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2 de Fevereiro

Dia Mundial das Zonas Húmidas

DE MONTANTE
A JUSANTE

As Zonas Húmidas unem-nos a todos

Esta publicação
foi possível graças
ao Fundo para a Água
de Danone /E v ian
coisas
que todos devemos saber
sobre bacias
1. As zonas húmidas, a água e
as bacias hidrográficas
hidrográficas
A água é um elemento vital da qual toda a vida terrestre
depende, e são as zonas húmidas – os nossos rios, lagos,
pântanos, campos aluvionares, etc.– os que captam,
armazenam, e transportam a água para todos nós. As
zonas húmidas são uma parte fundamental do ciclo da
A alteração dos regimes de caudal naturais dos rios, a
água, abastecendo-nos de água onde quer que vivamos e
fragmentação das vias de água mediante construções levadas
quem quer que sejamos – agricultores, donos de fábricas,
a cabo pelos homens (barragens, tubos e açudes, por
pescadores ou famílias. Quando a chuva cai sobre a terra,
exemplo), a perda do habitat aquático, a extinção de espécies,
pode-se abrir caminho para o ciclo da água evaporando-
as espécies invasoras, a contaminação a água, e o

1
se rapidamente para a atmosfera – pode infiltrar-se no
esgotamento dos aquíferos subterrâneos… são só alguns dos
solo e acabar numa via fluvial ou nas águas subterrâneas

1
impactos que a nossa actividade produz sobre as zonas
– ou também pode permanecer como água de superfície
húmidas. O que temos que enfatizar destas alterações é que
que acabará por chegar ao oceano através de correntes,
não afectam unicamente uma zona húmida, pois todas as
lagos e rios. Como somos uma espécie dependente de
zonas húmidas estão ligadas e as consequências, boas ou
água, cuidarmos das zonas húmidas – os nossos
más, das intervenções humanas em determinadas zonas
“conectores de água” – não é uma opção, mas uma
húmidas, irão repercutir em toda a bacia hidrográfica. A
obrigação.
extracção excessiva de água nas zonas superiores de uma
‘Uso e abuso’ são as palavras que melhor descrevem bacia pode fazer com que um rio e as correntes e os pântanos
como tratamos as zonas húmidas do mundo. Hoje em associados até centenas de quilómetros a jusante, recebam
dia, só 21 dos 177 maiores rios do planeta correm um caudal de água menor – ou, inclusive, deixem de receber
livremente desde a sua nascente até ao mar. Porquê? A água. Mas as grandes alterações não se reflectem apenas a
causa das alterações induzidas pelos seres humanos para jusante; podem inclusive influenciar negativamente o ciclo
proporcionar determinados benefícios as pessoas, como da água, modificando a ocorrência de chuva com impactos
mais água armazenada para rega, a melhoria da noutras partes da bacia e mesmo para além desta.
navegação fluvial e a protecção frente as inundações.
As zonas húmidas estão ligadas por algo mais que a água. A
nossa perspectiva das zonas húmidas deve ser mais ampla
que a tradicional dos engenheiros, deve ser a que os
ecologistas têm de um ecossistema vivo: as zonas húmidas
são um elemento chave da nossa infra-estrutura natural.

2 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


O Conceito de Contínuo Fluvial reconhece que o fluxo de
energia das comunidades animais e vegetais muda conforme
caminhamos para jusante e o que acontece em qualquer parte
desse contínuo, pode influenciar outras partes do sistema. A
‘corrente’ dos seres vivos também pode ir para montante
(pense nos salmões que percorrem as águas do oceano para
desovar nos rios, e nas enguias de água doce que fazem o
contrário) e desde o exterior desde os rios e as ribeiras, aos
campos aluvionares, os sapais e os pauis.

Aqui está uma história interessante de como tudo se


encontra ligado. No Canadá, os ursos capturam salmões no
interior das correntes do mar e muitas das vezes levam-nos
para os bosques para os comerem. Os restos em putrefacção
são uma fonte importante de nutrientes para a vegetação
florestal. Isso sim é a ‘conexão’!

Perante a escassez de água do século XXI, torna-se cada vez


O ciclo global da água
mais importante reflectir sobre como gerimos, usamos e
abusamos das nossas zonas húmidas. Não basta pensar nas
zonas húmidas como a nossa envolvência mais próxima. Para Como sempre, esta regra tem a sua excepção. As bacias
gerirmos com eficácia, devemos actuar ao nível das bacias endorreicas são bacias interiores que não drenam para o
hidrográficas. E isso torna a tarefa mais árdua! oceano; nelas, a água é totalmente reciclada por evaporação
ou infiltração. Calcula-se que cerca de 18% da superfície do
planeta drena para lagos ou mares endorreicos, como o Mar
2. O que é uma bacia
de Aral, o delta do Okavango, o lago Chad, o lago Prespa,
hidrográfica?
etc.
Para muitas pessoas, bacia hidrográfica, bacia fluvial e bacia
O mais importante é que as zonas húmidas que existem numa
de drenagem são definições de intercâmbio e para outras

22
bacia – rios, lagos, pauis, reservatórios, etc. – encontram-se
podem ter significados diferentes: nestas notas informativas
ligadas. Na condição de conectores da água do mundo,
consideramos de intercâmbio.
actuam como uma série de artérias principais e capilaridades
Como poderemos definir uma bacia? Uma definição, é que é menores que nos mantêm vivos, a nós e a todos os outros

