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Aula 4: MÉTODOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA

COGNITIVA
(STERNBERG, R. (2000) Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas).
Leitura Complementar: Hockembury, D. H., & S. E. Hockenbury. (2003). Descobrindo a
psicologia. (J. H. Keeling & E L. Keeling, Trad.). São Paulo: Manole.

► Objetivos de Pesquisa
A pesquisa em psicologia cognitiva focaliza a descrição de fenômenos
cognitivos, tais como a maneira pela qual as pessoas reconhecem as
fisionomias ou desenvolvem as habilidades. Entretanto, a maioria dos
psicólogos cognitivos quer entender mais do que o que é a cognição; a
maior parte procura também compreender o como e o por que pensar. Isto
é, os pesquisadores buscam meios para explicar a cognição, tanto quanto
para descrevê-la.

►REVISÕES GERAIS SOBRE O MÉTODO CIENTÍFICO

PRESSUPOSTO DA ORDEM

De acordo com Reese (1961):

Geralmente se diz que o pressuposto fundamental de qualquer


ciência é que a natureza é regida por leis, ou ordenada, em
oposição à caótica. O que isto realmente significa é que o
cientista crê, acredita, espera que a natureza é ordenada e
conduz sua pesquisa adequadamente, procurando encontrá-la. O
objeto de estudo da psicologia é o comportamento, e para
estudar psicologia como uma ciência, nós primeiramente
assumimos – ou esperamos, ou aspiramos – que o
comportamento seja ordenado. Nós então procedemos a testar
essa suposição tentando encontrar as leis do comportamento.

► O pressuposto da ordem é uma “crença” assumida por todos os cientistas,


pois caso se admitisse que o funcionamento do universo fosse caótico e não
ordenado, descrever e explicar, e principalmente predizer e controlar
qualquer fenômeno ou evento (mental, comportamental, físico, etc) seria
algo muito complicado, praticamente inviável.
Cognitivismo Prof. Timoteo M. Vieira

AS ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO

A ciência baseia-se na evidência empírica que, por sua vez, é o resultado de


observação, medição e experimentação objetiva. O cientista faz perguntas
sobre o seu objeto (s) de estudo e procura respondê-la através de evidências
empíricas.

No caso da Psicologia Cognitiva, o objeto de estudo são os fenômenos


cognitivos.

EVIDÊNCIA EMPÍRICA: Evidência que se baseia em observação objetiva,


sistema de medidas e/ou experimentação.

Os psicólogos cognitivos, assim como outros cientistas, seguem os quatro


passos básicos do método científico como parte do processo geral de produção
de evidência empírica. Em resumo, esses processos são:

Passos básicos do método científico:

(1) Formular uma questão que possa ser testada (Hipótese);


(2) Delinear um estudo para coletar dados relevantes;
(3) Analisar os dados para chega a conclusões;
(4) Relatar os resultados.

Passo 1: Formulação de Hipóteses Que Podem Ser Testadas


Empiricamente

Uma vez que o pesquisador identificou o problema, isto é, uma questão ou


tópico a ser investigado, ele poderá formular hipóteses que podem ser
testadas empiricamente. Formalmente, a hipótese é uma afirmação
especulativa que descreve a relação entre duas ou mais variáveis. Dito de
outra forma, a hipótese é uma resposta provisória ao problema delimitado, e
para testar se ela é provavelmente verdadeira ou não, procede-se à coleta de
dados empíricos.

• VARIÁVEL: Um fator que pode variar ou mudar de maneira que possa


ser observado, medido ou verificado ► TUDO NA NATUREZA AO QUE SE
POSSA ATRIBUIR ALGUM TIPO DE VALOR.

A variável que é manipulada, e cuja manipulação é definida pelo pesquisador


como uma condição para que ocorra ou não alterações na variável que será
observada e medida, é chamada Variável Independente (V.I.). ► No
exemplo acima, a V.I. é a ocorrência ou não de Punição Física (pois isso é

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colocado como condição para que a criança se comporte de forma mais


agressiva ou não).

A variável que é observada e pode sofrer alterações em decorrência das


manipulações ou variações da V.I. é chamada Variável Dependente
(V.D.).► No exemplo acima, a V.D. é o comportamento agressivo das
crianças.

• DEFINIÇÃO OPERACIONAL: Uma descrição precisa de como as


variáveis em um estudo serão manipuladas e medidas.

