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Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

A expressividade dos eco materiais

Filipe Humberto Torres Mesquita Borges de Macedo

Artigo para a disciplina de:

Estratégias bioclimáticas

Curso de Doutoramento em Arquitectura

Docente: Professora Doutora Graça Bachmann

Lisboa, FAUTL, Fevereiro de 2011


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Faculdade de Arquitectura
Universidade Técnica de Lisboa

Título da Dissertação: A expressividade dos eco materiais.


Nome do Aluno: Filipe Humberto Torres Mesquita Borges de Macedo
Orientador: Professor Doutora Graça Bachmann
Mestrado: Arquitectura
Data: Setembro de 2010

Resumo
O artigo que se apresenta pretende identificar as capacidades expressivas dos eco
materiais na arquitectura., pois o apelo que habitualmente surge para a sua utilização
tem como base a muita e variada informação técnica que os acompanham.
Dominantemente apelam ao seu uso com base valores quantitativos (a massa, a
poupança energética, poupança de CO2, etc.).
Este estudo pretende identificar as qualidades expressivas dos eco materiais,
contribuindo para fomentar a sua utilização com base nas suas qualidades
expressivas.
Metodologicamente, procurou-se definir o que são eco materiais e enquadra-los em
famílias para posterior sistematização. Posteriormente, e dentro de cada família,
procurou-se identificar as qualidades expressivas que cada família de eco materiais
contem. Em parte as qualidades expressivas dos eco materiais são semelhantes aos
materiais tradicionais pois resultam de upgrades dos mesmo, existem contudo alguns
eco materiais que tem qualidades expressivas específicas.
Quer disponham dessas qualidades únicas, ou tenham as qualidades expressivas dos
materiais tradicionais, os eco materiais traduzem em si uma qualidade significante ás
obras em que são utilizados, pois trazem para a obra a vontade de criar um mundo
melhor para um homem mais feliz, e essa é a essência que move os arquitectos e faz
avançar a arquitectura.

Palavras-chave:

Eco-materiais, Sustentabilidade, Expressividade


II
Faculdade de Arquitectura
Universidade Técnica de Lisboa

The expressive capacities of eco-materials

Abstract

The following paper intendeds to identify the expressive qualities of eco


materials in architecture. The typical call for their use is usually based on a
huge variety of technical information. Mostly it call for its use based on
quantitative values (mass, energy and CO2 savings, etc.). This paper aims to
identify the expressive qualities of eco materials, helping to encourage its use
based on their expressive qualities.

Methodologically, we tried to define what are eco materials and frame them in
families for further systematization.

Subsequently, and within each family, we sought to identify the expressive


qualities of each family. In part, the expressive qualities of eco materials are
similar to traditional materials, as they result of their technical upgrade, however
there are some eco materials that have specific expressive qualities.

Finally, whether they have these unique qualities, or have they preserve the
expressive qualities of traditional materials, eco materials translate into a
significant quality to the buildings in which they are used, as they bring to the
work the will to create a better world for a happier man, and this is the essence
that moves the architects and achieves new architectural advances.

Keywords:

Eco-materials, Sustainability Expressiveness.

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ÍNDICE

Índice de ilustrações: ............................................................................................ VII

1.-Entendimento do eco material. .............................................................................. 1

2.-As familias dos eco-materiais................................................................................ 5

2.1-Os eco-materiais vernaculares......................................................................... 5

2.2-Os eco-materiais reciclados. .......................................................................... 11

2.3-Os materiais de nova tecnologia.................................................................... 17

2.4-Os materiais bio-construidos. ........................................................................ 21

3.-Conclusão ............................................................................................................. 25

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES:

Fig.- 1 - Mapungubwe Visitors Centre, Africa do Sul, Peter Rich, 2008. Fonte: http://www.archdaily.com... 4

Fig.- 2 - Rauch House, Schlins, Austria, Boltshauser Architekten, 2008.Fonte: http://www.architonic.com . 4

Fig.- 3 - Dragspelhuset, Lago Ovre Gla, Suécia, 24h Architecture, 2001. Fonte: http://www.inhabitat.com . 6

Fig.- 4 - Pavilhão de Portugal, Expo 2010, Xangai, Carlos Couto. Fonte: Archdaily.com ............................. 6

Fig.- 5 - Centro Cultural Tjibaou, Renzo Piano, 1998. Foto: Archenova ....................................................... 8

Fig.- 6 - Meti Handmade Schol, Rodrapur, Bangladesh, Anna Heringer, 2006.


Fonte: http://www.anna-heringer.com ........................................................................................................... 8

Fig.- 7- Muralha Bizantina de Selçuk, Tuquia, Sec. VI. Foto: Maria Fremlin ............................................. 10

Fig.- 8 - Parede de Polly-brics ................................................................................................................... 10

Fig.- 9 - Plastic House, Tokio, Kengo Kuma, 2005. Fonte: http://www.kkaa.co.jp ...................................... 12

Fig.-10- Atelier, Quito, Equador, Arq. David Moreno. Fonte: www.archdaily.com ...................................... 12

Fig.- 11 -The Ricyclops, Utrech, Holanda, 2012 Architeten. Fonte: http://www.2012architecten.nl .......... 14

Fig.-12 - Platoon Kunsthalle, Seul, Coreia do Sul, 2009 Platoon+ Graft Architects.
http://www.archdaily.com/27386/platoon-kunsthalle-graft-architects/ ......................................................... 14

Fig.-13 - Pavilhão Vasarely, Aix-en-provence, 2006, Shigeru Ban.. ........................................................... 16

Fig.-14 - Plasticamente, Riccardo Giovaneti, 2009. Fonte: http://www.contemporist.com ....................... 16

Fig.-15 -Solar Ivy, Smit- Sustainable Design, 2009.. Fonte: http://solarivy.com ........................................ 18

Fig.-16 -Thermeleon. Fonte: http://www.guiadastecnologias.com/index/2009/12/04/telhas-thermeleon-


mudam-de-cor-para-regular-a-temperatura-no-interior-da-casa/ ................................................................ 18

Fig.-18 - PORO, Arq. Miguel Veríssimo.


Fonte: http://www.revarqa.com/uploads/docs/dossier/78-79-Dossier.pdf ................................................... 20

Fig.-19 - Monocoque, Arq.Neri Oxman. Fonte: http://www.materialecology.com/ ...................................... 20

Fig.- 20 - Ford Rouge Centre, Dearborn, Michigan, William McDonough, 1998.


Fonte: www.mcdonoughpartners.com ........................................................................................................ 22

Fig.- 21 - La Caixa, Madrid, Herzog de Meuron, 2007. Fonte: www.swissmade-architecture.com............ 22

Fig.- 22 -Institut for Forest na Nature Research, Wageningen, Holanda, Günther Behnisch, 1998............ 24

Fig.- 23 -Diagrama das diferentes famílias de eco materiais. ..................................................................... 24

Fig.- 23 -Diagrama da expressividade do eco materiais vernaculares. ...................................................... 26

Fig.- 24 -Diagrama da expressividade do eco materiais reciclados............................................................ 26

Fig.- 25 -Diagrama da expressividade do eco materiais de nova tecnologia. ............................................. 28

Fig.- 26 -Diagrama da expressividade dos bio materiais. ........................................................................... 28

VII
1. ENTENDIMENTO DO ECO MATERIAL.