2 uma superfície de terreno drenada por um rio. Engloba todas


as terras drenadas não só pelo rio, mas também por todos os
seus muitos efluentes e afluentes, lagos, reservatórios, sapais
e pauis ligados, incluindo a maioria dos aquíferos
subterrâneos. O seu destino final é desaguar no mar,
seres vivos da bacia. As águas superficiais estão vinculadas à
maioria dos aquíferos subterrâneos – denominados, por
norma, de água subterrânea –, com os quais trocam água em
ambas as direcções. Os limites dos aquíferos subterrâneos
muitas vezes não coincidem com os da bacia, cujas águas
normalmente através de um estuário. Naturalmente, a bacia superficiais estão ligadas hidrologicamente, mas seja como
possui também muitos habitantes: os seres humanos e outros for, estão ligadas. As fontes de águas subterrâneas têm uma
animais, as plantas, as bactérias, etc. importância vital, já que armazenam 97% da água doce
líquida do planeta, mas, tal como a extracção de água dos
A bacia hidrográfica é como uma banheira gigante que
rios ou lagos, possui limites, as possibilidades de extrair água
recolhe toda a água que cai nas suas margens e envia toda a
subterrânea não são ilimitadas, e uma extracção excessiva é
chuva que cai sobre a terra a sua volta para um rio central e
de modo similar prejudicial para o ciclo da água e muitas
depois ao mar. Normalmente, as bacias hidrográficas estão
vezes causa a intrusão de água salgada nos aquíferos
separadas das bacias adjacentes por uma cadeia montanhosa,
subterrâneos próximos do mar.
uma colina ou uma montanha.

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 3


Nem todas as zonas húmidas se encontram sempre húmidas, Algumas vezes, ‘jusante’ pode ser a uma grande distância e
mas desempenham funções hidrológicas e ecológicas os efeitos negativos podem viajar centenas, e até milhares de
importantes numa bacia hidrográfica. Algumas são sazonais, quilómetros, e inclusive atravessar as fronteiras
quer dizer, que secam naturalmente, em parte ou na sua internacionais. Em Janeiro de 2000, una barragem edificada
totalidade, cada ano, e outras são efémeras, o que quer dizer com escórias de uma mina da Roménia transbordou e
que podem ter água visível só as vezes, quando chove arrastou 100.000 metros cúbicos de efluentes que continham
bastante ou recebe água suficiente do exterior. A importância cianeto perto de Zazar e Lápos. O penacho venenoso
dessas zonas húmidas é maior nos climas áridos, onde podem escorreu até ao rio Szamos e depois ao rio Tisza e por último
proporcionar sítios de refúgio e nidificação de muitas ao Danúbio, atravessando no seu caminho zonas da Roménia,
espécies de flora e fauna que, se não fosse por elas, não Hungria, Sérvia e Bulgária. Nos quatro meses seguintes
sobreviveriam, e, podem ser de importância crítica para as foram produzidos três derrames noutras localidades, e os rios
pessoas e o seu gado. levarão anos a recuperar a devastação que os derrames
causaram.
Enquanto apreciamos as secções que se seguem, há uma
mensagem fundamental, é que TODOS vivemos numa bacia Contudo, não são só os acidentes que causam problemas
hidrográfica. Esta faz parte da nossa morada: rua, número, graves. A principal consequência do uso excessivo de
cidade, província e bacia! É por isto, que nos interessa a fertilizantes agrícolas em muitas partes da bacia do rio
todos a forma como se gere a nossa bacia. hidrográfica. Mississípi, não é só a de a água de muitos dos rios e
arredores da bacia ser imprópria para tomar banho e para

3. De Montante a Jusante qualquer outra actividade recreativa, ou para beber, senão


que todos os verões aparece uma ‘zona morta’ no Golfo do
As actividades humanas podem conduzir a mudanças a longo
México, onde a bacia se encontra com o mar. As elevadas
prazo na bacia, as quais serão boas ou más dependendo do
concentrações de nitrogénio, no Golfo criam uma zona em
que façamos aos recursos naturais da bacia – no solo, na
que os níveis de oxigénio são tão baixos, devido a grande

3
água, nas plantas, nos animais – inclusive no ar. Alguns de
propagação das algas, que já não sustenta um ecossistema
nós, envolvidos directamente nas zonas húmidas,
normal e impede, por exemplo, as actividades de pesca
conhecemos muito bem as consequências negativas que as
comercial de camarões e da pesca recreativa. Este ano, a

33
águas residuais duma fábrica que se despejem numa corrente
maior ‘zona morta’ alguma vez registada no Golfo, cobria
podem ter na sua vizinhança imediata e na sua foz, ou o
uma superfície de 21.000 quilómetros quadrados.
efeito que causa as escorrências com concentrações elevadas
de nitratos e fosfatos procedentes de campos cultivados, ou
das águas negras não depuradas ou insuficientemente 4. As bacias das zonas húmidas:
depuradas, ou as águas da chuva contaminadas procedentes
de zonas urbanas que vão parar aos rios locais. É longa a lista
dos grandes e pequenos atentados as águas superficiais, e
tudo isso acaba a jusante.

