Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Lewis Caroll
Through the Looking-Glass and What Alice Found There, 1871.
Estes apontamentos são uma versão beta, pelo que se encontram ainda em fase de de-
senvolvimento. Agradece-se aos leitores que indiquem eventuais gralhas ou incorrecções.
s
Conteúdo
2 Anexos 65
2.1 Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.2 Tabelas de Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Index 69
Capı́tulo 1
1.1 Revisões
Começamos por recordar alguns conceitos básicos sobre funções. Incluimos também
algumas propriedades de funções que se presumem conhecidas.
• uma regra y = f(x), a que chamamos expressão analı́tica, que permite associar a
cada objecto x ∈ A uma única imagem f(x) ∈ B.
É usual a notação
2 Funções reais de variável real
f : A −→ B
x 7−→ y = f(x).
Df = {x ∈ R | f(x) ∈ R}.
Df = {x ∈ R | x ≥ 1} = [1, +∞[.
Pela definição de uma função, todas as imagens têm de pertencer ao conjunto chegada.
Porém, pode haver elementos desse conjunto que não sejam imagens de nenhum ob-
jecto. Ao conjunto Df0 de todos os possı́veis valores que a função pode tomar, ou seja,
Df0 = {y ∈ B | ∃x ∈ Df : y = f(x)},
Quando uma função é dada apenas pela sua expressão analı́tica, assumimos que o
seu conjunto chegada é o seu contradomı́nio. A função é então caracterizada pelo seu
domı́nio, contradomı́nio e expressão analı́tica. Por uma questão de simplicidade, a par-
tir de agora assumiremos que o conjunto de chegada de uma função coincide sempre
com o seu contradomı́nio ou, alternativamente, com o conjunto dos números reais.
f : Df −→ Df0
x 7−→ y = f(x),
onde Df e Df0 deverão ser substituı́dos pelos conjuntos correspondentes e f(x) pela ex-
pressão analı́tica da função.
Para melhor visualização, é usual representar-se uma função pelo seu gráfico, que con-
siste nos pares ordenados dos objectos e respectivas imagens. O gráfico de uma função f
é o conjunto
Gf = {(x, y) | x ∈ Df e y = f(x)}.
Observação: Note que podem ser usadas várias notações para representar uma mesma
função. Em vez de escrevermos f(x) = x2 + 1 podemos escrever g(x) = x2 + 1 ou mesmo
y = x2 +1 (neste último caso, subentende-se que y é uma função de x, ou seja, y = y(x)).
Também em vez da variável muda x para denotar os objectos, podemos usar qualquer
outra letra. É indiferente escrever f(x) = x2 + 1 ou f(w) = w2 + 1.
f : [1, 2] −→ R
x2 − 1
x 7−→ ,
x+1
g : {w ∈ R : 1 ≤ x ≤ 2} −→ R
w 7−→ g(w) = w − 1,
são iguais.
4 Funções reais de variável real
Resposta: Como vimos, uma função é caracterizada pelo seu domı́nio, pelo seu contradomı́nio e
pela sua expressão analı́tica. Assim, para mostrarmos que duas funções são iguais, basta mostrar
que estas três entidades são as mesmas para ambas as funções. Facilmente se verifica que f e g
têm o mesmo domı́nio [1, 2], a mesma expressão analı́tica y(x) = x − 1 e consequentemente o
mesmo contradomı́nio.
f:R −→ R
x 7−→ (x + 1)2 − 2,
g : R+ −→ R
w 7−→ w2 + 2w − 1.
As funções são elementos básicos da linguagem matemática. É pois natural que haja
várias formas de classificar uma função real de variável real f.
Paridade
∀x ∈ Df , −x ∈ Df ∧ f(−x) = f(x);
∀x ∈ Df , −x ∈ Df ∧ f(−x) = −f(x);
f é uma função sobrejectiva se o seu contradomı́nio coincide com o seu conjunto chegada.
Periodicidade
Monotonia
f é uma função monótona em sentido lato se for crescente em sentido lato ou decrescente
em sentido lato.
Função limitada
∃L ∈ R : f(x) ≤ L, ∀x ∈ Df ;
∃M ∈ R : f(x) ≥ L, ∀x ∈ Df ;
Terminamos este parágrafo com uma breve revisão sobre as operações sobre funções.
Dadas duas funções f : Df → R e g : Dg → R, pode-se definir as funções soma f + g,
diferença f − g, produto f × g e quociente gf . Para n ∈ IN, definimos também as funções
√
potência fn e raiz n f.
Soma Diferença
f + g : Df ∩ Dg −→ R f − g : Df ∩ Dg −→ R
x 7−→ y = f(x) + g(x). x 7−→ f(x) − g(x).
Quociente
Produto
f
: Df ∩ Dg ∩ {x ∈ Dg : g(x) 6= 0} −→ R
f × g : Df ∩ Dg −→ R g
x 7−→ f(x) × g(x). f(x)
x 7−→ .
g(x)
√
fn : Df −→ R n
f : Df −→ R
7−→ (f(x))n . 7−→ n f(x).
p
x x
√
f : Df ∩ {x ∈ Df : f(x) ≥ 0} −→ R
n
x 7−→ n f(x).
p
Para além destas operações básicas podemos também definir a composição de funções,
bem como a inversa de uma função. Formalmente, a função composta de g : Dg −→ R
com f : Df −→ Dg , que se denota por (g ◦ f) (lê-se “g após f”) é definida como sendo
1.1 Revisões 7
g ◦ f : Df −→ R
x 7−→ (g ◦ f)(x) := g(f(x)).
Exemplo 2 Considere as funções reais de variável real expressas por f(x) = x + 2 e g(t) = t2 .
A função composta g ◦ f é a função real de variável real de expressão analı́tica (g ◦ f)(x) =
g(f(x)) = g(x + 2) = (x + 2)2 .
Uma outra noção importante é a de função inversa. Dada uma função injectiva f, a sua
inversa é a única função f−1 que verifica
Observação: Em bom rigor, uma função f é invertı́vel, ou seja, tem uma inversa, se e só
se for bijectiva. Porém, como vimos antes, se não tiver sido explicitado o conjunto de
chegada de uma função, podemos considerar que este coincide com o contradomı́nio.
Uma função injectiva f : Df → Df0 será então naturalmente bijectiva, logo, invertı́vel
com inversa f−1 : Df0 → Df .
• Determine x em função de y;
√
f(x) = 2 + x − 1.
Df = ?
Como o argumento da raiz tem de ser não-negativo, então x − 1 ≥ 0. Assim, Df = [1, +∞[.
Df0 = ?
√ √
Como x − 1 ≥ 0, então vem que 2 + x − 1 ≥ 2. Conclui-se que Df0 = [2, +∞[.
Como Df−1 = Df0 e Df0 −1 = Df , vem Df−1 = [2, +∞[ e Df0 −1 = [1, +∞[.
Para determinar a expressão de f−1 , notamos que f é uma função injectiva, logo é invertı́vel.
Usando o algoritmo 2, podemos escrever
√
• y = f(x) ⇔ y = 2 + x − 1 ⇔
√
• y = 2 + x − 1 ⇔ x − 1 = (y − 2)2 ⇔ x = (y − 2)2 + 1 ⇔
• f−1 (y) = (y − 2)2 + 1.
Ao longo deste curso trabalharemos com várias funções. Algumas destas, cujas definições,
propriedades e gráficos incluimos de seguida, supõem-se já conhecidas.
