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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

Sumário
1 ROTEIRO ............................................................................................................... 2
2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2
3 ATOS E FATOS CONTÁBEIS .................................................................................... 2
3.1 ATOS .............................................................................................................2
3.2 FATOS ............................................................................................................3
3.3 EXEMPLOS DE ATOS E FATOS CONTÁBEIS .....................................................................5
3.3.1 Apresentação de Atos e Fatos Contábeis......................................................5
3.3.2 Análise e Comentários..............................................................................6
3.3.2.1 Compra de móveis a prazo ................................................................6
3.3.2.2 Depósito em banco...........................................................................7
3.3.2.3 Saque de cheque .............................................................................9
3.3.2.4 Despesa de aluguel ........................................................................ 11
3.3.2.5 Receita de comissão ....................................................................... 13
3.3.2.6 Pagamento do aluguel devido ........................................................... 16
3.3.2.7 Venda pelo custo – à vista ............................................................... 18
3.3.2.8 Venda com lucro – à vista................................................................ 20
3.3.2.9 Venda com prejuízo – à vista ........................................................... 22
3.3.2.10 Pagamento de duplicata com abatimento........................................... 24
3.3.2.11 Recebimento de duplicata com juros................................................. 29
3.3.2.12 Recebimento de duplicata com abatimento ........................................ 32
3.3.2.13 Aval dado a 3o .............................................................................. 34
3.3.2.14 Hipoteca dada ou recebida .............................................................. 34
3.3.3 Resultado............................................................................................. 35
4 RESUMO............................................................................................................... 36
5 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (QUESTÕES DE CONCURSO) ........................................ 37
5.1 TÍTULOS DE CRÉDITO – DEFINIÇÕES TEÓRICAS ............................................................. 37

5.2 ATOS E FATOS CONTÁBEIS ................................................................................... 38


5.3 GABARITO ..................................................................................................... 42

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1 Roteiro
a) Atos e Fatos Contábeis.
a. Atos
b. Fatos Contábeis
i. Fatos Contábeis Permutativos
ii. Fatos Contábeis Modificativos aumentativos
iii. Fatos Contábeis Modificativos diminutivos
iv. Fatos Contábeis Mistos aumentativos
v. Fatos Contábeis Mistos diminutivos

2 Introdução
Neste segundo ponto do nosso curso, daremos mais um passo em
direção ao conhecimento da Contabilidade, ao domínio de sua lógica e à
utilização de sua linguagem. O objetivo é analisar de modo didático e
claro, porém preciso e rigoroso, os acontecimentos que têm influência
no Patrimônio, introduzindo as bases do pensamento necessário para o
domínio da técnica do lançamento contábil.
Esperamos que o aluno, ao final da leitura deste ponto, mais do que
classificar os fatos contábeis, tenha adquirido a capacidade de visualizá-
los no contexto do patrimônio.

3 Atos e Fatos Contábeis


3.1 Atos
Atos Administrativos (também denominados Atos Contábeis) são
eventos – acontecimentos –, ocorridos na empresa (na azienda), que
têm por característica NÃO ALTERAR o patrimônio da empresa (da
azienda). São exemplos de Atos Contábeis as garantias, consignações,
custódias e cobranças de títulos de terceiros.
Exemplificando, imaginem a seguinte situação (pela qual eu já passei):
chegando a Porto Alegre (vindo do Rio de Janeiro, para participar do
curso de formação – 2a fase do concurso para Auditor-Fiscal da Receita
Federal – em Porto Alegre-RS), precisei alugar um apartamento, para

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morar com minha família, mas não tinha fiador1. Então, fui procurar
meu cunhado (sempre o cunhado!), para que ele fosse meu fiador e ele
aceitou (para minha felicidade e preocupação dele).
Agora, vamos analisar, a seguir, a situação descrita no parágrafo acima,
do ponto de vista patrimonial.
(1) Quando meu cunhado assinou o contrato de locação, como fiador,
aconteceu algo em seu patrimônio (surgiu ou desapareceu algum bem,
direito ou obrigação ou, ainda, foram trocados valores entre bens,
direitos e obrigações)? Não, naquele momento não aconteceu nada
disso.
(2) Então, o que aconteceu? Aconteceu que, simplesmente, se
ocorresse o evento (futuro e incerto) – de que eu não pagasse o aluguel
– meu cunhado passaria a ter a obrigação de pagá-lo. Veja que, no
momento da assinatura do contrato de locação, não nasceu qualquer
obrigação para meu cunhado, mas uma eventual obrigação somente
nasceria sob uma condição (condição é definida como evento futuro e
incerto), a condição de que eu não pagasse o aluguel.
(3) E, então, quando aconteceu o evento que – efetivamente – teve
efeitos no patrimônio de meu cunhado? Felizmente nunca, pois eu
sempre paguei o aluguel religiosamente em dia, até o momento em que
eu entreguei o imóvel de volta a seu proprietário, no final do prazo da
locação.2
(4) E, se não houve nenhum efeito no patrimônio do meu cunhado, o
que aconteceu? Aconteceu um Ato Contábil (também denominado Ato
Administrativo), que consiste em um evento (ninguém duvida que
aconteceu a fiança) que ocorre sem efeito no patrimônio (essa fiança
não modificou em nada o patrimônio do meu cunhado).

3.2 Fatos
Fatos contábeis são ocorrências que têm por efeito a alteração do
Patrimônio, seja ela qualitativa (troca de valores entre elementos do
patrimônio – bens, direitos ou obrigações) ou quantitativa (alteração do

1
A fiança é um contrato – que tem por objeto a estipulação de uma garantia pessoal
para o adimplemento de um outro contrato. O exemplo mais conhecido de fiança é a
fiança locatícia, que consiste na oferta, pelo locatário, de uma garantia pessoal (da
pessoa do fiador) para o adimplemento (pagamento) da obrigação oriunda da locação
(o aluguel).
2
Pela aplicação do Princípio da Oportunidade (tempestividade), visto no ponto 01
deste curso, somente no momento em que eu me tornasse um inadimplente, é que
poderia nascer – no patrimônio de meu cunhado – uma obrigação. Nunca antes disso!

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valor global do patrimônio – aumento ou redução do valor dos [bens


(+) direitos (-) obrigações] ).
Os Fatos Contábeis, acontecimentos que ALTERAM o patrimônio da
empresa, se classificam em:
a) permutativos (qualitativos) ⇒ são Fatos que somente alteram
bens, direitos e obrigações como, por exemplo, a compra de
mercadorias;
b) modificativos (quantitativos) ⇒ são Fatos que alteram o
Patrimônio Líquido:
b.1) aumentativos (positivos) ⇒ são Fatos modificativos que
aumentam o Patrimônio Líquido como, por exemplo, uma receita
de aluguel;
b.2) diminutivos (negativos) ⇒ são Fatos Modificativos que
diminuem o Patrimônio Líquido como, por exemplo, as despesas;
c) mistos ⇒ Fatos que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos, ou seja, há troca de elemento patrimonial
com lucro ou prejuízo:
c.1) aumentativos (positivos) ⇒ venda com lucro, por exemplo;
c.2) diminutivos (negativos) ⇒ venda com prejuízo, por exemplo.
Fatos Permutativos são aqueles que, conforme o próprio nome diz,
representam eventos do tipo em que acontece uma “troca” de valores
entre elementos patrimoniais sem modificação do tamanho do
patrimônio (sem alteração do valor da diferença entre bens/direitos e
obrigações). Para ilustrar o conceito, faço uma alusão à situação de
uma tia minha, que fez operação plástica: ela retirou gordura da barriga
e a enxertou nas bochechas, nos lábios, nas nádegas e nas pernas.
Repare que o “patrimônio” dela ficou do mesmo tamanho, mudando
apenas sua configuração. Esse também é o caso dos fatos permutativos
– há troca de valores entre os bens, os direitos e as obrigações, sem
alteração do valor do Patrimônio Líquido.
Fatos Modificativos são aqueles em que, não havendo troca de valores
entre elementos do patrimônio, há surgimento ou desaparecimento de
um elemento que enseja o aumento ou a diminuição do patrimônio
(alteração do valor do Patrimônio Líquido). Para didaticamente ilustrar
o conceito, comparo o Fato Modificativo Aumentativo com a operação
plástica em que uma atriz (modelo e manequim) coloca silicone nos
seios – repare que, nesse caso, não há troca de valores entre elementos
do “patrimônio”, mas há entrada de um elemento novo no “patrimônio”
da atriz, aumentando-o. Ainda, com fins meramente didáticos, para
ilustrar a idéia de Fato Modificativo Diminutivo, lanço mão da idéia da

