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DEPARTAMENTO DE CIRURGIA
PANCREATITE AGUDA
UBERABA
2008
LOCAL:
DATA:
3
RESUMO
O tratamento da pancreatite leve pouco mudou nos últimos anos, mas os avanços no
tratamento dos casos de pancreatite grave têm sido associados significativamente a redução da
morbidade e mortalidade. Melhorias no reconhecimento da doença grave com sistemas de
pontuação e progressos em exames de imagem como a tomografia computadorizada tem
permitido a instituição de terapia dirigida precoce. Agressiva ressuscitação fluida inicial e
monitorização hemodinâmica são padrões no manejo dos casos graves. Há também um maior
reconhecimento do papel dos antibióticos profiláticos e, métodos de imagem associados a
punção tem se desenvolvido para diagnosticar a presença de infecção. Embora a indicação da
necessidade de agressiva intervenção nos casos de necrose pancreática infectada não tenha se
alterado, o tratamento conservador inicial na maioria dos pacientes com necrose pancreática
estéril ganhou ampla aceitação. Alguns pacientes com necrose estéril poderão exigir
desbridamento posterior quer por doença sistêmica persistente ou por falta de melhora clínica.
Para os pacientes que necessitam de desbridamento, as técnicas cirúrgicas abertas continuam a
ser o padrão-ouro do tratamento. Avanços tecnológicos em cirurgia minimamente invasiva
são uma promessa como adjuntos aos procedimentos abertos no futuro, especialmente como
uma forma de retardar a cirurgia até que a necrose torne-se mais organizada.
ABSTRACT
The treatment of pancreatitis light has changed little in recent years, but advances in the
treatment of severe pancreatitis have been associated with significantly reduction of morbidity
and mortality. Improvements in the recognition of serious illness with score systems and
progress in image examinations such as computed tomography has allowed the imposition of
targeted therapy early. Aggressive fluid resuscitation and hemodynamic monitoring are
patterns in management of severe cases. There is also greater recognition of the role of
prophylactic antibiotics and methods of image associated with puncture has developed to
diagnose the presence of infection. Although the indication of need for aggressive
intervention in cases of infected pancreatic necrosis unchanged, the initial conservative
treatment in most patients with pancreatic necrosis sterile won wide acceptance. Some
patients with sterile necrosis may require subsequent debridement or by persistent systemic
disease or lack of clinical improvement. For patients who require debridement, the open
Surgeryical techniques are still the gold standard of treatment. Technological advances in
minimally invasive Surgeryery is a promise as adjuncts to open procedures in the future,
especially as a means to delay the Surgeryery until the necrosis becomes more organized.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
.....................................................................................................................................................5
2. DEFINIÇÕES........................................................................................................................6
3. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA.................................................................................7
4. DIAGNÓSTICO .................................................................................................................10
5. DETERMINAÇÃO DA SEVERIDADE/PROGNÓSTICO............................................15
6. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO..................................................................................19
7. CONCLUSÃO ....................................................................................................................29
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................30
5
1. INTRODUÇÃO
2. DEFINIÇÕES
A pancreatite aguda pode variar em gravidade, desde leve inflamação da glândula com
Na maioria dos casos, cerca de 80%, o processo é limitado a leve edema parenquimatoso sem
global na pancreatite aguda varia de 2 a 10%, e está diretamente relacionado aos pacientes
com a apresentação mais grave da doença. Aproximadamente 10 a 30% dos pacientes com
sistêmica (SIRS), podendo inclusive cursar com falência de múltiplos órgãos, apresentando
O tratamento dos doentes com pancreatite aguda leve geralmente é bem definido e é
cuidados e apoio. Doentes com pancreatite necrotizante grave exigem terapia intensiva,
para a cirurgia nestes pacientes são ainda controversas, embora nos últimos anos muitos
precoce .1,2
7
3. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
Cerca de 70 a 80% dos casos de pancreatite estão relacionados a litíase biliar e uso de
álcool. Em sua maior parte, o abuso de álcool por períodos prolongados está associado a
pancreatite crônica com episódios de agudização, enquanto a litíase biliar está relacionada a
episódios agudos. Em 10 a 15% dos casos há uma grande variedade de etiologias possíveis
canal comum”, que antes se acreditava estar relacionada a ocorrência de pancreatite, tem sido
Várias teorias tem sido propostas para explicar os mecanismos pelos quais o abuso
prolongado de álcool deva causar lesão pancreática. Uma delas refere que o consumo de
álcool promove hipertrigliceridemia e geração de ácidos graxos, assim como seus metabólitos
etiléster que podem lesar o pâncreas. Outra teoria sugere a formação de radicais livres intra-
acreditam na lesão direta do álcool sobre as células pancreáticas acinares ou que isto promova
conteúdo de inibidores enzimáticos. Isso poderia levar a precipitação protéica com formação
pancreatite. Também relata-se a ingestão etílica como causa de espasmo do esfíncter de Oddi,
podendo dessa forma desencadear pancreatite. Apesar de vários estudos e teorias, ainda
pancreatite.