Funções Potência
Uma função potência é uma função cuja expressão analı́tica é da forma f(x) = kxp , onde k
e p são constantes reais e k 6= 0. Destacamos os casos seguintes, onde por simplicidade
tomamos k = 1:
1.1 Revisões 9
y
y
20
y=x5
4
y=x
4 10
y=x3
1 x
−1
2 y=x2
−10
−1 1 x
−20
Figura 1.1: Funções potência de expoente par (esquerda) e de expoente ı́mpar (direita).
ii) p = 1/n, n ∈ IN. A função f é designada de função raiz. Na Figura 1.2 esboçamos os
gráficos das funções raiz quadrada e raiz cúbica, de domı́nios respectivamente Df = R+ 0
e Df = R.
y
1/3
y=x
y=x1/2
1
x
iii) p = −1. A função expressa por função, f(x) = x1 , de domı́nio Df = R \ {0}, é chamada
função recı́proca, ver Figura 1.3.
Funções Racionais
Uma das funções comuns mais simples, o polinómio, não é mais que a soma de funções
potências com coeficientes inteiros não negativos. O polinómio de grau n com coefi-
cientes ai , i = 0, 1, . . . , n tem a forma
10 Funções reais de variável real
3
y=1/x
2
−1
−2
−3
−4
−5
P(x) = an xn + . . . + a1 x + a0 , an 6= 0.
4 8
5
3 6
4
4
2 y=x3
y=x2
2 3 2 2
y=(x−0.5) *(x−1.5)
1
0 2
0
−2
1
−1
−4
0
−2 −6
−1
−3 −8
−2 0 2 −2 0 2 −2 0 2
x x x
Uma função racional f é a razão de dois polinómios, ou seja, a sua expressão analı́tica é
da forma
P(x)
f(x) = ,
Q(x)
onde P e Q são polinómios. Observe-se que Df = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}. Para além disso,
1.1 Revisões 11
se P(x) = 1 e Q(x) = x, então obtemos a função recı́proca. Por outro lado, se Q(x) = 1,
então f é um polinómio.
Função Exponencial
f(x) = ax .
A base a determina a monotonia da função. Assim, para a > 1, f é uma função crescente
e para a ∈]0, 1[ é uma função decrescente. A base a usada com mais frequência é o
número de Neper, representado pela letra e. Nesta base, obtemos a função exponencial
natural, ver Figura 1.5.
4
7
3.5
6
3
5
2.5
x
y=(1/2) 4 y=ex
2
1.5 3
1 2
0.5
1
0
0
−0.5
−2 −1 0 1 2 −2 −1 0 1 2
x x
1
Figura 1.5: Exponencial de base a = 2 (esquerda) e função exponencial natural (direita).
ax
ax+y = ax ay ; ax−y = ;
ay
(ax )y = axy ; (ab)x = ax bx ;
ax a x 1
= ; a−x = x ;
bx b
√ a
ax/y = ax .
y
Função Logarı́tmica
12 Funções reais de variável real
loga x = y ⇔ ay = x.
loga 1 = 0 aloga x = x
x
loga (xy) = loga x + loga x; loga = loga x − loga y;
y
loga xr = r loga x.
loga (ax ) = x.
loge x = ln x.
Note-se que o logaritmo de base a pode ser escrito como uma razão entre dois logarit-
mos naturais
ln x
loga x = .
ln a
Função Módulo
A função módulo, ou função valor absoluto, associa a cada ponto x ∈ R a sua distância à
origem
1.1 Revisões 13
1
y=ln(x)
−1
−2
−3
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
|·|:R −→ R+
0
x para x ≥ 0,
x 7−→ |x| =
−x para x < 0,
1.8
1.6
1.4
y= |x|
1.2
0.8
0.6
0.4
0.2
Comecemos por relembrar as funções trigonométricas directas seno e co-seno. Para tal, con-
sideremos uma circunferência unitária, centrada na origem, e uma semi-recta, começando
na origem e que faz com o eixo das abcissas um ângulo de amplitude θ, ver Figura 1.8.
sin q
q
1 x
cos q
O ponto P de intersecção da circunferência com a semi-recta tem coordenadas (cos θ, sin θ).
As funções seno e co-seno, representadas na Figura 1.9, são periódicas de perı́odo 2π.
1 1 y=cos (x)
y=sin (x)
0.5 0.5
0 −π π 0 −π π
−0.5 −0.5
−1 −1
−5 0 5 −5 0 5
x x
Note que
1.2 Funções trigonométricas directas e inversas 15
π
cos 0 = 1 cos( ) = 0
2
π
sin 0 = 0 sin( ) = 1.
2
Já definidas as funções seno e co-seno, podemos a partir destas definir outras funções
trigonométricas. Para valores de x que verifiquem cos x 6= 0 a função tangente, represen-
tada na Figura 1.10, é definida por
sin x
tan x = .
cos x
cos x
cot x = .
sin x
1
sec x = , x ∈ {x ∈ R : x 6= π/2 + kπ, k ∈ Z};
cos x
1
csc x = , x ∈ {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}.
sin x
16 Funções reais de variável real
6
y= tan (x)
0 −π π
−2
−4
−6
−6 −4 −2 0 2 4 6
x
4 y=cot x
0 −π π
−2
−4
−6
−6 −4 −2 0 2 4 6
x
sin x = 1,
π π π
x= , ± 2π, ± 4π, . . .
2 2 2
1.2 Funções trigonométricas directas e inversas 17
π π
[− , ] −→ [−1, 1]
2 2
7 → sin x.
x −
Trata-se de uma função que admite inversa, a função arco seno que representamos por
arcsin : [−1, 1] −→ [− π2 , π2 ] e que é definida por
arcsin x = y ⇔ sin y = x,
onde x ∈ [−1, 1] e y ∈ [− π2 , π
2 ]. O gráfico da função arco seno está representado na
Figura 1.12.
1.5
π
1
y=arcsin(x)
0.5
0
−1 1
−0.5
−1
−π
−1.5
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Observe-se que
π π
arcsin(sin x)) = x, ∀x ∈ [− , ];
2 2
sin(arcsin x)) = x, ∀x ∈ [−1, 1].
Analogamente podemos obter as funções inversas das restrições principais das funções
co-seno, tangente e co-tangente. Restrigindo o domı́nio da função co-seno ao intervalo
18 Funções reais de variável real
[0, π] obtemos a restrição principal do co-seno, que é uma função injectiva. A sua função
inversa arccos : [−1, 1] −→ [0, π], designada por arco co-seno, é definida por
arccos x = y ⇔ cos y = x,
π
3
2.5
0.5
−0.5
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
x
arctan x = y ⇔ tan y = x,
onde x ∈ R e y ∈] − π2 , π
2 [. Temos ainda
arctan(tan x)) = x, ∀x ∈ R;
π π
tan(arctan x)) = x, ∀x ∈] − , [.
2 2
De modo análogo se podem definir as inversas das restrições principais das funções
co-tangente, secante e co-secante. Na tabela 1.2 podem-se encontrar os domı́nios e con-
tradomı́nios das inversas das restrições principais de algumas funções trigonométricas.
1.2 Funções trigonométricas directas e inversas 19
1.5
π/2
y=arctan (x)
1
0.5
−0.5
−1
−π/2
−1.5
−6 −4 −2 0 2 4 6
x
√
2
• arcsin 2
• arccos(cos(− π4 ))
Solução:
√ √
• arcsin 2
2
= x ⇔ sin x = 2
2
∧ x ∈ [− π2 , π
2] ⇔x= π
4.
√ √
• arccos(cos(− π4 )) = arccos( 2
2 ) = x ⇔ cos x = 2
2
∧ x ∈ [0, π] ⇔ x = π
4.
20 Funções reais de variável real
Solução: Notemos que Df−1 = Df0 e Df0 −1 = Df . Assim, começaremos por determinar o
domı́nio e contradomı́nio de f. Posteriormente, encontraremos a expressão de f−1 .
• Df = ?
