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DIREITOS HUMANOS E MINORIAS

Prof. Ayrton de Sena Gentil Neto

Aula 4

SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

1) A CARTA DA ONU

- Assinada em São Francisco, no dia 26/06/1945.

- Aprovada pelo Congresso em 4 de setembro de 1945 e ratificada em 12 de setembro


de 1945 e promulgada no dia 22 de outubro de 1945.

A. Primeiras previsões sobre direitos humanos

Preâmbulo:

NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações


vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe
sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do
homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens
e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições
sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras
fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social
e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. (...)

Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:


1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar,
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de
agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de
conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou
solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao


princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras
medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas


internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover
e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;

Artigo 55. Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar,


necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao
princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas
favorecerão:

c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades


fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

B. Direitos humanos e reserva de jurisdição interna: o art. 2º., § 7º.

“Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a


intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de
qualquer Estado ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução,
nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das
medidas coercitivas constantes do Capítulo VII”.
Não intervenção como regra, e intervenção como exceção.

Leitura sobre o caso Atividades Militares e Paramilitares na Nicarágua da


Corte Internacional de Justiça (1986)

2) DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

- Proclamada em Paris, em 10/12/1948, pela Resolução 217 A-III da Assembleia Geral da


ONU

Positivação internacional dos direitos mínimos dos seres humanos, em


complemento aos propósitos das Nações Unidas de proteção dos direitos humanos e
liberdades fundamentais de todos, sem distinção de sexo, raça, língua ou religião.

Marco normativo fundamental do sistema protetivo da ONU.

Elevou o indivíduo a sujeito de direito no âmbito internacional.

A. Estrutura da Declaração Universal

30 artigos

Direitos e garantias individuais (direitos civis e políticos) – arts. 3º ao 21

Direitos sociais, econômicos e culturais – arts. 22 ao 28).

Art. 29 = deveres da pessoa para com a comunidade.


Art. 30 = princípio da interpretação da Declaração sempre a favor dos
direitos e liberdade nela proclamados.

B. Natureza jurídica

Recomendação da AG, por não se enquadrar nas características de tratado,


segundo a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados

Flávia Piovesan: “a Declaração Universal de 1948, ainda que não assuma a


forma de tratado internacional, apresenta força jurídica obrigatória e vinculante, na
medida em que constitui a interpretação autorizada da expressão ‘direitos humanos’
constantes dos arts. 1º (3) e 55 da Carta das Nações Unidas. Ressalte-se que, à luz da
Carta, os Estados assumem o compromisso de assegurar o respeito universal e efetivo
aos direitos humanos”.

C. Relativismo x universalismo cultural

Art. 16. 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar
e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante
o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.

Art. 18. Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de


consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de
convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em
comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos
ritos.
II Conferência Mundial sobre Direitos Humanos. Declaração e Programa da
Ação de Viena, 1993.

§ 5º. “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis,


interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os
direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma
ênfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em
consideração, assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é dever
dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais,
sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais.”

3) PACTOS INTERNACIONAIS DA ONU DE 1966 E MECANISMOS CONVENCIONAIS DE


MONITORAMENTO

Os Pactos de 16 de dezembro 1966 surgiram com a finalidade de conferir


dimensão técnico-jurídica à Declaração Universal de 1948.

Criaram mecanismos de monitoramento dos direitos humanos.

A. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

- Assinado em 16 de dezembro de 1966.

- Aprovado pelo Congresso em 12 de dezembro de 1991, ratificado em 24


de janeiro de 1992 e promulgada em 6 de julho de 1992.

Além dos direitos já previstos na Declaração Universal, trouxe novos


direitos.

- não ser preso por descumprimento de obrigação contratual (art. 11);

- proteção dos direitos de minorias à identidade cultural, religiosa e


linguística (art. 27);
- proibição de propaganda de guerra ou de incitamento à intolerância étnica
ou racial (art. 20)

Mecanismos de supervisão e monitoramento: arts. 28 a 45.

Criou o Comitê de Direitos Humanos.

Funções: monitoramento, conciliação e investigação.

I - Submissão de relatórios sobre as medidas por eles adotadas para tornar


efetivos os direitos reconhecidos no Pacto e sobre o progresso alcançado no gozo desses
direitos.

Dois momentos: a) um ano após a vigência do Pacto no Estado-membro


interessado; b) Sempre que solicitado pelo Comitê de Direitos Humanos.

II – Comunicações interestatais, em que um dos Estados-parte alega que


outro Estado-parte não está cumprindo com suas obrigações

III – Petições individuais.

B. PROTOCOLO FACULTATIVO AO PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E


POLÍTICOS

Permite com que os Estados atribuam ao Comitê a competência para


receber e examinar queixas de indivíduos que se achem sob sua jurisdição e aleguem
ser vítimas de violação, por um Estado-parte, de qualquer dos direitos enunciados no
Pacto.
Requisitos:

a) inexistência de litispendência internacional: A mesma questão não está a ser


examinada por outra instância internacional de inquérito ou de decisão.

b) esgotamento dos recursos internos: O particular esgotou todos os recursos internos


disponíveis. Esta regra não se aplica se os processos de recurso excederem prazos
razoáveis.

C. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.

Assinado em 16 de dezembro de 1966.

Aprovado pelo Congresso em 12 de dezembro de 1991, ratificado em 24 de


janeiro de 1992 e promulgada em 6 de julho de 1992.

Trazem normas de caráter programático., por meio das quais os Estados se


comprometem a adotar medidas destinadas a proteger os direitos econômicos, sociais
e culturais mencionados no tratado. Por esse Pacto, os Estados “reconhecem” direitos
aos cidadãos, não estando desde já garantidos.

Mecanismo de monitoramento: relatórios a serem analisados pelo Conselho


Econômico e Social.

1978 – Criação do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

D. PROTOCOLO FACULTATIVOS AO PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS


ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.

- Adotado pela AG em 10 de dezembro de 2008.


- Introduziu mecanismos de proteção

Comunicação individual; Comunicações interestatais e Procedimento de


investigação

Nas petições individuais, devem ser respeitados os seguintes requisitos:

a) esgotar os recursos internos, ou seja, que antes

de apresentar a comunicação individual devem ter utilizado todos os


recursos disponíveis na jurisdição interna e a resolução do caso não deve estar
pendente, salvo se os recursos internos não forem efetivos, não estiverem à disposição
do autor ou se

forem objeto de “dilações indevidas”;

b) apresentar a comunicação dentro de um ano

desde o esgotamento dos recursos internos;

c) ter certeza de que o mesmo caso não

foi apresentado perante um mecanismo internacional semelhante.

4) MECANISMOS GLOBAIS NÃO CONVENCIONAIS DE PROTEÇÃO

A. PAPEL DA COMISSÃO (CONSELHO) DE DIREITOS HUMANOS

Investiga a situação de direitos humanos em causa baseada em


informações recebidas de governos, organizações não governamentais ou da sociedade
civil.

Pode criar Grupos de Trabalho e de Relatores Temáticos

A autorização jurídica para que o Conselho investigue advém de resoluções


da Assembleia Geral.
B. RESOLUÇÃO 1235 DO ECOSOC (6 de junho de 1967)

Autorizou a Comissão de Direitos Humanos e a Subcomissão para Prevenção


da Discriminação e Proteção às Minorias a investigar as violações graves de direitos
humanos, a exemplo da política do aparthaid na Áfrcia do Sul.

C. RESOLUÇÃO 1503 DO ECOSOC (27 de maio de 1970)

Estabeleceu um procedimento confidencial, aplicável a casos que pareçam


relevar um padrão consistente de violações flagrantes e seguramente comprovadas de
direitos humanos.
A violação apontada deve estar relacionada à Carta da ONU, à Declaração
Universal dos Direitos Humanos ou a algum tratado de direitos humanos, não podendo
ter manifesta motivação política.

As vítimas e os direitos violados têm de ser claramente indicados, não


podendo ser baseada a alegação exclusivamente em matéria advinda dos meios de
comunicação.

Esgotamento de recursos internos e inexistência de litispendência


internacional.

D. REVISÃO PERIÓDICA UNIVERSAL

É uma avaliação entre estados (governos), ou seja, os estados se avaliam


mutuamente, quanto a situação de direitos humanos, gerando um conjunto de
recomendações. É um processo único que compreende a avaliação periódica da situação
de direitos humanos de todos os 193 Estados-membros das Nações Unidas. A RPU é
uma inovação significativa do Conselho de Direitos Humanos centrada no tratamento
igualitário para todos os países.

Ela confere a oportunidade de todos os Estados declararem que ações eles


tomaram para melhorar as situações de direitos humanos e para ultrapassar os
obstáculos à plena realização dos direitos humanos. A RPU também inclui o
compartilhamento das melhores práticas de direitos humanos em todo o mundo.

Os documentos nos quais as revisões se baseiam são:

1) informação provida pelo Estado (governo) sob análise, que pode assumir
a forma de “relatório nacional”;

2) informação contida nos relatórios de peritos/especialistas e grupos


independentes de direitos humanos, conhecidos como Procedimentos Especiais, órgãos
de direitos humanos e outras entidades das Nações Unidas;
3) informação de outras partes interessadas incluindo instituições nacionais
de direitos humanos e organizações não governamentais.

Procedimento: As revisões ocorrem com a discussão interativa entre o


Estado (governo) sob revisão e outros Estados membros das Nações Unidas. Isto tem
lugar durante o encontro do Grupo de Trabalho da RPU. Durante esta discussão
qualquer Estado Membro das Nações Unidas pode colocar questões, fazer comentários
e/ou recomendações aos Estados sob revisão. As troikas (grupo de três Estados que
assessora o revistado e servem de relatores) podem agrupar problemas ou questões a
serem partilhadas com o Estado sob revisão para assegurar que o diálogo interativo
acontece de uma maneira calma e ordeira.

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