Naturalmente, não são preocupantes só as ‘entradas’ nocivas


às pessoas

4
prestando serviço de ecossistema

4
Temos visto, a interligação das bacias hidrográficas e que a
saúde das zonas húmidas dependem delas, e devemos

4
lembrar-nos a importância que essas zonas húmidas têm para
todos nós.
que se despejam nos canais de água; são também as muitas
alterações directas dos próprios canais – barragens, As funções hidrológicas das zonas húmidas
canalizações de rios, extracção excessiva de água, introdução
• Mitigação das inundações. Nos últimos anos, ocorreram
de espécies invasoras, etc. –.
grandes inundações em todo o mundo, com a consequente
perda de vidas, bens e meios de sustento. Quase dois mil
“Todos vivemos a jusante” é algo que quase todos podemos
milhões de pessoas vivem em zonas consideradas com
dizer, mas desde uma perspectiva pessoal, local, nacional e
elevado risco de inundação. A inundação é um processo
as vezes internacional, também devemos recordar, que todos
essencialmente natural que desempenha um papel
vivemos a montante de alguém. Boa parte do que fazemos a
fundamental na fertilização dos solos dos campos
nível pessoal ou profissional na nossa bacia repercutir-se-á,
aluvionares, e este ciclo natural sustentou os meios de vida
positiva ou negativamente, em quem vive a jusante.
de seres humanos durante milénios, mas actualmente os

4- Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


nossos conhecimentos de engenharia permitiram ‘aproveitar’ Fazemo-lo de várias formas: introduzindo nas nossas vias de
e isolar campos aluvionares com barragens, tubos, canais, água quantidades excessivas de sedimentos devido as nossas
etc., com o resultado de que muitas cidades modernas e práticas de uso da terra, enormes quantidades de nitrogénio,
importantes superfícies agrícolas estão assentes sobre esses fosfatos e, às vezes, pesticidas de escorrências agrícolas,
antigos campos aluvionares, ou seja, as zonas em que se substâncias tóxicas da indústria (incluindo metais pesados),
derrama naturalmente o excesso de água quando ocorrem descargas acidentais ou deliberadas, águas residuais
tempestades e grandes chuvas. Os cenários de devastação domésticas e águas negras tratadas deficientemente ou sem
provocados por inundações que a televisão nos mostra serem tratadas. As plantas das zonas húmidas ajudam a fixar
regularmente ajudam-nos a recordar porque nos devemos os sedimentos e podem ser eficazes para suprimir o excesso
esforçar em restaurar os nossos campos aluvionares e contar de nitrogénio e de fósforo; podem também eliminar em parte
novamente com as funções de mitigação das inundações das os elementos patogénicos. As zonas húmidas construídas
zonas húmidas. especialmente, podem eliminar da água alguns metais
pesados e outros resíduos industriais, ou armazenar os
• Recarga das águas subterrâneas. Como vimos
dejectos nos sedimentos até que se possam retirar em
anteriormente, os aquíferos subterrâneos armazenam quase
condições de segurança. Para dizer a verdade, as zonas
97% da água doce líquida do planeta. Abastecem água
húmidas são purificadores da água, mas, claro está, possuem
potável a uma quantidade de pessoas situada entre os mil e
limites, e quando os ultrapassamos, danificamos a
quinhentos e três mil milhões, quer dizer, um quarto da
capacidade dos ecossistemas das zonas húmidas para
metade da população do mundo, e desempenham um papel
funcionar com normalidade e prestar os múltiplos serviços
importante na agricultura de regadio. A ligação entre as
que usufruímos.
zonas húmidas e as águas subterrâneas é complexo e muito
variável segundo a zona húmida de que se trate, mas, falando
em termos gerais, podemos afirmar que muitas zonas
húmidas e fontes de água subterrâneas estão estreitamente
associadas. A recarga de alguns aquíferos depende quase
inteiramente da infiltração subterrânea da água de uma zona
húmida e, o inverso, a origem da água de algumas zonas
húmidas podem radicar de um aquífero. Também existem
algumas zonas húmidas que levam água a aquíferos ou que a
retiram deles, segundo a situação dominante em cada
momento. Qual o valor que tem este serviço de recarga? As
zonas húmidas de Hadejia-Nguru (Nigéria) desempenham
uma função essencial de recarga de aquíferos que a
população utiliza para abastecer de água as suas casas, um
serviço que valorizou 4,8 milhões de dólares dos EE.UU. ao
ano. De modo similar, o valor de armazenamento de água e
recarga do aquífero de um paúl de 223.000 hectares da
Florida valorizou em 25 milhões de dólares por ano.

• Armazenamento de água. As zonas húmidas (incluindo


os aquíferos subterrâneos e os poços de construção artificial)
são os armazéns de água doce do mundo. O que se pode
dizer mais? Devemos mantê-los estáveis, saudáveis e
precisamos de todos eles.