Antes de começarmos a explorar a qualidades expressivas dos eco materiais,


devemos definir com exactidão o que é um eco material. Temos a noção que estas
visões mais extremadas podem ter sido úteis a determinada altura da tomada de
consciência da problemática ecológica. Contudo, acreditamos que a fase panfletária
desta questão está ultrapassada.

Hoje a premência está do lado das medidas de mitigação da nossa pegada de


carbono e na progressiva sustentabilidade do nosso modelo produtivo. Para atingirmos
esse objectivo não existem respostas rápidas nem soluções instantâneas. A
reformulação do processo de produção linear para um modelo circular atinge-se pela
junção de numerosos e diversificados esforços.

A certificação ambiental dos materiais que dispomos ainda se encontra numa fase de
implementação. Existem, tal como nas Analises de Ciclo de Vida, numerosos sistemas
de avaliação, de certificação ambiental dos materiais de construção, a exemplo a ISO
14020, ISO 21930, Cradle to Cradle, CEN BT 14/2005, PEFC (Programme for the
Endorsement of Forest Certification), entre outros, que estabelecem critérios e
abordagens distintas para emitir declarações de impacto ambiental. Em boa parte dos
catálogos de materiais que habitualmente acompanham o acto do projecto, o
arquitecto deve começar a encarar os indicadores ambientais, do mesmo modo que
encara a categoria de resistência ao desgaste de um pavimento.

Contudo devemos realçar que, mais do que comparar exaustivamente as


características dos materiais, é necessário ter uma visão estratégica dos conceitos de
sustentabilidade que nos permita balizar as orientações gerais das nossas escolhas no
projecto, quer ao nível da sustentabilidade, quer ao nível da abordagem inicial da
escolha dos materiais dos nossos projectos.

Perante esta situação deparamo-nos com muita investigação que afere a


mensurabilidade da sustentabilidade, nomeadamente ao nível das questões da
certificação ambiental, das análises de ciclo de vida e desenvolvimento de eco
materiais particulares, existindo poucos documentos científicos que proponham
estratégias de sustentabilidade latas para a construção no âmbito dos eco materiais.

1
Contudo podemos destacar as investigações desenvolvidas pela Escola d’Arquitectura
de Barcelona da Universidade Internacional da Catalunya que tem produzido uma
série de investigação muito centrada na questão dos eco-materiais. Um dos mentores
destas investigações é o Arq. Ignasi Perez Arnal. No livro “Eco Productos, en la
arquitectura e el deseño” (Arnal, Sauer, et al. 2008), encontramos uma definição lata
do que são eco-materiais. Esta definição é extraordinariamente útil pois consegue
sintetizar em linhas gerais critérios de escolha para a questão dos eco-materiais.
Na sua visão estratégica, o Arq. Ignasi Perez Arnal sintetiza um conjunto de 10
pressupostos que nos permitem um bom enquadramento na problemática do que são
os eco-materiais:
― 1- Material absorvente de CO2: A escolha de um material que participe activamente
na solução de uns dos mais complicados problemas actuais. A mitigação do
aquecimento global é a melhor opção que a construção pode dar ao meio ambiente.
2- Material sustentável: Se utilizarmos as matérias-primas que a natureza nos oferece
de maneira inesgotável, não condicionamos o futuro das nossas reservas.
3- Materiais recicláveis: O destino de um material reciclável encontrasse na
reutilização, não acaba no aterro.
4- Material reciclado: Evitamos a contaminação e o consumo de energia necessários
para a fabricação nova do mesmo material, consequentemente reduzimos a
quantidade de resíduos.
5- A pureza compositiva: Quanto mais matérias-primas sejam necessárias para obter
um material, mais complicada se torna a sua separação e a sua reciclagem.
6- Energia incorporada: Para além de dos custos energéticos iniciais (extracção,
transporte, fabricação…), é importante compreender a dependência energética do
material ao longo do seu ciclo de vida (inércia térmica, manutenção, rupturas e
desgaste, possibilidade de ser reciclado ou reutilizado).
7-Grau de industrialização: Apenas para projectos de muito pequena escala se justifica
a utilização de um material artesanal que exija muita mão-de-obra e a utilização
intensiva de recursos em obra (água e energia). Em todos os restantes projectos
deveriam-se utilizar materiais industriais onde existe um consumo controlado de
recursos e energia.
8- Materiais saudáveis: Evitar o uso de produtos que possam afectar a saúde do
fabricante, do utilizador e do trabalhador no processo de reciclagem. Principalmente
no que se refere a partículas tóxicas ou cancerígenas.
9- Exigências de manutenção: Materiais com baixa manutenção favorecem o conforto
do utilizador e diminuem a utilização de pinturas, lubrificantes e vernizes.

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10- Materiais com certificação ecológica: Poucos materiais tem certificação que
garanta uma boa utilização dos recursos, os que a têm merecem um tratamento
privilegiado (Sauer 2008)‖.

Para além de uma noção estratégica inicial da problemática dos eco materiais, deverá
o arquitecto com o desenvolvimento do projecto, investigar mais profundamente as
suas características, quer em termos de extracção/fabrico, quer em termos de
desempenho e reciclagem no final da sua vida útil. Esta é uma postura que em certa
medida pode ser encarada como um regresso ao passado. Na altura dos mestres
construtores, a materialidade da edificação era escolhida com um rigor extremo.

Hoje em dia parte dessa metodologia saiu da alçada do arquitecto. Os materiais são
escolhidos por catálogo durante o projecto, sendo escrutinados pelas exigências
regulamentares que constroem os cadernos de encargos. Posteriormente é a
fiscalização da obra que afere se realmente os materiais apresentados cumprem as
exigências técnicas descritas nos cadernos de encargos. Por via dessa repartição de
trabalho a relação entre o arquitecto e a materialidade da coisa construída perdeu
profundidade. O arquitecto prima mais a pele do edificado do que a sua essência e
essa é uma tendência que urge combater.

Com as novas solicitações que a sustentabilidade levanta em relação à materialidade


da obra, o arquitecto enquanto autor do projecto, deverá recuperar um pouco desse
espírito de mestre construtor. A elaboração de um projecto sustentável não se
coaduna com um conhecimento superficial das matérias que o edificam. Esse
conhecimento acrescido, pode e deve contribuir para a elaboração de obras mais
complexas, pois a consonância entre as matérias e os conceitos do projecto, são
questões primordiais para atingir a excelência de uma obra. E essa é procura
essencial que o arquitecto deve ter em todos os projectos em que participa.

