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SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

DO ESTADO DO PARÁ

AguaPará
MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

SÉRIE RELATÓRIOS TÉCNICOS Nº 10


PROGRAMA GERENCIAMENTO DE RECURSOS
HÍDRICOS

MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

SÉRIE DE RELATÓRIOS TÉCNICOS N° 10

Setor responsável:

Núcleo de Hidrometeorologia/SECTAM

Coordenação:

Ronaldo Jorge da Silva Lima – Geólogo

Autores:

Fábio Monteiro Cruz – Engenheiro Ambiental


Aline Maria Meiguins de Lima – Geóloga

Responsáveis Técnicos:

Carlos Alberto Pacheco de Vilhena – Economista


Luciana Miranda Cavalcante – Engenheira Ambiental
Luciene Mota de Leão Chaves – Hidrogeóloga
Paulo Lima Guimarães – Meteorologista
Thiago Marcelo Pacheco de Oliveira – Oceanógrafo
Verônica Jussara Costa Santos – Engª Sanitarista
Waldeli Rozane Silva de Mesquita – Pedagoga

Belém-2007

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APRESENTAÇÃO

Este documento representa uma proposta de condução do manejo de bacias

hidrográficas como uma forma de congregar os principais atores da bacia e inseri-los na

discussão sobre a disponibilidade quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos.

O manejo apresenta-se, desta forma, como uma alternativa que a comunidade

local pode utilizar para garantir a água e seus usos múltiplos, assim como um veículo de

organização social que permite ampliar o debate sobre a questão hídrica no âmbito

municipal, fortalecendo a gestão em todos os seus níveis.

Por meio deste instrumento a SECTAM empenha seu papel como órgão gestor

da Política de Recursos Hídricos do Estado, apresentado uma forma alternativa de

participação e organização social do espaço na bacia hidrográfica e incentivando

práticas conservacionistas que priorizem a sustentabilidade hídrica e ambiental.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ______________________________________________ 5

2 A DINÂMICA DA ÁGUA ______________________________________ 5

3 ORIGEM E FORMAS DE POLUIÇÃO HÍDRICA ____________________ 7

4 O MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ______________________ 8

5 MANEJO INTEGRADO E PARTICIPATIVO DE BACIA HIDROGRÁFICA 9


5.1 Diagnóstico__________________________________________________________________9

5.2 Prognóstico ________________________________________________________________10

5.3 Planejamento e gestão integrada e participativa __________________________________11

6 A GESTÃO PARTICIPATIVA _________________________________ 13


6.1 Reconhecimento de atores ____________________________________________________13

6.2 Formação do Conselho Gestor _________________________________________________13

6.3 Definição de prioridades______________________________________________________13

6.4 Execução das prioridades _____________________________________________________14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 16

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1 Introdução
O manejo participativo de bacias hidrográficas compõe uma técnica que prioriza
a sustentabilidade hídrica da bacia utilizando-se de ações conjugadas entre os governos
(estadual e municipal) e a sociedade civil.
Este é orientado para garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, logo,
necessita da congregação de todos os atores que influenciam diretamente na bacia e a
formulação de pactos voltados ao melhor ordenamento deste território, priorizando a
manutenção da qualidade e da quantidade da água.
Desta forma, surge como uma solução factível que busca por meio da definição
de critérios de utilização dos recursos naturais e do desenvolvimento de atividades
pactuadas na bacia, garantir a manutenção da disponibilidade quantitativa dos recursos
hídricos e o acesso à água de boa qualidade a todos os usuários.

2 A dinâmica da água
A água é um dos recursos naturais de maior importância sendo o principal
constituinte dos organismos vivos e imprescindível para a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico da população, além de ser componente da paisagem e do
meio ambiente (FERREIRA & FERREIRA, 2006; MORAES & JORDÃO, 2002;
SETTI et al., 2000).
Na natureza ela normalmente encontra-se associada a uma gama variada de
elementos solubilizados ou em suspensão podendo ocasionalmente ser identificados
mais de cinqüenta tipos diferentes destes, em uma única amostra de água natural. Tais
elementos são em geral sólidos dissolvidos ionizados, gases, compostos orgânicos,
material em suspensão, incluindo microorganismos e material coloidal (SETTI et al.,
2000).
A água presente no meio ambiente possui uma dinâmica peculiar que faz com
que ela passe por diferentes estados físicos e compartimentos ambientais, constituindo o
chamado ciclo hidrológico (Figura 1).

