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PARECER

Ref.: Recurso Especial nº 1.656.161 – RS – Afeto ao rito dos Recursos Repetitivos


Recorrente – Associ dos Profissionais Lib. Univ do Brasil – APLUB
Recorrido – Elaine Maria Garcia Dreyer

O IBA tomou ciência, conforme fls., da faculdade de sua atuação na condição de “amicus
curie”, e decidiu pela elaboração do presente parecer, como forma de auxiliar o Judiciário
no entendimento técnico da matéria.

I - INTRODUÇÃO

O objeto do enlace reside em um recurso especial interposto pela recorrente, em face de


acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em resumo, assim
ementado “... em atenção ao princípio da razoabilidade, o benefício da parte postulante deve
ser revisado, procedendo-se a atualização através da ORTN desde a assinatura do contrato
(1968) até dezembro de 1988; IPC de janeiro de 1989 até março 1991, sendo fixado no
percentual de 42,72% em janeiro de 1989 e de 21,87% em fevereiro de 1991; e IGP-M a
partir de março de 1991, índices que melhor recompõem a perda do poder aquisitivo da
moeda, sem gerar o enriquecimento desmesurado de uma parte frente à outra....”.

No recurso especial a recorrente alega violação ao art. 22 da Lei nº 6.435/1977 e arts. 3º e 7º


da Lei Complementar 109/2001, afirmando que a modificação do fator de atualização, tanto
das contribuições quanto dos benefícios, deveu-se à adaptação à respectiva Lei nº
6.435/1977, asseverando que o benefício recebido pelo recorrido tem atualização em
consonância com os índices determinados pelo órgão normativo do Sistema Nacional de
Seguros.
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Importante focarmos no ponto derradeiro da demanda, constante no item 4 da fls, do presente
recurso “... Dessa forma, considerando que há multiplicidade de processos com idêntica
questão de direito a ser dirimida, evidenciando o caráter de multitudinário da controvérsia,
a que ascendem diariamente a esta Corte Superior, revela-se oportuna e conveniente a
afetação do presente recurso especial como representativo da controvérsia, conjuntamente
com o REsp 1.656.161/RS, nos termos do artigo 1.036, §5º, do CPC/2015, para que sejam
ambos julgados pela a Segunda Seção, pela sistemática dos recursos repetitivos, observadas
as seguintes providências: a) delimitação da seguinte teses controvertida: - Definir, com a
vigência do art. 22 da Lei n.6.437/77, acerca dos índices de reajuste aplicáveis aos
benefícios de previdência complementar operados por entidades abertas.....”

Registra-se que a recorrida é beneficiário de renda mensal vitalícia de plano estruturado na


modalidade de Benefício Definido e a Recorrente uma Entidade Aberta de Previdência
Complementar sem fins lucrativos, estrutura jurídica admitida nos moldes da revogada lei nº
6.435/77.
Ainda em ambiente introdutório, é fundamental o esclarecimento acerca das diferentes
formas de estruturação dos planos de Benefício Definido, caso em tela, e dos atualmente
chamados de planos de Acumulação (família dos planos de Contribuição Definida ou
Variável), onde segue abaixo o conceito de ambos como forma de auxiliar no entendimento
técnico do parecer, pois o plano de custeio e os respectivos reflexos na gestão de cada um
deles são completamente diferentes.