A introdução de novos materiais e os renovados modos de utilizar os materiais e


técnicas tradicionais irão, com certeza, subverter o carácter e a imagem das novas
arquitecturas. Esse é sem sombra de dúvida um dos mais aliciantes desafios que se
coloca os arquitectos no seu futuro próximo, utilizar a sua criatividade para responder
aos desafios do mundo

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Fig.- 1 Mapungubwe Visitors Centre, Africa do Sul, Peter Rich, 2008. A utilização de materiais vernaculares potencia a
relação da obra com o sitio. Fonte: http://www.archdaily.com

Fig.- 2- Rauch House, Schlins, Austria, Boltshauser Architekten, 2008. Ao longo do dia as texturas, o brilho, a luz e as
sombras vão metamorfosear -se, revelando toda a sua riqueza expressiva do adobe. Fonte: http://www.architonic.com

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2. AS FAMILIAS DOS ECO-MATERIAIS.

2.1-OS ECO-MATERIAIS VERNACULARES.

Os materiais vernaculares estão presentes desde tempos imemoriais nas nossas


construções, eles foram a nossa primeira resposta para nos abrigarmos. Essa
resposta foi alicerçada nos recursos que o nosso habitat próximo tinha para nos
oferecer, fossem eles florestas, montanhas, deserto ou gelo. Com esses parcos
recursos o ser humano aprendeu a conceber abrigos e começou a construir.

Para além da eficiência, esses materiais, a pedra, o adobe, a palha, o tijolo de terra
seca, a madeira, o têxtil, as peles etc., faziam parte do meio onde eram edificados, de
igual modo, as soluções arquitectónicas adoptadas também se encontravam em
simbiose com o habitat, adquirindo assim uma linguagem muito vincada na sua
relação com a mãe natureza. Por esse motivo encontramos nestes materiais,
características tectónicas na sua expressividade, dado que nascem da terra, e
normalmente se encontram em harmonia com o território.

Parte desses métodos construtivos tendeu a desaparecer com a massificação da


construção. Em parte porque limitavam a rapidez da construção e tinham na sua
origem processos de manufactura que eram incompatíveis com a produção industrial,
por outro lado, a génese da arquitectura industrial e moderna adoptou linguagens
distintas das que eram concretizadas pela construção tradicional. Contudo, com a
urgência da crise ambiental com que nos confrontamos, começaram-se a encontrar
virtudes na sua utilização. A atitude vernacular de habitar apenas com os recursos do
habitat, proporcionou lições valiosas. Hoje em dia muitos materiais tradicionais estão a
ser encarados como possíveis respostas a este nosso habitat esgotado. E estas
respostas têm-se desenvolvido com a recuperação e melhoramento de numerosas
técnicas e tecnologias inspiradas nas materialidades ancestrais de construir.

Os industriais ligados a este sector procuram maximizar as suas potencialidades


económicas. Graças ao aumento da concorrência, todos eles procuram sempre
adquirir vantagens competitivas face aos seus concorrentes. Os materiais
vernaculares tiveram na sua génese critérios de escassez, tendo consequentemente
desenvolvido respostas eficazes, quer do ponto de vista económico, de modo geral

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Fig.- 3- Dragspelhuset, Lago Ovre Gla, Suécia, 24h Architecture, 2001. Num clima nórdico, onde os longos invernos
marcam a vida das pessoas e dos edifícios, existe uma necessidade real de exacerbar a temperatura dos espaços.
Neste caso de um modo surpreendente, somos aconchegados por peles a revestir a nossa envolvente. Fonte:
http://www.inhabitat.com

Fig.- 4 Pavilhão de Portugal, Expo 2010, Xangai, Carlos Couto. A utilização da cortiça como elemento de revestimento
exterior, só se tornou possível devido aos avanços tecnológicos da indústria. Apesar de ter uma expressão inovadora
na nossa tradição arquitectónica, a cortiça, tal como os outros materiais ancestrais, quando sujeitos a inovações
tecnológicas, ainda mantém parte da sua expressividade vernacular. Fonte: Archdaily.com

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são de fácil extracção e execução, quer energético, pois lidamos com produtos que
requerem pouca energia incorporada para se concretizarem.

Estas qualidades permitem, com investigação e criatividade, se adapte esses produtos


eficazmente para o mercado da construção. Elas são especialmente notórias que
pelas suas baixas emissões de carbono, quer com a consequente diminuição de
custos motivados pelas cotas de carbono, quer pela capacidade que têm de apelar a
um grupo cada vez maior de consumidores com consciência ecológica que querem
diminuir a sua pegada ecológica, e finalmente, porque, com o desenvolvimento de
processos normativos e de certificação do edificado, as construções que os utilizarem
terão mais facilidade em responder a estas solicitações

A sua elevada capacidade de resposta a solicitações ambientais e energéticas deve-


se ao facto de muitos dos eco-materiais tradicionais serem renováveis,
nomeadamente as madeiras e os elementos vegetais e animais. Os materiais não
renováveis, tais como a extracção de inertes e as pedreiras, quando explorados com
precaução e simultaneamente próximos do local da construção, devem ser utilizados,
pois apresentam um baixo custo de transporte, com consequente diminuição de
emissões de CO2.

Estes materiais apresentam grandes vantagens na sua utilização, nomeadamente


devido ao seu desempenho bioclimático e ao nível do seu ciclo de vida. Uma
construção em adobe é naturalmente reciclada no final da sua vida útil, o solo ao solo
retorna, sem causar problemas de resíduos ou contaminações. Muitos destes
materiais tradicionais têm também uma outra enorme vantagem, são materiais que
acumulam e armazenam CO2, nomeadamente a madeira e os seus derivados, as
fibras animais, as fibras vegetais e alguns compostos químicos, por exemplo as
argamassas de cal aérea, onde a reacção química da argamassa se prolonga no
tempo, transformando o carbono atmosférico em carbonato de cálcio devido à reacção
do hidróxido de cálcio presente na argamassa.

