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Lucro sustentável

Na ordem do dia, o Desenvolvimento Sustentável transforma o perfil das empresas e oferece


ótimas oportunidades para interessados em contribuir para um mundo mais justo.

A sustentabilidade entrou definitivamente na agenda das empresas que atuam no País e já é percebida como fator
essencial na relação delas com os diversos públicos de interesse". A afirmação consta na pesquisa "A cadeia da
sustentabilidade - Uma pesquisa sobre visões e práticas de empresas brasileiras que impactam o futuro do planeta",
realizada em abril pela consultoria empresarial Deloitte Touche Thomatsu, com 115 empresas que atuam no Brasil.

Do total das organizações analisadas, 47% apontaram que sua atividade principal impacta diretamente o meio
ambiente (53% são do setor industrial). No entanto, 78% das empresas pesquisadas adotam práticas de
sustentabilidade, como a reciclagem de resíduos, sendo que 80% delas garantem separar os materiais gerados
dentro da própria organização.

Para o sócio-líder para a Indústria de Consumo, Varejo e Transporte da Deloitte, Altair Rossato, a pesquisa mostra
que a crise econômica não causou impacto nas decisões de investimento das empresas em relação às suas ações
sustentáveis, o que era temido quando a crise foi deflagrada em 2008. Pelo contrário, 19% das entrevistadas
afirmaram que a crise teve um efeito positivo no investimento delas em sustentabilidade. "Esse resultado sinaliza
que o consumidor está revendo a gama de produtos a serem comprados e, assim, a sustentabilidade passa a
constituir um dos itens avaliados na escolha do produto", explica Rossato.
Segundo ele, a tendência é que cada vez mais as organizações otimizem suas cadeias produtivas com foco na
redução de custos e no aumento dos impactos positivos de práticas sustentáveis. A constatação abre um
precedente cada vez mais evidente no mundo dos negócios: está interessante investir na criação de empresas que
ofereçam produtos ou serviços ecologicamente e socialmente corretos no mercado. "Os negócios sustentáveis,
ecologicamente corretos e o mercado limpo são novos nichos de mercado e apresentam franca ascensão no
mundo.

Acredito que cada vez mais a sociedade irá precisar de alternativas não poluentes, de produtos certificados e
ecologicamente corretos para cumprir a sua parte na construção de um mundo mais saudável e igualitário. Portanto,
sem sombra de dúvidas, é muito interessante investir em negócios que atendam essas necessidades", afirma a
diretora da Setor 3 Consultoria, empresa especializada em gestão corporativa, responsabilidade socio-ambiental e
gestão de organizações do Terceiro Setor, Janaína Nogueira Muller.

O que é um negócio sustentável?

De acordo com ela, não existe uma fórmula ou um modelo que possa traduzir com precisão o que seja um negócio
sustentável. No entanto, um empreendimento pode ser considerado sustentável quando, além de considerar os
impactos das suas atividades na sociedade, visam a minimizar ou até neutralizar, os possíveis impactos negativos
em toda a sua cadeia produtiva, sejam eles ambientais ou sociais. "Em minha opinião, o desenvolvimento de
negócios alinhados ao conceito de sustentabilidade derivam atualmente da consciência dos novos líderes que estão
à frente dos empreendimentos, além, é claro, de uma sociedade cada vez mais consciente com o meio ambiente",
diz.
"Os negócios sustentáveis, ecologicamente corretos e o mercado limpo são novos
nichos de mercado e apresentam franca ascensão no mundo"JANAÍNA NOGUEIRA MULLER,
DIRETORA DA SETOR 3 CONSULTORIA

Para Janaína, esses novos líderes são profissionais que sabem que precisam apresentar resultados positivos não
apenas em relação à rentabilidade de seus negócios, mas também quanto ao desenvolvimento de suas atividades
com o mínimo impacto para as necessidades das futuras gerações. Ou seja, sem comprometer os recursos naturais.

"Acredito que uma empresa, para afirmar que desenvolve um negócio sustentável, precisa, acima de tudo, ter uma
postura transparente frente a todos os seus estakeholders, informando de forma clara como e de que forma eles
devem desenvolver suas atividades", diz Janaína.

De acordo com ela, os balanços sociais e ambientais das empresas são instrumentos bastante úteis para
demonstrar a todos os públicos as ações sustentáveis de uma empresa. Mas que é preciso estabelecer as
diferenças entre negócios sustentáveis de produtos e empreendimentos sustentáveis.

