa-
zes, para o policial e o rapaz da notificação.
— Apenas não arrisquem a vida por um nada como eu.
— Acha que arriscaríamos por um marginal.
— Marginal é você rapaz, mas estou dizendo, que tem dois
atiradores lá, não se metam na frente de balas que são para mim.
O rapaz olha assustado e olha o outro ao volante.
— Não temos informação, mas não custa verificar.
Joao chega a delegacia, olha para o rapaz o por a frente e sai
do carro, sente o meio, e sente os dois atiradores, ele olha para o
guarda e todos ouvem os dois tiros, João estava de pé, uma das
almas apenas acelera no sentido do primeiro e aproveita e atraves-
sa os dois ao lado.
Os policiais se jogam ao Chão e João fica ali de Pé, as balas
chegam a ele, e param em sua aura, os policiais que olhavam o ra-
paz, olham as balas caírem ao chão, e um olha assustado da porta.
— Atirador, telhado em frente.
João olha o policial se levantando e fala.
— Destas balas que falava.
— Mas o que aconteceu?
— Se alguém acha que me matar é fácil, não entende da mis-
sa a metade.
O interrogatório é interrompido pelos dois disparos, e o Juiz
sai a entrada e olha o rapaz chegando algemado.
— O que aconteceu.
— Não entendi, mas tinha dois atiradores no telhado.
João olha o Juiz e fala.
— Seu patrão mandou me matar Juiz, qual a novidade?
Oliveira sai um momento e olha o rapaz da condução e per-
gunta.
— Porque da algema, é um depoimento, não uma prisão.
O rapaz olha o pedido.
392
— Prisão de suspeito perigoso, se resistir, atirem.. – O rapaz
que foi prender.
— Prisão, não existe este pedido, e carnavalesco é perigoso
no que, quem assinou isto?
João algemado olha para Oliveira.
— Bom ver que meu advogado chegou antes de mim, mas
quem assinou está a porta, interrogando um inocente depois de ter
soltado os dois rapazes que foram pegos em flagrante sabotando as
escolas, e se for isto, os 3 atiradores mortos ao telhado são policiais
civis amigos do morto na escola pelo próprio amigo do juiz.
Um policial entra e fala.
— Algo matou os atiradores, eram policiais civis.
Oliveira viu que era mais complicado do que pensou e olha
para João.
— E porque disto?
— Transferência de culpa, presidentes amigos sempre se de-
fendem, dirigentes sempre se defendem, policiais sempre se defen-
dem, então sobra para os com segundo grau incompleto, como eu,
que só sei montar carros alegóricos.
O juiz viu a cara do advogado olhando para ele e pega a inti-
mação da mão do rapaz que conduziu João e fala.
— Antes de começarmos, vamos ter de conversar Juiz, pois is-
to dá corregedoria, você riscou uma condução para prisão, induziu
que meu cliente é perigoso, talvez como carnavalesco, não como
pessoa, e se for falar das pensões alimentícias, desafio o policial ao
fundo lhe prender, pois sei que está com as suas atrasadas juiz. Pior,
atrasadas apenas por birra.
O advogado passa duas mensagens e no escritório de advoca-
cia começam a redigir os pedidos de soltura e os apresentar a ou-
tros juízes, sabia onde acabaria isto.
Ele olha o rapaz desalgemar João e falar.
— Obrigado pela dica então.
— Esquece o que aconteceu ali fora, lhe internam como ma-
luco, e não é o caso.
Joao senta ao fundo, e o interrogatório recomeça, Cauê sai,
João entra, perguntas respondidas com tamanha exatidão, que até
o advogado viu que não havia crime ali, ou se havia, seria a presen-
393
ça não autorizada de uma das almas de João ao local, o que lhe dava
a posição de cada palavra.
No fim mesmo sem nada o Juiz determina a detenção e um
outro rapaz entrega ao Juiz a condicional para aguardarem em li-
berdade, não eram criminosos e não existia uma única prova.
O juiz não gostou, uma coisa era prender pessoas que não ti-
nham advogados, outras que tinham um escritório por trás deles.
Cauê já estava algemado, pensando que seria preso quando o
rapaz tirou a algema e foram a sala de passagem de determinação e
os dois assinaram o prospecto para não sair da cidade sem avisar
previamente.
O delegado da oitava recolhia o policial na Estácio, ele fora
solto e agora estava morto, não ficara 3 horas fora da cadeia e entra
no IML.
Oito da noite, João, Cauê e Oliveira sentam em uma lancho-
nete na Gamboa e Oliveira pergunta.
— Como se pode confiar numa justiça que um Juiz decide que
é a lei, e que nada pode o parar.
— O problema é que eles regem suas regras, todos querem
virar juízes neste país, eles estão acima da lei.
— Sabe que se for desbocado assim, vai ser difícil lhe defen-
der sempre.
— Acha que eu e sua prima, montamos a MD advogados por
quê? Ela sabe que este é meu maior defeito.
Cauê olha para João e pergunta.
— O advogado foi você que conseguiu?
— Eles devem estar bebendo em algum lugar chique da regi-
ão sul, para não saberem dos acontecimentos.
Cauê não acreditou, estava em sua aura e ouviu.
— Relaxa, eles queriam sua defesa, apenas queriam minha
morte, não se preocupa com coisa pouca, dorme, que pode ser que
a festa amanha vá até na manha de quinta.
— Não vai estar lá?
— Eles chamaram Romarinho de volta, vocês se davam bem,
mas como digo, sinais de que eles não me querem por perto, as
vezes penso no como algo tão lucrativo pode ser tocado por pesso-
as tão mesquinhas.
394
— Falando das escolas de samba? – Cauê.
— Não, do jogo do bicho.
O advogado sorriu e viu a menina, prima, entrar as costas e
ouviu João que não se virou falar.
— Lá vem o motivo do Roberto não me querer na Beija-Flor.
Cauê olha a porta e sorri.
— Vocês tem algo? – Oliveira.
— 4 empresas que geram perto de 100 milhões de reais liqui-
do ano, para cada um dos dois.
Cauê encosta a cadeira e fala.
— E eles querem lhe enrolar com aquele papo de desvio de
verbas e armar para afastar pessoas na escola para se beneficiar dos
recursos da mesma? – Cauê.
— Cauê, pensa, o mesmo juiz, soltou o Zanon e o policial civil
hoje sedo, afirmando que não havia indícios e que não teria como
prosseguir a investigação pois não tinha outros indícios, e cancelou
o processo, não foi soltar, foi cancelar o processo.
Oliveira olha para João e pergunta.
— E como levanta dados tão rápidos.
Micaela senta calada e olha apenas para João.
— Se sua prima lhe passar algo Oliveira, tenta acreditar, por
mais sobrenatural que pareça, as vezes temos de trazer coisas para
as leis, duas balas calibre 12 milímetros de armas de precisão de
alta velocidade e alto poder de destruição, foram atiradas em mim,
assim que sai do carro, não tenho como explicar não ter sido atingi-
do, mas por não morrer, o que eles vão tentar fazer amanha, dizer
que matei os três policiais e mais o rapaz que estava no Estácio, mas
nada do que se fez, se explica por leis humanas.
Oliveira olha a prima e pergunta.
— Estava lá?
Ela encara João e não responde, pede um copo, serve, ela era
de menor na mesa, estavam quebrando a lei.
Ela toma um gole e pergunta olhando João.
— Vai para a Intendente ou não?
— Já perdi o primeiro e segundo desfile, se for como o ano
passado, já perdi a vencedora, mas sim, eu vou.
— Vai fazer o que na Intendente João? – Cauê.
395
— Eu invisto onde acho existir potencial, e desculpa os incul-
tos, mas se eu der apoios as escolas dos grupos inferiores, sou capaz
de ter um desfile, em qualidade e originalidade, que chamaria muita
gente para a região.
— E o que ganharia com isto? – Cauê.
— Um anuncio em um poste, em um lugar que vai passar 200
mil pessoas tem seu valor estabelecido no mercado, a ideia do ano
que vem, é arrecadar fora o apoio da Riotur, mais de 10 milhões de
reais para dividir com as escolas.
— Está falando serio? – Oliveira.
— Sim, mas este dinheiro é pouco, pois são pelo menos 60
escolas de samba, mas hoje elas não tem nada de subsidio, quer
dizer, 100 mil, tem de melhorar, como ela vão comprar meus produ-
tos carnavalescos sem dinheiro?
Micaela sorriu.
— O rapaz das ideias ao contrario.
— Tem de aprender a omitir sua aura quando mente menina.
– Joao a olhando serio.
— Iria deixar bem claro para você que estava mentindo, mas
esqueço que não dá espaço para duvida.
— Mas deixa eu terminar de comer algo e me mandar para lá
– João olha para Oliveira – se eles indagarem que fiz as coisas, eles
vão indagar sobre o que fiz pela manha, armei tudo pela manha,
quando o fizer, chama o responsável da Riotur na Intendente para
sua testemunha, pode pedir até para aquele tesoureiro da Liga de-
les, eles me viram a manhã inteira.
— E teria mais gente?
— Todos que passaram na Intendente entre as 8 e o meio dia,
se duvidar tem até uma câmera da policia na esquina da Candido
Benicio que me pega entrando no caminhão e indo para casa.
— Então tinha finalmente alguém como álibi.
— Nem falei que sua prima estava lá, para não complicar as
coisas, mas é que a ideia era mudar a cara do lugar.
João terminou de comer e saíram, o advogado deixou os três
na casa de João, que apenas pega uma camisa e um boné, põem um
tênis mais confortável e vão a Intendente.

396
João senta na mesma arquibancada, e já estava diferente,
olhava a reação das pessoas e das escolas, eram as melhores, mas
mesmo estas tinham anuncio de fantasias não entregues, e coisas
assim, uma das que iria desfilar não se apresentou e isto antecipava
uma escola.
João com o celular registrou algumas coisas, estava ainda
tendo ideias, e algumas eram referente a venda de espaços publici-
tários, e isto não era algo para pobres, era para empresas que qui-
sessem investir no carnaval.
A deficiência do som ainda era melhorável, mas bem melhor
que no dia anterior, as escolas estavam bem iluminadas, entendeu
que isto para a condição atual, era problemático, mas era para o
bem da festa, não apenas para uma analise superficial.
Micaela olha para João e fala.
— E não adianta tentar fugir sempre.
— Hoje quem deveria se conter na bebida é você menina.
— Micaela.
João viu o fim da apresentação da Curicica e ouviu o telefone
tocar, era Paulinha da Sambarazzo.
— Boa noite, João?
— Sim!
— Teríamos uma proposta, mas não sei se quer discutir isto
em um local especifico.
— Estão no furgão de transmissão?
— Sim.
— Passo ai daqui a pouco.
— Está assistindo o desfile.
— Sim, já passo ai.
João solta um dos espíritos, e este chega a sala e olha o pros-
pecto, e a quantidade de recurso.
João foi se levantando e Cauê acompanhou, Micaela sabia
que estavam ali para negócios, pega um refrigerante no caminho e
caminham até o local de transmissão.
João viu o entrevistar do casal de mestre salas e porta ban-
deira da Curicica e Paulinha olha para ele e fala.
— Vieram em grupo assistir.
— Deve conhecer Cauê Rodrigues.
397
— Sim, prazer.
— Minha sócia, Micaela Oliveira David.
— Hoje sem meias palavras pelo jeito. – Paulinha.
— Sim, mas me responderia uma coisa antes?
— Duvidas?
— Sim, o que acharam da limpeza que a MD Produções com
apoio da Liga deu no lugar entre as 6 da manha e o meio dia?
Paulinha foi pega de surpresa, o presidente não falara em
apoio, mas sabia que algo tinha acontecido e fala.
— Bem menos fedorento alguns cantos, mas então a ideia é
algo a nível do que temos agora?
— Não, a ideia, é vocês transmitirem os 4 grupos, e sei que
para isto, precisamos de algo melhor para transmitir, e resolvemos
usar agua e sabão antes de qualquer coisa.
— Ficou bem melhor, a avenida parece muito mais iluminada,
se olha como se não fosse o mesmo palco de desfile.
— Ainda não sentamos para falar com a Riotur sobre o ano
que vem, mas a ideia, é ter algo mais elaborado tecnicamente fa-
lando, o som melhorou, mas ainda dá para melhorar, a luz, talvez
um tom abaixo para não esquentar tanto, ou um pouco mais alta,
mas vim verificar o que vocês podem me oferecer.
Paulinha pega a planilha e alcança a João que fala.
— Acha que com este investimento consegue fazer Paulinha,
eu pensei que me proporia algo um pouco maior.
Paulinha respira fundo e sorri sem jeito.
— As vezes achamos que é nosso limite.
— O problema que vejo aqui, sendo sincero, um prospecto de
transmissão de qualidade, perto de 14 mil com 12 câmeras fixas e
14 manuais, eu investi isto por carro da Imperatriz em câmera, e sei
que a qualidade por carro foi boa apenas em 4 câmeras, se quiser
eu forneço o material, mas quero qualidade de transmissão, segun-
do ponto, temos de melhorar o ponto de transmissão, e temos fibra
a rua, apenas precisamos de material que o use.
Paulinha anota.
— Acho, é um acho, pelo menos é o que quero, um rapaz em
cada câmera manual, e para termos 26 câmeras ao vivo você precisa
de uma mesa de controle e um grupo de 6 pessoas, para fazer isto
398
funcionar, então pensa em algo que coloque vocês dois e mais pelo
menos 20 pessoas, para as transmissões.
— Quer algo em um nível que nunca transmitimos.
— Sim, desculpa se pegar pesado em alguns pontos, mas é
que sei que não é tão barato assim, eu pensei que me faria uma
proposta próxima de 600 mil em publicidade para os 4 dias de
transmissão, não 130 mil pelos 4 dias de transmissão, e se consegui-
rem fazer como eu pensei, minha forma de pagamento é um quarto
do dinheiro a cada fim de transmissão.
Paulinha sentou e falou.
— Vou refazer, pensei que queria apenas um patrocínio, quer
realmente mudar o perfil das coisas.
— Sim, sei que é cansativo, então as vezes, tem de fazer um
esquema que funcione até se um de vocês estiver exausto, pensar
nos percalços é parte do evitar do problema.
— Vou refazer, e pelo jeito fornece material.
— Sim. – João estica o cartão e ela olha para a menina, para o
carnavalesco ao lado e fala.
— E espera o que para amanha?
— Eu não estarei lá, sou ruim com esta coisa de não reclamar
das pessoas na hora errada.
Paulinha viu eles saírem, e viu Ricardo olhar ao fundo João
subir para a arquibancada.
João sentou-se ao lado do Brigadeiro Ramalho e o senhor
olha ele e a menina e o carnavalesco conhecido ao lado.
— Veio ver a mudança?
— Sim, embora acho que este não é o lugar ideal para um
desfile.
— Mas de ontem para hoje até parece outro lugar.
— Brigadeiro, sendo direto, não existe a possibilidade de pa-
rar uma pista de pouso por duas semanas?
O senhor olha meio estranho, mas na sua cabeça veio todas
as impossibilidades morais que abrir algo assim.
— Isto nem discutiria com iguais, é algo contra o regimento
interno do exercito.