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Figura 1: Ciclo Hidrológico
Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/aguas_sub/Figura%201.jpg

Nesse ciclo tomando os mares como os receptores da água proveniente das


geleiras e rios dos continentes, verifica-se que os mesmos cedem, através da
evaporação, a água que irá dar origem às nuvens. As nuvens formadas sujeitas à ação
dos ventos, são levadas ao interior dos continentes e vão dar origem a chuvas que
irrigam o solo, provendo a umidade necessária ao desenvolvimento dos vegetais, e/ou
escoam superficialmente contribuindo para a vazão dos corpos hídricos por ocasião da
saturação do terreno, dentre outros fatores (SANTANA, 2003).
Uma parte da água infiltrada no solo atravessa a região das raízes e vai mais
fundo, até encontrar camadas impermeáveis, saturando os poros do solo e dando origem
ao lençol freático. Tem início um lento movimento de água, através dos poros do solo,
em direção às partes mais baixas, até que venha à superfície, dando origem às fontes. A
água cristalina de uma nascente é, portanto, a chuva de meses, anos ou mesmo séculos
passados que vem do solo para surgir na superfície. Os maiores rios nada mais são que a
junção de afluentes formados por rios menores, advindos de ribeirões, provenientes de
pequenos córregos, resultantes de regatos formados pela água de milhares de pequenas
nascentes. Em resumo, os maiores rios são o somatório de milhões de fontes resultantes
do movimento infindável da água no planeta (SANTANA, 2003).

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Segundo Vargas (1999) embora mais de dois terços da superfície do globo
terrestre seja coberta pela água dos mares e oceanos, a situação desse recurso está longe
da abundância que sugere a imagem reconfortante do “planeta água”. A partir de uma
série de estudos quantitativos realizados por hidrólogos chegou-se ao consenso que
97,5% das águas disponíveis na terra são salgadas e 2,493% estão concentradas em
geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso, portanto, apenas 0,007% de todos os
recursos hídricos presentes na natureza estão disponíveis para os diferentes usos
humanos, através dos rios, lagos e na atmosfera (SHIKLOMANOV apud MACHADO,
2003).
Quanto à distribuição mundial, o Brasil é o país com a maior disponibilidade
hídrica de água doce renovável possuindo cerca de 12% do total (ANA, 2002).
Contudo, os recursos hídricos encontram-se distribuídos irregularmente ao longo de
todas as regiões do país. Desse total 70% encontram-se na Região Norte, onde está
localizada a Bacia Amazônica e onde vivem 7% da população nacional; a Região
Sudeste concentra 6% dos recursos hídricos nacionais e aglutina 42,63% dos habitantes
do país; e a Região Nordeste que abriga 28,91% da população nacional dispõe de 3,3%
dos recursos hídricos disponíveis no Brasil (MACHADO, 2003).

3 Origem e formas de poluição hídrica


A falsa ilusão acerca da abundância e inesgotabilidade dos recursos hídricos já
citada, alimentou a cultura do desperdício e do descaso em sua utilização gerando
degradação e comprometimento da qualidade destes em função das diferentes atividades
praticadas pelo homem (FERREIRA & FERREIRA, 2006).
Durante milênios, as causas da poluição dos recursos hídricos foram pouco
numerosas, resultando, sobretudo da contaminação localizada das águas superficiais e
dos lençóis freáticos por bactérias patogênicas e substâncias fermentáveis introduzidas
nas redes hidrológicas por resíduos domésticos. Somente ao longo dos últimos duzentos
anos devido ao surgimento da civilização industrial é que as formas e os níveis de
poluição chegaram a patamares preocupantes em relação à degradação dos recursos
hídricos (MACHADO, 2004).

