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DIREITO PENAL – LEIS EXTRAVAGANTES

(Aula nº 02 – 04/12/2010)

Programa:

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE


LEI DE TORTURA
LEI DE CRIMES HEDIONDOS
LEI DE DROGAS
LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS
ECA
LEI DE CRIME ORGANIZADO
LEI MARIA DA PENHA
LEI DE RACISMO
LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
LEI DA ORDEM TRIBUTÁRIA
LEI DO GENOCÍDIO

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (Lei nº 4898/65)

A lei de abuso de autoridade foi feita no período de ditadura militar. Então, não se verão
penas altas nessa lei.
Quando se fala em abuso de autoridade, está se tutelando não apenas os direitos e as
garantias fundamentais atacados pela autoridade, mas também os aspectos relacionados à própria
Administração Pública. São tutelados os crimes pluriofensivos.
O sujeito passivo do crime de abuso de autoridade será o indivíduo que sofreu o abuso e
também o Estado.
O conceito de autoridade foi trazido pelo art. 5º, da Lei nº 4898/65.
Art. 5º, da Lei nº 4898/65: Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar,
ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Esse conceito deve ser interpretado de forma restritiva. Se o crime é de abuso de poder,
só pode ser sujeito ativo de abuso de poder aquele que tiver poder de abusar.
Esse crime de abuso de autoridade foi extraído do art. 322, do Código Penal.
Antes de 1975, tudo que hoje está no abuso de autoridade estava no art. 322, do Código
Penal.
Violência arbitrária

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Art. 322, do Código Penal: Praticar violência, no exercício de função ou a
pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à
violência.
A Lei nº 4898 revogou o art. 322, do Código Penal? O STF disse que não, no RHC nº
95617/MG. Então, tudo que não estiver adequado à Lei nº 4898 pode ser colocado no art. 322, do
Código Penal.
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. CP, ART. 322. CRIME DE
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA. REVOGAÇÃO PELA LEI N. 4.898/65.
INOCORRÊNCIA. O artigo 322 do Código Penal, que tipifica o crime de
violência arbitrária, não foi revogado pelo artigo 3º, alínea i da Lei n.
4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade). Precedentes. Recurso ordinário em
habeas corpus não provido.
(RHC 95617, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
25/11/2008, DJe-071 DIVULG 16-04-2009 PUBLIC 17-04-2009 EMENT
VOL-02356-04 PP-00795 RTJ VOL-00210-02 PP-00707)
É preciso que exista vínculo entre o agente e o Estado. O agente licenciado mantém
vínculo com o Estado, de modo que pode ser sujeito do crime de autoridade. Mas o aposentado não
tem mais vínculo com o Estado. O afastado do exercício da função também pode ser agente desse
crime.
O agente público não precisa estar no exercício da função para ser agente do crime de
abuso de poder. É preciso que o agente esteja atuando, isto é, valendo-se da função.
Na opinião da professora, o crime de abuso de poder vai ter a competência editada pela
natureza da função exercida.
O STJ diz que não é porque o funcionário público é federal que a competência será
fixada na justiça federal. Interpretando-se o art. 109, da CRFB/88, de forma restritiva, só se vai
reconhecer a competência federal quando, por exemplo, o funcionário estiver no exercício da função
federal, atuando em nome do Estado. Então, nem sempre que ele for funcionário federal a competência
será da justiça federal, porque nem sempre vai tocar bens da União. A professora discorda desse
entendimento.
Militar pode praticar crime de abuso de autoridade. Quando o faz, o crime está na Lei nº
4898/65 e não no CPM.
Crime militar é aquele tipificado no Código Penal Militar. Existe crime militar que não
é praticado por militar. Crime militar não é crime praticado em ambiente militar. Crime militar próprio
é aquele que só tem definição no Código Penal Militar. Crime militar impróprio é aquele previsto no
Código Penal Militar, mas também no Código Penal comum. Exemplo: lesão corporal, homicídio,
estupro, drogas.