399
— Então esquece, as vezes divido ideias, mas é que ainda
acho este lugar muito ruim para desfiles, e locais abertos próximos,
planos, desculpa o atrevimento.
Ricardo chega a ele e fala.
— Ruy quer lhe falar.
— Estou indo.
— Particular.
— Me esperem meninos e meninas.
João se levanta e vai seguindo Ricardo, observando que já
não estava tão limpo assim.
João entra em uma sala e lá estava Pereira, Ruy, um senhor
que ele não conhecia e mais 8 senhores.
— Entra rapaz, queria apresentar algumas pessoas e trocar
uma ideia, sei que ontem até eu duvidei de você.
— Boa noite a todos, para quem não me conhece, João Ma-
yer, o encrenqueiro que muitos culpam de tudo que dá errado.
O senhor a ponta, olha para ele e fala.
— Sou Paulo Teixeira, presido a Riotur, e alguém me fala que
uma única pessoa muda a estrutura da Intendente, tive de vir olhar,
e juro, parece outro lugar.
— A pergunta senhor Teixeira, existe interesse na Riotur em
apoiar o embrião das escolas da cidade?
— E como podemos apoiar mais?
— Apenas dizem que sou péssimo nesta coisas de negocia-
ção, então se discordarem, apenas falem, eu sei que passo do ponto
fácil, mas não adianta eu conseguir investimentos para a Intendente
e este recurso acabar em apoio a um bloco centenário no centro da
cidade, ou para uma escola do grupo Especial ou A, este é o primei-
ro ponto, se teríamos como separar isto, e sei que se eu tocasse
este negocio, eu estaria com um lucro hoje, nesta estrutura básica,
de mais de 12 milhões na conta, vocês investiram 3,5 nas arquiban-
cadas, e todo resto, vai para onde senhor?
— Não conseguimos tanto assim, não sei porque acha que
nós conseguiríamos ter 12 milhões.
— Não disse que tem, disse que se eu administrasse isto teria,
mas não me adianta gerar isto aqui, e o dinheiro ir para outro lugar,
isto que estava falando.
400
— Certo, acha que se fosse regido, teria como levantar fun-
dos, e pretende fazer o que com isto?
— A ideia, se eu conseguisse arrecadar 12 em patrocínio, nós
ergueríamos a estrutura, todas de acordo com normas estabeleci-
das pela Riotur, somos 4 grupos, sobraria 10 para dividir, 2,5 para
cada grupo, então enquanto uma escola do grupo B receberia 208
de apoio em Janeiro para desfilar, uma do grupo E, receberia 125 de
apoio para desfilar, isto apenas em publicidade, ainda estava discu-
tindo a possibilidade com Ruy, e ele me deu espaço para que mos-
trasse que dava para mudar, o que veem ali fora, é 6 horas de traba-
lho, nada mais que isto.
— Fora o nosso apoio? – Teixeira.
— Senhor, sei que alguns reclamam em gastar com nós, mas
o apoio é institucional, estarmos no cronograma de carnaval da
cidade, termos organização, termos regras e controles, e sabemos
que algumas coisas, ainda não temos como gerir, mas sim, ainda
teria os espaços para as publicidades gerais da Riotur, da prefeitura,
das campanhas da cidade, mas a ideia, carnavais que nos desse
condições de crescer, seja em estrutura, em organização e cultural-
mente.
Todos olham para João, ver auras o fazia até saber quem por
comodidade estaria contra, quem por interesse estaria a favor e
quem via naquilo a chance de desvio de recursos.
— Sabe os problemas técnicos de algo assim? – Pereira.
— Acho que vocês não entenderam, é uma proposta, não
precisam aceitar, apenas seria uma forma de ter mais visibilidade,
de pesar menos para a Riotur, depender menos dos recursos que
sabemos que as escolas precisam, mas que o povo em geral, quer
investido em outras coisas.
— E quer ajudar por quê? – Um dos senhores.
— Eu ganho dinheiro com o carnaval, quanto maior o carna-
val, mais dinheiro eu ganho, seja como atual proprietário de uma
empresa que vende artigos de carnaval, seja como proprietário da
sede da Alegria da Zona Sul, seja como montador de carros alegóri-
cos que dão dor de barriga aos presidentes de escola de samba,
então eu não estou dizendo, estou investindo para vocês ganharem,
estou dizendo, estou propondo conseguir investimento em algo que
401
eu, vocês, a Riotur e até a prefeitura ganhem, pois o devolver desta
avenida no domingo da semana que vem, será limpa, organizada, de
uma forma que os comerciantes a volta não olhem como algo que
os atrapalha, e sim, ao fim, até ajuda.
— Sabe o que falam de você?
— Sim, que sabotei um carro de uma escola de samba, sabo-
tei um carro de uma escola que eu havia conseguido 5 milhões em
patrocínio para ela ir ao carnaval, então, se alguém leu a minha
defesa, vou no fim ganhar uma indenização por calunia, mas espero
que alguém saiba ler até a quinta instancia.
— Sabe que o carnaval aqui não gera tantos recursos, está
acenando com milhões, mas e se não conseguir.
— Deixar claro, eu não estou acenando com milhões, eu es-
tou acenando com uma ideia, e esta ideia, não geraria milhões para
as escolas, mas as daria condição de porem carnavais a rua, um
pouco melhor do que hoje, mas eu não sou quem estará no holofo-
te, eu não quero ser conhecido, eu me contento em sentar na ar-
quibancada o ano que vem e ver o desfile, mais organizado, mais
técnico, mais profissional, onde ele tem de ser técnico e profissio-
nal, como na parte elétrica e som.
— E o que um carnavalesco das grandes quer com a gente?
— Das grandes, eu assinei as fantasias e os carros da Chatuba
de Mesquita, se é desta grande que está falando, todas as demais,
tem alguém mais competente que assina o carnaval.
João olha para Ruy e fala.
— Pensei em fechar a ideia antes de a distribuir, eles estão,
parte pensando como desvio 200 mil, parte, ele não vai conseguir e
parte, quem é este rapaz, talvez não tenha sido a hora certa presi-
dente para fazer algo assim.
— E não iria aparece mesmo.
— Eu estava tentando algo infantil, mas gosto de ouvir os não
rapidamente para tirar da cabeça.
— O que estava tentando.
— Perguntando se não tinham como fechar um aeroporto por
duas semanas, montaríamos a estrutura em volta e faríamos o des-
file, eles riram da proposta.
— Não é por menos. – Teixeira.
402
— Sim, imagina você ter 1500 metros de pista, poder dispor
da arquibancada no meio, por os carros antecipadamente para den-
tro, em uma armação, eles desfilarem e ficarem ali esperando o
resultado. A ideia pode parecer maluca senhor Teixeira, mas seria
próximo, teríamos melhor organização e não sujaríamos ruas.
— E estava falando com quem?
— Conversa informal com o Brigadeiro Ramalho.
— Pelo jeito se eles falassem sim, viria com a ideia já pronta.
— Senhor, pensa na mesma estrutura, mas sem atrapalhar
além de pousos e decolagens que ninguém nem vê, mas voltando
ao assunto, acho que já explanei mais do que queria, eu acho que
vocês tem de querer, eu sou como falei para o presidente Ruy, ape-
nas uma peça de organização, querem falar de recursos, tentamos,
querem falar de estrutura, falamos, mas quem tem de querer são
vocês, eu não vou ser da Liga, não vou ser da Riotur, me contento
em ser apenas o rapaz das ideias e montagens que para vocês pare-
ce impossíveis.
João não esperou falarem e saiu.
Quer dizer, deixou uma pequena parte dele ali, e voltou ao
desfile.
João senta-se e olha para Cauê.
— O problema é que todos veem isto como algo de incultos, e
quando olho, eu vejo arte, o Brasil que o brasileiro deixou de ter
orgulho.
— Sabe que nunca tinha sentado e visto um desfile do grupo
B, pensei que estavam melhores estruturados, mas piores em cria-
ção, eles tentam contar algo, dentro de suas limitações.
— É o que falava estes dias, temos entre o grupo B e E, 60 es-
colas de samba, em 4 dias de desfile, o grupo Especial se bate para
desfilar 14 em dois dia, a media dá mais por dia do que eles desfi-
lam em dois.
— E pelo que entendi, quer apoiar isto.
— Cauê, eu sempre digo, tem coisas que são ouro, e estão es-
condidas, mas tem coisa que é ouro, e esta tão escancarado que
todos nem veem.
— Vai ganhar dinheiro sobre isto.

403
— Eu queria um investimento de 25, mas ai seria em um lugar
próprio, ou isolado, ainda não tenho um lugar assim, talvez só me
levem a serio quando alguém conseguir o intento da tarde, de ten-
tar me matar, mas ai não estarei ai, vocês que se virem.
Micaela olha para João e fala.
— E se contentaria com a metade?
— No momento estamos ganhando zero, então metade de
zero é quanto? A ideia é montar uma estrutura, que nos custe dois
milhões de reais, mas isto, seria arquibancadas mais altas, a Inten-
dente não tem nenhuma paralela que desse para a fechar, coloca-
ram em um lugar quase para atrapalhar o povo e todos serem con-
tra, sei que sou implicante. Pensa que a Riotur diz que gastou três e
meio para montar isto?
Micaela sorriu e fala.
— Sabe que se alguém falar por ai que passei a terça feira em
Osvaldo Cruz, muita fofoca se forma.
João sorriu e olha o fim da escola a frente.
Amanhecia quando eles sairam, João esperou o pessoal da
limpeza e que iria isolar tudo, retirar os equipamentos, para reinsta-
lar no sábado.
Deixam Cauê em casa e Joao deixa a menina na porta do
apartamento do pai e vai para casa.
João adormece, cansado.

404
Quarta os grupos de todas
as escolas vão a Sapucaí, Cauê
senta-se a mesa, viu a surpresa
nos olhos de Luiz, viu Romarinho
chegar ao lado e falar.
— Não estava preso?
Cauê não responde, alguns
olharam se perguntando do que o
senhor falava e o carnavalesco não entrou em detalhe, eles não lhe
atenderam, ele ligou, ninguém retornou, então achavam que ele
estava preso, e ouve.
— Aquele João Mayer não vem? – Romarinho.
— Se está aqui Romarinho, sinal que não, ou esqueceu, que
provocou a queda dele de cima de um carro a 10 metros?
Romarinho sabia que muitos ainda não estavam sabendo das
novas, então apenas esperou o desfile, ele não esperava grandes
notas, coisa de gente que torce contra, não de quem pensa com a
razão.
Os envelopes de obrigatoriedades foi aberto e nada constava,
as notas começam, estranho pois Cauê estava ali, mas João não, as
vezes as pessoas querem as pessoas puxando seus sacos, mas na
duvida, Luiz e Romarinho se olhavam, pois não retornaram as liga-
ções, então ele poderia estar preso.
Nota a nota, 4 escolas vão se destacando, duas do primeiro
dia, duas do segundo dia, nota a nota, e Luiz achava que o desfile de
primeiro dia novamente pesaria.
Roberto olha Sergio na mesa da Beija-Flor.
— Sabemos que fez o melhor.
— Sim, mas ainda não acabou.
Roberto olha Sergio, sabia que todos estavam tensos, voto a
voto, comemoração a comemoração, um decimo, separava as 4
primeiras, sendo a Mocidade em primeiro, a Imperatriz em segundo
pelo desempate, Beija-flor e Mangueira em terceiro.

405
Quando tiram da Mocidade e da Mangueira um decimo em
bateria, estava ali e Imperatriz na mesma pontuação da Mocidade,
aquele silencio até a ultima nota, e Luiz olha para Cauê apenas olhar
para ele e pergunta.
— A pergunta, comemoro ou faço as malas presidente?
Luiz olha para Cauê, ele fizera os últimos 4 campeonatos, e no
que ganharam, era o que estava disposto a por ele para fora.
— Sabe do que lhe acusam?
Cauê se levanta e fala alto.
— Covarde, pensei que falava com um homem.
Luiz olha todos olhando para ele, Cauê se levanta, todos fil-
mavam a festa da Imperatriz na mesa e aquela cena ficou ao meio
da festa, Cauê saindo e Luiz olhando ele sair.
Romarinho chega ao lado do presidente e fala.
— Achava que ele aceitaria fácil?
— Ele ganhou um campeonato Romarinho, que você tentou
atrapalhar, cala a boca nesta hora.
Rita viu que Romarinho estava ali imponente com seus rapa-
zes, e Globo que cobria a festa transfere para o barracão e a repór-
ter fala da festa, e do campeonato depois de um ano diferente.
Estranho o ultimo quesito, colocar Beija-Flor em segundo, pe-
lo desempate, Imperatriz em primeiro, Mocidade em terceiro e
Mangueira em Quarto, muitos falavam do oitavo lugar do Salgueiro,
que fizera um lindo desfile, mas perdera pontos cruciais.
A TV coloca a imagem do desfile.
João saia de casa e atende o telefone.
— Podemos conversar João?
— Sim, está onde Cauê?
— Saindo da Sapucai.
— Me espera ai, estou indo para ai, quero ver a apuração do
grupo A.
— Vem para a confusão?
— Sim, mas estranho como júri parece ver quase o que eu ve-
jo, só não vi onde eles perderam um decimo na bateria.
— Ensaio, lembra disto?
— Todos ensaiamos.
— Lhe espero.
406
Cauê encosta no carro e olha para a festa de longe, olha para
alguns olhando ele e o cumprimentar, ele sabia que o problema
daquele carnaval era um rapaz que vinha ai, sabia que ele não assi-
nara a disputa, ele sempre dizia que poderia saber fazer carros, mas
desenhar roupas não conseguia, quer que execute, ele faz, mas
alguém tem de desenhar, e carnaval é um equilíbrio entre fantasia e
alegorias.
Quando a maioria saia, o repórter da Globo para ao lado de
João que chegava e pergunta.
— Vai aceitar o estar amanha lá?
— Sim, ainda não confirmei com Cauê, mas estaremos lá.
— Mudou o pessoal?
— Acho que temos de melhorar ainda, eu não gostei do desfi-
le, então entendo os jurados.
João cumprimenta Cauê e fala.
— Não esquece, você estará amanha pela manha no progra-
ma Encontro, da Fatima Bernardes.
Cauê olha ele serio.
— Calma, vim ver se tenho de conseguir uma escola para o
ano que vem, ou já terei uma, e pode ter certeza Cauê, vamos fazer
uma equipe o ano que vem.
— Mesmo não sabendo em que escola?
João sorri e cumprimenta Marcos, presidente da Alegria, e o
carnavalesco de quase mesmo nome e fala.
— Vim para a apuração, sei o quanto é tenso.
Um grupo saiu, outros foram chegando, o repórter viu que
João não estava comemorando, e a conversa induzia, os dois não
estavam na Imperatriz, como ele não tinha confirmação, ele apenas
liga para alguns sites e pergunta se eles tinham algo sobre a saída
de João e Cauê da Imperatriz?
Ninguém tinha nada, mas começa a surgir em blogs de carna-
val a afirmação de que João Mayer e Cauê Rodrigues estavam sem
escola para o ano seguinte.
Luiz viu que a informação vinha de todos lados, ele não con-
firmara a assinatura com Cauê, ele não dera apoio, e agora todos
lhe perguntavam porque, e ele não tinha como falar, sabia que não
tinham provas.
407
Apuração do grupo A, pareceu irreal a João, ele viu eles abri-
rem aos poucos, em todos os quesitos, em fantasia, ficou obvio os
10 de todos os lados, alegorias e adereços, 10 por todos lados, sam-
ba, 10, enredo, 10, baianas, 10, comissão de frente, 10, era algo que
fazia Marcos ao lado vibrar e ficar assustado, e quando faltando
apenas Bateria, ele tinha dois pontos o separando da segunda colo-
cada, era uma distancia imensa, e uma responsabilidade imensa, os
quatro 10, fez todas olharem para Marcos, João olha o carnavalesco
e pergunta.
— Quer uma comissão para o ano que vem?
Marcos, o presidente olha para João e fala.
— Sim, e pelo jeito vai puxar Cauê.
— Se ele aceitar e tivermos como o ter senhor, eu não tenho
problema nenhum em trabalhar com ele.
Cauê entendeu, Alegria no grupo especial, com o carnavales-
co Campeão de dois carnavais, fazendo parceria, seria algo pesado,
já para começar.
— Só tenho de confirmar a saída com Luiz João, mas eu topo.
Marcos, o presidente olha em volta, o cumprimentar dos mais
ao longe e o vir para perto de Hélio, fez João olhar para o lado do
presidente da Unidos da Ponte sair no sentido e o cumprimenta.
— Boa tarde presidente.
— O que precisa rapaz. – Berger, o presidente da Ponte, esco-
la com mais de 60 anos de tradição.
— Perguntar se já tem carnavalesco para o ano que vem, e
me por a disposição, eu e Cauê Rodrigues.
— Vai sair da Imperatriz?
— Sim, eu sou parte da comissão da Alegria, ela sobe, mas
acho que conseguimos dispor de um grupo de apoio e de carnaval
que funcione em dois grupos.
— Sabe que alguns falam mal de você.
— Ele não me pagou senhor, ele não vai mudar o discurso,
não entendi a bagunça, mas – João estica um cartão e fala – se qui-
ser conversar, me liga e marcamos.
— Cauê também saiu da Imperatriz?
— Somos os carnavalescos, a mão de obra senhor, não en-
tendemos de politicagem, sei que as vezes eu até evito falar do que
408
não conheço, mas minha proposta, desenvolver um enredo, fazer
com que disputem a ponta, não para não cair.
Berger sorriu e João volta ao grupo, Hélio já se afastava.
— O que o rapaz queria presidente?
— Desenvolver o carnaval do ano que vem, se quisermos.
— E quem é ele?
— João Mayer lhe fala algo?
— E vai por nosso carnavalesco para correr?
— Não sei, o problema é que não sei se tenho recursos para
gerir um carnavalesco destes, ele constrói alegorias como aquele
abre alas da Alegria da Zona Sul.
— Uma alegoria que colocou todos os jurados procurando al-
go igual nas demais.
— Sim, mas vou conversar, não sei a ideia dele.
João volta a mesa e Marcos perguntou.
— Sabe que ele vai lhe acusar de alguma coisa.
— Eu estava detido quando o evento aconteceu presidente,
ele fez algo, mas obvio, ele ignora que eu e Cauê estávamos detidos
no momento, então deixa ele falar.
— E o que falava com Berger.
— Presidente, eu pretendo apoiar o carnaval, e se puder
apoiar todo ano alguém do Especial, você sabe quem será a escola
do ano que vem, no especial, uma do A, uma do B, dai tenho de ver
o resultado dai para trás para saber quais vou apoiar, mas vou apoi-
ar a Caprichosos no grupo E.
— E ninguém precisa ver?
— Se eles não viram presidente, precisam de óculos, mas sei
que eles querem que pague espaço para aparecer, não é minha
forma de agir.
— E vai escolher as escolas?
— Vou me oferecer, eles que escolhem.
— E acha que o que seria um bom enredo?
— Pensamos isto a três, a ideia é mais concisa a três senhor, e
não esquece, não precisa me por entre os nomes que assinam, mas
sabe que estarei ali.
— E gostaria de contar uma historia?