Esta reutilização de métodos e materiais tradicionais tem sido caracterizado por duas
estratégias de acção: se por um lado se tem recuperado as tecnologias tradicionais,
como o adobe, a construção em madeira sustentável, as argamassas e ligantes
tradicionais, como a cal aérea e as argamassas de terra com fibras vegetais, a
construção em palha entre outros; por outro lado alguns destes materiais tradicionais
sofreram updates tecnológicos. Encontramos nesta situação o super adobe, os blocos

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Fig.- 5- Centro Cultural Tjibaou, Renzo Piano, 1998. Neste projecto Renzo Piano materializa uma homenagem à
cultura Karnak da Nova Guiné, reinterpretando a construção tradicional, adicionando-lhe a eficiência tecnológica e
energética que o caracteriza. Este projecto reinventa a atmosfera da comunidade que pretende celebrar. O projecto,
com sua a utilização dos materiais tradicionais, enaltece a significância do modo de vida sustentável característico da
cultura Karnak. A atmosfera, tal como Zumthor a descreve, está enfatizada pela harmonia entre o construído e a
natureza circundante. Foto: Archenova

Fig.- 6- Meti Handmade Schol, Rodrapur, Bangladesh, Anna Heringer, 2006. O objecto arquitectónico torna-se corpo,
corpo da arquitectura, fundação da sociedade, preparando o seu futuro e garantindo a sua sustentabilidade. A
materialidade da construção personifica todas essas intenções, elevando a expressividade da obra e construindo uma
poesia concreta e significante. Fonte: http:// http://www.anna-heringer.com

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de terra compactada, as coberturas em terra vegetal, os derivados do bambu entre
muitos outros. Esta actualização tecnológica veio suprir algumas das desvantagens
dos materiais tradicionais, como o risco sísmico, a propensão para incêndios, a
resistência à água, a facilidade de construção e a durabilidade (Studio 2010).

A existência de mercados que apelam à sustentabilidade como valor de construção,


veio permitir que as indústrias produtoras de alguns destes materiais antigos, como a
indústria da cortiça e do bambu, reformulassem métodos de produção e
desenvolvessem novos produtos. No caso da cortiça, material sustentável por
excelência, a multiplicação de aplicações, é evidente: dos aglomerados de cortiça
expandida, em painéis e a granel, passando pelos pavimentos, em parquet, simples ou
compostos, até à sua utilização em mobiliário ou em juntas. A indústria tem expandido
consistentemente a sua oferta, tendo iniciado os estudos de aproveitamento de cortiça
reciclada (Gil 2007).

Um outro factor determinante no ressurgimento destes materiais vernaculares, deve-


se ao facto de eles passarem a estar inseridos em estratégias de mitigação dos efeitos
da crise ambiental. Por esse motivo, para além da tradicional utilização destes
materiais, passaram a existir novas reinterpretações, a investigação dá-nos novos
usos e formas de utilização este recursos.

As fibras animais, nomeadamente a lã começam a substituir em alguns casos os


isolamentos térmicos, os resíduos agrícolas surgem incorporados em novos materiais
de construção, desde a palha ao cânhamo (painéis térmicos ou então em blocos de
alvenaria), passando igualmente pela juta para pavimentos, tapetes ou então pelas
novas tecnologias do bambu e da cortiça, que nos fornecem uma vasta gama de
materiais, pavimentos, isolamentos etc. . Apesar de terem sofrido reformulações
tecnológicas recentes, muitos destes materiais ainda retêm na sua génese um
carácter expressivo muito próximo dos valores das materialidades ancestrais, quer
seja pela sua textura, ou pelo modo como ainda têm na sua composição uma
proximidade matérica à da matéria-prima que lhes deu origem. Esta proximidade
matérica permite que na sua utilização arquitectónica, o projecto ganhe uma riqueza
tectónica e uma verdade construtiva, ao mesmo tempo que mostra uma modernidade
concreta, pois é construído com materiais do nosso tempo

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Fig.- 7 Muralha Bizantina de Selçuk, Tuquia, Sec. VI. A muralha Bizantina, apresenta o reaproveitamento de elementos
romanos, criando uma textura sui generis neste pano da muralha da cidadela de Selçuk. A tradição de
reaproveitamento de elementos construtivos em desuso ou em ruína foi uma constante durante séculos. Só após a
industrialização é que este hábito se perdeu. Foto: Maria Fremlin

Fig.- 8 Parede de Polly-brics, sistema de encaixe translúcido, realizado a partir da reciclagem de garrafas de plástico
(PET), graças ao seu funcionamento, inspirado no Lego, este material permite a sua remontagem múltiplas vezes.
Neste caso, construiu o Pavilhão da Moda para a Taipei International Expo. Um edifício provisório de 130 m.
Fonte: http://inhabitat.com/

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2.2-OS ECO-MATERIAIS RECICLADOS.

A existência de uma indústria de gestão de resíduos leva a índices de reciclagem cada


vez mais elevados. Consequentemente passamos a dispor de recursos que podemos
utilizar sem por em causa os recursos naturais de que ainda dispomos. Com a
vantagem adicional de contribuirmos para minorar o problema dos resíduos que nos
contaminam o ambiente.

Em tempos antigos, a reciclagem de materiais de construção era uma prática corrente.


Essa reciclagem envolvia quase todos os elementos construtivos e materiais
utilizados. Quando uma muralha ou templo perdiam a sua função, utilizavam-se as
suas cantarias e demais elementos na construção nova.
Contudo com o advento da industrialização e do consequente processo de
crescimento populacional e urbano, a indústria da construção abandonou estas
práticas. Apesar deste grande desprezo com que os materiais resultantes das
demolições eram encarados pela indústria, ainda existia uma tradição residual de
reciclagem, nomeadamente ao nível dos materiais com valor comercial mais elevado,
como o ferro, o alumínio, o cobre e o chumbo.

Hoje em dia essa postura de encarar os desperdícios como uma consequência normal
dos métodos de produção está a desaparecer. Por um lado, devido ao aumento dos
custos de matérias-primas e energia ligados à transformação, armazenagem e
transporte dos materiais utilizados e, por outro lado, devido à exaustão dos recursos
naturais e energéticos. Este aumento de custos de produção leva a que muitos
materiais que não tinham valor económico passem a ser apelativos de um ponto de
um ponto de vista económico.

Outro factor determinante nesta alteração é a aplicação, cada vez mais intensa, por
partes dos governos do princípio do poluidor e da política dos RRR (Reduzir,
Reutilizar, Reciclar). Para além das desvantagens económicas e operacionais que a
penalização regulamentar impõe, a existência de resíduos é encarada como indicador
do grau de eficiência e competitividade das indústrias e isso tem forte reflexo na sua
capacidade de atrair investidores e clientes.

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Fig.- 9- Plastic House, Tokio, Kengo Kuma, 2005. A paleta que os eco-materiais nos fornecem é enorme, isso permite
desenvolver numerosas e diversas respostas na sua utilização. Neste caso Kenso Kuma constrói um ensombramento e
recobre a cobertura com granulado de plástico reciclado. O plástico reciclado é um dos muitos eco materiais que temos
ao nosso dispor. Fonte: http://www.kkaa.co.jp

Fig.- 10, Atelier, Quito, Equador, Arq. David Moreno. O aproveitamento das madeiras provenientes de demolição traz
as complexidades expressivas do tempo à obra. O contraste entre o novo e o antigo constrói riqueza expressiva. Fonte:
www.archdaily.com

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Hoje a paleta de materiais reciclados com que podemos construir aumentou
significativamente. Quer ao nível dos materiais tradicionalmente reciclados, como o
ferro e o alumínio entre outros, que viram a sua percentagem de reciclagem
aumentarem vertiginosamente, no caso de aço para a construção civil a percentagem
de material incorporado situa-se nos 80% (Gervásio 2008), quer ao nível dos produtos
derivados de novos processos de reciclagem, como é o caso do vidro e dos plásticos.

