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1.

Cristais
1.1. Introdução
Cristais consistem de estruturas repetidas de átomos ou moléculas com tamanho infinito e 3
dimensões. Para descrever as propriedades dos cristais, a estrutura cristalina atômica é representa
por duas partes denominadas de rede e base. A rede é formada por um arranjo espacial de pontos,
cuja vizinhança de cada ponto é idêntica para todos os pontos. Base, por outro lado, são os átomos,
íons ou moléculas que vão ocupar os pontos da rede. Na Figura 1.1 é ilustrado um cristal formado
por uma rede cúbica e uma base com 2 átomos e na Figura 1.2 três redes cristalinas conhecidas
como cúbica simples CS, cúbica de corpo centrado CCC (ou BCC, do inglês body-centered cubic) e
cúbica de face centrada CFC (ou FCC, do inglês face-centered cubic).

Figura 1.1. Rede cúbica e base com 2 átomos formando um cristal.

CS CCC CFC
Figura 1.2. Rede cúbicas simples (CS), de corpo centrado (CCC) e de face centrada (CFC).

A definição de rede cristalina é muito importante, pois viabiliza o tratamento teórico de cristais.
Uma propriedade importante de rede é a de translação, ou seja, a rede pode ser representada por
um vetor de translação,

�⃗ = 𝑛𝑛1 𝑎𝑎⃗1 + 𝑛𝑛2 𝑎𝑎⃗2 + 𝑛𝑛3 𝑎𝑎⃗3 ,


𝑇𝑇 1.1

onde 𝑎𝑎⃗𝑗𝑗 (j= 1, 2,3) são vetores não coplanares e 𝑛𝑛𝑗𝑗 (j= 1,2,3) são números que identificam quantas
vezes cada vetor 𝑎𝑎⃗𝑗𝑗 é repetido. Se os vetores 𝑎𝑎⃗𝑗𝑗 foram escolhidos de tal forma que os números 𝑛𝑛𝑗𝑗
sejam inteiros, são então chamados de vetores primitivos. Na Figura 1.3 é mostrada a rede cristalina
cúbica simples com os três vetores primitivos e o parâmetro de rede 𝑎𝑎,”distância interatômica”,
indicados.

Figura 1.3. Rede cristalina cúbica com vetores primitivos e parâmetro de rede 𝒂𝒂 indicados.

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1.2 – Células Cristalinas
Células cristalinas são unidades que quando repetidas em uma rede cristalina, por meio de vetores
de translação adequados, preenchem todo o cristal. As células geradas por meio de vetores
primitivos, como ilustrado na Figura 1.3, são chamadas de células primitivas e são células de volume
mínimo, obtido pelo produto 𝑎𝑎⃗1 ∙ (𝑎𝑎⃗2 + 𝑎𝑎⃗3 ). Na Figura 1.4 são representadas duas células cristalinas
em uma rede bidimensional. O número de células cristalinas que podem ser definido para uma rede
cristalina é infinito.

Figura 1.4. Duas possibilidades para células cristalinas com volume mínimo em uma rede quadrada
bidimensional.

A célula de Wigner-Seitz é um exemplo de como se pode construir uma célula primitiva a partir de
um procedimento único. Esta célula é construída a partir de um ponto qualquer da rede cristalina
pela construção de planos que interceptam perpendicularmente o ponto médio de segmentos de
reta que unem o átomo central aos vizinhos. Na Figura 1.5 é ilustrada a construção da célula de
Wigner-Seitz refletindo o menor volume e a simetria em torno da origem.

Figura 1.5. Célula de Wigner-Seitz.

1.3. Índices de Miller


Os índices de Miller (h,k,l) são índices empregados para identificar planos cristalinos. São números
inteiros que se referem ao inverso da coordenada do ponto de interceptação nos eixos (x, y, z)
correspondes as direções definidas pelos vetores primitivos 𝑎𝑎⃗𝑗𝑗 . Por exemplo, na Figura 1.5 são
representados 3 planos que interceptam diferentes pontos dos eixos. No caso da esquerda, o plano
1 1
intercepta o eixo 𝑥𝑥 em 𝑎𝑎⃗1 , sendo os eixos 𝑦𝑦 e 𝑧𝑧 interceptados no infinito. Ou seja, = 1, = ∞,
ℎ 𝑘𝑘
1
= ∞ e o plano, portanto, o plano (h,k,l) será identificado como plano (100).
𝑙𝑙

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Figura 1.5. Cubos interceptados pelos planos (100), (110) e (111), conforme nomenclatura
empregando os índices de Miller.