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lipoaspiração. Com a lipoaspiração, há diminuição do “patrimônio”, pela


saída da gordura que é jogada fora, no lixo.
Finalmente, Fatos Mistos são aqueles que se enquadram (ao mesmo
tempo) no conceito de fato permutativo e modificativo. Nos Fatos
Mistos há – concomitantemente – uma troca de valores entre elementos
do patrimônio e sua redução ou majoração por entrada ou saída de um
elemento novo.

3.3 Exemplos de Atos e Fatos Contábeis


Vistas as definições de atos e fatos, bem como apresentada sua
classificação, vamos – neste item – analisar vários eventos (sempre do
ponto de vista patrimonial) e aprender a classificá-los nos termos acima
apresentados. A correta identificação dos efeitos patrimoniais de cada
evento ocorrido com influência no patrimônio é de extrema valia para o
entendimento dos lançamentos (matéria a ser vista em seguida – neste
curso).

3.3.1 Apresentação de Atos e Fatos Contábeis


Sejam os acontecimentos abaixo referenciados:
- Compra de móveis a prazo;
- Depósito em banco;
- Saque de cheque;
- Despesa de aluguel;
- Receita de comissão;
- Pagamento do aluguel devido;
- Venda pelo custo – à vista;
- Venda com lucro – à vista;
- Venda com prejuízo – à vista;
- Pagamento de duplicata com abatimento;
- Recebimento de duplicata com juros;
- Recebimento de duplicata com abatimento;
- Aval dado a 3o;
- Hipoteca dada ou recebida.
A seguir, analisaremos (do ponto de vista patrimonial) cada um deles.

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3.3.2 Análise e Comentários

3.3.2.1 Compra de móveis a prazo


Para analisar o evento compra de móveis a prazo partiremos de um
patrimônio inicial que tenha apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro
colocado pelos sócios). A seguir, encontra-se representado,
esquematicamente, o citado patrimônio:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Repare que essa situação inicial foi proposta apenas para que tenhamos
um exemplo de patrimônio onde representar o evento descrito3, poderia
ter sido outra configuração patrimonial qualquer; escolhemos esta por
entendermos que, sendo uma situação patrimonial inicial simples, o
entendimento fica facilitado. Na situação inicial proposta, portanto, a
quantidade de “areia” (entre bens, direitos e obrigações) é de
“cinqüenta mil grãos de areia”, representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos, deduzidos das obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento compra de móveis a prazo (no valor de dez mil reais):
a) Irá aparecer, nesse patrimônio, um elemento que antes não existia –
um bem  representando os móveis adquiridos.

3
Ao longo desse curso, sempre que tivermos que representar algo, partiremos de um
patrimônio inicial existente. Proposto aleatoriamente como “uma licença poética”, pelo
autor, e que deverá ser aceito pelo leitor, para que se possa prosseguir no pensamento
a ser exposto.

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b) Irá aparecer, nesse patrimônio, também, uma obrigação que antes


não existia  a obrigação de pagar o fornecedor pelos móveis
adquiridos.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações com fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00
50.000+10.000-10.000

Veja que se, por um lado, o Ativo aumentou em R$ 10.000,00, por


outro lado, o Passivo também aumentou em R$ 10.000,00. Portanto, o
Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou
constante. Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a
quantidade de areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou
constante: foi tirado do patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de
areia” (cavando-se um buraco do Passivo – que representa a obrigação
de pagar fornecedores) e essa areia foi colocada no Ativo (bens –
móveis) representado pelo montinho de “dez mil grãos de areia”. É
como se areia tivesse sido tirada do Passivo e colocada no Ativo, o que é
irrelevante para o Patrimônio Líquido (pois a quantidade de areia
existente continua a ser a mesma – tendo apenas mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de
valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.2 Depósito em banco


Para a análise dos efeitos patrimoniais do evento depósito em banco,
partiremos do mesmo patrimônio inicial proposto para o evento inicial,
contendo apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro colocado pelos
sócios). A seguir, encontra-se representado, esquematicamente, o
citado patrimônio inicial:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Nessa situação inicial, a quantidade de “areia” (entre bens, direitos e


obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”, representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens, direitos e obrigações, a ser entregue aos sócios
quando da liquidação da empresa.
Pois bem, considere o seguinte acontecimento: dez mil reais, do
dinheiro existente, foram colocados no banco. Assim, (1) dos cinqüenta
mil reais inicialmente existentes, passa a haver apenas quarenta mil
reais e (2), por outro lado, surge no patrimônio um direito que antes
inexistia (o direito de sacar dez mil reais no banco).
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 40.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 10.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo, houve concomitantemente aumento e redução: (1) a


quantidade de dinheiro foi reduzida em R$ 10.000,00 (de cinqüenta mil
reais para quarenta mil reais), (2) por outro lado, nesse mesmo ativo,
houve um aumento, de R$ 10.000,00, pelo surgimento do direito
denominado depósito bancário (que representa o direito da empresa de
sacar esse valor no banco, quando quiser). Assim, o Ativo aumentou e
diminuiu em R$ 10.000,00, permanecendo seu total constante.
Adicionalmente, percebe-se que o Passivo não sofreu qualquer

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alteração, portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo


e Passivo) ficou constante.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou constante: foi
tirado do patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de areia”, tirados do
Ativo, do montinho que representa a quantidade de dinheiro existente,
restando nele o equivalente a “quarenta mil grãos de areia”, e essa
areia foi colocada no mesmo Ativo, mas em outro de seus elementos
(no montinho de areia que representa o direito depósito bancário, no
valor equivalente a “dez mil grãos de areia”. É como se a areia tivesse
sido tirada de um montinho do Ativo e colocada em outro montinho
desse mesmo Ativo, o que é irrelevante para o Patrimônio Líquido (pois
a quantidade de areia existente continua a ser a mesma – tendo apenas
mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de
valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.3 Saque de cheque


Para a análise dos efeitos, no patrimônio, do evento denominado saque
de cheque (no valor de R$ 6.000,00), partiremos de um patrimônio
inicial proposto, contendo dinheiro (R$ 40.000,00 em dinheiro) e,
também, depósito bancário (R$ 10.000,00 em depósitos bancários). A
seguir, encontra-se representado, esquematicamente, o citado
patrimônio inicial:
Ativo Passivo
Dinheiro 40.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 10.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Nessa situação inicial, a quantidade de “areia” (entre bens, direitos e


obrigações) existente no patrimônio é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) total do Ativo, equivalente a R$ 50.000,00, apresentando a seguinte
configuração:
(1.a) um montinho de R$ 40.000,00 – em dinheiro  Ativo;

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(1.b) um montinho de R$ 10.000,00 – em depósitos bancários 