Passo 2: Delineamento do Estudo e Coleta de Dados

Esta etapa envolve decidir qual método de pesquisa será utilizado na coleta
de dados. Há duas categorias básicas de métodos de pesquisa: DESCRITIVO
e EXPERIMENTAL.

MÉTODOS DESCRITIVOS: Estratégias de pesquisa para observar e


descrever comportamento, incluindo a identificação de fatores que possam
estar relacionados a um fenômeno em particular. Os métodos descritivos
respondem às seguintes questões sobre o comportamento: quem, o quê,
onde e quando. Quem se envolve um determinado comportamento? Que
fatores ou eventos parecem estar associados a esse comportamento? Onde
esse comportamento ocorre? Quando esse comportamento ocorre? Com que
freqüência? Posteriormente, serão apresentados os métodos descritivos mais
usados (observação naturalística, estudos de caso e estudos correlacionais).

MÉTODO EXPERIMENTAL: É usado para demonstrar que uma variável


causa mudanças em uma segunda variável (uma V.I. causa mudanças em
uma V.D.). Em um experimento, o pesquisador deliberadamente varia um
fator (V.I.) e, então, mede as mudanças produzidas em um segundo fator
(V.D.). Idealmente, todas as condições experimentais são mantidas o mais
constante possível, exceto o fator que o pesquisador sistematicamente muda
(V.I.). Então, se mudanças ocorrem no segundo fator (V.D.), elas podem se
atribuídas às variações do primeiro fator (V.I.). Como você verá mais
adiante, muitas questões estão envolvidas na elaboração de um bom
experimento.

► AO PROCURAR MANTER AS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ESTÁVEIS, O


PESQUISADOR ESTÁ TENTANDO EVITAR QUE OUTRAS VARIÁVEIS QUE NÃO
AS ESTUDADES, INTERFIRAM NOS RESULTADOS. ESSAS VARIÁVEIS SÃO
CHAMADAS DE VARIÁVEIS INTERVENIENTES, ISTO É, QUE PODEM INTERVIR

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NOS RESULTADOS QUE SERÃO MEDIDOS NA V.D., COLOCANDO EM DÚVIDA


SE TAIS RESULTADOS SÃO DECORRENTES DAS MANIPULAÇÕES DA V.I.

Passo 3: Análise de Dados e Conclusões

Uma vez que as observações foram efetuadas e as medições coletadas, os


dados, em seu estado bruto, devem ser tratados e analisados. Alguns
psicólogos usam a estatística, um ramo da matemática, para sumariar,
analisar e tecer conclusões sobre os dados obtidos.

Os psicólogos que utilizam a estatística para determinar se os seus resultados


sustentam as suas hipóteses, também utilizam a estatística para determinar
se as suas descobertas são estatisticamente significativas. Se uma
descoberta é estatisticamente significativa isso implica que os resultados,
muito provavelmente, não ocorrem ao caso. Como regra geral, os resultados
estatisticamente significativos confirmam a hipótese.

Passo 4: Relato dos Resultados

Os pesquisadores devem publicar suas pesquisas ou compartilha-las com


outros cientistas para que avanços aconteçam em qualquer disciplina científica.
Os psicológos, além de publicarem seus resultados, fornecem uma descrição
detalhada do estudo.

• MÉTODOS ESPECÍFICOS DE PESQUISA

Os psicólogos cognitivos utilizam vários métodos para examinar como os seres


humanos pensam. Esses métodos incluem os seguintes: (a) experimentos controlados
de laboratório ou outros, (b) pesquisa psicobiológica, (c) auto-relatos, (d) estudos de
casos, (e) observação naturalística, (f) simulações computadorizadas e inteligência
artificial.

► Experimentos sobre o Comportamento Humano


O método experimental é um método de pesquisa usado para
demonstrar que a mudança em uma variável causa uma mudança em
outra variável. Conduzir um experimento envolve a variação
deliberada de um fator chamado variável independente. O
pesquisador, então, mede a mudança, caso ela ocorra, que é
produzida em um segundo fator chamado de variável dependente. A

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variável dependente é assim chamada porque qualquer mudança que


possa ocorrer depende da ocorrência de variações na variável
independente.

