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1 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

Vivas à Liberdade
A saga heróica da insurreição em Viana
Coleção Negro Cosme

São Luís/Maranhão
2ª Edição – dezembro de 1998

Centro de Cultura Negra do Maranhão e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos


2 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

EXPEDIENTE

Publicação
Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA)

Colaboradores
Sociedade Maranhense de defesa dos Direitos Humanos – SMDDH
(Projeto Vida de Negro).
Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ)

Literatura de cordel
Texto: Magno Cruz
Arte capa: Emerson Melo (Pig City – Ganna)

Publicação do “Projeto Vida de Negro” do


Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN)
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH)

* Baseado na obra: Insurreição de Escravos em Viana – 1867; de Mundinha Araújo em


1994.

Diagramação e design da versão digital: Etnia Design

E-book disponível no site www.ccnma.org.br


E-mail: ccnma@ccnma.org.br

Contato
Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA)
Rua dos Guaranis, s/n° - Barés – João Paulo
65040.630 – São Luís/MA
(98) 243-9707 / 249-4938

Centro de Cultura Negra do Maranhão e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos


3 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

APRESENTAÇÃO

O poeta e militante do Movimento Negro Magno Cruz relata em forma de Literatura de


Cordel um dos acontecimentos marcantes da história do negro no Maranhão, ocorrido
em 1867 no município de Viana.

A insurreição de Escravos aqui narrada foi organizada e deflagrada pêlos quilombolas


que habitavam no São Benedito do Céu, famoso quilombo, localizado nas cabeceiras
do rio Bonito, braço do rio Turi, a três dias e meio de viagem a pé de Viana.

Ao deixarem o quilombo, armados e organizados em pelotões, pretendiam guerrear


com os brancos com a finalidade de obter a liberdade dos cativos, e para intimidar as
autoridades ocuparam diversas fazendas de Viana; tomaram como reféns, senhores e
admistradores e receberam a adesão da escravatura; tornando-se assim um
moviemento assustador, pois os negros percorriam as estradas dando vivas à
Liberdade e no ultimato enviado às autoriades diziam que estavam em campo a tratar
da liberdade dos cativos e caso não a obtivessem lançariam mãos das armas.
O movimento insurrecional foi debelado; o quilombo São Bendedito foi batido por
tropas do governo Provincial e dos municípios de Viana, São Vicente de Férrer e São
Bento, no entanto a luta dos quilombolas continuou, estimulando novas fugas e a
formação de novos quilombos.
A luta dos negros na zona rural teve continuidade após a Abolição, até os dias
atuais, a fim de permanecerem nas terras de pretos regadas com sangue e suor dos
africanos e seus descendentes.

Mundinha Araújo
São Luís, 2002

Dedicamos...
O Centro de Cultura Negra do Maranhão, no ano de seu 23° aniversário, e por ocasião
da VI Semana Negro Cosme, dedica esta publicação em Literatura de Cordel, a todo
(a)s quilombolas do Maranhão - rurais e urbanos - e, em especial aos moradores e
moradoras dos quilombos do município de Viana-MA, onde, certamente estão o(a)s
descendentes de heróis e heroínas que construíram a INSURREIÇÃO NEGRA em
1867, agora, portanto, completando 135 anos.

A COORDENAÇÃO GERAL DO CCN


Ana Amélia Campos Mafra
Ivan Rodrigues Costa
Maria do Socorro Guterres

Centro de Cultura Negra do Maranhão e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos


4 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

VIVAS À LIBERDADE
(A SAGA HERÓICA DA INSURREIÇÃO NEGRA EM VIANA)

1. 9.
Ouçam aqui, galeras negras Os bacanas amedrontados
Uma história vou contar Deixavam suas fazendas
Usem de todas as maneiras E os negros rebelados
Pra ouvir e perguntar Cobravam suas duras penas

2. 10
Vou falar da Insurreição Já fazia muito tempo
Que teve lá em Viana Da Guerra da Balaiada
No tempo da escravidão E a alma de Cosme
Que agora vem na lembrança Bento Incitava a negrada

3. 11
Professor "Jamaicano" E aos trancos e barrancos
Me desculpe interromper Com tantas necessidades
Mas, vá me explicando Negros surravam brancos
Insurreição é mesmo o quê? Dando vivas à liberdade

4. 12.
A insurreição é parecida Julho de sessenta e setembro
Como a massa se revoltar Centenas de quilombenhos
Ser rebelde e atrevida Saem do Quilombo-Sede
E humilhação não aceitar E ocupam vários Engenhos:

