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Laboratório Virtual de Comunicação: Liberdade na expressão com uso de softwares

livres ( um estudo de caso do Link Recôncavo).


Alene da Silva Lins1
Hamurabi Brandão de Santana Dias2
Rosivaldo Mercês de Souza3

Resumo: Este artigo apresenta uma visão conceitual sobre software livre bem como seu
surgimento e sua consolidação no mercado. A partir dessa plataforma torna-se possível a
construção de diversas expressões midiáticas (sites, podcasts, edição de áudio/vídeo). A
discussão também envolverá a utilização desses recursos no processo de construção do portal
Link Recôncavo ( Laboratório virtual da disciplina Jornalismo Online do curso de Jornalismo
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), disponível em
www.ufrb.edu.br/linkreconcavo.
Palavras Chave: Software Livre; Link Recôncavo, Tecnologia da Informação e Comunicação.

1
Alene Lins é docente da UFRB (cursos de Jornalismo, Cinema e Gestão de Cooperativas),
orientadora e moderadora do site Link Recôncavo (www.ufrb.edu.br/linkreconcavo) e coordenadora
da linha de pesquisa Audiovisual em Software Livre no Grupo de Estudos e Práticas Laboratoriais em
Software Livre e Multimeios.

2
Hamurabi Dias é discente da UFRB, curso de Jornalismo, colaborador e editor do site Link
Recôncavo e integrante Grupo de Estudos e Práticas Laboratoriais em Software Livre e Multimeios.

3
Rosivaldo Mercês é discente da UFRB, curso de Jornalismo, colaborador do site Link Recôncavo e
integrante Grupo de Estudos e Práticas Laboratoriais em Software Livre e Multimeios.
1
INTRODUÇÃO
A produção coletiva de programas de computadores tem seu início na década de 1960,
quando programadores buscavam criar sistemas operacionais que rodassem em todas as
máquinas, com aperfeiçoamentos constantes (CASTELLS, 2003). Mas esse comportamento
coletivo sofre grande abalo em 1984, quando da decisão comercial da AT&T de reivindicar
direitos de propriedade sobre o sistema operacional UNIX, criado com a colaboração de
diversos programadores. A AT&T fechou o código fonte4 do UNIX e o sistema passou a ser
de propriedade dela. O que parecia uma ruptura no sistema livre de trabalho dos
programadores entusiastas, acabou desencadeando o movimento do software livre – um
movimento político tecnológico – criado por Richard Stallman, programador do Laboratório
de Inteligência Artificial do Instituto de Tecnologia de Massachussets _MIT, nos Estados
Unidos. Stallmam, junto com um grupo de programadores, começou então nesse momento o
desenvolvimento de um novo sistema operacional, baseado no UNIX, que foi nomeado de
GNU.
Simultaneamente ao desenvolvimento desse sistema, Stallmam cria a Free Software
Fundation (FSF) e elaborou um esboço jurídico que garante a abertura do código fonte, a
plena liberdade de uso, aperfeiçoamento e distribuição dessa tecnologia.
Apesar de ter sido criado as condições políticas favoráveis à manutenção e ao
desenvolvimento de softwares livres, um dos sistemas centrais do Projeto GNU, o Kernel 5
HURD, não funcionou como deveria. Em 1991, o estudante Linus Torvalds cria um novo
kernel para o projeto GNU, que ele chamou de Linux, hoje utilizado em milhões de
computadores, como sistema alternativo às plataformas operacionais de softwares
proprietários.
O software livre se caracteriza pelo desenvolvimento colaborativo e pelo livre acesso
ao código fonte, o que assegura aos seus usuários as quatro liberdades (Silveira, 2004): 1- A

