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FLORIANÓPOLIS, (SC)
FEVEREIRO/2007
Universidade Federal de Santa Catarina
Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental
Orientador
Prof. Dr. Masato Kobiyama
Co-orientadora
Dra. Cláudia W. Corseuil
FLORIANÓPOLIS, (SC)
FEVEREIRO/2007
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
BANCA EXAMINADORA :
___________________________
Prof. Dr. Masato Kobiyama
(Orientador)
___________________________
Dra. Cláudia W. Corseuil
(Co-orientadora)
___________________________
Prof. Ms. Roberto V. Silva
(Membro da Banca)
FLORIANÓPOLIS, (SC)
FEVEREIRO/2007
iii
AGRADECIMENTOS
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. OBJETIVO ......................................................................................................... 2
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 2
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 3
3.1 BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................ 3
3.1.1 Microbacia experimental...................................................................... 3
3.1.2 Índices físicos ........................................................................................ 4
3.2 BALANÇO HÍDRICO................................................................................... 5
3.3 MODELOS HIDROLÓGICOS ...................................................................... 9
3.3.1 Modelo HYCYMODEL...................................................................... 10
3.4 INFLUÊNCIA DO USO DO SOLO NOS PROCESSOS HIDROLÓGICOS 15
4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 19
4.1 ÁREA DE ESTUDO.................................................................................... 19
4.2 INSTALAÇÃO DAS ESTAÇÕES............................................................... 25
4.2.1 Calha Parshall..................................................................................... 25
4.2.2 Pluviógrafo.......................................................................................... 28
4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DAS MICROBACIAS................................ 29
4.4 MODELO HYCYMODEL .......................................................................... 30
4.5 CURVA DE RECESSÃO ............................................................................ 30
4.6 FLUXOGRAMA METODOLÓGICO ......................................................... 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 32
5.1 ÍNDICES FÍSICOS DAS MICROBACIAS EXPERIMENTAIS .................. 32
5.2 MONITORAMENTO DO PROCESSO CHUVA E VAZÃO....................... 33
5.3 CURVA DE RECESSÃO ............................................................................ 38
5.4 DADOS SIMULADOS................................................................................ 43
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................ 50
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 51
vii
1. INTRODUÇÃO
As modificações no ambiente natural, com a transformação da cobertura
vegetal em cidade ou campo de agricultura e pastagem, contribuem para a alteração
do ciclo hidrológico nas bacias hidrográficas. Essas alterações produzem os mais
variados impactos sobre o meio ambiente e a disponibilidade dos recursos hídricos.
O conhecimento desses impactos é fundamental na conservação e uso dos recursos
naturais. Os impactos causados são as alterações nos processos de vazão e
evapotranspiração e no tempo de permanência da água no solo.
A água doce é fundamental para a existência de muitos seres vivos. A
quantidade dessa água no mundo representa o percentual de 2,81%, deste, 0,61%
encontram-se nos solos, nos lagos e rios (HEWLETT, 1982). A qualidade e
quantidade dessas águas estão comprometidas devido às intervenções humanas como
a poluição dos recursos naturais água, solo e ar e as modificações da cobertura do
solo, que não respeitam a capacidade suporte de meio e afetam o equilíbrio dinâmico
dos ecossistemas.
As plantações florestais com espécies de rápido crescimento são,
freqüentemente criticadas por seus impactos ambientais. O reflorestamento, em
geral, é uma atividade bastante polêmica, função de uma opinião pública que lhe
atribui efeitos ecológicos adversos que envolvem problemas de destruição de
ecossistemas, manutenção da biodiversidade, degradação de microbacias, diminuição
do capital de nutrientes do solo e desfiguração da paisagem (LIMA e ZAKIA, 1998).
Segundo os mesmos autores, estes impactos são decorrentes de qualquer tipo
de uso da terra, e podem ser minimizados por meio da adoção de práticas de manejo
sustentável, ou seja, um manejo que envolve uma ligação mútua e interativa entre o
uso do solo e os demais elementos do ecossistema, visando manter sua integridade.
Na construção do conhecimento de práticas de manejo sustentável, a
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a empresa Modo Battistella
Reflorestamento S.A. (MOBASA) iniciaram o Projeto Hidrologia Florestal na cidade
de Rio Negrinho.
O presente trabalho faz parte deste projeto e estudou a relação entre o uso do
solo e os processos hidrológicos por meio da análise do balanço hídrico em três
microbacias experimentais, duas representando a cobertura vegetal natural e uma o
reflorestamento com pinus.
A caracterização do balanço hídrico estima os principais componentes da
relação floresta e recursos hídricos, fornecendo subsídios para a gestão ambiental,
que determina a exploração dos recursos naturais com mínimo impacto.
As variáveis do balanço hídrico foram determinadas por meio do
monitoramento do processo chuva-vazão e da modelagem matemática com o
HYCYMODEL.
As microbacias experimentais estão localizadas na região serrana catarinense,
norte do Estado, nos municípios de Mafra e Rio Negrinho, a região caracteriza-se
pela presença da mata de araucária e sua economia é movida pelo reflorestamento de
pinus, que abastece as indústrias moveleiras e de papel e celulose.
1
2. OBJETIVO
2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1
MOLDAN, B.; CERNY, J. Small Catchments Research. In: MOLDAN, B. CERNY, J.
Biogeochemistry of small catchments: a tool for environmental research. Chichester: John
Wiley, 1994. p.1-29.
2
HEWLETT, J.D.; LULL, H. W., REINHART, K. G. In defence of experimental
watersheds. Water Resources Research, 5(1): 306-316, 1969.
3
conhecimento auxilia no planejamento e manejo dos recursos naturais visando o
desenvolvimento sustentável.
Em muitos países, os estudos experimentais têm usado o método de bacias
pareadas para esclarecer a relação entre a cobertura vegetal e a produção de água
(FUKUSHIMA, 2006).
Segundo McCulloch e Robinson (1993), os estudos experimentais em bacias
para avaliar o impacto das suas modificações físicas pode ser realizado com pares de
bacias. Este método consiste em selecionar duas bacias de características similares,
sendo uma submetida à alteração do uso do solo, denominada de experimental, e
outra é mantida preservada, denominada de bacia de controle.
O conceito adotado para a delimitação da microbacia experimental deve
garantir que a área escolhida seja integradora de todos os processos envolvidos no
objetivo da análise e que apresente um certo grau de homogeneidade, de forma que
estratégias, ações e conclusões gerais possam ser estabelecidas para toda a bacia
hidrográfica (LAL, 19903 apud MACHADO, 2002).
A bacia hidrográfica pode ser caracterizada pelos índices físicos como
topografia, geologia, geomorfologia e pedologia, bem como pelo tipo de cobertura
vegetal da bacia. Esses índices desempenham papel essencial no comportamento
hidrológico da bacia hidrográfica (GARCEZ e ALVAREZ, 1988).
3.1.2 Índices físicos
Os índices físicos calculados foram o índice de compacidade, a densidade de
drenagem, a declividade total do curso de água e a curva hipsométrica.