Por outro lado, encontramos no mercado uma oferta cada vez maior de empresas que
separam e revendem elementos de construções demolidas, desde portas, vãos,
pavimentos em madeira, antigas coberturas, vigas de madeira etc. Estes elementos
são residuais no nosso mercado mas permitem encontrar soluções onde podemos tirar
partido expressivo da antiguidade desses materiais utilizando estratégias de projecto
que aproveitam o Re-use como característica expressiva.

A principal vantagem expressiva que o Re-use de materiais pode trazer à arquitectura


que projectamos reside na história que lhes está inerente, desse modo juntamos
novos significados expressivos à narrativa que são os nossos projectos.

Um segundo grupo de materiais reciclados que tem vindo a crescer no nosso mercado
de materiais de construção são os materiais derivados de resíduos de produtos de
grande consumo. Este conjunto de materiais é resultado da separação e recolha
desses resíduos, que posteriormente são transformados em novos produtos. Esses
materiais resultantes da transformação dos resíduos do papel, das embalagens (Tetra
Pack, PET etc.), dos resíduos da indústria de madeira, de têxteis fora de uso, de
resíduos sobrantes das pedreiras e das indústrias exploradoras, etc., e que hoje em
dia são hoje em dia utilizados como matéria-prima de novos materiais de construção,
originam toda uma recente panóplia de soluções que responde às mais diversas
solicitações da construção.

Desde materiais de isolamento térmico que diminuem a utilização de produtos


petrolíferos e requerem menos recursos energéticos (papel e têxteis projectados, lã de
vidro vinda da reciclagem do vidro, etc.), a pavimentos técnicos (aproveitamentos da
borracha de pneus para parques infantis, decks e pavimentos sobrelevados derivados
da reciclagem de plásticos, numerosos inertes com as mais diversas origens, etc.),
passando por elementos de mobiliário urbano, blocos de construção, tijolos e painéis
que aproveitam resíduos de madeira e da indústria agrícola entre outras numerosas
aplicações.

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Fig.- 11 The Ricyclops, Utrech, Holanda, 2012 Architeten. Aproveitamento de cubas de cozinha provenientes de
demolição para a construção de depósito de aproveitamento de águas pluviais. Fonte: http://www.2012architecten.nl

Fig.- 12 Platoon Kunsthalle, Seul, Coreia do Sul, 2009 Platoon+ Graft Architects. Passada uma vida útil de 20 anos, os
contentores marítimos normalmente são desactivados. Hoje em dia encontramos cerca de 20 milhoes de contentores
desactivados à espera de uso. Este centro cultural, construído recorrendo a 28 contentores ISO High Cube
devidamente recuperados, demonstra como o desenho arquitectónico consegue trazer novos significados e usos aos
desperdícios da sociedade de consumo. Este é apenas um dos muitos exemplos de arquitectura que recorre a estes
elementos, que constroem arquitecturas de emergência, residências de estudantes, habitações e muitos outros usos
com as mais variadas expressões. http://www.archdaily.com/27386/platoon-kunsthalle-graft-architects/

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Dentro deste tipo de materiais destacamos os plásticos, pois a sua versatilidade e
capacidade de reaproveitamento é enorme, onde do mobiliário urbano, às coberturas,
à exploração das suas capacidades como elemento portatante, passando pela sua
utilização como película em estruturas geodésicas, ou pelo seu uso como enquanto
inerte. Uma das grandes vantagens dos plásticos reciclados reside na sua
durabilidade. A outra vantagem dos plásticos reciclados deve-se ao facto de
necessitarem de pouca manutenção ao longo da sua vida útil tornando o seu ciclo de
vida muito concorrencial. Veja-se o caso dos decks ou do mobiliário urbano: se forem
realizados em madeiras exóticas, vão contribuir para a destruição de florestas e
habitats tropicais que se encontram muito delapidados e em grande perigo, para além
do mais, estas madeiras necessitam de manutenção, habitualmente realizada através
da utilização de óleos e vernizes, cujos processos de fabrico são fortemente
poluidores. Utilizando decks e mobiliário urbano de plástico reciclado, tem-se um
material que reduz o problema dos resíduos, não destrói floresta tropical, e tem um
ciclo de vida muito eficiente, pois não necessita de manutenção.

Neste grupo de materiais, os materiais derivados da reciclagem de resíduos, existe


uma contínua investigação e a cada ano que passa os materiais que nos são
oferecidos pela indústria não pára de aumentar. A utilização destes materiais tem uma
mais-valia enorme, pois diminui o nosso grau de desperdício substancialmente e
permite que estes materiais possam ser reutilizados múltiplas vezes sem esgotar as
nossas reservas de recursos naturais

Existe ainda um terceiro grupo destes materiais reciclados que prima pela
experimentação e pela busca de novas soluções. Este grupo de materiais tem como
principal particularidade o facto de utilizar os resíduos directamente sem nenhuma
transformação industrial. Vamos passar a designá-los Miss-use de materiais
directamente reciclados.
Neste grupo de materiais podemos encontrar algumas das soluções mais imaginativas
e surpreendentes com que os arquitectos e construtores nos têm brindado. A
reutilização de contentores marítimos, a utilização de tubos de cartão, a construção
em papel e utilização de garrafas de plástico são alguns dos modos como que se tem
marcado a procura de aproveitamento para os resíduos que a sociedade actual
produz. Esta reutilização e adaptação, sem a intervenção de processos industriais de
transformação, têm especial relevância, pois na maioria dos casos ela revela uma
grande capacidade de reformulação dos princípios de construção.

15
Fig.- 13- Pavilhão Vasarely, Aix-en-provence, 2006, de Shigeru Ban. A utilização de materiais reciclados marca a obra
de Shigeru Ban de modo notável, neste caso vemos o aproveitamento de tubos de cartão, resíduos de cartão da
indústria têxtil.

Fig.- 14- Plasticamente, Riccardo Giovaneti, 2009. Discos e pratos em plástico reciclado, constroem uma cúpula quase
fechada. Contudo as transparências que restam entre os elementos, criam uma tensão que convida ao usufruto do
espaço. Fonte: http://www.contemporist.com

16
Estas construções constituem casos emblemáticos na capacidade de redesenhar um
material conferindo-lhe novos usos e significados expressivos. Mais, com estas
estratégias de reutilização de materiais provenientes directamente de reciclagem, a
obra ganha uma vantagem inédita, a surpresa das coisas novas, pois no seu
reaproveitamento, este materiais ganham materialidades surpreendentes.

2.3-OS MATERIAIS DE NOVA TECNOLOGIA.