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O comprometimento da qualidade da água nos dias de hoje é decorrente da
poluição causada por diferentes fontes, tais como efluentes domésticos, efluentes
industriais e deflúvio superficial urbano e agrícola. Os efluentes domésticos, por
exemplo, são constituídos basicamente por contaminantes orgânicos, nutrientes e
microorganismos, que podem ser patogênicos. A contaminação por efluentes industriais
é decorrente das matérias-primas e dos processos industriais utilizados, podendo ser
complexa, devido à natureza, concentração e volume dos resíduos produzidos. A
legislação ambiental tem estabelecido regras para o lançamento de efluentes industriais
e a tendência é de existir um maior controle sobre esses poluentes. Os poluentes
resultantes do deflúvio superficial agrícola são constituídos de sedimentos, nutrientes,
defensivos agrícolas e dejetos animais (MERTEN & MINELLA, 2002).

4 O manejo de bacias hidrográficas


O termo bacia hidrográfica pode ser definido como a área de captação natural da
água da precipitação, drenando essa água por ravinas, canais e tributários, para um curso
d´água principal, tendo a vazão uma única saída, desaguando em um curso d´água
maior, lago ou oceano (TONELLO, 2005).
A bacia hidrográfica deve ser considerada como uma unidade ideal quando se
deseja a preservação dos recursos hídricos, já que as atividades desenvolvidas no seu
interior têm influência sobre a quantidade e qualidade da água. Ela constitui-se na mais
adequada unidade de planejamento para o uso e exploração dos recursos naturais, fato
este reafirmado no texto da lei 9433 de 1997 (BRASIL, 1997) que dispõe sobre a
Política Nacional de Recursos Hídricos, pois seus limites são imutáveis dentro do
horizonte de planejamento humano, o que facilita o acompanhamento das alterações
naturais ou introduzidas pelo homem na área. Assim, o disciplinamento do uso e da
ocupação dos solos da bacia hidrográfica é o meio mais eficiente de controle dos
recursos hídricos que a integram (TONELLO, 2005).
O manejo de bacias hidrográficas, portanto, corresponde ao processo que
permite formular um conjunto integrado de ações sobre o meio ambiente, a estrutura
social, econômica, institucional e legal de uma bacia, a fim de promover a conservação

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e utilização sustentável dos recursos naturais, principalmente os recursos hídricos, e o
desenvolvimento sustentável (TONELLO, 2005).
Cada bacia hidrográfica se interliga a outra de maior tamanho, constituindo, em
relação à última, uma sub-bacia. As bacias hidrográficas maiores são resultantes do
conjunto de pequenas bacias. Portanto, os trabalhos de manejo de bacias hidrográficas
devem ser iniciados, preferencialmente, nas bacias de menor porte (SANTANA, 2003).
O manejo de bacias hidrográficas tem o objetivo de propor critérios ao
desenvolvimento de determinadas atividades degradantes aos recursos hídricos na bacia,
bem como ações de intervenção ambiental em algumas áreas e a restrição a ocupação do
solo em outras, visando à conservação da qualidade das águas dos corpos hídricos locais
e a manutenção da disponibilidade hídrica que atenda as demandas atuais e futuras.
Além de fornecer condições que evitem o acirramento dos conflitos pelo uso da água na
bacia através do processo de gestão integrada e participativa.

5 Manejo integrado e participativo de bacia hidrográfica


O manejo integrado e participativo de bacias hidrográficas visa tornar
compatível produção com preservação ambiental (SOUZA, 2002).
O manejo integrado e participativo de bacia hidrográfica é composto de três
etapas distintas:
1. O diagnóstico das características físicas, hidrográficas, infra-estruturais e
socioeconômicas da bacia;
2. O prognóstico elaborado a partir das informações fornecidas pelo diagnóstico;
3. O planejamento das ações a serem implementadas na bacia definidas a partir das
propostas apresentadas pelos membros do conselho gestor da bacia.

5.1 Diagnóstico
Na etapa do diagnóstico o conhecimento de algumas características sócio-
ambientais inerentes à bacia é imprescindível para se evidenciar se há o cumprimento à
legislação ambiental nos seus limites, bem como caracterizar outros aspectos
fundamentais a construção do prognóstico.