 Plano de Benefício Definido – BD: a principal característica deste tipo de


plano é o conhecimento prévio, no momento da adesão do participante ao
plano, do valor do benefício a ser recebido (bem como dos critérios,
parâmetros técnicos e bases financeiras adotadas, os quais são prefixados e
previstos em Regulamento). Para cumprir com os compromissos assumidos,
o plano recebe contribuições, calculadas atuarialmente com base no valor do
benefício contratado, considerando os riscos atrelados à cobertura garantida
junto aos participantes. Em relação à gestão dos recursos, a entidade deve
buscar rentabilidades no mínimo iguais aos parâmetros prometidos, constantes
do regulamento, para garantir o pagamento do benefício, pois este não varia
(exceto pela recomposição monetária regulamentar, exatamente em vista de
ser definido previamente) em relação ao pior ou melhor desempenho da
rentabilidade do fundo garantidor. Sendo assim, nesta modalidade de plano,
feitos estes esclarecimentos conceituais, os benefícios e as respectivas
contribuições recebem atualização pelo mesmo índice de preços fixados no
regulamento.
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 Plano de Acumulação: também conhecidos como Planos de Contribuição
Definida - CD e Planos de Contribuição Variável - CV, a principal
característica deste tipo de plano é que estão baseados na acumulação de
recursos, sem definição prévia do valor do benefício contratado. Logo, o
benefício é estabelecido apenas no momento da sua concessão e determinado
de acordo com o saldo acumulado, ao longo do tempo, na Reserva Matemática
de cada participante, a qual é formada pelas contribuições vertidas ao plano e
pela rentabilidade das aplicações, tornando o respectivo valor do benefício
proporcional ao saldo existente na data da concessão. Portanto, tal valor é
dependente de fatores pós fixados em relação à economia. Nestes planos, as
principais características são: o individualismo, o desconhecimento do valor
exato do benefício futuro (será estimado com base no saldo de reserva do
momento da concessão) e a acumulação de reservas, normalmente, sem
garantia de remuneração mínima. Nos Planos de Acumulação, o gestor deve
buscar as melhores performances dos investimentos, visto que o benefício é
afetado por este desempenho.

Portanto, apesar de em ambos os planos o gestor necessitar buscar consistência dos


investimentos, existe uma grande diferença em relação aos reflexos de sua gestão no longo
prazo, que é o objetivo de sua existência. Nos planos de Benefício Definido, vê-se uma
obrigação de resultado, ao passo que nos planos de Acumulação, a obrigação prometida é de
meio.

II - DISSERTAÇÃO TÉCNICA

Situados e conceituados os ambientes acima, e adentrando no cenário técnico específico em


que envolvida a demanda, importante nos manifestarmos em relação ao aspecto legal
presente na evolução da matéria, pois esta situação tem ligação direta e com reflexos junto
ao contexto técnico e de gestão das Entidades Abertas de Previdência Complementar –
EAPC.

A recorrida é beneficiária de renda mensal vitalícia de plano estruturado na modalidade de


Benefício Definido – BD junto à recorrente, o qual tem seu benefício definido na contratação
do plano, conforme já esclarecido, ressaltando que o mercado de seguros e previdência
complementar aberta está vinculado obrigatoriamente às regras emanadas dos órgãos
regulador e fiscalizador do governo, respectivamente, o Conselho Nacional de Seguros
Privados – CNSP e a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP.
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Veja que pelo fato destas Entidades terem por obrigação legal o cumprimento das regras
previstas nos dispositivos, normas e circulares que lhe são diretamente impostas pelos órgãos
mencionados (sob pena de sofrerem penalidades legais, representações, multas e assim por
diante). Este mesmo arcabouço legal define, dentre outros, os índices de atualização a serem
adotados em seus planos. Tais índices representam importante premissa técnica, a qual,
arrolada nos contratos e regulamentos, é pré-requisito e acaba influenciando diretamente na
estruturação de sua política de gestão administrativa e dos investimentos de seus ativos,
considerando principalmente o fato de o plano em tela ser estruturado em Benefício Definido
– BD, cujo custeio é que responde pelas obrigações presentes e futuras.
O art.22 da revogada Lei 6435/77 previu a ORTN como meio de atualização dos valores de
contribuições e benefícios destes planos, admitindo-se cláusula diversa da ORTN, desde que
baseada em índices e condições aprovadas pelo órgão normativo do Sistema Nacional de
Seguros Privados.
Em função do dispositivo de lei, o CNSP e a SUSEP regulamentaram estes índices e seus
sucessores por meio das seguintes normas:

a - Resolução 07, de 13.06.79 - CNSP - ORTN


“75 – Os valores monetários das contribuições e dos benefícios serão atualizados,
anualmente, segundo o índice de variação do valor nominal atualizado das Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN -, em data a ser fixada no plano.”

