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Temperamentos Humanos
Os gregos antigos, em sua grande sabedoria, encontraram quatro temperamentos básicos nos seres humanos:
o fleumático, o melancólico, o colérico e o sanguíneo. Achavam que a combinação dos quatro humores em partes iguais
gerava o equilíbrio. Assim surgiu o termo “humorista” que se referia à terapeuta ou médico, ou seja, quem se dedicava a
equilibrar os humores e, portanto restabelecer a saúde. Hoje em dia humorista ainda guarda certa relação com o
significado original, pois significa aquele que faz graça, nos trazendo o bom humor.
Os melancólicos têm como grande qualidade à profundidade. Mergulham fundo em cada questão que analisam. Remoem
muito tempo sentimentos, magoas e ressentimentos. Tendem a ser mais tristes podendo chegar a depressivos. São
persistentes com o que analisam, mas não são muito excitáveis. São seletivos com os assuntos que os interessam. Seu
grande problema é que se tornam facilmente pesados e tristes. A vida pode passar a ser difícil, um grande fardo.
Precisam adquirir a alegria e a leveza, que lhe faltam, qualidades básicas do temperamento oposto, sanguíneo. Steiner
diz que eles evoluem desenvolvendo o sentimento da misericórdia. Devem ser lentamente conduzidos da escuridão até a
luz pelo desenvolvimento deste nobre sentimento. Na medida que se dedicam a outras pessoas com sofrimentos
maiores, doentes, pobres, sofredores de qualquer natureza, eles começam a sair de sua profunda melancolia.
Os coléricos são puro fogo, pura adrenalina, pura ação. Os de quem se diz: “bateu, levou”, ou de “estopim curto”. Seu andar
é enérgico, militar, parece querer afundar o pé no chão. São autoritários, mandões. Estão sempre em ação. Precisam
aprender a contar até dez. Com seu temperamento oposto, os fleumáticos devem descobrir a virtude da paciência, a
esperar um pouco, a refletir antes de agir. A criança deve ser educada através do esporte, do trabalho no seio da família,
na igreja, escola ou comunidade a ação socialmente aceita. Precisa ser educado para saber se controlar e aprender a se
aquietar quando necessário.
Os sanguíneos são carismáticos, simpáticos, divertidos, mas por serem interessados por tudo tendem a ficar na
superfície de todos os assuntos. São alunos muito inteligentes, aprendem fácil, mas não conseguem ser persistentes
nos estudos, pois um simples ruído os distrai. São pouco concentrados, tudo os interessam, mas se cansam dos
assuntos e pulam para outro foco de interesse rapidamente. Precisam aprender a profundidade com seu temperamento
oposto, melancólico. Steiner diz que o educador de um sanguíneo precisa fazer que as matérias sejam apresentadas a
ele de uma forma fascinante, artística de forma a seduzi=lo a querer se aprofundar em seu estudo. Gradualmente,
educado assim descobre a sua capacidade de se aprofundar nos assuntos.
Na prática todos temos um pouco de cada um dos quatro temperamentos. A predominância absoluta de um só
temperamento seria insuportável. Cada aspecto equilibra o outro. O excesso de ação do colérico se equilibra com a
passividade do fleumático. O fleumático precisa descobrir com o sanguíneo como se colocar mais em ação. A
excessiva, tristeza, profundidade e peso do temperamento melancólico se equilibra com a alegria e leveza do sanguíneo.
Este último precisa aprender o segredo da profundidade com o melancólico. O defeito de um, por ser excessivo, é o que
o outro precisa aprender, por ser o que lhe falta. Devemos descobrir o temperamento que predomina em nossa
personalidade para aprender a dosa-lo. Uma forma é descobrir o aspecto que mais nos falta em geral o oposto é o
nosso temperamento predominante. Se não sabemos esperar e logo agimos devemos ser coléricos. Se o que nos falta
é ação tendemos a ser fleumáticos. Se o que nos falta é profundidade e persistência, devemos ser sanguíneos. Se nos
faltam leveza e alegria, tendemos ao temperamento melancólico.
Ainda hoje devemos buscar o ideal grego do “justo tanto”. Nas tragédias gregas o homem era punido tanto pela inércia,
o não cumprir seu papel, quanto pelo excesso. Tinham Hybris, deusa da descomesura, que arrebatava aqueles pobres
mortais que perdiam a noção da modéstia, da humildade, do equilíbrio, ou seja, do “justo tanto”. O equilíbrio na vida deve
ser nossa maior meta. O caminho para atingi-lo passa, certamente, pelo autoconhecimento.