Ativo.
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio – visto no ponto 01 –, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens, direitos e obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Pois bem, considere o seguinte acontecimento: seis mil reais, dos dez
mil reais existentes em depósitos bancários, são retirados do banco,
mediante o saque de um cheque, e guardados no caixa. Assim, (1) dos
dez mil reais inicialmente existentes em depósitos bancários, passam a
existir apenas quatro mil reais e (2), por outro lado, no patrimônio,
ocorre um aumento da quantidade de dinheiro em caixa (de quarenta
mil reais iniciais, para quarenta e seis mil reais).
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 46.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 4.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo, o valor dos depósitos bancários foi reduzido em R$


6.000,00, por outro lado, nesse mesmo ativo, houve um aumento da
quantidade de dinheiro existente (de R$ 40.000,00 para R$ 46.000,00).
Assim, o Ativo aumentou e diminuiu em R$ 6.000,00, permanecendo
seu total constante. O Passivo, por outro lado, não sofreu qualquer
alteração, portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo
e Passivo) ficou constante.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou constante: foi
tirado do patrimônio o equivalente a “seis mil grãos de areia”, tirados do
Ativo, do montinho que representa o direito denominado depósito
bancário, existente, restando nele o equivalente a “quatro mil grãos de
areia”, e essa areia foi colocada no mesmo Ativo, mas em outro de seus
elementos, no montinho de areia que representa a quantidade de
dinheiro existente em caixa (quantidade essa que foi majorada, de
quarenta mil reais para quarenta e seis mil reais). É como se areia

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tivesse sido tirada de um montinho do Ativo e colocada em outro


montinho desse mesmo Ativo, o que é irrelevante para o Patrimônio
Líquido (pois a quantidade de areia existente continua a ser a mesma –
tendo apenas mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de
valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.4 Despesa de aluguel


Antes de iniciar a análise do evento denominado despesa de aluguel (no
valor de R$ 1.000,00), cabe uma breve referência ao que foi
apresentado no ponto 01 (quando da análise do Princípio da
Competência): por despesa entende-se uma redução do patrimônio.
Assim, quando se fala em despesa de aluguel, subentende-se: (1) que
houve a contratação de um aluguel (locação)4, (2) que nossa empresa é
locatária e usou o imóvel por um mês, (3) o locador (proprietário)
cumpriu sua parte no combinado, ou seja, permitiu que o locatário
utilizasse o imóvel por um mês.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
despesa de aluguel, (no valor de R$ 1.000,00), partiremos de um
patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa), conforme abaixo:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,

4
Por contrato, entende-se uma manifestação bilateral de vontades, ou seja, um
acordo. Observe-se que é desnecessária a presença de um instrumento escrito (basta
o acordo das partes, que pode até ser verbal), mas – geralmente – há contratação por
escrito – veja convenção da objetividade no ponto 01.

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(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.


Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens, direitos e obrigações, a ser entregue aos sócios
quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento despesa de aluguel (no valor de mil reais):
a) Irá aparecer, nesse patrimônio, uma obrigação que antes não existia
 a obrigação de pagar o aluguel (denominada aluguéis a pagar, no
valor de R$ 1.000,00).
b) O aparecimento dessa obrigação reduz o valor do patrimônio  de
cinqüenta mil reais, para quarenta e nove mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Aluguéis a pagar 1.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo não houve qualquer alteração, permanecendo os


mesmos cinqüenta mil reais em dinheiro. Por outro lado, no Passivo
houve um aumento, pelo surgimento da obrigação de pagar o aluguel
(Aluguéis a pagar no valor de R$ 1.000,00). Assim, o Ativo ficou
constante em R$ 50.000,00 e o Passivo foi majorado em R$ 1.000,00,
portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo)
ficou reduzido em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi reduzida: foi tirado
do patrimônio o equivalente a “mil grãos de areia”, cavados do Passivo,
para gerar o buraco de “mil grãos de areia”, representando a obrigação
aluguéis a pagar e essa areia “foi jogada para fora do patrimônio”,
reduzindo o seu tamanho. Entre bens, direitos e obrigações, o
patrimônio que tinha o equivalente a “cinqüenta mil grãos de areia”,
passa a ter o equivalente a “quarenta e nove mil grãos de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) ficou reduzida (de 50.000,00 para

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49.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado. Mas, por outro lado, não
houve troca de valor entre elementos do patrimônio. Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MODIFICATIVO DIMINUTIVO.
Obs.: Neste ponto da matéria pode surgir uma dúvida, típica de alunos
que já tiveram contato com a Contabilidade, a seguir reproduzida. No
momento da ocorrência do fato em questão (fato modificativo
diminutivo) a redução do patrimônio é registrada diretamente no
Patrimônio Líquido (conforme acima representado) ou é registrada em
uma conta especial (conta de resultado), ficando o Patrimônio Líquido
constante até o final do exercício?
Passo a analisar a dúvida acima referenciada porque, apesar de ser
irrelevante para a classificação do evento ora em questão, trata-se de
uma dúvida recorrente – em sala de aula – neste ponto da matéria.
Faz-se mister esclarecer que, no momento, estamos analisando (do
ponto de vista dos respectivos efeitos patrimoniais) os fatos contábeis,
sem qualquer preocupação com o modelo de registro do fato no sistema
de informações contábil – a técnica do registro dos fatos contábeis
(lançamento) será vista adiante neste ponto, após a introdução do
conceito de conta contábil, de livros contábeis e da apresentação das
teorias das contas. Assim, por enquanto, apenas a título de
esclarecimento, basta saber que: (1) no momento, já há redução do
patrimônio, (2) essa redução não é diretamente registrada no
patrimônio líquido de imediato, (3) essa redução fica registrada em uma
conta denominada “de resultado” durante um período denominado
exercício e, ao seu final, a informação é transferida para o Patrimônio
Líquido.
Porém, mantendo nosso objetivo, de apresentação didática da
Contabilidade, não levaremos em conta as formalidades de lançamento
e de contas, para concentrarmos a atenção no entendimento do efeito
dos eventos no patrimônio (que permite a correta classificação dos fatos
contábeis e que facilitará sobremaneira o ulterior aprendizado de seus
registros – lançamentos).

3.3.2.5 Receita de comissão


Antes de iniciar a análise do evento denominado receita de comissão (no
valor de R$ 3.000,00), cabe uma breve referência ao que foi
apresentado no ponto 01 (quando da análise do Princípio da
Competência): por receita entende-se um aumento do patrimônio.
Assim, quando se fala em receita de comissão, subentende-se: (1)
houve uma intermediação de negócios realizada por nossa empresa, (2)
que nossa empresa, logrando sucesso na intermediação do negócio,
cumpriu sua parte no que havia sido combinado, (3) nasce para nossa

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empresa um direito – o de recebimento da comissão, pela intermediação


realizada (denominado comissões a receber).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, receita de
comissão, (no valor de R$ 3.000,00), partiremos de um patrimônio
inicial, proposto, contendo apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro –
em caixa).
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens, direitos e obrigações, a ser entregue aos sócios
quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento receita de comissão (no valor de três mil reais):
Irá aparecer, nesse patrimônio, um direito que antes não existia  o
direito de receber a comissão pela intermediação de negócios realizada
(denominado comissões a receber, no valor de R$ 3.000,00).
O aparecimento desse direito aumenta o valor do patrimônio  de
cinqüenta mil reais, para cinqüenta e três mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

Comissões a receber 3.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 53.000,00

