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FLO

Tá na hora do café

Número 6 FAIRTRADE LABELLING ORGANIZATIONS INTERNATIONAL


Abril 2002
Conteúdo
A nova equipe do café A nova equipe do café 1
A crise mundial do café 1
se apresenta Normas rigorosas para a
Desde o Ano Novo, a FLO trabalha com uma nova estrutura que separou a exportacao de café organico a
certificação das atividades de promoção comercial e apoio aos produtores. Europa 2
Esperamos que todos tenham recebido a carta na qual Marjoleine Motz, a ex- UCIRI: Mercado Justo e novos
coordenadora do Registro, apresenta a Entidade de Certificação e explica a
nova divisão de tarefas e responsabilidade. Marjoleine e Dafne Nienhuys
mercados 3
transferiram uma parte das suas tarefas à Entidade de Certificação e a outra a
nova equipe que, de fato, iniciou suas atividades em 1.º de fevereiro. Nossa
equipe é formada por Reina Foppen que assume a função de gerente de
produto, e sua assessora Anneke Theunissen. Queremos realizar uma estreita
cooperação com os demais gerentes de produto da FLO em prol de uma A Crise Mundial do Café
estratégia capaz de abrir ainda mais o mercado para os produtos com selo
Fairtrade. Neste momento, em que escrevemos a matéria para o Boletim, - em busca de saídas
estamos numa fase de transição. Só com o tempo vamos descobrir quem é
quem e por onde começar. Como ainda estamos bem no começo, tentamos, As perspectivas para o preço no mercado não são nada
por enquanto, atender a consultas e pedidos da melhor forma possível ou promissoras. E não há entre nós quem não sofra com isto.
encaminhá-los às pessoas responsáveis. Não falta quem culpe o Vietnã e o Brasil, os maiores
produtores do mundo, pelo infortúnio do setor. Mas há
Ao longo dos últimos anos, Marjoleine, Dafne e Registro do Café, o FLO-CR, também várias entidades que apresentam sugestões para
realizaram um belo trabalho. Nossos agradecimentos especiais a Guillermo superar da parada. Neste Boletim, queremos compartilhar
Denaux e Wilma Bergmann em El Salvador, que enfrentam a tarefa de adequar com vocês algumas destas idéias. Por mais que a FLO
seu trabalho à nova estrutura da FLO e vem nos apoiando na nossa tema que nenhuma das propostas solucione, de fato, a
aprendizagem. profunda crise do momento, manifestamos a esperança de
Nom: Reina Foppen que encontremos saídas. A pergunta é sempre a mesma:
Nacionalidade: Holandesa quem paga o pato? Enquanto as empresas multinacionais
Idade: 38 (e seus acionistas) têm aumentado seus lucros, os
Experiencia: começou a trabalhar no projeto cacau da Max produtores e trabalhadores nas plantações arcam com os
Havelaar dos Países Baixos em 1993, tornando-se assessor custos. Hoje, o grande desafio consiste em encontrar
do coordenador do FLO-CR em 1994. A partir de 1998, atuou soluções que gerem renda para pequenos e médios
como coordenador dos Registros de Produtores de Cacau e produtores, garantam a qualidade do produto e a
Açúcar na FLO Internacional com sede na Alemanha. Ao continuidade do fornecimento.