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O abuso de autoridade muitas vezes vem com uma lesão corporal leve. Nesse caso, a
lesão corporal não fica absorvida pelo crime de abuso de autoridade.
Súmula 172, do STJ: COMPETE A JUSTIÇA COMUM PROCESSAR E
JULGAR MILITAR POR CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE, AINDA
QUE PRATICADO EM SERVIÇO.
Homicídio praticado por policial militar em serviço contra civil é de competência do
júri da justiça comum. Já lesão corporal praticada por militar em serviço contra civil é de competência
da justiça comum.
Quando os crimes são conexos, pela regra, haverá a união dos processos e do
julgamento. A justiça especial exercerá a via atrativa. Só que não vai tudo para a justiça militar. Os
processos serão divididos. Nunca haverá abuso de autoridade de militar contra civil sendo julgado pela
justiça militar. Existe no Código Penal Militar crime de abuso contra suas fileiras.
Ação penal de crime de abuso de autoridade é pública incondicionada. No art. 1º e no
art. 2º há o direito de representação. Essa representação não tem natureza jurídica de condição de
procedibilidade. Isso é o exercício do direito de petição (art. 5º, XXXIV, da CRFB).
Art. 1º, da Lei nº 4898/65: O direito de representação e o processo de
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à
autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar
processo-crime contra a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a
exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo
de três, se as houver.
Imagine que Cristiane, com 27 anos, obteve carteira de habilitação, e começou a dirigir.
Ela dirige muito mal. Num certo dia, tentando dar partida com o carro em Cascadura e sem êxito, o
guarda pede a habilitação de Cristiane, visando verificar se realmente ela possui carteira. O guarda não
liberou Cristiane para sair com o veículo. Constitui abuso de autoridade, qualquer atentado à liberdade
de locomoção. Ocorre que, nesse caso, não houve abuso.
Art. 3º, da Lei nº 4898/65: Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
No crime de abuso de autoridade, é preciso que o agente imprima ao seu
comportamento uma certa tendência negativa, abusiva, humilhante de subjugar o outro. Se não existir
isso, não se tratará de abuso de poder.

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O crime do art. 3º pode ser classificado como delito de atentado, que é o crime em que a
forma tentada é punida da mesma forma que a consumada. Então, os crimes de abuso de autoridade no
art. 3º não admitem tentativa, pois a tentativa já é o crime consumado. No art. 4º admite, pois nesse
artigo não é crime de atentado.
Formas de abuso de autoridade do art. 3º:
Art. 3º, da Lei nº 4898/65: Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
(Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)
A liberdade de locomoção pode ser restringida na vigência do estado de sítio. Se a
restrição da liberdade de locomoção se der em virtude de prisão ilegal não se caracterizará o crime do
art. 3º, mas do art. 4º.
Domicílio aqui é o mesmo da invasão de domicílio do Código Penal. O conceito de casa
aqui é o mesmo trazido pelo art. 150, § 4º, do Código Penal. Neste,
Art. 150, § 4º, do Código Penal: A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.
O art. 150, § 2º, do Código Penal, trata da violação de domicílio praticada com abuso de
poder. Essa violação foi revogada pelo art. 3º, b, da Lei nº 4898/65.
Art. 150, § 2, do Código Penal: Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é
cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância
das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Táxi e caminhão não são casas.
Nos crimes de armas, que iremos estudar, há porte versus posse. Posse significa arma
em casa ou no estabelecimento comercial de que o agente for proprietário ou por ele responsável. O
porte é sempre fora de casa. Não há posse fora de casa.
Agravo regimental no habeas corpus nº 83680/2007.

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AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. POSSE DE ARMA DE FOGO.
ABOLITIO CRIMINIS. OCORRÊNCIA SE A ARMA ESTIVER NA
RESIDÊNCIA OU NO TRABALHO DO ACUSADO. TRANSPORTE DE
ARMA NO VEÍCULO. PORTE ILEGAL. CONDUTA TÍPICA.
1. Esta Corte firmou entendimento no sentido de ser atípica a conduta de
posse irregular de arma de fogo, tanto de uso permitido (art. 12) quanto de
uso restrito (art. 16), no período referido nos artigos 30 e 32 da Lei nº
10.826/2003, em razão da descriminalização temporária.
2. Caracteriza-se o delito de posse irregular de arma de fogo apenas quando
ela estiver guardada no interior da residência (ou dependência desta) ou no
trabalho do acusado, evidenciado o porte ilegal se a apreensão ocorrer em
local diverso.
3. Narrando a denúncia, acolhida pela sentença condenatória, que o
agravante transportava a arma de fogo no interior de seu veículo, não é de
falar em posse irregular de arma, mas de porte ilegal, não abrangido pela
descriminalização temporária.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no HC 83680/MS, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA,
julgado em 06/12/2007, DJ 19/12/2007, p. 1237)
Imagine que um policial que vai fazer uma revista no caminhão do caminhoneiro, mas
faz muita bagunça, quebra aparelhos. Pode ser abuso pelo art. 4º, h, ou pelo art. 3º, f. Mas não haverá
abuso de autoridade na modalidade de violação de domicílio.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica,
quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
f) à liberdade de associação;
Sigilo de correspondências: os artigos de violação de correspondência do Código Penal
(art. 151, do Código Penal) foram revogados na sua grande maioria pela Lei nº 6538/78. Essa lei, com
relação ao sigilo de correspondência, não revogou a letra c do art. 3º, da lei de abuso de autoridade.
Então, se houver violação ao sigilo de correspondência feito por autoridade com abuso de poder, o
crime será da Lei nº 4898/65 e não da Lei nº 6538/78.
Existem determinadas situações em que será possível a quebra do sigilo de
correspondência. Esse sigilo não é um direito absoluto.
O art. 41, da LEP, prevê:
Art. 41, da LEP: Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