Como Darccos = [−1, 1], então o argumento da função arccos pertence necessariamente a
este intervalo, ou seja −1 ≤ −4x + 1 ≤ 1. Assim temos
0 ≤ arccos(−4x + 1) ≤ π ⇔ 0 ≤ 3 arccos(−4x + 1) ≤ 3π ⇔
2 ≤ 2 + 3 arccos(−4x + 1) ≤ 2 + 3π.
• Para determinar a expressão de f−1 , notamos que no domı́nio onde f é invertı́vel se tem
f(x) = y ⇔ x = f−1 (y). Deste modo, usando o algoritmo 2, podemos escrever
– y = f(x) ⇔ y = 2 + 3 arccos(−4x + 1)
3 ⇔ −4x + 1 = cos( 3 ) ⇔ x = −(cos( 3 ) − 1)/4
– arccos(−4x + 1) = y−2 y−2 y−2
π
f(x) = 2 arctan(4x + 6) − ,
2
1.3.1 Continuidade
Uma forma simples para verificar se uma função é contı́nua consiste em esboçar e anal-
isar o seu gráfico. Assim, se for possı́vel desenhar o gráfico sem tirar o lápis do pa-
pel, trata-se de uma função contı́nua. Formalmente, a continuidade é definida em cada
ponto do domı́nio de uma função. A função real de variável real f é contı́nua no ponto
xo ∈ Df se
Exemplo 3 Na figura 1.15 encontra-se representada uma função que aparenta ser contı́nua em
todos os pontos do conjunto R \ {x1 , x2 , x3 }.
Em todos os restantes pontos, tanto quanto é possı́vel observar do gráfico, a função é contı́nua.
y4
y3
y2
y1
x1 x2 x3
No exemplo anterior, a função não é contı́nua no ponto x1 porque o seu valor passa
repentinamente de y1 para y3 , sem passar por todos os valores intermédios. Porém, se
olharmos só para a função no intervalo ] − ∞, x1 ], a função comporta-se de um modo
contı́nuo. É à direita de x1 que ocorre a descontinuidade. Dizemos então que a função é
contı́nua à esquerda no ponto x1 . Generalisando, uma função f é contı́nua à esquerda no
ponto x0 se se verificam as três condições
• limx→x−
0
f(x) existe;
• limx→x−
0
f(x) = f(x0 ).
• limx→x+
0
f(x) existe;
1.3 Continuidade e Diferenciabilidade 23
• limx→x+
0
f(x) = f(x0 ).
A noção de continuidade de uma função num ponto pode ser estendida a conjuntos.
Diz-se que f é contı́nua num conjunto quando é contı́nua em todos os pontos do con-
junto. Em particular, diz-se que a função f é contı́nua no intervalo aberto ]a, b[ se é
contı́nua em todos os pontos do intervalo. Diz-se que a função f é contı́nua no intervalo
]a, b], aberto à esquerda e fechado à direita, se é contı́nua em todos os pontos do inter-
valo aberto ]a, b[ e é também contı́nua à esquerda no ponto x = b. Diz-se que a função
f é contı́nua no intervalo [a, b[, fechado à esquerda e aberto à direita, se é contı́nua em
todos os pontos do intervalo aberto ]a, b[ e é também contı́nua à direita no ponto x = a.
Diz-se que a função f é contı́nua no intervalo fechado [a, b] se é contı́nua em todos os
pontos do intervalo aberto ]a, b[, é contı́nua à direita no ponto x = a e é contı́nua à
esquerda no ponto x = b.
Então, por análise do gráfico da função, conclui-se que a função é contı́nua à esquerda e de-
scontı́nua à direita em x = x1 . Em x = x2 , a função é contı́nua à direita e descontı́nua à
esquerda. Em x = x3 , a função é contı́nua à esquerda. Note que por x3 ser o extremo direito do
intervalo onde a função está definida, limx→x0 f(x) = limx→x− 0
f(x), logo f é também contı́nua
em x3 .
Esta propriedade é muito útil para identificar funções contı́nuas, conforme se pode ver-
ificar no exemplo seguinte.
y4
y3
y2
y1
x1 x2 x3
• h(x) = sin(tan(x))−1
2 cos(x)−x3
, pois trata-se do quociente de funções que são contı́nuas. De facto,
tanto o numerador como o denominador desta função racional são obtidos pela composição,
soma e produto de funções contı́nuas.
x, x<0
f(x) = .
sin x, x ≥ 0
Para x 6= 0, trata-se de uma função contı́nua. De facto, para x > 0, a função f é um polinómio,
logo é contı́nua. Para x < 0, a função f é trigonométrica, logo é contı́nua. Apenas restam
dúvidas sobre a continuidade da função no ponto x0 = 0. Será contı́nua em 0 se se verificarem
as três condições seguintes:
• 0 ∈ Df ;
Assim, como ambos os limites laterais existem e são iguais, concluimos que
lim f(x) = 0.
x→0
sin x
x2 +1
, x 6= 0
f(x) = .
1, x=0
Para x 6= 0, a função f é claramente uma função contı́nua, pois é definida como sendo a razão de
funções contı́nuas. Para x = 0, teremos de recorrer à definição de função contı́nua num ponto.
Assim, f será contı́nua em 0 se se verificarem as três condições seguintes:
• 0 ∈ Df ;
sin x sin 0 0
lim f(x) = lim = 2 = = 0.
x→0 x→0 x2 + 1 0 +1 1
26 Funções reais de variável real
1.3.2 Diferenciabilidade
Recorde que a velocidade escalar de um carro pode ser expressa por uma função f de-
pendente do tempo, ou seja, y = f(t). A variação da velocidade escalar do carro, a
aceleração, pode também ser descrita por uma nova função f 0 , que é a derivada de f.
Neste parágrafo exploramos a noção de derivada de uma função.
y=f(x)
f(b)
f(b)-f(a)
f(a)
h=b-a
a b x
Observe que enquanto x varia entre a e b, a função tem a variação f(a + h) − f(a).
Ao quociente entre estas duas variações chama-se taxa de variação média de f, t.v.m., no
intervalo [a, a + h]:
f(a + h) − f(a)
t.v.m. = .
h
f(a + h) − f(a)
f 0 (a) = lim .
h→0 h
1.3 Continuidade e Diferenciabilidade 27
Quando o limite anterior existe dizemos que f 0 (a) é a derivada de f em a e que a função
é diferenciável no ponto x = a. Geometricamente, o valor da derivada corresponde ao
declive m da recta tangente ao gráfico de f no ponto (a, f(a)). Como a equação de uma
recta com declive m e que passa pelo ponto (x0 , y0 ) é dada por
y − y0 = m(x − x0 ),
Até agora referimo-nos à derivada de uma função f num ponto. Se considerarmos difer-
entes pontos é de esperar que a derivada seja diferente em cada um deles. Doutro modo,
a derivada, em geral, assume valores diferentes em pontos diferentes e é também uma
função. Assim, definimos a função derivada f 0 do seguinte modo
f(x + h) − f(x)
f 0 (x) := lim .
h→0 h
x0 x x0 x x0 x
x, x ≤ 0
f(x) = |x|; g(x) = x 1/3
, h(x) =
3x, x > 0
Esboce o gráfico de cada uma destas funções para ilustrar a não-diferenciabilidade destas em
x = 0.
Como vimos, se uma função é descontı́nua num ponto do seu domı́nio, não é difer-
enciável. Conclui-se então que se uma função é diferenciável num ponto do seu domı́nio,
é contı́nua nesse ponto. Tal é enunciado no resultado seguinte.
Teorema 2 Seja f uma função real de variável real diferenciável no ponto x0 ∈ Df . Então a
função f é contı́nua em x = x0 .
