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1. Introdução.
Ao preparar essa mensagem e ler novamente, agora de maneira muito mais detida em
Romanos, meu coração se inflamou em paixão por descobrir e redescobrir as verdades
de Deus contidas nessa carta. Cada palavra, cada frase... Romanos é um planeta a ser
descoberto.
O perigo que nós corremos ao longo de nossa caminhada com Deus é tornar o
Evangelho algo subjetivo, como um livro de auto-ajuda. Essa boa notícia de Deus pode
ser tornar uma simples notícia. Talvez por isso, Romanos nos força a olhar para aquilo
que é a Essência desse “Evangelho de Deus”: a pessoa de Jesus Cristo.
Jesus não é apenas um bom mocinho, um cara legal, um exemplo de vida. Jesus veio ao
mundo, nasceu como todos nós nascemos, morreu na cruz pagando o preço do meu e do
seu pecado, e aniquilou a morte ressuscitando dos mortos. É desse Jesus de quem estou
falando. É desse Jesus a quem Paulo servia como Senhor.
Minha oração hoje é a seguinte: Jesus, que Tu sejas sempre, o único motivo, razão,
propósito, essência, da minha vida. Jesus, que eu possa te glorificar, proclamar a fama
de teu nome, porque Tu és a pessoa mais importante para mim. Que o Espírito Santo
nos ajude a centralizarmos tudo em Jesus.
1
Pregado no MEP dia 13 de março de 2011.
2
Cf. Sttot pág. 56.
Afinal, que mensagem era essa que Paulo estava pregando pelo mundo a fora? É
justamente o que ele chama de “Evangelho de Deus”. São as boas notícias de um Deus
que quer se envolver conosco. Essa mensagem não nasceu no coração de Paulo e nem
dos apóstolos. Também, não foi uma solução inventada por Deus de última hora para
salvar os pecadores da Sua ira. Mas o Evangelho foi prometido e garantido desde o
Antigo Testamento.
O Texo nos diz: “(Evangelho de Deus) a qual foi prometido previamente por meio dos
seus profetas nas santas escrituras” (vr. 2).
Muitas pessoas acham que Deus mudou de idéia e a metodologia de agir e de ser a partir
do Novo Testamento. Alguns dizem que no Antigo Testamento, Deus se mostra muito
severo, ao passo que no Novo, Deus se mestra amoroso. Essa foi uma posição defendida
por um dos primeiros hereges da Igreja Cristã, Marcião7. Porém, o que Paulo quer nos
ensinar é que há uma continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. O Evangelho
3
Eugene Peterson in The Massage: Master Jesus; N.T. Wright in Paul for Everyone: King Jesus.
4
Cf. BJ e opção de tradução dada também por NCLNTG.
5
Cf. Metzger, os manuscritos mais antigos trazem Ἰησοῦ Χριστοῦ.
6
Cf. Metzger, alguns manuscritos não apresentam ἐν Ῥώµῃ
7
85~160 AD.
de Deus já foi prometido aos antigos através dos profetas de Deus: Moisés (At 3:21,22),
Davi (At 2:30), Isaías, Malaquias... todos esses vislumbravam a concretização do plano
de Deus.
Meus irmãos, Deus nunca é pego de surpresa. Tudo está sob a sua soberania. Antes de
tudo, Deus já havia preparado uma porta de escape para a queda no pecado. Antes que o
homem caísse, Deus já havia preparado o Evangelho. Esse Evangelho, o plano de Deus
para a salvação dos homens, é encarnado, é manifesto e se torna real em uma pessoa:
Jesus Cristo!
Jesus é chamado de “seu Filho”. O Evangelho de Deus é algo tão real que foi encarnado
na pessoa de Cristo. Jesus, sendo Filho de Deus, veio ao mundo, em carne11, seguindo a
descendência de Davi. Era necessário que o Salvador do mundo viesse em forma
humana, assumindo toda a fraqueza e limitação desse corpo para que pudesse redimir
todos os santos dos seus pecados morrendo por eles! O apostolo João nos diz: “E o
verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai” (Jo 1:14).
O Evangelho é tão real quanto Jesus. Todos os adjetivos que Paulo usou até agora: filho
de Deus, semente de Davi, Cristo... todos eles apontam para Jesus. Isso quer dizer que o
Evangelho de Deus é a respeito Dele.
Jesus veio pela descendência da família de Davi, por isso ele é chamado como “Filho de
Davi” (ou como o texto diz: “semente de Davi”). Esse titulo aplicado pelos judeus ao
Messias que viria vencer todos os inimigos e fundar um reino eterno de paz e
prosperidade. Quando Paulo diz que Jesus é a “descendência de Davi”, ele está dizendo
que as profecias do Antigo Testamento se cumprem Nele12. Ambos os títulos “Filho de
Deus” (cf. Sl 2:7) e “Filho de Davi” apontavam diretamente para a figura do Messias,
do Ungido de Deus, do Cristo, prometido no Antigo Testamento.
Ser “Filho de Deus” era uma indicação de divindade. Era uma expressão familiar aos
romanos, pois era aplicada à figura de Cesar. Mas a mensagem de Paulo era a respeito
8
Cf. Sttot, pág. 49.
9
Cf. Sttot, pág. 49.
10
Cf. Calvino, pág. 43.
11
Dunn diz que Σάρξ (carne) em Paulo denota um homem condicionado e caracterizado pela sua moralidade: sua
fraqueza, relacionamentos, necessidades e desejos. In WBC pág. 13.