Na medida do possível, todas as outras variáveis do experimento são


mantidas constantes. Assim, quando os dados são analisados,
quaisquer mudanças que possam ocorrer na variável dependente
podem ser atribuídas à variação deliberada da variável independente.
Dessa forma, um experimento pode demonstrar uma relação de causa
e efeito entre variáveis dependentes e independentes. Uma variável
que possa interferir nos resultados, colocando em dúvida o efeito da
V.I. sobre a V.D., é chamada variável interveniente.

OS PARTICIPANTES E A DISTRIBUIÇÃO ALEATÓRIA

Em um experimento típico, normalmente há um grupo controle, isto é,


que não recebe tratamento, e este grupo passa por todas as fases da
pesquisa mas não é exposto à variável independente (V.I.). Assim, o
grupo controle atua como a referência com as quais as mudanças o
grupo experimental podem ser comparadas.

Grupo Experimental (ou condição experimental): Em um


experimento, o grupo de participantes que é exposto à variável
independente ou tratamento de interesse.

Grupo Controle (ou condição controle): Um grupo de participantes


que não é exposto à variável independente ou ao tratamento de
interesse com o qual o grupo experimental é comparado.

Os pesquisadores utilizam um processo chamado distribuição aleatória


para alocar participantes nos diversos grupos de experimento. A
distribuição aleatória significa que todos os participantes do estudo
têm chance igual de serem alocados em qualquer um dos grupos do
estudo (controle ou experimental). A distribuição aleatória é um
elemento importante de um experimento bem elaborado, por pelo
menos duas razões: 1. a escolha aleatória dos participantes assegura
que as diferenças entre eles sejam espalhadas em todas as condições
do experimento; 2. uma vez que o mesmo critério é usado para alocar
todos os participantes em todas as condições do experimento, a
distribuição aleatória garante que a locação destes não seja
tendenciosa.

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VARIAÇÕES NO DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

A elaboração de qualquer experimento em particular depende das


questões a serem investigadas.

►Grupo Controle Placebo: Um grupo controle em que os participantes são


expostos a substâncias inertes ou a tratamentos sem efeitos conhecidos.

Exemplo: Um estudo realizado para testar se a melatonina, um hormônio que


induz o sono, é eficiente para amenizar as dificuldades para dormir que os
astronautas normalmente enfrentam. Durante o estudo, metade dos astronautas
do ônibus espacial Columbia tomou uma pílula que continha melatonina e a
outra metade tomou uma pílula que parecia idêntica, mas era um placebo. Os
astronautas não sabiam quem tomava as pílulas de melatonina e quem, o
placebo. Durante o sono, sensores monitoraram as atividades do cérebro, as
batidas cardíacas, a respiração e outras funções físicas de todos os astronautas
(grupo experimental e grupo controle).
O placebo ajuda a verificar o efeito da expectativa, que são mudanças que
ocorrem simplesmente porque os participantes esperam, isto é, têm a
expectativa que essas mudanças vão ocorrer.

O estudo duplo-cego: Nesse tipo de estudo, nem os participantes nem os


pesquisadores que coletam os dados sabem quem faz parte do grupo
experimental e quem está tomando o placebo. O procedimento duplo-cego ajuda
a evitar a possibilidade de uma atitude tendenciosa por parte do pesquisador em
tentar comprovar sua hipótese.

EXPERIMENTOS NATURAIS

Nesse tipo de experimento, é possível investigar de forma experimental algo que


seria eticamente ou por outras razões, em laboratório. Nesse caso os
pesquisadores observam e medem cuidadosamente o impacto da ocorrência
natural que um evento exerce nos participantes.

Exemplo: Um grupo de pesquisadores alemães investigaram os efeitos da exposição a ruído


crônico em crianças. Eles compararam os níveis de estresse em crianças do ensino
fundamental, de uma comunidade que um dia foi calma e tranqüila, próxima a Zurique, na
Alemanha, antes da construção de um grande aeroporto internacional. Os pesquisadores
mediram indicadores físicos e psicológicos de estresse: pressão arterial, níveis hormonais de
estresse e consciência da qualidade de vida. Mediram também os indicadores durante o mesmo
período de tempo com crianças de um grupo controle, que morava em uma comunidade
tranqüila. Os resultados mostraram que as crianças do grupo controle apresentaram pouca
mudança nos níveis de estresse, enquanto as crianças do grupo experimental mostraram um
aumento significativo de estresse físico e psicológico. Os pesquisadores concluíram que o ruído
crônico (variável independente) causa um aumento significativo de estresse (variável
dependente) em crianças.

