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CAPÍTULO II
UMA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO
SUMÁRIO
CIÊNCIA OU ARTE....................................................................................177
9. TAXIONOMIAS DAS ORGANIZAÇÕES DE ENTIDADES...... ............. ..181
9.1. Taxionomia segundo os objetivos....... ......................... ..183
9.2. Taxionomia segundo os papéis...... ............................... ..188
9.3. Taxionomia segundo as mantenedoras... ...................... ..190
10. A ORGANIZAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA....... ............................... ..197
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... ..198
Anexo 8.A pirâmide de proliferação das organizações,segundo
as entidades mantenedoras...................................................................200
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INTRODUÇÃO
1. DISTINÇÕES CONCEITUAIS
1.1. Organização
a) Terminologia
Com muita freqüência é encontrada na bibliografia sobre
administração e organização a palavra organização como sinônima de sistema,
escola, empresa, repartição, totalidade. Aqui essa sinonímia não será considerada,
pois com o sentido que lhe é dado, o termo organização se confunde com os
processos de realização e estes se configuram sob um enquadramento
geneanômico e teleonômico para a composição de sua forma. Será entendido
como a organização de um sistema sociocultural que se manifesta, em sua
abrangência genérica, sob a forma de escola, empresa, repartição, família, clubes,
sindicatos etc. Com essa concepção é possível a coexistência de mais de uma
organização em uma só entidade em razão da multifinalidade desta e dos critérios
definidos pelo observador. Assim sendo, não serão observadas as expressões
organização formal e organização informal, indicando aquela a forma
burocrática e esta a social do sistema. Se na segunda há um paradoxo, pois não se
compreende organização sem forma, na primeira há uma redundância para os
pressupostos teóricos deste estudo para o qual organização se manifesta sob uma
forma com pontos redundantes e harmônicos entre si, seja ela burocrática ou
social, com ou sem estrutura física mas, certamente, com uma interdependência
interativa das partes. Dão, sim, relevância às correntes de informação no processo
de comunicação interpessoal, intermáquina ou pessoal/máquina, admitindo-se,
assim, a informação
como o elemento essencial da organização, como se verá no
capítulo seguinte. Neste estudo serão substituídas por entidades jurídicas e não
jurídicas. Significará a primeira a existência de uma organização sociocultural
instituída com bases legal-burocráticas e como tal reconhecida. A segunda uma
organização que se forma contingencialmente, no interior das jurídicas ou,
independentemente destas, no meio social. Para economia de esforços será
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c) Taxionomia
Na taxionomia se admite a proliferação dos objetivos com
conseqüente diferenciação dos papéis à medida em que as entidades vão se
situando concretamente mais próximas do nível de realização, em razão do que se
dá a especialização em ramos e a diversificação como conseqüência do
114
Organização não se aplica nenhum preceito ético, ideológico ou prático. Deve ser
estudada, essencialmente, como ciência. Todavia, à medida em que se ramifica em
direção à prática, sua concretitude irá tendo acrescentadas características outras e
o poder aí exercido se espalha num "continuum" cujos extremos opostos políticos
são a democracia (governo do povo) e a oligarquia (governo de poucos), passando
pela monarquia (governo de monarcas) ou se se quiser repetir Montesquieu
(1962), o governo republicano (soberania do povo), o monárquico (soberania das
leis com um monarca) e despótico (sem leis com um ditador).
A Organização Geral, em razão mesmo do seu não
comprometimento com a realização repete-se, polimericamente, em todo e
qualquer sistema com essas mesmas características, com as quais serão estudadas
neste capítulo, sem a enfadonha repetição de geral . Tal repetição polimérica
também ocorre nas diversas organizações contidas em um sistema, razão pela qual
é possível tratá-las no singular, como se fez no titulo.
1.2. Complexificação
O consenso utiliza-se do termo complexificação para designar a
evolução de uma organização no aprofundamento da especialização pela
proliferação de variedade dos componentes. A complexificação caminharia, então,
no mesmo sentido e na mesma velocidade da proliferação da organização. Como é
impossível substituir o seu significado sem confundi-lo com o de caos, aqui será
utilizada a expressão complexidade, com sua acepção traduzindo um estado com
variedade muito grande de componentes. Tal estado enseja a origem de
organizações em inércia, no qual permanecerá se não houver uma intervenção. Em
desordenamento máximo o sistema apresenta-se em complexidade caótica que
sinaliza a saturação - um estado máximo de proliferação no limiar da mutação.