Face às necessidades actuais de mitigar a crise ambiental, a comunidade científica


tem desenvolvido novos materiais e novos métodos de adaptação de produtos
existentes. Deste modo começa a estar ao dispor da indústria da construção de toda
uma série de novos materiais amigos do ambiente. Estes materiais são em parte
resultado de um apuramento de materialidades existentes no mercado, substituindo
produtos já existentes. Simultaneamente, começam a existir produtos amigos do
ambiente que nos proporcionam respostas radicalmente novas face às solicitações
dos dias que correm.

Sumariamente podemos distinguir dois campos de resposta em que estas novas


materialidades se têm distinguido. Temos a optimização de produtos tradicionais de
construção, em que um produto habitualmente poluente e gastador de recursos
energia, vê a sua configuração alterada de modo a tornar-se amigo do ambiente. Por
outro lado temos novos produtos que são criados de raiz de modo a responder a
novas solicitações que são identificadas.

No campo do melhoramento das tecnologias existentes aparecem numerosos


avanços, sendo um dos mais significativos, pois trata-se de um material que edifica a
maior parte da edificações e infra-estruturas do mundo inteiro, o cimento Portland, que
com a aplicação de novas tecnologias de sequestro de carbono deixa de emitir 900k
de CO2 por tonelada de cimento, para passar a ser um material com carbono neutro
(Calera 2010). Esta estratégia passa na maior parte dos casos pela alteração de
processos de produção, reduzindo os gastos energético e diminuindo a utilização de
matérias-primas e tornando-os mais eficientes, quer mecânica quer termicamente.
Caso paradigmático destas estratégias são as alvenarias cerâmicas, o vulgar tijolo,
existindo numerosas investigações que tentam melhorar a sua eficiência.

17
Fig.- 15 Solar Ivy, Smit- Sustainable Design, 2009. A Solar Ivy é um novo modo de produção de energia solar por
através de elementos foto voltaicos. Composto por numerosas células individuais, com os elementos foto voltaicos e
circuitos eléctricos impressos em folhas de Polietileno reciclado, com um baixo custo económico e um impacto
ambiental mínimo. Este material comporta-se de um modo flexível, mimetizando as folhas de uma hera, pode ser
disponibilizado com vários graus de transparência e em várias cores. Tem ainda como vantagem adicional o seu baixo
custo e a possibilidade de se substituir as folhas que se danificam. Expressivamente, este material reage às correntes
de ar, provocando efeitos cinéticos surpreendentes. Fonte: http://solarivy.com/#

Fig.- 16 Thermeleon. Um novo material de revestimento, desenvolvido pelo MIT, que pode ser aplicado em telhas ou
em vidro, permite controlar os ganhos solares térmicos alterando a sua coloração. Na fotografia temos o exemplo da
telha. No caso do vidro, a baixas temperaturas o material fica transparente, permitindo ganhos térmicos no interior,
tornando-se opalino quando a temperatura aumenta, reflectindo o calor desse modo. Fonte:
http://www.guiadastecnologias.com/index/2009/12/04/telhas-thermeleon-mudam-de-cor-para-regular-a-temperatura-no-
interior-da-casa/

18
Desde a produção e tijolo utilizando gás natural, menos poluente que os fornos
eléctricos, muito dependentes das centrais térmicas, pois o gás natural emite muito
menos gases de efeitos de estufa (Ceranor 2010), passando pelo redesenho da sua
estrutura de modo a melhorar a sua eficiência térmica e mecânica, até ao fabrico de
tijolos utilizando cinzas provenientes de centrais térmicas, o que aumenta a suas
características físicas e térmicas, sequestrando carbono e evitando as explorações de
barro que destoem a camada superior do solo fértil. (Kayali 2008).

Uma outra tendência nos materiais de nova tecnologia provém da nano tecnologia, a
manipulação a nível molecular permite o desenho de produtos de modo inovador. O
desenho da materialidade adquire assim novo significado, nunca antes na história da
humanidade tivemos tecnologia que nos permitisse criar produtos tão eficientes.
Habitualmente a noção que temos de nano tecnologia não entra no léxico habitual do
fenómeno arquitectónico.

Hoje com a nano tecnologia podemos ter tintas e vernizes ecológicos, com
especificações únicas, e com ciclos de vida mais prolongados (rubiomonocoat 2010).
Interessa também aos materiais que possam alterar as suas materialidades de acordo
com as condições climáticas, por exemplo as tecnologia Thermeleon, desenvolvida no
MIT, que permite a alteração cromática de um gel. Essa alteração caracteriza-se pelo
facto de a altas temperaturas exteriores a cor do material ser branca,
consequentemente reduzindo a sua capacidade de acumular calor, quando a situação
se inverte, e as temperaturas exteriores ficam frias, o material passa a cor negra,
acumulando energia e calor (MADMEC, et al. 2009), estando vocacionada para ser
aplicada em coberturas, nomeadamente em telhas, ou em vidros, regulando trocas
térmicas que os envidraçados efectuam com o interior das construções

As nano tecnologias têm como grande virtude uma outra característica, a partir do
momento em que podemos manipular as moléculas para criar materiais, podemos
estudar os materiais naturais e observar o modo como eles respondem às diversas
solicitações. Qualquer estrutura ou material natural responde a especificações
exactas, nunca desperdiçando recursos ou energia. Com a nano tecnologia e atitudes
de desenho bio miméticas, podemos tentar replicar essa eficiência para materiais e
estruturas desenhadas pelo homem. Estas linhas de investigação prometem materiais
revolucionários, materiais que vão alterar o desenho arquitectónico das coisas.

19
Fig.- 17 PORO, Arq. Miguel Veríssimo. Estudo de material bio mimético, utilizando nano tecnologia, de modo a
comportar-se como a pele humana, reagindo às necessidades energéticas da edificação. Poderá vir a ser utilizado na
câmara-de-ar dos vidros duplos ou como revestimento. Fonte: http://www.revarqa.com/uploads/docs/dossier/78-79-
Dossier.pdf

Fig.- 18 Monocoque, Arq.Neri Oxman. Bio mimetismo. O principio na esquerda, o osso humano, e o protótipo na
direita. O osso humano distribui a sua densidade e flexibilidade à medida das solicitações, Neri Oxman propõe replicar
a mesma performance utilizando dois materiais distintos, a negro o material rígido e a branco o material flexível. Esta
Arquitecta lidera projectos de investigação para a criação de materiais de nova tecnologia, socorrendo-se de algoritmos
e tecnologias de ponta. Através destas investigações procura uma hiper-modernidade que replique a sofisticação com
que natureza responde às mais diversas solicitações. Fonte: http://www.materialecology.com/

20
Esta tendência de ir procurar respostas nas soluções que a natureza gera na sua
infinita criatividade, tem permitido a abertura de múltiplas linhas de investigação, não
só no desenvolvimento de novas materialidades, mas também na procura de novas
soluções arquitectónicas. As possibilidades que estas estratégias abrem já estão a ser
exploradas pelos arquitectos: podemos referir as investigações do Arq. Miguel
Veríssimo (Premio BES Inovação 2007) que procura desenvolver uma parede
inspirada na pele humana, PORO (Verrissimo 2010), onde os poros serão substituídos
por células reguladoras de ventilação e de ganhos solares. Outros arquitectos levam o
desenvolvimento destas noções ao nível dos próprios conceitos da matéria,
procurando atingir novos paradigmas arquitectónicos, como a arquitecta Nery Oxman,
que explora a hiper-modernidade do fenómeno arquitectónico, criando novos
materiais, que resultam da adaptação do desenho de materiais naturais ao nível do
seu desenho estrutural. (Oxman, http://www.materialecology.com/ 2010).