O índice de compacidade (Kc), segundo Garcez e Alvarez (1988), é a relação
entre o perímetro de uma bacia hidrográfica e a circunferência de círculo de área
igual à da bacia. Dessa definição obtemos, para uma bacia circular ideal, o índice de
compacidade Kc = 1. Assim, para uma bacia qualquer resulta na equação (1).
P
K c = 0,28 × (1)
A
onde P e A são, respectivamente, o perímetro em km e área da bacia em km². A área
é medida em projeção horizontal. Este índice varia com a forma da bacia, quanto
mais irregular for a bacia, tanto maior será o índice de compacidade.
Segundo os mesmos autores, a densidade de drenagem é a relação entre o
comprimento total dos cursos de água ( ∑ L ) de uma bacia hidrográfica e sua área
total (A), e pode ser expressa pela equação (2).
∑L
Dd = (2)
A
De acordo os mesmos autores, a declividade média do curso de água entre dois
pontos é obtida dividindo-se a diferença total de elevação do leito pela extensão
horizontal do rio como mostra a equação (3). O perfil longitudinal é representado
3
LAL, R. Soil erosion and land degradation: the global risks. Advances in Soil Science,
v.7, p. 129-172, 1990.
4
plotando os comprimentos desenvolvidos do leito no eixo das abscissas e a altitude
do curso de água no eixo das ordenadas.
Cotamaior − Cotamenor
DT = (3)
Extensãorio
Curva hipsométrica é a representação gráfica do relevo médio de uma bacia,
mostrando a variação da elevação na bacia, e pode-se determinar a altitude média
pela equação (4). A curva é determinada plotando a porcentagem da área acumulada
no eixo das abscissas e o ponto médio das cotas no eixo das ordenadas (VILLELA e
MATTOS, 1975; GARCEZ e ALVAREZ, 1988).
Altitudemédia =
∑ Ponto médio × Áreacorrespondente
(4)
Áreatotal
Assim, a bacia hidrográfica é um sistema físico onde a entrada é a precipitação
e a saída é composta pelo escoamento, evapotranspiração e armazenamento de água
no solo. Essas variáveis hidrológicas podem ser relacionadas pelo balanço hídrico.
3.2 Balanço hídrico
O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a
superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado principalmente pela energia solar
associada à gravidade e à rotação da Terra (TUCCI, 2004).
O ciclo hidrológico não é um fenômeno isolado, ele resulta de uma interação
entre processos hidrológicos, geomorfológicos e biológicos, tendo como agentes
dinâmicos a água e o clima, cada processo interfere e sofre a interferência dos
demais. A litosfera age sobre a biosfera como fornecedor de alimentos minerais e
orgânicos, servindo de substrato para todos os seres vivos (KOBIYAMA et al.,
1998).
Segundo Garcez e Alvarez (1988), Bertoni e Tucci (2004), Silveira et al.
(2004), o ciclo hidrológico pode ser compreendido em quatro etapas principais:
a) precipitações atmosféricas: é a água proveniente do meio atmosférico que
atinge a superfície terrestre. Existem diversas formas de precipitação como neblina,
chuva, granizo, saraiva, orvalho, geada e neve, o que as diferencia é o estado em que
a água se encontra;
b) escoamentos subterrâneos: a infiltração é a passagem de água da superfície
para o interior do solo. As águas provenientes das precipitações que venham a ficar
retidas no terreno ou a escoar superficialmente podem se infiltrar no solo por efeito
da gravidade ou de capilaridade, passando a formar a água subterrânea;
c) escoamentos superficiais: é o conjunto das águas que, por efeito da
gravidade, se desloca na superfície da terra. O estudo do escoamento superficial
engloba, portanto, desde a simples gota de chuva que tomba sobre o solo, saturado ou
impermeável, e escorre superficialmente, até o grande curso de água que desemboca
no mar;
d) evapotranspiração: a evaporação é o conjunto dos fenômenos físicos que
transformam em vapor a água precipitada sobre a superfície do solo, das águas e das
plantas. A transpiração é o processo de evaporação decorrente de ações fisiológicas
5
dos vegetais e animais. Os vegetais, por meio de suas raízes, retiram do solo a água
necessária às suas atividades vitais e restituem parte dela a atmosfera. Assim,
denomina-se evapotranspiração o conjunto de processos físicos e fisiológicos que
provocam a transformação da água precipitada na superfície da Terra em vapor.
A Figura 1 mostra estas quatro etapas do ciclo hidrológico.
6
Figura 2: Escoamentos na bacia: (a) escoamento na zona insaturada e (b)
escoamento na zona saturada.
Fonte: Bruijnzeel (1990)4 apud Tucci e Clarke (1997).
4
BRUIJNZEEL, L. A. Hydrology of moist tropical forest and effects of conversion: A
state of knowledge review. IHP. IAHS. UNESCO. 224p, 1990.
7
Os processos do ciclo hidrológico são interdependentes e, na maioria das
vezes, ocorrem simultaneamente. Ainda, podem ser relacionados pelo balanço
hídrico (REICHARDT e TIMM, 2004).
De acordo com os mesmos autores, o balanço hídrico é o somatório das
quantidades de água que entram e saem de um elemento de volume em um dado
intervalo de tempo, o restante é a quantidade líquida de água que nele permanece
como mostra a Figura 3. O balanço hídrico é, de fato, a própria lei de conservação
das massas e está intimamente ligado ao balanço de energia, pois os processos
envolvidos requerem energia.
Precipitação (P)
Evapotranspiração (Et)
Escoamento
Armazenamento (Q)
(∆S)
5
SWIFT, J. L. W.; SWANK, W. T. Long term responses of stream flow following
clearcutting and regrowth. Hydrology Science, 26: 245-256, 1981.
6
LIMA, W. P. Hydrologic Behavior of two small watersheds in West Virginia
undergoing natural reforestation. Ohio, 1971, 144p. Thesis (Master of Scince). Ohio state
University.
8
Os processos hidrológicos podem ser representados pelos modelos
matemáticos que procuram estimar no tempo e no espaço os componentes por meio
de diferentes equações de continuidade integradas (BELTRAME e TUCCI, 2004).
3.3 Modelos hidrológicos
Um modelo hidrológico pode ser considerado como uma representação
simplificada dos processos que ocorrem na realidade. Os modelos são utilizados em
estudos ambientais, pois ajudam a entender o impacto das mudanças no uso e
cobertura da terra e prever alterações futuras nos ecossistemas (RENNÓ e SOARES,
2006).
Segundo os mesmos autores, os modelos são classificados de acordo com o
tipo de representação do sistema (físico ou numérico), o tipo de relações entre essas
variáveis (empíricos ou teóricos), o tipo de variáveis utilizadas na modelagem
(estocásticos ou determinísticos), a existência ou não de relações espaciais
(concentrados ou distribuídos), e o tipo de equação diferencial (linear ou não-linear)
como mostra a Figura 4.