Note-se que o recı́proco não é necessariamente verdadeiro. Ou seja, uma função pode
ser contı́nua num ponto mas não ser diferenciável nesse ponto, conforme se pode ver-
ificar analisando as funções do exercı́cio anterior. Trata-se de funções contı́nuas em R
que não são diferenciáveis em x = 0.
Por análise do esboço de uma função, pode-se intuir em que pontos esta é diferenciável.
Porém, para uma análise mais rigorosa e que nos permita determinar a expressão analı́tica
da derivada, onde esta exista, deve recorrer-se à definição de derivada, conforme ilustrado
no exemplo seguinte.
Exemplo 8 Considere a função real de variável real expressa por f(x) = 2x + 3. Para verificar
se a sua derivada existe no ponto x = x0 ∈ R, empregamos a definição. Analisemos então o
limite
f(x0 + h) − f(x0 )
lim .
h→0 h
A função será diferenciável em todos os pontos x = x0 para os quais o limite anterior exista. Vem
então
Como este limite existe num ponto genérico x0 ∈ R, a função é diferenciável em R e a sua
derivada é expressa por f 0 (x) = 2, ∀x ∈ R.
Exercı́cio 8 Considere a função real de variável real expressa por f(x) = ax + b. Verifique que
se trata de uma função diferenciável em todo o seu domı́nio e que f 0 (x) = a.
Há também alguns resultados que nos permitem obter as expressões das derivadas de
funções mais complexas a partir de funções mais simples. Começamos por enunciar o
resultado que nos permite calcular a derivada da função composta.
1
[f−1 (x)] 0 =
f 0 (f−1 (x))
Conforme vimos no teorema 3, as funções com que trabalhamos de forma mais fre-
quente são diferenciáveis. Para além disso, são conhecidas regras que permitem o
cálculo das expressões analı́ticas das suas derivadas, ver as tabela das derivadas 2.1-
2.2. Vejamos de seguida alguns exemplos do uso das regras da tabela.
30 Funções reais de variável real
Exercı́cio 10 Determine as expressões analı́ticas das derivadas das funções reais de variável real
expressas por
√
• f(x) = x;
• g(x) = cos x2 .
Solução:
• Note-se que f é uma função do tipo uk , onde k = 1/2. Conforme se pode verificar consul-
tando a tabela das derivadas, (uk ) 0 = kuk−1 u 0 . Logo,
1 −1/2 0 1
(x1/2 ) 0 = x (x) = √ .
2 2 x
No exercı́cio seguinte, pretende-se determinar os pontos onde uma dada função é difer-
enciável.
f(x)
lim ,
x→x0 g(x)
em que
1.3 Continuidade e Diferenciabilidade 31
Este limite pode ou não existir, sendo chamado uma indeterminação do tipo 0/0. Quando
ocorre
dizemos que temos uma indeterminação do tipo ∞/∞. Considere o exemplo seguinte.
sin x
lim .
x→0 x
Tanto o numerador quanto o denominador convergem para zero quando x → 0, pelo que se trata
de uma indeterminação do topo 0/0. Na realidade, o valor deste limite é bem conhecido, sendo
igual a 1, tal como se pode intuir da análise da Figura 1.19
1
y=(sin x )/x
−1 1
sin x
Figura 1.19: Gráfico da função expressa por f(x) = x .
então
f(x) f 0 (x)
lim = lim 0 ,
x→x0 g(x) x→x0 g (x)
f 0 (x)
lim
x→x0 g 0 (x)
tem de estar bem definido, isto é, o limite tem de existir e ser finito, ou ser +∞ ou −∞.
A regra de Cauchy também é válida para limites laterais e para limites no infinito, isto
é, para limites em que x → x+
0 , x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
−
ln x
• limx→1 (x−1)3
Temos uma indeterminação do tipo 0/0. Como tanto o numerador como o denominador
são funções diferenciáveis, podemos tentar aplicar a regra de Cauchy. Para tal, derivamos
o numerador e o denominador e calculamos o limite:
ln x 1/x 1
lim 3
=(∗) lim 2
= + = +∞
x→1 (x − 1) x→1 3(x − 1) 0
Note-se que (∗) apenas é válido se de facto a regra de Cauchy puder ser aplicada. Como o
último limite está bem definido, concluimos que
ln x
lim = +∞.
x→1 (x − 1)3
cos x−1
• limx→0 x3
Temos de novo uma indeterminação do tipo 0/0. Como tanto o numerador como o de-
nominador são funções diferenciáveis, podemos tentar aplicar a regra de Cauchy. Para tal,
derivamos o numerador e o denominador e calculamos o limite:
De novo, a igualdade (∗) apenas é válida se de facto a regra de Cauchy puder ser aplicada.
Como obtemos de novo uma indeterminação do tipo 0/0, voltamos a tentar aplicar a regra
de Cauchy, tendo em atenção que esta poderá ainda não ser válida. Finalmente, como
− cos x
lim =∞
x→0 6x
não está definido, concluimos que a aplicação da regra de Cauchy não nos permite deter-
minar o valor do limite.
• Continuidade
Para x 6= 0, a função f é claramente uma função contı́nua, pois é definida como sendo a
razão de funções contı́nuas. Para x = 0, teremos de recorrer à definição. Assim, f será
contı́nua em 0 se
sin(x)
Como para x 6= 0 se tem f(x) = x , então
Em (∗) usou-se a regra de Cauchy, pois tı́nhamos uma indeterminação do tipo 0/0.
Como f(0) = 1, a função f é contı́nua em 0.
• Diferenciabilidade
Para x 6= 0, a função f é claramente uma função diferenciável por ser definida como a razão
de funções diferenciáveis. Tal como no caso anterior teremos de recorrer à definição, agora
de derivada, em x = 0. A função f será diferenciável em 0 se existe o limite
f(h) − f(0)
lim .
h→0 h
sin(x)
Atendendo a que para x 6= 0 se tem f(x) = x e que f(0) = 1, tem-se
34 Funções reais de variável real
sin(h)
f(h) − f(0) −1 sin(h) − h (∗)
lim = lim h = lim =
h→0 h h→0 h h→0 h2
cos(h) − 1 (∗∗) − sin(h)
lim = lim = 0.
h→0 2h h→0 2
1.4.1 Primitivas
F 0 (x) = f(x), ∀x ∈ Df .
Z
P(f) = f(x)dx.
1.4 Cálculo Integral 35
Teorema 7 Seja f uma função real de variável real contı́nua. Então f é primitivável.
Para encontrarmos uma primitiva da função expressa por f(x) = 2x, temos de pensar
numa função F cuja derivada, em cada ponto x, é 2x. Por outras palavras, queremos
encontrar uma função F que verifique F 0 (x) = 2x. Facilmente se conclui que F(x) = x2
verifica a condição pretendida. Porém, também se poderia ter F(x) = x2 + 2 ou F(x) =
x2 − 12. Estas três funções e as demais translações verticais da função expressa por
F(x) = x2 são todas primitivas da função de expressão analı́tica f(x) = 2x, ou seja,
Z
2xdx = x2 + c, onde c ∈ R.
Em geral, a primitiva de uma função primitivável não é única. Todas as outras primiti-
vas da função poderão ser obtidas somando uma constante à função, conforme enunci-
ado na propriedade seguinte.
H(x) = F(x) + d.
É usual dizer-se que a primitiva de uma função, se existir, é única a menos de constante.
Recorde que o mesmo não pode ser afirmado relativamente à derivada de uma função,
que, se existir, é única. Vejamos de seguida alguns exemplos do cálculo de primitivas.
Exercı́cio 12 Determine as primitivas das funções reais de variável real expressas por:
1. f(x) = 1;
2. g(x) = x3 ;
3. h(x) = cos x;
4. i(x) = ex .