Veja que, no Ativo houve um aumento, de cinqüenta mil reais para


cinqüenta e três mil reais, pela entrada de um direito no valor de R$
3.000,00. Por outro lado, no Passivo não houve qualquer modificação.
Assim, se o Ativo foi majorado em R$ 3.000,00 e o Passivo ficou
constante, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo)
foi majorado em 3.000,00 (de 50.000,00 para 53.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi majorada: foi
colocado no patrimônio o equivalente a “três mil grãos de areia”, no
Ativo, para gerar um montinho de “três mil grãos de areia”,
representando o direito comissões a receber e essa areia “caiu de pára-
quedas no patrimônio” aumentando o seu tamanho. Entre bens, direitos
e obrigações, o patrimônio que tinha o equivalente a “cinqüenta mil
grãos de areia”, passa a ter o equivalente a “cinqüenta e três mil grãos
de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi majorada (de R$ 50.000,00 para
R$ 53.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado. Mas, por outro lado,
não houve troca de valor entre elementos do patrimônio. Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MODIFICATIVO AUMENTATIVO.
Obs.: Conforme comentado no exemplo anterior, neste ponto da
matéria também pode surgir a mesma dúvida, típica de alunos que já
tiveram contato com a Contabilidade: No momento da ocorrência do
fato em questão (fato modificativo aumentativo) o aumento do
patrimônio é registrado diretamente no Patrimônio Líquido (conforme
acima representado) ou é registrado em uma conta especial (conta de
resultado), ficando o Patrimônio Líquido constante até o final do
exercício?
Analiso, aqui, esta a dúvida porque, apesar de irrelevante para a correta
classificação do evento em tela como fato modificativo diminutivo, trata-
se de uma dúvida recorrente em sala de aula – neste ponto da matéria.
Faz-se mister esclarecer que, no momento, estamos analisando (do
ponto de vista dos respectivos efeitos patrimoniais) os fatos contábeis,

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sem qualquer preocupação com o modelo de registro do fato no sistema


de informações contábil – a técnica do registro dos fatos contábeis
(lançamento) será vista adiante neste curso, após a introdução do
conceito de conta contábil, de livros contábeis e da apresentação das
teorias das contas. Assim, por enquanto, basta saber que: (1) no
momento já há aumento do patrimônio, (2) mas esse aumento não é
diretamente registrado no patrimônio líquido de imediato, (3) então
esse aumento fica registrado em uma conta denominada “de resultado”
durante um período denominado exercício e, ao seu final, a informação
é transferida para o Patrimônio Líquido.
Porém, mantendo nosso objetivo, de apresentação didática da
Contabilidade, não levaremos em conta as formalidades de lançamento
e de contas, para concentrarmos a atenção no entendimento do efeito
dos eventos no patrimônio (que permite a correta classificação dos
eventos apresentados e que facilitará sobremaneira o ulterior
aprendizado dos registros – lançamentos).

3.3.2.6 Pagamento do aluguel devido


Para facilitar a análise dos efeitos patrimoniais do evento denominado
pagamento do aluguel devido (no valor de R$ 1.000,00), cabe
referenciar que, quando se fala em pagamento do aluguel devido,
subentende-se: (1) que há um contrato de aluguel, (2) que nossa
empresa é locatária e usou o imóvel por um mês, (3) o locador
(proprietário) cumpriu sua parte no combinado, ou seja, permitiu que o
locatário utilizasse o imóvel por um mês, (4) que ocorreu uma despesa
de aluguel, reduzindo o patrimônio e fazendo surgir uma obrigação de
pagar o aluguel e (5) agora, a empresa vai utilizar o dinheiro que tem
em caixa para pagar o aluguel (o que geralmente acontece até o dia 10
do mês subseqüente ao do aluguel).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
pagamento do aluguel devido, (no valor de R$ 1.000,00), partiremos de
um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa) e uma obrigação (de pagar o aluguel – denominada
aluguéis a pagar, no valor de R$ 1.000,00), resultando em um
patrimônio de R$ 49.000,00. A seguir, encontra-se representado o
citado patrimônio:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Aluguéis a pagar 1.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “quarenta e nove mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco de R$ 1.000,00 – obrigação aluguéis a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 49.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações; valor esse a
ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado pagamento do aluguel devido (no valor de mil
reais):
a) Será reduzido o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
saída do dinheiro no valor de R$ 1.000,00.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento da obrigação de pagar o
aluguel, no valor de mil reais também.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 49.000,00 Aluguéis a pagar -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução de valores, de cinqüenta mil


reais para quarenta e nove mil reais em dinheiro. Por outro lado, no
Passivo houve também uma redução de valores, pelo desaparecimento
da obrigação de pagar o aluguel (Aluguéis a pagar no valor de

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R$1.000,00). Assim, o Ativo foi reduzido de R$ 50.000,00 para R$


49.000,00 e o Passivo também foi reduzido em R$ 1.000,00 (de R$
1.000,00 para zero). Portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença
entre Ativo e Passivo) ficou constante, no valor de R$ 49.000,00.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi reduzida: foi tirado
do patrimônio o equivalente a “mil grãos de areia”, do montinho que
representa dinheiro, no Ativo, e essa areia foi “utilizada para tapar um
buraco existente no Passivo” (reduzindo, portanto, o tamanho do
Passivo). Entre bens, direitos e obrigações, o patrimônio que tinha o
equivalente a “quarenta e nove mil grãos de areia”, continua tendo
exatamente esse tamanho – equivalente a “quarenta e nove mil grãos
de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) permaneceu constante (em R$
49.000,00), o Patrimônio Líquido não foi alterado. Mas, por outro lado,
houve troca de valor entre elementos do patrimônio (dinheiro e
obrigação). Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.
Obs.: Repare que, apesar de ter havido pagamento, não há despesa no
momento em que o dinheiro sai do patrimônio. Isso está de acordo com
os conceitos, vistos no ponto 01, relativos ao princípio da competência.

3.3.2.7 Venda pelo custo – à vista


Na Contabilidade, o momento da venda é um momento mágico. Isso
porque, pelo princípio de competência, é nesse momento que o
vendedor cumpre o que havia combinado (entregar um bem para
terceiros – no caso, o comprador). Assim, nesse momento é que ocorre
um fato que pode vir a ensejar o aumento ou mesmo a redução de seu
patrimônio, independentemente do recebimento de valores – por conta
da venda – ocorrer antes, no momento ou posteriormente à venda.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, venda pelo
custo – à vista, (no valor de R$ 15.000,00), partiremos de um
patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em
dinheiro colocado pelos sócios), um estoque de mercadorias para venda
(bens denominados estoque de mercadorias, no valor de R$ 15.000,00)
e nenhuma obrigação, resultando em um Patrimônio Líquido de R$
50.000,00. A seguir, encontra-se representado o citado patrimônio:

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Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias  Ativo.
(3) um buraco tapado, no valor de R$ 0,00 – representando nenhuma
obrigação a pagar.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações; valor esse a
ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda pelo custo (no valor de quinze mil reais):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 15.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor dos mesmos quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo houve uma redução e um aumento de valores,


respectivamente redução de quinze mil reais, em mercadorias, para zero
e aumento, no mesmo montante (de trinta e cinco mil reais para

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cinqüenta mil reais), na quantidade de dinheiro existente. Por outro


lado, no Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o
Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou
constante, no valor de R$ 50.000,00.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações não foi alterada: é
como se (1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze
mil grãos de areia”, do montinho que representa o estoque de
mercadorias no ativo e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do
patrimônio – em direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído de
pára-quedas “quinze mil grãos de areia” (vindos do patrimônio do
cliente, para nosso patrimônio) aumentando o montinho que representa
o dinheiro existente.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) permaneceu constante (em R$
50.000,00), o Patrimônio Líquido não foi alterado. Mas, por outro lado,
houve troca de valor entre elementos do patrimônio (dinheiro e estoque
de mercadorias). Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.8 Venda com lucro – à vista


Na Contabilidade, conforme já visto, o momento da venda é um
momento mágico – nunca é demais repetir. Isso porque, pelo princípio
de competência, é nesse momento que o vendedor cumpre o que havia
combinado (entregar um bem para terceiros – no caso, o comprador).
Assim, nesse momento é que ocorre um fato que pode vir a ensejar o
aumento ou a redução de seu patrimônio, independentemente do
recebimento de valores, por conta da venda, ocorrer antes, no momento
ou posteriormente à venda.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, venda com
lucro – à vista, (no valor de R$ 20.000,00, referente a bens adquiridos
por R$ 15.000,00), partiremos de um patrimônio inicial, proposto,
contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em dinheiro – em caixa), um estoque
de mercadorias para venda (bens denominados estoque de mercadorias,
no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, resultando em um
patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se representado –
esquematicamente – o citado patrimônio:

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Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) montinhos de areia totalizando R$ 50.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro  Ativo;
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) um buraco tapado, no valor de R$ 0,00, representando nenhuma
obrigação a pagar.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações; valor esse a
ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda com lucro (no valor de R$ 20.000,00, referente a bens
adquiridos por R$ 15.000,00):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 20.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.