"Posso dizer que os resultados são os melhores possíveis, o que me estimula cada vez
mais a divulgar nosso trabalho, pois, acima de tudo, temos certeza de que estamos
contribuindo para o desenvolvimento sustentável do País" - FRANZ W. SILVA SOUZA,
PROPRIETÁRIO DA MS AMBIENTAL

O primeiro está ligado a empresas que, independentemente da sua atividade fim, produzem mais, consumindo
menos recursos e, principalmente, causando menos impactos sociais e ambientais nessa atividade. Boa parte das
montadoras de carros, por exemplo, inscrevem-se neste segmento.

Por outro lado, existem as chamadas empresas "verdes", que não apenas se comprometem com o desenvolvimento
sustentável, mas têm como atividade fim produtos ou serviços derivados de processos limpos ou meios
sustentáveis.

Um exemplo disso são empresas que já se especializaram no recolhimento de resíduos recicláveis para o
beneficiamento em novos produtos de consumo. "São empresas que utilizam biodiesel na sua frota de veículos,
recolhem e reciclam produtos coletados no próprio estabelecimento e usam todo esse processo para transformar os
resíduos em novos produtos para comercialização", explica a consultora.

Ecowood - a madeira de plástico

Em 2005, o empresário Marcelo Queiroga deixou de ser um empreendedor do mercado financeiro para se inscrever
entre os empresários que desenvolvem negócios "verdes".

Na época, cada vez mais ele via as altas somas em dinheiro disputadas nas bolsas de valores se concentrarem nas
mãos de alguns poucos grupos financeiros de grande porte, enquanto as corretoras de ações menores, como a sua
empresa, brigavam por "migalhas no canto do prato".

Ao lado de um amigo, Queiroga resolveu apostar em algo novo. "Juntamos nossas frustrações e resolvemos partir
para um empreendimento que, antes de tudo, fosse motivo de orgulho tanto para nós, empresários, quanto para os
clientes", conta ele.

 
 

Surgia assim a Ecowood Rio, empresa carioca que fabrica mobílias com polímeros reciclados que imitam a madeira
tradicional, feitas a partir de resíduos que normalmente não são usados pela reciclagem convencional, como
pedaços de tapete, fraldas descartáveis, trapos de pano, além de um mix de fibras naturais, como borras de café,
serragem, coco, sisal e algodão.

Um dos diferenciais mais interessantes do produto é que as tradicionais garrafas PET e os tubos de PVC não
servem para o processo de produção. "Utilizamos um 'mix' de plásticos que compõem em torno de 65% a 80% do
produto, cuja diferença é complementada com as fibras, e corante, se for o caso. Dependendo do processo, os
resíduos são moídos juntos ou separadamente", explica Queiroga.

Produtos ecológicos: a onda do momento

Mas lançar produtos ecológicos no mercado não é garantia de negócio, e o empresário explica que não foi fácil
emplacar a Ecowood. Em meio a tantas novidades e promessas de que novos produtos são melhores e mais
ecológicos do que os outros, fica difícil para as empresas avaliarem seu interesse por algo novo.

Ao levar a Ecowood para uma feira de logística em 2006, seu objetivo era atrair clientes para a compra de pallets
(estrado de madeira ou plástico, usado para empilhar e transportar materiais com empilhadeiras) feitos com a
madeira ecológica. "Nosso objetivo era propor a utilização dos resíduos do comprador para transformálos em
madeira plástica, que seria beneficiada no formato dos pallets ou outros produtos. Ou seja, queríamos transformar
um passivo ambiental em ativo patrimonial. Esse era o nosso apelo mais forte, no entanto, todos os visitantes em
que tal abordagem foi feita diziam, já saindo de lado, não ter resíduos", conta.

Persistente, no ano seguinte, a empresa voltou à mesma feira e mostrou na prática o que era o Ecowood.
"Colocamos frascos com os insumos que utilizamos na própria confecção do nosso estande, como a borra de café,
pedaços de tapetes, fraldas, etc. Foi o maior sucesso! Cerca de 85% dos visitantes nos procuraram dizendo que
estavam justamente buscando um destino correto para esses resíduos", afirma.

Atualmente, com parcerias com a Kimberly Clark, Tapetes Carlos, Café Iguaçú e Vicunha Têxtil no fornecimento de
resíduos e o beneficiamento em pallets e outros produtos, a madeira ecológica está atraindo também o interesse de
arquitetos e empresas de engenharia interessados no seu uso para o mobiliário urbano e residencial, como decks,
piers, móveis de jardim, cercas, pallets industriais, quiosques, entre outros produtos.