Solução: Note que as funções em questão são contı́nuas, logo são primitiváveis.
1. Procuramos uma função real de variável real F cuja derivada seja constante de valor 1,
ou seja, F 0 (x) = 1. Esta é fácil de encontrar: a função de expressão analı́tica F(x) = x
36 Funções reais de variável real
verifica a condição desejada. Como a primitiva de uma função, se existir, é única a menos
de constante, conclui-se que
Z
1dx = x + c, c ∈ R.
4
2. A função de expressão analı́tica F(x) = x4 é uma primitiva da função de expressão g(x) =
x3 . Logo,
Z
x4
x3 dx = + c, c ∈ R.
4
No exemplo anterior, lidámos com quatro funções que por serem contı́nuas concluı́mos
ser primitiváveis. Nem todas as funções são primitiváveis, como veremos no exemplo
seguinte.
0, x < 0
h(x) = .
1, x ≥ 0
Se existisse uma primitiva H de h, então no intervalo ]−∞, 0[, ter-se-ia H(x) = c1 , c1 ∈ R. Já
no intervalo ]0, +∞[, viria H(x) = x + c2 , c2 ∈ R. Deste modo, H seria uma função definida
por ramos, do modo seguinte:
c1 , x<0
H(x) = x + c2 , x > 0 .
d, x=0
onde d ∈ R. Ora, facilmente se conclui que H teria um ponto anguloso em x = 0, pelo que
não se trataria de uma função diferenciável nesse ponto, não podendo assim ser uma primitiva.
Conclui-se deste modo que h não é primitivável.
primitivas das funções. Mais ainda, a primitiva do produto de uma constante por uma
função primitivável é igual ao produto da constante pela primitiva da função. Estes
resultados de linearidade são enunciados no teorema seguinte.
Z Z Z
f(x) + g(x)dx = f(x)dx + g(x)dx;
Z Z
αf(x)dx = α f(x)dx.
Exercı́cio 13 Determine, caso exista, a primitiva da função real de variável real expressa por:
Solução:
Z Z Z Z Z
(∗) x (∗∗) x
f(x)dx = e dx + 2 cos xdx = e dx + 2 cos xdx =
x
= e + 2 sin x + c, c ∈ R.
A igualdade (∗) é válida pois a primitiva da soma de funções primitiváveis é igual à soma das
primitivas das funções. A igualdade (∗∗) é válida pois a primitiva do produto de uma constante
por uma função primitivável é igual ao produto da constante pela primitiva da função.
Nos exemplos apresentados o cálculo da primitiva foi muito simples. Existe um grande
número de funções cujas primitivas se obtêm ainda muito simplesmente recorrendo
a uma tabela de primitivas, ou seja, uma tabela que se obtém invertendo uma tabela
de derivadas, ver a Tabela 2.3. Tais primitivas dizem-se primitivas imediatas. Para
as calcular, basta saber escolher a regra da tabela que deve ser aplicada e fazer uso
desta, bem como eventualmente também das propriedades de linearidade enunciadas
anteriormente.
Primitivas imediatas
As primitivas imediatas são aquelas que se podem resolver recorrendo à tabela 2.3. Por
um lado, e em princı́pio, as primitivas imediatas são bastante simples de calcular, uma
38 Funções reais de variável real
vez que basta conseguir identificar qual a regra da tabela a utilizar e aplicá-la. Por outro
lado, é necessário muito treino para se conseguir determinar primitivas em tempo útil.
Por esse motivo, no que se segue, exploramos as várias fórmulas presentes na tabela.
Comecemos por resolver os exercı́cios seguintes.
Z
fp+1
f 0 fp dx = + c, p ∈ R \ {−1},
p+1
R
1. x4 dx;
R 1
2. x4
dx;
R√
5
3. 3xdx;
R
4. (3 + 4x)3 dx;
R x
5. (1+x2 )3
dx;
R
6. sin3 x cos xdx;
R 1
7. x dx;
Solução:
R
1. x4 dx = ? É necessário identificar f, f 0 e p. Neste caso, f(x) = x, f 0 (x) = 1 e p = 4.
Aplicando a fórmula vem
Z
x5
x4 dx = + c, c ∈ R.
5
R 1
2. x4
dx = ? Começamos por reescrever o integral indefinido:
Z Z
1
dx = x−4 dx.
x4
Z
1 x−3 1
4
dx = + c = − 3 + c, c ∈ R.
x −3 3x
1.4 Cálculo Integral 39
R√
5
3. 3xdx = ? Começamos por reescrever o integral indefinido:
Z√ Z√ √ Z
5 5 5
3xdx = 3x1/5 dx = 3 x1/5 dx.
Z√ √
√
5 5 x6/5 5 5 3 6/5
3xdx = 3 +c= x + c, c ∈ R.
6/5 6
R
4. (3 + 4x)3 dx = ? Neste caso, f(x) = 3 + 4x, f 0 (x) = 4 e p = 3. Reescrevemos então o
integral
Z Z
1
(3 + 4x)3 dx = 4(3 + 4x)3 dx,
4
de onde vem
Z
1 (3 + 4x)4 (3 + 4x)4
(3 + 4x)3 dx = +c= + c, c ∈ R.
4 4 16
R x
5. (1+x2 )3
dx = ? Começamos por reescrever o integral indefinido:
Z Z
x
dx = x(1 + x2 )−3 dx.
(1 + x2 )3
Note, porém, que a fórmula que pretendemos usar não é válida para p = −1. Teremos
assim de recorrer a outra fórmula para resolver esta primitiva (veja o exercı́cio seguinte).
40 Funções reais de variável real
Z
f0
dx = ln |f| + c,
f
R 1
1. x dx;
R sin x
2. cos x dx;
R 1
3. 3−4x dx;
Solução:
R
1. 1
x dx = ? Facilmente se identifica f(x) = x e f 0 (x) = 1. Vem então
Z
1
dx = ln |x| + c, c ∈ R.
x
R sin x
2. cos x dx = ? Facilmente se identifica f(x) = cos x e f 0 (x) = − sin x. Vem então
Z Z
sin x − sin x
dx = − dx = − ln | cos x| + c, c ∈ R.
cos x cos x
R
3. 1
3−4x dx = ? Facilmente se identifica f(x) = 3 − 4x e f 0 (x) = −4. Vem então
Z Z
1 1 −4 1
dx = − dx = − ln |3 − 4x| + c, c ∈ R.
3 − 4x 4 3 − 4x 4
Z
af
f 0 af dx = + c,
ln a
R
1. 3e2x dx;
R 4x +3x x
2. 3x dx;
Solução:
1.4 Cálculo Integral 41
R
1. 3e2x dx = ? Temos de identificar uma constante a elevada a uma função f e a respectiva
derivada f 0 . Claramente vem a = e e f(x) = 2x, pelo que f 0 (x) = 2. Assim, temos
Z Z Z
2x 3 2x 3 e2x 3
3e dx = 3 e dx = 2e2x dx = + c = e2x + c, c ∈ R.
2 2 ln e 2
Recorde que ln e = 1.
R x xx
2. 4 +3
3x dx = ? Comecemos por reescrever o integral:
Z Z Z x Z
4x + 3x x 4x 4
dx = + xdx = dx + xdx.
3x 3x 3
No exercı́cio seguinte não é identificada a regra a utilizar em cada alı́nea. Deverá ser o
leitor a procurar a regra aplicável na tabela das primitivas imediatas. Para tal, muitas
vezes terá de usar exclusão por partes, ver quais as regras que fazem sentido e distrinçar
entre estas a que deve ser utilizada.
