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Resenha

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins


Fontes, 2007.

No primeiro capítulo das regras do método sociológico, Durkheim explica


que os fatos sociais não são todos os fenômenos que se dão no interior da
sociedade, pois se fosse assim todos os acontecimentos humanos seriam sociais
e a sociologia não teria seu objeto próprio. No entanto existe na sociedade
fenômenos que não são estudados pela biologia e nem pela psicologia, condutas
e pensamentos que antes de existirem dentro do ser humano já existiam fora dele
e antes dele.

São maneiras de pensar, sentir e agir que existem fora das consciências
individuais e que, além disso, são carregadas de coerção, toda vez que resiste as
regras a coerção se faz presente, mas se as pessoas se submetem as
convenções a coerção perde a utilidade. Para Durkheim a maneira como as
crianças são educadas serve de exemplo para demonstrar a característica
coercitiva do fato social. A educação realiza o papel de moldar o ser social
produzindo uma coerção que vai deixando de ser sentida à medida que se torna
um hábito e pratica comum. É importante para Durkheim, explicar que não se trata
apenas de mera repetição de maneiras de ser, fazer e sentir, mas sim das
''crenças, tendências e as práticas do grupo formado coletivamente'‘.

Para Durkheim a ciência seria a reflexão feita através de métodos e a


peculiaridade do estudo dos fatos sociais se da devido à proximidade dos
fenômenos sociais do próprio ser humano. Nos primeiros parágrafos do capítulo
dois o autor sinaliza sobre três princípios importantes para o método sociólogo, a
observação, a descrição e a comparação, para ele existem realidades
correspondentes aos fenômenos. Os homens formulam ideias sobre si próprios e
essas ideias podem ser correspondentes à realidade, mas em geral as coisas não
podem ser tomadas como dadas para se chegar à realidade é necessário utilizar
do método.

É através dos homens que se realizam as coisas sociais e muito antes da


ciência social aparecer os homens já pensavam o mundo e a si próprio. Durkheim
tenta explicar porque é que não percebemos a realidade tal como ela é como as
coisas sociais são produto da atividade humana, elas seriam realização de ideias
aplicadas às relações dos homens entre si. Ele diz que o que reforça a
transparência do véu que cobre tal realidade é que não temos uma percepção da
vida social suficiente para sentir sua realidade. Mais uma vez, no texto o autor vai
apontar importantes aspectos do método ao falar que esses nos escapam: os
detalhes, as formas concretas e particulares.

Durkheim empreende uma crítica a Comte, e finaliza dizendo que ao se


utilizar do desenvolvimento de uma ideia de que fez da evolução social,
permaneceu na ideologia e em vez de ''coisas'' usou como objeto um conceito
com que o fez se aproximar do chamado censo comum e se afastar do
pensamento sociológico. Apesar de afirmar que Comte ao dizer, os fenômenos
sociais são fatos naturais reconheceu seu caráter de coisas mesmo de forma
implícita. Em seguida crítica também a sociologia de Spencer, dizendo que
Spencer distingue dois tipos de sociedade baseadas em uma ''noção do espírito''.
Durkheim afirma insistentemente que os conceitos correntemente usados no que
se poderia considerar uma pré-sociologia, mas que ele chama de sociologia da
época são empregados de maneira consistente, mas correspondem a noções
vulgares.

Exemplifica a noção de moral para demonstrar que se usa para explica-la


parte não das coisas, mas das ideias, do mesmo modo o faz a economia política,
segundo o autor, ao proceder em relação às noções de produção, em relação à
teoria do valor; mais uma vez Durkheim explicita como algo poderia ser estudado
algo como uma realidade e aponta como se deveria ''reconhecer a coisa, buscar
por indução metódica as causas em função das quais elas variam comparar enfim
os diversos resultados para obter uma formula geral'' isso remete aos princípios
elencados anteriormente da observação, descrição e comparação.