b - Circular 50, de 27.06.79 - SUSEP - ORTN

"08 - Correção Monetária:


1 - Os valores monetários das contribuições e dos benefícios serão atualizados,
anualmente, segundo o índice de variação do valor nominal atualizado das Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, em data a ser fixada no plano."
c - Resolução 10, de 21.12.83 - CNSP - ORTN

“76 – Os valores das contribuições e benefícios serão corrigidos anualmente na mesma


proporção do índice de variação do valor nominal atualizado das ORTN, nas datas
fixadas no plano.”
d - Circular 08, de 19.03.86 - SUSEP - OTN (item 3 e 3.2)

“3. Quanto aos planos de Previdência Privada Aberta contratados antes de 28 de


fevereiro de 1986, com cláusula de correção monetária pós-fixada:
3.1 – Os valores das contribuições serão convertidos em cruzados em 28 de fevereiro
de 1986 pelo valor médio da contribuição real, que será calculada pela multiplicação
do seu valor em cruzeiros, considerados os 6 (seis) ou 12 (doze) meses – de acordo
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com o respectivo plano – anteriores a março de 1986, pelos fatores de atualização
constantes da Tabela a seguir, correspondentes a cada um dos meses. Os valores
resultantes desse cálculo serão somados e o total dividido por 6 (seis) ou 12 (doze)
meses, de acordo com os prazos de reajuste previstos no plano. O valor dessa média
aritmética converter-se-á em cruzados pela paridade de Cr$ 1.00 (mil cruzeiros) por
Cr$ 1,00 (hum cruzado):
........................
3.2 – O mesmo critério aplicável à conversão das contribuições deverá ser utilizado em
relação aos benefícios concedidos e a todos os demais valores relativos aos contratos
de Previdência Privada Aberta;
3.3 – Os próximos reajustes, a partir de 1º de março de 1987, dar-se-ão nas datas
previstas nos contratos, Segundo a variação do valor nominal da OTN.”

e - Circular 03, de 26.01.89 - SUSEP, Circular 12, de 24.04.89 – SUSEP- IPC

“Art. 2º - O artigo 3º da Circular SUSEP n. 3, de 26 de janeiro de 1989, passa a vigorar


com a seguinte redação:
“Art. 3º - Nos planos de previdência privada aberta com correção monetária pós-fixada,
as contribuições e benefícios serão reajustados com base na variação verificada entre a
OTN utilizada para o cálculo do último reajuste e a OTN de NCz$ 6,17.
§ 1º - Os valores apurados, conforme o critério do ‘caput” deste artigo, somente serão
exigíveis no mês de reajuste previsto no contrato.
§ 2º - Os reajustes previstos contratualmente serão efetuados com base no IPC,
considerando-se as variações acumuladas a partir de 1º de fevereiro de 1989, sem efeito
retroativo.” (Circular nº 12 – 24.04.1989).

f - Resolução 33, de 28.12.89 - CNSP – BTN


“48 – Os valores das contribuições e benefícios, bem como os demais valores inerentes
ao contrato serão reajustados na mesma proporção do índice de variação do valor
nominal atualizado do Bônus do Tesouro Nacional – BTN nas datas fixadas no plano.