409
— Vou pensar em algo, quem sabe aprender algo para por a
avenida, algo que me explique uma entidade de poder.
— E não se negaria a um enredo afro?
— Se for para fazer, será um enredo Negro, não Afro, quero
dizer ”sou Negro em terras Americanas, me respeitem!”.
João anotou e escreveu.
“meus passos vão a Orum, meu paraíso tem nome!”
Marcos olha a anotação e fala.
— Você cria falando, só estas duas frases já dariam um enre-
do, e sabe disto.
— Eu tenho a minha forma de ver as coisas presidente, minha
forma de ir adiante, e amanha alguém vai querer desacreditar o
construtor de carros da sua escola, e se não me quiser na escola na
Sexta, entenderei.
— Vai aprontar.
— Quem sabe, não domino o todo, tem coisa que somente o
tempo explica, e tem coisa que nem o tempo explica.
— E o que vai fazer amanha?
— Convidado do programa Encontro, para falar de Carros
Alegóricos.
— Os seus mudam a percepção de carros, eu vi o desfile da
Imperatriz João, aquilo a 28 metros de altura, muda o conceito car-
ro, eles tem medo de coisas assim, pois todos precisariam evoluir.
— Marcos, você me pagou quanto pelo carro abre alas?
— Quatro e meio, você fez milagre.
— Sim, ganhei um milhão de reais fazendo aquele carro, falei
isto por 4 meses, e você me olha e fala, pensando que estou men-
tindo.
— É difícil de acreditar.
— Sei disto Marcos, e o pior, ele custou muito pois temos
muitos detalhes que ninguém vê se está lá, mas todos reparam se
não estiver.
— E você testa todos.
— Quando eles me criticam, é pela industrialização das coi-
sas.
Marcos sorriu e viu Cauê chegando ao lado e fala.
— O que será amanha?
410
— As vezes gosto de ter alguém lá para eles não me escracha-
rem sozinho.
— Eles podem não ter interesse em lhe escrachar.
— O problema Cauê, é que as pessoa seguram a língua, eu
nunca me preocupei com isto.
— Mas pode ser algo produtivo.
— Quero fechar até o domingo que vem, as 5 escolas que eu
e você vamos ajudar ou coordenar, sabe que não sei desenhar rou-
pas, sei as executar.
— Vai me fazer correr um ano.
— Vou lhe ensinar como ganhar sem se desgastar, como
montar um carro que eles dizem que custa 5, por um e meio, como
eu com o que recebi, que acham novamente que me afastando me
preocupo, não entendem, eu vou até o desfile das campeãs, eles
nos contrataram para isto, mas eu não verei o como eles vão des-
montar aquilo na cidade do samba.
— Acha que cabe?
— Se a Beija-Flor conseguiu, eles conseguem.
— E acha que vamos dispor de estrutura mesmo para 6 esco-
las? – Cauê.
— Para 6 campeãs.
Marcos ao fundo riu, ele não estava falando em criar uma es-
trutura, ele estava falando em tentar ganhar em todos os 6 níveis,
de competir pelo campeonato.
— E me quer enfiado nisto? – Cauê.
— Pensa, uma coisa é eles falarem, ganhou no grupo especial,
outra, eles olharem cada um dos níveis no fim da segunda semana e
falarem, ele ganhou em 3 níveis.
— Acha que consigo?
— Estou falando de mim, é o que espero no fim deste carna-
val, mas para mim isto é pessoal, não preciso de publicidade, mas se
você assinar um carnaval e este ganhar, você o fez este ano Cauê, as
roupas lindas foi você que assinou, sabe que fazer elas eu até faço,
entendo bem de uma Overloque ou uma Reta Industrial, mas dese-
nhar elas, não, sei fazer um carro, mas preciso das ideias, os escul-
tores são essenciais a construção do carro, eu abuso de integração
mecânica e esculturas, eu fico a noite pensando se não ficou muito
411
baixo, a maioria fica pensando em como dispor na altura baixa, eu
não tenho esta coisas de parar para pensar, Marcos viu um carro da
Beija-Flor surgir do nada, e que a própria escola só viu na hora do
desfile.
— Aqueles beija-flores batendo as asas no barracão eram as-
sustadores João, eles pareciam um enxame, quando ligado na ave-
nida, como o som, ficou bem coberto, mas estava ali, todos ouviam
o bater das asa, mas em um barracão é assustador.
— Pensa em ter de desfilar depois deles, ou depois do seu
abre alas presidente.
— Sabe que a própria escola sabe que depois de algo assim,
tem de se superar, pois todos ficam procurando algo defeituoso.
— A ideia é não ter onde dar espaço a isto, mas é o que pode
lhe garantir vencer antes dos demais, como se diz, não existe desfile
perfeito, mas nós sabemos o que pretendíamos, eles não.
João olha para o presidente e fala.
— Agora vai para a festa, todos devem estar chegando lá para
comemorar o campeonato do grupo A.
— E quando vou anunciar o carnavalesco do próximo ano?
— Depois de sentarmos e conversarmos, Presidente, depois
do desfile nas campeãs. – João.
João olha para Cauê e fala.
— Vamos lá verificar como vamos fazer o desfile das campe-
ãs.
— Tem certeza? – Cauê.
— Sim, meu contrato diz que tenho de ir até ou o desfile prin-
cipal, ou 4 dias de adendo para o desfile das campeãs.
Marcos viu que João queria uma posição oficial, ele não se
comprometeria antes de se afastar.
João e Cauê entram no barracão da escola, muitos olham ele
com o respeito que não tinham antes, e muita gente os cumprimen-
tou, Luiz viu que os dois vieram, não era apenas um solto, eram os
dois, Joao beija a bandeira, depois agradece e pega uma cerveja a
ponta, e espera a bomba vir a ele.
Estava encostado quando um segurança encosta nele e fala.
— Temos ordens de o por para fora.

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— Sem problemas, apenas quero a posição do presidente,
pois eu estou na escola até o desfile das campeãs, e isto é contratu-
al, eu não estou aqui passeando rapaz, confirma com ele, e quero
isto por escrito, eu sou um contratado da escola.
O rapaz foi empurrar ele e apenas desaba a sua frente, outro
ajuda a por o rapaz ao canto e fala.
— Deve ter bebido demais.
Cauê olha que a segurança ia o por para fora e chega ao lado
dele e fala olhando o segurança.
— Calma, só viemos receber, não o trocado que recebe, por
sinal, quem deu a ordem de nos tirar foi o presidente? – João.
— Ele está ocupado.
João toca no ombro dos dois e fala.
— Descansem.
Cauê viu os dois desabarem e João falar.
— Vamos falar com ele antes de qualquer coisa.
João subiu, Cauê viu que o rapaz não era qualquer um, ele
sem brigar, abriu caminho, ele entra na sala e olha para Luiz e per-
gunta.
— Podemos conversar presidente.
— Pensei que não viriam conversar.
João olha para Romarinho e fala.
— Melhor ir recolher a segurança que mandou nos barrar,
eles estão todos lá ao chão bêbados.
Luiz olha para João e fala.
— Não acredito em você rapaz.
— Não vim discutir presidente, somos contratados até o des-
file das campeãs, e não vou deixar um incompetente transformar a
Gloria da Imperatriz em um desfile sem brilho, a não ser que queria
isto, e se quiser, pede a conta, se afasta, pois nós fizemos o que nos
propusemos, e Romarinho, vai responder por falso testemunho, seu
processo pode ter sido cancelado pelo amigo, mas está sendo rea-
berto por dinheiro na conta do amigo, então arrota baixo, e não
esqueci que tentou me matar, é pessoal, que seja, mas se destruir
um carro antes do desfile das campeãs, eu tiro um dedo por ara-
nhão de você, se acha que pode destruir o trabalho dos outros, vou
mostrar o verdadeiro João Mayer, aquele que você deveria respei-
413
tar, mas vejo que não respeita nada, por sinal, o policia está mul-
tando seu carro sobre a calçada, se enrola e vai ter de tirar do pátio
do Detran.
— Me ameaçando, vou lhe processar.
— Lembra Romarinho, o que acontece com meus inimigos, é
só ler a noticia que não leu, três atiradores mortos na delegacia da
quinta, um segurança morto no Estácio, Joaquim Moreira, saiu co-
mo se fugisse da cidade, está batendo na pessoa errada, e aquela
afirmação de que roubei dinheiro na escola, pode tirar o Luiz da
presidência, entendi a merda que quer, um incompetente querendo
usar o próprio presidente, para tentar assumir a escola, eu não te-
nho nada haver com isto, mas tocou nos carros antes do desfile,
lembrando, são 6, vai lhe sobrar apenas 4 dedos as mãos.
João olha para o presidente e pergunta.
— Porque estamos sendo colocados para fora, se quer que
não voltemos, assina o fim do contrato e saímos, não precisa por os
seguranças para o fazer, eu lhe tratei com respeito presidente, se
não quer respeito, paciência.
Cauê viu que João não entrou para conversar, ele entrou para
não dar chance de outro resultado, e viu os seguranças chegarem a
porta e um falar.
— Já colocamos eles para fora presidente?
— E quem ordenou por o carnavalesco que nos gerou o cam-
peonato para fora? – Luiz.
Romarinho chega a porta e faz sinal para eles saírem e fala.
— Devem ter entendido tudo errado.
Luiz viu que estava na posição que se colocara e fala para
Cauê firme.
— Me chamou de covarde.
— Você me acusa de algo que não fiz, me chama de ladrão
por um dirigente que quase matou gente e pôs fogo em carros, que-
ria o que presidente, ou vai dizer que não viu minhas ligações de
ontem, que o celular está quebrado?
— Não admito ser desrespeitado. – Luiz.
— E? – João.
— Não se mete.

414
— Sim, eu me meto, coloca o carnavalesco que lhe dá desta-
que para fora, por uma acusação que só deve ter um intuito, não o
pagar.
— Pode ter certeza que vou reter os recebíveis dos dois, até o
processo se encerrar.
— Então a pergunta senhor, quer que saiamos agora, ou na
madrugada de Domingo? – Joao.
— Por mim estão fora.
— Então estamos dispensados? – João.
— Por mim não colocam mais o pé nesta escola, e se me per-
guntarem, não os indico a lugar algum.
João riu e falou, tirando o microfone do bolso e olhou para
Cauê.
— Vamos, ele nos dispensou formalmente, temos isto grava-
do, ele não vai assinar isto, talvez estivesse com a razão, um covar-
de, vigarista, ladrão, pensando nos recebíveis, mas sem problema
presidente Drumont, estamos de saída.
Cauê viu que João olha para ele e saem, ele estava nervoso e
Romarinho sorria, um espirito atravessa ele que cai sem forças, e os
seguranças correm para o ajudar.
Luiz olha o senhor cair e João e Cauê são barrados na entrada
por Guimarães que pergunta.
— Já vão, não vão curtir a festa?
— O presidente nos demitiu, os dois, não estamos mais na
Imperatriz, mas estamos negociando a ida para a Alegria da Zona
Sul, reforçando o carnaval que subiu para a Especial.
— E porque ele os demitiu? – Guimarães.
— Ele nos prometeu dinheiro que não tem, agora inventou
um processo de desvio de dinheiro para não nos pagar, eu e Cauê
estávamos na delegacia da quinta ontem sendo entrevistados, por
este motivo, mas como sempre digo, eles adoram me acusar, soube
a pouco que Hélio diz que na mesma hora eu matei o segurança
dele, eu devo ser mais de um.
— E não vão estar no desfile das campeãs?
— Fomos dispensados e a segurança tem ordem de nos tirar,
então deixa nós sairmos.