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Experimentos são importantes porque podem fornecer, quando bem elaborados,


evidência convincente de uma relação de causa e efeito entre uma V.I. e uma
V.D.. Todavia, as condições altamente controladas dos laboratórios podem
interferir no comportamento dos participantes, levando-os a se comportarem de
forma artificial, isto é, diferente do modo como se comportam naturalmente.
Assim, alguns experimentos podem produzir resultados que não podem ser
generalizados.

Outro problema, é que há muitas situações nas quais um experimento poderia


ser muito esclarecedor, mas é inviável eticamente.

Algumas vezes não é possível realizar um teste do tipo causa e efeito, tal como
se objetiva em um experimento. Nessas situações, os pesquisadores usam
freqüentemente, outros tipos de estudos, como os que envolvem correlação,
uma relação estatística entre dois (ou mais) atributos (características dos
indivíduos, de uma situação, etc).

► ESTUDOS CORRELACIONAIS

Um estudo correlacional examina quão fortemente duas variáveis


estão relacionadas ou associadas entre si. Provavelmente, a melhor
maneira de entender os estudos correlacionais e suas limitações é
observar um exemplo simples.
Muitas pessoas acreditam que há uma relação entre estresse e
propensão a resfriados: quanto mais estressada uma pessoa está,
maior seria a probabilidade de pegar um resfriado. Como podemos
investigar essa relação? Em primeiro lugar, podemos pesquisar
pessoas que estivaram em situações de estresse nos últimos seis
meses – problemas financeiros, problemas de relacionamento,
pressões no trabalho, etc. Depois, podemos perguntar a essas pessoas
quantos resfriados e infecções respiratórias elas tiveram durante o
mesmo período de tempo.
Com essas informações em mãos, podemos usar um procedimento
estatístico para calcular um número chamado de índice de correlação.
Um índice de correlação é um indicador numérico que representa quão
relacionados dois fatos parecem estar. Um índice de correlação sempre
varia entre -1,00 até +1,00. O índice de correlação tem duas partes, o
número e o sinal. O número indica a força dessa relação e o sinal
indica a direção da relação entre as duas variáveis.
Mais especificamente, quanto mais perto o índice de correlação está
para 1,00, quer positivo ou negativo, maior é a correlação ou

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associação entre dois fatores. Assim, um índice de correlação de +0,80


ou -0,80 representaria uma grande associação, enquanto um
coeficiente correlato de +0,10 ou -0,10 representaria uma correlação
fraca. Observe que o índice de correlação não funciona como a álgebra
numérica. Uma correlação de -0,80 representa uma correlação muito
maior que o índice +0,10. Os sinais de + ou – em um índice de
correlação simplesmente informam a relação entre as duas variáveis.
Uma correlação positiva, por exemplo, +0,80, indica que os dois
fatores variam na mesma direção, isto é, os dois fatores aumentam ou
diminuem juntos. Se, à medida que a pessoa passa mais tempo
estressada tem mais resfriados, então há uma correlação positiva
entre os dois fatores (estresse e resfriados), isto é, os dois variam na
mesma direção.
Por outro lado, uma correlação negativa é aquela em que as duas
variáveis movimentam-se em direções opostas: à medida que um fator
aumenta, o outro diminui. Por exemplo: existe uma correlação
negativa entre satisfação conjugal e taxa de divórcios. Ao passo que a
satisfação conjugal aumenta, a taxa de divórcios diminui. Assim,
quando dois fatores estão negativamente correlacionados, ambos
variam em direções opostas.
Contudo, é muito importante compreender que dizer que há uma
correlação entre dois fatores, não significa dizer que um causa o outro.
Por exemplo, encontrando uma correlação altamente positiva entre
estresse e resfriados, podemos dizer que estresse causa nas pessoas
maior suscetibilidade a resfriados?
Não necessariamente. Mesmo que eventos estressantes do cotidiano e
resfriados estejam altamente relacionados, é completamente possível
que um outro fator esteja envolvido. Por exemplo, pode ser que as
pessoas que estavam sob grande carga de estresse tenham um
contato maior com outras pessoas; dessa forma, estão mais expostas
aos germes do resfriado. Ou, também pode ser que as pessoas que
estejam sob situações estressantes envolvam-se mais em hábitos não
saudáveis, como fumar, má alimentação ou não dormir bem.
O ponto crítico é que mesmo que dois fatores estejam altamente
correlacionados, a correlação não indica necessariamente causalidade.
Uma correlação informa somente que dois fatores parecem estar
correlacionados ou variam juntos de forma sistemática. Embora dois
fatores possam estar altamente correlacionados, a evidência de
correlação não demonstra uma relação de causa e efeito.

