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Psicologia e Relações étnicas Raciais: Os efeitos psicossociais causadas pelo racismo na

sociedade brasileira.

Leandro Eustáquio Elias

Orientadora: M.e Carla Cristina Soaras do Vale

Resumo

A proposta de abordagem dos efeitos psicossociais causados pelo preconceito racial no


cotidiano da sociedade brasileira se pretende através da análise bibliográfica de autores
que se propuseram a discutir a temática, e o papel da Psicologia enquanto ciência no que
se refere às relações étnicas raciais. A importância de apresentar a visão psicológica
social comunitária, campo diverso que tem como uma de suas bandeiras a proposta de
debruçar sobre o tema, e o quanto se tem feito no que tange a discussão do mesmo. A
sociedade brasileira por bastante tempo vem buscando meios de lidar com as tensões
socioeconômicas causadas pelo preconceito racial. Levar essa discussão para dentro da
academia, é de suma importância, pois possibilitará aos futuros profissionais de áreas
diversas, reconhecer a importância de lidar com um tema que tem ganhado certa
visibilidade seja na clínica, empresa em toda esfera do âmbito público privado em geral.
O racismo ainda atravessa nosso imaginário social e suas facetas afetam nossas relações
sociais. Assim perguntamos por que no Brasil se torna tão complexa a discussão do
racismo e seus efeitos em nossa sociedade?

Palavras-chave: Identidade. Violência Racial. Cultura

Trabalho apresentado no Eixo Temático 7 Sociologia do X Congresso de Pesquisa e V


Semana de Ciências Sociais da UEMG/BARBACENA
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Introdução

Construir uma identidade positiva é fundamental para uma vida saudável, pois a
partir dela o sujeito tem lançadas as bases para escolhas bem direcionadas e que
contribuíram na busca para desenvolver o melhor de si. A cultura ocupa um lugar de
destaque nessa construção, pois ela traz consigo a Gênesis do sujeito. Falar de alguém e
desconsiderar sua cultura, com seus costumes e tradições é negar sua identidade. Ao
sujeito negro essa visão positiva do que é ser belo, digno e humano lhe foi negado. Em
seus quatro séculos da escravidão transatlântica, os povos europeus subjugaram,
saquearam e usurparam toda a beleza da cultura dos povos africanos. Nas variadas
formas de escravizar alguém, a mais eficaz é retirar o sujeito de seu meio, e colocando-o
onde será incapaz de se comunicar. Essa tática usada pelos invasores europeus, ao
transportar para o Brasil aproximadamente 10.247.500 milhões de pessoas.
(ALENCASTRO, 2000, p 378-379).

Esse comércio impactou diretamente no continente Africano, que perdia


principalmente sua mão de obra masculina em idade produtiva. Por outro lado, mudaria
de vez a constituição da população brasileira. Na versão positiva da miscigenação
brasileira, cuja proponente mor é evidentemente Gilberto Freyre, as relações sexuais e
afetivas entre homens portugueses e suas mulheres subordinadas “negras” e índias
atenuaram os antagonismos entre senhores e escravos, letrados e analfabetos (Peter Fry
2004) seres humanos e animais. É dessas relações complexas que constitui a nação
brasileira, que segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2011) tanto no período áureo da escravidão e hoje o Brasil é composto em sua
grande maioria, de pessoas pretas e pardas. Portanto de onde vem essa insistência de
atitudes racistas que permeiam a sociedade brasileira? Assim existe a necessidade de se
discutir as relações entre pretos e brancos no País, já que por aqui se considera o paraíso
racial? Ao contrário da África do Apartheid e os EUA do Jim Crow?

Em primeiro lugar percebe-se que de tempos em tempos é possível observar


algumas manifestações racista na sociedade brasileira, dependendo do local e de quem
for à grande mídia até dará algum destaque por um tempo. O site Geledés destaca a fala
do ator Lázaro Ramos no programa esquenta, relata-nos que atitudes racistas
acompanham o negro brasileiro todo o dia. Assim torna-se complexo debater racismo
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num País que construiu sua riqueza a partir da mão de obra escrava dos negros africanos
e seus descendentes, por outro lado nega veementemente e vê com horror demoníaco
tudo que venha lembrar sua raiz africana. Seja essa africanidade nas relações étnicas
raciais, no modo de vestir, e principalmente nas práticas e tradições aculturadas do
catolicismo e candomblé.