Funções ecológicas

• Aperfeiçoamento da qualidade da água. Se existe algo


que TODOS os seres humanos fazemos e que repercute nas
zonas húmidas é produzir lixo.
Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 5
• Apoio a diversidade biológica. Em relação à sua • Cultivo de plantas. Muitas espécies de plantas de água
superfície total, as zonas húmidas continentais de água doce doce vivem em extensas zonas geográficas. A planta aquática
possuem uma diversidade de espécies superior à dos mais famosa é, claro, o arroz, o alimento de base da metade
ecossistemas marinhos ou terrestres. Por exemplo, vejamos o dos habitantes do mundo. Embora nenhuma planta aquática
que sucede com os peixes: as zonas marinhas cobrem que se dá naturalmente seja explorada à mesma escala que o
aproximadamente 67% do planeta e as águas continentais só arroz, outras plantas aquáticas de água doce são utilizadas
1%; pois bem, estas albergam 40% das espécies de peixes do como alimento de animais, e recolhidas para consumo
mundo. Calcula-se também que entre 25% a 30% da humano e utilizam-se como materiais de construção. O
diversidade dos vertebrados se concentre nas zonas húmidas excesso de nutrientes nas zonas húmidas pode fomentar uma
à sua volta. Esta diversidade biológica é o que mantém em propagação excessiva de plantas que deteriore gradualmente
funcionamento os nossos ecossistemas das zonas húmidas. a saúde da zona húmida e cause a perda de alguns dos

5
serviços do ecossistema.
• Zonas de viveiro de peixes. Os viveiros de peixes são
importantes, especialmente nas zonas costeiras onde se
5. A escassez da água
encontram os estuários e os oceanos. Diminuir o volume de
A água doce é o nosso recurso renovável máximo, cada vez

5
água que lhes chega, ou derramar contaminantes a partir das
fala-se mais dos problemas de escassez da água nos canais de
nossas bacias hidrográficas, pode ter efeitos dramáticos nas
TV ou nos jornais. Apesar de não as afectar directamente, a
zonas de viveiro que são essenciais para a pesca marítima, a
maioria das pessoas estão conscientes que existe um
nossa principal fonte de peixes. A diminuição dos
problema cada vez maior. No nosso planeta 2.500 milhões de
sedimentos arrastados pelos rios ao mar, muitas vezes devido
às barragens, também pode reduzir os ‘nutrientes’ que
asseguram a qualidade de importantes zonas de viveiro de
5
pessoas vivem em bacias hidrográficas abaixo de níveis, pelo
menos moderados, de tensão crónica relativamente à água –
mais de 40% da população mundial – e entre 1.000 e 2.000
peixes marinhos. Os campos aluvionares das bacias
milhões possuem elevados graus de escassez. A quantidade
hidrográficas também possuem zonas de reprodução
de água que se retira ou se extrai dos sistemas de água doce é
essenciais para determinadas espécies de peixes de água
35 vezes maior que há 300 anos e aumentou 20% por ano
doce.
desde 1960. Sabemos que não podemos continuar assim e,
• Produção pesqueira. Ainda que as águas interiores só contudo, a situação não está melhor: os prognósticos mais
proporcionem 10% das capturas mundiais de peixes, são recentes indicam que em 2025 até dois terços da população
imprescindíveis para os meios de sustento de milhões de do mundo poderá viver em zonas com problemas de água,
pessoas, e nalguns países em desenvolvimento, constituem a sendo provável que as mais afectadas sejam a Ásia
única fonte de proteínas. Dão emprego a mais de 50 milhões meridional, África e o Médio Oriente. Naturalmente, quem
de pessoas no mundo e oferecem possibilidades de pesca padece mais nos países com problemas de água são,
recreativa a centenas de milhões. Na bacia do Baixo normalmente, as pessoas desfavorecidas economicamente, ou
Mekong, na Ásia, calcula-se que todos os anos se capturam e seja, os pobres do mundo.
consumem dois milhões de toneladas de peixes e outros
animais aquáticos, com um valor de dois mil milhões de
dólares. Os ecossistemas de zonas húmidas devem ter água
em quantidade e qualidade suficiente para sustentar esta
produção vital de alimentos.

6 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


A crise alimentar mundial encontra-se estritamente Esta escassez de água e a competição por ela aumentam a
relacionada com a escassez de água. Actualmente, a necessidade de um enfoque integrado de manobra da água e
agricultura utiliza 70% da água que retiramos das nossas das zonas húmidas que a transportam. Embora os governos e
zonas húmidas e águas subterrâneas (e em alguns países as instituições de investigação estudem uma série de opções
registam-se percentagens mais altas), a maior parte é usada que podem contribuir para encontrar soluções para
para rega. Embora só 17% dos nossos cultivos sejam de abastecermos todos, com uma oferta de água limitada
regadio, essa percentagem produz 30% a 40% da colheita (mediante a recolha de água da chuva, técnicas de rega mais
agrícola mundial, como tal, não é provável que diminuam as eficientes, variedades de cultivos melhoradas, etc.), é urgente
necessidades de rega. Ao aumentar a população mundial, o gerir eficientemente a água que temos e recordar que um
desenvolvimento económico e a urbanização, esperara-se que elemento fundamental da solução são os ecossistemas das
aumente a procura dos três principais consumidores de água zonas húmidas que captam, transportam, purificam e
doce – a agricultura, a indústria e os utentes domésticos – e libertam a água.
que essas elevadas extracções de água produzam grandes

66
mudanças nos caudais dos rios essenciais para manter os
6. Os impactos das construções urbanas
ecossistemas.
Em 2005, A Avaliação de Ecossistemas do Milénio assinalou
O que têm em comum os rios Colorado, Nilo, Indo, Murray-

6
que “até 2007, a nível global, os habitantes das cidades serão
Darling e Amarelo? São só alguns dos, noutros tempos, mais numerosos que nas populações rurais” e existem outros
poderosos rios que nos últimos anos nem sempre chegam ao dados que confirmam. Os números mostram que nos países
mar ou que, quando desaguam nele, chegam com um caudal de altos rendimentos, entre 70% a 80% da população vive em
muito reduzido. Embora isso se deva a muitos factores, os cidades, esta situação está a reproduzir um desenvolvimento
principais dessa escassez de água são a extracção excessiva nos países. Qual o efeito que a urbanização tem nas bacias
de água para a agricultura e a modificação física dos rios, por hidrográficas?
exemplo, mediante a edificação de barragens.