O modelo físico representa um sistema físico que é assumido para ser
significativamente mais simples do que o sistema idealizado, por exemplo,
representar o sistema em escala menor. Os modelos numéricos são representações
matemáticas do sistema físico idealizado (TUCCI, 1998).
As funções utilizadas na elaboração do modelo teórico levam em consideração
os processos físicos. Os modelos empíricos (black box) utilizam-se de funções
empíricas que não estão relacionadas com os fenômenos físicos, mas permitem
retratar a saída do sistema em função da entrada ou são aqueles em que se ajustam os
valores calculados aos dados observados, através de funções que não tem nenhuma
relação com os processos físicos envolvidos. (TUCCI, 1998; TUCCI, 2004).
No modelo determinístico as equações utilizadas para descrever as fases do
ciclo hidrológico não contêm componentes aleatórias, assim, para uma determinada
situação inicial, o modelo sempre produzirá a mesma resposta final. Nos modelos
não determinísticos (estocásticos) as formulações utilizadas na descrição do
fenômeno contêm variáveis aleatórias que seguem alguma distribuição probabilística
(um valor de entrada gera valores de saída ao acaso) (CHOW, 1964).
Segundo Tucci (2004), o modelo concentrado é aquele que não leva em conta a
variabilidade espacial, considera os dados de entrada e os parâmetros representativos
da bacia como valores médios válidos para toda área de estudo. No modelo
distribuído quando as variáveis e os parâmetros dependem do espaço, os dados de
entrada e as características da bacia variam no espaço e estas informações podem ser
distribuídas em sub-bacias.
Ainda, segundo o mesmo autor, o modelo pode ser linear ou não linear, o
modelo tem um comportamento linear quando sua a equação diferencial é linear, ou
seja, quando os coeficientes das derivadas não dependem das variáveis dependentes e
não linear quando depende. A condição necessária para um sistema possuir um
comportamento linear, é a validade do principio da superposição. Para caracterizar
este princípio, considere que y1 é uma entrada do sistema que produz a saída x1. Da
mesma forma, a entrada y2 resulta na saída x2 do mesmo sistema. O principio de
9
superposição é válido quando, a entrada y1 +y2 produzir a saída x1 + x2 neste
mesmo sistema.
Sistema Sistema
real idealizado
Modelo
Físico Numérico
(Matemático)
Teórico Empírico
Concentrado Distribuído
7
TIM, U. S. Emerging technologies for Hydrologic and Water Quality Modeling Research.
Transactions of the ASAE, v.39, n.20, p.465-476, 1996.
10
cobertura vegetal era composta de pinus e cedro. Os dados de vazão e precipitação
foram monitorados em intervalos horários durante 10 anos. O autor estimou a
variação mensal da evapotranspiração pelo modelo em um balanço hídrico para um
curto período (1 ano) e estabeleceu uma relação entre a intensidade da chuva e a
interceptação.
Kubota et al. (1996) utilizaram o HYCYMODEL em áreas vulcânicas,
localizadas no Japão e na Indonésia (Ilha de Java), e foi utilizado para quantificar o
volume de água da chuva que escoava sobre as encostas de áreas vulcânicas para
áreas não vulcânicas. A aplicação do modelo possibilitou compreender o fenômeno
do escoamento da chuva, desenvolver outro modelo para estimar a vazão do rio
principal da bacia de drenagem e auxiliar na investigação do deslocamento de
sedimentos (ocorrência de erosão). Os autores concluíram que a influência do
escoamento direto superficial é pequena, devido à constatação do baixo volume de
vazão, causado pela alta permeabilidade do material vulcânico.
Kobiyama e Duarte (1997) e Kobiyama et al. (1999) mostraram um bom ajuste
do HYCYMODEL para processo chuva-vazão de bacia nos estados de Santa
Catarina e Paraná, respectivamente.
Fukushima et al. (1989) fizeram comparação entre valores monitorados e
simulados pelo HYCYMODEL nos processos chuva-vazão em uma bacia de floresta
com área de 0,237 km2 e outra de grama com área de 0,538 km2. Obtendo como
resultado um bom desempenho na simulação, os autores concluíram que a
porcentagem do escoamento direto sobre o escoamento total na bacia contendo
grama foi maior como mostra a Tabela 2.
O HYCYMODEL foi proposto para o entendimento quantitativo dos efeitos
hidrológicos do reflorestamento e foi criado a partir de cinco modelos básicos, que
foram desenvolvidos a partir de uma série de experimentos realizados desde a década
de 1970. A composição destes cinco modelos gerou o HYCYMODEL, sendo
publicado no ano de 1988 (FUKUSHIMA, 2006).
O modelo tem o seu ambiente de trabalho no software Fortran PowerStation,
segundo o mesmo autor, tem a característica de possuir como dados de entrada a
vazão e a precipitação.
Os tanques que apresentam a borda superior reta ou retangular representam um
sistema linear e aqueles que apresentam bordas superiores abertas representam um
sistema não linear. A estrutura do HYCYMODEL é representada na Figura 5.
O modelo distribui a precipitação R(t) em dois sistemas, um de canais, e outro
de floresta de encosta. A R(t) é distribuída no sistema de canais como uma área
impermeável e para um sistema de floresta de encosta como uma área permeável,
baseando-se em um parâmetro C (relação de área do canal).
Define-se D16 e D50 como as profundidades efetivas do solo superficial em que
as taxas de área de contribuição ao escoamento subsuperficial são 16% e 50%,
respectivamente. Então, pode-se definir a chuva efetiva Re(t) com o armazenamento
do Tanque II, representado por Su(t). Assim, assume-se que o desvio padrão é
D50
σ = log( ) (8)
D16
11
A variável para a distribuição normal, ξ é
[S (t − 1) + Rn (t )]
log u
D50
ξ= (9)
Dsig
O valor de m, que significa a contribuição da taxa de área, pode ser calculado
usando a distribuição normal.
ξ 1 ξ2
m=∫ ⋅ exp − dξ
−∞
2π 2 (10)
A chuva efetiva formando a componente do escoamento direto, Re(t) é
Re (t ) = m × Rn (t ) (11)
O tanque I representa a copa das árvores, o Tanque II simula a interface solo-
planta. Qin(t) é o escoamento da água no solo do Tanque II para o Tanque III. O
Tanque III é o sistema do escoamento da água subterrânea que calcula o escoamento
de base Qb(t). O Tanque IV representa o escoamento subsuperficial que calcula o
fluxo sistema de encosta Qh(t). O Tanque V representa o sistema do escoamento em
canal que calcula o escoamento direto de canal Qc(t). Nos Tanques II, III, IV e V, a
relação entre o armazenamento S e a vazão Q é expressa como a função do
armazenamento.