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Essa etapa e a do prognóstico devem preferencialmente ser feitas utilizando-se o
suporte da ferramenta SIG (Sistema de Informações Geográficas) devido à possibilidade
que esta oferece de armazenamento e manipulação de informações georeferenciados da
bacia em uma única base, além da elaboração de mapas temáticos que tornam
agradáveis e ilustrativas as informações e resultados obtidos.
Segundo Santana (2003) na etapa de diagnóstico deve-se realizar os seguintes
levantamentos:
ƒ Delimitação da bacia hidrográfica de estudo;
ƒ Elaboração do mapa que represente a drenagem da bacia, enfatizando o curso
hídrico principal e seus tributários;
ƒ Elaboração do mapa geológico da área;
ƒ Elaboração do mapa de classes de solos existentes na bacia;
ƒ Elaboração do mapa de distribuição da vegetação ao longo da bacia;
ƒ Elaboração do mapa topográfico da bacia;
ƒ Elaboração do mapa do uso/ocupação do solo na bacia;
ƒ Proceder ao levantamento das características sócio-econômicas da bacia, buscando
traçar um perfil da população residente na área;
ƒ Proceder ao levantamento da infra-estrutura existente na bacia, por exemplo:
existência de estações de tratamento de esgoto, estações de tratamento de água, sistema
de gerenciamento de resíduos sólidos, existência de fontes pontuais de poluição como
indústrias, etc...

5.2 Prognóstico
O prognóstico consiste em correlacionar as informações obtidas através da etapa
do diagnóstico, gerando informações que irão subsidiar as ações que deverão ser
propostas pelo conselho gestor da bacia, pois evidenciam quais são as atividades e onde
estão localizadas as áreas de geração de poluição que exercem maior pressão sobre os
recursos hídricos da bacia. Os resultados desta análise podem ser apresentados como:
ƒ Mapa dos locais onde há conflito entre o uso destinado e o uso efetivamente feito do
solo, tal qual a utilização das matas ciliares, que são áreas de preservação permanente
(APP), em empreendimentos agropecuários;

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ƒ Identificação da localização das áreas degradadas dentro da bacia;
ƒ Identificação das áreas desflorestadas e/ou onde o solo encontra-se desprotegido;
ƒ Mapa de localização das áreas de recarga de aqüíferos;
ƒ Mapa de aptidão agrícola da bacia;
ƒ Mapa de conflito entre cultura plantada e aptidão do solo;
ƒ Identificação dos sistemas de manejo das culturas agrícolas desenvolvidas na bacia.
ƒ Identificação da localização de fontes pontuais de poluição hídrica, como curtumes e
indústrias de outros segmentos.

5.3 Planejamento e gestão integrada e participativa


É imprescindível que, em todas as etapas do planejamento e do gerenciamento
de bacias hidrográficas, haja a participação e o envolvimento dos atores sociais, de
maneira que esses usuários dos recursos naturais possam negociar e acatar as normas e
diretrizes de uso, de apropriação, de conservação e desenvolvimento de seu território de
forma sustentada (SOUZA & FERNANDEZ apud SANTANA, 2003).
O planejamento de todas as ações e intervenções na bacia deve ser feito através
de reuniões temáticas onde o conselho gestor da bacia legalmente instituído deverá
apresentar propostas que deverão ser discutidas entre os diferentes segmentos
representados no conselho, isto é, sociedade civil organizada (associações, ong’s, etc),
poder público e setor de usuários (indústria, agricultura, etc).
O processo de planejamento socioeconômico-ambiental consiste em estabelecer
objetivos definidos pelas caracterizações e diagnósticos participativos, que orientarão o
manejo da bacia hidrográfica. São definidas as questões prioritárias para a bacia e as
principais intervenções propostas, geradas a partir da integração das análises que
envolvem as dimensões ambientais, sociais e econômicas. Para a realização das ações é
necessária que se explicitem as iniciativas a serem implementadas e os agentes
responsáveis pela coordenação e operacionalização das mesmas (SANTANA, 2003).
Entre as ações e intervenções que visam à salvaguarda da disponibilidade quali e
quantitativa dos recursos hídricos, que devem ser determinadas em comum acordo com
todos os representantes do conselho, estão a:
ƒ definição das áreas de proteção às nascentes;