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III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e
a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização
da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da
leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os
bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente. (Incluído pela Lei nº
10.713, de 13.8.2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser
suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do
estabelecimento.
O parágrafo único desse artigo prevê que o direito de se comunicar com o mundo
exterior através de correspondência pode ser suspenso ou restringido por ato fundamentado do diretor
do estabelecimento prisional, quando houver fundada necessidade. Então, é possível a violação do
sigilo de correspondência na LEP. Esse dispositivo foi recepcionado pela CRFB/88, conforme já
decidiu o STF, no habeas corpus nº 70814/SP.
E M E N T A: HABEAS CORPUS - ESTRUTURA FORMAL DA SENTENÇA E
DO ACÓRDÃO - OBSERVANCIA - ALEGAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO
CRIMINOSA DE CARTA MISSIVA REMETIDA POR SENTENCIADO -
UTILIZAÇÃO DE COPIAS XEROGRAFICAS NÃO AUTENTICADAS -
PRETENDIDA ANALISE DA PROVA - PEDIDO INDEFERIDO. - A estrutura
formal da sentença deriva da fiel observancia das regras inscritas no art. 381
do Código de Processo Penal. O ato sentencial que contem a exposição
sucinta da acusação e da defesa e que indica os motivos em que se funda a

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decisão satisfaz, plenamente, as exigencias impostas pela lei. - A eficacia
probante das copias xerograficas resulta, em princípio, de sua formal
autenticação por agente público competente (CPP, art. 232, paragrafo único).
Pecas reprograficas não autenticadas, desde que possivel a aferição de sua
legitimidade por outro meio idoneo, podem ser validamente utilizadas em juízo
penal. - A administração penitenciaria, com fundamento em razoes de
segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem
jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma
inscrita no art. 41, paragrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a
interceptação da correspondencia remetida pelos sentenciados, eis que a
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir
instrumento de salvaguarda de praticas ilicitas. - O reexame da prova
produzida no processo penal condenatório não tem lugar na ação sumarissima
de habeas corpus.
(HC 70814, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado
em 01/03/1994, DJ 24-06-1994 PP-16649 EMENT VOL-01750-02 PP-00317
RTJ VOL-0176- PP-01136)
Liberdade de consciência e de crença: são liberdades garantidas pela própria
Constituição.
Se um delegado de polícia impedir que se instalem na sua “jurisdição” centros de
macumba e de umbanda, estará cometendo crime de abuso de autoridade. Agora, se o delegado se
utiliza de forma física (lesão corporal) nos sujeitos para impedir tal prática, ele estará cometendo crime
de tortura preconceituosa, racista ou discriminatória (art. 1º, I, c, da Lei nº 9455/97).
Art. 1º, Lei nº 9455/97: Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental:
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Ainda há o aumento de pena, por se tratar de agente público o agressor.
Art. 1º, § 4º, da Lei nº 9455/97 Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
Imagine, agora, que o delegado incite a discriminação racial e religiosa. O crime, nesse
caso, seria de racismo (art. 20, da Lei nº 7716/89).
Art. 20, da Lei nº 7716/89: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas,
ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou

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gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº
9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos
meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o
Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do
material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede
mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em
julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Parágrafo incluído
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Quando o ordenamento jurídico fala do racismo está tratando de raça, religião, cor, etnia
e procedência. Ser nordestino, por exemplo, é questão relacionada à procedência nacional, objeto,
portanto, de racismo.
A legislação brasileira não traz nenhuma proteção específica à pessoa por conta de sua
orientação sexual. Os homossexuais não têm nenhuma proteção especial.
Liberdade de associação: Não podem existir associações de caráter paramilitar.
Art. 292, art. 295, art. 298, art. 300, art. 305, todos da Lei nº 4737/65. Todos esses
artigos da lei eleitoral caracterizam condutas que, a rigor, seriam também um abuso de poder quanto ao
livre exercício do direito de voto. Exemplo: reter título de eleitor.
Na lei 4898, encontramos que é abuso de poder todo e qualquer ato ao livre exercício do
direito de voto.
A lei 4737/65 é especial em relação à lei de abuso de autoridade.
É competente para julgar os crimes do Código Eleitoral a justiça eleitoral. Os crimes de
abuso de autoridade contra o livre exercício do direito de voto, que se subsumir à Lei nº 4898, são de
competência da justiça comum.
Também caracteriza abuso de autoridade qualquer atentado ao direito de reunião, à
incolumidade física do indivíduo, que também pode caracterizar tortura. Mas não significa que o inciso
i esteja revogado. Para ser tortura, deve a conduta se amoldar à lei de tortura. Se a pessoa usar seu
poder e causar lesão corporal, responderá pelos dois crimes, pelo crime de abuso mais o crime de lesão
corporal, que não ficará absorvido pelo abuso.

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Também caracteriza abuso de poder qualquer atentado aos direitos e garantias legais
assegurados no exercício profissional.
Na última prova do Ministério Público caiu uma questão em que uma agente feminina
de uma penitenciária revistava uma mulher que visitava o marido preso. Acabou por achar um celular
nas partes intimas da mulher. Perguntou-se: A revista íntima caracteriza abuso de autoridade? Desde
que seja feita na forma correta, não há abuso de poder. Dependendo da forma, até pode caracterizar
abuso, mas não pelo art. 3º, e sim pelo art. 4º, h, da Lei nº 4898.
No art. 4º, da Lei nº 4868, há outras formas de abuso de autoridade.
Quando a vítima de uma ação estatal for uma criança ou um adolescente, pode ser que o
ato não se caracterize como abuso de autoridade, mas crime descrito no ECA. Assim, determinada
prisão de um menor sem que ele esteja em flagrante delito de ato infracional caracterizado estará o
crime do art. 230, do ECA.
Art. 4º, da Lei nº 4868: Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as
formalidades legais ou com abuso de poder.
Art. 230, do ECA: Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou
inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem
observância das formalidades legais.
Se for criança ou adolescente, o crime é do art. 232, do ECA, e não crime de abuso de
autoridade.
Art. 4º, da Lei nº 4868: Constitui também abuso de autoridade:
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei.
Art. 232, do ECA: Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Questão de prova: um agente fiscal que solicita ao contribuinte vantagem para não
lançar contribuição social comete crime de corrupção passiva, contra a ordem tributária, excesso de
exação ou prevaricação? Art. 3º, II, da Lei nº 8137/90. É um crime funcional contra a ordem
tributária.
Art. 3°, da Lei nº 8137/90: Constitui crime funcional contra a ordem
tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas

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em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para
deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los
parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
No ECA, o art. 4º, c, está no art. 231. Comunicação de prisão à família e ao juiz é
imposição constitucional. Não comunicação da prisão ao juiz é crime de abuso de autoridade. Não
comunicação da apreensão do adolescente ao juiz é crime do art. 231, do ECA. Não comunicação da
prisão à família não é conduta criminosa, é conduta atípica. Não comunicação da apreensão do
adolescente à família é crime do ECA.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou
detenção de qualquer pessoa.
Art. 231, do ECA: Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de
criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Na letra c só se está prevendo como criminosa a conduta de não comunicar a prisão ao
juiz. Mas não se prevê como criminosa a conduta de não comunicar a prisão à família. No art. 231, do
ECA, é previsto como criminosa a não comunicação ao juiz e à família.
Letra d:
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe
seja comunicada;
Letra e: não tem correspondência no ECA, já que adolescente não paga fiança.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança,
permitida em lei;
Letra f e g: são letras mortas no atual ordenamento.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas,
emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha
apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de
importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de
qualquer outra despesa;
Letra h: não há regra correlata no ECA.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica,
quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;