A exposição a determinadas medicações pode ser descrita como talvez a terceira causa
mais freqüente de pancreatite. Entretanto os mecanismos pelos quais essas drogas causariam a
pancreatite não são claros, e também podem ser divididas em grupos, como causas definidas
4. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico tem baseado-se na história clínica e níveis séricos elevados das enzimas
pancreáticas. Sinais e sintomas clínicos, tais como dor em abdômen superior com irradiação
para o dorso, geralmente do tipo descrito como “faixa”, de inicio abrupto e que se torna
constante, podendo haver melhora com decúbito lateral com joelhos fletidos ou ao inclinar o
corpo para frente, e ainda vômitos, febre e taquicardia, são relativamente inespecíficos. Os
hipovolemia causada pela perda de líquidos para o terceiro espaço devido a influência dos
fatores inflamatórios. A dor abdominal e a dor pleurítica causada por contigüidade podem
levar a ocorrência de atelectasias. Derrames pleurais também podem ser encontrados, sendo
mais comum à esquerda. Nos casos mais graves pode haver o desenvolvimento de lesão
respiratório do adulto (SDRA). Icterícia pode estar presente nos casos de etiologia biliar por
obstrução por cálculos, ou ainda ocorrer pela própria inflamação pancreática com compressão
ductal ou por colestase pela própria gravidade da doença. Sinais inflamatórios com irritação
11
devida ao íleo paralítico associado a doença. À palpação pode ser percebida massa abdominal
pancreáticas.
Os níveis de amilase e lipase tem pico dentro das primeiras 24 horas do início dos
sintomas, e a amilase tem uma meia-vida um pouco mais curta no plasma. Como resultado,os
níveis de lipase têm uma sensibilidade um pouco maior que os níveis de amilase,
particularmente quando medidos mais tarde, cerca de após um dia do início dos sintomas. 3
sensível, pois tem sido descrita normoamilasemia5 na pancreatite aguda, até 10% dos
aumentada. Assim como pode estar elevada em uma série de outras afecções (colecistite
persistentes após uma semana podem indicar a presença de complicações locais como
ter alguma vantagem a mais que a amilase e lipase para fins de diagnóstico. Os níveis
plasmáticos de enzimas pancreáticas servem puramente para diagnóstico e não tem um papel
prognóstico; níveis absolutos não têm correlação direta com a gravidade da doença.
12
outras causas para os sintomas dos doentes. Em cerca de 60% dos casos a radiografia simples
de abdômen pode apresentar-se como normal. O achado mais freqüente consiste na dilatação
derrame pleural, mais comum à esquerda, além de freqüentemente revelar atelectasia de bases
presença de litíase biliar, podendo desse modo sugerir uma das possíveis etiologias da doença.