415
Luiz olha João e Cauê saírem e Guimarães liga para a secreta-
ria e fala.
— Põem um anuncio bomba, “Confirmado, Luiz Drumond
acusa o Carnavalesco Cauê Rodrigues e João Mayer de desvio de
recursos da escola, em processo civil e criminal.”.
Cauê olha para João e pergunta.
— Acha que ele publica algo?
— Exatamente o oposto do que eu falei.
— E não se preocupa?
— Não, eu vou pedir para amanha cedo, os meus funcionários
entregarem na Cidade do Samba, os 3 carros que estão parados no
barracão do Santo Cristo, mas preciso de álcool agora Cauê.
— Vai pensar?
— Tomar um porre, evitar me meter em encrenca, e ficar em
um lugar que mais pessoas nos vejam.
— Certo, e vamos para onde?
— Festa da Alegria.
— Não vai parar por um detalhe destes?
— Cauê, se tivermos onde trabalhar já é um começo, pois
pensa, eu fui da Beija-Flor no primeiro ano, sai de lá odiado, eu fui
da Imperatriz no meu segundo ano na cidade, sai de lá odiado.
— Mas saiu de lá melhor financeiramente.
— Eu vou dar umas ligações, e talvez não entenda, mas é
quando saio das escolas que faço dinheiro.
João passa um recado para Rita, Rodney e Jesse e Simone.
Cauê não entendeu as mensagens, nem as viu, mas foram pa-
ra a zona sul, e viu João fazer sinal para o segurança que abre para
ele entrar com carro onde só estavam entrando a pé. João estaciona
numa vaga com seu nome e Cauê pergunta.
— Comprou mesmo a ilha?
— Assumi as dividas do clube, os sócios tinham a opção de
comprar as dividas de mim, ou terem títulos de usuários, não de
proprietários do clube, então agora eles pagando as mensalidades
podem usufruir do clube, mas ele é meu.
— Não é atoa que fala alto com presidentes, eles odeiam a
ideia de ter de ceder.
— Pensei que eles nem me chamariam de volta Cauê.
416
João sentou ao fundo, colocou no sistema os nomes de quem
convidara e pede uma cerveja, Cauê viu alguns o agradecerem, uma
meninas do carro 3 sentarem a mesa, gente querendo algo mais,
sem saber que João neste tipo de coisa, era bem reservado.
João pede seu computador e abre na pagina de Guimarães e
fala sorrindo.
— Ele já sabia do processo Cauê, ele só queria a confirmação.
Cauê viu que toda aquele respeito que Guimarães demons-
trou antes, era apenas conversa.
— E parecia alguém que queria a verdade.
— Eles querem se manter com acesso nas escolas, nós para
eles somos descartáveis.
— E acha que ele vem para cá?
— Assim que alguém o confirmar que estamos aqui.
— E para quem passou mensagem?
— Para os rapazes que fizeram o abre-alas, Rodney e Jesse, a
ideia inicial era levar gente técnica para a discussão amanha, mas
vou propor aos dois irem com a gente.
— Querendo dividir pesos.
— Se eles jogarem contra todos, quem perde é o carnaval, eu
não sou contra o carnaval, e vou dar uma chance do presidente
voltar atrás, depois ele diz que não falou tudo aquilo, que nós que
entendemos errado.
— E porque faria isto?
— Tudo que ouvir aqui, é apenas entre os na mesa Cauê, e
preciso saber se está no grupo.
— Pelo jeito quando falam mal de você, que não segura a lín-
gua, é verdade, mas como avançamos escada acima, não me expli-
cou.
— Eles deveriam nos respeitar Cauê, ganhamos um carnaval
para eles e ganhamos um pé na bunda.
João olha o recado no celular e fala.
— Relaxa, acabamos de ser trocados na discussão de amanha.
João mostra o recado do diretor da Globo.
“Pedimos desculpas, mas em virtude da vitória da Imperatriz,
teremos o presidente da escola e a bateria entre os convidados,
qualquer coisa entramos em contato novamente!”
417
João apenas responde.
“Então da próxima vez nem convida, se vão dispensar encima
da hora, depois de desmarcar compromissos, nem me convida, que
não vou aparecer mesmo!”
Cauê olha a resposta e sorri.
— Não bate leve nunca!
— Eles querem se achar educados, eu prefiro a sinceridade.
— Eles odeiam sinceridade.
— Eu odeio sinceridade. – João vendo a menina chega a mesa
com Rita que olha os dois ali bebendo.
João olha Cauê e fala.
— Não sei se conhece Simone?
— Não entendi o que faz aqui menina? – Cauê.
Ao fundo entrava Micaela que viu que tinham mais moças a
mesa e chega meio temerosa.
— Chegando minha sócia para uma vida.
Micaela sorri sem graça e fala.
— Festejando?
— Como está a festa pelo segundo lugar?
— Sergio quer falar com você.
— Depois ligo para ele, e seu pai, ainda querendo me ferrar
para comprar o barracão?
— Ele parece que não entende que você venderia caro, e
montaria outro.
— Sim, sabe que o pé direito do barracão que temos ao por-
to, foi reformado e está com 40 metros.
— E o que pretende com aquele lugar, é assustador?
— Apoiar 6 escolas o ano que vem.
Joao olha para Simone e fala.
— Deixar claro que apenas saímos, e tem de saber se quer
acreditar no seu pai ou não, a proposta continua de pé.
— Não entendi a ideia?
— Uma malharia em Ramos, com produção de vários tipos de
tecidos, tecidos para vários tipos de uso.
— E porque eu?
— Assim como sou sócio de Micaela, eu tentei ser sócio de
Gabriel, mas o rapaz quer só festa e coisas que não poderia o dar,
418
mas a ideia é mostrar aos filhos que o dinheiro que os pais ganham,
pode os transformar em industriais do país, e legalmente apoiar o
crescimento da cidade, da comunidade e do carnaval como cultura,
não apenas como festa.
— E escolhe os sócios assim, onde trabalha?
— Micaela era uma provável sócia independente de ser da
escola que eu trabalhava, era minha vizinha nos areais de Santa
Cruz. Mas vi que gosta do oficio de desenhar roupas, e a ideia é
junto com Rita, desenvolver algo para empregar as costureiras no
resto do ano, com roupas de uma grife que se cria e se amplia de
acordo com a aceitação.
— Está falando em fazer o tecido e com ela fazer uma grife? –
Simone olhando João.
— A proposta é esta.
— Sabe que ainda sou de menor?
— Sei, sabe o que é uma sociedade anônima?
— Sócios que não precisam ter o nome no papel, apenas uma
direção, representam a empresa e os donos tem ações.
— Sim, assim que sou sócio em grande parte das coisas com
Mick, e se topar, seria seu sócio assim.
— Teria de entrar com quanto?
João olha os demais olhando e fala.
— Lhe passo por mensagem, se topar, na semana que vem
montamos a empresa.
— Tem o lugar?
— Sim, tenho o lugar.
Rita olha João e pergunta.
— E vamos precisar de quantas costureiras.
— Temos de por as fiadeiras para funcionar, elas devem che-
gar no porto amanha, mas demora uns 15 dias para liberar, mais
uns 15 para instalar, outros 15 para por tudo em funcionamento,
então dentro de dois meses quero ver com você a qualidade do que
produzimos, e com a pequena Simone descobrir o que podemos
criar.
— Não sou tão pequena assim. – Simone.
A cara de que queria provar isto, a aura de ciúmes de Micae-
la, e o olhar desconfiado dos demais se perguntando o que estava
419
acontecendo, fez João servir o copo e olhar para Simone e depois
para Micaela e fala.
— Uma tem de aprender a disfarçar a aura e a outra saber o
que quer, mas ainda acho que são novas demais.
Micaela sorri e fala.
— E vai por sócias assim?
— Depois conversamos sobre isto, já que pode não saber,
mas preciso de capital para montar isto, e vou lhe oferecer parte da
empresa para capitalizar.
— E se não quiser.
— Vai começar a largar as coisas agora? – João a olhando se-
rio.
— Não disse isto.
— Então pensa, estou pensando em tomar a cidade, não Ni-
lópolis, não Ramos, estou falando em tomar as cidades, uma a uma.
— Uma a uma? – Cauê.
— Temos a maior produtora de camarão de agua doce no
bairro de Santa Cruz, a maior de camarão de agua salgada em An-
gra, a maior produção nacional de mariscos e ostras em Paraty, a
segunda maior empresa de exportação do país no Rio de Janeiro,
agora vamos montar a concorrência para as empresas de roupa de
Micaela.
João fala sorrindo olhando Micaela que fala.
— E ainda me quer apoiando isto?
— Como parte disto, lembra?
Cauê sorri e pergunta.
— E não parece preocupado com o desmarcar das coisas, mas
não entendi a ideia em Intendente?
— Eu vou fazer a proposta oficial no nome da Liga, para usar
o aeroporto do Campo dos Afonsos, somente depois de um não
oficial vou pensar em remodelar o desfile oficial.
— Acredita na ideia? – Micaela.
— Sim, eu tenho mil e oitocentos metros de pista, largura de
40 metros, e com fluxo de aviões baixo, quero um não antes de ir a
frente, e se eles falarem sim, o implantar vai requerer um pouco
mais de três no primeiro ano, e não mais de dois depois.
— Mas qual a ideia? – Cauê.
420
— Eu tendo a liberação seja na Intendente ou no Campo dos
Afonsos, vamos ao pessoal de marketing e vendemos a festa, mas
desta vez, vamos ter de ir por meios não convencionais, e isto quer
dizer, ter pelo menos 3 grupos de transmissão com qualidade pela
internet, é um projeto para 3 carnavais, sendo o terceiro, o de 2023
o ponto que quero chegar.
— Algo a que nível?
— A nível de forçar todos para cima melhorarem, se a Liga
não quer dar dinheiro para as escolas, ela vai começar a ter proble-
mas de vender ingressos, por isto eu estarei lá forçando a qualidade
para cima, não para baixo. – João toma um gole – as vezes, fazer
algo bom, força os demais a crescerem, se as que estiverem no gru-
po B, ao chegar ao grupo A, não caírem no primeiro ano, todos vão
olhar para eles pensando em como melhorar. Mas eu não faço coi-
sas para empatar dinheiro Cauê, eu quero algo lucrativo, não algo
que afunde componentes ou escolas, é algo para todos crescerem, e
obvio, onde tem dinheiro, precisa de controle, pois sei que onde se
fala gerar uma forma de financiar escolas, sempre aparecem os
espertinhos.
— E não tem medo disto?
— Eu quero organizar isto, eu quero poder cobrar do presi-
dente que sumiu com o dinheiro a responsabilidade civil sobre o
dinheiro, eu sou chato na parte jurídica Cauê.
— Certo, mas isto depende da Liga.
— Sim, mas para isto que serve a Liga, mas este é um pro-
blema e uma solução, e não é uma Liga, são 3, mas quero garantir
para quem for a Intendente a certeza que vai para ver o melhor
show possível.
Jesse chega a mesa e cumprimenta João.
— Sabe que você põem medo com suas ideias, mas ver elas
na avenida é muito gratificante.
— Uma hora pretendo que vocês assumam a parte de vocês,
na criação, eu não sou tão bom nisto.
— Imagina se fosse, mas quer conversar?
— Sim, como disse, aquilo é algo vendável, mas vocês tem de
querer vender aquilo.
— Eu não entendo como vender algo como aquilo?
421
— A pergunta é se querem Jesse.
— Entra dinheiro?
— Lógico, não somos escravos.
— E qual a ideia?
— A primeira é para o palco de musica eletrônica do Rock In
Rio, um boneco imenso sobre, a frente do palco que mecha os
olhos, a boca e os braços.
— Está falando serio? – Jesse.
— Sim, nem todos vão ser tão grandes, mas é algo a desen-
volver nos 4 meses que estamos parados.
Rodney chegou após e veio com as filhas, uma festa mais fa-
mília afasta algumas meninas.
Marcos chega ao grupo e fala.
— O carnavalesco que escolheu a escola, a fez crescer e pode
se esconder, que ninguém sabe quem é.
— Arriscava eles descobrirem, mas a Globo resolveu nos tirar
do ar, mas descida o assunto e começamos a trabalhar Presidente.
— Soube que existe uma pressão para diminuir os carros.
— Quem sabe não empresto todas as armações do ano então
para a Ponte.
— Eles nem ficariam sabendo.
— Pensa que se o desfile que é transmitido para o Rio, o resto
do Brasil pode até não ver, mas nós vemos, mas se o transmitido do
Grupo A tiver coisas que o Grupo especial proibiu, começamos a
crescer como show.
— Eles vão falar dos perigos de algo tão grande.
— Certo, existe o risco mesmo, mas como digo presidente,
quando eles liberarem as regras, adaptamos a ela.
— Acha que consegue construir algo menor? – Jesse.
— Logico que sim, a pergunta, é porque?
— Porque eles são quem manda.
— Então presidente, espera eles definirem as regras, para
começarmos a nos preocupar.
— E faria o que com as estruturas.
— Ferro e aço se guarda, fibra se reutiliza, isopor se reutiliza,
apenas montaríamos algo com as estruturas, elas talvez voltassem a
ser ônibus, quem sabe?
422
A conversa avança e as pessoas começam a sair, Micaela fica
ali e fala.
— Acha que vai dar lucro?
— Sabe quando você não tem pressa, pois eles inventaram
um motivo, não sei qual, mas eles inventaram, e quando vier a tona,
ninguém vai duvidar que precisam diminuir os carros, então vamos
desmontar.
João estava apenas com Micaela a mesa quando Sergio entra
pela porta e olha para João.
João não retornara, e ainda não tinha nada a falar, as vezes
ele queria poder ser mais de um.
— Perdido aqui João? Não retorna mais as ligações.
— Urgente?
— A Globo me ligou logo após desmarcar com você umas 10
vezes, para desfazer o mal entendido.
— Mas não houve mal entendido, eles apenas desmarcaram.
— E se eles reconfirmarem?
— Como disse para alguns, se não querem que vá, não ve-
nham me por lá, e não quero estar lá se Luiz vai estar.
— Acha que é armação?
— Luiz colocou eu e Cauê para fora da Imperatriz hoje, abrin-
do um processo civil por desvio de dinheiro.
Sergio senta e olha Micaela e fala.
— Tem algo com este dai?
— Já respondi isto Sergio, eu e ela que compramos este lugar.
— Acha que a desculpa de discutir os carros imensos é para
lhe por numa outra discussão?
— Nunca fui a um programa de TV, mas as vezes cansado, re-
cém discutido, e com minha capacidade de falar merda, acredito
que eles desmarcaram para me ligar depois para remarcar, mas eu
não sou de deixar no meio do caminho.
— Escreveu algo?
— Que se era para desmarcar encima da hora, depois de ter
desmarcado tudo para ir lá, nem precisavam chamar de novo, pois
eu não iria.
— E já tem escola para o ano que vem?

423
— Sim, Alegria subiu, então estava falando com o presidente
da Alegria que iriamos esperar eles definirem as regras para o ano
que vem, e assim que decidirem, começamos a montar a escola.
— E não teria uma proposta que aceitasse para voltar?
— Sergio, eu não estou na Alegria porque quero, o ano pas-
sado, eu teria ficado, nem fui chamado a conversar, sabe disto, o
processo ainda corre contra mim, então eu não quero visibilidade
neste ano, pior, eles estão armando para proibir os carros grandes,
ministério público, vão indagar que não é seguro, que não é a au-
sência de desastres, pois não aconteceu, que estabelece que é segu-
ro, eles vão estabelecer regras que para mim, são infantis, mas sa-
beremos se é apenas contra nosso carnaval, pois se for aplicado
apenas no Grupo Especial, e tudo indica que sim, sabe que eles não
querem nos por no topo.
— E não vai mesmo amanha?
— Eles não mandaram nada para mim, não me ligaram, eles
ligaram para você Sergio, tendo o meu numero, tendo meu e-mail,
eles querem confusão, mas eu também.
— E o que vai aprontar?
— Tentar, mas sabe se o seu presidente quer que coloque o
carro dos beija-flor na avenida quando?
— Vai os deixar lá?
— Sim, assim como os da Imperatriz, sabe que tem todos os
retoques até sábado, mas eu não tenho mais nada haver com isto.
— Vou ligar de volta, e ver o que eles falam, se tem seu nu-
mero, realmente eles deveriam ligar direto, não para mim.
— Pensa Sergio, tens um Campeonato e um vice em seu no-
me, sacanagem a Tatuapé cair para o grupo dois em São Paulo.
Sergio sorriu e falou.
— E acha que vai estar onde amanha?
— Tem apuração no Terreiro do Samba.
— E vai lá falar com quem?
— Tentar algumas coisas, como digo, o carnaval começa ago-
ra, mas tenho de pensar no como vou fazer o ano que vem, e para
tudo tem sua hora.
— E espera o que?
— Subida da Chatuba para o Grupo C.
424
— E acha que ela passa?
— Foi o desfile mais empolgante de todos na Intendente até
agora, tem gente que fala que se aquele desfile estivesse no grupo B
teria ela no grupo A.
— Não vi o desfile, mas não duvido, mas o que faz ali?
— Aprendendo a desenhar roupas.
— Acha que está se especializando?
— Sim, aprendendo, foi apenas meu segundo ano no Rio.
— E o que pretende por aqui?
— Eu entrei com um pedido de drenagem para ampliação da
ilha, e quero o ano que vem abrir meu primeiro restaurante na ci-
dade.
— Não para? – Micaela.
— Sabe que como proprietária do terreno, acaba sendo mi-
nha sócia, mas conversamos em Maio sobre isto.
— Certo, o que mais vamos fazer este ano? – Micaela.
— Como reparou, comprei maquinário que está chegando es-
ta semana para produção de fio, e com ele, fazer tecidos, tenho o
maquinário que produziu todos os calçados da Beija-Flor, Impera-
triz, Alegria e Chatuba, então eu tenho algo que produz em um mês,
mil calçados, temos de determinar o que queremos e como vamos
vender isto, mas ainda não produzimos isto oficialmente.
— Certo, está falando em ter calçados, tecidos que poderia
usar nas confecções em Belford Roxo?
— Sim, mas com calçados, com roupa de duas marcas pró-
prias, podemos começar a criar nossa lojas, e antes do carnaval que
vem, nossa franquia de loja.
— E todos pensando que você pensa apenas em carnaval. –
Sergio olhando para ele.
— Quero ver se este ano Sergio, consigo ser mais produtivo
que o ano passado, foram tantos problemas que fiquei no vácuo.
Micaela olha para ele e pergunta.
— Acha que vamos avançar no sentido das confecções?
— Confecção, Calçados, Restaurante, Produtos para Festas, e
lógico, Advocacia.
— E vai continuar a montar carros? – Sergio.

