Responsável: Prof. Dr. Washington Rio Branco Carga Horária: 60 h/a. Créditos: 4 Código: DGEO0139 Data: 14 de outubro de 2020
ATIVIDADE DISCENTE INDIVIDUALIZADA (1ª NOTA)
Data de Entrega: 28 de outubro de 2020 Nome: Mayla Lorrane Rabelo Monteiro
Código: 2017017114
QUESTÃO ÚNICA (Valor: até 10 pontos)
Visando compreender a partir de uma reflexão sobre estudos e desafios teórico-
metodológicos da investigação dos fenômenos de ordem urbana hoje, iluminando por meio de pesquisa empírica, as relações, arranjos e formas de interação entre atores locais que sustentam determinados empreendimentos, projetos de intervenção e padrões de governança das cidades, conformando seu(s) espaço(s), faça um resumo comentado do artigo - Contextos, instituições e atores na pesquisa urbana : um olhar a partir da infraestrutura financeira para a produção da cidade, de Daniel Sanfelici, contido no livro Geografias, Reflexões, Leituras e Estudos.
O artigo de Daniel Sanfelici Contextos, instituições e atores na pesquisa urbana:
um olhar a partir da infraestrutura financeira para a produção da cidade, tem como objetivo oferecer uma contribuição no âmbito da pesquisa urbana, seguindo a linha de que ela pode ser usada na explicação nas dinâmicas multifacetada que reconstrói e redefinem tanto a materialidade e a morfologia das aglomerações urbanas quanto os fluxos que as ligam. Analisando então os desafios-teóricos metodológicos que se encontram atualmente. Para haver melhor entendimento, o autor divide o artigo em dois momentos. O primeiro momento- Das lógicas abstratas aos atores e seus contextos territoriais de ação- começa analisando de forma bastante objetiva três teorias ou correntes de pensamentos que ganharam e exercem grande influência nos debates urbanos atuais que são: teorias neo-marxistas, teoria neoclássica, teoria pós colonial. Os grandes contribuidores da primeira foram Henri Lefebvre (2000 [1974]), Manuel Castells (2006 [1972]) e David Harvey, que firmaram a ideia de trabalhar a cidade como foco principal, e que as origens das transformações materiais e simbológicas das paisagens urbanas se dão do âmbito da lógica de acumulação do capital. A segunda corrente, foca na ideia que a explicação do crescimento urbano está voltado para a mobilidade dos indivíduos que buscam na cidades amenidade como clima e ambiente social, grandes contribuidores foram: Edward Glaeser (2016) e Richard Florida (2011) que apresentavam discordâncias entre seus pensamentos, mas detinham como ponto de partida que os indivíduos tomam decisões racionais, sempre em busca de seu bem estar. A última perspectiva, parte de uma crítica aos paradigmas teóricos presentes nos trabalhos urbanos antigos, onde para ela isso levou a um obscurecimento dos seus contextos particulares de produção. Sanfelici expõe que o objetivo dele em demonstrar essas diferentes teorias, é mostrar o modo como lidam com a relação de processos estruturais e as transformações tanto sociais como territoriais. Para o autor fazer essa análise permite demarcar linhas de oposição que enfatizam processos abrangentes com enfoques mais particulares. E que também dá margem para muitos discursões sobre a relação entre estrutura e agência, universal e particular no campo da análise urbana. O autor trabalha em seguida na análise da abordagem e enfoque institucional que é importante nas pesquisas urbana, pois elucide o caráter social e territorialmente situado das práticas socioespaciais que reconfiguram as cidades, e ajuda a reduzir incertezas e fomentar um quadro cognitivo partilhado para resolução de problemas, porém essa perspectiva não pode deixar de lado que as cidades e todos os envolvidos nela estejam dentro de arranjos econômicos e políticos e em relações de poder. Na Geografia, esses enfoques avançaram melhor no campo da Geografia Econômica do que na Urbana. Ainda de acordo com a visão de Sanfelici, a teoria urbana se beneficia bastante com as contribuições colhidas no campo da Geografia Econômica, trazendo à tona os contextos territoriais da ação na produção das cidades. Nesse tópico a última análise feita é sobre um tema bem recorrente nas pesquisas urbanas que é o mercado e no setor imobiliário e todas as mudanças que promove através das estratégias das empresas privadas nos ambientes das cidades. O autor explica de forma bem clara, que para entender como ocorre toda a modificação por esse setor, é preciso conhecer como os atores econômicos se coordenam, as regras e convenções, e as estratégias usadas. A segunda parte do artigo- A produção da materialidade urbana um olhar a partir da infraestrutura financeira- vai tratar justamente sobre esses pontos, partindo do olhar de valorizar os atores em seus contextos de ação a partir da análise das transformações causadas pelo mercado imobiliário. O enfoque da seção aqui comentada é sobre as necessidades de financiamento à atividade imobiliária, ou seja, analisar o modo como as modificações na estrutura monetária e financeira que intermedeia o setor imobiliário possui implicações nas coisas produzidas e no modo em como gerem o estoque imobiliário. O autor para melhor entendimento do assunto, traz no texto um breve apanhado histórico sobre o setor imobiliário no Brasil trazendo também um olhar sobre as mudanças na sua dinâmica que o mercado sofreu recentemente no país, onde o primeiro programa de financiamento habitacional, Sistema Financeiro da Habitação (SFH), foi implantado na metade do século XX, o que possibilitou mais pessoas terem acesso a casa própria, mesmo não resolvendo os problemas de habitações, tendo então bastante impacto na produção urbana brasileira. O argumento principal do texto, como o próprio autor afirmar, é o de que desde a década de 1990, “há uma convergência entre os bancos, entidades de mercado de capitais , incorporadoras entre outros que tem como foco a proposição de um marco regulatório que permitisse tornar o mercado de capitais um veículo de financiamento à atividade imobiliária”. O artigo segue mostrando várias mudanças regulatórias que houveram durante os anos, e mudanças na infraestrutura financeira que é a base da produção imobiliária, em que se obteve a criação de grande rede de atores para readequar o ambiente regulatório e institucional colocando o mercado financeiro no centro de intermediação. Esse processo de mudanças institucionais é sempre dependente da trajetória. Essas reformas que ocorreram consolidaram um ambiente institucional híbridos, e também possibilitaram que determinados atores como os bancos de investimento ficassem em um lugar mais central nas estruturas de poder em relação as dinâmicas de produção. Portanto, o artigo debate de forma bem clara e objetiva a temática a que se propõem analisar, com ele é possível ter entendimento sobre os chamados atores econômicos e seus contextos territoriais e como eles são necessários para o estudo da pesquisa urbana, assim como explica o papel que setor imobiliário e o financiamento para adquirir a moradia, possuem nas modificações que o espaço urbano, as cidades estão passando, instigando a quem lê o texto a estudar mais o assunto, a analisar mais sobre as variadas temáticas urbanas apresentadas no texto, já que se encontram aspectos tão diferentes que interferem na mesma.