R
1. 5 sin(3x)dx;
R
2. 3x cos(x2 )dx;
R 1
3. cos2 (3x)
dx;
R
4. tan(4x)dx;
R
5. cot( x3 )dx;
R
6. √ 2 dx;
1−x2
R
7. √ 1 dx;
1−4x2
R
8. √ x dx;
1−x4
R 1
9. 3+9x2
dx;
R 1
10. 4+x2
dx;
R ex
11. 1+e2x
dx.
Solução:
42 Funções reais de variável real
R
1. 5 sin(3x)dx = ?
Usamos a regra número 5. Aqui, f(x) = 3x e f 0 (x) = 3. Assim, vem
Z Z
5 5
5 sin(3x)dx = 3 sin(3x)dx = − cos(3x) + c, c ∈ R.
3 3
R
2. 3x cos(x2 )dx = ?
Usamos a regra número 4. Aqui, f(x) = x2 e f 0 (x) = 2x. Assim, vem
Z Z
3 3
3x cos(x2 )dx = 2x cos(x2 )dx = sin(x2 ) + c, c ∈ R.
2 2
R 1
3. cos2 (3x)
dx =?
Recorde que sec x = 1
cosx . Assim, usamos a regra número 6, onde f(x) = 3x e f 0 (x) = 3.
Vem então
Z Z Z
1 1 1
dx = sec2 (3x)dx = 3 sec2 (3x)dx = tan(3x) + c, c ∈ R.
cos2 (3x) 3 3
R
4. tan(4x)dx = ?
Usamos a regra número 12, com f(x) = 4x e f 0 (x) = 4. Vem assim
Z Z
1 1
tan(4x)dx = 4 tan(4x)dx = − ln | cos(4x)| + c, c ∈ R.
4 4
R
5. cot( x3 )dx = ?
Usamos a regra número 13, com f(x) = x
3 e f 0 (x) = 13 . Assim, vem
Z Z
x 1 x x
cot( )dx = 3 cot( )dx = 3 ln | sin( )| + c, c ∈ R.
3 3 3 3
R
6. √ 2 dx =?
1−x2
Usamos a regra número 10, com f(x) = x e f 0 (x) = 1. Assim, vem
Z Z
2 1
√ dx = 2 √ dx = 2 arcsin(x) + c, c ∈ R.
1 − x2 1 − x2
R
7. √ 1 dx =?
1−4x2
Observe que 4x2 = (2x)2 . Usamos então a regra número 10, com f(x) = 2x e f 0 (x) = 2.
Assim, vem
Z Z
1 1 2 1
√ dx = p dx = arcsin(2x) + c, c ∈ R.
1 − 4x2 2 1 − (2x)2 2
1.4 Cálculo Integral 43
R
8. √ x dx =?
1−x4
Observe que x4 = (x2 )2 . Usamos então a regra número 10, com f(x) = x2 e f 0 (x) = 2x.
Assim, vem
Z Z
x 1 2x 1
√ dx = p dx = arcsin(x2 ) + c, c ∈ R.
1−x 4 2 2
1 − (x )2 2
R 1
9. 3+9x2
dx =?
Começamos por reescrever o integral indefinido:
Z Z
1 1 1
dx = dx.
3 + 9x2 3 1 + 3x2
√ √ √
Observe que 3x2 = ( 3x)2 . Usamos então a regra 11, com f(x) = 3x e f 0 (x) = 3.
Vem assim
Z Z √ √
√
1 1 3 3
2
dx = √ √ dx = arctan( 3x) + c, c ∈ R.
3 + 9x 3 3 1 + ( 3x)2 9
R 1
10. 4+x2
dx =?
Começamos por reescrever o integral indefinido:
Z Z
1 1 1
dx = dx.
4+x 2 4 x 2
1+ 2
Z
(sin x)3 dx.
Escrevemos então
Z Z Z Z
3 2
(sin x) dx = (1 − (cos x) ) sin xdx = 1dx − (cos x)2 sin xdx
1
= x + (cos x)3 + c, c ∈ R.
3
Z
(sin x)2 dx.
Z Z
1 1 1
(sin x)2 dx = (1 − cos 2x)dx = (x − sin 2x) + c, c ∈ R.
2 2 2
1.4 Cálculo Integral 45
Z
(tan x)2 dx.
Z Z
(tan x)2 dx = (sec x)2 − 1dx = tan x − x + c, c ∈ R.
Z
(sec x)2 csc xdx.
Z Z Z Z
(sec x)2 csc xdx = ((tan x)2 + 1) csc xdx = (tan x)2 csc xdx + csc xdx
1
= (tan x)3 + ln | csc x − cot x| + c, c ∈ R.
3
A técnica de primitivação por partes permite primitivar alguns produtos de duas funções
diferenciáveis u e v, ou seja, determinar
Z
u(x)v(x)dx.
46 Funções reais de variável real
(uv) 0 = u 0 v + uv 0 .
Z Z
u vdx = uv − uv 0 dx,
0
ou, equivalentemente,
P(u 0 v) = uv − P(uv 0 ).
Z
f(x)g(x)dx
Z
x cos xdx.
1.4 Cálculo Integral 47
Note que estamos perante o produto de um polinómio por uma função trigonométrica. Assim,
tomaremos u 0 (x) = cos x e v(x) = x. Deste modo, pode-se escrever
Z Z
x cos xdx = (sin x) × x − (sin x) × (x) 0 dx.
Z
x cos xdx = x sin x + cos x + c, c ∈ R.
Caso 2: Se pretendemos primitivar o produto de duas funções e apenas uma destas ad-
mite primitiva imediata, deve-se escolher-se a outra função para desempenhar o papel
de v.
Neste caso, a escolha é condicionada pelo facto de um dos factores não ter primitiva
imediata, não sendo por isso boa escolha para desempenhar o papel de u 0 . Vejamos um
exemplo de aplicação da regra.
Z
√
x − 1 ln(x − 1)dx.
Note que a função expressa por ln(x−1) não tem primitiva imediata. Assim, tomaremos u 0 (x) =
√
x − 1 e v(x) = ln(x − 1). Deste modo, vem
Z Z
√ 2 2 1
x − 1 ln(x − 1)dx = (x − 1)3/2 ln(x − 1) − (x − 1)3/2 dx.
3 3 x−1
Z Z
√ 2 2
x − 1 ln(x − 1)dx = (x − 1)3/2 ln(x − 1) − (x − 1)1/2 dx
3 3
2 4
= (x − 1)3/2 ln(x − 1) − (x − 1)3/2 + c, c ∈ R.
3 9
Caso 3: Se pretendemos primitivar uma única função f cuja primitiva não é imediata,
consideramos o produto de f pela função constante de valor igual a 1. Devemos escolher
a função f para desempenhar o papel de v.
48 Funções reais de variável real
Neste caso, pretendemos primitivar uma única função f, cuja primitiva não é imediata.
Para poder aplicar a regra de primitivação por partes, necessitamos de um produto de
funções. Por esse motivo, escrevemos
Z Z
f(x)dx = f(x) × 1dx.
Naturalmente, não ganharemos nada em derivar a função constante, pelo que apenas
fará sentido escolher a função f para desempenhar o papel de v. Vejamos um exemplo
de aplicação da regra.
Z
ln xdx.
Note que a função expressa por ln x não tem primitiva imediata. Assim, escreveremos
Z
ln x × 1dx.
Z Z
1
ln x × 1dx = x ln x − x dx = x ln x − x + c, c ∈ R.
x
Neste caso, não há à partida vantagem em escolher qualquer das funções para desem-
penhar o papel de u 0 ou de v. Porém, aplicando sucessivamente a regra de integração
por partes poderá aparecer no membro à direita da igualdade uma primitiva igual à que
se pretende calcular. Deverá então tratar-se a igualdade como uma equação em que a
incógnita é a primitiva. Vejamos um exemplo de aplicação da regra.
Z
ex cos xdx.