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— Lógico, adoro o que faço, mas pelo jeito terei de aprender
a fazer algo pequeno, para que os demais olhem.
Sergio saiu, João entra e pega uma cerveja e Micaela fala.
— Tô indo.
— Sei que ficou preocupada, mas entenda, é provocação.
— E iria até que ponto na provocação?
João a olha e beija ao rosto e fala.
— Deixa eu fugir também, o celular está tocando, e não quero
estar sóbrio.
Micaela viu que ele não respondeu, ele deixa o carro, pega o
celular e pede um 99 e sai no sentido de casa, deixando ali seu car-
ro.
Ele ia para casa quando o celular toca.
— Quem? – João alcoolizado.
— Falamos sobre uma estada sua no programa na manha de
quinta, me disseram que não vai comparecer? – Luiz Roberto.
— Sim, mas desmarcaram hoje cedo senhor.
— Deve ter entendido errado.
— Não existiram palavras duvidosas, veio do e-mail que o se-
nhor confirmou a ida, apenas agora não tenho mais como ir, remar-
quei algo que tinha desmarcado, pensei que era serio o convite na
primeira vez, agora, desculpa, não tenho tempo.
— Não teria como desmarcar?
— Senhor, depois de desmarcarem, tomei umas 12 cervejas
com os amigos, tô indo para casa, e vou acordar na hora do com-
promisso, mas alcoolizado, não iria a um programa assim.
— Mas...
— Sem mas, se queria conversar, teria de ter sido 5 minutos
depois que respondi, agora, esquece, fica para o ano que vem.
— E vai deixar eles imporem apenas o ponto de vista deles?
— Senhor, não me trate como idiota, sabe que desmarcou,
sabe que está apenas fazendo o que tem de fazer, ser educado, mas
eu não faço carros grandes, eu faço carros no limite do permitido e
do que a engenharia permite, se eles estabelecerem estes limites,
todos vamos aos limites, talvez pensando por ai, seja até melhor.
O carro parava na casa no Irajá e João acerta e fala.
— Fica com o troco.
426
Estava ainda com o telefone ao ouvido e termina.
— Deixa eu dormir um pouco agora senhor, boa noite.
Luiz Roberto olha para a apresentadora a frente e fala.
— Ele não vem.
— O que fizeram, desmarcaram com ele sem me falar? – Fa-
tima.
— A direção disse que a condição de Luiz aparecer era o rapaz
não estar no programa.
— E ele disse que não vinha?
— Ele respondeu a direção no ato que nem convidassem de
novo, se era para desmarcar depois.
— O rapaz pelo jeito se acha.
— Ouvi o presidente da Alegria falar, que a pretensão era
campeão em pelo menos 3 categorias, que ele pensou que o rapaz
estava falando do ano seguinte e ele falou, estou falando do que
espero para este ano.
— Ele investiu em quem mais?
— Chatuba de Mesquita.
— E o que se fala desta escola, nem sei de que categoria é?
— Grupo D, falam que foi o melhor desfile da Intendente.
— Então ele sabe fazer carros menores?
— Sabemos que sabe Fatima, mas não entendi a direção.
— Soube apenas quando fui perguntar sobre a confirmação
dos convidados que haviam o desconvidados, mas pelo jeito este
realmente não se preocupar em aparecer.
Os dois começam a estabelecer detalhes do programa en-
quanto João cai alcoolizado a cama.

427
João nem ligou a TV, ele
não queria saber de nada, sai no
sentido do barracão próximo das
10 da manha e com o pessoal da
prefeitura a porta do barracão do
Santo Cristo, e com os carros reco-
lhidos, os motoristas começam a
transferir os carros para a cidade
do Samba, o presidente e Romarinho estavam na Globo enquanto
eles entregavam os carros na Cidade do Samba, atravessados a fren-
te, eles nem se preocupam em pedir para alguém assinar que en-
tregaram, todas as demais escolas veem aquilo travando uma das
entradas.
O celular de Luiz tocava e ele não podia olhar, e se discutia a
determinação do Ministério Publico referente ao perigo de pessoas
sem formação criarem esculturas tão altas, determinações para se
segurar o crescer das alegorias.
João não olha a reportagem, ele foi a Ramos, olha o barracão,
depois foi ao cais e viu o descarregar dos maquinários, mas teriam
de verificar toda documentação para liberar, mas estava ali e seus
projetos começam a crescer a cabeça.
Era perto do Meio Dia quando ele vai a um restaurante e de
lá para o Terreiro do Samba, Paulinha olha ele e sorri.
Uma coisa esperava e sem uma concorrente a altura, faz a
Chatuba voltar ao grupo C, João fala com o presidente da Vizinha
Faladeira do B, fala com o pessoal da Império Ricardense do D, Ca-
prichosos no D, e Feitiço do Rio no E.
Ele nem faz comentários sobre o que falaram no programa da
Globo, ele apenas afirma que não assistiu.
Luiz chega a Cidade do Samba e todos queriam que ele tirara-
se os carros do caminho, ele olha todos os carros ali, ele nunca vira
eles todos unidos, e se alguém tinha duvida que ele tinha mandado
os carnavalescos embora, ali estavam todos os carros.

428
Os técnicos que os levaram a avenida eram da empresa, que
Luiz nem se preocupara, então estava com tudo ali, e com dificulda-
de colocam um a mais para dentro, colocam um meio para dentro e
meio para fora, e Roberto olha para a entrada e pergunta a Sergio.
— Pelo jeito o que Luiz queria não aconteceu.
— Não entendi. – Sergio.
— Que o rapaz fosse e lhe acusasse em publico, ele pressio-
nou para desmarcarem, depois a direção disse que teria de o convi-
dar pois era um convidado da Apresentadora, ele concorda, pen-
sando em o acusar de roubo pessoalmente para ver a reação, e
distorcer a discussão, e agora volta e todos viram, os carros estão ai,
e sei que manobrar isto, requer gente especializada.
— Por sinal João me perguntou se queriam que devolvesse o
abre alas aqui ou na armação das campeãs.
— Disse para ele devolver lá espero?
— Sim, não teríamos onde por aqui, embora saiba que temos
de pensar onde as por presidente.
— Ele não aluga o espaço lá? – Roberto.
— Se me autorizar negociar isto, o ano passado não negociou
e ficamos com a cara que eles ficaram agora, mas apenas depois das
campeãs.
— E porque ele quer os espaços?
— Ele me disse ontem que vai começar a pensar no carnaval
do ano que vem, nos carros, apenas quando as regras forem defini-
das, ele sabe que é um passo atrás, sabe disto Roberto, são estrutu-
ras para se pagarem em 10 anos, não em dois, mas entendo que o
medo é regra.
— E o que ele faria se proibissem?
— Não sei, quem sabe, ele sabe ter ideias.
— E o que ele está fazendo hoje, que não foi ao programa?
— Ele está em Chatuba, comemorando o terceiro titulo deste
ano.
Roberto entendeu, todos preocupados com um lado, ele está
olhando o outro e pergunta.
— E ele pretende ajudar quantas o ano que vem?
— Nem ideia, sei que vi ele falando com o pessoal da Unidos
da Ponte no A.
429
— Se mantem na Chatuba?
— Acredito que sim, assim como na Alegria.
— Em si ele teria 3 categorias no ano que vem também?
— Sim, ele teria mais experiência no fim do ano que vem para
começar a pensar em assinar seus carnavais sozinho. – Sergio.
— Acha que ele não tem experiência para isto?
— Ele fez o primeiro ano investindo pesado em fibra e hidráu-
licos, sobre estruturas imensas, sabe disto presidente, neste ano ele
melhorou o pessoal de movimento e investiu em injetáveis, cabe-
ças, assessórios, ele está tentando aprender o que o povo quer, mas
eles podem dizer que foi o mesmo estilo, mas foi bem mais que isto
este ano.
— E acha que ele criaria carros menores bem?
— Acho que quem viu os carros dele, não entendeu metade
da tecnologia.
João olha o presidente da LIERJ e o cumprimente.
— Podemos conversar senhor?
O senhor olha João, sabia quem era, ele levara a quase rebai-
xada Alegria da Zona Sul de potencial queda para terceira em um
ano e vence em outra e fala.
— Algo urgente?
— Nada mais é urgente senhor, mas espero se for o caso. –
João olhando o senhor, ele não administrava as votações do C e D
que foram feitas ali naquele dia, mas como eles administravam o
carnaval da A e B, os do C tendiam a subir para o B.
O senhor olha João e fala.
— Não tenho nada a conversar.
João não insistiu, mais um idiota falaria João após, ele vira-se
e vai no sentido do presidente da Liga que tocava o C, D e E, ou mais
conhecida por AESCRJ.
Ruy olha João e pergunta.
— Acha que temos como melhorar?
— Sim, mas quero propor algo, e seria entre nós presidente.
— O que pretende?
— Vamos desenvolver nossa estrutura, se o pessoal da LIERJ
nem quer conversar, vamos priorizar o C, D e E, eu consigo por es-