Fukushima (2006) assume que a chuva efetiva ocorre em uma superfície
saturada e que esta taxa varia com a zona saturada e a intensidade da chuva. Caso
contrário, a relação entre o armazenamento S e a taxa de escoamento Q em cada
tanque da Figura 5 é assumido como
S c = K c × Qc0, 6 , S h = K h × Qh0, 6 (12)
S u = K u × Qu (13)
S b = K b × Qb0,1 (14)
onde as equações (12) são usadas como a componente do escoamento direto no canal
ou sistema de encosta, a equação (13) é para a mudança da água na camada
superficial do solo, e a equação (14) é para a componente do escoamento
subterrâneo. Kc, Kh, Ku e Kb são parâmetros, respectivamente. A potência da
equação (12) foi assumida para ser 0,6 utilizando o modelo de declividades paralelas.
O movimento da superfície e sub-superfície é aproximada pela lei de Manning. A
potência da equação (14) 0,1, foi achada pela análise do erro mínimo quadrático e
isto satisfaz o regime de fluxo saturado-insaturado no sistema de encosta.
A taxa de transpiração é definida como:
Et(t) = Delta{Pta + Ptb⋅sen[30º -(I-IG)] (15)
onde Delta, Pta, Ptb e IG são parâmetros, e I é o número do mês (1 a 12)
correspondendo aos meses de janeiro a dezembro. A transpiração durante a seca
diminui quando o armazenamento do Tanque II fica menor que Sbc. A vazão crítica
12
para a transpiração Qbc corresponde ao Sbc. A soma de Ei(t), Et(t) e evaporação do
canal Ec(t) é igual a evapotranspiração E(t).
Finalmente, a componente do escoamento direto , Qd(t) é escrito como segue
Qd (t ) = C × Qc (t ) + (1 − C ) × Qh (t ) (16)
A componente da evaporação, E(t) é escrito como segue
E (t ) = C × Ec (t ) + (1 − C ) × [Ei (t ) + Et (t )] (17)
Evaporação de
Precipitação de Canais Rc (t) Chuva Acumulada Rg (t) Interceptação Ei (t)
Transpiração Et (t)
13
Tabela 1: Parâmetros de ajustamento do modelo HYCYMODEL
Parâmetro Especificação
C Relação de área do canal
D16, D50 Profundidade efetiva do solo na qual a relação da área de
contribuição da inclinação da rampa é 16% e 50%, respectivamente.
Kc Parâmetro da função de armazenamento do Tanque V
Kh Parâmetro da função de armazenamento do Tanque IV
Ku Parâmetro da função de armazenamento do Tanque II
Kb Parâmetro da função de armazenamento do Tanque III
STAD Coeficiente de evaporação da chuva interceptada para cálculo diário
Coeficiente de evaporação da chuva interceptada para cálculo diário
STOR em mm
Pta Coeficiente do valor médio da distribuição mensal da transpiração
Ptb Coeficiente de variação da distribuição mensal de transpiração
Ptc Coeficiente de retardo da distribuição mensal da transpiração
Q4c Escoamento crítico para ocorrer redução de transpiração
∑ Qobs − ∑ Qcalc
i =1 i =1
F2 = n
(19)
∑Q
i =1
obs
14
computados para a comparação entre Em (evento observado) e Es (evento simulado
pelo modelo) (ASCE, 19938 apud MACHADO et al., 2003).
n
∑ (E
i =1
m − Es ) 2
COE = 1 − n (20)
∑ (E
i =1
m − E )2
Em − Es
Dv (%) = × 100 (21)
Em
onde E é a média do evento observado no período de simulação; e n é o número de
eventos. O coeficiente de Nash e Sutcliffe pode variar a partir de negativo infinito a
1, sendo o valor 1 indicativo de um perfeito ajuste.
Assim, o modelo matemático auxilia no conhecimento da influência do uso do
solo nos processos hidrológicos, fornecendo informações sobre os efeitos de manejo.
3.4 Influência do uso do solo nos processos hidrológicos
O tipo de cobertura e o uso do solo em uma bacia hidrográfica desempenham
um importante papel no balanço de energia e no fluxo de volume de água (GARCEZ
e ALVAREZ, 1988; TUCCI e CLARKE, 1997).
Hibbert (1967) avaliou o resultado de 39 bacias experimentais existentes no
mundo, com o propósito de relacionar o uso do solo com os processos hidrológicos, e
concluíu: (1) a redução da cobertura de floresta aumenta a vazão média, (2) o
estabelecimento de cobertura florestal em áreas de vegetação esparsa diminui a vazão
média; (3) a resposta à mudança é muito variável e, na maioria das vezes, não é
possível prever.
Bosch e Hewlett (1982) atualizaram o estudo anterior adicionando dados de 55
bacias experimentais utilizadas para verificar a alteração da vazão média, totalizando
94 bacias. A área média dos experimentos foi de 80 ha, variando entre 1 ha e 2.500
ha. Os dados foram obtidos de bacias experimentais pareadas e de bacias isoladas,
este abrangeu as bacias que não possuem o mesmo período hidrológico, ou foi
observado o desmatamento e analisado o seu impacto, ou bacias grandes com
experimentos pouco controlados.
Os resultados da análise de Bosch e Hewlett (1982), principalmente das bacias
pareadas, foram: (1) foram confirmadas as duas primeiras conclusões de Hibbert,
mas os elementos existentes permitem estimar somente a ordem de magnitude das
alterações com base no tipo de vegetação e na precipitação, (2) não é possível
detectar influência na vazão média quando o desmatamento é menor que 20%, (3) a
retirada de cobertura de coníferas ou eucaliptos causa aumento de cerca de 40 mm na
vazão anual, enquanto que a retirada da rasteira produz aumento de 25 e 10 mm na
vazão média, para cada 10% de alteração de cobertura. Esses valores são
aproximados e devem ser utilizados como indicadores.
8
AMERICAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS - ASCE. Task Committee on Definition
of Criteria for Evaluation of Watershed Models of the Watershed Management Committee,
Irrigation and Drainage Division. Irrig. Drain. Eng., 119:429-442, 1993.
15
Bruijnzeel (1990)4 citado por Tucci e Clarke (1997) atualizou o estudo de
Bosch e Hewlett acrescentando os dados até a data de publicação. As principais
conclusões do autor foram as seguintes: (1) Confirma as conclusões de Bosch e
Hewlett que a retida de floresta natural resulta em considerável aumento inicial de
vazão média (até 800 mm/ano), função da precipitação; (2) a vazão média, após o
crescimento da nova vegetação, pode ficar acima das condições de pré-
desmatamento no caso de culturas anuais, vegetação rasteira e plantação de chá e
retornar as condições naturais para pinus e reduzir a vazão para eucaliptos.