TERRAS URBANIZADAS TERRAS NATURAIS


A chuva escorre mais rapidamente dos As árvores, as plantas e o solo ajudam a que
lugares urbanos e suburbanos, pois possuem a água da chuva penetre, e travam a
níveis elevados de cobertura impermeável. escorrência nos lugares não urbanizados.

As árvores e outra vegetação


Água proveniente do pavimento diminuem a força da chuva e
e dos telhados ajudam a reduzir a erosão
superficial
A drenagem das
tempestades leva a
água directamente A água forma charcos
para as vias de água. nas concavidades e
infiltra-se no solo
As estradas actuam
como “ribeiras” que As raízes agarram
recolhem a água das o solo e
tempestades e minimizam a
canalizam-na para as erosão
vias de água.
A vegetação ajuda a
Os contaminantes recolhidos nas superfícies que se forme um solo orgânico
impermeáveis diluem-se nas ribeiras, rios e lagos. absorvente.

Fonte: LID (Low Impact Development) Factsheet, Office of Envi ronmental Health Hazard
Assessment, Cal /EPA. www.oehha.ca.gov/ecotox.html. Reproduzido com autorização

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 7


Já mencionámos o ciclo da água e a maneira como a água se Igualmente prejudiciais, são os contaminantes que inundam
desloca constantemente entre a atmosfera, a terra e as vias de as nossas ruas, provenientes das casas, das obras de
água. As zonas urbanas tendem a interferir nesse ciclo construção, das fábricas e oficinas, quando chove e passam
natural, sobretudo quando muitas delas, e algumas são directamente para as nossas linhas de água. Um trabalho de
especialmente grandes, porque possuem grandes quantidades estudo intenso foi feito em Maryland (Estados Unidos) situa
de superfícies impermeáveis. As estradas, os edifícios, os o problema em perspectiva: “Nenhuma bacia com mais de
estacionamentos, as obras de construção, elementos típicos 15% de cobertura impermeável — por exemplo, telhados,
das zonas urbanas, não deixam passar a água. Nas zonas estradas e estacionamentos — foi classificada de ‘boa’
urbanas, a chuva concentra-se, em vez de se dissipar, como situação biológica”.
acontece no campo. Para evitar inundações, canaliza-se a
Os problemas de quantidade e qualidade da água de uma
água através de vias e drenagens de tempestades e acaba por
bacia hidrográfica devido a urbanização, agravam-se porque
desaguar nas ribeiras ou nos lagos. Faz diferença, já que a
os habitantes das cidades têm que estar ligados ao
água termina nas nossas vias de água? Claro que sim, já que,
abastecimento de água e redes de esgotos. Incluindo nos
devido as superfícies impermeáveis, as águas urbanas da
países desenvolvidos, normalmente não se dá atenção
chuva não podem infiltrar-se lentamente no solo, repondo a
suficiente ao tratamento da água, e o resultado é o
água subterrânea ou desaguando lentamente nas ribeiras, nos
consecutivo derrame de compostos tóxicos e a ameaça de
rios, nos lagos e nas zonas húmidas e, por outro lado,
doenças transmitidas pela água. Nos países em
canalizam muito rapidamente as correntes em grandes
desenvolvimento, o problema é muito mais grave, e calcula-
volumes, causando erosão, grandes possibilidades de
se que 85% a 95% das águas negras são descarregadas
inundação, alteração das correntes, repercutindo nas
directamente nos rios, nos lagos e nas zonas costeiras. Nada
populações de peixes a jusante, e nos outros elementos da
menos que 1.200 milhões de pessoas NÃO tem acesso a
diversidade biológica. Nos lugares em que existe uma
serviços de saneamento.
cobertura vegetal natural, em média só 10% da água da
chuva se converte em escorrência superficial; numa zona Estas são algumas das principais repercussões nas bacias
urbana, aumenta 50%. hidrográficas associadas a terras urbanizadas e quase
TODAS afectam muito mais as pessoas que vivem a jusante
do que as pessoas que causam os problemas.

8 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


7 7
7. Quem lidera?
Quando analisamos a ligação das zonas húmidas dentro de A gestão das bacias hidrográficas consiste nas actividades de
uma bacia hidrográfica, parece claro que o uso mais eficiente planificação e de execução, que devem realizar-se a
é o que se faz à escala de uma bacia, embora frequentemente diferentes escalas – a nível nacional (e internacional nas
apresente problemas administrativos nos planos nacionais, do bacias hidrográficas transfronteiriças), da bacia hidrográfica