coleções fluidas, podendo inclusive, permitir seguimento seriado. O exame pode ser
dificultado ou até inviabilizado quando há interposição gasosa devida ao íleo que geralmente
têm sido correlacionados com morbidade e mortalidade.7 O uso de contraste venoso é bastante
sem contraste forneça informações importantes, dados recentes apóiam o uso da ressonância
nuclear magnética (RNM) como uma alternativa. Ressonância nuclear magnética e tomografia
possuem sensibilidade e especificidade comparáveis para pancreatite aguda, 8 porém ainda não
exame é fonte de discussões, não havendo consenso sobre a hora mais oportuna de sua
realização. Exames precoces podem não identificar desenvolvimento de necrose até que essas
áreas sejam melhor demarcadas, freqüentemente ocorrendo somente 2 a 3 dias após a primeira
manifestação clínica. Não há dados que apóiem a utilização de TC para diagnosticar necrose
pancreática precoce,9 embora faltem evidências clínicas para apoiar este fenômeno em
pancreatite aguda, que não melhoram com tratamento conservador devem ser submetidos a
uma TC abdominal com contraste oral e venoso. Tomografias de seguimento podem ser
infectada, como significativa leucocitose e febre, também são observados em necrose estéril
utilização de punção percutânea com aspiração guiada por exame de imagem para
diagnosticar infecção em pacientes com necrose pancreática que não estão melhorando
clinicamente, tem mostrado-se como um grande avanço, e alguns centros têm utilizado
14
especificidade para detecção da infecção são relatadas como 96,2% e 99,4%, respectivamente,
com um valor preditivo positivo de 99,5% e valor preditivo negativo de 95,3%.10 As amostras
são enviadas para cultura de aeróbios, anaeróbios e fungos. O intervalo de apresentação inicial
de infecção e ou necrose são variáveis e tendem a aumentar em até 3 semanas. Por esta razão,
5. DETERMINAÇÃO DA SEVERIDADE/PROGNÓSTICO
Uma das primeiras metas do manejo consiste em identificar pacientes com pancreatite
grave para instituir terapia dirigida no início do curso da doença. Embora progressos tenham
sido feito neste domínio, uma medida objetiva e reprodutível da gravidade da doença não foi
diferem, muitas das vezes sutilmente, apenas em grau na pancreatite edematosa, de igual
pancreatites edematosa e necrotizante, estes não têm resultado em um modelo bem sucedido
de predição de quais pacientes que, em uma apresentação inicial, vão avançar para doença
grave.
Glasgow,12 têm demonstrado prever os resultados dos grupos de pacientes com pancreatite
aguda, mas exigem cerca de 48 horas após a admissão para uma avaliação completa. Além
disso, embora altos escores sugiram pior evolução, estes sistemas não permitem reavaliações
episódio leve com baixas taxas de morbidade e mortalidade de menos de 1%. Por outro lado,
com a presença de mais fatores prognósticos, pode ser esperado um aumento da morbidade e
mortalidade, então, com três ou quatro critérios de Ranson, a taxa de mortalidade pode
alcançar 15% e 50% dos pacientes podem necessitar de tratamento em unidade de terapia
intensiva. Muitos pacientes com cinco ou seis sinais vão requerer cuidado intensivo, com sete
O escore Acute Physiology And Chronic Health Evaluation (APACHE II), embora
não seja específico para pancreatite e seja um pouco complexo, é tão preciso às 24 horas
como são outros sistemas às 48 horas e, portanto, pensa-se ser o melhor escore para avaliar a
O sistema mais recente, APACHE III, utiliza mais cinco variáveis fisiológicas para
melhorar a precisão, embora a versão mais recente do sistema possa ser menos útil do que o
APACHE II, que inclui uma avaliação clínica da obesidade (APACHE-O escore), foi
sugerido também para melhorar a precisão preditiva, com um valor preditivo positivo de
74%.17
mortalidade.
marcadores biológicos têm sido estudados como marcadores prognósticos, tanto laboratoriais
quanto clínicos; nenhum ainda ganhou ampla aplicabilidade clínica. Proteína C reativa (PCR),
é facilmente acessível e sobe com a gravidade da doença, contudo, é útil para identificar
doença grave apenas 48 horas após o início dos sintomas.21 Mediadores inflamatórios como a
doença, mas aguardam maior disponibilidade e mais estudos clínicos as validando.22 Outros
validação clínica em estudos mais amplos e maior disponibilidade. Vários outros marcadores
de inflamação vem sendo investigados, como procalcitonina sérica, receptores solúveis para
que o peptídeo para ativação do tripsinogênio pode ser um marcador útil de gravidade da
doença, sendo evidenciados níveis elevados na urina de pacientes com pancreatite aguda.
19
6. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO
A terapêutica médica para pancreatite aguda tornou-se cada vez mais padronizada nos
fluida para reconstituir as perdas para o terceiro espaço, freqüentemente de grande volume.