Com a implementação de novas tecnologias o nível de eficiência ecológica do


edificado tenderá a aumentar. As soluções matéricas que estas materialidades
originam prometem grandes alterações na arquitectura dos dias que virão. E não se
trata apenas de uma simples substituição de materiais, onde matérias menos
eficientes são substituídas por materiais mais eficientes, trata-se acima de tudo de
uma alteração radical no modo como o edificado se relacionará com a sua envolvente
e com o ser humano. O edificado deixará de ser um ser inanimado e passará a
aproximar-se, em termos de conceito e performance, de um ser biológico que reagirá
com a sua envolvente do mesmo modo que os seres vivos. Esta constituirá
provavelmente uma das maiores alterações de conceito com que o fenómeno
arquitectónico alguma vez se deparou. Sendo portanto de esperar novas e excitantes
arquitecturas num futuro.

2.4-OS MATERIAIS BIO-CONSTRUIDOS.

Uma das facetas mais interessantes que tem surgido nas últimas décadas da
arquitectura mundial tem a ver com a utilização de elementos biológicos na
construção. A presença de elemento naturais na construção de edifícios tem vindo a
aumentar progressivamente.

21
Fig.- 19 Ford Rouge Centre, Dearborn, Michigan, William McDonough, 1998. Projecto de reconversão da Ford Motor
Company, onde, por proposta do Arq, William McDonough, a cobertura do principal edifício fabril, foi ajardinada com
plantas autóctones. Para além dos enormes ganhos económicos decorrentes das poupanças energéticas, verificaram-
se ganhos consideráveis na qualidade do ar e das aguas pluviais e culminando essa experiência, verificou-se que a
cobertura passou a ser utilizada por numerosas espécies para nidificação. Aqui temos um ninho de ave que nidificou,
apenas 5 dias após a conclusão da obra. Fonte: www.mcdonoughpartners.com

Fig.- 20 La Caixa, Madrid, Herzog de Meuron, 2007. A utilização de elementos bio-construídos, neste caso um jardim
fachada, para além de aumentar as capacidades bioclimáticas do imóvel, e acrescentar biomassa às zonas urbanas,
contribui significativamente para expressividade deste projecto. Os contrastes entre o aço Corten, a alvenaria de tijolo e
a fachada verde alteram a lógica habitual do objecto arquitectónico. Fonte: www.swissmade-architecture.com

22
Em primeiro lugar temos de apontar o enorme sucesso que as coberturas ajardinadas
têm vindo a conquistar, quer pela vontade dos promotores e projectistas em aumentar
a eficiência bioclimática dos seus edifícios, quer pela sua vontade em devolver solo à
natureza, compensando-a assim pela perda de solo natural em favor da construção.
Existe ainda um aumento da qualidade do ar exterior assim como uma diminuição da
temperatura circundante, quando comparada com uma cobertura clássica. Este tipo de
coberturas têm cumpre igualmente uma importante função como armazenadora de
águas pluviais, retendo cerca de 30% do seu volume na terra, e contribuindo para a
sua filtragem para posterior utilização em sistemas secundários de água canalizada
(regas e águas sanitárias) ou para reabastecer lençóis freáticos exauridos.

Estas estratégias dispõem igualmente de uma resposta para as fachadas dos


edifícios, a das fachadas verdes. Como no centro cultural La Caixa em Madrid de
Herzog & de Meuron, estas fachadas permitem igualmente reforçar a qualidade do ar
exterior, diminuir temperaturas na proximidade do edifício, melhorando a eficiência
térmica e acústica do edifício e reter águas pluviais (www.biotecture.uk.com 2010).
Existe ainda um valor intrínseco à utilização destes elementos biológicos no exterior
dos edifícios, e esse valor reside no facto que estas estratégias estarem a devolver
espaço à natureza..

O mesmo se passa em relação aos interiores dos edifícios, onde a presença de


plantas pode contribuir significativamente para a qualidade do espaço tornando assim
o seu interior muito mais agradável e saudável para os seus utilizadores. A utilização
destas estratégias, para além da sua agradabilidade, tem resultados práticos muito
eficientes ao nível da climatização interior e da qualidade do ar, diminuindo os custos
energéticos dos sistemas de ventilação e de climatização.
A bio-construção tem em si um paradigma novo, ao longo dos séculos cada vez que o
ser humano urbanizava uma zona, esta deixava de albergar habitats naturais. Hoje em
dia, com a utilização de elementos bio construídos, sejam coberturas ou fachadas,
podemos começar a devolver à natureza espaços que lhe eram interditos. Deste modo
com e através destas técnicas podemos contribuir para uma regeneração dos habitats.
Basta lembrarmo-nos que a vida está assente no ciclo do carbono. Cada ser vivo, ou
habitat funcional é um reservatório de carbono. A implementação de sistemas que
multipliquem a proliferação de seres vivos retira carbono da atmosfera e contribui para
a sustentabilidade trazendo uma nova expressividade no fenómeno arquitectónico, e
essa nova expressividade é o retorno da natureza à coisa construída.

23
Fig.- 21 Institut for Forest na Nature Research, Wageningen, Holanda, Günther Behnisch, 1998. A utilização de
elementos vegetais no interior do edifício contribui para melhorar significativamente a qualidade do ar, o que, aliado ao
grande pátio central arquitectónico, contribui para optimizar a performance bio climática do projecto.
Fonte: www. www.behnisch.com

Fig.- 22 Diagrama das diferentes famílias de eco materiais.

24
3. -Conclusão

A utilização cada vez mais frequente de eco materiais é consequência de múltiplas


solicitações, desde as crescentes necessidades motivadas pelo aumento populacional,
à expansão dos níveis de conforto e consumo originados pelo incremento da
industrialização, passando pela globalização dos processos de consciencialização
ambiental, grandemente alicerçados pela evidência da crise climática e profundamente
reforçados pelas consequências económicas da progressiva exaustão dos recursos
naturais e energéticos.

A implementação do uso de eco materiais é igualmente consequência da capacidade


humana em responder aos desafios de um modo imaginativo. Este uso da criatividade
humana para resolver desafios, não nos conduz apenas a novas soluções matéricas,
mas leva-nos a reutilizar técnicas ancestrais. Esta capacidade de reutilizar e inventar
soluções, consubstancia uma resposta em termos das materialidades construtivas,
muito próxima daquilo que tem sido a resposta global às consequências da crise
ambiental.

