Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
DO ESTADO DO PARÁ
AguaPará
MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Setor responsável:
Núcleo de Hidrometeorologia/SECTAM
Coordenação:
Autores:
Responsáveis Técnicos:
Belém-2007
2
APRESENTAÇÃO
local pode utilizar para garantir a água e seus usos múltiplos, assim como um veículo de
organização social que permite ampliar o debate sobre a questão hídrica no âmbito
Por meio deste instrumento a SECTAM empenha seu papel como órgão gestor
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ______________________________________________ 5
4
1 Introdução
O manejo participativo de bacias hidrográficas compõe uma técnica que prioriza
a sustentabilidade hídrica da bacia utilizando-se de ações conjugadas entre os governos
(estadual e municipal) e a sociedade civil.
Este é orientado para garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, logo,
necessita da congregação de todos os atores que influenciam diretamente na bacia e a
formulação de pactos voltados ao melhor ordenamento deste território, priorizando a
manutenção da qualidade e da quantidade da água.
Desta forma, surge como uma solução factível que busca por meio da definição
de critérios de utilização dos recursos naturais e do desenvolvimento de atividades
pactuadas na bacia, garantir a manutenção da disponibilidade quantitativa dos recursos
hídricos e o acesso à água de boa qualidade a todos os usuários.
2 A dinâmica da água
A água é um dos recursos naturais de maior importância sendo o principal
constituinte dos organismos vivos e imprescindível para a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico da população, além de ser componente da paisagem e do
meio ambiente (FERREIRA & FERREIRA, 2006; MORAES & JORDÃO, 2002;
SETTI et al., 2000).
Na natureza ela normalmente encontra-se associada a uma gama variada de
elementos solubilizados ou em suspensão podendo ocasionalmente ser identificados
mais de cinqüenta tipos diferentes destes, em uma única amostra de água natural. Tais
elementos são em geral sólidos dissolvidos ionizados, gases, compostos orgânicos,
material em suspensão, incluindo microorganismos e material coloidal (SETTI et al.,
2000).
A água presente no meio ambiente possui uma dinâmica peculiar que faz com
que ela passe por diferentes estados físicos e compartimentos ambientais, constituindo o
chamado ciclo hidrológico (Figura 1).
5
Figura 1: Ciclo Hidrológico
Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/aguas_sub/Figura%201.jpg
6
Segundo Vargas (1999) embora mais de dois terços da superfície do globo
terrestre seja coberta pela água dos mares e oceanos, a situação desse recurso está longe
da abundância que sugere a imagem reconfortante do “planeta água”. A partir de uma
série de estudos quantitativos realizados por hidrólogos chegou-se ao consenso que
97,5% das águas disponíveis na terra são salgadas e 2,493% estão concentradas em
geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso, portanto, apenas 0,007% de todos os
recursos hídricos presentes na natureza estão disponíveis para os diferentes usos
humanos, através dos rios, lagos e na atmosfera (SHIKLOMANOV apud MACHADO,
2003).
Quanto à distribuição mundial, o Brasil é o país com a maior disponibilidade
hídrica de água doce renovável possuindo cerca de 12% do total (ANA, 2002).
Contudo, os recursos hídricos encontram-se distribuídos irregularmente ao longo de
todas as regiões do país. Desse total 70% encontram-se na Região Norte, onde está
localizada a Bacia Amazônica e onde vivem 7% da população nacional; a Região
Sudeste concentra 6% dos recursos hídricos nacionais e aglutina 42,63% dos habitantes
do país; e a Região Nordeste que abriga 28,91% da população nacional dispõe de 3,3%
dos recursos hídricos disponíveis no Brasil (MACHADO, 2003).