Líquidos intravenosos em taxas superiores a 200 ml/h podem ser necessárias para restaurar e
especialmente a insuficiência renal aguda, mas também foi recentemente mostrado representar
adaptado à gravidade. Todos os pacientes requerem uma estreita avaliação do balanço líquido,
pode ser observado com freqüência nos casos mais graves sendo necessário acompanhamento
pressão arterial e saturação de oxigênio contínua. Narcóticos intravenosos muitas vezes são
essenciais para o controle da dor nestes pacientes, comumente de difícil controle. O uso de
morfina e seus derivados pode ser preterido em favor da meperidina devido a possibilidade de
causar espasmo do esfíncter de Oddi. Nenhum dado fornece apoio a utilização de drenagem
nasogástrica para reduzir a gravidade da pancreatite, embora possa ser útil no tratamento e
(síndrome de Mallory-Weiss).
por via oral, teoricamente para evitar a estimulação do pâncreas exócrino e, assim, evitar mais
pancreatite, breves períodos sem ingestão oral podem ser suportados e esperados, sendo
possível a evolução para uma dieta completa em alguns dias com a diminuição ou resolução
da dor. Casos graves podem ter um longo curso, apresentando estado hipercatabólico, e íleo
paralítico, o que levou a uma utilização generalizada da nutrição parenteral nestes pacientes. 28
Nos últimos anos, tem-se acumulado evidências que sugerem que a nutrição enteral pode ser
viável e segura, mesmo para os casos de pancreatite grave. 29 Além de evitar o custo do cateter
e as complicações associadas com nutrição parenteral total (NPT), a nutrição enteral pode
questão do custo da dieta enteral em relação a NPT, chegando a ser até 4 vezes mais barata.31
Outros estudos evidenciaram melhora significativa nos níveis de marcadores séricos como
21
tolerância na maioria dos pacientes. Se este método é viável e prevê suficiente apoio calórico
carece ainda de uma investigação mais aprofundada. Teoricamente a nutrição enteral exerce
bacteriana. A alimentação enteral precoce deve ser considerada para pacientes que não irão
casos com íleo prolongado. O momento para indicar sua introdução ainda permanece
controverso, em média prefere-se aguardar até cerca de 5 dias devido ao intenso processo
glutamina na dieta enteral demonstrou ser capaz de reduzir o tempo de uso da dieta
parenteral.34
Cálculos são cada vez mais reconhecidos como a principal causa da maioria dos casos
algum debate. Embora a CPRE precoce não seja utilizada em casos leves, o seu papel na
pancreatite aguda biliar com obstrução biliar ou colangite não é contestado. Entretanto a
complicações e mortalidade no grupo CPRE. Foi sugerido que, por conseguinte, CPRE
precoce pode ser prejudicial na ausência de obstrução, devido a uma alta incidência de
22
(menos de 48 horas do início dos sintomas) na pancreatite biliar grave, mas são necessários
6.4. Antibióticos
infecciosas locais e sistêmicas. A infecção local ocorre mais comumente em pacientes com
maiores áreas de necrose pancreática, sendo mais observada em uma fase tardia do curso da
uma série de cerca de 1100 casos os microrganismos mais comumente envolvidos foram
alterar a flora bacteriana das infecções pancreáticas, com tendência a desenvolver resistência e
tem sido amplamente investigado. Numerosos estudos animais têm demonstrado um benefício
forma avaliar a eficácia na prevenção e tratamento das infecções nos casos de necrose
são úteis no tratamento de pacientes com pancreatite grave, mas não foi observado benefício
quando antibióticos profiláticos eram administrados a pacientes com pancreatite leve. Nos
23
casos de pancreatite grave foi observado beneficio nos casos tratados com imipenem e
cefuroxima.
controle (12% versus 30%), e taxa de mortalidade de 7% no grupo antibiótico versus 12% no
grupo placebo. Não houve diferença nas taxas de complicações sistêmicas ou necessidade de
cirurgia. Notou-se que o uso do antibiótico foi particularmente útil nos casos de necrose
inferior a 50% do órgão.41 Saino et al.(1995) mostraram uma diminuição nas complicações
cefuroxima por 14 dias ou até a normalização da PCR num estudo randomizado de pancreatite
necrotizante alcoólica em 60 pacientes. Entretanto não houve diferença nas taxas de infecção
e metronidazol por 10 dias com grupos controle também apresentando menores taxas de
casos com infecção pancreática. As incoerências entre esses estudos podem ser resultado do
Em um estudo duplo cego mais recente envolvendo 114 pacientes realizado por Isenmann et
al.(2004), foi comparado o uso de ciprofloxacina e metronidazol por 14 a 21 dias não sendo
ou mortalidade. Com uma melhor qualidade metodológica este trabalho traz mais discussão a
respeito do tema. 45
tendência na aplicação dos antimicrobianos de largo espectro nos pacientes com sinais de
foi definida, mas a maioria dos autores limitam o tratamento a 14 dias. Dada a origem
redução da flora bacteriana intestinal poderia reduzir o número de casos de necrose infectada,
também está indefinido, embora a mortalidade seja alta na coinfecção fúngica. Alguns grupos
têm recomendado o uso de fluconazol a todos os doentes que recebam terapia antibiótica para
pancreatite necrotizante.39
edema parenquimatoso sem a presença de necrose. Nestes casos, a terapêutica cirúrgica esta
na realização de colecistectomia para evitar novos quadros nos casos de pancreatite biliar.