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Ativo Passivo
Dinheiro 55.000,00 Obrigações -

Estoque de Mercad. -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 55.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução e um aumento de valores.


Respectivamente: (1) redução do valor de mercadorias, de quinze mil
reais para zero e (2) aumento de dinheiro, de trinta e cinco mil reais
para cinqüenta e cinco mil reais. Por outro lado, no Passivo não houve
qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio Líquido (que é a
diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado, no valor de R$ 5.000,00
(de R$ 50.000,00 para R$ 55.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada: é como se
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos
de areia”, do montinho que representa o estoque de mercadorias no
ativo e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do patrimônio – em
direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído de pára-quedas
“vinte mil grãos de areia” (vindos do patrimônio do cliente, para o
patrimônio da empresa), aumentando o montinho que representa o
dinheiro existente.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi majorada (em R$ 5.000,00  de
R$ 50.000,00 para R$ 55.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
para maior. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor
entre elementos do patrimônio (dinheiro e estoque de mercadorias).
Essa situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

3.3.2.9 Venda com prejuízo – à vista


Na Contabilidade, conforme já visto, o momento da venda é um
momento mágico – nunca é demais repetir. Isso porque, pelo princípio
de competência, é nesse momento que o vendedor cumpre o que havia
combinado (entregar um bem para terceiros – no caso, o comprador).
Assim, nesse momento é que ocorre um fato que pode vir a ensejar o
aumento ou a redução de seu patrimônio, independentemente do
recebimento de valores, por conta da venda, ocorrer antes, no momento
ou posteriormente à venda.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado


venda com prejuízo – à vista, (no valor de R$ 10.000,00, e referente a
bens adquiridos por R$ 15.000,00), partiremos de um patrimônio inicial,
proposto, contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em dinheiro – em caixa) e
um estoque de mercadorias para venda (bens denominados estoque de
mercadorias, no valor de R$ 15.000,00), resultando em um patrimônio
de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se representado
esquematicamente o citado patrimônio inicial proposto:
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:
(1.a) um montinho de 35.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(1.b) um montinho de 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,
representando nenhuma obrigação a pagar.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações; valor esse a
ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda com prejuízo (no valor de R$ 10.000,00, e referente a
bens adquiridos por R$ 15.000,00):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 10.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

Ativo Passivo
Dinheiro 45.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 45.000,00

Veja que, no Ativo, houve redução e aumento de valores, em diferentes


elementos. Respectivamente: (1) redução do valor de mercadorias, de
quinze mil reais para zero e (2) aumento de dinheiro, de trinta e cinco
mil reais para quarenta e cinco mil reais. Por outro lado, no Passivo não
houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio Líquido (que
é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou reduzido do valor de R$
5.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 45.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos
de areia”, do montinho que representa o estoque de mercadorias, no
Ativo, e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do patrimônio –
em direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído, de pára-
quedas, no patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de areia” (vindos
do patrimônio do cliente, para nosso patrimônio) aumentando o
montinho de areia que representa o dinheiro existente.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi reduzida (em R$ 5.000,00 – de
R$ 50.000,00 para R$ 45.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
reduzido. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e estoque de mercadorias). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO DIMINUTIVO.

3.3.2.10 Pagamento de duplicata com abatimento


Uma das maiores dificuldades no estudo da Contabilidade, notadamente
para neófitos (que é, quase sempre, o caso dos candidatos em
concursos públicos na área fiscal, que não tenham formação acadêmica
na área contábil5), é o entendimento dos acontecimentos típicos do
mundo dos negócios, da vida das empresas. Antes de dominar a técnica
de registro desses acontecimentos, de classificação dos elementos
patrimoniais envolvidos nesses acontecimentos e de preparação/análise

5
Exatamente o público a que este curso se destina.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

dos demonstrativos contábeis, é necessário saber o que aconteceu (com


detalhes).
Somente tendo uma clara idéia do fato ocorrido é que será possível
dominar a técnica de seu registro. É mister colocar, porém, que o
entendimento dos acontecimentos da vida de uma empresa são
atinentes a outras áreas do conhecimento que não propriamente à
Contabilidade6. Os acontecimentos são regrados pelo Direito e
avaliados do ponto de vista da Economia e da Administração, com a
utilização de técnicas próprias da Matemática Financeira. Dessa forma,
em muitos momentos de nosso curso, são feitas alusões a conceitos
típicos dessas disciplinas, sem os quais, o entendimento da
Contabilidade ficaria sobremaneira prejudicado.
Para tratar do evento pagamento de duplicata com abatimento,
propomos, portanto, antes de mais nada, uma breve explanação dos
conceitos de títulos de crédito e, especificamente de duplicata.

3.3.2.10.1 Observações teóricas sobre duplicatas e


títulos de crédito em geral
O conceito de títulos de crédito pode ser dado, de forma didática e com
o único intuito de esclarecimento, sem quaisquer outras preocupações,
como:
a) Um papel, onde está escrito que alguém deve entregar
uma soma de dinheiro a outro alguém, em um
determinado momento futuro. Esse é o conceito de
cartularidade: a obrigação (antes intangível) passa a
existir em um papel (que é palpável).
b) Esse papel tem a capacidade de mudar de mãos e, quando
isso ocorre, quem adquire o papel passa a ser aquele que
tem o direito de exigir o pagamento nele referenciado –
com a especificidade de que esse pagamento pode ser
exigido do devedor inicial ou daquele que, posteriormente,
passou o título adiante. Esse é o conceito de mobilização
do crédito (que passa de mãos em mãos) através da
passagem do título – denominada endosso.
Veja que, assim, o crédito passa a ser utilizável, pelo credor, mesmo
antes da data de sua quitação pelo devedor. Para isso, basta negociar
com terceiros o endosso do título – por um determinado valor acordado
entre as partes.

6
Ver o conceito de Sistema Aberto, no qual a Contabilidade se classifica, e a relação
da contabilidade com outras disciplinas – matéria vista no ponto 01.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