Duas razões pelas quais estudos correlacionais são válidos: 1.


Dados correlacionais podem ser utilizados para excluir alguns fatores
e identificar outros que demandam um estudo maior; 2. Os
resultados da pesquisa correlacional permitem que você faça

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predições significativas. Por exemplo, há evidência significativa que


mostra uma forte correlação positiva entre estresse e propensão a
resfriados e infecções. Assim, a quantidade de estresse é um forte
preditor de propensão a resfriados e infecções.

► Pesquisa Psicobiológica

Pela pesquisa psicobiológica, os investigadores estudam a relação


entre o desempenho cognitivo e os eventos e as estruturas cerebrais.
Há várias técnicas usadas na pesquisa psicobiológica; essas técnicas,
geralmente, caem em três categorias: (1) técnicas para estudar o
cérebro de uma pessoa post-mortem (após a morte de um
indivíduo), relacionando a função cognitiva do mesmo anterior à
morte com características cerebrais observáveis; (2) técnicas para
estudar imagens que mostram as estruturas ou as atividades no
cérebro de uma pessoa sabidamente possuidora de um déficit
cognitivo específico; ou (3) técnicas para obter informação sobre os
processos cerebrais durante o desempenho de uma atividade
cognitiva.

Os recentes avanços tecnológicos também habilitaram os


pesquisadores a estudar cada vez mais os indivíduos com déficits
cognitivos conhecidos in vivo (enquanto ele está vivo). O estudo de
indivíduos com funções cognitivas anormais, ligadas a patologias
cerebrais, freqüentemente aumenta nossa compreensão sobre as
funções cognitivas normais.
Também são utilizados animais de experimento em procedimentos
que envolvem neurocirurgias, já que tais procedimentos seriam
antiéticos, muito difíceis ou impraticáveis. Contudo, muitos
pesquisadores questionam a possibilidade de generalização de
resultados para humanos.

► Auto-relatos, Estudos de Caso e Observação Naturalística

Auto-relatos
Para obter informações sobre o modo como determinados indivíduos
pensam em uma ampla gama de contextos, os investigadores podem

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usar autorelatos (uma narrativa dos processos cognitivos do próprio


indivíduo), estudos de casos (estudos de indivíduos em profundidade)
e observação naturalística (estudos detalhados do desempenho
cognitivo em situações cotidianas e em contextos não-laboratoriais).

Os auto-relatos apresentam a desvantagem de que a confiabilidade


dos dados depende da honestidade das pessoas que fornecem os
relatos. Mesmo considerando que elas sejam completamente
verídicas em suas narrativas, as que envolvem informação evocada
(p. ex., diários, relatos retrospectivos, questionários e
levantamentos) são notavelmente menos confiáveis do que as
narrativas propiciadas durante o processo cognitivo sob investigação,
porque elas, às vezes, esquecem o que fizeram. No estudo de
processos cognitivos complexos, tais como a resolução de problemas
ou a tomada de decisões, os pesquisadores usam freqüentemente,
um protocolo verbal, no qual as pessoas descrevem em voz alta
todos os seus pensamentos e suas impressões durante a tarefa
cognitiva dada. (Por exemplo, “gosto mais do apartamento com a
piscina, mas realmente não tenho condições para ele, por isso
escolhi...”).
Algumas vezes os protocolos verbais são utilizados para obter
descrições, em números, de quão próximos os sujeitos acreditam
estar da resolução de problemas (relatos de 15 em 15 segundos, por
exemplo). Contudo, o próprio ato de relatar pode alterar os
resultados (quando dependem da memória, por exemplo), e nem
sempre os indivíduos podem perceber, conscientemente, certos
processos.
Por tudo isso, os autorelatos são muito criticados por muitos
cientistas cognitivos que preferem não utiliza-los.