Depois de demonstrar o que não deve ser considerado um pensamento de


cunho sociológico, a partir da pagina vinte e oito, há a presença no texto da defesa
de que os fenômenos sociais são e devem ser tratados como coisas. Mas o que é
a coisa? E o que é tratar o fato social como coisa? Coisa é tudo que esta diante do
pesquisador e que impõe a necessidade de observação, seja fenômenos sociais
ou objetos de qualquer outra ciência, portanto tratar o fato social como coisa
implica considerá-los em si mesmo, isto é, distancia-los da consciência e percebe-
los como exteriores e coercitivos. Para defender a objetividade, o autor recorre às
propriedades do fato social que ele explica enfadonhamente no primeiro capítulo.

O que Durkheim propõe é a reformulação do modo de se fazer sociologia,


tendo como base as características do pensamento científico que ele considera
essencial para o desenvolvimento da sociologia e que de alguma maneira já se
apresentavam na psicologia e nas ciências ''duras''. Em relação à psicologia, a
sociologia estaria em vantagem devido ao fato social ter mais de imediato as
características de coisa, apesar de mais complexos podem ser vistos com mais
facilidade enquanto exteriores do que os fatos psíquicos.

No segundo tópico do capítulo dois ele irá elencar três principais regras
para se fazer uma sociologia que atenda os pré-requisitos de uma ciência: 1.o
abandono sistemático das pré-noções como base de todo o método. Para
problematizar sobre os conceitos pressupostos anteriores a construção cientifica
podemos nos perguntar o que devemos realmente fazer com essas pré-noções, a
resposta seria para Durkheim não empregar esses conceitos, se libertar das falsas
evidências, no entanto ao recorrer a elas por necessidade entender que elas são
pré-noções, ou seja, admitir que elas estão sobrepostas por um véu. 2. A segunda
regra diz como se deve apoderar-se dos fatos para estudá-los de forma objetiva.
Até agora Durkheim disse o que não era fato social e por que não era estudar algo
de forma sociológica e como agir em relação às noções vulgares.
Após definir o que vai ser estudado e saber bem o que está em questão é
necessário reconhecer as propriedades inerentes a esse fato, e a natureza dele
com objetivo de delimitar o objeto de pesquisa sendo ele um grupo de fenômenos
que atende a característica de exterioridade e cujas definições se aplicarão a
outros fenômenos dessa mesma natureza. Num determinado ponto dessa
segunda regra a um retorna a problemática do manejo das pré-noções. 3.
Durkheim mostra que o sociólogo deve ser o mais objetivo possível, deixando de
lado suas opiniões pessoais já que a possibilidade de subjetividade é grande
diante das sensações, para ele é mais fácil os fatos sociais serem tratados com
objetividade quando o objeto é consolidado, criar um ponto de referência, um
padrão que não dá oportunidade para a subjetividade do observador. Durkheim de
certa forma reconhece um sentido da subjetividade da vida coletiva, mas para ele
a ciência deve ser construída em cima de coisas concretas e de forma metódica e
dessa forma se aproximar do real.

No capítulo três Durkheim trata de duas ordens de fatos, os fenômenos


normais e os fenômenos patológicos. Ele inicia questionando os meios da ciência
para distinguir as variedades diferentes dos determinados fenômenos de uma
mesma natureza, e logo então discorre sobre o papel da ciência e os meios que
ela tem para nos ajudar a achar soluções. O autor destrincha as formas e estados
da doença e seu indicador, o que parece uma comparação com o fenômeno
sociológico que também é capaz de assumir formas diferentes sem perder a
essência. Durkheim caracteriza duas variedades diferentes de fenômenos, os
normais e os patológicos. O fato só pode ser considerado como patológico em
relação a uma mesma espécie, as condições de saúde e doença são distintas de
cada espécie. Nesse momento faz-se uma comparação com a sociologia que
também considera boa ou má uma prática uma instituição, uma moral e julga que
serve para todos os tipos sociais. Além disso, as condições de saúde e doença
também podem variar dentro da mesma espécie, tanto quando há uma diferença
de idade, quanto quando a mesma espécie está espalhada em vários lugares
diferentes.
Isso demonstra que um fato social não pode ser normal para uma espécie
social, a não ser que se tenha uma relação com uma fase de desenvolvimento
determinada e correspondente com a fase de evolução. Já o fenômeno normal,
tem sua explicação na condição de existência da espécie. Para saber se o
fenômeno é normal é preciso observar se o fato é geral, se sim, remontar o que
determina essa generalidade no passado e saber se as condições se verificam no
presente, se sim, ele poderá ser um fenômeno normal.