Significa uma quantidade muito grande de complexões, tão grande que suas
inúmeras e variadas formas não são percebidas nem mesmo por observadores que
melhor conheçam as suas conexões, senão parcialmente. Como o grande número
de complexões aproxima o sistema da entropia máxima, disso resulta a
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1.5. Teoria
A delimitação do objeto, do campo, dos métodos e das hipóteses,
com a aceitação da provisoriedade de suas inferências, bem assim as recorrências
que exigem a reflexão, são os componentes de uma teoria, entendida como:
a) um sistema de enunciados, definidos ou explicados, por
dedução, segundo Maser (1975, p.26);
b)"...um conjunto de regras (que) referem quantidades ao
modelo de observações que se tenha escolhido" e que "existe apenas em nosso
raciocínio e não apresenta qualquer outra realidade", sendo boa quando descreve
com precisão uma grande categoria de observações que contenha poucos
elementos arbitrários (abertos quanto ao significado) e faz previsões quanto aos
resultados das futuras observações, para Hawking (1988, p.26);
c) deduzida de modelos de pensamento ou "escolas", para
Otaviano Pereira(1988, p.62);
d)"um conjunto de pressuposições de que pode ser derivado, por
procedimentos puramente lógico-matemáticos, um conjunto maior de leis
empíricas (princípios)", para Feigl (1971, p.29).
São suas características, segundo Griffiths (1971, p.29 e 30):
a) objetividade para poder ser entendida pelos especialistas;
b) precisão para que as conclusões possam ser verificadas pelas
pessoas especializadas; e
c) coerência interna (estrutura sistemática) no ordenamento dos
fatos.
121
1.6. Técnicas
Para Arnold Gehlen, citado por Habermas (1968), que
desenvolve a teoria do círculo funcional da ação racional dirigida a fins
(teleologia) e controlada pela êxito, o gênero humano projeta técnicas a partir das
funções do seu organismo para reforçá-las ou substituí-las, na seguinte ordem: do
aparelho locomotor (mãos e pernas), da produção de energia (corpo), do aparelho
dos sentidos (olhos, ouvidos, pele) e, por último, as funções do centro de controle
(cérebro). As técnicas na organização, indubitavelmente, se encaixam entre estas
últimas, isto é, são uma extensão do cérebro e como tal apresentam duas
interfaces: uma voltada para o interior dos sistemas e a outra para o meio externo
que os sistemas criam para si mesmos ao atuar nele. Ocorre, como afirma o
próprio Gehlen (apud Habermas, 1968), que a lógica imanente da evolução técnica
se funda em que o círculo funcional da ação racional teleológica se dissocia
progressivamente do substrato do organismo humano e se transfere para o nível
das máquinas, criando o sistema homem-máquina. Em razão disso, pode-se prever
que, num estágio mais avançado, as funções humanas estarão ligadas às máquinas
que as reforçam ou substituem, não escapando a isso, o cérebro, cujo protótipo, no
momento, é o computador.
A tecnologia oportuniza o surgimento de novos sistemas
socioculturais, inclusive do tipo homem-máquina e influencia na reorganização
dos
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2. A GÊNESE E A TELESE
As ações humanas conscientes, das mais simples às mais
complexas, envolvem fatores autônomos e heterônomos. Os primeiros são do livre
arbítrio exercido por reflexão seguida de decisão tendo em vista finalidades
previamente definidas. São, presumivelmente, libertadores. Os heterônomos são
determinados pela natureza humana, condições socioculturais e meio-ambiente.
Funcionam como coações fixas. A dinâmica das ações humanas, assim, é uma
síntese em que a tese é a autonomia e a antítese a heteronomia, ou se se quiser, as
determinantes do passado e as previsões para o futuro. Com isso, às relações
causais tradicionais, com uma seqüência temporal unidirecional do passado para o
presente, acrescentam-se as causas no futuro e as relações se tornam bidirecionais.
Admite-se, então, que as ações do sujeito no presente são um encontro de
seqüências bidirecionais com origens inversas: no passado e no futuro. Nelas,
portanto, os acontecimentos do passado relacionam-se com os do futuro, em
função dos propósitos ou finalidades que são traduzidos por intencionalidade,
teleologia ou causa final. Estas, com o mesmo significado, oportunizam que à
gênese dos fenômenos naturais, Buckley (1976, p.105) acrescente a telese dos
fatos socioculturais que exigem planejamento das estruturas e reconhecimento do
seu valor na manutenção da sociedade. A teleologia, assim, como expressão de
intencionalidade, está presente no fato e não metafisicamente colocada num
futuro, às vezes, remoto e inatingível.
As ações humanas conscientes, com isso, têm uma organização
que carrega as normas dadas pela gênese - a geneanomia, e assume, na sua
dinâmica, as normas da telese - a teleonomia. Ambas, sob a égide da teleologia,
são reciprocamente determinantes, pois, se certas normas se estruturam ou são
estruturadas para certos fins, outros fins que se queira impor a elas, não sendo
admitidos pela gênese do sistema sociocultural, são rejeitados e a organização não
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3. A TOTALIDADE DIALÉTICA
Embora sejam utilizadas isomorfias homólogas e análogas, não
se buscará os pressupostos básicos para este constructo, por extrapolação
simplista, de outras teorias, como o fazem muitos estudiosos das ciências sociais
emergentes de paradigmas tradicionais que, ignorando MacIver (1942, p.20-1),
segundo o qual, a maioria dos padrões sociais é um produto complexo e
emergente de conseqüências tanto intencionais quanto não intencionais que parte
de diversas atividades dirigidas para finalidades menos latas e mais imediatas,
justificam a sobrevivência das estruturas sociais, como conseqüência de sua
disposição para atender às necessidades do sistema social maior. É uma questão de
serem necessárias ou rejeitadas, até a extinção, razão pela qual, cientistas há que,
em suas lucubrações, reduzem os sistemas socioculturais à condição de terem que
se acomodar à evolução geral na velocidade em que esta se dá, como se não
fossem eles próprios os geradores de si mesmos e das forças aceleradoras ou
desaceleradoras dessa velocidade. Simplesmente, eliminam seu potencial de
intervenção na realidade, isto é, sua autonomia em relação ao cenário em que se
compõem, eliminação que, se ocorrida, inviabilizaria a evolução humana.