7
Estado, ou regionais. Quando pensamos no ciclo da água e
nas principais fontes de água doce para uso humano, vemos
que a bacia hidrográfica é a unidade geográfica e hidrológica
natural do uso dos recursos hídricos. Actualmente, aplicam-
e a nível local ou da comunidade. Evidentemente, todos esses
níveis devem cooperar e garantir que um amplo leque de
interessados
activamente.
directos nessas actividades participe

se dois enfoques de gestão a esse nível, a Gestão Integrado


Afinal, quem lidera? Embora um governo nacional possa ter
de Recursos Hídricos e a Gestão Integrada das Bacias
o controle geral da gestão de uma bacia, há muitas mais
Hidrográficas.
‘unidades de gestão’ que têm que possuir a capacidade,
No ponto de vista das zonas húmidas, é importa recordar que financeira e humana, necessária para actuar ao níveis da
estes dois enfoques resultam do sector da água e das suas bacia, de sub-bacia e a nível local, e a todos esses níveis, os
políticas. Que lugar ocupa neles as zonas húmidas, os gestores das zonas húmidas têm que intervir activamente
receptores de água do mundo cabem aqui? Ases vezes, não para que a planificação e a execução mantenham a
encaixam em absoluto. E esse é o principal problema que se integridade das mesmas. Terão, inevitavelmente, que chegar
apresenta a quem se ocupa das zonas húmidas. As zonas a compromissos entre as necessidades de água dos seres
húmidas são a infra-estrutura ‘natural’ de uma bacia, assim humanos e as dos ecossistemas de zonas húmidas para
quando planificamos algumas das infra-estruturas ‘não manter plenamente as funções destas, e aí é onde a
naturais’ que utilizamos para gerir a água – barragens, tubos, valorização económica dos serviços de ecossistema pode
açudes, canais, etc. – temos que nos lembrar que podem (e apresentar argumentos de peso a favor das zonas húmidas.
fazem-no regularmente) interferir no modo como funciona a
A Convenção de Ramsar irá debater uma Resolução e umas
nossa infra-estrutura natural e que muitas vezes têm
novas linhas sobre o uso das bacias hidrográficas, dirigidas
consequências negativas nos serviços de ecossistema que se
especificamente ao sector das zonas húmidas, cujo propósito
fornecem as pessoas.
será preparar o pessoal das zonas húmidas para cooperar
A Gestão Integrada dos Recursos Hídricos e a Gestão eficazmente com os sectores da água e da terra na gestão dos
Integrada das Bacias Hidrográficas, oferecem oportunidades recursos hídricos, de forma a respeitar o papel fundamental
a nível das zonas húmidas de cada país de cooperar com o das zonas húmidas no ciclo da água e, deste modo, o seu
sector da água, e o da terra para que se tenham em conta as papel na manutenção dos recursos hídricos, ao mesmo tempo
questões relativas às zonas húmidas quando se gere a água que se reconhecem os muitos serviços de ecossistema vitais
das bacias. Do ponto de vista da Convenção de Ramsar, que exigem que os ecossistemas de zonas húmidas estejam
talvez a Gestão Integrada das Bacias Hidrográficas seja o em bom estado de saúde.
mais conveniente porque em geral, supõe uma perspectiva
mais ampla, que tem em conta os serviços de ecossistema
fornecidos pela terra e a água das bacias, não só os próprios
recursos hídricos.

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 9


8. Desafios transfronteiriços Rio Danúbio (ICPDR), cujo objectivo é assegurar a gestão

8
A água das bacias hidrográficas tem que ser partilhada nos sustentável e equitativa dos recursos hídricos e de água doce

seus usos (regadio, necessidades das indústrias, consumo existentes na bacia, no contexto da Directiva no sector da

8
doméstico, etc.) e os seus utilizadores, por exemplo, as água da União Europeia. Dentro desta enorme bacia há três
administrações locais, regionais e nacional de um país. sub-bacias, nas quais também existem acordos entre países e

Calcula-se que 263 bacias atravessam fronteiras planos de ordenamento em vigor. Mesmo com estes

internacionais de 145 países, de modo que, para esses países, mecanismos jurídicos e políticos firmes para garantir a

8
a partilha mencionada deve aplicar-se também a nível gestão cooperativa, os avanços, ainda que positivos, são

internacional. A Europa tem a maior quantidade de bacias lentos.

inter-nacionais (69), seguida da África (59), Ásia (57),


América do Norte (40) e dos Neotrópicos (38). Essas bacias A bacia do rio Mekong cobre partes da China, Myanmar e

cobrem 45% da superfície terrestre do planeta, afectam 40% Vietnam, quase um terço da Tailândia e a maior parte do

dos habitantes do mundo e corresponde pelo menos a 60% território do Camboja e da RDD Lao – no total, a sua

dos caudais dos rios, de modo que têm uma importância superfície ascende a 795.000 km2 e a sua principal via de

enorme no que se refere à gestão da água mundial. água, o rio Mekong, tem 4.800 km de longitude. Em 1995
criou-se a Comissão do Rio Mekong mediante um acordo
Ao se ter reconhecido e analisado, a escassez da água durante
entre os governos do Camboja, a RDP Lao, Tailândia e
a última década, muito se tem dito sobre os potenciais
Vietnam, enquanto a China e Myanmar actuaram como
conflitos, e inclusive guerras, pelos sistemas de água
associados no diálogo. Alcançaram-se progressos
partilhados. Apesar disso, a realidade indica que, a tendência
consideráveis, mas os problemas gerais continuam a ser
para a interacção cooperativa é muito maior, do que para o
consideráveis. A bacia do Nilo cobre 10 países, mais de três
conflito. Segundo um estudo, nos últimos 50 anos, foram
milhões de km2 e alberga mais de 360 milhões de pessoas e
identificadas 1.200 interacções cooperativas nas bacias
o rio Nilo, o mais longo do planeta com os seus 6.695 km.
partilhadas, frente a 500 conflitos sem guerras declaradas, e
Em 1995, colocou-se em marcha a Iniciativa da Bacia do
somente 37 incidentes de conflitos violentos (30 dos quais
Nilo, a qual conta com um conselho ministerial, na que
ocorreram entre um país determinado e os seus vizinhos). Na
participam todos os países ribeirinhos do rio, e continuam a
segunda metade do século XX, foram negociados e assinados
trabalhar em questões relativas ao ordenamento sustentável.
295 acordos internacionais relativos a água. Esta é uma boa
notícia. Apesar disso, os problemas que envolvem a gestão Os Sítios Ramsar Transfronteiriços (SRT) que foram