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Letra i: art. 235, do ECA.
Art. 4º, da Lei nº 4898/65: Constitui também abuso de autoridade:
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir
imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)
Art. 235, do ECA: Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em
benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
O período máximo que um adolescente pode ficar internado provisoriamente é 45 dias.
Mas a internação pode durar até 3 anos ou até o adolescente completar 21 anos. A pessoa que
prorrogou a internação pode responder por abuso de autoridade. A autoridade coatora será ou o
delegado de polícia que custodia ou o juiz.
Todo ato caracterizador do abuso de autoridade pode gerar responsabilidade penal, civil
ou administrativa.
As conseqüências penais pela prática do crime de abuso de autoridade estão no art. 6º, §
3º, da Lei nº 4898/65.
Art. 6º, § 3º, da Lei nº 4898/65: A sanção penal será aplicada de acordo com
as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos.
Crime de abuso de autoridade é hoje considerado como de menor potencial ofensivo. A
pena máxima é de 6 meses.
Existe um procedimento específico para o crime de abuso de autoridade. Esse
procedimento só poderá ser usado nas hipóteses em que ficar afastada a aplicação da Lei nº 9099/95.
A prescrição do crime do abuso de autoridade se dará a partir de 6 de maio de 2010, em
3 anos. Antes dessa data, a prescrição se dava em 2 anos.
A perda do cargo na lei de abuso de poder tem natureza jurídica de sanção penal. É a
única situação no ordenamento jurídico brasileiro em que a perda do cargo se apresenta como pena. No
Brasil, a perda do cargo é efeito de condenação automático ou não.
Essas penas do art. 6º, § 3º, da Lei nº 4898/65, devem ser aplicadas de uma vez só? O
Princípio da inderrogabilidade da pena dispõe que, se a pena tiver sido cominada, o juiz é obrigado a
aplicar a pena. A resposta está no art. 6º, § 4º, da Lei nº 4898/65.
Art. 6º, § 4º, da Lei nº 4898/65: As penas previstas no parágrafo anterior
poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
Caberiam a transação e a suspensão condicional, que são institutos despenalizadores.
Isso porque o crime aqui é de ação penal pública incondicionada.

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Perda de cargo no ordenamento jurídico brasileiro: art. 92, I, do Código Penal, art. 83,
da Lei nº 8666/93, art. 1º, § 2º, do Decreto-lei nº 201/67, art. 1º, § 5º, da Lei nº 9455/97, art. 7º, II, da
Lei nº 9613/98, art. 16, da Lei nº 7716/89, art. 6º, § 3º, c, da Lei nº 4898/65.
No art. 92, I, do Código Penal, a perda do cargo é efeito da condenação não automática.
No art. 92, parágrafo único, verifica-se que essa perda precisa ser fundamentada pelo juiz.
Art. 92, do Código Penal: São também efeitos da condenação:(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
No art. 83, da Lei nº 8666, a perda do cargo tem natureza jurídica de efeito automático
da condenação.
Art. 83, da Lei nº 8666: Os crimes definidos nesta Lei, ainda que
simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos,
além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato
eletivo.
Quando a lei especial nada disser a respeito da perda do cargo, usa a regra do art. 92.
Os efeitos automáticos não precisam ser declarados e fundamentados. Quando o efeito
não é automático, a lei exige que seja declarado e fundamentado.
No art. 1º, § 2º, do Decreto-lei nº 201/67, o efeito é automático.
Art. 1º, § 2º, do Decreto-lei nº 201/67: A condenação definitiva em qualquer
dos crimes definidos neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação,
pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo
ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao
patrimônio público ou particular.
No art. 1º, § 5º, da Lei nº 9455/97, lei de tortura, a perda do cargo tem efeito
automático.
Art. 1º, § 5º, da Lei nº 9455/97: A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada.
No art. 7º, II, da Lei nº 9613/98, que trata dos crimes de lavagem de dinheiro, a
condenação impede o exercício do cargo ou função pública. O efeito é automático.
Art. 7º, da Lei nº 9613/98: São efeitos da condenação, além dos previstos no
Código Penal:

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II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza
e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das
pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa
de liberdade aplicada.
No art. 16, da Lei nº 7716/89, lei de racismo, a perda do cargo tem efeito automático.
Art. 16, d Lei nº 7716/89: Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do
estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
No art. 6º, § 3º, c, da Lei nº 4898/65, a perda do cargo é pena, é sanção penal e
principal.
Art. 6º, § 3º, da Lei nº 4898/65: A sanção penal será aplicada de acordo com
as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos.
Em relação ao art. 83, da Lei nº 8666, Guilherme de Souza Nucci, isoladamente,
defende que não se trata de efeito automático de condenação, mas sim de sanção administrativa.

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