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desordenados, são ainda muito recentes seus estudos para que possam ser
aproveitados na projeção do futuro, cuja complexidade, cada vez maior, expulsa
de seu campo o impulso instintivo, despreza os atos mecânicos e dá lugar à
retroinformação consciente para subsidiar a reflexão.
4. A TOMADA DE DECISÃO
Até este ponto fica evidente que na organização de um sistema
sociocultural:
a) a seleção natural de desbastamento de características e a
entropia nos sistemas abertos podem ser substituídas pela tomada de decisão,
quando necessário;
b) a tomada de decisão se dá pela reflexão sob coação de um
dado cenário e coerção de uma dada genealogia e de uma dada teleologia
subsidiadas pela retroinformação; e
c) a sua evolução dirigida não é efeito puro e simples de uma
causalidade determinista unidirecional, mas também do indeterminismo ou
probabilismo, admitido nestes, o acaso.
São três pressupostos que orientarão as inferências desta parte.
Um sistema sociocultural pode ter uma organização espontânea.
Quando, no entretanto, assume um formato para atender à uma burocracia
qualquer, como esta é entendida por Max Weber, a sua organização é
artificialmente elaborada, em razão do que apresenta uma certa rigidez estrutural.
Especifica-se como uma entidade jurídica e como tal apresenta um organograma
usualmente encontrado na literatura especializada com patamares hierárquicos
permanentes que, em verdade, não caracterizam o processo decisório. Este releva
as estruturas interacionais: o conjunto de interações que ocorre para se chegar ao
"sim ou não". A sua hierarquia, portanto, é temporária e reversível. Dura,
enquanto durarem as ações desencadeadas pela decisão tomada, pois a
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que está a exigir adaptação e/ou transformação. Por outro lado, não há como não
admitir que o processo de tomada de decisão seja exercido em conjunto, em
reflexão coletiva, ficando para a realização o respeito à linha da hierarquia. Isto
não implica em que uma vez assumida uma decisão, está eliminada a necessidade
de novas decisões durante o curso das ações deflagradas. Na realidade, há uma
sequência binária se aprofundando em cadeia de decisões probabilísticas, na qual,
em cada nó dessa rede haverá necessidade de nova opção pelo "sim ou não" (um
bit) por uma das alternativas que se apresentam como o caminho para se
concretizar o propósito, em prejuízo das demais. A Figura 2 procura retratar
graficamente tais assertivas.
Figura 2. A cadeia de decisões probabilísticas binárias
A"1,2,3,...,An e assim por diante, até que sejam atingidas as metas buscadas. Está
implícito que tais alternativas foram postas aos dirigentes do sistema por canais de
retroinformação para a indispensável reflexão coletiva. Nelas se aplicam, em cada
nível, a disparidade seguida de dizimação de alternativas, dada por Gould como
uma das propriedades dos sistemas e o desbastamento do processo decisório pela
seleção artificial praticada pelo homem em seu próprio proveito, como o afirma
Darwin (s.d., p.73) .
A tomada de decisão subsidiada pela retroinformação e
elaborada pela reflexão leva ao planejamento e ao controle das ações conscientes
de uma organização sociocultural.
5. O PLANEJAMENTO E O CONTROLE
Sob as condicionantes da gênese e da telese, o planejamento e o
controle conseqüência da decisão pela reflexão, dirigem a evolução humana. Nesta
parte, planejamento e controle, como atividades inerentes às ações humanas
conscientes, serão especificados na organização de uma entidade sociocultural
jurídica subordinada a macrossistemas que lhes dão normas e condições, com
burocracia e formato impostos de fora para dentro. Portanto, não se tratará do
planejamento e controle difusos, mas dos configurados.
5.1. O Planejamento
Planejamento é o processo de planejar ou planificar tendo em
vista as coerções internas e externas, as coações do meio-ambiente físico e social,
bem assim a multifinalidade da entidade jurídica onde será inserido. As coerções
internas envolvem as estruturas física, normativa, financeira e, sobretudo, a
interacional com seus valores éticos. As externas são coerções impostas pelas
demais entidades em relação metassistêmica e as coações advém de seu meio-
ambiente, lembrando que é ela que cria esse meio-ambiente a partir do momento
em que marca a sua existência para atingir os fins a que se propõe.