430
trutura no Domingo e Segunda, tirar para a terça e recolocar para a
semana seguinte.
— Vai encarar a guerra?
— Eles se acham estruturais, mas os desfiles da C foram me-
lhores que os da B.
— E vai apoiar as demais lá?
— Se não precisamos nos preocupar com o B, vamos ter de
falar sobre o comprometimento dos presidentes e a assinatura de-
les referente aos recursos, quero escolas melhores.
— E não iria gerar uma diferença muito grande?
— Senhor, eu queria melhorar todas, mas tem de considerar
que isto é politicagem, e as regras tem de ser claras, eu vi gente
tirar em Samba da Chatuba, acho que isto eu discordo, mas acho
que se for levado a serio, todos ganham, se não, poucos ganham.
— E fala serio em por patrocínio a mais?
— Sim, fechados todos em Dezembro deste ano, para o car-
naval do ano seguinte.
— E o que vai definir até lá?
— Lugar, espaço, estrutura, financiamento, mas tem de que-
rer que faça presidente, ainda é tudo muito informal.
— Vamos fazer uma reunião depois do desfile dos blocos do
E.
— Eu quero os tornar em mais que blocos, e talvez se alguns
a mais quiserem chegar, atrair eles a legalidade presidente.
— Quer ampliar?
— Sempre, mas apenas preciso saber se posso no momento.
— Sim, e pelo jeito queria falar com o Ricardo.
— Senhor, eu queria o fim da Guerra, todos podem ganhar
com isto, acho que o que eles chamam de organização, com mais
divisões, cada uma na sua regra, só nos complica.
— O que achou a decisão do Ministério Publico?
— Não a li, não ouvi, e somente quando for oficial vou me
ater da regra.
— Acha que eles vão impor a todos?
— Eles nem devem vir a região Norte, ir ao centro é normal,
mas eles devem ver pela TV a Intendente e falar “Ali não cabe algo
grande, para que se preocupar”.
431
— Eles vem quando todos saem do trilho.
— Certo, eu queria por eles na proposta oficial para o Campo
dos Afonsos, mas talvez tenhamos de falar com eles depois.
— Vai mesmo propor?
— Sim.
— E acha que quem ganha com isto?
— Vocês já tentaram dois espaços que depois não deu certo,
hora de tentar um terceiro, algo como as antigas estruturas da Pre-
sidente Vargas, mas nossa, não de uma empresa que ganha fortu-
nas para montar e desmontar.
— E terminou de montar a proposta?
— Terminando, passo na sede da Liga para mostrar antes de
qualquer coisa presidente, é questão de apresentar, eles podem
dizer não, mas eu sou de querer ouvir o não oficialmente.
— Acha que seria um local melhor?
— Próximo ao atual, plano, fácil de montar de desmontar,
uma vez para dentro podendo tomar a forma e altura do desfile, em
uma armação anterior e posterior, sabendo que os limites são sem-
pre os mesmos, que não existe novo fio, novo cabo a desviar, não
tem obra de prefeitura antes, ou na hora, temos como controlar as
entrada e saídas por câmeras, dispor de espaço para vendas inter-
nas apropriadas e melhor estruturadas, mas eles não aceitaram
ainda presidente.
— Pelo jeito leva a serio o projeto.
— Tenho um que funcionaria na Intendente, mas é sempre o
problema de parar algo, um incomodado em 100 comerciantes e
começam a falar mal.
— Estou autorizando, vamos fazer uma ata para lhe por como
integrante, sei que não quer, mas se não puder falar pela AESCRJ
não vai conseguir fazer nada.
— Agradeço facilitadores.
João olha Paulinha sorrindo e chegando a ele.
— E tem gente que duvida da sua genialidade.
João olha para o presidente e fala.
— Tem coisas que as pessoas não entendem Paulinha, eles
tem medo que eu faça coisas imensas na Intendente, mas lá a ar-
quibancada não está distante, não está bem mais alta do que a pis-
432
ta, a Intendente é um desfile olhando nos olhos de quase todo o
publico, e não quero algo diferente, pode ser maior, mas não nas
proporções de uma Marques de Sapucaí.
— E acha que eles se adaptam a mudança?
— Vamos com calma Paulinha ainda é C, não é B para se pre-
ocupar ainda.
Ela sorriu e fala.
— Eles estão indo a região do barracão em Mesquita, vai ser
festa hoje.
— Eles tem direito a comemorar.
— Não vai lá?
— Pelo que entendi, tem gente querendo me complicar, eu
não entendi ainda o problema, então provavelmente vou, mas ain-
da tenho de fazer algumas coisas.
— Algumas? – Paulinha.
— Muitas, mas deixa eu sair antes do repórter ao fundo che-
gar a nós.
Paulinha viu que tinha gente de varia vertentes ali, e isto não
era algo a desviar, mas João parecia sempre querer deixar os holo-
fote aos demais.
O repórter da Globo olha João sair e nem ele nem Guimarães
a ponta e nem Rogério na ponta oposta, consegue o intuito de falar
com ele.
João sai dali e vai para a empresa de Artigos para Carnaval,
senta-se na sua sala e redige a proposta do carnaval, locais pagos,
locais gratuitos, ou como ele escreveu, frisas pagas e arquibancadas
gratuitas, camarotes pagos, área de alimentação dos dois lados,
concentração das escolas em uma ponta, dispersão na outra, pelo
calculo dele, ele conseguiria por arquibancada para 20 mil pessoas,
frisas para 18 mil pessoas, e 30 camarotes Vip, 10 pequenas praças
de alimentação de cada lado com vaga para 20 vendedores cada,
um projeto para banheiros químicos e banheiros coletivos, ele tinha
sua duvida sobre o segundo, mas odiava o primeiro.
Ele rediz a proposta da AESCRJ e passa a direção do local, ele
não sabia nem se iriam ler, mas ele fez de uma forma a ficar atraen-
te, e se põem a disposição para conversa se tivessem interesse, ele
não iria correr atrás se eles apenas dissessem não.
433
Ele começa a pesquisar modelos de arquibancadas, e verifica
que algumas, modulares e estruturadas, eram passiveis de montar,
desmontar, repintar e remontar de novo.
Ele pensa no prospecto de publicidade e coloca tudo em seu
arquivo virtual, ele estava disposto a conseguir 3,6 milhões em re-
cebíveis de frisa e camarotes, se ele conseguisse que o pessoal do
Campo dos Afonsos cedesse o lugar, se chegasse a isto, ele teria um
publico total em 4 dias de 144 mil pessoas, o que lhe garantiria as
publicidades que precisava para ter outros 3,6 milhões no mínimo.
Ele pela primeira vez, olha a reportagem do programa, queria
poder ter tido calma para pensar melhor sobre o problema, mas
novamente estava correndo atrás da paz.
Cauê liga para ele que fala.
— Fala Cauê?
— Queria ser sincero com você.
— Fala.
— Roberto David me propôs fazer parte da comissão deles, e
sei que você tinha planos.
— Relaxa Cauê, tem de defender sua carreira.
— Sei que tinha planos e estava me colocando neles.
— Eu prefiro sinceridade, e sempre digo que quem está no
mercado, é procurado, mas estava lhe propondo pensando que
todos iriam na propaganda da Imperatriz, mas se eles fecharem com
você, abraça com força.
— Não ficou chateado?
— Pensando em o que vou fazer este ano, meu mundo tem
duas divisões, uma que vai até o carnaval, e outra que funciona 5
meses em outras estruturas.
— E vai mesmo querer apoiar toda aquelas escolas.
— Com certeza vou, mas estava lendo a proposta das escolas
ao ministério publico, fica evidente que a ideia veio das escolas, e só
colocaram a ministério publico para não parecer que era algo im-
posto por eles.
— E o que achou?
— Que vou ter problemas o ano que vem, eles transformam
acoplagens além do primeiro carro, de qualquer tipo, fora das re-
gras, colocaram altura máxima de 16 metros, eu estava mais de 10
434
metros acima disto, eles estabeleceram regras de limite de hidráuli-
cos em carros com pessoas, estabeleceram regras de altura máxima
de esculturas com movimentos, acho que foi 12 metros, não enten-
di aquela clausula de compromisso, eu acho que o ano que vem
teremos problemas nas demais escolas.
— Por quê?
— Eles diminuíram alturas, mas hidráulicos seguros, são me-
lhor que sistemas de erguimento a cabo, por mais que pareça o
contrario.
— E não vai deixar de fazer carros especiais.
— Logico que não, por sinal, eles estabeleceram alturas, mas
não comprimento, que é o que mais gera problemas de continuida-
de, pode ser que tenhamos um ano “CLIM” , mas ainda não sei o
que vou fazer, mas boa sorte na Beija Flor.
— E está fazendo o que?
— Fugindo de uma festa que me colocaria em problema pes-
soal, e fazendo três prospectos, vou tentar em 3 lugares, o primeiro
acabo de propor, agora é esperar o não para tentar o próximo.
— E não vai desistir antes de ter um lugar?
— Acho que vou propor 5 coisas, o problema, e se duas de-
rem certo?
— Então está se segurando?
— Sim, não vi ainda o grupo E da cidade.
— Certo, mas acha que vai propor algo?
— Sim, e pode ter certeza, vou tentar.
Cauê desliga e João volta aos projetos.
João olha para a porta, olha Micaela entrar e falar.
— Se escondendo das pretendentes?
— Eu não tenho pretendentes, sabe disto, todas que coloquei
na minha vida, morreram.
— E não quer viver isto de novo.
— Pode parecer que eu vestido menina, sou alguém agradá-
vel aos olho, sei o que sou abaixo do pescoço, sei que me escondo
de algo intimo a mais de ano.
— E pensava em que?
— Em agitar a cidade no ano que vem.
— Com o que?
435
— Uma proposta para abrir o desfile do grupo C e D, algo que
tinha pensado antes, mas acho que com a sobra de material, de
hidráulico, de aço, vou propor, uma abertura ao show chamada “a
Escola de Samba de um Homem só!”
— Não entendi?
— Por uma serie de 8 pequenos carros alegóricos, todos so-
bre controle, e que não tem humanos, apenas uma apresentação
com som, hidráulicos e luz.
— E porque disto?
— Se não posso me apresentar concorrendo, posso vender
algo sem humanos como um show introdutório.
— Certo, algo mais básico que mostraria sua genialidade.
— Não me acho genial, este é o problema.
— E não tem ficado por perto.
— Você tem estado mais interessada do que o normal, isto
me faz fugir.
— E foge?
— Sabe onde isto pode acontecer segundo alguns malucos
por ai?
— Acho que eles não querem que se fale disto, pois é como
se estivesse aqui, mas pudesse criar mundos, é estranho. – Fala
Micaela.
— Sente isto?
— Sim, obvio que quem acumula almas, nosso mundo é mui-
to bom para isto, pois tem muita gente morrendo todo dia.
João a olha e fala.
— Então sente estas coisas malucas também.
— Coisas malucas?
— Acordar e ver almas todas em um mar de almas, cães se di-
zendo anjos, seres estranhos de asas se dizendo Arcanjos, seres
estranhos se dizendo o pai, e alguns nomes estranhos, mas tudo em
um conjunto de almas, um mundo de almas e um de seres que pa-
recem ter subvertido a fila e vão para um ponto acima.
Micaela sorri e fala.
— As vezes temos de falar sobre como sente isto João.
— As vezes evito, sempre tem gente por perto, e isto me tor-
na um louco na visão da maioria.
436
— Sei o que é isto, tentamos parecer normais, e a maioria
não entende o que passamos.
— Sei que se por um lado eu ganhei controle, eu perdi toda a
auto estima, tento pensar em trabalho, para não pensar em mim,
de forma alguma.
Micaela chega a o abraça pelas costas e fala.
— Tem de entender João, não é uma atração física que me
traz a você, é o que você é, você não se encanta com as câmeras,
você consegue ser invisível a câmera mesmo diante dela.
— Eu evito chegar perto, pois sei o quão carente eu estou,
evito deixar as pessoas chegarem perto muito, sei que poderia estar
me aproveitando de alguns fatos, mas não seria eu, e como me faria
mais mal no dia seguinte que bem, tenho evitado.
João gira o corpo e olha de cima para baixo para Micaela que
fala.
— Um dia teremos de entender o limite máximo disto João,
sabe que não estamos avançando, e sei que eu teria avançado mais,
sei que me barra, mas sabe que um dia, eu vou querer furar esta
barreira do impessoal.
— Se tiver calma de estar ai, pois acho que no fundo, todos
querem que seja produtivo, mas ninguém me quer por perto.
— Não seja bobo.
João deu um passo atrás e fala.
— Bobo não, carente, tentando não me envolver neste ponto
psicológico que estou.
— E o que pensava ai?
— Começando a projetar o ano, e duas coisas me tomariam o
ano se aprovassem, uma parceria com a UFRJ, para montar uma
área de eventos, nova, ou se a prefeitura aceitar a mudança da Ilha
dos Caiçaras.
— Porque tomaria o ano.
— Pois são projetos para mais de 12 meses.
— Certo, e seriamos sócios nisto?
— Se quiser, sei que eu exagero, mas eles não entendem que
as vezes precisamos pensar para não ficar malucos.
— Pensando muito?
— Sim, pensando muito.
437
— E quem vai ganhar com isto?
— A cidade.
— Pequena modéstia?
— Não, mas pensa em ter um lugar onde todas podem fazer
ensaio e ser onde você controla as coisas.
— Certo, quer melhorar tudo.
— Sim, mas tem coisas ainda se ajeitando.
João volta aos projetos, e Micaela olha ele trabalhar com a
cabeça, ela olhava ele como alguém que tentava lhe entender, mas
parecia encantada com as possibilidades.
Ela entende que ele pretendia somar o seu nome aos grandes
da cidade, mas sem eles perceberem.
Depois de um tempo ela sai, ele passa os pedidos via e-mail,
imprime os documentos e coloca em envelopes destinados a cada
um dos projetos.

438
A semana acelera e João
chega ao sábado, entrega os car-
ros da Beija-Flor na armação para
desfile do sábado, olha para a
agenda e vai no sentido da Inten-
dente, ele sabia que queria tudo
pronto novamente, seu pessoal
começa a ajeitar e quando eles
começam a preparar os desfiles dos grupos ficou claro que era uma
ideia diferente, era isto que ele queria, entender.
João estava sentado a arquibancada, olhando o pessoal mon-
tando a toda volta e olha um senhor com dois rapazes ao fundo
parar a sua frente e falar.
— João Mayer?
— Sim Brigadeiro.
— Aquela proposta é seria?
— Sim, a proposta é seria.
— Sabe o problema técnico no sistema de aviação na cidade
de dispor daquele espaço para festa.
João olha os olhos do senhor e fala serio.
— Não sei, a proposta pode ser boa, mas é passível de nega-
ção e todo problema é apenas passível de pensar se não for recusa-
do.
— E porque acredita que daria um melhor efeito.
— Acho que o que temos aqui hoje, se tivermos um lugar,
aconteceria na Terça Feira de Carnaval, grupo D se apresenta na
Sexta, Grupo C se apresenta no sábado, B no Domingo, blocos do F
na Segunda e do E na Terça.
— Está querendo dispor de espaço para que eles obedeçam
ao calendário, não se estiquem?
— A proposta é montar algo Brigadeiro, que tivesse publico
por 5 dias, montamos em 5, desmontamos em 5, são 15 dias, mas
sei que isto pode não ser possível, então é apenas uma proposta

439
passível de gerar um publico perto de 180 mil visitantes em 5 dias,
em um apoio a essência do carnaval, como cultura.
— E se impusessem regras internas?
— Regras? – João olhando o senhor.
— Nenhum nu aparente dentro e uma área militar.
— Talvez tivesse de expor a Liga, mas se não querem senhor,
não precisa fazer de conta. – Joao segura o comentário.
— Eles não topariam, é o que está dizendo?
— Senhor, apenas propondo, se quer por regras, coloca e eu
exponho, mas se vou dar limitações a apresentação, talvez realmen-
te a ideia esteja no lugar errado, pois depois não vão querer certos
assuntos, dizer que só pode falar disto ou daquilo, o problema é que
é uma proposta de apoio, se for de censura até mesmo eu a retiro.
— Mandaram para minha mesa para avaliar, pensei que nem
tinha ele elaborado.
— Senhor, eu elaborei 3 projetos, acredito que existam 6
chances de mudar de lugar e uma de fazer diferente aqui, então é o
pensar no carnaval do ano que vem.
— E o que a Riotur acha disto?
— Estou falando pela AESCRJ, ou como se fala, grupo C, D e E.
– João pensa um pouco – Se for aceito, sento com o pessoal do gru-
po B e o atraímos, e diante disto apresentamos a proposta a Riotur,
eles são estruturais para algo a rua, não em uma base militar.
— E o dinheiro para montar?
— Se não temos lugar, ou o lugar todo ano tá pior, não temos
como ter publicidade.
O senhor olha para João serio e fala.
— Saiba de antemão que sou contra.
João olha para ele e apenas o vê sair, sorri, alguém pressio-
nou de cima para baixo, pois o senhor veio se inteirar pessoalmen-
te.

440
Quatro semanas a mais se
passam, João olha os números da
empresa de Exportação, de Cria-
ção de Crustáceos, o inicio da
produção dos primeiros tecidos.
João olha para o advogado,
tinha segunda instancia do pro-
cesso da Estácio, uma audiência
rápida, o Juiz olha as provas, pega as testemunhas, os históricos, e
simplesmente cancela o processo, por falta de provas de existência
de sabotagem.
João gostou, ele não queria perder mais tempo com isto, isto
transformava aquilo em passado, a indagação sobre o processo da
Imperatriz, ia no mesmo caminho, falta de provas, apenas indaga-
ções por má fé.
João no final daquele dia passa em 3 locais, e confirma a obra
na lagoa e na Ilha do Fundão, e começa a pensar no que seria aque-
le ano, e muitos não entenderam, mas a proposta de desassorear a
lagoa, colocar sistemas de oxigenação baseados em energia solar
que remexem a agua e jogam oxigênio para a parte mais funda da
lagoa, e o uso da areia do assoreamento para ampliação da Ilha dos
Caiçaras.
Ele estava começando a pensar no transferir do problema pa-
ra a Ilha do Fundão, sentado no escritório quando o secretário olha
para ele e fala.
— Brigadeiro Ramalho pedindo para falar com você.
João olha o rapaz e fala.
— Manda entrar, nada urgente a nível de não poder conver-
sar.
João olha os dois cadetes ficarem a porta e o Brigadeiro en-
trar, ele estica a mão, não bateria continência.
O senhor a aperta e olha para a sala e fala.
— Aqui que se esconde?
— À tarde sim, pela manha cuido de camarões.
441
— Mandaram eu conversar com você, sei que pediu formal-
mente depois de não ter lhe dado atenção na arquibancada, mas a
pergunta que eles fazem, quanto a base receberia para dispor do
espaço, já que eles tem problemas orçamentários e precisariam de
recursos, falei com o presidente da Riotur, ele disse que nem sabia
do que estava falando, perguntei para alguns, e me indicaram você
como o autor da ideia, e quem poderia me dar algumas respostas.
— Se puder, sente-se senhor.
— Qual a ideia?
— Usar 1000 metros de pista, dispondo dos dois lados arqui-
bancadas e cadeiras, as cadeiras seriam vendidas, a arquibancada
ao fundo livre.
— Dois tipos de publico?
— Sim, teriam ainda camarotes e área de imprensa que não
sei ainda como os dispor, mas a ideia, ter 18 mil cadeiras que colo-
caremos a venda em Dezembro, 50 reais cada, intensão ter entradas
na base de 900 mil por dia, mas provavelmente no primeiro ano
podemos não as lotar, mas a ideia, preço de Dezembro, 50, preço
do Carnaval 100, se tiver algo livre, as pessoas vão estar de graça ao
fundo então não sei se dará retorno senhor, mas a ideia inicial é
esta, se for eficiente, consigo pagar um milhão de reais para estar
lá.
— E a estrutura?
— Isto vai quase pronta ao local, divisões que vão ser parafu-
sadas lá, mas que já estarão pré montadas, o erguer das arquiban-
cadas é um dia de serviço, mas tem todo o ajeitar do sistema de
câmeras de controle, luz, som, de área de vendas e de banheiros,
que demora até 4 dias.
— Teria como ser oficial a entrada de recurso, na proposta?
— Sim, como se diz, não se atrapalha os outros sem custos.
— E acredita que torna lucrativo algo assim?
— Brigadeiro, se tivermos a liberação, sim, pois se vocês tive-
rem intensão, ai começo a falar com Riotur, com Lierj, com patroci-
nadores, mas isto, se fecharmos um acordo de uso.
— E quando pagaria o recurso para uso da pista?
— Não sei como fica melhor Contabilmente para a Aeronáuti-
ca, se pagar no fim de Dezembro ou Inicio de Janeiro, pois vejo ape-
442
nas como uma data, mas sei que internamente se puser numa data,
é considerado sobras de recursos e podem sair do caixa, em Janeiro,
ficaria no caixa da Base Aérea.
— Está falando em pagar antes do evento?
— Sim, se confirmado, eu quero vender os ingressos em De-
zembro, e com eles, pagar escolas em Janeiro e 90% dos fornecedo-
res para o evento, é a hora que o dinheiro estará na conta, então é
quando acho melhor pagar os recursos.
— Passa uma proposta formal, pelo jeito está falando serio
em fazer disto uma apresentação?
— Sim, e se confirmarmos, vou confirmar com a Riotur, e pre-
ciso de acesso 15 dias antes do evento, se for possível.
— Fala serio em fazer algo com apenas 30 dias de interrup-
ção?
— Sim, mas pode ser que depois do primeiro ano, sejam ape-
nas duas semanas, é que a primeira vez é quando os imprevistos
acontecem.
— Vou passar para eles e espero a proposta.
— Estará em seu e-mail quando chegar lá.
O Brigadeiro sai e João olha o secretario a entrada.
— Problemas?
— Inspeção dos bombeiros.
— Sem problemas. Deixa olharem.
João olha para o senhor saindo ao fundo e começa a digitar o
prospecto para a Aeronáutica, assina, digitaliza e passa uma copia
por e-mail e manda uma para reconhecimento de firma.
João olha o prospecto e passa um para um grupo que promo-
vera um carnaval alternativo na zona sul, se tinham intenção de
fazer algo maior, em um lugar melhor preparado.
Os convites para alguns para eventos para o carnaval do ano
seguinte, fazia muitos nem olharem, mas ele tentaria novamente
ano seguinte, mas alguns que requeriam importação de arquiban-
cadas, sistemas e luz e som, faziam ele pensar no que poderia fazer
por ali, ele olha o prospecto da primeira arquibancada telescópica,
pelo prospecto era mais barato comprar na China, mas ele olharia
com calma a estrutura e se fosse passível, ele reproduziria, ele pede