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ƒ definição das áreas prioritárias a ações de revegetação;
ƒ definição das áreas prioritárias a ações de recuperação ambiental ou proteção as áreas
de recarga de aqüíferos;
ƒ definição áreas prioritárias a preservação;
ƒ definição de implementação de obras infra-estruturais que reduzam o aporte de
poluentes as águas da bacia como estações de tratamento de esgoto;
ƒ definição de possíveis remanejamentos de atividades agrícolas para áreas mais aptas a
essa atividade identificadas a partir do mapa de aptidão agrícola;
ƒ possibilidade de capacitação dos agricultores da bacia para a adoção de práticas
agrícolas conservacionistas do solo e das águas, como o plantio direto.
As reuniões do Conselho Gestor poderão ser melhor controladas por meio da
utilização de uma matriz operacional, que se constitui num instrumento básico e simples
para a distribuição de funções e acompanhamento de todas as etapas de execução do
projeto (SANTANA, 2003).
A título de exemplo, podemos utilizar o modelo de matriz operacional proposto
por SANTANA (2003):
PERÍODO
ATIVIDADE RESPONSÁVEL CORESPONSÁVEL LOCAL RECURSOS OBSERVAÇÕES
INÍCIO TÉRMINO

As práticas recomendadas devem ser orçadas e, se possível, discriminar aquelas


despesas que possam ser assumidas localmente (produtores e município) e aquelas que
demandem negociações externas (recurso estaduais, federais e internacionais)
(SANTANA, 2003).
Dessa forma, se de fato as ações e intervenções contempladas nas deliberações
do conselho forem efetivamente implantadas pode-se criar condições satisfatórias para a
manutenção da integridade, tanto em nível de quantidade quanto de qualidade, dos
recursos hídricos da bacia objeto do manejo, sem comprometer o desenvolvimento das
diversas atividades desenvolvidas na mesma. O que de fato, constitui-se no principal
objetivo do manejo integrado e participativo de bacias hidrográficas.

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6 A gestão participativa
Visando orientar as ações que devem ser implantadas, quem seriam seus
responsáveis e de onde seriam captados os recursos necessários, propõem-se alguns
procedimentos estruturais para o alcance deste fim.

6.1 Reconhecimento de atores


ƒ Objetivo: identificar os principais atores atuantes na bacia hidrográfica, suas ações,
interlocuções e nível de informação a cerca das políticas de meio ambiente e recursos
hídricos.
ƒ Métodos: questionários aplicados a uma porção representativa dos usuários locais; ou
reuniões setoriais (centros comunitários, sedes de órgãos públicos, associações
comerciais...) onde são executadas oficinas com o objetivo específico de elencar os
principais componentes da bacia.

ƒ Público alvo: todos os usuários da bacia hidrográfica em questão.

6.2 Formação do Conselho Gestor


ƒ Objetivo: identificar e constituir um grupo representativo da bacia, capaz de indicar
os principais problemas existentes e quais as possíveis intervenções necessárias.

ƒ Método: a partir dos questionários selecionar os membros mais atuantes e


impactantes, para um fórum e nele escolher (por votação ou indicação) os
representantes para o Conselho Gestor. A quantidade de membros deverá ser funcional
e paritária para garantir o funcionamento e legitimidade do Conselho.

Instalado o Conselho deverá ser escolhida uma secretaria executiva e os locais possíveis
de reunião, assim como um calendário inicial de reuniões.

6.3 Definição de prioridades


ƒ Objetivo: verificar quais as ações necessárias à manutenção da qualidade-quantidade
hídrica na bacia.

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ƒ Método: em reuniões com o Conselho Gestor definir como e quais as ações
necessárias de serem executadas na bacia, quem seriam os atores de maior relevância à
discussão, e como a comunidade local poderia interagir de forma imediata.

6.4 Execução das prioridades


Objetivo: elaborar estratégias para que as demandas sejam atendidas e definir quais
seriam estes prazos e interlocutores necessários.