Tucci e Clarke (1997) apresentaram uma revisão bibliográfica dos principais
impactos do uso do solo sobre os processos hidrológicos e relacionaram os seguintes
aspectos:
• A floresta absorve uma maior quantidade de radiação solar do que outros
tipos de cobertura vegetal. De acordo com Bruijnzeel (1990)4, a superfície
líquida absorve a radiação solar na ordem de 93 a 95%, a superfície com
floresta tropical é de cerca 88% e uma superfície de pasto ou uso agrícola está
na ordem de 80 a 85%. A absorção varia sazonalmente ao longo do ano
devido à inclinação solar, da quantidade de nuvens e da latitude. Em
conseqüência, a energia disponível para a evapotranspiração em florestas é
maior;
• A superfície desmatada tem maior flutuação da temperatura;
• A interceptação em florestas é maior. Assim, o volume evaporado da água
interceptada tende a ser maior;
• As florestas tropicais podem retirar a umidade do solo em profundidades
superiores a 3,6 m, enquanto que a vegetação rasteira como o pasto age sobre
a superfície, alcançam cerca de 20 cm. Assim, as florestas apresentam uma
menor variabilidade da umidade das camadas profundas do solo;
• O desmatamento de florestas naturais produz aumento da vazão média na
bacia hidrográfica;
• O aumento do escoamento é ainda maior se o desmatamento for realizado
com tratores e no uso posterior do solo é utilizada mecanização. Isto ocorre
porque aumenta a compactação da camada superficial do solo e diminui a
infiltração da água da chuva;
• Quando a vegetação se recupera, após vários anos o escoamento tende a
retornar as condições anteriores, no entanto se as mudanças são permanentes
para, por exemplo, culturas anuais, os efeitos do desmatamento, descritos
acima, se mantêm.
Além disso, o ecossistema florestal desempenha inúmeras funções: (1)
mitigação do clima (temperatura e umidade), (2) diminuição do pico do hidrograma
(redução de enchentes e recarga para os rios), (3) controle de erosão, (4)
melhoramento da qualidade da água no solo e no rio, (5) atenuação da poluição
atmosférica, (6) fornecimento do oxigênio (O2) e absorção do gás carbônico (CO2),
(7) prevenção contra ação do vento e ruídos, (8) recreação e educação, (9) produção
de biomassa e (10) fornecimento de energia. Todas as funções atuam
16
simultaneamente, sendo a maioria baseada na atividade biológica da própria floresta
(KOBIYAMA, 2000).
Vörösmarty et al. (1991)9 apud Tucci e Clarke (1997) verificaram a
modificação no escoamento e na evapotranspiração devido ao desmatamento numa
bacia no sul da África como mostra na Figura 6.
9
VÖRÖSMARTY, S. J.; MOORE, B.; GRACE, A.; PETERSON, B. J.; RSTETTER, R. B.;
MELILLO, J. Distributed parameter models to analyse the impacto f human disturbance of
the surface hydrology of a large tropical drainage basin in southern África. In: Hydrology
for the Water Management of Lange River Basins. VAN DE VEN, F. H. M.;
GUTNECHT, D. P.; LOUCKS, D. P.; SALEWICZ, K. A. (editores), IAHS, publ. 201, 1991
17
A redução da evaporação pode acarretar um efeito na precipitação, mas o
sistema climatológico local depende muito pouco da evaporação da superfície da
área. Quando a precipitação local é dependente principalmente dos movimentos de
massas de ar globais, o efeito da alteração da cobertura na precipitação é mínimo
(TUCCI e CLARKE, 1997).
18
4. MATERIAIS E MÉTODOS
19
Figura 8: Localização das microbacias experimentais: (a) representa as
microbacias de mata nativa e (b) representa a microbacia de pinus.
20
Figura 10: Localização da Vertente do Interior
Fonte: Adaptada de Santa Catarina (1997).
21
Os solos predominantes na região de estudo são os Cambissolos, tipicamente
derivados de rochas sedimentares, com baixa fertilidade e elevados teores de matéria
orgânica, com horizonte B incipiente, definido pelo baixo gradiente textural, pela
média e alta relação silte/argila ou pela presença de minerais primários de fácil
decomposição; não são hidromórficos, mas podem apresentar caráter gleico.
Aparecem em menor proporção os Podzólicos e os pertencentes à classe dos
Litólicos, Latossolos e Hidromórficos Gleyzados (TASSINARI et al., 199010 apud
DALAGNOL, 2001).
Nas microbacias experimentais predominam o Cambissolo háplico com argila
de atividade baixa Distrófico, o Cambissolo húmicos Distrófico, o Neossolo litólico
distrófico e o Nitossolo háplico Distrófico (IBGE, 2006).
A cobertura vegetal nativa da região se insere em um espaço transicional entre
as unidades Fitogeográficas de Floresta Ombrófila Mista e Floresta Ombrófila
Densa, ambas constituintes do bioma Mata Atlântica. A Floresta Ombrófila Mista é o
tipo de formação florestal predominante na área de estudo e caracterizava-se
principalmente, pela presença do pinheiro (Araucaria angustifolia (Bert.) O. kuntze)
no estrato superior e por uma submata bastante heterogênea formada por imbuias
(Ocotea porosa Nees et Martius ex. Nees), canela amarela (Nectandra lanceolata
Ness. Et Mart. Ex Nees), sapopemas (Sloanea guianensis (Aubl.) Benth), além de
uma sinúsia de arvoretas representadas por erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil),
guaçatunga (Casearia decandra Jack), taquara (Merostachys multiramea) dentre
outras espécies (KLEIN, 1978; EPAGRI/CIRAM, 2006a).
A economia da região é movida pelo reflorestamento de Pinus taeda, que
abastece, principalmente, a indústria moveleira (PREFEITURA MINICIPAL DE
RIO NEGRINHO, 2006).
A Figura 11 mostra o mapa dos usos do solo das microbacias experimentais e a
Figura 12 apresenta as fotografias das microbacias experimentais.
10
TASSINARI, G.; FREITAS, V. H.; PUNDEK, M. Solos de Santa Catarina.
Florianópolis, 1990, 143p. (apostila).
22
Figura 11: Mapa de usos do solo: (a) microbacias N1 e N2 e (b) microbacia P1.
23
Figura 12: Fotos das microbacias experimentais: (a) mata nativa e (b)
reflorestamento de pinus.
24
4.2 Instalação das estações
No estudo foram utilizadas três estações fluviométricas e uma estação
pluviométrica.
As estações fluviométricas foram instaladas no exutório de cada microbacia
experimental e são constituídas dos seguintes dispositivos para medição da vazão: a)
uma calha Parshall de garganta de 3 polegadas; b) duas paredes que convergem para
o medidor; c) um tubo de PVC conectado com a calha Parshall; d) um sensor de
altura da lâmina de água (sensor de nível) que registra em intervalos de 10 minutos,
e) um datalogger modelo SL2000-II; f) bateria de 12V; g) uma haste de metal; h)
uma caixa de proteção para a bateria como mostra a Figura 14.
A estação pluviométrica foi instalada numa área adjacente à estação
fluviométrica das microbacias N1 e N2 com os seguintes dispositivos: a) uma haste
de metal, b) um pluviógrafo de cubas basculantes que registra em intervalos de 10
minutos, c) uma placa solar, d) um datalogger modelo SL2000-II conforme a Figura
16.
