9º SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA – SICT/FATEC
METODOLOGIA PARA CONSTRUÇÃO DE
INDICADORES DE QUALIDADE SANITÁRIA
Samuel Barsanelli Costa1, Telma de Assis Silveira2, Roberto Wagner Lourenço3
1,2,3
Universidade Estadual Paulista – Campus Experimental de Sorocaba
1. Introdução
O estado de saúde de uma população pode estar
relacionado às condições do ambiente no qual ela está
inserida. Nos últimos anos uma série de esforços vem
sendo feita no Brasil na perspectiva de avaliar, por meio
de indicadores, as condições de vida nas cidades, a
exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano [1].
Entre as condições do ambiente pode-se destacar o
saneamento, que constitui o controle de todos os fatores
do meio físico do homem, que exercem ou podem
exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem estar
físico, mental ou social, entre eles abastecimento de
água, esgotamento sanitário e limpeza pública [2].
Neste trabalho propôs-se aprimorar as propostas
metodológicas já existentes [3] na construção de
indicadores de qualidade sanitária (aqui denominado
IQS), na tentativa de diminuir ou extinguir a
subjetividade na ponderação das variáveis envolvidas.
Foi escolhido para estudo o município de Sorocaba, São
Paulo, Brasil.
2. Metodologia
Foram selecionadas as variáveis abastecimento de
água (var1), condição sanitária (var2) e destino do lixo
(var3), provenientes do Censo Demográfico 2000 [4],
com base nos setores censitários. Propôs-se um
gradiente de classificação, variando entre condição boa
(domicílio ligado à rede pública de água, esgoto e
provido serviço de coleta direta de lixo), regular
(poço/nascente canalizado, fossa séptica e coleta
indireta de lixo) e ruim (outras condições sanitárias),
que receberam as notas 0,33, 0,66 e 1, respectivamente.
Para cada variável, foi calculada a soma ponderada
da porcentagem de domicílios em cada condição, sendo
as notas os ponderadores. Como resultado obteve-se a
condição predominante (CPvar) em cada setor, para cada
uma das variáveis.
Os pesos (Pvar) para o cálculo do IQS foram obtidos
através do coeficiente de variação (CVvar) do conjunto
de dados CP de cada variável, como pela expressão (1).
Pvar1= CVvar1*(1/(CVvar1+CVvar2+CVvar3)) (1)
Dessa forma, quanto maior a variabilidade de um
conjunto de dados (maior coef. de variação), mais
sensível será para expressar diferenças e maior será o
peso atribuído. O IQS foi obtido através da média
ponderada dos CPvar1, 2 e 3 pelo respectivo peso, para
cada setor.
Em seguida os valores do IQS foram inseridos no
centróide do respectivo setor censitário, assumindo uma
posição espacial, e interpolados pelo método da
krigagem ordinária, o que permitiu gerar o mapa final
classificado em baixa, média e alta qualidade sanitária.
3. Resultados
O Mapa da Qualidade Sanitária do município de
Sorocaba para o ano de 2000 é apresentado na Figura 1.
Observou-se que as áreas de baixa qualidade
sanitária encontram-se geralmente nas regiões
periféricas, caracterizadas por falta de equipamentos
sanitários, como é o caso do extremo norte, sudeste e
sudoeste. As áreas de alta qualidade sanitária
encontram-se nas zonas urbanas, destacadas no mapa,
indicando que a população urbana encontra-se bem
provida de serviços sanitários.
7415000
7410000
7405000
7400000
7395000
7390000
Alta Média Baixa 0 2500 5000
240000 245000 250000 255000 260000 265000
Figura 1 – Mapa da Qualidade Sanitária de Sorocaba.
4. Conclusões
A metodologia mostrou eficácia quanto à
ponderação, não agindo de forma subjetiva. O fato de
os dados serem disponibilizados por setor censitário
dificultou a precisão do resultado, visto que suas áreas
são variáveis, podendo assim ocorrer valores sub ou
superestimados.
Finalmente, a utilização de dados estatísticos na
elaboração de produtos cartográficos pode servir como
ferramenta de gestão, proporcionando maior eficiência
aos órgãos públicos na tomada de decisão.
5. Referências
[1] M.C. Dias et. al., Engenharia Sanitária e Ambiental,
p.82-92, Jan/Mar. 2004.
[2] L. Heller, Ciên. Saúde Coletiva, 3(2), p.73-84, 1998.
[3] A.M. Chiesa et. al., Rev. Saúde Pública, p.559-67,
Out. 2002.
[4] IBGE, Base estatcart de informações municipais,
2000.