Nos títulos de crédito em geral, há a presença de três figuras (três


personagens):
- o sacador – aquele que dá a ordem para que alguém
pague um valor para alguém;
- o sacado – aquele que recebe a ordem para pagar um
valor a alguém; e
- o tomador – também chamado de beneficiário, aquele
que deve receber o valor a ser pago.
Toda a teoria dos títulos de crédito está baseada na idéia da Letra de
Câmbio (que tem, em sua estrutura, a possibilidade de definição de três
pessoas diferentes para designar o sacador, o sacado e o tomador.
Porém, a Letra de Câmbio não é largamente utilizada no Brasil e, assim,
concentraremos nosso estudo nos títulos de crédito efetivamente
utilizados.
Como exemplos de títulos de créditos, mais utilizados no Brasil, temos a
duplicata e a nota promissória. Há também um título que, apesar de
não se classificar como um típico título de crédito, tem o formato de um
título de crédito – trata-se do cheque. O cheque é denominado
cambialiforme (tem a forma de um título de crédito, sem que o seja),
porque sendo uma ordem de pagamento à vista, não representa um
valor a ser pago em um momento futuro, mas no presente. Outra
peculiaridade do cheque é que ele não pode circular indefinidamente – a
lei proíbe vários endossos.
Falando da Duplicata, temos que se trata de um título de crédito causal
(ou seja, que deve ter uma causa de sua existência determinada em
lei). A causa da Duplicata somente pode ser uma venda de
mercadorias/produtos ou a prestação de serviços – ambos a prazo. Na
Duplicata, quem emite o documento (sacador) é o vendedor (dos bens
ou serviços) e quem fica obrigado a pagar o valor (sacado) é o
comprador. Para que o comprador fique efetivamente obrigado a pagar
o valor constante da Duplicata, é necessário que ele aceite o título
(expressamente, assinando na face do título, ou tacitamente, atestando
o recebimento do bem ou serviço vendido). Finalmente, o nome
Duplicata deriva do fato de que ela seja uma cópia da Nota Fiscal (da
venda do bem ou do serviço). Em suma, quando uma empresa efetua
vendas a prazo de bens ou serviços, ela passa a ser a titular de um
direito denominado DUPLICATAS A RECEBER e – ao contrário – quando
uma empresa efetua compras a prazo de bens ou serviços, contrai uma
obrigação denominada DUPLICATAS A PAGAR.
A Nota Promissória, por outro lado, não tem causa definida em lei. Ou
seja, o motivo pelo qual uma Nota Promissória veio a existir é
irrelevante – em outras palavras, a Nota Promissória é autônoma em

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relação à causa que a ensejou. Na Nota Promissória, o devedor da


obrigação é quem emite o título e o credor é o beneficiário do
pagamento.
Finalmente, quanto ao cheque, o emitente do cheque (correntista –
titular da conta-corrente no banco) é o sacador. O banco, que recebe a
ordem para pagar o valor consignado no cheque, é o sacado. E o
tomador é o beneficiário do cheque (o portador, ou aquele determinado
no próprio documento se o cheque for nominal).
Resumidamente, na tabela abaixo, apresentamos os três principais tipos
de títulos utilizados em nosso país, com a indicação dos sujeitos a cada
um deles relacionados.
Título Duplicata Promisória Cheque
Sacador o Vendedor o Devedor o Correntista
Sacado o Comprador o Devedor o Banco
Tomador o Vendedor o Credor o Beneficiário
(*) (**)
Obs:
(*) na duplicata, as figuras do Sacador e do Tomador se confundem na pessoa do Vendedor
(**) na Promissória, as figuras do Sacador e do Sacado se confundem na pessoa do Devedor

Esta simples classificação já foi objeto de questão de prova em


concurso.

3.3.2.10.2 Análise do fato contábil


Visto que a existência de uma duplicata a pagar decorre da compra de
bens ou serviços a prazo, o pagamento de duplicata, com abatimento,
significa a quitação da obrigação de pagar, pelo bem ou serviço
adquirido, com um abatimento (ou seja, pagando menos do que o valor
inicialmente acordado entre as partes).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, pagamento de
duplicata com abatimento, (de R$ 14.000,00, para quitação de uma
obrigação inicialmente contraída no valor de R$ 15.000,00), partiremos
de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa), um estoque de mercadorias para venda (bens
denominados estoque de mercadorias, no valor de R$ 15.000,00) e uma
obrigação, de pagar por compras a prazo (denominada duplicatas a
pagar, no valor de R$ 15.000,00), resultando em um patrimônio de R$
50.000,00. A seguir, encontra-se esquematicamente representado o
citado patrimônio inicial proposto:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Duplicatas a pagar 15.000,00

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto de montinhos que totalizam R$ 65.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco, de R$ 15.000,00,
representando a obrigação a pagar a duplicata pela compra realizada a
prazo  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações (R$
50.000,00 + R$ 15.000,00 – R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00); valor esse
a ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado pagamento de duplicata com abatimento (no
valor de R$ 14.000,00, para quitação de uma obrigação inicialmente
contratada por R$ 15.000,00):
a) Será reduzido o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela saída de R$ 14.000,00, entregues ao
vendedor.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de uma
obrigação (denominada duplicatas a pagar) de quinze mil
reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:

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Ativo Passivo
Dinheiro 36.000,00 Duplicatas a pagar -

Estoque de Mercad. 15.000,00


--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 51.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução, do valor do dinheiro existente,


no total de quatorze mil reais – de cinqüenta mil reais para trinta e seis
mil reais. Por outro lado, no Passivo, houve também uma redução, no
total de quinze mil reais - de quinze mil reais para zero (pelo
desaparecimento da obrigação duplicatas a pagar). Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado do valor
de R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada: é como se
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quatorze mil grãos
de areia”, do montinho que representa dinheiro em caixa, no ativo, (2)
esses “quatorze mil grãos de areia” tivessem sido utilizadas para tapar
(ainda que parcialmente) o buraco duplicatas a pagar, no Passivo, e (3)
tivesse caído, de pára-quedas, no patrimônio, o equivalente a “mil grãos
de areia” terminando de tapar o buraco que representa a obrigação
duplicatas a pagar, anteriormente existente no passivo.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi aumentada (em R$ 1.000,00 – de
R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
majorado. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a pagar). Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

3.3.2.11 Recebimento de duplicata com juros


Conforme já visto, no item anterior, a existência de duplicatas a receber
no patrimônio é decorrente da realização de vendas a prazo e consiste
no direito de exigir o pagamento do valor referente à venda. Assim,
quando há recebimento com juros, a empresa recebe – além do valor
inicialmente contratado (valor da venda a prazo) – um valor adicional, a
título de juros7.

7
O conceito de Juros é o do valor do dinheiro no tempo. Assim, juros a receber são –
geralmente – o resultado de uma operação qualquer em que nossa empresa deixou
dinheiro com alguém, por algum tempo e, então, ficou na posição de exigir, dessa

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Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado


recebimento de duplicata com juros, (de R$ 16.000,00, pela quitação do
valor, inicialmente contratado, de R$ 15.000,00, sendo os R$ 1.000,00
adicionais recebidos a título de encargos pelo atraso na quitação),
partiremos de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$
35.000,00 em dinheiro – em caixa), um direito de exigir que clientes
paguem por vendas realizadas a prazo (denominado duplicatas a
receber, no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, no Passivo,
resultando em um patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se
representado o citado patrimônio.
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Duplicatas a receber 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro em caixa 
Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – Duplicatas a receber 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,
representando a inexistência de obrigações a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações (R$
35.000,00 + R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00); valor esse a ser entregue
aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado recebimento de duplicata com juros (no valor de

pessoa, uma remuneração do dinheiro. No exemplo, os juros são decorrentes do fato


de que não houve pagamento na data inicialmente acordada, mas a quitação ocorreu
com atraso.