"O consumidor está revendo a gama de produtos a serem comprados e, assim, a


sustentabilidade passa a constituir um dos itens avaliados na escolha do produto"
ALTAIR ROSSATO, SÓCIOLÍDER DA DELOITTE TOUCHE THOMATSU

No entanto, Queiroga afirma que ainda está longe de atingir seus objetivos enquanto empresário ecologicamente
correto. "Ainda temos dificuldade para trabalhar com os resíduos, mas consideramos que a demanda do nosso
produto é enorme. Se considerarmos o mercado de madeira para o uso na construção civil, indústrias, logística e
outros, temos um mercado de bilhões de reais à nossa frente", diz.

Vale dizer que a Ecowood atende a Norma Internacional de Medida Fitosanitária nº 15 (NIMF-15), publicada pela
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em 2002, cujo objetivo é impedir a disseminação
de pragas florestais por meio de pallets e caixas de madeira usadas para o acondicionamento de produtos agrícolas
e alimentícios. A NIMF-15 isenta as empresas cujas embalagens, suportes e material de acomodação de outros
produtos sejam de outro material (plásticos, papelões, fibras, etc) que não a madeira convencional. Mais um
diferencial que a madeira ecológica oferece.
Para Queiroga, entrar no mercado de produtos sustentáveis significou uma escolha rentável e de grande orgulho,
pois ele sabe que seu trabalho tende a se fortalecer cada vez mais com as práticas sustentáveis assumidas pelas
empresas e pela sociedade. "Hoje, está cada vez mais fácil trabalhar com produtos ambientalmente corretos, porque
todas as empresas estão buscando soluções ou vínculos com outras empresas com o objetivo de atender suas
necessidades comerciais ou de imagem. Nós adoramos isso", comemora.

Bem maior

Há diversas maneiras de atuar no mercado de maneira sustentável, e cada vez surgem novas e diferentes formas
de aproveitar as oportunidades que uma sociedade cada vez mais preocupada com o ambiente em que vive
oferece.

Para o microempresário Franz W. Silva Souza esta oportunidade surgiu há sete anos, quando um amigo lhe
apresentou o Enzilimp, um biorremediador de esgotos domésticos e efluentes industriais, composto de
microrganismos naturais produtores de enzimas capazes de digerir os dejetos, preservando e recuperando o meio
ambiente. Produzido e distribuído por uma empresa gaúcha de mesmo nome, em palavras simples, o produto faz a
limpeza dos esgotos de casas e empresas, devolvendo a água usada por elas com qualidade de reuso à rede de
tratamento.

Souza viu no Enzilimp uma maneira de ganhar dinheiro contribuindo para a melhoria do meio ambiente e, em
conjunto com a esposa, criou a MS Ambiental para representar o produto no Estado de São Paulo. O que começou
com a venda de alguns saquinhos do produto para açougues, padarias, outros comércios pequenos e residências,
atraiu o interesse de clientes de peso, como grandes redes de supermercados e atacadistas, shoppings centers,
indústrias alimentícias e até órgãos públicos, interessados em reduzir a quantidade de poluentes que seus serviços,
como a coleta de lixo, mandam diariamente para os esgotos.

"Nossa empresa se dedica a restabelecer as condições da água pela própria natureza, com uma tecnologia de
ponta, capaz de transformar a matéria orgânica em água e sais minerais, auxiliando de forma efetiva as companhias
de saneamento básico na preservação e proteção ambiental. O produto é biológico, natural, ecologicamente correto
e não tem nenhuma substância patogênica proibida pela legislação brasileira", garante Souza. O Enzilimp possui
regstro no Ministério da Saúde (ANVISA) e no IBAMA.

"Investir em negócios com alta emissão de carbono hoje, por exemplo, pode significar a
extinção dessa empresa no futuro" OTÁVIO LOBÃO DE MENDONÇA VIANNA,
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES DE MEIO AMBIENTE DO BNDES

De acordo com o empresário, o produto reduz consideravelmente os índices de Ph, DBO (Demanda Biológica de
Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio), Sólidos Totais e Sólidos em Suspensão da água, com resultados
excelentes. "Chegamos a tratar os efluentes de um município que estava com um índice médio de 1.800 DBO, para
900 DBO em apenas cinco dias, ou seja, reduzimos consideravelmente a poluição causada pelo chorume do lixo
naquela cidade", conta Souza.

Atualmente, a MS Ambiental conta com uma equipe 11 funcionários, entre consultores estagiários da área de gestão
e engenharia ambiental e profissionais de vendas que também oferecem suporte aos clientes no pós-venda.
Para Souza, a empresa já surgiu com excelentes expectativas, numa época em que ainda começava a se falar
sobre preservação do meio ambiente. "Hoje, posso dizer que os resultados são os melhores possíveis, o que me
estimula cada vez mais a divulgar nosso trabalho, pois, acima de tudo, temos certeza de que estamos contribuindo
para o desenvolvimento sustentável do País", afirma.

 
Fonte: Carreira & Negócios 

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