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UFPB

CCHLA
DECOM
Disciplina: Documentário Cinematográfico
Aluno: Marcos Ricardo dos Santos – 10623464 / Rádio e TV

Análise do Documentário:
O Homem com a Câmera – Dizga Vertov

O presente artigo traz uma abordagem sobre o filme


documentário “O Homem com a Câmera” (The Man with
Camera) de Dizga Vertov, que foi um marco na história da
cinematografia mundial. Isto se deve a criatividade de um
homem que simplesmente registrando o dia-a-dia de uma cidade
resolveu experimentar as possibilidades que o cinema pode
proporcionar. A observação feita ao filme esta em cima da sua
contribuição para o cinema no que diz respeito à montagem,
animação e na expressão do autor ao tentar desvincular o
cinema do teatro e da literatura.

O Homem com a Câmera de Dizga Vertov se constitui como uma


revolução no modo de se fazer cinema a sua época. Por buscar formas
diferentes de narrativa para o documentário ele quebra as regras, deixando um
legado para a posteridade. No filme as imagens são trabalhadas de tal forma a
levar o espectador ao deslumbre. A idéia era coletar flagrantes das ruas,
fábricas, a movimentação das pessoas num dia típico de uma cidade da recém
formada União Soviética, de forma a propagandear o estilo de vida do governo
de Lênin. Porém, Vertov não ficou simplesmente como divulgador e aproveitou
a oportunidade para utilizar toda a sua criatividade e reinventar os padrões
cinematográficos.

No longa a câmera assume o papel de narrador, por vezes sendo o


protagonista. Narrador esse manipulado pelo olhar humano, sugerindo a idéia
de “cine-olho” proposta por Vertov onde, além da relação do olhar da câmera
participa também a “montagem da realidade”. Esses quatro elementos, ou seja,
olho-câmera-realidade-montagem, nos faz pensar em qual realidade ele estaria
mostrando, pois Vertov fazia parte do Kino-Pravda (Cinema-verdade). Seria
apenas uma verdade técnica? Ou a verdade do governo de Lênin?

Diversos pontos do cotidiano das pessoas são retratados, desde


mendigos dormindo, passando pela movimentação dos bondes e fábricas até
atletas praticando seus respectivos esportes. Dizga não economizou em
criatividade e trabalhou individualmente cada seqüência de forma fantástica. A
aceleração nos movimentos repetitivos das pessoas, a câmera lenta captando
com perfeição os gestos rápidos, a elipse na narrativa. Inovou a filmar quem
filmava. Seu interesse por técnicas que reinventassem o gênero
cinematográfico se tornaram fundamentos básicos para o cinema.

A Montagem

Vertov foi um dos primeiros cineastas a perceber a importância da


montagem, e desenvolveu técnicas com toda uma proposta estético-intelectual.
Ele trabalhava exaustivamente todo o processo de filmagem e montagem. E O
Homem com a Câmera é seu maior exemplo disso. É onde ele experimenta as
inúmeras possibilidades do uso de efeitos das imagens, testando a câmera
lenta, a aceleração, a colagem, o reflexo... A partir disso ele junta as imagens
de forma que nos pareça sem nexo, mas é onde, porém, se revela sua principal
intenção: mostrar como a realidade pode ser desconstruída e reconstruída. Ele
também demonstra isso a partir do momento que nos mostra o cinegrafista
filmando, porém, essa revelação por si só ainda não é o suficiente, e concretiza
sua idéia mostrando o próprio processo de montagem: numa sala uma mulher
fazendo a “reconstrução” das películas do filme que estamos a assistir, ou seja,
O Homem com a Câmera. A partir disso Vertov nos revela, num processo de
metalinguagem, a importância que a organização das imagens tem na
construção de sentidos, de uma realidade reinterpretada, definindo assim o
cinema como arte. Para Vertov “a montagem é a alma do filme, o motor da sua
estética e do seu sentido”. Muito do que se ver nos dias de hoje em termos de
captação e edição no cinema e na TV, videoarte, cinema experimental, o que
pra nos já é “manjado”, tiveram origem devido à ousadia proposta contida
nesse filme.

A Animação

Em O Homem com a Câmera também são experimentas técnicas de


animação e manipulação da imagem. São testadas sobreposições e
angulações pouco convencionais para a época, como no momento em que o
cinegrafista parece emergir de dentro de um copo ou ser do tamanho da
cidade, e quando a câmera ganha vida nos momentos finais. Com isso Vertov
intervinha na criação de uma realidade própria da sétima arte, o que fez com
que no passar do tempo o cinema já ganhasse status de “fábrica de ilusões”, e
isso vem se difundindo até os dias atuais. Esses experimentos certamente
mudaram o rumo do cinema. Hoje é difícil imaginar filmes com efeitos e
truques, por mais simples e impercebíveis que sejam, que não deslumbrem os
espectadores.

A Relação Cinema-Literatura-Teatro

A principal intenção de Dizga Vertov enquanto produtor era desvincular o


cinema do teatro e da literatura. Em consonância com o que acontecia com o
mundo da arte a época, e a tendência ao modernismo, ele entendia a
cinematografia como uma arte com conceitos próprios e independentes das
outras. Talvez tenha sido esse seu maior equívoco, pois não é buscando a
divisão que se constrói novos fundamentos, mas sim na junção de
pressupostos; relacionando, “nada se cria, tudo se transforma”, ou seja, é
justamente na união entre as diversas artes que o cinema tende a evoluir, são
nas histórias que se baseiam as ficções e documentários, na expressão de
artistas plásticos que se fundamentam alguns diretores de fotografia... Sendo
documentário o gênero de O Homem com a Câmera e o escolhido por Vertov,
onde não são comuns roteiros prontos e nem sempre há atores, e sendo a
montagem seu principal interesse, talvez sejam esses os motivos dele renegar
tais ligações. Porém, apesar disso, fazendo a animação com a câmera ele a
coloca para atuar, o camarão, o próprio cinegrafista atua em diversos
momentos.

Conclusão

A cinematografia mundial foi outra a partir de o Homem com a Câmera.


Dizga Vertov soube explorar toda a potencialidade da tecnologia disponível
nesse filme. O que poderia ser simplesmente um amontoado de imagens
aleatórias se tornou a base para as técnicas do cinema. Como pensador da
sétima arte Vertov demonstrou para seus contemporâneos como o cinema
poderia ser necessidade, atitude. Como seria possível reproduzir o mundo com
outros olhares.

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