Observação Naturalística (ou, naturalista)

O método descritivo chamado observação naturalística é utilizado para


observar sistematicamente e registrar comportamentos, à medida que
ocorrem no ambiente natural dos sujeitos observados (pessoas ou
animais). Normalmente, o ideal é que os sujeitos observados não vejam
seus observadores nem percebam que estão sendo observados.
Contudo, há situações em que isso não é possível, então os
pesquisadores passam algum tempo no ambiente até que os sujeitos se
habituem com sua presença e voltem a se comportar como faziam antes
(habituação).

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O objetivo básico da observação naturalística é detectar os padrões de


comportamento que existem naturalmente – padrões que podem não
ser aparentes em um laboratório ou quando os sujeitos sabem que
estão sendo observados.

• A habituação é muito utilizada em situações em que não é possível que o


pesquisador não seja visto. Há que se considerar que essa situação não é a ideal,
mesmo havendo habituação. Ainda assim, esse tipo de situação permite a
observação do comportamento muito mais próximo do natural do que seria em
um laboratório.

A grande vantagem da observação naturalística é permitir pesquisas


sobre comportamentos humanos que não podem ser eticamente
manipulados em um experimento. Outra vantagem, é que há maior
possibilidade de generalizações.

Como uma ferramenta de trabalho, a observação naturalística pode ser


utilizada onde quer que haja padrões observáveis de comportamento –
da floresta amazônica até os restaurantes fast-food, shopping centers
e bares.

Exemplo: Suponhamos que você se interesse por verificar se na última aula de uma
seqüência de três aulas com duração de uma hora e meia, os alunos apresentam a
capacidade de atenção reduzida, do que nas aulas anteriores. Para isso, seria
complicado expor os sujeitos, em um laboratório, a períodos tão longos de
atividades. Além do mais, essa situação em laboratório poderia alterar a disposição
dos sujeitos a apresentar os comportamentos de forma natural. Então, você pode se
misturar a uma determinada turma, como se fosse um aluno que foi incluso na
disciplina, observar e registrar os comportamentos que tipificam dificuldades de
atenção, como por exemplo olhar para o teto, observar os movimentos de outros
alunos, reclamações que caracterizam a dificuldade, etc.

ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso são descrições altamente detalhadas de um único


indivíduo ou evento. O próprio sujeito estudado pode ser intensamente
entrevistado, bem como seus amigos, familiares e colegas de trabalho.
Os registros psicológicos, médicos ou escolares podem também ser
analisados, se necessário. Esse tipo de estudo é utilizado para
desenvolver o perfil de uma pessoa em tratamento psicoterápico, e
também pode ser utilizado para compreensão de condições raras,
incomuns ou extremas, fornecendo inclusive informações para ajudar a
entender o comportamento normal.

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Simulações Computadorizadas e Inteligência Artificial

Nas simulações computadorizadas, os pesquisadores programam os


computadores para imitar uma dada função ou um processo humano,
como o desempenho em tarefas cognitivas específicas (p. ex.,
manipular objetos num espaço tridimensional) ou o desempenho de
processos cognitivos especiais (p. ex., o reconhecimento de
padrões). Alguns pesquisadores tentaram até criar modelos
computadorizados de toda a arquitetura cognitiva da mente humana,
e seus modelos estimularam calorosos discussões com relação à
maneira como a mente humana funciona em sua totalidade.

A inteligência artificial envolve a tentativa de criar sistemas que


processem a informação de maneira inteligente e eficiente, sem levar
em conta se esses sistemas simula a cognição humana ou
demonstram inteligência, via processos que diferem dos processos
cognitivos humanos. Por exemplo, os primeiros programas para jogar
xadrez ou para demonstrar habilidade mostraram a “inteligência”
mediante ouso de processo inteiramente diferentes dos utilizados
pelos humanos.
A tentativa de simular a inteligência humana – ou mesmo demonstrar
inteligência mecânica – mostrou-se mais difícil do que o previsto. Bem no
início do processo, os investigadores descobriram dois insights
importantes, a partir da modelação computadorizada: (1) muitas coisas
que são muito fáceis para os computadores fazerem (p. ex.: calcular
rapidamente a expressão 123.456.789 x 987.654.321) são extremamente
difíceis para as pessoas fazerem. Porém (2) muitas coisas que são muito
fáceis para as pessoas fazerem (p. ex., reconhecer a fisionomia de um
amigo) são muito difíceis para os computadores fazerem.

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