eficaz das bacias transfronteiriças são imensos, e há poucos designados actuam a escala muito menor, mas sem deixar de

exemplos de sucesso total, apesar de muitos serem de possuir benefícios de importância para as zonas húmidas. Em

avanços significativos. Caracterizar os êxitos é o grande virtude da Convenção, os países membro comprometeram-se

compromisso no tempo e entradas financeiras – medido em a consultarem-se quando uma zona húmida se estende por

décadas e milhões – para que seja possível avançar. cima de fronteiras nacionais e alguns países aproveitaram a
oportunidade para designar conjuntamente os seus sítios
É a magnitude do problema o que normalmente o torna tão
Ramsar ou partes de um único sistema de zonas húmidas
difícil de solucionar. A bacia do Danúbio cobre na Europa
como SRT, para assinalar o seu compromisso de colaborar na
mais de 800.000 km2, com uma população de 81 milhões de
gestão de toda a zona húmida. O primeiro SRT foi designado
pessoas e abrange no total ou em parte 17 países; o rio
pela Hungria e Eslováquia em 2001 e desde então já foram
Danúbio corre ao longo de 2.780 km. Os 13 principais países
mais sete. Ainda que isto não resolva a questão do uso
assinaram a Convenção do Danúbio em 1994 e, através dela,
racional das zonas húmidas à escala das bacias, ajuda ao uso
estabeleceu-se a Comissão Internacional para a Protecção do
transfronteiriço das zonas húmidas dentro das bacias
hidrográficas.

10 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


Na aplicação da Directiva face ao sector da água da União

9 9
9. A necessidade de que todos
Europeia, um enfoque de toda a União de gerir a água ao
participemos
nível das bacias, a participação dos cidadãos é uma
Como todos vivemos numa bacia hidrográfica nalgum obrigação, não uma opção. Definida em três níveis –
lugar, deveríamos participar na sua gestão? Nos sítios comunicação de informação, consultas e participação activa
Ramsar, abundam as provas da intervenção dos – devem-se assegurar os dois primeiros e encorajar o
interessados do lugar na sua gestão e no das outras zonas terceiro.
húmidas do mundo. Embora levante muitos problemas,
Normalmente, as duas primeiras obrigações têm como
produz-se a uma escala muito diferente em termos de
destinatário principal os cidadãos em geral, o grupo mais
participação dos interessados ao nível das bacias. Porque
amplo que envolve a todos os que vivem nas bacias. As
deveriam os interessados directos participar em qualquer
páginas Web, a televisão, os jornais, as feiras locais e as
uma delas? Porque gerir de cima a baixo, sem ajuda da
reuniões, são instrumentos de comunicação habituais que
ampla gama dos utentes, normalmente está destinado ao
deram bons resultados relativamente a manter os cidadãos
fracasso, como aprendeu a Convenção de Ramsar nos 37
informados e consultá-los sobre as questões da actualidade
anos que leva dedicada a conservação de zonas húmidas.
relativas a gestão das bacias.

Fonte: Learning together to manage together – improving participation in water


management, de harmóniCOP; ilustração de Michael Friedrich.
Reproduzido com autorização.

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 11


A participação activa supõe um enfoque da adopção de Apesar das tarefas serem grandes, também os benefícios
decisões em que a colaboração é muito maior e, claro o são – há tantos ‘utilizadores’ da água nas bacias, que
está, leva muito mais tempo e é mais cara. É este nível de alcançar um entendimento e uma apreciação comuns da
participação o que está dirigido normalmente aos diversidade das necessidades, dar satisfação às distintas
interessados fundamentais e às ONGs. Dito isto, o que é expectativas e assegurar um processo facilitado que
exactamente um interessado? Uma definição muito permita aos interessados chegar a um acordo em volta de
utilizada é a que diz que se trata de uma pessoa, um soluções de gestão, demonstrou valer a pena – e a menos
grupo ou uma organização que tem interesse numa que não se deixe ninguém de fora, é provável que
questão porque o afectará ou porque pode influenciar qualquer plano de gestão tropece com problemas de
nos resultados. Segundo isto, em muitas bacias aplicação.
considerariam-se interessados fundamentais os dirigentes
da população, os agricultores, os pescadores, os Em vários projectos experimentais de gestão de bacias
industriais, as autoridades locais encarregues da água e hidrográficas em curso na União Europeia não foi
das zonas húmidas, etc. questionada em nenhum momento a participação dos
interessados, que se espera que faça parte do processo.
As tarefas são consideráveis, ainda que seja só porque
As ‘lições aprendidas’ sobre essa participação,
muitos interessados regularmente possuem um
coincidem com as de outras avaliações similares:
conhecimento escasso da complexidade das bacias
hidrográficas, à parte dos que adquiriram por experiência
própria, o qual faz que seja difícil, mas essencial,
conseguir que todo o mundo chegue a um mesmo nível
de compreensão.