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______________
| |
R _____> NÍVEL CENTRAL -----------> R
E ^ | |<-------^ | E
A | | (ASSESSORIA) | | | T
J | R | | | R
U | | | | | O
S | ____V___V_____ | | I
T |<_____| NÍVEL |------->| | N
A INTERMEDIÁRIO <-------|--| F
M _____>| | | | O
E ^ | (ASSESSORIA) | | | R
N | R | | M
T | | | | | A
O | ____V___V____ | | Ç
S | | |-------->| | Ã
|<_____ NÍVEL LOCAL <-----------v O
inadequações dos planos na aplicação nos demais níveis e a externa que alimenta
estes quanto à manutenção ou reajustes de ações. A retroinformação, como se verá
no capítulo seguinte, contém duas funções: uma estimuladora (positiva) e outra
inibidora (negativa) conforme devam os desvios serem mantidos ou impedidos e
os reajustes promovidos ou não. As assessorias estão ligadas aos níveis central e
intermediário porque incumbe a elas apenas sugerirem ou subsidiarem sem
decidirem sobre a manutenção do plano ou de seus reajustes, o que é feito no nível
local pelos próprios componentes.
É preciso ter presente que um plano é apenas a ação intentada e
que só no nível operacional se dá a ação realizada. Entre ambas há uma
defasagem, uma discrepância, que precisa ser avaliada para servir de insumo para
reajustes nos processos presentes e para futuros planos. A mensagem da ação
intentada contém a primeira informação, a de entrada do sistema, cuja recepção
depende da interpretação do nível operacional. Não é recebida, portanto, no estado
em que é emitida. Do mesmo jeito, a informação de saída no nível operacional da
ação realizada não é recebida em seu inteiro teor e entendimento pelos órgãos
superiores: intermediário e central. Além do mais, na trajetória entre a emissão e a
recepção de informações, a entropia se fará sentir na perda de conteúdo, tanto
mais acentuadamente quanto maior for o tempo gasto e o espaço percorrido, bem
assim pelo aparecimento de ruídos tendo em vista a qualidade dos canais. Os
ruídos aqui ditos, não são apenas físicos. Derivam de fatores, segundo Berlo
(1960, p.44 e ss) que afetam os integrantes nos espaços dos três níveis, no
processo de tramitação do plano, os quais sejam:
a) a posição dos componentes humanos na escala hierárquica e
as suas próprias origens socioculturais com seus papéis sociais e suas ideologias;
b) as habilidades de comunicação com clareza e coerência na
redação do texto;
c) as atitudes favoráveis ou desfavoráveis dos elaboradores para
consigo mesmo, para com os receptores e para com o próprio plano; e
d) o nível de conhecimento do que se planeja e como se planeja.
145
no impacto com a quantidade de outras que não lhe dizem respeito. Enfim, a
participação afasta a entropia e aproxima os procedimentos de planejamento e de
realização, ou seja, da neguentropia. Basta para tanto a definição de linhas de
retroinformação entre ambos em dois momentos: a) pelo microcontrole, durante o
processo para garantir as organizações da entidade coerentemente com as suas
finalidades, com eficiência; e b) pelo macrocontrole após o processo para avaliar
a eficácia do produto. No caso das entidades menores essas correntes de
informação se dão naturalmente sem necessidade de intermediação, mas nas
sistemas maiores, necessariamente, haverá um esquema de micro e
macrocontroles internos e de metacontrole na conexão com os demais de seu
universo particular.
Na elaboração de planos, o diagnóstico da realidade e a previsão
dos fins são simultâneos devendo trazer, no mínimo, dados sobre:
- objetivos: originados das finalidades precisam de um
delineamento em bases exeqüíveis com metas e, se for o caso, com etapas, tendo
em vista a disponibilidade de espaços, tempo e recursos; juntamente com as
condições de realização fundamentam o gradiente da restrição pelo qual a
eficiência e a eficácia do processo são avaliadas;
- elementos espaciais: caracterização da área de abrangência que
se pretende atingir e descrição dos locais para as diferentes atividades
especializadas ou não;
- elementos temporais: elaboração de cronograma das atividades,
inclusive, se for o caso, para as etapas;
- recursos humanos: alocação dos necessários para as diferentes
atividades, relevando as qualificações técnicas exigidas; em caso de estrutura
matricial, definir as relações e as recorrências a órgãos técnicos;
- recursos materiais: definição em função dos elementos
espaciais e temporais, dos recursos humanos e dos prédios, mobiliários, máquinas,
veículos, papéis etc.;
147
a parte dinâmica das atividades propriamente ditas. Em função dos objetivos, que
representam a operacionalização da multifinalidade, é montada a organização que
irá tentar alcançá-los, com observância das expectativas da comunidade e dos
recursos humanos do sistema, enfim, das condições contingênciais. É a
geneanomia a impor normas coerentes e a teleonomia a proclamar que a definição
dos objetivos, como operacionalização das finalidades, é a base para a organização
de um sistema e elaboração de seus planos. A identificação destes, todavia, não é
fácil como se verá nas taxionomias das organizações das entidades jurídicas.
Realmente, são muitos dados para uma ação planejada, mas
todos são importantes quer para as micros como para as macroorganizações.