mesmo tempo, era responsável pela monitoria do café na
República Dominicana e no Haiti. A. PROGRAMA DE MELHORIA DA QUALIDADE DA
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ (OIC)
Nom: Anneke Theunissen Este programa prevê tirar dos mercados de exportação o
Nacionalidade: Holandesa café de baixa qualidade e, provavelmente, será
Idadee: 26 implementado a partir de 1.º de outubro deste ano. Parte-se
Expérience: começou a trabalhar no FLO em Diciembre do pressuposto que uma redução da oferta, em curto prazo,
1999 como practicante. acompanhada de um aumento da qualidade elevarão o
valor e o preço das exportações de café. Para conhecer os
padrões de qualidade mínimos aplicáveis às variedades
1
arábica e robusta, basta acessar o site http://www.ico.org/frameset/eventset.htm e ler
o boletim da OIC de 4 de fevereiro de 2002. NORMAS RIGOROSAS
PARA A EXPORTAÇÃO
B. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RISCOS PROPOSTOS PELO BANCO
MUNDIAL DE CAFÉ ORGÂNICO À
Para reduzir a volatilidade dos preços de todos os commodities, as matérias primas
em geral, o Banco Mundial (Bird) aposta nos mecanismos de mercado. Pressupõe
EUROPA
que os instrumentos, por efeitos indiretos, protejam os produtores das instabilidades: Durante a feira Biofach vários importadores
o Bird quer reduzir a exposição ao risco para promover o acesso dos produtores às manifestaram preocupação com as normas
linhas de crédito. Estes instrumentos, concebidos conforme a lógica do mercado, mais rigorosas na concessão das autorizações
criarão um tipo de seguro de preço baseado em opções de venda e contam com o de importação para produtos orgânicos
apoio do setor privado. Quando o preço cai abaixo de um determinado limite, os provenientes de países que não são membros
produtores serão indenizados. O prêmio a ser pago pelo seguro será definido no da EU (União Européia). A partir de 1.º de
mercado e dependerá diretamente da volatilidade. O Bird quer capacitar julho de 2002, todos os importadores, ao
organizações locais, tais como grandes cooperativas ou bancos locais, a agir como solicitarem uma autorização de importação para
agentes intermediários entre os pequenos e médios produtores e os mercados de produtos orgânicos, serão obrigados a
risco dos commodities. Os instrumentos financeiros, porém, não vão proteger nem apresentar um certificado de transação emitido
os produtores nem os consumidores das tendências de longo prazo que determinam por uma entidade de certificação. Sem este
os preços no mercado mundial. certificado, o produto será considerado um
produto "convencional" o que trará prejuízos
C. O RELATÓRIO "CAFÉ AMARGO" DA OXFAM financeiros para todos os parceiros do comércio
A Oxfam propõe um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazos capaz de Fairtrade.
estabelecer um novo equilíbrio entre a procura e a oferta no mercado do café. Para,
em curto prazo, aumentar o preço internacional, a Oxfam sugere destruir 15 milhões Os importadores pediram que entrássemos em
de sacas de café de baixa qualidade e reter, por três anos, um quinto de todas as contato com vocês, produtores exportadores de
exportações. A gestão de estoques e as indenizações devem ser financiadas por produtos orgânicos, solicitando que na hora de
contribuições obrigatórias das grandes torrefadoras que lucram com os preços remeter as faturas ao certificador,
baixos, e pela criação de um fundo internacional do café. acompanhadas do requerimento de certificado
Além disto, a Oxfam destaca a importância de reformas a longo prazo, tais como: de transação, preencham corretamente a
fim das políticas de expansão do mercado promovidas por governos e organismos documentação e a enviem com a possível
multilaterais; introdução de padrões trabalhistas e ambientais rígidos na produção; brevidade. Vocês também podem pedir ao
adoção de políticas nacionais para incentivar uma diversificação sustentável da certificador que este, imediata e diretamente,
produção dos pequenos produtores; e, por fim, uma nova concepção da envie o certificado de transação ao importador.
responsabilidade empresarial. A Ofxam sugere uma reforma profunda da atuação
das empresas multinacionais segundo o modelo do Comércio Justo e Equitativo que Para evitar qualquer atraso no procedimento de
comprovou a sua viabilidade comercial. autorização que pode fazer com que seu
valioso produto seja importado como produto
D. STEFANO PONTE (CDR-DINAMARCA) PROPÕE 'CULTIVAR' O CONSUMIDOR convencional, pedimos que adotem este
O consumidor comum pouco sabe sobre os diferentes tipos e origens do café. Para procedimento. Desta forma, contribuirão para
ele importa somente encontrar a sua marca predileta. Um consumidor cultivado e com que o certificado de transação possa ser
consciente, por sua vez, saberá identificar qualidades e características do café e emitido, sem qualquer atraso, pelo certificador
estará preparado a pagar um preço mais alto. Com uma campanha de de produtos orgânicos.