Negar práticas racistas e sua perpetuação nas entre linhas sociais brasileiras é
mais fácil do que aceitar o quanto somos preconceituosos. Pois debater o racismo à
brasileira é tarefa complexa, por tocar em privilégios centenários, dado aos que
usufruíram e ainda usufrui das vantagens de seu status quo. Também por todo
desenrolar afetivo sexual existente nas relações entre os senhores e pessoas
escravizadas. Ao estudar alguns dos processos crimes existentes na Biblioteca
Municipal de Barbacena-MG, Santos (2014) irá nos apresentar a complexidade dessas
relações. Onde muitas vezes se observará uma movimentação marcante e livre de
algumas senhoras escravizadas, munidas de uma autoridade concreta e real nessa
sociedade oitocentista.

Seguindo percebe-se que nossa constituição de sujeito se da pelo processo de


identificação, assim é preciso que haja um modelo a partir do qual o indivíduo possa se
constituir um modelo ideal perfeito ou quase (SANTOS 1983). Ao sujeito negro foi
deixada como herança uma negação quase que constante do que é ser belo, digno e
humano. Se passarmos de uma a três horas na frente da TV, majoritariamente as
propagandas de quase, se não de todas as emissoras, trará a representatividade do sujeito
branco como modelo de sucesso, beleza o ideal a ser alcançado. O impacto que isso
causa nas pessoas fora daquele padrão, principalmente para as crianças e adolescentes
em fase de desenvolvimento é devastador.

O olhar do Europeu transformou os não europeus em um diferente muitas vezes


ameaçador (BENTO, 2009). Assim ninguém quer ou deseja se identificar, com uma
raça destituída de prestigio, jogada a sua própria sorte e que não esteve em outra
posição, se não para servir. Durante muito tempo essa foi à história contada à sociedade
brasileira da trajetória do povo preto nessa terra de santa cruz, sendo relatada por quem
vencerá, sem deixar de levar consigo toda riqueza adquirida sobre o sangue dos
africanos e seus descendentes escravizados. Portanto o tesouro nacional é fruto das
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almas de Mulheres e Homens pretos que padeceram na construção da nação brasileira


(PRUDENTE, 2014).

Nos variados modos de tentativa de desconstrução de todo estereótipo associado


aos povos africanos e seus descendentes, acreditamos que psicologia social se torna
grande aliada e uma ferramenta para combater o preconceito racial. A começar pela
desconstrução do conceito de democracia racial, será possível reconhecer a presença do
racismo a brasileira em maior ou menor grau e identificá-lo como provocador de
sofrimento psíquico. Há medida que se vai observando nossos centros culturais ou em
cidades históricas como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e por todas as cidades barrocas
do estado de Minas Gerias, se verá quanto os negros contribuíram na engenharia na
metalurgia e na beleza arquitetônica desses locais.

Há presença negra nas Igrejas e casarões em vários monumentos de destaque,


todos majoritariamente construídos por negros. Dessa forma criam-se meios para
discussão das relações étnico-raciais fazendo frente à desmistificação do imaginário
fantasioso da trajetória do negro, ensinado por muito tempo nas escolas brasileiras e a
saber, que lutar contra o preconceito racial, é um desafio de toda a sociedade. Por conta
de realidades assim a implantação da Lei 10.639 e correlatas, são de caráter urgente,
pois o pensamento de que os negros não construíram histórias de conquistas da qual se
deva orgulhar ainda é real.