1.4. Redes de Bravais


As redes de Bravais são as redes de pontos discretos descritas acima cuja estrutura é invariante
frente a operações de translação e que os pontos de rede possam ser considerados como
equivalentes (todos os pontos têm a mesma perspectiva da rede). Pode ser mostrado pela teoria de
grupos de simetria de ponto que há somente 14 redes distintas para sistemas tridimensionais. Na
Tabela 1 são apresentadas as 14 redes tridimensionais de Bravais.

TABELA I – Redes tridimensionais de Bravais

1.5. Estrutura Cristalina de Cristais


Será apresentada como exemplo a estrutura cristalina de semicondutores. Na Figura 1.6 são
mostradas as estruturas de semicondutores puros Ge e Si, que possuem a mesma estrutura do
carbono na forma de diamante, e semicondutores binários GaAs e GaP, que possuem a mesma
estrutura cristalina que a blenda ou sulfureto de Zinco (ZnS). As estruturas do diamante e do
sulfureto de zinco têm 2 átomos nas coordenadas (0, 0, 0) e (a/4, a/4, a/4) e podem ser
consideradas como duas rede FCC interpenetradas pela diagonal.

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Figura 1.6. Estruturas do diamante e do sulfureto de zinco. Semicondutores como Si, Ge, GaAs
cristalizam nestas estruturas.

1.6. Rede Recíproca


Se considerarmos um potencial 𝑉𝑉(𝑟𝑟⃗) no cristal, o mesmo deve ser periódico, para cumprir as
relações de translação, isto é

�⃗� = 𝑉𝑉(𝑟𝑟⃗),
𝑉𝑉�𝑟𝑟⃗ + 𝑇𝑇 1.2

�⃗ é o vetor translação (Equação 1.1). Sendo periódico pode ser escrito em série de Fourier,
onde 𝑇𝑇

𝑉𝑉(𝑟𝑟⃗) = ∑𝐺𝐺⃗ 𝑉𝑉𝑮𝑮 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝐺𝐺⃗ .𝑟𝑟⃗ , 1.3

onde, 𝐺𝐺⃗ é um conjunto de vetores com a mesma unidade de 𝑘𝑘�⃗ (vetor de onda) e 𝑉𝑉𝑮𝑮 são os
coeficientes da série de Fourier. Aplicando a Equação 1.3 em 1.2 teremos que

𝑒𝑒 𝑖𝑖𝐺𝐺⃗ .𝑇𝑇�⃗ =1, isto é, 𝐺𝐺⃗ . 𝑇𝑇


�⃗ = 2𝑙𝑙𝑙𝑙, 1.4

�⃗ = 𝑛𝑛1 𝑎𝑎⃗1 + 𝑛𝑛2 𝑎𝑎⃗2 + 𝑛𝑛3 𝑎𝑎⃗3 , implica em


onde 𝑙𝑙 é um número inteiro, como 𝑇𝑇

𝐺𝐺⃗ = 𝑚𝑚1 𝑏𝑏�⃗1 + 𝑚𝑚2 𝑏𝑏�⃗2 + 𝑚𝑚3 𝑏𝑏�⃗3 , 1.5

onde 𝑚𝑚𝑗𝑗 são inteiros e 𝑏𝑏�⃗𝑗𝑗 três vetores não co-planares definidos por

𝑎𝑎⃗𝑖𝑖 ���⃗
. 𝑏𝑏𝑗𝑗 = 2𝜋𝜋𝛿𝛿𝑖𝑖𝑖𝑖 . 1.6

Os vetores G da série de Fourier formam o espaço recíproco e os vetores 𝑏𝑏�⃗𝑗𝑗 são os vetores primitivos
da célula recíproca. Na Figura 1.7 estão representadas as redes real e recíproca unidimensionais.

