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Vivas à Liberdade
A saga heróica da insurreição em Viana
Coleção Negro Cosme
São Luís/Maranhão
2ª Edição – dezembro de 1998
EXPEDIENTE
Publicação
Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA)
Colaboradores
Sociedade Maranhense de defesa dos Direitos Humanos – SMDDH
(Projeto Vida de Negro).
Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ)
Literatura de cordel
Texto: Magno Cruz
Arte capa: Emerson Melo (Pig City – Ganna)
Contato
Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA)
Rua dos Guaranis, s/n° - Barés – João Paulo
65040.630 – São Luís/MA
(98) 243-9707 / 249-4938
APRESENTAÇÃO
Mundinha Araújo
São Luís, 2002
Dedicamos...
O Centro de Cultura Negra do Maranhão, no ano de seu 23° aniversário, e por ocasião
da VI Semana Negro Cosme, dedica esta publicação em Literatura de Cordel, a todo
(a)s quilombolas do Maranhão - rurais e urbanos - e, em especial aos moradores e
moradoras dos quilombos do município de Viana-MA, onde, certamente estão o(a)s
descendentes de heróis e heroínas que construíram a INSURREIÇÃO NEGRA em
1867, agora, portanto, completando 135 anos.
VIVAS À LIBERDADE
(A SAGA HERÓICA DA INSURREIÇÃO NEGRA EM VIANA)
1. 9.
Ouçam aqui, galeras negras Os bacanas amedrontados
Uma história vou contar Deixavam suas fazendas
Usem de todas as maneiras E os negros rebelados
Pra ouvir e perguntar Cobravam suas duras penas
2. 10
Vou falar da Insurreição Já fazia muito tempo
Que teve lá em Viana Da Guerra da Balaiada
No tempo da escravidão E a alma de Cosme
Que agora vem na lembrança Bento Incitava a negrada
3. 11
Professor "Jamaicano" E aos trancos e barrancos
Me desculpe interromper Com tantas necessidades
Mas, vá me explicando Negros surravam brancos
Insurreição é mesmo o quê? Dando vivas à liberdade
4. 12.
A insurreição é parecida Julho de sessenta e setembro
Como a massa se revoltar Centenas de quilombenhos
Ser rebelde e atrevida Saem do Quilombo-Sede
E humilhação não aceitar E ocupam vários Engenhos:
5. 13.
Era tempo de guerra Santo Inácio foi primeiro
E o recruta vai-que-vai Santa Bárbara, o segundo
Sem querer deixar a terra Engenho Timbó, o terceiro
Pra lutar com o Paraguai Aonde conseguem chumbo
6. 14.
Índios atacam plantações Em Vila Nova de Anadia
Negros ameaçam senhores Rápidos como buscapé
Com fugas, quilombações Recolhem mercadorias
Causando pânico, horrores E pernoitam em São José
7. 15.
Trabalharam tantos anos O medo correu reigões
Sem um centavo ganhar Da Baixada do Ocidfente
Sofrendo e apanhando Pinehrio, Alcântara, Guimarães
Pra granfino enricar Santa Helena e São Vicente
8. 16.
Era tanta injustiça A Fazenda Santa Bárbara
Que a revolta explodiu Virou quartel-general
A massa escrava fugia Os negros viraram cabras
Tal e qual nunca se viu De um exército sem igual
34. 39.
Sem conseguir escapar Surgiram outros quilombos
Foi pego o Feliciano E audaciosos mocambeiros
Que teve que ensinar Deixando os soldados tontos
O caminho ao Quilombo E apavorando fazendeiros
35. 40.
A polícia na chegança Dez anos após os combates
No Quilombo São Benedito Os "cabeças" da Insurreição
Só prendeu uma criança Estavam na linha de ataque
No relatório está escrito No Quilombo São Sebastião:
36. 41.
Sem ninguém para prender Feliciano, Bruno, Daniel...
Nas casas tocaram fogo Quilombolas e guerreiros
Sem nada para comer E, mesmo acusados de réus
Regressaram no sufoco São nossos heróis verdadeiros
37.
Estava assim "acabada" 42.
A heróica Insurreição A luta pela Abolição
Mas continuou a negrada Com a Insurreição em Viana
A praticar suas ações Teve aqui no Maranhão
O acender de uma chama
38.
São Benedito do Céu 43.
Foi de novo ativado Cabe a negrada nova
Resistindo ao fogaréu Manter a dignidade
De cento e tantos soldados Das lutas dos quilombolas
DANDO VIVAS À LIBERDADE!