443
uma especifica para testar uma ideia básica, de comissão de frente
para o ano seguinte.
Olha os prospectos e troca mensagem com o engenheiro que
falava que era muito dispendioso fazer daquele jeito, seria mais
barato uma estrutura toda tubular, mas João queria os cálculos e
quando o rapaz passou os cálculos estruturais, ele começa a pensar
no que faria.
Na cabeça dele, havia 3 projetos para o ano seguinte, um ao
norte da Ilha do Fundão, um na Pista do Campo dos Afonsos, e uma
na Ilha dos Caiçaras, ainda estava com dois projetos em aberto e
todos eles, pensando no problema estrutural.
Ele havia pedido duas balsas com estacas e duas dragas, que
estava abandonada no fundo da baia, sem uso, verificou o funcio-
namento e era hora de ver se era ferro velho total ou algo que seria
ferro velho após dois bons serviços. Então enquanto uma encostaria
na ilha do Fundão e começaria a por as estacas, as duas outras, es-
tavam em fase de preparo para transportar para a Lagoa Rodrigo de
Freitas, uma operação de guerra que muitos olhavam com desconfi-
ança, mas o prefeito apoiou, pois seria o desassorear de parte da
lagoa, e a proposta da ilha não pareceu ruim, não teria de tirar de lá
muita areia e atrapalhar todo andamento das coisas.

444
Duas semanas a mais João
recebe o convite a apresentar
pessoalmente a proposta para a
Aeronáutica, e convida Ruy para o
acompanhar, ainda parecia irreal,
mas no prospecto de João, as
coisas eram possíveis.
João chega com a proposta
e Ruy ouve a proposta, não era um pequeno projeto, ele pensando
em algo fácil, o rapaz estava falando em espaço para 36 mil pessoas
dia, em área para alimentação, para parque ao fundo, e para pe-
quenos shows no que seria o espaço carnavalesco Campo dos Afon-
sos.
Quando eles saem, Ruy olha pra João e pergunta.
— Isto que propusemos e eles aceitaram?
— Sim.
— Acha passível de implementação?
— Presidente, temos mais de mil e oitocentos metros de pis-
ta, vamos usar apenas mil metros, entre este usar, estará a armação
e a dispersão, lógico que coloquei coisas que posso gerar interesse,
obvio que tem coisas que somente no dia para entender o quanto
sou sistemático, e sim, teremos limites de altura, teremos limites de
tempo, teremos limites para que as pessoas deem seu melhor na
pista.
— Meu medo é que não consiga.
— Senhor, sei que o primeiro ano é difícil, mas as coisas as
vezes acontecem, e mesmo muitos não gostando, vamos dispor de
convites a vir nas avenidas, vamos pedir para a prefeitura autoriza-
ção e vamos tentar atrair muita gente.
— Acho que me assustei com sua explanação, e obvio, eles
toparam algo bem organizado, e fico na duvida do que vamos fazer.
João olha o senhor, sorri e fala.
— Me segue que lhe explico Presidente, e conversamos.
Eles saem dali e foram ao barracão no porto e João fala.
445
— Presidente, estamos com estrutura hoje, que poríamos no
lugar algo maior que foi o ano passado, mas é que não tínhamos
confirmado para começar a pensar no todo.
Ele chega a um canto e fala.
— O que vê aqui?
— Um armário, não entendi.
João chega ao lado, tinha no fundo daquele objeto de mais de
10 de comprimento, 1,6 de largura, e altura de 2,3 metros, o presi-
dente olha desconfiado, João recua e aciona o controle no canto e
aquilo avança a frente e o que era um objeto que ocupava 16 me-
tros quadrados, passa a ocupar 93 metros quadrados, ele olha aqui-
lo e olha que tinham outros no fundo e fala.
— Estava pensando em montar assim?
— Vamos montar assim presidente, ainda só tenho 50 destes,
quero ter 100 destes e 100 daqueles ali a frente.
O presidente olha e fala.
— Está falando serio em montar isto, quer dizer que tem mais
espaço do que o ano passado?
— Sim, mas preciso senhor, que tente marcar aqui com o pre-
sidente da Riotur, com o presidente da Lierj, para começarmos a
transformar isto em oficial.
— E quer marcar aqui?
— Onde eles vejam que já tem alguma coisa, que não é brin-
cadeira senhor, é serio.

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João coloca uma imagem a parede e o presidente sorri.
— E pelo jeito a ideia em nada é igual a Intendente?
— A ideia é algo para valorizar o carnaval, então teremos uma
banca em cada praça, que venderá camisetas de todos escolas, va-
mos verificar se teremos um DVD com todos os sambas, pode ser
um pendrive, todas estas praças, no centro, terá uma imensa esta-
tua de carnaval, nas entradas, o convite é feito por sambistas em
uma alegoria em cada ponta, é para ser uma festa do samba, tere-
mos câmeras, pois não quero algo que saia do controle, e terá a
transmissão para as praças dos desfiles, ali terá bares, terá festas
antes e depois, mas é que abriremos o carnaval na Sexta, faremos
desfile Sexta, Sábado, Domingo, Segunda e Terça.
O senhor olha os prospectos e fala.
— Pelo jeito pensou mesmo nisto.
— Há duas semanas eles me acenaram com a possibilidade,
então Ruy, preciso agora comunicar o que faremos para a Riotur,
eles tem de decidir se entram com algo, pois a bilheteria será con-
trolada por nós, as concessões internas, por nós, pois é onde vamos
por publicidade, estrutura, e ganhar recursos.
Ruy foi ligar para alguns e João confirma que teriam o evento
no ano seguinte para 8 patrocinadores, que esperava que eles esti-
vessem com eles neste prospecto.
João confirma com alguns comerciantes que existiria a aber-
tura de propostas para os pontos, e começa a passar o prospecto do
que seria o carnaval este ano, deixando a Intendente para ser no
Campo dos Afonsos.
João estava falando com um rapaz ao telefone quando Ricar-
do da Lierj chega ali receoso, com 3 seguranças e mais 4 presiden-
tes, Ruy olha para o senhor e fala.
— Podemos conversar serio Ricardo?
— O que pretende, parece que seu rapaz andou prometendo
coisas e alguns nos perguntam como se soubéssemos.
Ruy olha o senhor e fala.
— Proposta simples, tocar o carnaval do ano que vem, no lu-
gar de ser na Intendente, ser no Campo dos Afonsos, montamos a
estrutura na pista, com entrada, saída e controle total feito entre
nós, não pela Riotur, pois fomos nós que conseguimos.
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— Mas acha que alguém iria para lá?
— Acho que estamos começando já atrasados, mas é que
queríamos confirmar com eles antes de falar algo.
— Mas como vão fazer lá?
Ruy mostra a estrutura que estava encostada, teve a reação
aos olhos e os rapazes viram que havia muitas daquelas e Ricardo
fala.
— Estão acreditando nisto, mas porque aderiríamos?
— Ricardo, as escolas como estão, sobem para o A e descem
o ano seguinte, a diferença é muito grande, ainda não temos a con-
firmação, mas a organização disto, pretende dar de incentivo as
escolas do grupo B, pelo menos 100 mil reais em Janeiro.
— Está falando serio?
— Sim, os valores vão se tornando menores até os blocos do
E, mas a ideia é melhora total no desfile, não parcial.
— E quer que um conjunto das duas Ligas gerem isto?
— Posso chamar o dono da ideia, para lhe explicar?
— Sabe que este rapaz é problema Ruy.
— Problema, ele tocou o barracão da Beija Flor o ano passa-
do, ela foi campeã, ele tocou este ano o barracão da Imperatriz, da
Alegria da Zona Sul e da Chatuba, as três foram campeões, e não foi
através de compra de juízes Ricardo.
— Certo, ele irrita pois alguns querem ganhar e quando se vê
um carnaval dele, ficamos irritados, por não termos o mesmo, mas
o que ele teria haver com isto?
— Ele negociou e sabe os detalhes.
João sai do telefone e Ruy o chama, ele aperta a mão de Ri-
cardo e fala.
— Boa tarde.
— Ruy disse que saberia me explicar como funcionaria a dire-
ção disto?
— Queria trocar uma ideia sobre isto com os dois, pois a
ideia, é vocês receberem para desfilar, não é apenas desfilar na cara
e coragem, é a organização os pagar, então ela não pode ser feita
por vocês, pois vocês que a vão cobrar, também não gosto da ideia
da Riotur, pois ela segura o dinheiro e não abre os valores reais, mas
a ideia, é ser uma empresa a parte, gerida pelas duas Ligas, e junto a
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isto, cada escola ganhar para participar de acordo com o ponto que
esteja, mas se a estrutura der lucro, distribuir entre as 3 melhores
colocadas de cada grupo.
— E porque acha que daria lucro?
— Senhor, não estamos lá de favor, vamos alugar o lugar,
vamos dispor de estrutura própria, para que seja mais barata, mais
cara no primeiro ano, apenas montagem por pelo menos 10 anos.
— Certo, estrutura como a que está ai?
— Sim, mas com parte da arquibancada, ao fundo, livre, a
parte que chamo de frisa, a altura do desfile dos dois lados, paga,
não é caro, mas vamos vender estes ingressos em Dezembro, pela
metade do preço do dia do desfile, se vier a sobrar algo.
— E acha que alguém pagaria?
— Senhor, eu não estou querendo um desfile que ninguém
fale, ou que seja feio, quero um lugar gostoso, com estrutura, com
comercio, vamos vender camisetas de cada agremiação, vamos
produzir um DVD com todos os sambas, vamos amarrar marcas para
publicidade, mas também vamos colocar ali empresas que vão pa-
gar para estar ali, vamos ter a transmissão ao vivo de todos os desfi-
les por 3 grupos independentes via internet, já temos a empresa
que vai montar um parque de diversão internamente, eu acredito
que para o grupo B, se fizermos certo, em janeiro do ano que vem,
vamos entrar com um subsidio baixo, mas possível de 200 mil por
escola, se der errado, será os 100 mil por escola.
— Não falou sobre quem vai tocar.
— Oficialmente uma empresa que é controlada pelas escolas,
mas não teremos diretores de escolas, não quero carnavais feios
ganhando porque alguém pagou senhor, quero que todos deem o
melhor.
— Mas não confio em você.
João riu e falou.
— Sem problemas senhor, desfile na Intendente! – João.
— Mas porque alguém iria assistir as ruins.
João não respondeu, ele poderia dizer até as palavras seguin-
tes do senhor, que olha Ruy, ele sorri e Ruy interrompe e fala.
— Ricardo, para de ser infantil, não é criança, mas se quer ba-
ter em quem teve a ideia, fez as propostas, sabe tornar isto lucrati-
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vo, apena porque ele não se vende para seus meninos violentos, e
não está nem ai para seu amigo da Estácio, não vamos discutir mais
nada, pensamos em algo para todos ganharem, do jeito que está,
realmente está muito fácil para as que já estão no A, mas não es-
quece presidente, elas estão decaindo, estávamos pensando em
ajudar a parte que fica fora da Marques, pois lá sabemos que é fácil
conseguir apoio, mas estranho alguém que se diz uma liga do Grupo
A e B, só pensar no A. – Ruy.
— Tem de considerar que é uma ideia arriscada.
— Mais arriscado do que desfilar sem estrutura da Intendente
Magalhães? – Ruy.
— Mas os gastos podem não viabilizar um segundo desfile.
— Sim, mas estamos nos propondo a organizar algo que to-
dos ganhem, mas concordo com o rapaz, não pode ser administrado
por nós, pois senão as empresas patrocinadoras não vão por dinhei-
ro, assim como se puserem através da Riotur, acaba promovendo
um bloco na zona sul.
— Mas sem controle do dinheiro.
— Entendeu Ricardo, seremos pagos em Janeiro, antes do
desfile, quer o controle para que, desviar?
— Ele é conhecido por roubar escolas.
— Sim, ele é conhecido por gerir carnavais impossíveis, que
depois para não se pagar, o acusam.
— E teríamos de concorrer com coisas imensas?
— Não, vamos ter os três pontos de partida, meio e fim, de-
terminando a altura máxima, é como ele falou, não estamos fazen-
do desfile para arquibancadas que estão a 10 metros de altura, es-
tamos falando de altura máxima de arquibancada, de 10 metros.
— E querem saber se o grupo B vai desfilar.
João olha para o senhor e fala.
— Não quero saber se você quer Ricardo, quero saber se as
escolas do grupo B querem, não estou nem ai para o que um presi-
dente de Liga quer, pois você se troca, muitas vezes durantes déca-
das de desfile, queremos uma posição das escolas que pagam para
estar na Lierj, e para serem representadas pela liga. – João.
— Não vou sair porque você quer?