Sucintamente, encontramos cinco situações distintas: em primeiro lugar podemos


constatar que numerosos eco materiais não trazem novas expressividades no seu uso
no fenómeno arquitectónico pois eles resultam de um update tecnológico de materiais
tradicionais de construção, sendo que essa actualização tecnológica não alterou as
características perceptíveis das matérias originais. Uma alvenaria cerâmica que utilize
uma cozedura energeticamente eficiente, ou cujas matérias-primas provenham de
reciclagem, não se apresenta uma expressividade distinta das alvenarias cerâmicas
menos eficientes de um ponto de vista sustentável. O mesmo se passa em relação a
numerosos outros materiais como o vidro, o alumínio o aço ou betão. Contudo, apesar
da expressividade visual e da textura de tais materiais não se distinguir dos originais, a
sua utilização é elemento significante. Essa significância é atingida porque na
conceptualização da obra, a importância de projectar tendo em mente um futuro
melhor foi considerada, e isso é factor de enriquecimento da complexidade e
expressividade do projecto e da obra.

Outra estratégia de utilização dos eco materiais tem sido caracterizada pela
recuperação da utilização de materiais ditos vernaculares. Esta reabilitação no uso de
materiais vernaculares tem assentado na essência comum de todas as arquitecturas
vernaculares. Todas as arquitecturas vernaculares são por norma arquitecturas
alicerçadas na escassez de recursos e profundamente embrenhadas no seu habitat. A
eficiência com que as arquitecturas tradicionais e vernaculares lidam com essa

25
Fig.- 23 Diagrama da expressividade do eco materiais vernaculares.

Fig.- 24 Diagrama da expressividade do eco materiais reciclados.

26
escassez, quer por via da sua eficácia bioclimática, quer por via do uso regrado com
utilizam os materiais, tem sido inspiradora de respostas sustentáveis para a
problemática da construção.

Esta classe de materiais tem uma expressividade peculiar, pois a sua proximidade
com o meio, enfatiza sua ligação ao habitat onde se inserem. Esta relação de
adjacência com o habitat envolvente, aliada a uma eficiência espartana na utilização
de recursos naturais, fornece às obras construídas com os eco materiais vernaculares,
uma característica única, elas constroem-se colaborando com a terra.

Neste caso a eficiência expressiva dos eco materiais vernaculares também é


reforçada por motivos culturais. A utilização de matérias habitualmente associadas a
um passado, que no nosso imaginário colectivo era tempo de harmonia perdida,
reforça na nossa percepção, a vontade de criar um futuro que recupere essa harmonia
perdida. Pelos motivos atrás expostos os eco materiais vernaculares constroem
expressividades significantes, marcando a imagem das construções que o utilizam de
um modo fortíssimo.

Em terceiro lugar, em alguns dos eco materiais reciclados, como na utilização para
construção de garrafas PET, reaproveitamento de contentores, ou na reutilização de
materiais reciclados de construção, como na utilização de madeiras antigas ou no
aproveitamento genérico de elementos reciclados de construção, podemos presenciar
duas classes de expressividades diferentes. A utilização de resíduos da sociedade de
consumo aproveitados como recursos para construir sem processamento industrial,
Miss-use, descobrimos imaginativas soluções construtivas. Sendo que estas adquirem
um carácter totalmente novo, pois a sua utilização é recente a sua utilização
arquitectónica, e as soluções encontradas proporcionam a surpresa das coisas quase
novas. Digo quase novas pois desde meados do Sec XX numerosos artistas plásticos
já exploravam este tipo de expressividade.

Por outro lado a utilização de resíduos de construção, pavimentos, caixilharias,


alvenarias, etc., não sendo fenómeno recente, Re-use, aporta à obra a complexidade
da passagem do tempo de alguns dos elementos nela utilizados, atingindo assim a
obra, uma complexidade acrescida que multiplica a expressividade com que obra
dialoga com o homem.

Em quarto lugar verificamos que expressividades fortíssimas são atingidas pelos


materiais de nova tecnologia. Em boa parte, essas expressividades, por mais
paradoxais que se possam apresentar, são atingidas porque esses materiais
mimetizam processos naturais. A adopção destes processos, quer seja ao nível da sua
estrutura, muitas vezes inspirada em elementos biológicos, quer pela adaptação com

27
Fig.- 25 Diagrama da expressividade do eco materiais de nova tecnologia.

Fig.- 26 Diagrama da expressividade dos bio materiais.

28
que reagem às condicionantes atmosféricas, regulando a sua forma, cor ou estrutura
interna para proporcionarem níveis de conforto e segurança adequados aos seus
utilizadores é resultado de investigações, onde a tecnologia que é desenvolvida
reflecte um reconhecimento e valorização dos processos que a natureza nos oferece.

Com a utilização destes novos materiais, que devido à sua capacidade de adaptação
às necessidades, minimizam a utilização de recursos e de energia, atinge-se níveis de
expressividade singulares. Por um lado, e em simultâneo, eles afirmam a sua
sofisticação tecnológica, materializando o engenho do ser humano em resolver os
problemas e inovar, por outro lado, pela sua eficiência e respeito pelo ambiente, eles
afirmam a vontade de construir um futuro melhor.

Em quinto lugar, temos o caso singular dos materiais bio-construídos, que se


distinguem de toda a construção tradicional, pois a matéria construtiva não é
manufacturada, ela é cultivada, logo é ser vivo. A sua principal característica
expressiva reside na incorporação de elementos biológicos na artificialidade da
construção. Estes elementos quando cultivados, começam por constituir uma espécie
de jardins ou cultura de inegável artificialidade, mas pouco tempo depois da sua
cultura, estes espaços são rapidamente apropriados por numerosas espécies, criando
assim ecossistemas autónomos, onde a vida floresce.

Esta característica altera o paradigma da construção, pois por norma cada vez que
edificávamos, retirávamos espaço ao entorno natural ou agrícola. E essa alteração de
modelo, é per sí, uma expressão grandiloquente, profundamente revolucionária no
modo como encaramos o fenómeno arquitectónico, sendo uma das respostas mais
expressivas e significantes que o campo dos eco materiais nos apresenta.

A variedade com que nos podemos expressar utilizando eco materiais, criando
arquitecturas plenas de emoções e significados é quase ilimitada. A sua variedade
ultrapassa a multiplicidade dos materiais não ecológicos, muitos eco materiais
ultrapassam igualmente as solicitações dos materiais não ecológicos. Mas a
derradeira diferença, encontra-se na capacidade dos eco materiais nos possibilitarem
a esperança de continuar a construir sem exaurir recursos. Esta é, em última análise,
a grande expressividade dos eco materiais. A sua utilização permite-nos projectar
obras complexas de expressividade que reflectem a formação humanista dos
arquitectos, pois no conceito do projecto e da obra, encontramos a vontade de
respeitar as gerações que virão.

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