conscientização e promoção, a indústria do café pode transformar-se, a exemplo do Nisto, é importante observar sempre o seguinte:
que se deu com o vinho, e o café pode tornar-se um produto moderno e chique. Na o certificador deve receber, do produtor, faturas
visão de Stefano Ponte, esta campanha deve ser financiada por contribuições das comerciais, com cabeçalho de empresa ou
grandes torrefadoras, taxas sobre transações de café no mercado de futuros, cooperativa, e numeradas em ordem crescente
harmonização de alíquotas na União Européia e recursos de agências de (números seqüenciais, tais como 01, 02, 03
cooperação. etc.). Através destes números seqüenciais,
Esta proposta para solucionar a crise dos preços parte do princípio de que preços torna-se mais fácil rastrear e localizar as faturas
mais altos ao consumidor devem ser revertidos em beneficio do produtor. Stefano na sua contabilidade. A fatura - no fundo uma
Ponte destaca a importância de mecanismos que assegurem, ao produtor, sua segunda via da fatura enviada ao importador
participação no aumento do preço final. que adquiriu o seu produto - deve conter o
mesmo número de contrato do importador
Nenhuma destas soluções é uma panacéia, e todas as soluções propostas exigem como indicado no contrato de compra e venda.
um compromisso da indústria do café. Pelo que vimos ao longo dos últimos meses, Além disto, deve conter os seguintes dados:
a indústria do café não apóia a taxação do café, não está preparada a contribuir marcas ou símbolos apostos às sacas de café,
para um aumento substancial dos preços ao produtor e, muito menos, está disposta nomeadamente o código da Organização
a abrir mão de uma parte das suas margens. Seja lá como for, é triste observar que Internacional do Café (OIC), qualidade (café
o preço ao consumidor não acompanha de forma alguma as alterações dramáticas orgânico certificado) e safra (ano).
do preço pago pelo café em coco.
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Queremos fomentar a discussão sobre os diferentes pontos de vista acerca da estratégia de
marketing a seguir. Convidamos a UCIRI a apresentar um artigo neste boletim, uma vez que está
a explorar novas formas para vender os seu café sustentável em condições justas. Depois do
artigo, encontrarão uma reacção da nova responsável de marketing do café na FLO. Convidamos
os nossos estimados leitores e leitoras a enviarem-nos os seus pontos de vista a esse respeito.

UCIRI, Março 2002 México - Mercado Justo e Novos Reacção de Reina Foppen, marketing do café na
Mercados. FLO.

Depois de mais de dez anos do mercado Max Havelaar/Transfair, Apesar da observação dos companheiros da UCIRI, de ter em
estão a surgir novos mercados, alguns incipientes, outros já mais conta os desafios do mercado, com a qual posso estar plenamente
avançados, sob as mesmas, ou semelhantes, condições da FLO. de acordo, penso que sim, temos de estar conscientes da realidade
No geral não estão a utilizar selos ou referências ao sistema FLO. É do risco de engano do consumidor e do produtor. Empresas
um desenvolvimento novo, mas relacionado com a história dos grandes, fazendo as suas próprias regras de jogo, entrando num
participantes (produtores, indústria e distribuidores) da FLO. tipo de comércio justo sem selo, podem criar uma situação
Antes de tudo temos que relembrar um pouco a história do Mercado sumamente difícil dentro de mercado onde o selo do Comércio
'FLO'. Quando em 1987, os membros da UCIRI delinearam, numa Justo ainda não chegou a ter uma presença nacional importante ou
visita à Holanda, a necessidade de propor o mercado alternativo uma autoridade reconhecida. Existe aqui um risco real de que os
(SOS, GEPA, EZA, etc.), mais directo ao consumidor que visitasse abutres, que têm estado à espera de uma oportunidade há já
qualquer loja, haviam de facto, três possibilidades: algum tempo, aproveitem o momento oportuno de ataque. Por
muito bem intencionada que possa ser uma iniciativa de uma certa
- Uma empresa própria dos produtores que iria importar, empresa grande, entenderão que outras empresas muito
processar e pôr no mercado europeu o seu café. Este projecto rapidamente irão buscar a publicidade meramente em defesa da
necessitava de fundos consideráveis para conquistar o seu lugar no sua imagem, expondo a sua suposta "ética" de comércio sem
mercado. Não tínhamos um centavo! nenhuma verificação externa.