4.2.1 Calha Parshall
A calha Parshall é um dispositivo hidráulico e tem a característica de
apresentar uma relação bem definida entre níveis e vazões. Além disso, não altera
significativamente as condições naturais do rio e uma única estrutura permite medir
uma ampla faixa de vazões (SANTOS et al., 2001). A vazão é obtida com a equação
característica da calha Parshall (Equação 23).
A calha Parshall foi idealizada em 1927 por R. L. Parshall e patenteada para
vários tamanhos com dimensões padronizadas. No medidor ocorre a passagem da
corrente líquida de uma condição supercrítica para uma subcrítica, causando um
ressalto como mostra a Figura 13 (RICHTER e AZEVEDO NETTO, 2002).
Figura 13: Calha Parshall: (a) vista superior e (b) corte lateral
Fonte: Richter e Azevedo Netto (2002).
25
As dimensões padronizadas, em cm, para W igual a 3” (7,6 cm) são: A = 46,6;
B = 45,7; C = 17,8; D = 25,9; E = 45,7; F = 15,2; G = 30,5; K = 2,5; N= 5,7.
A vazão (Q) pode ser calculada a partir da altura da água na seção de medição
(H0) pela equação (22)
H0 = k × Qn (22)
onde k e n são parâmetros.
Os valores de k e n para o W de 7,6 cm são, respectivamente, 3,704 e 0,646.
Portanto,
H 0 = 3,704 × Q 0 , 646 (23)
O tubo de PVC, que contém sensor de vazão, é conectado na calha Parshall
próximo à garganta (W) como indica P na Figura 13. O sensor adquiri os dados a
partir da pressão exercida pela coluna de água, posteriormente, ocorre a transmissão
eletrônica por meio do cálculo e digitação do sinal emitido pelo sensor, em seguida,
o sinal é gravado na memória do suporte eletrônico, e a transmissão do registro é
efetuada pela conexão a cabo no computador (CHEVALLIER, 2004).
A calha Parshall foi instalada nos exutórios das microbacias experimentais N1,
N2 e P1, localizadas nas coordenadas geográficas, 26º23’16”S e 48º13’15”W,
26º22’59”S e 48º13’42”W e 26º30’15”S e 48º02’52”W, respectivamente.
26
Figura 14: Foto da estação fluviométrica: (a) datalogger e (b) calha Parshall.
27
4.2.2 Pluviógrafo
O aparelho utilizado para as medições de precipitação foi o pluviógrafo.
Segundo Garcez e Alvarez (1988), o pluviógrafo é um aparelho automático que
registra continuamente a quantidade de chuva que recolhe.
A variabilidade temporal dos eventos chuvosos torna necessário o uso de
equipamento automático, denominado de pluviógrafo, permitindo medir as
intensidades das chuvas durante intervalos de tempo inferiores àqueles obtidos com
as observações manuais feitas nos pluviômetros. As principais técnicas para a
medição da precipitação são os pluviógrafos: a) cubas basculantes; b) reservatório
equipado com bóia; e c) sifão e pesagem de um reservatório suspenso e sifão
(CHEVALLIER, 2004).
O pluviógrafo de cubas basculante possui dois recipientes suspensos por um
eixo. O conjunto oscila rapidamente quando um dos recipientes contém certa
quantidade de água (0,1mm), e enquanto este se esvazia, o outro recebe a água
proveniente do coletor. A cada movimento basculante um mecanismo semelhante ao
pêndulo faz uma engrenagem avançar exatamente um dente e esse movimento é
transmitido para o sensor de precipitação como mostra a Figura 15 (SANTOS et al.,
2001; GARCEZ e ALVAREZ, 1988).
28
Figura 16: Foto da estação pluviométrica
Segundo Santos et al. (2001), o local para instalação do pluviógrafo deve ser
plano, protegido e livre de obstáculos tais como árvores, casas, muros. Recomenda-
se uma distância mínima do obstáculo igual ao dobro de sua altura e que não haja
nenhuma interferência da chuva num raio de 5 metros. O suporte deve estar
exatamente na vertical e a área de captação deve estar exatamente na horizontal e a
1,50 m de distância do solo. Estas recomendações foram obedecidas para a
instalação.
4.3 Caracterização física das microbacias
Os materiais cartográficos utilizados foram cartas topográficas digitais MI
28684 (Rio Negrinho) e MI 28682 (Rio Preto do Sul) na escala 1:50.000
(EPAGRI/CIRAM, 2006b) e o mapa de uso de solo cedido pela empresa MOBASA
na escala de 1:10.000. A partir das cartas topográficas foram obtidas as hidrografias e
as curvas de nível de cada microbacia, em formato vetorial.
A determinação das características físicas e a elaboração do mapa de
localização das microbacias experimentais foram realizadas com o auxilio do sistema
SPRING (Sistema de Informações Georreferenciadas), que é um sistema de
informações geográficas (SIG), desenvolvido pelo INPE. Segundo Rosa e Brito
(1996), o SIG pode ser definido como um sistema destinado à aquisição,
armazenamento, gerenciamento, manipulação, análise e apresentação de dados
referidos espacialmente na superfície terrestre. Assim, foi possível delimitar as
29
microbacias experimentais, determinar a área de cada experimento, suas áreas
parciais, o comprimento dos cursos de água e estimar a altitude das nascentes.
O perfil longitudinal do rio e a curva hipsométrica foram determinados com a
divisão do curso de água em trechos que interceptavam as curvas de nível. Assim,
foram calculadas a declividade média e a altitude média e foram traçadas as
respectivas curvas.
O mapa de uso de solo foi modificado pelo programa AutoCAD 2004.
4.4 Modelo HYCYMODEL
O modelo HYCYMODEL tem como dados de entrada a precipitação e a vazão
que foram adquiridos com o monitoramento das estações pluviométricas e
fluviométricas. Durante o processo de calibração diversas simulações foram
realizadas na finalidade de obter os índices de erro e o coeficiente de eficiência
satisfatórios.
O ajuste do modelo foi avaliado pela análise de eficiência, ou seja, alterando
cada parâmetro individualmente foi verificado interferência nos índices de erro (F1,
F2 e Dv) e no coeficiente de eficiência (COE).
O coeficiente de eficiência de Nash e Sutcliffe pode variar a partir de negativo
infinito a 1, sendo o valor 1 indicativo de um perfeito ajuste. Quando o desvio de
dados simulados em relação aos dados observados (Dv) atingi um valor igual ou
abaixo +/- 5% entre os valores simulados e observados. E, quando F1 e F2 atingir
valores próximos de zero, o processo de calibração está finalizado.
Esses quatro parâmetros foram usados em conjunto com o método gráfico para
avaliar o desempenho do modelo.
4.5 Curva de recessão
A determinação do coeficiente de recessão envolveu a análise dos dados
observados de cada microbacia, sendo identificado o período de recessão com, no
mínimo, três dias.
30
Etapa 1 Caracterização das
microbacias experimentais
Precipitação Vazão
31
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
32
Perfil longitudinal dos cursos d'água
970
960
950
940
Elevação (m)
N1
930 N2
P1
920
910
900
890
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Distância (m)
(a)
Curva hipsométrica
960
950
940
Elevação (m)
N1
930 N2
P1
920
910
900
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Porcentagem de área acumulada (%)
(b)
Figura 18: Índices físicos das microbacias experimentais: (a) perfil longitudinal
dos cursos de água, e (b) curva hipsométrica.