7
O comprometimento da qualidade da água nos dias de hoje é decorrente da
poluição causada por diferentes fontes, tais como efluentes domésticos, efluentes
industriais e deflúvio superficial urbano e agrícola. Os efluentes domésticos, por
exemplo, são constituídos basicamente por contaminantes orgânicos, nutrientes e
microorganismos, que podem ser patogênicos. A contaminação por efluentes industriais
é decorrente das matérias-primas e dos processos industriais utilizados, podendo ser
complexa, devido à natureza, concentração e volume dos resíduos produzidos. A
legislação ambiental tem estabelecido regras para o lançamento de efluentes industriais
e a tendência é de existir um maior controle sobre esses poluentes. Os poluentes
resultantes do deflúvio superficial agrícola são constituídos de sedimentos, nutrientes,
defensivos agrícolas e dejetos animais (MERTEN & MINELLA, 2002).
8
e utilização sustentável dos recursos naturais, principalmente os recursos hídricos, e o
desenvolvimento sustentável (TONELLO, 2005).
Cada bacia hidrográfica se interliga a outra de maior tamanho, constituindo, em
relação à última, uma sub-bacia. As bacias hidrográficas maiores são resultantes do
conjunto de pequenas bacias. Portanto, os trabalhos de manejo de bacias hidrográficas
devem ser iniciados, preferencialmente, nas bacias de menor porte (SANTANA, 2003).
O manejo de bacias hidrográficas tem o objetivo de propor critérios ao
desenvolvimento de determinadas atividades degradantes aos recursos hídricos na bacia,
bem como ações de intervenção ambiental em algumas áreas e a restrição a ocupação do
solo em outras, visando à conservação da qualidade das águas dos corpos hídricos locais
e a manutenção da disponibilidade hídrica que atenda as demandas atuais e futuras.
Além de fornecer condições que evitem o acirramento dos conflitos pelo uso da água na
bacia através do processo de gestão integrada e participativa.
5.1 Diagnóstico
Na etapa do diagnóstico o conhecimento de algumas características sócio-
ambientais inerentes à bacia é imprescindível para se evidenciar se há o cumprimento à
legislação ambiental nos seus limites, bem como caracterizar outros aspectos
fundamentais a construção do prognóstico.
9
Essa etapa e a do prognóstico devem preferencialmente ser feitas utilizando-se o
suporte da ferramenta SIG (Sistema de Informações Geográficas) devido à possibilidade
que esta oferece de armazenamento e manipulação de informações georeferenciados da
bacia em uma única base, além da elaboração de mapas temáticos que tornam
agradáveis e ilustrativas as informações e resultados obtidos.
Segundo Santana (2003) na etapa de diagnóstico deve-se realizar os seguintes
levantamentos:
Delimitação da bacia hidrográfica de estudo;
Elaboração do mapa que represente a drenagem da bacia, enfatizando o curso
hídrico principal e seus tributários;
Elaboração do mapa geológico da área;
Elaboração do mapa de classes de solos existentes na bacia;
Elaboração do mapa de distribuição da vegetação ao longo da bacia;
Elaboração do mapa topográfico da bacia;
Elaboração do mapa do uso/ocupação do solo na bacia;
Proceder ao levantamento das características sócio-econômicas da bacia, buscando
traçar um perfil da população residente na área;
Proceder ao levantamento da infra-estrutura existente na bacia, por exemplo:
existência de estações de tratamento de esgoto, estações de tratamento de água, sistema
de gerenciamento de resíduos sólidos, existência de fontes pontuais de poluição como
indústrias, etc...
5.2 Prognóstico
O prognóstico consiste em correlacionar as informações obtidas através da etapa
do diagnóstico, gerando informações que irão subsidiar as ações que deverão ser
propostas pelo conselho gestor da bacia, pois evidenciam quais são as atividades e onde
estão localizadas as áreas de geração de poluição que exercem maior pressão sobre os
recursos hídricos da bacia. Os resultados desta análise podem ser apresentados como:
Mapa dos locais onde há conflito entre o uso destinado e o uso efetivamente feito do
solo, tal qual a utilização das matas ciliares, que são áreas de preservação permanente
(APP), em empreendimentos agropecuários;
10
Identificação da localização das áreas degradadas dentro da bacia;
Identificação das áreas desflorestadas e/ou onde o solo encontra-se desprotegido;
Mapa de localização das áreas de recarga de aqüíferos;
Mapa de aptidão agrícola da bacia;
Mapa de conflito entre cultura plantada e aptidão do solo;
Identificação dos sistemas de manejo das culturas agrícolas desenvolvidas na bacia.