Cerca de 10% a 30% dos pacientes podem desenvolver doença grave, cursando com necrose
pancreática e peripancreática, além de, nestes casos, ser comum a apresentação de SIRS com
elevada morbidade e mortalidade.47 Nestes casos pode ser necessário desbridamento cirúrgico
ou outra intervenção agressiva durante a fase aguda da doença. Nos últimos anos tem sido
25
crescente o número de serviços que optam por uma abordagem cirúrgica mais conservadora
inicial, geralmente aguardando cerca de duas semanas da abertura do quadro para se indicar a
indicações para isso ainda são controversos. Os doentes com necrose pancreática infectada
representam a maioria dos óbitos por pancreatite aguda, deste modo a necessidade de
intervenção cirúrgica nos casos de necrose pancreática infectada pode reduzir a taxa de
mortalidade que varia de 20% a 40%, para algo em torno de menos de 15%. 1, 48, 49, 50 A taxa de
desbridamento.
dos casos graves, entretanto sua realização pode nem sempre ser fácil. Sinais radiográficos de
infecção pancreática tais como a presença de enfisema são vistos apenas numa minoria dos
As opiniões sobre o tratamento cirúrgico da necrose estéril variam desde aqueles que
defendem uma abordagem precoce e ampla aos que preferem um manejo conservador,
deixando a abordagem cirúrgica restrita aos casos de necrose estéril que não respondem
local após o procedimento cirúrgico. Aqueles que optam pelo tratamento agressivo afirmam
51
que a remoção do tecido necrótico reduz a morbidade e acelera a recuperação. Já os que
preferem o tratamento não-cirúrgico baseiam-se no fato de que a maioria dos pacientes evolui
com boa recuperação. Vários estudos tem sido realizados na tentativa de se identificar
26
critérios para indicação de desbridamento, com exceção da necrose infectada. 52, 53 Entretanto
tais como: desbridamento com drenagem externa sob sucção direta do local; desbridamento
com colocação de drenos para irrigação contínua e drenagem; desbridamento agressivo com
pancreática, com ou sem infecção, entretanto, nos últimos anos vários estudos tem sido
drenagem não seria capaz de retirar todos os detritos de maneira adequada. Entretanto, pelo
doentes obtiveram melhora apenas com este tratamento, em outros 9 permitiu que a cirurgia
aberta fosse protelada, o que pode tornar esta, uma alternativa atraente pois permitiria esperar
Quarenta e quatro pacientes com necrose pancreática foram tratados por esse método, sendo
27
bem sucedida em 31 (72%) dos pacientes com necrose pancreática, 9 (29%) sofreram
produzidos a seu respeito, entretanto estudo mais recente e com metodologia mais apurada
veio demonstrar que não houve benefícios em diversos parâmetros clínicos observados na
Igualmente ao que vem sendo observado no tratamento de pacientes críticos por outras
afecções, o controle glicêmico rigoroso, inclusive com uso de insulina endovenosa contínua,
deve sempre ser buscado. Trabalhos tem demonstrado menor número de complicações
infecciosas e renais nos pacientes com níveis glicêmicos entre 110 e 150 mg/dl. 62
Outra linha de pesquisa que vem sendo desenvolvida diz respeito ao uso de
dimensões tem sido contraditórios. Um primeiro estudo aleatório, realizado em pacientes com
pancreatite grave, observou taxa de infecção de 4,5% no grupo que recebeu lactobacilos vivos
e de 30% no grupo que recebeu lactobacilos inativados.63 Na busca por uma melhor definição
mortes foi observado no grupo que foi tratado com o uso dos probióticos.
28
evoluem mal a despeito dos cuidados intensivos. Existe ainda controvérsias em relação a
7. CONCLUSÃO
cirurgião apesar dos grandes avanços no seu manejo nos últimos anos. Tais progressos podem
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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