33
Assim, no período entre 1 de novembro e 5 de dezembro, as microbacias N1,
N2 e P1 foram analisadas em intervalo diário e no período entre 5 a 14 de dezembro
foram analisadas as microbacias N1 e N2 no intervalo de 10 minutos.
A Figura 19 mostra os hidrogramas das microbacias N1, N2 e P1 no intervalo
diário.
12 0
10 10
Precipitação (mm/dia)
8 20
Vazão (mm/dia)
6 30
4 40
Precipitação
N1
N2
2 50
P1
0 60
1-Nov 4-Nov 7-Nov 10-Nov 13-Nov 16-Nov 19-Nov 22-Nov 25-Nov 28-Nov 1-Dec 4-Dec
Tempo (dias)
34
0.0400 0
0.0350 1
0.0300 2
Precipitação (mm/10min)
Vazão (mm/10min)
0.0250 3
0.0200 4
0.0150 5
0.0100 6
Precipitação
Q Nativa1
0.0050 7 Q Nativa2
0.0000 8
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias de dezembro)
y = -0.1188x + 1.9905
R2 = 0.0417
5
Vazão observada N2 (mm/dia)
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Vazão observada N1 (mm/dia)
(a)
35
0.05
0.045
y = 1.2401x + 0.0005
R2 = 0.7328
0.04
0.03
0.025
0.02
0.015
0.01
0.005
0
0.000 0.005 0.010 0.015 0.020 0.025 0.030 0.035 0.040
Vazão observada N1 (mm/dia)
(b)
Figura 21: Relação entre as vazões N1 e N2: (a) intervalo diário e (b) intervalo
de 10 minutos.
36
Tabela 5: Balanço hídrico no período entre 14 e 30 novembro de 2006.
Chuva Vazão Evapotranspiração
Microbacias Et
P Q %Q/P %Et/P
experimentais
(mm) (mm) (mm)
N1 140,4 44,48 95,92 31,68 68,32
N2 140,4 33,97 106,43 24,19 75,81
P1 140,4 60,27 80,13 42,93 57,07
37
Tabela 6: Estudos sobre balanço hídrico no mês de novembro
Balanço hídrico no mês de novembro
Uso e Chuva Vazão Evapotranspiração
%Q/R %Et/R
localização (mm) (mm) (mm/mês)
Mata atlântica
193 130 63 67,36 32,64
(SP)1
Floresta
210 50 50* 23 23
restituição (NC)2
Pinus (NC)2 100 25 55* 25 55
Pinus + cipreste
65 17 80* 26 123
(FL)2
Corte de pinus e
122,00 84,16 37,84 68,98 31,02
plantação (PR)3
1: Arcova (1998); 2: Sun et al. (2002); 3: Sagara (2000); *: A
evapotranspiração foi estimada usando o método de Hamon.
38
N1
1.84
1.82
y = -0.0326x + 1275.5
R2 = 0.95
1.8
Ln Q 1.78
1.76
1.74
1.72
1.7
1-Nov 2-Nov 2-Nov 3-Nov 3-Nov 4-Nov 4-Nov 5-Nov 5-Nov
Tempo (dias)
(a)
N1
1.68
y = -0.0541x + 2112.4
R2 = 0.9979
1.66
1.64
1.62
Ln Q
1.6
1.58
1.56
1.54
6-Nov 7-Nov 7-Nov 8-Nov 8-Nov 9-Nov 9-Nov
Tempo (dias)
(b)
Figura 22: Períodos de recessão da N1 no intervalo diário: (a) nos dias 2 a 5 de
novembro, (b) nos dias 7 a 9 do mesmo mês.
39
N2
0
6-Nov 7-Nov 7-Nov 8-Nov 8-Nov 9-Nov 9-Nov 10-Nov 10-Nov 11-Nov 11-Nov
-0.1
-0.2
y = -0.1348x + 5260.2
R2 = 0.9607
-0.3
Ln Q
-0.4
-0.5
-0.6
-0.7
Tempo (dias)
(a)
N2
0.6
0.57
0.56
Ln Q
0.55
0.54
0.53
0.52
0.51
0.5
20-Nov 21-Nov 21-Nov 22-Nov 22-Nov 23-Nov 23-Nov
Tempo (dias)
(b)
Figura 23: Períodos de recessão da microbacia N2 no intervalo diário: (a) entre
os dias 7 e 11 de novembro, (b) entre os dias 21 e 23 de novembro.
40
A Figura 24 representa P1, no intervalo diário, no período de recessão entre os
dias 7 a 11 de novembro.
P1
-0.57
6-Nov 7-Nov 7-Nov 8-Nov 8-Nov 9-Nov 9-Nov 10-Nov 10-Nov 11-Nov 11-Nov
-0.58
-0.59
y = -0.0142x + 553.03
-0.6
R2 = 0.6414
-0.61
Ln Q
-0.62
-0.63
-0.64
-0.65
-0.66
-0.67
Tempo (dias)
41
N1
0
14:34 14:54 15:14 15:34 15:54 16:14 16:34 16:54 17:14 17:34
-1
-2
y = -0.0942x - 4.3526
R2 = 0.9521
Ln Q -3
-4
-5
-6
-7
Tempo (horas)
(a)
N2
0
15:54 16:24 16:54 17:24 17:54 18:24 18:54 19:24 19:54 20:24
-1
-2
y = -0.0445x - 4.5677
R2 = 0.9272
-3
Ln Q
-4
-5
-6
-7
Tempo (horas)
(b)
Figura 25: Período de recessão no dia 06 de novembro: (a) N1 no intervalo 10
minutos, (b) N2 no intervalo 10 minutos
42
Tabela 7: Microbacias e os coeficientes de recessão
Intervalo de
Microbacias Coeficiente de recessão
tempo
N1 diário 0,04335
N2 diário 0,08605
P1 diário 0,0142
N1 10 minutos 0,0942
N2 10 minutos 0,0445
43
N1 diário
Vazão (mm/dia)
4
Qobservada
Qcalculada
3
0
30-Oct 4-Nov 9-Nov 14-Nov 19-Nov 24-Nov 29-Nov 4-Dec 9-Dec
Tempo (dias)
(a)
N2 diário
4
Vazão (mm/dia)
Qobservada
3
Qcalculada
0
30-Oct 4-Nov 9-Nov 14-Nov 19-Nov 24-Nov 29-Nov 4-Dec 9-Dec
Tempo (dias)
(b)
P1 diário
12
10
8
Vazão (mm/dia)
Qobservada
6
Qcalculada
0
30-Oct 4-Nov 9-Nov 14-Nov 19-Nov 24-Nov 29-Nov 4-Dec 9-Dec
Tempo (dias)
(c)
Figura 26: Hidrograma das vazões observada e calculada no intervalo diário:
(a) microbacia N1, (b) microbacia N2 e (c) microbacia P1.