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Figura 1.7. Redes unidimensionais real e recíproca.

A célula primitiva do espaço recíproco é construída da mesma forma que a célula de Wigner-Seitz
(seção 1.2) e conhecida como primeira zona de Brillouin.

1.7. Difração de Ondas em Cristais


A estrutura de cristais pode ser estudada experimentalmente através da difração de ondas
eletromagnéticas com comprimento de onda na faixa dos Raios-X. A difração de raios-X em cristais
foi estudada por W. L. Bragg e M. von Laue. Baseado no diagrama da Figura 1.8, Bragg formulou a lei
de difração (conhecida como lei de Bragg)

2𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝑛𝑛λ, 1.7

onde 𝜃𝜃 é o ângulo de incidência, 𝑑𝑑 a distância interplanar, 𝑛𝑛 número inteiro e λ o comprimento de


onda do raio-X.

Figura 1.8. Difração de raios-X em planos atômicos de cristais.

von Laue estudou a difração no espaço recíproco e obteve que a diferença entre o vetor de onda
difratado 𝑘𝑘�⃗ ´e o incidente 𝑘𝑘�⃗ é igual ao vetor da rede recíproca 𝐺𝐺⃗ , ou

∆𝑘𝑘�⃗ = 𝑘𝑘�⃗ ´ − 𝑘𝑘�⃗ = 𝐺𝐺⃗ , 1.8

com a magnitude dos vetores de onda iguais (�𝑘𝑘�⃗ ´ � = �𝑘𝑘�⃗ �), já que o processo é elástico. Re-
escrevendo a equação acima e elevando ao quadrado teremos

2
�𝑘𝑘�⃗ + 𝐺𝐺⃗ � = 𝑘𝑘 2 , 1.9

que pode ser re-escrita como

5
2
�⃗
𝐺𝐺 𝐺𝐺
2𝑘𝑘�⃗ ∙ 𝐺𝐺⃗ = 𝐺𝐺 2 ou 𝑘𝑘�⃗ ∙ = � � , 1.10
2 2

e, considerando que o módulo dos vetores �𝑏𝑏�⃗𝑗𝑗 � = �𝐺𝐺⃗ � = 2𝜋𝜋⁄𝑎𝑎 para uma rede quadrada, concluímos
que a difração de raios-X ocorre na borda das zonas de Brillouin 𝑘𝑘 = 2𝜋𝜋𝜋𝜋⁄𝑎𝑎, onde n é o número que
identifica a zona de Brillouin, pois o produto escala da Equação 1.10 é uma projeção de 𝑘𝑘�⃗ sobre 𝐺𝐺⃗ ,
conforme ilustrado na Figura 1.9.

Figura 1.9. Representação do processo de difração de raios-X no espaço recíproco.

A difração pelo método de von Laue é representada na Figura 1.10, no qual o feixe de raios-X é
difratado em direções específicas para cada plano cristalino do monocristal. As direções dos feixes
difratados são registradas no filme fotossensível pelos pontos escuros.

Figura 1.10. Difração de raios-X pelo método de von Laue.

Constantes:

Carga do elétron 𝑒𝑒 = 1,6 × 10−19 𝐶𝐶


Constante de Boltzmann 𝑘𝑘𝐵𝐵 = 1,38 × 10−23 𝐽𝐽/𝐾𝐾
Massa do elétron 𝑚𝑚 = 9,1 × 10−31 𝐾𝐾𝐾𝐾
𝑉𝑉𝑉𝑉
Permeabilidade magnética do vácuo 𝜇𝜇0 = 4𝜋𝜋 × 10−7 𝐴𝐴𝐴𝐴

Referências

6
C. Kittel, Introduction to Solid State Physics, John Wiley & Sons, 7a edição (1996).
[5.1] Superconductivity at 93 K in a New Mixed-Phase Y-Ba-Cu-O Compound At Ambient Pressure, M.
K. Wu, J. R. Ashburn, C. J. Torng, P. H. Hor, R. L. Meng, L. Gao, Z. J. Huang, Y. Q. Wang, and C. W. Chu,
Phys. Rev. Lett. 58, 908 (1987).

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