1.4 Cálculo Integral 49
Note que tanto a exponencial como a função trigonométrica presentes na primitiva têm primitiva
imediata. Contudo, nenhuma destas se simplifica por derivação. Assim, escolhemos u 0 (x) = ex
e v(x) = cos x. Esta escolha é arbitrária. Aplicando a regra de primitivação por partes, vem
Z Z Z
e cos xdx = e cos x − e (− sin x)dx = e cos x + ex sin xdx.
x x x x
Voltamos agora a aplicar a regra de primitivação por partes. Desta vez, escolhemos u 0 (x) = ex e
v(x) = sin x. É importante que esta escolha seja consistente com a que foi efectuada na primeira
aplicação da regra. Podemos assim escrever
Z Z
ex cos xdx = ex cos x + ex sin x − ex cos xdx
Z
= ex (cos x + sin x) − ex cos xdx.
R
Repare que o factor ex cos xdx, a primitiva que pretendemos determinar, aparece em ambos os
membros da igualdade. Isolando a primitiva no lado esquerdo da igualdade, obtemos
Z
2 ex cos xdx = ex (cos x + sin x) + c, c ∈ R,
Z
1 x
ex cos xdx = e (cos x + sin x) + c, c ∈ R.
2
Z
f(x)dx = (1.1)
Z Z
dx
= f(ϕ(t)) dt = f(ϕ(t))ϕ 0 (t)dt. (1.2)
dt
Note que o resultado anterior afirma que para utilizarmos a substituição x = ϕ(t) num
integral temos de substituir, dentro do integral
• x por ϕ(t);
dx
• dx por dt dt.
Em muitos casos, são bem conhecidas as substituições adequadas para facilitar o cálculo
das primitivas. Na tabela 2.4 encontram-se sugestões de algumas substituições. É im-
portante sabermos interpretar a tabela. A notação R designa uma função racional. As-
sim, R(x1 , x2 , . . . , xn ) representará uma função racional com argumentos x1 , x2 , . . . , xn .
Tanto no numerador como no denominador da expressão analı́tica desta função encon-
traremos somas, diferenças, produtos e quocientes dos argumentos. Vejamos exemplos
de funções racionais.
√ √
Exemplo 21 Funções denotadas por R(x, x, a − x) são funções racionais em que no numer-
√
ador
√ e denominador encontramos somas, diferenças, produtos e quocientes dos factores x, x e
a − x, onde a é uma constante real. Exemplos de funções assim são
√ √
• R1 (x, x, a − x) = x1 ;
√ √ √
• R2 (x, x, a − x) = √ x ;
2−x
√ √ √
x+4 √5−x
• R3 (x, x, a − x) = 3x+ x
.
Uma vez identificado o tipo de função racional que pretendemos primitivar, podemos
proceder à substituição. Incluimos de seguida um algoritmo para calcular primitivas
por substituição usando a tabela de substituições.
• Resolva a primitiva.
• Substitua t por ϕ−1 (x), de modo a poder exprimir a primitiva como um função de x.
x
f(x) = √ .
1 − x2
Solução:
A substituição a usar é x = ϕ(t) = sin t. Para que a função ϕ seja invertı́vel, usamos a restrição
natural do seno, impondo t ∈ [ −π π
2 , 2 ]. Temos assim que t = arcsin x. Deste modo, efectuando
a substituição,
Z Z
x sin t
√ = cos tdt. (1.3)
1 − x2 | cos t|
Como t ∈ [ −π π
2 , 2 ], então cos t ≥ 0 e o coseno em denominador pode cortar com o coseno em
numerador e vem
Z Z
x
√ = sin tdt = − cos t + c. (1.4)
1 − x2
ex
• g(x) = e2x +1
;
e3x
• h(x) = e2x+1
;
• i(x) = √ 1 ;
9+x2
P(x)
Recorde que uma função racional é uma função do tipo Q(x) , quociente de dois polinómios.
Há alguns exemplos mais simples de funções racionais cuja primitiva é imediata (basta,
52 Funções reais de variável real
por exemplo, considerar o caso particular em que Q(x) = 1). Quando não é este o caso,
para integrar uma função racional começamos por comparar os graus dos polinómios
em numerador e em denominador. No que se segue, veremos como devemos proceder
nalgumas situações mais comuns.
Z
P(x)
dx,
Q(x)
onde grau (P) ≥ grau(Q). Neste caso, devemos efectuar a divisão inteira de polinómios,
obtendo assim
P(x) R(x)
= I(x) + ,
Q(x) Q(x)
com grau (R) < grau(Q). Na igualdade anterior, I e R são respectivamente a parte inteira
e o resto da divisão. Deste modo, podemos escrever
Z Z Z
P(x) R(x)
dx = I(x)dx + dx,
Q(x) Q(x)
x3
f(x) = .
x−1
x3 1
= x2 + x + 1 + .
x−1 x−1
Deste modo, como a primitiva da soma é igual à soma das primitivas (se estas existirem), temos
Z Z Z Z Z
x3 1
dx = x2 dx + xdx + 1dx + dx.
x−1 x−1
1.4 Cálculo Integral 53
Z
x3 x3 x2
dx = + + x + ln |x − 1| + c, c ∈ R.
x−1 3 2
Z
P(x)
,
Q(x)
onde grau (P) < grau(Q), a primitiva não é imediata e o polinómio Q(x) = a0 xn +
a1 xn−1 + . . . + an tem raizes simples reais α1 , α2 , . . . , αn . Neste caso, começamos por
fazer a decomposição de Q em factores simples, escrevendo
P(x) A1 A2 An
= + + ... + .
Q(x) x − α1 x − α2 x − αn
P(x)
Ai = .
Q(x)/(x − αi ) x=αi
Z Z Z Z
P(x) A1 A2 An
dx = dx + dx + . . . + dx.
Q(x) x − α1 x − α2 x − αn
No exercı́cio seguinte, fazemos uso da técnica agora explanada para calcular um integral
indefinido.
4−x
h(x) = .
x2 − 5x + 6
54 Funções reais de variável real
Solução: Para integrar a função h começamos por notar que o grau do numerador é menor que
o grau do denominador e não se trata de uma primitiva imediata. Para além disso, é fácil de ver
que x2 − 5x + 6 = 0 ⇔ x = 2 ∨ x = 3. Então temos
Z Z Z
4−x A1 A2
dx = dx + dx
x2 − 5x + 6 x−2 x−3
onde A1 e A2 são duas constantes reais que podemos calcular, usando a “regra do tapa”, da
seguinte forma
4−x 4−x
A1 = = −2, A2 = = 1.
x−3 x=2 x−2 x=3
Z Z Z
2−x −2 1
dx = dx + dx = −2 ln |x − 2| + ln |x − 3| + c, c ∈ R.
x2 − 5x + 6 x−2 x−3
1
i(x) = .
x2 + 2x + 2
Z Z
1 1
2
dx = dx = arctan(x + 1) + c, c ∈ R.
x + 2x + 2 (x + 1)2 + 1
y=f(x)
f(b)
f(a)
a b x
A ' f(a)(b − a)
A ' A1 + A2 = f(a)
seja mais precisa que a anterior, pois toma em consideração mais pontos do gráfico da
função f.
y y
y=f(x) y=f(x)
f(b) f(b)
f(a) f(a)
X
n
A' f(wi )(xi − xi−1 ),
i=1
Zb
f(x)dx := lim f(wi )dxi .
a |P|→0
Quando o limite existe, dizemos que f é integrável no invervalo [a, b]. A a e b chamamos
limites de integração (respectivamente limite inferior do integral e limite superior do integral)
e a x variável de integração. As funções contı́nuas são um exemplo de funções integráveis,
conforme enunciado no teorema seguinte.