Porém, as ações que serão desencadeadas pelas decisões são muito abrangentes e
com conseqüências muito importantes para que tudo não seja pensado antes da
deflagração do processo, ou seja "o pensamento total antes do fato", princípio
utilizado no lançamento dos foguetes espaciais.. E mais, os canais de
retroinformação devem ser ágeis o suficiente para detectarem, em tempo hábil, os
desvios das ações rumo aos objetivos ou a necessidade de reajustes em termos
quantitativos e qualitativos, mormente em tempos de mudanças no meio-
ambiente. O mesmo se aplica aos canais de reinformação ou reenvio de planos.
5.2. O Controle
O controle se manifesta no exercício da retroinformação da
organização de sistemas com natureza cibernético-dialética, oferecendo subsídios
à reflexão para que as decisões sejam tomadas com adequação dos meios para que
os fins sejam alcançados com um mínimo de discrepância entre o planejado e o
realizado, em situações de preservação, adaptação e/ou transformação de seu
estado característico.
O controle na organização de sistemas de natureza cibernético-
dialéticas, entendido como retroinformação, não tem suas competências e
atribuições atreladas àquelas da realização, caso em que adquire um sentido
policial e judicativo, seja de um casal ou grupo de pessoas, seja de uma escola ou
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6. A ORGANIZAÇÃO E A COERÇÃO
A organização é produto da coerção.
Ashby, procurando em sua obra definir conceitos básicos,
explica coerção como uma relação entre dois conjuntos que ocorre quando a
variedade que existe sob uma condição é menos do que a variedade que existe
sobre outra. "Assim, a variedade nos sexos humanos é de 1 bit; se uma certa
escola admite apenas meninos, a variedade nos sexos dentro da escola é zero;
como 0 é menos do que 1, existe coerção. Uma coerção pode ser tênue ou severa,
i.é, pode diferir em grau de intensidade. Na formação de uma fila de soldados,
exemplifica o citado autor, será tênue se for ordenado que nenhum homem se
coloque próximo de outro cujos aniversários sejam no mesmo dia; será severa se a
ordem for por altura. Na tênue, dos possíveis arranjos, poucos seriam escolhidos e
na severa haveria uma ordem única de colocação. "A intensidade da coerção é
assim apresentada pela redução que provoca no número de possíveis arranjos"
(Ashby, 1970, p.147). As coerções englobam todos os casos nos quais um
conjunto, por qualquer razão, é menos do que poderia ser.
de vetores possíveis sem condições. No caso das luzes do semáforo, quando acesas ao
mesmo tempo o Vermelho e o Amarelo, só o Verde pode estar apagado, estando ausente o
vetor com Verde. Os componentes são independentes quando a variedade no todo de algum
dado conjunto de vetores é igual à soma (logarítmica) das variedades nos componentes
individuais.
comum e muito poderosa é esta da continuidade, pois embora a função que varia
arbitrariamente possa sofrer qualquer variação, a função contínua pode variar, a
cada passo, apenas para valor vizinho.
Na aprendizagem por associação é mais facilmente
demonstrável a coerção, pois sem ela o paciente seria incapaz de formar quaisquer
associações específicas, como por exemplo, nos condicionamentos em que são
conectados dois elementos não idênticos, em seqüência. "Assim, a aprendizagem é
possível apenas na extensão em que a seqüência apresenta coerção" e "a
aprendizagem vale a pena, apenas quando o meio ambiente exibe coerção"
(Ashby, 1970, p.153).
Nas transformações univalentes a variedade nunca pode
aumentar e comumente cai, do que resulta que todas as transformadas são
diferentes entre si. Apenas quando a transformação é um-um fica inalterada.
Segue exemplo de transformação univalente, em que Z é o "operador":
apenas diminuir". Assim uma das três mensagens que pode ser levada a um
prisioneiro dependendo do café estar quente, morno ou frio (operando), mas como
após algum tempo (operador) o café estará tépido ou frio e com mais tempo
decorrido estará frio (transformada) não haverá mensagem. "Assim, quanto mais
longo o tempo entre o despacho e o recebimento, menor a capacidade do sistema
de transportar informação, na medida em que esta dependa do fator de estar em
um dado estado" (Ashby, 1970, p.151).
No item anterior admitiu-se uma máquina isolada de modo que
suas mudanças de estado se deviam somente às suas atividades internas.
Considere-se, agora, um conjunto de réplicas com entrada e com um parâmetro P
no mesmo valor em todas, enquanto as máquinas mudam passo a passo: a
variedade no estado sobre o conjunto de réplicas cai para algum mínimo. Quando
a variedade alcançar o seu mínimo sob este valor de entrada (P1), mudando-se P
para novo valor (P2), o gráfico da máquina muda, mas não pode aumentar a
variedade do conjunto, podendo cair para um mínimo mais baixo, o que
possibilita a afirmação de que "uma variação uniforme nas entradas de um
conjunto de transdutores tende a baixar a variedade do conjunto. À medida que a
variedade cai, muda o conjunto de modo que, a cada momento, todos os seus
membros tendem a estar no mesmo estado. Em outros termos, as mudanças na
entrada de um transdutor tendem a tornar o estado do sistema (em dado momento)
menos dependente do estado inicial individual do transdutor e mais dependente da
seqüência particular de valores paramétricos utilizados como entrada" (Ashby,
1970, p.160).
