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SENADO FEDERAL - SSTAQ

Sessão: 016.1.54.O Data: 23/02/2011

O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB – AP) – Em discussão o


projeto e as emendas.
O próximo orador é o Deputado Aloysio Nunes Ferreira, que falará pela
Oposição; em seguida, o Deputado Walter Pinheiro, que falará pelo Governo.
Perdão, já começo a trocar porque a mudança é tão rápida de Deputado
para Senador. Eu só tenho que dar parabéns ao Deputado Walter, mas ele hoje é
Senador.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB – SP. Para discutir. Sem
revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, esta é uma sessão
memorável do Senado não apenas pelo que está acontecendo no plenário, não apenas
pela presença, nas galerias, de trabalhadores de todo o nosso País, da ativa e
aposentados, mas também em razão daquilo que aconteceu antes desta sessão, Sr.
Presidente, uma audiência pública na Câmara dos Deputados, um debate intenso de
números e das realidades humanas que estão por trás desses números.
Houve artigos na imprensa a favor deste valor ou daquele valor do salário
mínimo. Discutiram-se os méritos respectivos de um governo ou de outro na luta, na
busca da valorização constante do salário mínimo em nosso País. Levantaram-se
hipóteses a respeito de usos alternativos de recursos fiscais que hoje são, por exemplo,
despendidos para enxugar a liquidez em reais de reservas que vamos acumulando e que
tornam o investimento aqui no Brasil um cassino onde aqueles que jogam não perdem
nunca. Estamos aqui todos reunidos. Assistimos ao Presidente Itamar Franco se esgrimir
com o Presidente Sarney, argumentos de ordem regimental, sempre visando um debate
mais efetivo, vivo, esclarecedor, não apenas para nós Senadores, mas sobretudo para os
brasileiros. Uma reunião memorável!
Ora, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, isso tudo vai acabar. O Governo
não quer mais esse tipo de reunião. O Governo não quer mais o debate político. É isto
que está em jogo na proposta do Governo do PT: transferir para a alçada exclusiva do
Poder Executivo a fixação do salário mínimo. Pois é disto que se trata: eliminar a política,
o debate, o pronunciamento do Parlamento dessa decisão, que é crucial em matéria de

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Sessão: 016.1.54.O Data: 23/02/2011

política econômica, pois se trata da remuneração do trabalho, especialmente das


camadas mais sofridas, mais deserdadas do mundo do trabalho.
Querem acabar com o debate político, transformar tudo em prerrogativa do
Executivo, como se a Constituição não dissesse que é a lei que deve fixar o salário
mínimo. Por que esse artigo está na Constituição no elenco dos direitos sociais? Isso não
está lá por acaso, esse artigo na Constituição remete a uma longa história de luta dos
trabalhadores brasileiros para terem o salário mínimo unificado nacionalmente e definido
por lei, ou seja, por um ato normativo emanado do Congresso Nacional. Fixar em lei
significa dizer qual é o número, cravar aquela importância que o trabalhador encontrará
depois depositada no banco, ou no seu holerite. Fixar é isso, é dizer qual é o número.
Lei não é portaria, nem decreto, não é norma do Banco Central, nem
cardápio de restaurante, não é tabela da loteca. Lei é ato normativo emanado do
Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente da República. É com isso que querem
acabar, acabar com a política.
Ora, Sr. Presidente, Srs. Senadores, fora da política não há salvação para
as camadas mais pobres do mundo do trabalho. Os capitalistas, o capital financeiro, este
ganha graças a expedientes tramados nas sombras. São decretos, atos normativos,
portarias, resoluções ou mesmo artigos como esse, artigos de lei como esse art. 6º do
projeto que o Senado vai votar. Uma lei que remete a outra lei, que remete a um artigo de
outra lei, a um inciso, a uma alínea, e ninguém entende, mas sabemos que é para
favorecer a sonegação, enquanto se tira o dinheiro do trabalhador. É disto que se trata:
jogar a luz do debate público sobre a questão do salário mínimo.
O PT cresceu no favor dos eleitores defendendo exatamente isso que
renega hoje. O PMDB conseguiu pela primeira vez unir a reivindicação econômica à
reivindicação pela democracia. Foi por isso que Itamar Franco saiu da Prefeitura de Juiz
de Fora e foi conduzido ao Senado, ao lado de Marcos Freire, ao lado de Orestes
Quércia e de tantos outros valorosos companheiros. A junção da política com a luta
econômica.
E é isto que o PT hoje renega.
Não podemos, esta Casa não pode aceitar esse rebaixamento, essa
usurpação das suas prerrogativas. Se nós formos derrotados no Plenário, se o Senado
da República se abaixar, se renunciar, se desmerecer os seus poderes constitucionais,
nós iremos ao Supremo Tribunal Federal. E depois não se reclame contra a judicialização

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da política. Se as Casas políticas não valorizam a política, quem sabe outras Casas o
farão.
Nós não deixaremos. Nós da Oposição não cruzaremos os braços. Se
formos derrotados, se o nosso direito, o direito do povo brasileiro de decidir essa matéria
através do voto dos seus representantes for vencido, nós bateremos às portas do Poder
Judiciário, que será sensível ao que diz o Direito e a letra expressa da Constituição.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB – AP) – Com a palavra o
Senador Walter Pinheiro, em nome do Governo.

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