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R$ 16.000,00, relativo a um direito de R$ 15.000,00 e com a incidência


de encargos no valor de R$ 1.000,00):
c) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela entrada de R$ 16.000,00, entregues pelo
comprador.
d) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de um direito
(denominado duplicatas a receber), de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 51.000,00 obrigações -

Duplicatas a receber -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 51.000,00

Veja que, no Ativo, houve um aumento e uma redução de valores: (1)


um aumento na quantidade de dinheiro existente, no montante de R$
16.000,00 – de trinta e cinco mil reais para cinqüenta e um mil reais em
dinheiro e (2) uma redução no direito duplicatas a receber, no montante
de quinze mil reais – de quinze mil reais para zero. Por outro lado, no
Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado do valor
em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse saído do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos de
areia”, do montinho que representa o direito duplicatas a receber, no
Ativo (2) esses “quinze mil grãos de areia” tivessem sido colocados no
montinho que representa dinheiro em caixa, no ativo, e (3) tivesse
caído, de pára-quedas, no patrimônio o equivalente a “mil grãos de
areia” adicionais, também colocados no montinho que representa
dinheiro, em caixa, no Ativo.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi aumentada (em R$ 1.000,00 
de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
majorado. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a receber). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

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3.3.2.12 Recebimento de duplicata com abatimento


Conforme já visto, a existência de duplicatas a receber no patrimônio é
decorrente da realização de vendas a prazo e consiste no direito de
exigir o pagamento do valor referente à venda. Assim, quando há
recebimento com abatimento, a empresa recebe apenas parte do valor
inicialmente contratado8.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
recebimento de duplicata com abatimento, (recebimento de R$
14.000,00, pela quitação do valor, inicialmente contratado, de R$
15.000,00, com uma redução de R$ 1.000,00, a título de abatimento),
partiremos de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$
35.000,00 em dinheiro – em caixa), um direito de exigir que clientes
paguem por vendas realizadas a prazo (denominado duplicatas a
receber, no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, no Passivo,
resultando em um patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se
representado o citado patrimônio.
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Duplicatas a receber 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro em caixa 
Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – Duplicatas a receber 
Ativo.

8
Há, basicamente, dois motivos para ensejar o recebimento em valor menor do que o
inicialmente contratado: (1) o fato de que o cliente estaria pagando em data anterior
àquela do vencimento da duplicata e – pelo valor do dinheiro no tempo – pagaria um
valor menor do que aquele inicialmente contratado e (2) uma negociação ulterior à
venda, na qual o vendedor temendo a inadimplência do comprador, aceita a quitação
da operação por um valor menor.

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(2) Um passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,


representando a inexistência de obrigações a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto no ponto 01, o Patrimônio
Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser representado por um
buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a quantidade de areia
representada por bens e direitos deduzidos das obrigações (R$
35.000,00 + R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00); valor esse a ser entregue
aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento recebimento de duplicata com abatimento (recebimento de
R$ 14.000,00, relativo a um direito de R$ 15.000,00, com redução de
R$ 1.000,00):
e) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela entrada de R$ 14.000,00, entregues pelo
comprador.
f) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de um direito
(denominado duplicatas a receber), de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 49.000,00 obrigações -

Duplicatas a receber -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo, houve um aumento e uma redução de valores: (1)


um aumento na quantidade de dinheiro existente, no valor de R$
14.000,00 – de trinta e cinco mil reais para quarenta e nove mil reais e
(2) uma redução no direito duplicatas a receber, no valor de quinze mil
reais, reduzido-o de quinze mil reais para zero. Por outro lado, no
Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou reduzido no valor
em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse saído do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos de
areia”, do montinho que representa o direito duplicatas a receber, no
ativo (2) desses “quinze mil grãos de areia”, “quatorze mil grãos de
areia” tivessem sido colocados no montinho que representa dinheiro em

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caixa, no ativo, e (3) os outros “mil grãos de areia” tivessem sido


jogadas para fora do patrimônio, reduzindo-o.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi reduzida (em R$ 1.000,00 – de
R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
reduzido. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a receber). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO DIMINUTIVO.

3.3.2.13 Aval dado a 3o


O Aval dado a terceiro é um evento que não caracteriza um fato
contábil, mas um mero ato (denominado, tecnicamente, no âmbito da
Contabilidade, ato contábil ou ato administrativo). Para ilustrar a
questão, cabe esclarecer que o aval é uma garantia típica dos títulos de
crédito. O avalista é aquele que, subsidiariamente ao sacado, assume a
obrigação de realizar o pagamento.
Assim, se, na data da exigência do título, o sacado não honrar seu
compromisso, o avalista poderá ter de fazê-lo. Repare que, nessa
situação, somente no momento em que o sacado não honrar seu
compromisso, e se isso acontecer, nascerá uma obrigação para o
avalista (a obrigação de honrar o compromisso do devedor original, em
seu lugar). No momento em que o avalista concorda em garantir o
pagamento do título, não ocorre fato contábil – pois isso não enseja
qualquer efeito no patrimônio.
Nota-se que as garantias em geral ensejam meros atos contábeis. Isso
porque quando se garante o adimplemento de uma obrigação, somente
na condição (evento futuro e incerto) de não pagamento tempestivo
pelo devedor, o garantidor verá nascer em seu patrimônio uma
obrigação exigível.

3.3.2.14 Hipoteca dada ou recebida


A hipoteca é definida como um direito real de garantia sobre bens
imóveis. Em outras palavras, a hipoteca ocorre quando alguém,
necessitando de um empréstimo por qualquer motivo, toma dinheiro
emprestado nas seguintes condições:
a) recebe o dinheiro;
b) assume o compromisso de pagá-lo em uma determinada data
(com ou sem juros, conforme as condições de pagamento
negociadas); e
c) oferece ao credor – como garantia de que haverá o pagamento
contratado – um bem imóvel.

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Caso não ocorra o pagamento, conforme combinado, o credor pode


tomar o bem dado em garantia (no âmbito de uma ação judicial).
Portanto, a hipoteca (dada ou recebida) não logra alterar – de forma
alguma – o patrimônio do devedor ou do credor, caracterizando mero
ATO. Apenas na condição (evento futuro e incerto) de não pagamento
tempestivo das prestações advindas do empréstimo, é que, de forma
ulterior e superveniente, ocorrerá um fato contábil.
Outras figuras assemelhadas à hipoteca são: (1) o penhor e a (2)
anticrese.
O penhor é, em tudo, semelhante à hipoteca com a diferença de que o
bem dado em garantia não é imóvel, mas sim um bem móvel.
A anticrese consiste no oferecimento de um bem para que, com a
utilização dos frutos9 daquele bem, possa ser feita a quitação da
obrigação atinente ao empréstimo. Um exemplo seria a quitação do
valor do empréstimo com a utilização dos aluguéis da locação de um
bem dado em anticrese.
Ainda, falando em garantia, não podemos deixar de fazer referência à
fiança – que é uma garantia pessoa dada por alguém, para assegurar
que um contrato seja cumprido.
Todas essas garantias são ATOS, pelos motivos acima colocados.

3.3.3 Resultado
Fato Descrição Classificação
1 Compra de móveis a prazo FP
2 Depósito em banco FP
3 Saque de cheque FP
4 Despesa de aluguel Fmo-
5 Receita de comissão Fmo+
6 Pagamento do aluguel devido FP
7 Venda pelo custo – à vista FP
8 Venda com lucro – à vista Fmi+
9 Venda com prejuízo – à vista Fmi-
10 Pagamento de duplicata com abatimento Fmi+
11 Recebimento de duplicata com juros Fmi+
12 Recebimento de duplicata com abatimento Fmi-
13 Aval dado a 3o ATO
14 Hipoteca dada ou recebida ATO

9
Frutos são definidos como aquilo que pode ser separado de um bem, sem destruí-lo.
Em outras palavras, fruto são os bens acessórios gerados pelo bem principal – sem
que este seja destruído. Exemplos de frutos são: (a) para a terra - o aluguel, (b) para
o capital – os juros, (c) para árvores – as frutas e etc.