O teorema é mais apropriado se se estivesse estudando algum
transdutor muito complexo, pois não depende do tamanho do sistema e pode ser
aplicado com utilidade ao cérebro e aos sistemas sociais e econômicos. É o que se
verifica, por exemplo, quando um certo número de rapazes de individualidade
marcante, ao passarem todos pela mesma escola, desenvolvem maneiras mais
características da escola do que de suas individualidades originais. É uma
tendência para a uniformidade no comportamento que será chamado de lei da
157
experiência, cujo fenômeno pode ser descrito da seguinte maneira: "a informação
que entra por mudança em um parâmetro tende a destruir e substituir a informação
sobre o estado inicial do sistema".
Ashby, nesta parte de sua obra conclui que:
- a informação não pode ser transmitida numa quantidade maior do que a
permissível pela variedade;
- a coerção pode diminuir alguma quantidade potencial de variedade"; e
- uma fonte, tal como uma cadeia de Markov, tem coerção zero quando todas
as suas transições são igualmente prováveis (Ashby,1970, p.162-3, passim).
| 1 2 3 4 5 6 7 |
____|_____|____|____|____|____|____|____|
GRAUS A| X 0 0 X 0 X X |
DE | |
LIBER- R| 0 X 0 X X 0 X |
DADE | |
E| 0 0 X 0 X X X |
fator que torna os graus de liberdade do conjunto global em menor número do que
a soma dos graus das partes quando ainda autônomas. Em seguida, todavia, a
organização assume a proliferação, no limiar da harmonia ou coerência dos pontos
que têm a amplitude da pertinência do seu critério, pelos subconjuntos de
atributos. Classifica-se, então, como determinista, produto dos seus códigos
genético e telético. Mais à frente, neste estudo, todavia, esse poder de
determinação sofrerá um abrandamento.
Por fim, se organização é, conceitualmente, a antinomia do caos
e se é a coerção que preside a organização, tem-se que coerção é dissipação do
caos, portanto, é neguentropia. Nos parágrafos seguintes estarão exemplos que
comprovarão tais assertivas.
Recorrendo aos conceitos de entropia (H) e neguentropia (NH),
observa-se, pela figura abaixo, que a evolução dirigida dos movimentos,
afunilando-se, sai da entropia máxima (Hmax) para a neguentropia máxima
(NHmax) na redução para compor a forma desejada e, após definida esta,
retomando a mesma tendência com a proliferação, abre-se em um novo leque da
NHmax para a Hmax. Essa retomada assim se esquematiza:
REDUÇÃO PROLIFERAÇÃO
X" X"
\ /
X´ X´
/ \ RETOMADA / \
X" \ / X"
X -------- X ...
X" / \ X"
\ / \ /
X´ X´
/ \
X" X"
H max.--->NH max. NH max.--->H max.
161
processo algum sobre ele, ao passo que na D apesar dos esforços que se
concretizaram, estes foram inócuos e ele não se constituiu, pois não se realizou o
processo ensino-aprendizagem,
A avaliação da aprendizagem dos alunos é concretizada pela
comparação entre o que se pretendeu na entrada com o planejamento
(1a.informação) com o que se conseguiu na saída pela realização (2a.informação)
mediante o que se obtém, no parâmetro Restrição, a discrepância entre o planejado
e o conseguido (3a.informação). É o arco cibernético. De posse do resultado pelo
"feedback", os alunos são distribuídos, pelo critério de notas, em um gradiente. As
notas alcançadas, assim, dão uma organização à classe, ou seja, nela passa a existir
um ordenamento: os alunos com nota 10 estão numa plano superior aos alunos
com nota 7, estes acima dos com nota 5 e assim por diante. Esse trabalho de
organização pela avaliação é a NEGUENTROPIA (NH): desnivelamento,
ordenamento, diferenciação etc.
Extrapolando para as protótipas acima: se se der a situação D o
domínio é da entropia e como não chegou a haver sistema, NH é nula. Se se der a
situação C, em que a NH é relativa (NHrel), o que antes parecia tudo igual, com a
avaliação se diferencia. Se se der a situação B, o nivelamento pleno, a Hmax leva
o sistema a uma mudança de estado, em razão do trabalho neguentrópico com
NHmax. Nessa situação B, a Hmax foi alcançada pela NHmax e ambas se anulam,
mutuamente. Dá-se, então, a mudança de estado porque houve saturação do
processo. Na saturação nada mais há a fazer com a matéria planejada, com a ação
intentada.