Teorema 11 Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b]. Então, f é integrável nesse inter-
valo.
Zb Za
f(x)dx := − f(x)dx.
a b
Za
f(x)dx = 0
a
Zb Zb Zb
(f(x) + g(x))dx = f(x)dx + g(x)dx.
a a a
Para além disso, como o valor do integral definido de uma função não-negativa corre-
sponde à área da região delimitada superiormente pelo gráfico da função, tem de ser
positivo. É então fácil concluir os resultados enunciados nas propriedades seguintes.
Propriedade 2 Seja f uma função integrável no intervalo [a, b] que verifica f(x) ≥ 0, ∀x ∈
[a, b]. Então,
Zb
f(x)dx ≥ 0.
a
Propriedade 3 Sejam f e g funções integráveis no intervalos [a, b] tais que f(x) ≥ g(x), ∀x ∈
[a, b]. Então,
Zb Zb
f(x)dx ≥ g(x)dx.
a a
Finalmente, é bem sabido que se subdividirmos uma figura em duas partes, a área dessa
figura é igual à soma das áreas das subfiguras. É então fácil concluir que
Propriedade 4 Sejam a < c < b e suponhamos que f é integrável nos intervalos [a, c] e [c, b].
Então, a função é integrável em [a, b] e tem-se
Zb Zc Zb
f(x)dx = f(x)dx + f(x)dx.
a a c
58 Funções reais de variável real
O resultado anterior pode ser generalizado, não sendo necessário que se verifique a <
b < c. Até agora, introduzimos a noção de integral definido de uma função e listámos
várias propriedades do mesmo. O passo seguinte consiste no cálculo de integrais definidos
de funções contı́nuas. Para tal, é essencial o Teorema Fundamental do Cálculo. Este
permite-nos calcular o integral definido, uma vez conhecida a primitiva da funcão inte-
granda, sem necessitar de recorrer a limites de somas de Riemann.
Teorema 12 (Teorema Fundamental do Cálculo) Seja f uma função real de variável real,
contı́nua e definida em [a, b]. Se F é uma primitiva de f, então
Zb
f(x)dx = F(b) − F(a).
a
Note que F 0 (x) = f(x). Por essa razão, ao relacionar uma função com a sua primitiva
(e, conversamente, uma função com a sua derivada), o teorema anterior estabelece uma
conexão entre os dois ramos do cálculo: o cálculo diferencial e o cálculo integral. Ve-
jamos de seguida alguns exemplos de aplicação do teorema anterior e das propriedades
do integral definido.
Rπ/4
• 0
sin xdx;
Rπ/3
• π/6
x cos(x)dx;
Solução: Note que as funções integrandas em questão são contı́nuas, logo são integráveis nos
intervalos de integração respectivos.
• Como
Z
P(sin x) = sin xdx = − cos x + c,
então (como é indiferente a primitiva que usamos, escolhemos c = 0), aplicando o Teorema
Fundamental do Cálculo, vem
Z π/4 √
π/4 π/4 π 2
sin xdx = [− cos x]0 = −[cos x]0 = −cos( ) + cos 0 = − + 1.
0 4 2
Z π/3 Z
π/3
x cos xdx = [x sin x − sin xdx]π/6 =
π/6
π/3
= [x sin x + cos x]π/6
π π π π π π
= sin( ) + cos( ) − sin( ) − cos( )
3 √ 3 3 √ 6 6 6
π(2 3 − 1) 1 − 3
= + .
12 2
1.4.3 Aplicações
Cálculo de áreas
Zb
A= f(x)dx.
a
Zb
A=− f(x)dx.
a
Zb
A= f(x) − g(x)dx.
a
Zd
A= f(y) − g(y)dy.
c
y y
y=f(x)
f(b)
a b
f(a) f(a)
y=f(x)
f(b)
a b x
Figura 1.22: Áreas de regiões delimitadas por uma função não negativa (esquerda) e
uma função não positiva (direita).
y y
d
y=f(x)
f(b)
x=f(y)
x=g(y)
g(b)
f(a) y=g(x)
g(a) c
Figura 1.23: Áreas de regiões delimitadas por duas funções f = f(x) e g = g(x) (es-
querda) e por duas funções f = f(y) e g = g(y) (direita).
1.4 Cálculo Integral 61
Cálculo de volumes
Zb
V=π [f(x)]2 dx.
a
Zd
V=π [g(y)]2 dy.
c
Zb
V=π ([f(x)]2 − [g(x)]2 )dx.
a
62 Funções reais de variável real
Zd
V=π ([f(y)]2 − [g(y)]2 )dy.
c
y y
y=f(x) y=f(x)
a b x a b x
Figura 1.24: Sólido de revolução obtido pela rotação, em torno de y = 0, de uma região
plana limitada por x = a, x = b, y = 0 e pelo gráfico de uma função f, contı́nua em
[a, b].
1. Esboce a região D.
3. Calcule o volume do sólido obtido por rotação da região D em torno do eixo dos xx.
4. Indique uma expressão, usando integrais, que permita calcular o volume do sólido obtido
por rotação da região D em torno do eixo dos yy.
1.5 Equações Diferenciais Ordinárias 63
y y
d d
x=g(y) x=g(y)
c c
x x
Figura 1.25: Sólido de revolução obtido pela rotação, em torno de x = 0, de uma região
plana limitada por y = c, y = d, y = 0 e pelo gráfico de uma função f, contı́nua em
[a, b].
...
Capı́tulo 2
Anexos
Função Derivada
u+v u0 + v0
u−v u0 − v0
uv u0 v + uv0
u u0 v − uv0
v v2
(v ◦ u) (x) v0 [u (x)] u0 (x)
1
u−1 [u (x)]
u0 (x)
uk kuk−1 u0
au u0 au ln a
66 Anexos
u0
loga u
u ln a
sin (u) u0 cos (u)
u0
arcsin (u) √
1 − u2
−u0
arccos (u) √
1 − u2
u0
arctan (u)
1 + u2
−u0
arccotg (u)
1 + u2
s
2.2 Tabelas de Primitivas 67
Seja f uma função real de variável real diferenciável e seja C uma constante real ar-
bitrária.
Função Primitiva
fP+1
1) fP f0 + C, P ∈ R\ {−1}
P+1
af
2) af f0 + C, a ∈ ]0, +∞[ \ {1}
ln a
f0
3) ln |f| + C
f
4) f0 cos f sin f + C
5) f0 sin f − cos f + C
6) f0 sec2 f tg f + C
7) f0 csc2 f − cotg f + C
8) f0 sec f tg f sec f + C
f0
10) √ arcsin f + C ou − arccos f + C
1 − f2
f0
11) arctg f + C ou − arccotg f + C
1 + f2
12) f0 tg f − ln |cos f| + C
Sejam a, m, r, s constantes reais positivas. A notação R(...) indica que se trata de uma
função racional (envolvendo apenas somas, diferenças, produtos e quocientes) do que
se encontra entre parêntesis.
1 1
sin2 x = (1 − cos(2x)) cos2 x = (1 + cos(2x)) sin(2x) = 2 sin x cos x
2 2
Índice
integral definido, 56
integral indefinido, 34
linearidade, 37, 57
logaritmo, 12
módulo, 12
objecto, 1
polinómio, 9
potência, 8
primitiva, 34
imediata, 37
não imediata, 43
por substituição, 49
racional, 10
raiz, 9
recı́proca, 9
recta tangente, 27
Regra da cadeia, 29
regra de Cauchy, 31
regra de L’Hôpital, 31
regra do tapa, 53
Riemann (soma de), 56
sólido de revolução, 61
seno, 14
restrição principal, 17
tangente, 15
restrição principal, 18
taxa de variação média, 26
Teorema
Fundamental do Cálculo, 58