Durkheim então, explica a forma correta de distinguir a doença da saúde já


que na sociologia essa distinção requer prudência devido à complexidade dos
fatos. A partir disso, o autor toma como exemplo o crime e chega à conclusão de
que o crime está ligado às condições fundamentais da vida social, logo é algo
necessário e útil. Por fim ele reforça que ‘’para tratar os fatos como coisas é
necessário que o sociólogo sinta necessidade de aprender com eles’’ e que ‘’para
que a sociologia seja realmente uma ciência de coisas, é preciso que a
generalidade dos fenômenos seja tomada como critério de sua normalidade’’.

Nesse capítulo IV, Durkheim nos aponta uma noção de espécie social e sua
classificação. De início ele comenta que a noção de espécie social é uma
vantagem já que aprovisiona um meio termo entre a filosofia e a história. Durkheim
acredita que para o historiador as sociedades dificilmente podem se
generalizadas, já que as sociedades são incomparáveis entre si e tem
individualidades heterogêneas. E para os filósofos só o que é real é a humanidade
e não existem agrupamentos. Para constituir as espécies é utilizado o método
experimental, substituindo os fatos vulgares (conclusões suspeitas), por fatos
decisivos (valor científico). Para classificar a espécie social é necessário nos
basear na natureza do número dos elementos componentes e seu modo de
combinação, seria a morfologia social.

Spencer, de acordo com autor, compreendeu a classificação dos tipos


sociais – a classificação começa por sociedades simples e então progride em
agregados maiores e assim sucessivamente até se consolidarem- mas para
Durkheim, Spencer não soube definir a sociedade simples. Na opinião do autor,
sociedade simples, é toda sociedade que não encerra outras mais simples, que
não apresenta segmentação.

Por fim responde-se no texto um possível questionamento, a existência das


espécies sociais, para ele existe pela mesma razão que existe na biologia com
uma diferença crucial, os animais têm uma resistência maior que os outros, a
geração.

A partir do quinto capítulo demonstra-se para que os fenômenos servem e o


papel deste não explica o fenômeno. É por não saber de fato explicar os
fenômenos que o autor critica Comte e Spencer. O primeiro porque ‘’reduz toda a
força progressiva da espécie humana a tendência fundamental’’ e Spencer porque
devido a uma maior felicidade que ele explica a formação da sociedade, pois a
cooperação traz vantagens, a instituição do governo para regularizar a cooperação
e as transformações familiares com o propósito de conciliar os interesses do pai,
do filho e da sociedade. Para Durkheim o método utilizado por Spencer confunde
duas questões, a utilidade do fato não explica nem seu surgimento nem o que
realmente ele é, dessa forma, a causa não depende dos fins.

É retratada a prática dos fatos sociais, pois para ele não existem nem fins
nem meios que se aplique a todos, mesmo que estejam na mesma circunstância.
Ademais para explicar um fenômeno social é necessária uma pesquisa separada
da causa e da função do fenômeno. O que precisa ser assentado é se existe
câmbio entre o fato e as necessidades do ‘’organismo social’’.

Durkheim fala do método seguido pelos sociólogos, para ele esse método
tem tendência tanto finalista quanto psicológica. Além disso, ele diz que a
explicação para a vida coletiva incide em indicar como ela ‘’decorre da natureza
humana, seja por dedução direta, por observação prévia, seja por associação a
natureza humana depois de feita a observação’’.

Nesse momento do texto falsifica-se as possibilidades de as explicações


sobre a sociedade reside no indivíduo, descartando-o como fonte de exploração
metodológica, fazendo um contraponto dos pensamentos de Comte, Spencer, da
Economia, tendo em vista mostrar que os métodos até então utilizados se
aplicados aos fenômenos sociológicos, deixaria de fazer sentido as suas principais
características: a exterioridade e coerção, portanto os fenômenos sociológicos não
derivam de consciências individuais; a sociedade não é apenas o conjunto de
indivíduos, mas sim uma associação que produz outras coisas que fogem ao
domínio do indivíduo e que exerce pressão, coerção, que mesmo que seja aceita
de boa vontade continua sendo coerção. Inclusive, associar-se a outros indivíduos
constitui a primeira obrigação e de onde deriva todas as outras.