O trabalho neguentrópico praticado pelo professor, coercitivo
por excelência, que conduz o processo ensino-aprendizagem à ordem, à
diferenciação, às formas e chega ao seu final pela saturação com a indiferenciação
entrópica etc., pode se dar pela seqüência de três técnicas:
1a.) pela avaliação individual: cada aluno é avaliado
individualmente e o Coeficiente de Neguentropia (CNH) é nulo, pois houve uma
equirrepartição dos alunos pelas notas, caso em que para o professor, a classe tem
168
GG
NOTA 8(50 ALS)
A B C D E
CNH = 1,0000(saturado) CH = MÁXIMO CH/CHmax = UM
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em que tanto o CH com o CNH, são máximos; diz-se, então que se anularam
mutuamente e que se chegou à saturação da redução com a forma singular.
Em uma classe, contudo, vive-se o processo ensino-
aprendizagem seccionado em subprocessos e, pela coerência da continuidade, o
produto de um sub-processo anterior é a entrada do sub-processo posterior, até um
ponto determinado, porque o professor e os alunos (a classe) têm suas ações
reguladas por uma organização superior àquela que formam. As normas desta, em
muitos itens, determinam o trabalho docente/discente, por exemplo, pela duração
da hora-aula, pelo semestre e ano letivo, pelas disciplinas e seus respectivos
créditos etc. o que é padronizante, enquadrante, coercitivo;
Uma outra observação é a manifestação isomórfica da segunda
lei da Termodinâmica em três pontos:
1o.) Os alunos e o professor da classe por algum tempo ficaram
isolados e sofreram uma redução de variedade (ou diversidade), evoluindo de 50
componentes distinguíveis para 8, 4 e finalmente para apenas 1. Embora essa
redução tenha sido operada a partir da 2a. forma pelo professor através de uma
técnica (e toda técnica é mecânica, por mais humana que possa parecer), isto
ocorre naturalmente também, pois em "um sistema isolado a entropia tende a
aumentar", uma vez que nele não há produção de matéria e energia, permanecendo
estas constantes, como reza a segunda lei da Termodinâmica. Isto também pode
ser observado empiricamente nos "grupinhos" que se formam em todo e qualquer
meio sociocultural, seja em um salão de bailes seja numa classe de aulas; se se
abrissem no "algum tempo" isso não ocorreria, pois um sistema aberto se alimenta
constantemente dos fluxos de pessoas e informação do meio externo o que
aumenta a sua variedade e instabilidade, corroendo, simultaneamente, a sua
entropia.
2o.) Os componentes da 1a. forma experimentaram, quando se
sentaram juntos pela primeira vez para o início das discussões, um certo
desconforto emocional que, paulatinamente ao aumento de consistência interna do
grupo G respectivo e, em seguida do GG, por força da interdependência interativa
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produto final. Naquele os fins justificam os meios e nesse são os meios que
justificam os fins. Portanto, as finalidades e os privilegiamentos se distinguem.
O exercício do poder, entendido como a habilidade de uma
pessoa conseguir que outras aceitem e executem suas ordens, segundo Myrtes
Alonso (1978), inspirada em Weber, também pode ser utilizado para se colocar
dúvidas sobre a neutralidade das organizações. Para Vitor Paro (1986), por
exemplo, na empresa capitalista instala-se, através da gerência, todo um sistema
de dominação e controle do trabalhador para a reprodução ampliada do capital,
por isso que para ele as atividades de coordenação assumem a condição de
gerência e não a disposição de homens de forma a alcançar objetivos previamente
conhecidos e assumidos conscientemente por todos os sujeitos envolvidos no
processo.
Infere-se, então, que as teorias da Organização, categorizadas
nas ciências sociais, à medida em que fixam seus objetos acompanhando a sua
proliferação, como conseqüência da especificação de suas finalidades em direção à
prática, perdem objetividade, neutralidade e universalidade, situando-se entre o
crepúsculo do campo da ciência e a aurora do da arte.
Pressupõe que a futura meta já esteja presente no pensamento e dirija a ação atual. A verdadeira
finalidade é característica do comportamento humano, estando ligada à evolução do simbolismo
da linguagem e dos conceitos (Bertalanffy, 1975, p.112-3, passim.).
um enorme efeito potencial sobre as vidas dos que estão em contato com elas.
Controlam ou podem por em atividade inúmeros recursos, não apenas na
maquinária, terra e empregados, mas na polícia, no governo, nas comunicações, na
arte, no esporte e em outros campos de atividade.
Para Perrow “os objetivos são múltiplos, conflitantes e podem
ser colocados em seqüência ou concomitantemente” (Perrow, 1981, p.219).
Afirma, contudo, que:
Tanto para o cientista social como para o estagiário em administração, o
entendimento complexo da organização só virá através da análise de seus objetivos e das
táticas básicas que a mesma emprega", (...). "Dediquei toda atenção e tantas páginas do
livro ao campo desprezado dos objetivos organizacionais, porque acredito que nele (em
nenhum outro lugar) reside a chave para a descoberta do 'caráter' da organização, e,
consequentemente, de seu comportamento. O conceito de tecnologia revela-nos bastante, e
o exame da estrutura ainda mais, mas os objetivos são, até um certo ponto, desconhecidos,
porém supostamente avançados, independentemente desses fatores. Fornecem, pelo menos,
uma abordagem conceptual da organização e, o que é mais importante, refletem mais
prontamente a singularidade das organizações e o papel das influências específicas dentro
das categorias tecnológicas e estruturais de caráter mais geral. Pois os objetivos são produto
de várias influências, algumas duradouras e outras transitórias. Vamos enumerar algumas: a
personalidade dos executivos de alto nível, a história da organização, o ambiente da
comunidade em que vive, as normas e valores de outras organizações com as quais entra em
contato (a mentalidade da 'indústria do aço', por exemplo), a tecnologia e a estrutura da
organização e, por último, o ambiente cultural" (Perrow, 1981,p.208).
