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Apipucos (Recife-PE).
SILVA, Luciana Souza da1, 2; PAULA, Eline Silva de1,2; SILVA, Katielle Susane do
Nascimento1,2; VALENÇA, Mariana Rabêlo1,2; BITOUN, Jan3.
Resumo
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Introdução
O tema segregação residencial conta com uma vasta literatura e Recife apresenta
interesse mais específico dentro do mesmo, em função desta cidade à priori, não
apresentar uma segregação geográfica marcante, mas distâncias sociais bem
acentuadas. Assim, busca-se discutir nesse trabalho, os efeitos da segregação
residencial e sua evolução a partir de estudos realizados no bairro de Apipucos,
localizado na região Noroeste da cidade do Recife, em Pernambuco, em que esse
fenômeno vem apresentando nas últimas décadas características peculiares, no
qual, o isolamento da população mais favorecida pode ser evidenciado em um único
condomínio fechado, apontando um quadro crescente de segregação, conquanto, no
mesmo bairro se mantêm vizinhas localidades, com padrões arquitetônicos mais
comuns, habitadas por estratos sociais diferentes.
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caráter semi-estruturado e exploratório) que foram aplicados em instituições e em
áreas de lazer contemplando as diversas faixas etárias, juntamente com dados
obtidos no Atlas de Desenvolvimento Humano no Recife (uso de mapas viários e
imagem de satélite) e pesquisa de campo (obtenção de boa parte do material
iconográfico), desta forma, reuniu-se um corpus documental para elaboração deste
trabalho.
1. Segregação Residencial
A palavra segregação vem do latim segregatio, e significa colocar uma rés fora do
rebanho.
Segundo Roberto Lobato a segregação residencial é um processo que dá origem a
uma organização espacial formada por áreas de “forte homogeneidade social interna
e de forte disparidade social entre elas”. Para identificar a segregação residencial,
faz-se necessário reconhecer bem os diferentes estratos que residem numa
determinada região através da homogeneidade/heterogeneidade das características
(renda, status, ocupação da população, habitat) compartilhadas pelas famílias de um
dado estrato e que separam os diversos estratos.
Essa separação é uma tendência que vem se acentuando nas formas atuais de
segregação residencial: os condomínios fechados. A população mais abastada cria
seus próprios limites de moradia de forma que possa evidenciar e caracterizar sua
renda, status, prestígio e poder através do seu próprio reflexo: a residência. “À
medida que surgem bairros exclusivos das camadas superiores, ao mesmo tempo
em que as camadas médias e, eventualmente, as inferiores, em processo de
mobilidade social descendente, são deslocadas para outros bairros, diminuindo,
assim, o grau de mistura social das cidades” (RIBEIRO, 2003, p.01).
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A localização e a forma da moradia refletem a situação de acessibilidade e conforto
que são desfrutadas pela população ali residente. Quanto à localização, existe uma
diferenciação em sua distribuição no que diz respeito ao conforto e qualidade, pois
as melhores áreas são ocupadas pela parcela da população de maior poder
aquisitivo, em função deste fator está atrelado ao preço da terra, que é uma
mercadoria disponível àqueles que são detentores de recursos. Assim a parcela da
população que detém pouco recurso ou apenas o suficiente para sobreviver ocupa
áreas menos favorecidas e menos dotadas de serviços, sendo identificadas à
condição sócio-econômica de seus moradores observando a forma e localização de
sua moradia. “O como e onde se fundem originando uma tendência à
homogeneização do conteúdo social dos bairros, a qual assume maior uniformidade
nos extremos, isto é, nos grupos de renda mais elevada e mais baixa” (CORRÊA,
2005, p.133).
1. In: TORRES, Haroldo da Gama. Segregação Residencial e Políticas Públicas: São Paulo na
década de 1990, p.43. Disponível em: < http: www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v19n54/a03v1954.pdf>,
acesso em 26 jul. 2007.
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Outro reflexo da vizinhança diz respeito à infra-estrutura e a prestação de serviços
públicos, notadamente mais acessíveis nas áreas de maior valorização imobiliária, e
conseqüentemente desdenhados nas áreas carentes.
Localizada na foz dos rios Capibaribe e Beberibe, conhecida por ter inúmeros canais
e pontes que atravessam os rios, Recife (Figura 1) está situada na Região
Metropolitana, que recebe seu nome e, compõe também a região da Zona da Mata.
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Fonte: googleimages.com,
2007.
Fonte: Atlas de
Melhoramentos, 2006.