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4 Resumo
Atos contábeis são eventos que, ocorrendo na empresa, não alteram
(qualitativamente ou quantitativamente) o patrimônio. Como exemplo
de atos contábeis temos as garantias, as custódias e as consignações.
Fatos contábeis são eventos que, ocorrendo, alteram (qualitativamente
ou quantitativamente) o patrimônio. Fatos contábeis se dividem em
fatos permutativos, modificativos ou mistos.
Fatos contábeis permutativos são aqueles em que não há modificação
no valor do Patrimônio Líquido, ocorrendo apenas troca de valores entre
elementos patrimoniais. Como exemplos, podemos citar a compra de
veículos a prazo, o saque de um cheque, o depósito bancário, etc.
Fatos contábeis modificativos são aqueles em modificação do valor do
Patrimônio Líquido, subdividindo-se entre fatos contábeis modificativos
aumentativos e fatos contábeis modificativos diminutivos.
Os fatos contábeis modificativos aumentativos são aqueles em que há
surgimento de um bem ou direito ou, ainda, extinção de uma obrigação,
com o conseqüente aumento do valor do patrimônio Líquido. Como
exemplos, podemos citar a Receita de aluguel, a Receita de comissões,
etc.
Os fatos contábeis modificativos diminutivos são aqueles em que há
surgimento de uma obrigação ou, ainda, desaparecimento de um bem
ou de um direito, com a conseqüente redução do valor do patrimônio
Líquido. São exemplos de fatos contábeis modificativos diminutivos as
depesas de comissão, despesas com tributos, etc.
Fatos contábeis mistos são aqueles que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos. Em outras palavras, são aqueles em que
há troca de valores entre elementos patrimoniais e, também, alteração
no valor do patrimônio líquido.
Os fatos contábeis mistos aumentativos são aqueles em que há troca de
valores entre elementos do patrimônio e, adicionalmente, aumento do
valor do patrimônio Líquido. Como exemplo, citamos as vendas com
lucro.
Os fatos contábeis mistos diminutivos são aqueles em que há troca de
valores entre elementos do patrimônio e, adicionalmente, redução do
valor do patrimônio Líquido. Como exemplo, citamos as vendas com
prejuízo.

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5 Exercícios de Fixação (Questões de concurso)


5.1 Títulos de Crédito – definições teóricas

5.1.1 AFRF – 200310


Enunciado
Assinale abaixo a opção que contém a asserção verdadeira.

a) a nota promissória é um título de crédito autônomo, próprio


para operações mercantis de compra e venda entre pessoas físicas.

b) O sacado na Nota promissória é o credor enquanto na


duplicata o sacado é o devedor.

c) A duplicata é um título de crédito próprio para transações


financeiras, que só é emitido por pessoas jurídicas.

d) A nota promissória e a duplicata são títulos de crédito, sendo


que na primeira o emitente é também chamado sacado; e na
segunda, o emitente é também chamado sacador.

e) A triplicata é um título de crédito de emissão obrigatória,


mas apenas quando houver o extravio da segunda duplicata.

Gabarito
d

10
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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5.2 Atos e Fatos Contábeis

5.2.1 AFRF – 200011


Enunciado
51 – José Henrique resolveu medir contabilmente um dias de sua vida
começando do "nada" patrimonial .
De manhã cedo nada tinha. Vestiu o traje novo (calça, camisa ,
sapatos, etc.) comprado por 105,00, mas que sua mãe lhe deu de
presente. Em seguida tomou 30,00 emprestados de seu pai, comprou o
jornal por 1,20, tomou o ônibus pagando 1,80 de passagem. Chegando
ao CONIC, comprou fiado, por 50,00, várias caixas de bombons e
chicletes e passou a vendê-los no calçadão. No fim do dia, cansado,
tomou uma refeição de 12,00, mas só pagou 10,00, conseguindo um
desconto de 2,00. Contou o dinheiro e viu que vendera metade dos
bombons e chicletes por 40,00.
Com base nessas informações, podemos ver que, no fim do dia, José
Henrique possui um "capital próprio" no valor de:
a) 107,00
b) 120,00
c) 2,00
d) 187,00
e) 189,00
Gabarito
A

5.2.2 Analista - MPU - Área: Pericial - Especialidade: Contabilidade12


Enunciado

11
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.
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Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

41- O pagamento de uma letra de câmbio já vencida, com encargos de


multas e de juros, constitui um
a) Fato Administrativo Permutativo.
b) Fato Administrativo Modificativo diminutivo.
c) Fato Administrativo Modificativo aumentativo.
d) Fato Administrativo Composto diminutivo.
e) Fato Administrativo Composto aumentativo.

5.2.3 Contador da Prefeitura do Recife – 200313


Enunciado
62- A operação de compra de mercadorias com pagamento a vista é
considerada como um fato contábil:
a) de iliquidez
b) modificativo
c) misto
d) extraordinário
e) permutativo

5.2.4 Auditor Municipal do Recife – 2003 (ESAF)


ENUNCIADO

39- A empresa “.” Ltda. realizou uma operação de recebimento de


duplicata no valor de R$ 100,00, em dinheiro. Essa operação gerou um
registro contábil de débito à conta CAIXA e crédito à conta
Duplicatas a Receber. Assinale o tipo de fato contábil presente na única
opção correta.
a) Aumentativo
b) Diminutivo
c) Misto
d) Modificativo
e) Permutativo

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Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

5.2.5 AGERS/RS 1998


ENUNCIADO

Considere a representação gráfica do patrimônio em R$ em dois


momentos.
"ANTES"
Ativo Passivo e P. Líquido
Caixa 50 fornecedores 20
mercadorias 20 credores 100
imobilizado 150 capital social 100
220 220
"DEPOIS"
Ativo Passivo e P. Líquido
Caixa 50 fornecedores 20
Clientes 10 credores 100
mercadorias 15 capital social 105
imobilizado 150
225 225

Pode-se afirmar que o fato contábil ocorrido entre “ANTES” e “DEPOIS”


é um fato:
a) misto aumentativo;
b) permutativo;
c) misto diminutivo;
d) modificativo aumentativo;
e) modificativo diminutivo.

5.2.6 MTB – CESPE/UNB - 1994


ENUNCIADO

A operação que caracteriza um fato contábil permutativo é o (a):


a) execução de serviços a terceiros, para pagamento a prazo;
b) recebimento de doação, por uma empresa estatal;
c) aumento de capital, com a utilização de lucros acumulados e de
reservas legais;
d) apuração do resultado de correção monetária de ativo
permanente e do patrimônio líquido
e) aumento de capital com nova subscrição dos sócios

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

5.2.7 Técnico de Finanças e Controles – 1996 (ESAF)


ENUNCIADO

Ocorre um fato contábil modificativo aumentativo:


a) na prestação remunerada de serviço
b) no recebimento de duplicata julgada incobrável mas ainda não
baixada
c) na alienação de mercadorias a prazo, com incidência de juros
de mora;
d) na permuta de bens do ativo, com recebimento de troco em
dinheiro
e) na realização de capital subscrito

5.2.8 Perito da Polícia Federal - 1993


ENUNCIADO

Determinada empresa decidiu aumentar o seu capital, utilizando-se,


para isso, de recursos de lucros obtidos em exercícios anteriores. Essa
decisão caracteriza-se como um:
a) fato contábil modificativo;
b) fato contábil permutativo;
c) fato contábil misto;
d) ato administrativo.

5.2.9 Fiscal de ISS – SP (FCC)


ENUNCIADO

O pagamento de uma dívida com juros de mora representa um fato


contábil:
a) Permutativo;
b) modificativo diminutivo;
c) misto diminutivo;
d) misto aumentativo;
e) modificativo aumentativo.

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Contabilidade Decifrada – Ponto 02 – Atos e Fatos Contábeis

5.3 Gabarito
Assunto / Concurso-questão Gab.
1 Títulos de Crédito – definições teóricas -
1.1 AFRF – 2003 D
2 Atos e Fatos Contábeis -
2.1 AFRF – 2000 A
2.2 Analista - MPU - Área: Pericial - Especialidade: Contabilidade D
2.3 Contador da Prefeitura do Recife – 2003 E
2.4 Auditor Municipal do Recife – 2003 (ESAF) E
2.5 AGERS/RS 1998 A
2.6 MTB – CESPE/UNB - 1994 C
2.7 Técnico de Finanças e Controles – 1996 (ESAF) A
2.8 Perito da Polícia Federal - 1993 B
2.9 Fiscal de ISS – SP (FCC) C

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