44
Visualmente, observa-se que os dados simulados acompanharam o
comportamento dos dados observados, sendo que a N2 apresentou melhor simulação
em relação às microbacias N1 e P1.
A Figura 27 mostra os hidrogramas das vazões observada e calculada das
microbacias N1 e N2 no intervalo de 10 minutos.
N1 10 min
0.07
0.06
0.05
Vazão (mm/10 min)
0.04
Qcalculada
Qobservada
0.03
0.02
0.01
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias de dezembro)
(a)
N2 10 min
0.2
0.18
0.16
0.14
Vazão (mm/10min)
0.12
Qcalculada
0.1
Qobservada
0.08
0.06
0.04
0.02
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias de dezembro)
(b)
Figura 27: Hidrograma das vazões observada e calculada no intervalo de 10
minutos: (a) microbacia N1, (b) microbacia N2.
45
diário e 6/12 nas N1 e N2 no intervalo de 10 minutos, e subestimou as vazões
maiores, como se observa no dia 19 de novembro nas N1, N2 e P1 no intervalo
diário.
Os parâmetros de ajuste do modelo estão na Tabela 8 e representam os
resultados finais obtidos nas simulações para os períodos analisados. Para alcançar
esses parâmetros várias simulações tiveram de ser realizadas no HYCYMODEL
visando à obtenção dos valores aceitáveis de F1, F2, COE e Dv.
46
proporcionando maior sensibilidade. As análises de cada parâmetro terminavam
quando as alterações feitas não produziam melhores resultados para os erros. Na
análise foi constatado que o parâmetro Ku não apresentou qualquer modificação nos
resultados.
A microbacia N1 no intervalo diário apresentou um bom ajuste, satisfazendo os
valores aceitáveis de F1, F2 e COE, no entanto este resultado não é satisfatório
devido ao erro de calibração do dia 14 de novembro. A microbacia P1, no mesmo
intervalo, apresentou o pior resultado dos erros F1, F2 e Dv. O resultado da N2 no
intervalo de 10 minutos obteve um bom erro F1 e F2, enquanto que os erros COE e
Dv foram ruins.
Os resultados aceitáveis do Dv refletem a melhor simulação visual das
microbacias N2 no intervalo diário e N1 no intervalo de 10 minutos.
Na realização das análises de sensibilidade com o HYCYMODEL, verificou-se
para os dados de chuva e vazão das microbacias experimentais que é mais fácil obter
valores de erro F2 próximos do aceitável do que os erros F1, COE e Dv. Esta
constatação deve-se provavelmente ao fato de que F1 e COE levam em consideração
o somatório das diferenças diárias entre as vazões observadas e calculadas (Equações
18 e 20), ao passo que F2 considera uma diferença entre os somatórios das vazões
observadas e calculadas no período (Equação 19) e Dv é uma porcentagem dos dados
simulados em relação aos dados observados (Equação 21).
A Figura 28 apresenta as vazões observadas e calculadas das microbacias no
intervalo diário e a Figura 29 mostra no intervalo de 10 minutos.
N1 diário
8
y = 1.1865x - 0.6531
R2 = 0.8738
7
6
Vazão Observada (mm/dia)
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Vazão Calculada (mm/dia)
(a)
47
N2 diário
6
y = 0.9243x + 0.1672
2
R = 0.326
5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Vazão Calculada (mm/dia)
(b)
P1 diário
12
y = 1.2694x + 0.4179
R2 = 0.4679
10
Vazão Observada (mm/dia)
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Vazão Calculada (mm/dia)
(c)
Figura 28: Visualização da correlação entre as vazões calculada e observada no
intervalo diário (a) microbacia N1, (b) microbacia N2 e (c)
microbacia P1.
48
N1 10min
0.04
y = 0.3822x + 0.0008
0.035
R2 = 0.2589
0.03
Vazão observada (mm/dia)
0.025
0.02
0.015
0.01
0.005
0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07
Vazão calculada (mm/dia)
(a)
N2 10min
0.04
y = 0.1073x + 0.0021
0.035 2
R = 0.0775
0.03
Vazão observada (mm/dia)
0.025
0.02
0.015
0.01
0.005
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
Vazão calculada (mm/dia)
(b)
Figura 29: Visualização das vazões calculada e observada no intervalo de 10
minutos (a) microbacia N1, (b) microbacia N2.
49
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Quanto às características físicas, conclui-se que as microbacias experimentais
apresentam a mesma forma. A N2 apresentou uma maior densidade de drenagem e a
P1 está em maior altitude. A declividade média do curso de água das P1 e N2 é
similar. Assim, os índices indicam que o tempo de resposta das N2 e P1 são
semelhantes.
Quanto ao monitoramento do processo chuva-vazão, os hidrogramas das N1 e
N2 no intervalo diário apresentaram uma diferença na vazão no início de novembro
devido à calibração em campo, e por isso a baixa correlação entre essas vazões. A
microbacia P1 obteve um resultado diferente no início de dezembro devido a um
entupimento na calha Parshall.
O hidrograma da N2 no intervalo de 10 minutos apresentou menor variação
devido ao menor coeficiente de recessão. O tempo de pico da N2, comparada à N1,
refletiu num retardo de 20 minutos devido a sua maior área. Além disso, as vazões
das microbacias N1 e N2 no mesmo intervalo apresentaram boa correlação.
Quanto ao balanço hídrico, conclui-se que as microbacias de mata nativa têm
maior evapotranspiração e a microbacia de pinus apresentou valores próximos de
evapotranspiração e vazão.
Quanto à aplicação do modelo HYCYMODEL, os hidrogramas das vazões
observada e simulada revelaram que, em geral, o modelo obteve um resultado
semelhante à realidade, contudo houve uma diferença nas vazões de pico, o modelo
superestimou as vazões menores e subestimou as vazões maiores. A melhor
simulação visual ocorreu com os dados da N2 no intervalo diário e da N1 no
intervalo de 10 minutos por isso apresentaram um bom Dv. A análise de sensibilidade
constatou que o parâmetro Ku não interfere nos resultados.
Quanto ao coeficiente de recessão, a microbacia P1 avaliada as demais
apresentou o menor coeficiente de recessão, indicando que a água permanece mais
tempo no solo. Em relação às microbacias nativas, a água permanece mais tempo na
microbacia N2.
Quanto às influências dos diferentes usos do solo sobre os processos
hidrológicos, conclui-se que a microbacia P1 apresentou maior evapotranspiração e a
microbacia N1 revelou maior vazão, porém a N2 obteve maior evapotranspiração,
indicando uma contradição.
O presente trabalho recomenda a instalação de infra-estrutura como tela de
proteção, a montante da calha Parshall, para evitar o entupimento na região de
medição e limpeza quinzenal na área de captação do pluviógrafo. Além disso, deverá
ser realizado o monitoramento e a verificação da calibragem nas microbacias
experimentais para a validação dos dados.
50
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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