Há, no entanto, na sua periferia, ao norte, sul e oeste, núcleos urbanos separados
da aglomeração contínua por áreas não edificadas e amplas áreas rurais, ocupadas
principalmente por canaviais3. É nesse contexto de ocupação que o bairro de
Apipucos, objeto de nosso estudo está inserido.
3. Mais informações ver: BITOUN, Jan. O que revelam os índices de desenvolvimento humano. In:
Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife.
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os bairros de Caxangá, Iputinga e Monteiro, ao leste com o Alto do Mandu e a
Macaxeira e a oeste com o de Dois Irmãos. Localiza-se na Várzea do Capibaribe, ao
norte do Recife. Inserido na história do Recife desde os seus primórdios
correspondendo às terras do Engenho Monteiro, originalmente, posteriormente
Engenho Apipucos, que significa do indígena Apé - puc, encruzilhada de caminhos.
Com uma área de 1,3 km2, possui uma população de aproximadamente 3.467
habitantes e densidade demográfica de 2.606,8 hab/km2, distribuídos em 867
domicílios. (Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Recife, 2005).
4. SANTOS, Manuel Heleno R. dos. Recife. In: VERAS, Lúcia Maria de Siqueira Cavalcante. De Apé-
Puc a Apipucos – numa encruzilhada, a construção e permanência de um lugar urbano. Recife:
Bagaço, 199.p48.
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2a. Configuração sócio-espacial de Apipucos: sua história
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No Brasil, as primeiras análises sociais do território para fins de planejamento
urbano foram realizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e em Belo Horizonte sob o
comando da SAGMACS (Sociedade de Análise Gráfica Mecanográfica Aplicada aos
Contextos Sociais) e a ajuda do padre Lebret. Tal análise tinha o objetivo de
identificar os problemas do processo de urbanização e subsidiar a elaboração das
leis de uso e ocupação do solo urbano. Havia na época (e talvez ainda haja)
ausência ou deficiência de uma análise social sistemática, informações sociais
organizadas para fornecer aos gestores um monitoramento dos objetivos e efeitos
territoriais das intervenções públicas.
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6) “Laura Gondim” (Rua que faz parte da Zeis Apipucos);
7) “Caetés” (Onde está localizado o conselho de moradores, é uma das ruas
mais habitadas do bairro, compõe a Zeis Apipucos);
8) “Serra Pelada” (“Conjunto” de assentamentos populares que juntamente
com a Rua dos Caetés e a Rua Laura Gondim formam a Zeis
Apipucos);
9) “Areial” (Comunidade às margens do Rio Capibaribe);
10) “Do outro lado do açude” (Loteamento de residências de alto padrão social
localizado na margem do açude de Apipucos que é oposta à Ruas dos
Caetés e Rua Laura Gondim.
1b
2f
2g
1a 3a
3d
2a
3e 2e 1a
3f 2b 3b
3c
2c
1c 2d
1d
LEGENDA 2
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Figura 4 – Da esquerda p/ direita
Residências de classe média/alta, assentamentos populares e instituições no
bairro.
Autor: L. Silva, 2007.
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pouco retraídas e reclamam no geral de discriminação por parte desses novos
vizinhos, moradores daquele loteamento.
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identidade do bairro, como foi então descrito acima proporcionam ainda, mesmo que
de forma parcial, encontros entre os diferentes grupos sociais residentes nas suas
localidades (com exceção do grupo que se mantém isolado no loteamento Othon
Bezerra) permitindo assim algum convívio ou interação entre os estratos sociais,
(mesmo esses “laços” tendo sido mais estreitos em outras épocas), evidências
essas comprovadas nos questionários aplicados (Figura 5).
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contraditoriamente, nota-se também que exemplos de indivíduos que obtiveram
sucesso profissional em tal vizinhança, suscitam a esperança nos demais.
O fato é que, com a modernidade, tem-se mostrado cada vez mais difícil o convívio
entre vizinhos de estratos sociais diferentes; o processo de segregação residencial
cresce, ao passo que as relações cotidianas envolvendo vários estratos sociais vão
se perdendo e tornam-se homogeneizadas no seio de cada estrato.
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Considerações Finais
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Referências Bibliográficas
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Anexo I
Modelo de Questionário
QUESTIONÁRIO
IDENTIFICAÇÃO:
H( )M( )
Faixa Etária: até 14 anos ( ), de 14 a 30 ( ) de 30 a 45 ( ) de 45 a 60 ( ) 60 e
mais ( )
Profissão / Ocupação: ___________________________
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Interação: ( )permanente ( )esporádica
A interação foi maior no passado? ( ) Sim ( ) Não ( )Igual
Se não há interação, por quê? ______________________________
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