12 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


1. A boa participação leva tempo, temos que começar cedo!

2. Há que adquirir e compartir o sentimento de identificação com a bacia.

3. Há que estabelecer e manter relações de confiança com os associados.

4. Deve-se efectuar um “inventário” dos interessados para conhece-los melhor a eles e aos seus interesses.

5. Aprender com os erros é tão importante como compartilhar os êxitos.

6. Escutar é tão importante como falar.

7. Há que defender a causa com paixão, porque a paixão convence.

8. Há que cooperar com os outros e alcançar uma visão comum da bacia, a fim de situar o plano de gestão no
contexto apropriado.

9. Ninguém pode faze-lo sozinho. A verdadeira parceria leva à responsabilidade compartilhada e adopção de
decisões para acções compartilhadas.

10. Onde existam outras culturas e tradições, haverá que aceitar as mensagens fundamentais e adapta-las às suas
necessidades.

A gestão das bacias hidrográficas não é algo novo e há muitas experiências, boas e más, que servem para orientar as
actuações hoje em dia, com instrumentos de eficácia demonstrada para investigar quem são os interessados
fundamentais e resolver a sua participação na planificação e a execução da gestão. Pode levar muito tempo e ser muito
caro, mas a experiência tem demonstrado que sem ele é impossível gerir eficazmente uma bacia, e os amigos das
zonas húmidas locais podem ver como os seus esforços são inúteis se não gerirem com eficácia a bacia de que fazem
parte.

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 13


F ot o: © iS t o c kp ho t o . co m/ LU GO

14 - Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009


O desafio do Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009

Para que estas notas informativas fossem de leitura relativamente fácil, talvez tenhamos simplificado em
excesso a complexa situação das nossas bacias hidrográficas relativamente à água, as zonas húmidas e a sua
gestão, e não nos foi possível tratar em detalhe algumas questões. O que fizemos foi enfatizar que as ameaças
que estão sobre as bacias são diversas e que implicam forçosamente ameaças para as distintas zonas húmidas.
É certo que temos um problema mundial de água doce, que vai agravar-se nas próximas décadas. Também está
claro que gerir melhor as nossas bacias hidrográficas e as suas zonas húmidas é uma parte importante da
solução. Este é o desafio do Dia Mundial das Zonas Húmidas. Depois de ter lido estas poucas páginas, o que
pode Você fazer para melhorar a bacia hidrográfica de que depende?

Nestas nove secções, poderá ver-se a si mesmo: pescador, agricultor, família, dono de uma fábrica, pessoa
encarregue da tomada de decisões no sector das zonas húmidas, a água, ou o desenvolvimento do sector,
director de uma zona húmida, político, habitante de uma cidade ou interessado de qualquer outro tipo. O que é
que você faz pessoalmente, ou no seu trabalho quotidiano, prejudicial para a sua bacia hidrográfica? E o que
pode fazer para ajudar a que seja mais eficaz a gestão da bacia em que vive?

Fazer frente às inundações e às secas, diminuir os efeitos das espécies invasoras, combater a entrada de
contaminantes nas linhas de água com políticas correctas, adoptar decisões acertadas sobre a extracção de água
para a agricultura, controlar o desenvolvimento negativo de infra-estruturas, avaliar as consequências do
desenvolvimento urbano nas linhas de água, controlar a colheita de produtos das zonas húmidas, utilizar mais
eficientemente a nossa água, cooperar com os países vizinhos nas bacias partilhadas, são só algumas das
tarefas que devemos estabelecer nas bacias hidrográficas e, também, são oportunidades que todos temos para
encontrar soluções com os nossos próprios esforços, as nossas organizações de cidadãos e os nossos
representantes eleitos por votação.

Enfrentar estes desafios com todas as possibilidades de actuar que se oferecem, ajudá-lo-á a si e a outras
pessoas a gerir com mais eficiência a sua bacia hidrográfica, e todas as zonas húmidas existentes no seu
interior. Um resultado natural da gestão eficaz serão umas zonas húmidas sãs, mas há muito mais a fazer.

E o que fazer para remediar algumas das agressões que cometemos antigamente contra as zonas húmidas?
Segundo muitos especialistas, a restauração das zonas húmidas muito degradadas ou inclusive destruídas é uma
medida essencial para fechar a “lacuna de água doce”, a diferença entre o que temos e o que necessitamos
agora e necessitamos no futuro, e garantir a prestação constante dos serviços de ecossistema de que
dependemos.

Vamos enfrentar o desafio!

Dia Mundial das Zonas Húmidas 2009 - 15


A missão da Convenção Ramsar consiste em

“a conservação e o uso racional de todas as zonas húmidas


mediante acções locais, regionais e nacionais e graças
à cooperação internacional, como contribuição
para o resultado de um desenvolvimento
sustentável em todo o mundo”

Para conhecer melhor a Convenção de Ramsar e o trabalho que realiza, visitem o website
da Ramsar, administrado pela Secretaria da Ramsar que é actualizado todos os dias:

www.ramsar.org

Por favor enviem as suas informações de actividades do Dia Mundial das Zonas Húmidas a

wwd@ ramsar.org

Secretaria da Convenção de Ramsar


Rue Mauverney, 28
1196 Gland, Suiza
Tel: +41 22 999 0170
Fa x: +41 22 999 0169
e-mail: ramsar@ramsar.org

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