g - Circular 05, de 26.02.91 - SUSEP – TR


“Art. 3º - Os contratos de previdência privada aberta, com prazo de vigência igual ou
superior a 1 (um) ano, terão seus valores monetários (contribuições, benefícios e
reservas) atualizados pela Taxa Referencial – TR, aplicável nos termos pactuados nos
respectivos contratos, mantida a taxa atuarial considerada na estrutura do plano de
previdência privada aberta.”
e art.27, §5º da Lei 9.069, de 29.06.95 -
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“Art.27...
§5º - A Taxa Referencial – TR somente poderá ser utilizada nas operações realizadas
nos mercados financeiros, de valores mobiliários, de seguros, de previdência privada,
de capitalização e de futuros.”

h – Resolução 07, de 27.06.96 - CNSP – Fase inicial da entrada dos planos de acumulação
(Contribuição Variável) no mercado brasileiro.
“Art. 2º - Os contratos de previdência privada aberta e de seguro de vida, referentes a
planos de capital ou benefício definido, e de capitalização, deverão conter cláusula de
atualização anual de valores, com base em índice geral de preços de ampla publicidade,
pactuada livremente entre as partes.
Art. 4º - Fica facultado às partes, mediante acordo expresso, a repactuação dos
contratos em vigor que prevejam atualização mensal, de forma a permitir adaptação ao
disposto nesta Resolução, até o próximo aniversário desses contratos.
Art. 5º - Os planos de previdência privada aberta, estruturados na modalidade de
contribuição variável, deverão conter critérios de atualização para as provisões
matemáticas nos termos previstos no art. 2º.
Art. 6º - Fica a SUSEP autorizada a editar as normas complementares e a adotar as
medidas necessárias à execução do disposto nesta Resolução.
Art. 8º - A inobservância das disposições da presente Resolução constitui infração para
efeito no previsto nas Normas para Aplicação de Penalidades, aprovadas pela
Resolução CNSP nº 14, de 25 de outubro de 1995.”

i - Circular 11, de 05.09.96 - SUSEP – Regulamentou a Resolução 07 fixando vários


índices para planos novos, instituídos a partir de 1996.
Art. 1º - O índice geral de preços de ampla publicidade utilizado para atualização anual
dos valores constantes dos contratos a que se refere o art. 2º da Resolução CNSP nº
007, de 27.06.96, deverá ser estabelecido em consonância com as seguintes opções:
(a) INPC/IBGE; (b) IPCA/IBGE; (c) IGP-M/FGV; (d) IGP-DI/FGV; (e) IPC/FGV e
(f) IPC/FIPE

Com o objetivo de posicionar a cronologia dos fatos no tempo, importante ao respectivo


cenário, a Resolução CNSP 07/96 e a Circular SUSEP 11/96 mencionadas acima, vieram ao
mercado das EAPC’s com vistas a acompanhar a evolução da economia (já com a moeda real
presente há dois anos) e dos planos de previdência aberta, segregando regras de atualização
monetária para os planos de Acumulação - Contribuição Variável – CV (não é o caso dos
autos) (os quais, considerando suas regras de competitividade e de maior rigor das Entidades
em relação à sua política de investimentos frente aos aportes feitos pelos participantes,

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acenavam com grande aceitação pelo mercado Brasileiro), dos planos de Benefício Definido
– BD, únicos no contexto das entidades abertas até então.
O plano em discussão, estruturado sob o manto de plano BD, cujos valores dos benefícios,
reservas e contribuições eram atualizados com base na Lei 6.435/77 pela família ORTN,
seguindo-se os sucessores elencados acima, culminando com a TR, cujas premissas
constantes de seus regulamentos de benefícios direcionou à estruturação da política de
investimentos da Recorrente, conforme já mencionado, a qual foi calibrada para este cenário
técnico/financeiro, objetivando a manutenção permanente do equilíbrio atuarial no tempo, o
qual está alicerçado na equivalência entre receitas provindas do plano de custeio, e
respectivas despesas com o pagamento de benefícios e constituição de reservas, levando-se
em consideração que todo este cenário foi construído pelos índices fixados em contrato, no
caso em pauta, a TR do período em discussão.