Quem perde com tudo isso é sociedade brasileira, que dia-dia joga para debaixo
do tapete sua História se afundando em seu complexo de vira latas. Veste-se a máscara
da democracia racial, mas estamos mais próximos dos separados mais iguais dos EUA,
pois enquanto para o resto do mundo o Brasil é o paraíso multirracial harmonizado,
sabe-se de passagem as tensões raciais existentes em nosso País. A distância
socioeconômica a separar pretos e brancos ainda é grande, por isso é preciso denunciar
todas as formas de racismo e trazer as claras toda e qualquer forma de humilhação
injuriosa. Aproveitar de todas as formas possíveis para denunciar o preconceito racial
seja por meio das redes sócias e afins, fazem parte das estratégias encontradas por
diversos estudiosos das relações étnicos raciais. Como praticas que visam despertar no
cidadão brasileiro a reflexão e levá-lo entender um pouco sua própria história.

Diante desse resgate o véu da separação racial e a dupla consciência expressão


usada por (Du Bois 1999), para explicar que o negro nasce dentro desse véu que é a
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segregação racial, e possui essa dupla consciência de ser africano americano, sendo
excluído na própria terra que ajudou a construir. Esse mesmo véu paira sobre nossas
cabeças, nossas famílias em nossos trabalhos. Como um animal incapaz de se detectar,
ele o racismo segue fazendo suas vítimas, levando os descendentes dos libertos a
duvidarem de sua humanidade, e aos descendentes dos senhores a questionar onde esse
povo pretende chegar.

Conclusão

Portanto é de nós para nós, pois o que está em jogo é a construção positiva da
identidade nacional. Que passa pela questão de aceitar-se brasileiro, pois o que
aconteceu aqui é admirável aos olhos de todo mundo. Mas ainda é socialmente difícil de
ser aceito por um todo. Haja vista a busca de origens estrangeiras na composição
genealógica familiar, numa tentativa errônea de ser tudo, menos descendente de
africano. Pois segundo Nogueira (1991) no Brasil tem-se o racismo de marca, quanto,
mas escura for à pele, mas negro será. Por outro lado, quanto mais claro for, mas livre
estará de suas origens africanas. Assim é óbvio o quão distante estamos dessa
positividade nacional, e o quanto é preciso trabalhar principalmente com nossas crianças
e adolescentes a beleza e a riqueza que é nossa história e constituição como nação.
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Referências Bibliográficas

Du Bois, W.E.B(Willian Edward Burghardt) 1868-1963. As almas das Gentes


negras; tradução, introdução e notas, Heloísa Toller Gomes. Rio de Janeiro: Lecerda
199

Moutinho, Laura. Razão, cor e desejo: Uma análise comparativa sobre


relacionamentos afetivos-sexuais “inter-raciais” no Brasil e na África do Sul. São Paulo;
Unesp, 2004

Nogueira, Oracy 1991 Tanto preto quanto branco: estudo de relações


raciais. São Paulo, T. A. Queiroz.

O tráfico negreiro na sociedade escravista do Brasil. Afonso de Alencastro Filho.

Políticas de Ações Afirmativas em Beneficio a População Negra no Brasil- Um


ponto de Vista em Defesa de Cotas. Prof.ª Sheila Miranda UFSJ (organizadores).
Vários autores.

Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no


Brasil. Iray Carone, Maria Aparecida Silva Bento (organizadores). Vários autores.

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O regime internacional de combate ao racismo. Editora Impetus: Rio de Janeiro.

Saberes e fazeres, v1: Modos de ver. Coordenação do projeto Ana Paula


Brandão – Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2006.

Santos, Roseli dos: Herdeiros da escravidão; distribuição de legados a escravos


no Termo de Barbacena (1850 a 1888) [manuscrito] / Roseli dos Santos. – 2014.

Sousa, Neusa Santos. Tornar-se negro: as Vicissitudes da identidade do Negro


brasileiro em ascensão social. Neusa Santos Sousa. Rio de Janeiro: Edições Gerais,
1983 coleção tendências; v.4
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http://www.geledes.org.br/lazaro-ramos-diz-ter-sido-vitima-de-racismo-e-
constante-na-vida-do-negro/#gs.7BE9Odg acesso em 03-11-2016

http://www.institutocpfl.org.br/cultura/2015/08/19/raca-e-racismo-no-brasil-
contemporaneo-com-carlos-medeiros-integra/ acessado em 04-11-2016

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