O importante portanto é descolar as explicações sociológicas dos fatores


psíquicos e perceber que a extensão de sua ação não determina em nada a
explicação dos fatos sociais, é com o exemplo da diversidade entre povos de
mesmas características e semelhanças entre povos diferentes ao extremo que
Durkheim constrói sua defesa de que o que está presente no indivíduo é produto
da realidade social.

Abordando o caráter de anterioridade dos fatos sociais aparece no texto a


regra segundo a qual: “A causa determinante de um fato social deve ser buscada
entre os fatos sociais antecedentes, e não entre os estados da consciência
individual”. È dada a atenção para a explicação sociológica que utilize os fatos
psíquicos e biológicos colocando-os no lugar de um acessório interpretativo e não
como ponto de partida, esse deve ser especialmente a sociologia enquanto tal e
atribui o não uso dessa regra a boa parte dos problemas já citados em todo o
memento do livro e que evidencia o uso de pré-noções e aplicações vagas de
ideias. Como fundamento da origem de todo processo social está a constituição
do meio social em questão e os dois tipos que existem nessa constituição, coisas
e pessoas. É importante para o sociólogo encontrar nesse meio social tudo aquilo
que exerce influência aos fenômenos.

Por fim, nas últimas páginas desse capítulo Durkheim aponta as


semelhanças e diferenças que sua concepção de sociologia tem com as ideias de
Hobbes e Rousseau, e de Spencer e termina por afirmar a sociologia como capaz
de evidenciar a condição de toda vida humana em comum, findando-a na verdade
e na razão.

No capítulo IV, sobre a administração da prova, para Durkheim o único meio de


demonstrar que um fenômeno é a causa do outro é comparando os casos em que
eles estão ao mesmo tempo ausentes ou, presentes, então, nesse momento
examinar se realmente um depende do outro. Além disso, existem dois métodos o
de experimentação, quando podem ser produzidos de forma artificial pelo
observador, e o método comparativo, quando acontece somente de forma
espontânea a produção dos fatos. Durkheim acreditava que o método comparativo
é o que se ajusta a sociologia, diferente de Comte que pensava num método
histórico que com ajuda de uma separação dos fenômenos em series temporais.
O autor se encarrega de afirmar que a explicação sociologia é feita através de
relações de causalidade. Para se empregar o método comparativo se ajustando a
causalidade, ou seja, de maneira cientifica. Durkheim explica de forma rápida o
motivo pelo qual não se emprega o método de resíduos da concordância e o da
diferença, devido à complexidade dos fenômenos sociais.

Durkheim dá várias razões para que o método de variações concomitantes seja o


método certo para a sociologia, esse método não mostra dois fatos que se
acompanham ou se excluem, como o método comparativo, portanto não se sabe
se eles estão vinculados, mas que eles estão participando de forma continua um
do outro.

Esse último capítulo trata da maneira como se deve interpretar e


demonstrar os resultados da pesquisa realizada, é evidenciado muito mais como
não se deve fazer do que como se deve proceder, no entanto, fica entendido que
se deve proceder com todo o rigor possível, que deve se aplicar esse rigor
metodológico durante todo o processo de comparação, que é a sociologia em si
mesma, já que ela explica os fatos sociais, em detrimento de apenas descrevê-la.

Na conclusão do trabalho tudo fica tão claro, que parece que só era necessário ler
essas poucas últimas páginas, mas vê-se logo em seguida que está tudo tão
simples depois de exaustivas explicações e negações que o autor faz durante todo
o livro para tornar a sociologia independente da filosofia, apesar de dever muito a
ela, e que tenha em seu desenvolvimento o princípio de causalidade aplicado aos
fenômenos sociais, assim como é aplicado em outras áreas do conhecimento. Há
uma categorização do pensamento de Durkheim como positivista, mas basta
pouco ler de um de seus livros que é possível ir contra isso, na medida em que ele
não propõe que se apaguem e ignorem as questões práticas, mas entendo que
propõe o que ele acredita existir, uma verdade sobre as coisas, que só é
encontrada através do método científico livre de paixões e de decisões e escolhas
pessoais, fazendo com que dentro dessa verdade possa se perceber o que é
necessário, o que é provisório, o que é essencial.

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