Subtipos:
- de atividades primárias: agricultura, pecuária e mineração;
- de atividades secundárias: manufatura e processamento; e
- de atividades terciárias: serviços e comunicação.
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pode ser feita pela televisão para os locais onde chegam seus sinais. Isso não
ocorrendo, talvez seja possível o rádio, o serviço de alto-falantes, o jornal, o
folhetim, o que indica variáveis de um mesmo nível de especialização. A
utilização de imagem, de som e de escrita, portanto, são alternativas da
diversificação da comunicação e, na prática, a opção por uma ou mais dessas
alternativas depende do desenvolvimento circunstancial do contexto.
A organização pública. Numa primeira abordagem pode-se
pensar que os campos funcionais de suas repartições não apresentam uma
unicidade de objetivos suficiente para que todas sejam enquadradas numa mesma
categoria que tenha por fim a prestação de serviços. Na realidade elas não podem
visar lucro por pertencerem a uma esfera administrativa oficial e nem pregar uma
doutrina religiosa ou mesmo adotar uma religião oficial, sob pena de se deixarem
influenciar pelo lucro ou pela doutrina das crenças. Isto, é o que elas não podem
ser.
No terceiro nível da pirâmide encontra-se o seu objeto - para o
que são dirigidos os serviços:
a) repartições para prestação de serviços ao próprio Estado: da
Fazenda, da Economia, do Planejamento, da Administração e outras;
b) repartições para prestação de serviços à população: da
Educação, da Saúde, da Justiça, de Obras, de Segurança, de Transportes etc.; e
c) repartições para prestação de serviços aos setores da
produtividade: da Agricultura, da Indústria e do Comércio.
Nenhuma delas concorre com as empresas privadas. Mesmo
aquelas que servem aos setores de produção têm seu campo funcional
exclusivamente voltado para o incremento e execução de políticas do Governo,
produção de pesquisas científicas e tecnológicas, assistência técnica e financeira,
estímulo e incentivos à iniciativa privada e outras ações congêneres. Este
direcionamento de seus objetivos, por si só, justifica a sua categorização. Mas, há
um derivativo: as empresas estatais que se confundem com as privadas e que
trazem, embutido em sua própria denominação, o seu caráter misto. Como estatais
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não podem visar o lucro mas como empresas podem. Para solucionar o dilema, o
lucro das estatais, quando existem, são reinvestidos em seus respectivos setores de
produção, após a remuneração das ações em poder de particulares como o fazem a
Telesp, o Banco do Brasil, a Petrobrás etc. Há duas escapatórias legais: as
entidades de servidores que organizam e registram institutos como entidades
jurídicas e as fundações. Ambas têm seus serviços remunerados.
As categorias de objetivos de Cyert e March, citados por Perrow,
aplicam-se às entidades da Organização Pública. Os objetivos de produção são os
serviços, muitos dos quais assumem os parâmetros de assistencialismo, o que é
mais próprio das nações em desenvolvimento ou subdesenvolvidas. Os objetivos
de sistema tendem para a estabilidade, poucos riscos e mudanças pouco
expressivas. A expansão também tem uma certa prioridade, mais na disputa de
espaços entre as repartições congêneres do que na abertura de novos serviços. No
geral, a disputa limita-se à vinculação de estatais às repartições. Os objetivos
caracterizados pelos produtos enfatizam a quantidade, por conseqüência de uma
defasagem entre a demanda e a oferta. Os objetivos derivados são inerentes a sua
natureza. Como exemplo, pode-se citar as campanhas de "esclarecimentos", de
valorização deste ou daquele serviço ou obra. É fato inconteste, ainda, que uma
repartição de Planejamento pode interferir com grande força na política de
investimentos, mas também a da Fazenda. Contudo, as pessoas que exercem o seu
poder é que concretizam o aproveitamento de seu potencial de influência.
Não são utilitárias ou econômicas na conceituação de Etzioni ou
produtivas como Katz e Khan dividem os papéis, mas seguramente buscam, as
repartições públicas, objetivos de ordem e culturais, bem como de manutenção, de
adaptação e políticos nas classificações respectivas dos autores citados acima.
No exame da pirâmide pode ter havido uma pergunta: onde está
a organização militar? Bem, a militar não chega a ser um tipo de organização, na
amplitude com que a organização está sendo tratada aqui. Ela é uma aplicação até
os últimos detalhes da burocracia weberiana com a agravante determinada pela
rigidez da ordem disciplinar e respeito pleno pela hierarquia fixa. É o protótipo da
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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gênero
espécie
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