5. 13.
Era tempo de guerra Santo Inácio foi primeiro
E o recruta vai-que-vai Santa Bárbara, o segundo
Sem querer deixar a terra Engenho Timbó, o terceiro
Pra lutar com o Paraguai Aonde conseguem chumbo

6. 14.
Índios atacam plantações Em Vila Nova de Anadia
Negros ameaçam senhores Rápidos como buscapé
Com fugas, quilombações Recolhem mercadorias
Causando pânico, horrores E pernoitam em São José

7. 15.
Trabalharam tantos anos O medo correu reigões
Sem um centavo ganhar Da Baixada do Ocidfente
Sofrendo e apanhando Pinehrio, Alcântara, Guimarães
Pra granfino enricar Santa Helena e São Vicente

8. 16.
Era tanta injustiça A Fazenda Santa Bárbara
Que a revolta explodiu Virou quartel-general
A massa escrava fugia Os negros viraram cabras
Tal e qual nunca se viu De um exército sem igual

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5 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

17. Pra trocar em vários cantos


Compete então o comando Por pólvora e outros bens
Ao líder negro Daniel
Vindo lá do Quilombo 26.
São Benedito do Céu Era quase sete dias
Pra Mina Maracaçumé
18. E quem a roça garantia?
Um ofício foi escrito Eram criança e mulher
Por Daniel e João Mulato
LIBERDADE PROS CATIVOS 27.
Esse era o ultimato Mas, voltemos à caminhada
Da gloriosa Insurreição
19. Planejada e iniciada
Nós vamos Viana invadir Nesse Quilombo então
Usando mil armas de fogo
Se o governo não cumprir 28.
Dos negros ficarem forros Foi lá de São Benedito
Que partiram batalhões
20. Comandados e regidos
Professor, me fale mais Pêlos seguintes capitães:
Daquele Quilombo pra mim
Quero contar pros meus pais 29.
Dizendo tim-tim por tim-tim Daniel, Bruno, Joaquim
Feliciano Corta-Mato
21. Que tinham por nobre fim
No São Benedito constava Libertar o povo escravo
Além da organização militar
Pra lá de oitenta casas 30.
E a negrada a trabalhar O Governo tentou abafar
O que em Viana acontecia
22. Mas a notícia foi ao ar
Tinha muita criação Espalhando a rebeldia
De galos e de galinhas
Plantio de cana e algodão 31.
Muito arroz, muita farinha O presidente Menezes Doria
Da Província do Maranhão
23. Aparece nesta história
Cinco fornos, três engenhos Comandando a repressão
Três alambiques de barro
Dois teares a contento 32.
Isso eu li e agora narro Ordenou às autoridades
Da Região da Baixada
24. Pra cercear a liberdade Da massa
Até tenda de ferreiro indignada
Havia naquele Quilombo
E setecentos mocambeiros 33.
Construindo um novo mundo A repressão resultou
Em morte e até prisões
25. Grande parte escapou
Alguns homens do Quilombo Voltando prós seus rincões
Buscavam ouro também

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6 Vivas à Liberdade - a saga heróica da insurreição em Viana

34. 39.
Sem conseguir escapar Surgiram outros quilombos
Foi pego o Feliciano E audaciosos mocambeiros
Que teve que ensinar Deixando os soldados tontos
O caminho ao Quilombo E apavorando fazendeiros

35. 40.
A polícia na chegança Dez anos após os combates
No Quilombo São Benedito Os "cabeças" da Insurreição
Só prendeu uma criança Estavam na linha de ataque
No relatório está escrito No Quilombo São Sebastião:

36. 41.
Sem ninguém para prender Feliciano, Bruno, Daniel...
Nas casas tocaram fogo Quilombolas e guerreiros
Sem nada para comer E, mesmo acusados de réus
Regressaram no sufoco São nossos heróis verdadeiros

37.
Estava assim "acabada" 42.
A heróica Insurreição A luta pela Abolição
Mas continuou a negrada Com a Insurreição em Viana
A praticar suas ações Teve aqui no Maranhão
O acender de uma chama
38.
São Benedito do Céu 43.
Foi de novo ativado Cabe a negrada nova
Resistindo ao fogaréu Manter a dignidade
De cento e tantos soldados Das lutas dos quilombolas
DANDO VIVAS À LIBERDADE!

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