- Uma discussão franca com a indústria do café para os Terão o seu próprio programa com plantações e talvez os seus
convidar a comprar pelo menos 12% do seu café directamente de próprios pequenos projectos de desenvolvimento, mas, em muitos
pequenos produtores sob condições que incorporam ou interiorizam casos, os seus programas, são débeis e pouco consistentes. É um
no preço, não só os custos de produção, mas também custos comércio justo tipo "Light". Não obstante, a garantia independente
sociais e, no caso do orgânico, os custos ambientais. Foram longas, e reconhecida internacionalmente se existe é o selo do Comércio
intensivas e acessas discussões, que não levaram a lado nenhum. Justo, com os seus padrões e condições de compra que podem ser
- O terceiro intento, paralelo aos anteriores, foi o auditados e certificados.
desenvolvimento do modelo com selo de garantia que resultou na Bem, é a verdade que, depois de uma dezena de anos, o êxito
Max Havelaar, na Holanda, e depois com nomes diferentes, em comercial de produtos com selo no mercado "mainstream" (os
vários países. A Max Havelaar iria controlar a custódia do produto grandes supermercados), está, todavia, bastante modesto. É uma
com selo, preços, quantidades e, sobretudo, a origem dos autocrítica que há já algum tempo estamos a analisar, como
pequenos produtores organizados. Este sistema funciona agora, melhorar o desempenho da FLO e das iniciativas nacionais a este
com diferentes graus de êxito, em 17 países, coordenados na FLO. respeito. Já a FLO, na sua nova estrutura, se focaliza mais que
nunca sobre o marketing. É minha convicção que os doze anos de
No entanto, os desenvolvimentos no mercado do café durante os luta, pelo Comércio Justo e os preços desastrosos no mercado
últimos anos demonstram que o segundo modelo está a ressuscitar internacional, são as razões pelas quais agora, finalmente, as
sob um esquema diferente. Grandes empresas compram café, grandes empresas procuram caminhos para um comércio mais
sobretudo orgânico, mais ou menos nas mesmas condições do ético. E justamente agora não é o momento para aceitar menos do
sistema FLO. Não é apenas uma discussão em grêmios da FAO, que todas a condições respeitantes ao Comércio Justo e ao
mas, sobretudo o IFOAM, tomou a liderança para criar verdadeiros sistema independente de monitoramento e de protecção dos
critérios para condições e condicionantes do mercado orgânico para interesses das organizações de produtores.
incorporar custos sociais e ambientais no preço final do produto Penso que sim, temos de fazer o possível para apoiar e
orgânico. Foi um longo caminho. Novos códigos de conduta laboral assegurar que o selo de garantia mantém e incrementa a sua
e comercial estão a sair. Companhias estão a fazer as suas autoridade, não só por motivos comerciais mas também por
próprias regras. motivos políticos, os de não permitir que qualquer um possa
São desafios que não podemos negar, e muito menos atacar como pretender padrões justos tipo código de conduta (unilateral),
invenções enganosas dos grandes. É de uma grande importância abusando facilmente da posição de negociação das muitas
que as organizações de pequenos produtores estejam inteiradas cooperativas de cafeicultores que, defrontando-se com uma
destes desenvolvimentos e iniciem um diálogo saudável e franco situação de mercado em crise, estão entre a espada e a parede.
nestas novas correntes de mercado. Não as podemos entender,
independentemente do trabalho de todos os participantes da FLO.
Os frutos do Mercado Justo são mais amplos do que apenas a Editorial: a.theunissen@fairtrade.net
defesa do selo, ainda que esta seja muito importante neste FLO International, Kaiser Friedrichstraße 13,
momento. 53113 Bonn, Germany. www.fairtrade.net
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