Identificação da localização de fontes pontuais de poluição hídrica, como curtumes e
indústrias de outros segmentos.
11
definição das áreas prioritárias a ações de revegetação;
definição das áreas prioritárias a ações de recuperação ambiental ou proteção as áreas
de recarga de aqüíferos;
definição áreas prioritárias a preservação;
definição de implementação de obras infra-estruturais que reduzam o aporte de
poluentes as águas da bacia como estações de tratamento de esgoto;
definição de possíveis remanejamentos de atividades agrícolas para áreas mais aptas a
essa atividade identificadas a partir do mapa de aptidão agrícola;
possibilidade de capacitação dos agricultores da bacia para a adoção de práticas
agrícolas conservacionistas do solo e das águas, como o plantio direto.
As reuniões do Conselho Gestor poderão ser melhor controladas por meio da
utilização de uma matriz operacional, que se constitui num instrumento básico e simples
para a distribuição de funções e acompanhamento de todas as etapas de execução do
projeto (SANTANA, 2003).
A título de exemplo, podemos utilizar o modelo de matriz operacional proposto
por SANTANA (2003):
PERÍODO
ATIVIDADE RESPONSÁVEL CORESPONSÁVEL LOCAL RECURSOS OBSERVAÇÕES
INÍCIO TÉRMINO
12
6 A gestão participativa
Visando orientar as ações que devem ser implantadas, quem seriam seus
responsáveis e de onde seriam captados os recursos necessários, propõem-se alguns
procedimentos estruturais para o alcance deste fim.
Instalado o Conselho deverá ser escolhida uma secretaria executiva e os locais possíveis
de reunião, assim como um calendário inicial de reuniões.
13
Método: em reuniões com o Conselho Gestor definir como e quais as ações
necessárias de serem executadas na bacia, quem seriam os atores de maior relevância à
discussão, e como a comunidade local poderia interagir de forma imediata.
Métodos possíveis:
a) Revegetação de áreas desflorestadas: pode ser feita através da busca do suporte
técnico de órgãos como a EMATER que poderiam definir quais as espécies vegetais
adequadas a esse fim, bem como fornecer as mudas. Além do que a comunidade local
pode ser mobilizada para participar das ações de plantio, já implicitamente sendo
inserido aí a componente educação ambiental.
b) Revegetação de áreas de mata ciliar e topos de morros: também podem ser feitas da
forma anteriormente descrita.
c) Remanejamento de atividades agrícolas: pode ser feita por meio de negociações
locais entre as associações comunitárias para preservar algumas áreas (como as de
nascentes) como prioritárias para a manutenção da qualidade e da quantidade da água
existente. Outra forma é buscar apoio junto aos técnicos agrícolas da EMATER ou
EMBRAPA, por exemplo, para discutir as vantagens do manejo na produtividade
agrícola por ocasião da mudança desses locais de plantio para áreas mais aptas a essa
atividade.
14
e) Manutenção da vegetação ciliar e de topos de morros: podem ser realizadas palestras
e outras ações educativas, em centros comunitários ou sedes de associações, aos
agricultores e outros empreendedores que costumam ocupar indiscriminadamente essas
áreas a fim de esclarecer-lhes da importância da conservação dessas áreas, além de
conscientizá-los que esses locais são considerados área de preservação permanente e
que a supressão de sua vegetação constitui crime ambiental. Também podem ser
colocadas placas informativas nesses locais para evitar ações degradantes e ser
incentivada a adoção do manejo extrativista de produtos florestais não-madeireiros,
como o açaí. Dessa forma o morador ribeirinho, principalmente, pode manter de pé essa
vegetação e ainda obter uma fonte de renda.
15
virtualmente além de que suas margens estando recuperadas concorrem para a redução
de deslizamentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
16