Tecnicamente falando, não se trata de melhor ou pior índice, pois é fato que a TR perdeu sua
performance de indexador no tempo, transformando-se apenas em um índice de baixo calibre
atualmente. Todavia, como é sabido, foi o índice que norteou e ainda vem norteando os
planos de custeio de boa parte dos contratos que envolvem estes planos BD, os quais acabam
refletindo nos valores das Reservas Matemáticas, que representam a garantia de pagamento
dos respectivos benefícios de renda aos seus participantes/beneficiários. O pilar de formação
destas reservas garantidoras são as contribuições recebidas dos participantes, cujo cenário
oriundo desta equação necessita estar com suas bases técnicas constantemente equalizadas
com o plano de custeio, de modo a que exista uma equivalência entre o ativo destes planos
(receita oriunda destas contribuições) e o passivo (saldo das reservas para pagamento dos
benefícios futuros).

Frente ao contexto acima, fica evidenciado que a análise do aspecto técnico não pode estar
descolada do aspecto legal, pois, como colocado, este acaba por refletir naquele, ainda mais
se tratando de plano de Benefício Definido, o qual possui uma estrutura engessada de gestão
técnica, e a necessidade de que suas bases técnicas (que foram previamente fixadas) estejam
equilibradas e sejam acompanhadas, com vistas a reduzir os impactos que podem ser gerados
aos respectivos passivos.

Sendo assim, de um lado, temos a obrigatoriedade da EAPC seguir as regras constantes dos
normativos legais, e a necessidade de manter o equilíbrio atuarial permanente entre o plano
de custeio. Agindo de tal maneira, a EAPC estará cumprindo as diretrizes legais que lhe são
dirigidas pelo Estado, as quais, nos termos da Lei Complementar nº 109, art. 3º e 7º, são
elaboradas com o intuito de determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira
e atuarial, preservando a liquidez, a solvência e o equilíbrio dos planos de benefícios,
isoladamente, e de cada entidade de previdência complementar, no conjunto de suas
atividades.

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A eventual substituição da TR para recalcular as rendas do Recorrido, ainda que lhe possa
parecer mais favorável, do ponto de vista individual, certamente impactará coletivamente nas
reservas que sustentarão os benefícios do plano BD, acarretando em desequilíbrio técnico e
financeiro do plano, podendo, em última instância, gerar reflexos técnicos materiais e
definitivos à mutualidade, considerando que os participantes pagaram contribuições por boa
parte de sua fase de acumulação atualizadas por esta mesma TR.
Por outro lado, como é sabido, esta TR atualmente não repõe adequadamente o poder de
compra do dinheiro, situação que representa um problema a ser superado pelo mercado, pois
inobstante a TR significar a manutenção do equilíbrio do plano de custeio, sua performance
no longo prazo, a permanecer como está atualmente, deverá se descolar das taxas de inflação
comumente adotadas. Assim, o Instituto Brasileiro de Atuária - IBA, com vistas a auxiliar à
melhor tomada de decisão, procura esclarecer acerca de qual será a repercussão técnica
advinda de cada um destes dois cenários, procurando, com isso, colaborar com o Judiciário
na tomada de decisão mais consistente:

1. Repercussão Técnica em se manter a atualização das rendas concedidas com


base na TR como um dos índices legais normatizados:

Aqui pouco se tem a comentar, salvo que este cenário, desenhado ao abrigo das
normas, permitirá a manutenção do equilíbrio atuarial do plano, sob o aspecto técnico,
sem gerar novas obrigações de ordem passiva ao plano de benefícios, tendo em vista
que esta situação foi prevista antecipadamente no plano de custeio e com visão
coletiva do plano.