12
Cf. Is 11; Jr 23:5,6; 33:14~18; Ez 34:23~31; 37:24~28.
de Jesus. Ele foi 100% humano, Ele foi também 100% divino. A isso nós chamamos de
“as duas naturezas de Cristo”. Embora assumindo uma posição humilde de ser humano,
Jesus Cristo era Deus! Essa é uma das confissões mais primárias do cristianismo: Jesus
Cristo é Deus!
O evento que selou definitivamente a vitória de Jesus foi a sua ressurreição dentre os
mortos: “declarado filho-de-Deus-em-poder, segundo o espírito de santidade13, pela
ressurreição dos mortos, Jesus Cristo nosso Senhor.” (vr. 4). Jesus veio ao mundo
como ser humano, mas foi através da ressurreição que Ele foi “declarado” como o
poderoso Filho de Deus! A ressurreição é o ponto decisivo na existência do Filho de
Deus. Antes de ressuscitar, Jesus era o Filho de Deus em fraqueza e humildade. Com a
ressurreição, ele tornou-se Filho de Deus em poder! O Senhorio de Cristo foi resultado
direto de sua ressurreição14.
“Por meio de quem recebemos graça e apostolado para conduzir todas as nações à
obediência pela fé, por causa de seu nome, entre os quais sois também chamados para
pertencer a Jesus Cristo” (vss. 5,6)
O chamado de Paulo era levar o Evangelho a todas as nações, para gentios que não
conheciam a Deus. A abrangência do Evangelho é universal. Porém, a tarefa de Paulo
não era apenas de anunciar, mas sim, conduzir todos os povos a que se submetessem ao
Evangelho. De que forma? Obedecendo-a pela fé. Obediência e fé são as duas faces de
uma moeda. Não podemos obedecer sem crer, e não podemos crer sem obedecer aos
seus mandamentos. A resposta para o evangelho é a obediência por fé!
Mas repare bem nesse versículo: vamos lê-la mais uma vez: “Por meio de quem
recebemos graça e apostolado para conduzir todas as nações à obediência pela fé, por
13
Cf. Bruce, maneira hebraica de se referir ao Espírito Santo. In Romanos, pág. 61
14
Cf. Dunn, pág. 16.
causa de seu nome, entre os quais sois também chamados para pertencer a Jesus
Cristo”. Quando paramos e meditamos naquilo que Paulo está nos dizendo, percebemos
que a missão de Paulo não era simplesmente pregar o Evangelho. Para Paulo, isso era
secundário. O que era primário para Paulo era exaltar a glória de Cristo. Paulo diz: “por
causa de seu nome”, ou seja, Paulo estava fazendo tudo aquilo por causa da pessoa de
Jesus, para a glória de Deus nome.
O ministério não era tudo na vida de Paulo: Jesus era tudo para ele. Sem Jesus, nada
fazia sentido em sua vida. Até os atos mais bondosos, tudo perde a cor e o sentido em
Cristo. O pr. John Sttot diz assim: “De tudo o que nos impele à obra missionária, a
maior motivação não é, nem a obediência à Grande Comissão (apesar de toda a sua
importância), nem o amor aos pecadores que estão alienados e perecendo (por mais
forte que seja este incentivo, principalmente diante da ira de Deus, versículo 18), mas
sim o zelo – zelo ardente e cheio de paixão – pela glória de Jesus Cristo”15. Esse é o
sentido real da declaração da Reforma Solus Christus. O que era fundamental para
Paulo era a glória e o louvor a Cristo16.
Amado, o que você faz para Deus é menos importante do que o próprio Deus. O que
você faz para Jesus não pode ser mais importante do que Ele próprio. O propósito da
nossa vida é glorificar o nome de Jesus Cristo! Mais uma vez: o propósito da nossa vida
não é ser feliz, ganhar muito dinheiro, ser abençado... é sim, glorificar a Jesus Cristo!
Anunciar o Evangelho é proclamar a glória do Rei Jesus! Irmão amado, a glória de
Cristo é a coisa mais importante que temos nessa vida. Temos de ter uma paixão
enorme para ver o nome de Cristo sempre exaltado. Ele sim, é quem deve ser
glorificado em todo momento!
Conclusão:
“A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados para serdes santos, graça
e paz por parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” (vr. 7)
Esse evangelho foi endereçado aos cristão habitante de Roma. Este evangelho é
endereçado a todos nós! Nós somos amados de Deus e chamados para sermos santos,
em outras palavras, somos cristãos! Da mesma maneira que Deus chamou seu povo no
Antigo Testamento, Deus está nos chamando a participarmos desse Reino. Nós fazemos
parte do Reino de Deus, somos o povo escolhido Deus para glorificá-lO nos dia de hoje.
É a esses a quem esta carta é destinada. Paulo encerra rogando a graça e a paz que vem
de Deus e de Jesus a todos.
Interessante é que Paulo faz uma saudação dupla. A maneira greco-romana de saudar é
“que a graça (cháris) esteja com você”. A maneira judaica de saudar é “que a paz
(Shalom) esteja com você”. Ao fazer isso, Paulo está nos sinalizado que em Cristo,
judeus e gentios formam apenas um povo em Cristo! Não há mais divisão. Deus
chamou um povo que crê em seu Filho para ser glorificado. Deus nos chamou a todos
para vivermos em função de Cristo, glorificando-O a cada instante de nossas vidas. Esse
é o Evangelho de Deus, mensagem cuja essência é Jesus. Essa é uma vida evangélica:
viver para a glória de Jesus.
15
Cf. Sttot pág. 55.
16
Cf. Schreiner, pág. 36.