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— Não quero, não entendeu, tem um escola que saiu de qua-
se rebaixada para não estar mais na Lierj, pois subiu, mas sabe que
se não tivessem aqueles votos em fantasia do ano passado, ela já
estaria lá, eu sou pela disputa real, não pela de faz de conta, eu levo
a serio o carnaval, sei que me acusam de roubar aqueles trocados,
mas como disse para Ruy, se querem que sobre recursos, uma em-
presa tem de tocar isto, uma empresa independente administrati-
vamente, mas não contabilmente, algo que reja o espaço, os contra-
tos, mas que faça isto independente de quem está em que Liga, mas
que precisa ao fim de cada carnaval, mostrar as Ligas que desfilam
ali, cada gasto, cada entrada, cada resultado, não é para ser inde-
pendente financeira, mas de uma forma que eles se preocupem
com a melhor forma de fazer, de vender, de conseguir as coisas.
— E se discordarmos da administração?
— Não digo que as pessoa concordem com meus gastos se-
nhor, mas eu defendo meus gastos, eu não toco administrativamen-
te nenhuma das 8 empresas que tenho, eu não gosto de ficar no dia
a dia de algo, e sim, pensar nos passos que ela vai dar, eu aproveitei
uma brecha e me enfiei de cabeça no carnaval Carioca, mas não
quer dizer que faço sem pensar nos custos.
— E pelo jeito quer nos enfiar a ideia goela a baixo.
— Não, apena quero ela dando certo, não vou largar a ideia
antes de a ver funcionando, se acha que foi fácil chegar a algo que
eles aprovassem dentro de uma base militar senhor, não entendeu
nada, mas como disse, vamos fazer parte, quem sabe não faça como
outros presidentes, seguram a descida de escolas e fazem de conta
que absorvem as que subiram, as desmobilizando totalmente.
— Não sou de sacanear com as escolas.
— Então porque da arrogância, porque do não querer a me-
lhora delas, pois veio já pronto para dizer não, a pergunta, porque?
— Não gosto de você.
— Quer que lhe indique um psicólogo, pois não fiz nada de
mal para você.
Ruy segura a rizada, e Ricardo olha ele atravessado.
— Não sou palhaço.
— Então não se comporte como um, pois alguém vira para
você e diz, temos um lugar melhor, temos um dinheiro em caixa
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para cada escola, temos um lugar que pode fazer bem a sua escola
se ela estiver lá vendendo os produtos da mesma, não falamos em
dividir custos e sim dinheiro, e está arredio e querendo administrar
o problema, se acha que as arquibancadas saíram de graça Ricardo,
não saíram, se acha que é barato o aluguel de uma base aérea, não
é Ricardo, se acha que toda estrutura de Luz, som e comercial que
pretendemos por lá é gratuita, não é Ricardo, você para dizer não
falou que não confia no rapaz, ele me convidou a tentar, ele tirou
do bolso as estruturas, a garantia do aluguel, o projeto elétrico, civil,
e hidráulico do lugar, eu entendo ele não querer antes do primeiro
ano, dar a direção a alguém, é o dinheiro dele que está ali, não o
seu, não o meu. – Ruy.
Ricardo olha para a arquibancada ao fundo e pensa em quan-
to custava aquilo, sabia que não era barato, e eles não compraram
uma, tinha varias ali, ele não conseguiria de onde estava contar as
50, mas dava a sensação de muitas.
Ruy olha os presidente ao fundo e fala.
— Pensem, o grupo, C, D, E e F vão desfilar no Campo dos
Afonsos, na estrutura que vamos montar lá, não é uma rua pela
metade, é o se preparar para estar no grupo A, mas a escolha é de
vocês.
— Não existe grupo F. – Ricardo.
— Estamos recebendo eles amanha, para assinar a filiação
com a AESCRJ, vinte blocos a mais que estavam se desfazendo, e
João entrou em contato, então estamos somando até agora, 18
blocos a mais, deve chegar a 20, então teremos 13 escolas no C, 14
no D, 20 no E, e 20 no F. – Ruy.
Ricardo olha para Ruy, estava dizendo que eles estavam cres-
cendo, e que ele teria de decidir.
— E já falaram com a Riotur?
— Ainda não, não sabemos se vai estar nisto ou não, então
estamos esperando para saber se você fará parte ou não.
Os outros olham para Ricardo, eles fazem sinal que sim, o se-
nhor não queria, mas politica ele entendia, estava num ponto que
se recuasse ficaria, se não, teria um debandar das escolas do B para
a AESCRJ, pois agora eles estavam organizados.
— E se aceitar, como faríamos?
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Ruy olha as folhas e fala.
— Estamos Ricardo, fundando uma fundação sem fins lucrati-
vos, que terá direção independente, mas que nos presta serviço, ela
tem como objetivo, único, fazer o carnaval na Base do Campo dos
Afonsos, ela levanta as estruturas, os custos, os patrocínios, os in-
vestidores e em Janeiro de cada ano, passa proporcionalmente a
cada divisão os recursos, na estrutura que montamos hoje, preten-
demos em Janeiro estabelecer a divisão dos recursos, com o assinar
de cada presidente que tomar o recurso, a garantia que vai desfilar,
ai recebe o recurso, que será na conta da escola, Ricardo.
— Falou em 100 mil, é serio? – Um dos senhores. – Um dos
presidentes ao fundo.
— Valor de hoje, mas arredondamos para ficar fácil a conver-
sa, mas está hoje para cada escola do grupo B, perto de 116 mil,
então estamos segurando gastos para que as escolas recebam o
bruto, não a organização. – Ruy usando os números que João havia
passado a ele.
— Acha que se confirma este valor? – O mesmo senhor de
nome José, da Lins Imperial.
Ruy olha para João, que fala.
— Se tivermos o grupo B, fica mais fácil de conseguir, mas es-
te valor, é baseado em um ano de trabalho, mas se fizermos certo,
pode ser que não seja 116 e sim 200, mas será um ano de trabalho,
os prospectos de investimentos tem 3 valores, 116 se formos inefi-
cazes, 200 se formos bem sucedidos, e 291 se formos ao ponto má-
ximo de primeiro ano.
— E corre atrás de qual numero?
— Tem de considerar que eu penso no todo, isto quer dizer
pensar em 3 milhões e quinhentos mil para o grupo B, é o valor que
corro, isto daria os 291 mil, mas tem se considerar que estamos
comprando ainda, fazendo os prospectos, e as estruturas que vão
ser montada lá.
— E isto quer tirar em um ano? – Ricardo.
— Eu pretendo que dê certo, pode ser que não consiga tirar
um centavo senhor, mas quando se vê uma mina de ouro sendo
deixada ao ar para oxidar e se perder, resolvi intervir, se acha que
falou demais, não imagina o que ouvi do Brigadeiro Ramalho a pri-
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meira vez, eles tratam nosso maior valor com desdenho, mas não
estava querendo discutir, queria uma solução, e nossa ideia, não
pense que não assustou Ruy, que não me custou já mais do que a
prefeitura investiu o ano passado na Intendente, mas é que acredito
na força disto, no poder disto. – João.
— E o que teria a seu favor contra a acusação de ter sabotado
uma escola de samba do Grupo A.
— Não teria cedido aquele chassi se soubesse que eles quan-
do falhasse, iriam jogar sobre mim.
— Você que comprou a estrutura? – O carnavalesco ao fundo
quieto.
— Sim, eu investi e não recebi mais de 3 milhões em 3 carros
da Estácio, cedi barracão, ferro, maquinário e o que consegui, um
processo que já foi cancelado, por falta de provas, mas é obvio, é
mais fácil acusar o Curitibano do que dizer, dirigimos como malucos
pelas ruas e estouramos um pneu num meio-fio.
— E a acusação deste ano? – O mesmo senhor.
— As vezes temos de pedir a identidade de quem pula na
nossa cama, e não sabia que a menina do Luiz não tinha 18 anos.
Ricardo olha serio e fala.
— Sabe que isto é crime?
— Senhor, a briga é porque montei uma malharia, e uma con-
fecção com a menina, ela queria a ajuda e ajudei, parte dos tecidos
do ano passado, foram produzidas pela própria filha do Presidente
Luiz, mas quando ela me cobrou o valor dos tecidos, o presidente
quis não me pagar, e soube que quem produzira fora a filha, e ficou
mais furioso, pois ele estava falando que eu roubei, e de repente
tem a filha na frente dele pedindo para receber pelo que fez.
— Mas ela é de menor.
— Se tivesse acontecido seria crime senhor se fosse forçado,
ela pular na minha cama, não quer dizer, aconteceu.
— E o que deu este processo.
— Ele não tem provas que roubei, apenas ele quer aceitar al-
guém que me derrubou de um carro de 10 metros, e sabe que eu e
Romarinho não vamos trabalhar juntos. Romarinho é da família
Imperatriz, eu, apenas o construtor de carros alegóricos.
— E pelo jeito ainda chateado.
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— Passa, e pelo jeito este ano, depois da reunião da semana
passada na Lierj, presidida pelo senhor, o grupo A pode ter carros
alegóricos maiores que o grupo Especial.
— E vai estar lá através de alguma escola?
— Fui convidado a ajuda a Unidos da Ponte, mas ainda pen-
sando em como fazer um carnaval, e sou apenas o apoio ao carna-
valesco, como nas demais.
— Assina algum carnaval o ano que vem?
— Chatuba com certeza, todo resto é apenas ganha pão.
— E se ela não ganhar, vai ficar chateado?
— Se ela errar, não for bonito, eu aceito ficar no lugar que
julgarem, eu não faço carnaval para o Júri, eu faço para mim, e mui-
tos reclamam, mas é que faço algo que eu gostaria de assistir.
— E acha que as pessoas vão ao Campo dos Afonsos?
— Senhor, vamos lançar as pessoas no nosso mundo, o do
samba, da fantasia e da escola, então obvio, somente os que forem
saberão como foi lá, mas duvido que o que for no primeiro dia, se
puder, não volta no segundo.
— Quer conquistar um publico.
— Sim, mas quero o espaço ao povo nas arquibancadas, não
somente os que podem pagar, estou ainda terminando o projeto
senhor Ricardo, apenas é algo para toda a comunidade, sei que al-
guns vão falar, mas ele está fazendo outras coisas, eu não misturo
dinheiro, eu não misturo negócios e não misturo coração nisto se-
nhor, e como alguns falam, tento ser correto, com quem é correto
comigo, me defendo como posso em todos os sentidos, mas tudo
que a ideia se baseia é, falar com cada agremiação, tentar conseguir
em sua região um barracão, apoiar a cada um para deixarem de ser
apenas agremiações temporárias, para voltarem a ser agremiações
em ano integral, vamos promover uma gravação do DVD de todas as
escolas e blocos do Campo dos Afonsos.
— Fala como se quisesse fazer algo que já existe. – Ricardo.
— Sim, fazer algo que já existe, mas um pouquinho melhor,
apenas isto, e não esquece Ricardo, vai ser como em todo lugar, eu
posso fazer algo, mas quem recebe as glorias são vocês.
— E porque insiste em se esconder?
— Digamos que tenho inimigos, e não os quero por perto.
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— E pelo jeito pessoas violentas?
— Gente que se diz violenta, mas não é por isto que prefiro
ficar na sombra, sei que não seguro a língua, e postos acima, precisa
se segurar a língua, não interessa se você tem razão, todos querem
ouvir o que pensam, não o que eu penso sobre o assunto.
Ricardo assina a participação, leva o prospecto para que as
demais escolas do grupo B se inteirassem de onde desfilariam, e no
fim do dia Paulo Teixeira, entra pela porta e cumprimenta o presi-
dente Ruy.
— O que quer falar Ruy?
Ele estica o prospecto para o ano seguinte e fala.
— Apoio da Riotur para os desfiles da serie B, C, D e E, colo-
cando o nosso carnaval no prospecto da Riotur do ano que vem.
— Mas onde seria?
— Campo dos Afonsos, através de uma empresa criada hoje,
e gerida pelas duas associações, a Lierj e a AESCRJ.
O senhor olha desconfiado e fala.
— Então o que estavam tentando era achar um lugar, mas
acha que vai ser positivo?
— Vamos tentar incomodar o mínimo possível, mas quería-
mos já comunicar a Riotur, vamos ter desfile no Campo dos Afonsos,
Sexta, Sábado, Domingo, Segunda e Terça.
— Vão promover o sorteio quando?
— Assim que terminarmos de verificar as atas e documentos
das agremiações.
— E vão tentar por lá quantas pessoas?
— Vamos tentar erguer uma capacidade próxima de 36 mil
pessoas dia, mas é tentando mais para chegar a pelo menos metade
disto.
— E vão por isto lá como?
O presidente apresenta o prospecto de montagem e Paulo fi-
ca impressionado e após isto o presidente mostra um dos modelos
baixos do que iriam por lá, o senhor repara que é basicamente reco-
lhível, tem rodinhas, tem certificação de montagem, olha para Ruy e
fala.
— Por isto colocou aquele rapaz?

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— Sim, tenho de confessar que fiz para o desacreditar, mas
este prospecto, quando ele defendeu, eu fiquei tenso, mas como
eles aprovaram hoje o prospecto, antes de ter fofoca, eu resolvi
abrir o jogo com as demais partes.
— E pelo jeito quer fazer algo bonito?
— As estruturas para luz, som, ainda não chegaram, vamos
montar basicamente 18 praças de alimentação externas ao show,
teremos duas entradas, para não termos problemas de a direita ou
esquerda da pista, mas com certeza ajudaria algumas linhas especi-
ais ligando a região.
— Apresenta formalmente isto?
Ruy pega a proposta formal na mesa e entrega ao senhor que
viu que era serio, e fala.
— Pelo jeito alguém está pensando no carnaval antes mesmo
do prefeito pensar nisto.
— Sim, estamos pensando serio neste carnaval.
O senhor sorriu, levou a proposta formal e olhou João ao fun-
do apenas fazendo cálculos, sem entender onde o rapaz queria che-
gar, mas pela primeira vez, teriam o desfile dos grupos base em um
lugar com controle de entrada.

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João chega em casa e olha
Douglas a porta, ele entra e faz
sinal para o rapaz entrar.
— Problemas delegado?
— Sei que está aprontando,
e não sei como lhe deter.
— Não sei o que falar Dele-
gado, sei que estava por trás da-
quela tentativa idiota de me prender a um mês, se está aqui deve
ser mais por ciúmes do que por sua mãe.
— E não tem medo de se dar mal?
— Como já disse varias vezes, eu me dei mal, eu perdi tudo,
amor, filha, mas vocês só olham suas perdas, pois as minhas não
lhes afeta, mas se hoje voltasse a minha cidade, já teria historias a
contar, mas nenhuma é totalmente feliz, ou totalmente triste, mas
obvio, nenhuma delas é como vocês contam.
— E pelo jeito quanto mais lhe atacamos, mais fica forte, ouvi
uma ligação de Micaela a Priscila, falando que vocês são inertes
quando não atacados, mas não me parece inerte.
— Eu sou algo que não deveria existir, mas ainda não achei
alguém que pudesse me matar.
Joao olha aquele rapaz lhe esticar a arma e falar.
— Mas é minha função lhe matar.
João não se assusta com a arma, talvez fosse mesmo, e viu o
rapaz mirar no seu peito, não na cabeça e dar 3 tiros, sente as balas,
se recolhe, e cai para trás, Douglas sente as almas saindo, olha
aquele ser na forma de um cão de asas a sua frente, as almas saem
e o contornam, então não atravessaram Douglas.
Elas sentem o corpo ao fundo, a liberdade, uma hora estavam
saindo, no seguinte, surgindo nos campos de almas de Orun.
Douglas olha o ser olhar para ele e fala.
“Tem de considerar que é o certo!”

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Douglas se encolhe, tampando os ouvidos, de tão forte que
foi aquele som, as janelas estouram e ele sai meio atordoado, entra
em seu carro e sai dali.
O ser olha para o corpo de João caído e olha para a alma de
João ali de pé e fala.
— Tem de ir a Orun.
— Para ir para lá não tem de acreditar?
— Não, é o caminho normal as almas.
— A verdade ser com cara de cão.
— Respeito.
— Não tenho de respeitar quem apela para um ser com ciú-
mes para tentar me matar, mas quero a verdade.
— Tem de ir, seu corpo levou 3 tiros de bala de prata, benzi-
das em um terreiro, lavadas em essências, com seu nome gravado
nelas, para que fossem apenas suas.
João riu, olha o corpo e as balas saindo e fala.
— Já que não sabe a verdade, apenas me deixa descansar.
A alma volta ao corpo, se levanta com toda dor e olha as ba-
las caírem ao chão e as pega, põem em uma caixa, sentado ao chão,
leve, sente o ser e fala.
— O que não sabe ser com cara de cão, é o que também eu
não sei, porque não morro, a dor sinto, a angustia sinto, a felicidade
parece sempre passageira, e no fundo não sabe o que me protege,
assim como não sei o que você é.
Com a queda de João, o estourar das janelas, a segurança viu
o delegado sair e chegam a volta, tensos de ver o patrão morto e
veem ele sentado ao chão e um fala.
— Verifica se tem mais gente por ai?
O rapaz olha João e fala.
— Tudo bem senhor, entrou com o delegado, ouvimos os ti-
ros, as janelas explodirem, está bem?
João olha para a TV estourada, as janelas e fala.
— Alguém me deu um tiro, não vi quem, mas verifica, estava
sentado, o delegado tinha saído, não entendi.
— Não foi o delegado?
João não respondeu, o ser ainda estava ali, e fala.
— Estes coletes protegem, mas dói da mesma forma.
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O rapaz viu a marca de sangue na camisa e fala.
— Está bem? – Apontando a camisa.
— Eu acho que ainda não foi desta vez.
João entra, toma um banho, troca de roupas e vai a uma loja
da região e compra uma TV nova, liga para a empresa e diz que vai a
Angra resolver alguns problemas.
Ele olha para o carro, deixa as ordens de limparem, que o vi-
draceiro viria, e que retornava depois da reforma.
Pega a estrada no sentido de Angra dos Reis.

Continua...

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