2. Repercussão Técnica em se recalcular as rendas concedidas pretéritas pelo IGP-


M/FGV, conforme presente no acórdão do TJRS:

Este cenário demanda consequências materiais em relação ao equilíbrio atuarial e


financeiro do plano, em vista das situações anunciadas ao longo deste parecer, todas
relacionadas às novas obrigações passivas ao plano de benefícios, sem origem no
plano de custeio, com tendência de serem significativas e relevantes, cujas principais
seguem elencadas abaixo:

• Elevado valor de desembolso imediato de caixa, relacionado às diferenças de


rendas pretéritas, recalculadas e recompostas por índice mais gravoso (no caso
o IGP-M/FGV);

• Incremento relevante do valor da Reserva Matemática (cuja denominação


técnica atual é Provisão Matemática de Benefícios Concedidos – PMBC)
garantidora das rendas futuras, em vista desta “nova” renda, recalculada pelo
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IGP-M/FGV, refletir em valor superior àquela que vem sendo paga
atualmente, acarretando, por esta razão, um montante mais elevado de PMBC
para fazer frente à estas novas obrigações futuras;

• Incremento na constituição da Provisão Complementar de Cobertura – PCC,


oriunda do Teste de Adequação do Passivo – TAP, em vista da projeção destas
“novas” rendas vitalícias (expectativa de vida calculada atuarialmente),
trazidas a valor atual, refletirem em montantes superiores à PCC constituída
para fazer frente às rendas atuais, atualizadas pela TR;

• Os aumentos das reservas mencionadas acima geram impacto diretamente no


passivo das EAPC’s, sem as respectivas contrapartidas, refletindo diretamente
na realocação gravosa dos ativos garantidores destas reservas, e na solvência
das Entidades. A adoção dessa opção deve ser sopesada com o risco sistêmico
que suas consequências podem causar.

III – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluindo nosso parecer técnico, importante mencionar que o comportamento que se


observa da economia brasileira, em vista de sua instabilidade histórica, com inúmeros índices
medidores de inflação no tempo, aliado às várias alterações de nossa moeda, em nada
contribuem para que se possa ter um cenário tranquilo no que envolve estas operações
atuariais de longuíssimo prazo e, frente a essa realidade, estamos nós atuários,
invariavelmente, buscando a melhor solução técnica e financeira com vistas a mantermos os
planos equilibrados e, face ao plano de custeio, mantermos também a boa performance em
relação aos direitos e deveres dos referidos planos e de seus participantes.

É evidente que o contrato de previdência privada, por envolver elementos futuros e, em certa
medida, revestidos de alguma incerteza, tais como questões econômicas e relacionadas à
longevidade, necessita de constante avaliação com vistas à preservação do seu equilíbrio.
Não temos a menor dúvida que todo o contexto apresentado em relação a esta demanda indica
uma situação de muita relevância, a qual deverá ser criteriosamente avaliada e dirimida pelo
Judiciário, sobretudo considerando que todo contrato previdenciário é um contrato coletivo
e calcado em base técnica.

A participação do IBA, na elaboração deste trabalho, na condição de “amicus curie”, teve


um cunho eminentemente técnico e objetivo, dentro do possível, a fim de auxiliar no
esclarecimento de alguns pontos que consideramos significativos no contexto exposto,
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tratando-se de plano de Benefício Definido, no qual o atuário é o profissional que elabora o
plano de custeio, em que estão presentes as premissas e bases técnicas do plano de benefícios,
e o cálculo das respectivas Reservas Matemáticas que irão garantir os pagamentos de todas
as rendas futuras, registradas no passivo da EAPC, a qual necessita ter a contrapartida junto
ao respectivo ativo.

Sem mais para o momento e certos de termos cumprido com nossa contribuição ao respectivo
contexto, o Instituto Brasileiro de Atuária agradece o fato de ter sido chamado a participar
como auxiliar da Justiça em situação tão relevante, e permanece à disposição para o que mais
se fizer necessário, dentro do ambiente técnico atuarial.

Rio de janeiro, 03 de novembro de 2017.

Luciana da Silva Bastos


Presidente em exercício
Instituto Brasileiro de Atuária - IBA

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