Métodos possíveis:
a) Revegetação de áreas desflorestadas: pode ser feita através da busca do suporte
técnico de órgãos como a EMATER que poderiam definir quais as espécies vegetais
adequadas a esse fim, bem como fornecer as mudas. Além do que a comunidade local
pode ser mobilizada para participar das ações de plantio, já implicitamente sendo
inserido aí a componente educação ambiental.

b) Revegetação de áreas de mata ciliar e topos de morros: também podem ser feitas da
forma anteriormente descrita.
c) Remanejamento de atividades agrícolas: pode ser feita por meio de negociações
locais entre as associações comunitárias para preservar algumas áreas (como as de
nascentes) como prioritárias para a manutenção da qualidade e da quantidade da água
existente. Outra forma é buscar apoio junto aos técnicos agrícolas da EMATER ou
EMBRAPA, por exemplo, para discutir as vantagens do manejo na produtividade
agrícola por ocasião da mudança desses locais de plantio para áreas mais aptas a essa
atividade.

d) Mudança de técnica de manejo cultural e de solo: pode ser feita através da


apresentação aos agricultores de técnicas de plantio e manejo cultural, por
pesquisadores da EMBRAPA ou EMATER, que conservam o solo prolongando a sua
vida útil para a agricultura e reduzindo significativamente o aporte de sedimentos e
insumos agrícolas aos recursos hídricos, como o plantio direto. Devem-se enfatizar os
benefícios desta mudança para os agricultores da bacia.

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e) Manutenção da vegetação ciliar e de topos de morros: podem ser realizadas palestras
e outras ações educativas, em centros comunitários ou sedes de associações, aos
agricultores e outros empreendedores que costumam ocupar indiscriminadamente essas
áreas a fim de esclarecer-lhes da importância da conservação dessas áreas, além de
conscientizá-los que esses locais são considerados área de preservação permanente e
que a supressão de sua vegetação constitui crime ambiental. Também podem ser
colocadas placas informativas nesses locais para evitar ações degradantes e ser
incentivada a adoção do manejo extrativista de produtos florestais não-madeireiros,
como o açaí. Dessa forma o morador ribeirinho, principalmente, pode manter de pé essa
vegetação e ainda obter uma fonte de renda.

f) Redução do aporte de resíduos sólidos aos corpos hídricos: o lançamento


indiscriminado de resíduos sólidos nas ruas, ou diretamente nos rios e córregos, pode
ser reduzido com o planejamento conjunto entre a comunidade e a prefeitura local de
um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos contemplando desde o
armazenamento destes até a sua disposição. Podendo ser acompanhado em paralelo por
ações de esclarecimento a população local, em colégios ou centros comunitários, da
importância de não se jogar o lixo em qualquer lugar, enfatizando principalmente a
questão da disseminação de doenças e seus vetores.
g) Redução do aporte de efluentes domésticos e sanitários aos aqüíferos e corpos
hídricos: pode ser feito através da busca de suporte técnico da secretaria estadual ou
municipal de saneamento para o projeto e construção adequada de fossas sépticas nas
residências localizadas na bacia. Nesse contexto, alternativas como a construção de
ETE’s (Estações de tratamento de esgoto) também são válidas, no entanto, são difíceis
de serem implementadas em virtude do considerável volume de recursos e mão de obra
especializada necessários a construção e manutenção das mesmas.

h) Recuperação de áreas degradadas: áreas como o entorno de canais de drenagem


podem ser recuperadas através da implantação de ações paisagísticas, como a
recomposição da vegetação marginal, que podem ser realizadas através de ações
comunitárias locais. Estas áreas depois de recuperadas tornam-se mais agradáveis

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virtualmente além de que suas margens estando recuperadas concorrem para a redução
de deslizamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil. Brasília: ANA, 2002.
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Oficial da União. Brasília, DF, de 9 de janeiro de 1997.
FERREIRA, G. L. B. V. & FERREIRA, N. B. V. Fundamentos da Política Nacional de
Recursos Hídricos. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006.
MACHADO, C. J. S. Recursos Hídricos e Cidadania no Brasil: Limites, Alternativas e
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MACHADO, C. J. S. (organizador). Gestão de águas doces. Rio de Janeiro:
Interciência, 2004.
MERTEN, G. H. & MINELLA, J. P. Qualidade da água em bacias hidrográficas rurais:
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VARGAS, M. O gerenciamento integrado dos recursos hídricos como problema sócio-
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