4
É o conjunto de palavras ou símbolos escritos de forma ordenada, contendo instruções
em uma das linguagens de programação existentes, de maneira lógica. Existem
linguagens que são compiladas e as que são interpretadas. As linguagens compiladas,
após ser compilado o código fonte, transformam-se em software, ou seja, programas
executáveis. Este conjunto de palavras que formam linhas de comandos deverá estar
dentro da padronização da linguagem escolhida, obedecendo a critérios de execução.
Atualmente, com a diversificação de linguagens, o código pode ser escrito de forma
totalmente modular, podendo um mesmo conjunto de códigos ser compartilhado por
diversos programas e, até mesmo, linguagens.
5
O Kernel de um sistema operacional é entendido como o núcleo deste ou, numa tradução literal, cerne. Ele
representa a camada de software mais próxima do hardware, sendo responsável por gerenciar os recursos do
sistema computacional como um todo.
2
liberdade de uso para qualquer finalidade; 2 - a liberdade de estudar o software
completamente; 3 - a liberdade de alterar e melhorar o software; 4 - a liberdade de redistribuir
as alterações feitas.
Dessa forma, segundo a Free Software Foundation, o software livre é conceituado
como qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado e
redistribuído sem nenhuma restrição, exceto que as liberdades sejam mantidas. Na esteira
desse conceito surgem outras definições como software código-aberto e software proprietário.
O código-aberto permite que o usuário apenas tenha acesso ao código fonte, não podendo
alterá-lo e o proprietário, ou comercial, que permite o uso através da venda de licenças, na
qual o usuário utiliza o produto para certos propósitos e por determinado período de tempo. A
indústria dos softwares proprietário é regida pelas leis de direitos autorais dos países em que
são produzidos e comercializados. Sobre a questão do software proprietário Silveira (2004)
critica os princípios de seu desenvolvimento:
Quando falamos em software proprietário estamos falando de um modelo de
desenvolvimento e distribuição baseado em licenças restritivas de uso. Estamos
falando em autoria e propriedade do software. Em analogia, estamos falando que a
receita não é mais entregue junto com o bolo, pois as pessoas estariam impedidas de
modificar e redistribuir aquela receita. O modelo de software proprietário esconde os
algoritmos que o compõem. Apesar de ser composto por informações agrupadas e de
se basear em conhecimentos acumulados pela humanidade, a indústria de software
proprietário se direcionou para tentar bloquear e evitar que o caminho de seu
desenvolvimento fosse semelhante ao desenvolvimento do conhecimento científico.
A ciência cresce a partir do princípio de compartilhamento, e não a partir da idéia de
propriedade.

É nesse âmbito dos direitos autorais, ou em inglês copyright, que surge uma nova
forma de se pensar o direito de uso das propriedades intelectuais, o Copyleft, popularizado por
Stallmam ou associá-lo a GPL (que significa General Public License, ou Licença Publica
Geral), que rege o uso e distribuição de softwares livres. A linha geral da copyleft determina
que todo programa licenciado pela GPL, tenha esses direitos repassados aos outros usuários
no momento de sua distribuição, ou seja, essa licença requer que os direitos de quaisquer
modificações feitas no aplicativo sejam passadas adiante com a liberdade de modificá-los
novamente. A GPL não permite, portanto, que o usuário ao modificar o sistema se apodere
dessas mudanças para comercializá-lo.
Sobre esse debate Lessig (2005) nos trás a seguinte reflexão:
O mais importante para os nossos propósitos é que apoiar o software livre e o de
código aberto não significa ser contra copyrights. O software livre e o de código
aberto não são software em domínio público. De fato, como no caso do software da
Microsoft, os detentores dos copyrights de software livre e de código aberto insistem
fortemente que os termos das suas licenças de software devem ser respeitados por
aqueles que adotam tais softwares. Os termos de tais licenças são, sem sombra de
3
dúvidas, diferentes dos termos de uma licença de software proprietário. Software
livre licenciado segundo os termos da General Public License (Licença Pública
Geral, também chamada de GNU Public License — Licença Pública GNU, GPL),
por exemplo exige que o código fonte do software seja disponibilizado para
qualquer um que queira modificar e redistribuir o software. Mas essa exigência é
efetiva apenas se o copyright governar software. Se o copyright não governar o
software, então o software livre não pode impor tais tipos de exigências daqueles
que o adotam. Portanto ela depende tanto da lei do copyright quanto a Microsoft
depende.

QUEBRANDO PRECONCEITOS: O AVANÇO DO USO DE SOFTWARES LIVRES

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Sem Fronteiras durante os meses de


novembro e dezembro de 2007, 73% das grandes empresas no Brasil utilizam softwares
livres. Participaram da pesquisa um número de 1000 empresas que possuem mais de mil
funcionários. Segurança, interoperabilidade, disponibilidade, melhor aproveitamento do
hardware e custo total de propriedade foram aspectos apontados pelas empresas para a adoção
dos softwares. Apesar dos números serem expressivos o mesmo estudo aponta que apenas 1%
das empresas pesquisadas faz uso total (100% dos aplicativos) de softwares livres em seus
PC’s. Outra pesquisa, realizada em 2008, pela CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil),
mostrou que, entre as grandes corporações a relação de companhias que utilizam algum tipo
de software livre chega a 61%. Segundo a pesquisa, considerando as empresas de todos os
portes, 26% delas utilizam software de código aberto em sua estrutura de TI. Foram
entrevistadas 3,5 mil empresas, que atuam no Brasil, com mais de 10 funcionários. Sobre o
uso domestico a mesma pesquisa apontou o seguinte panorama:
Tipo de Sistema Operacional utilizado - Computador de uso principal
Percentual sobre o total de domicílios com computador6

Percentual Microsoft/ Linux/ Ubuntu Outros Não sabe/ Não


(%) Windows respondeu

Total 83 2 1 15
Regiões do país
Sudeste 82 1 1 15
Nordeste 84 2 1 13
Sul 85 1 - 13
Norte 84 2 1 13
Centro-Oeste 78 2 - 19

6
Base: 4.690 domicílios entrevistados em área urbana que possuem computador. Respostas estimuladas.

4
No Brasil empresas como Varig, Embrapa, Pão de Açúcar e Casas Bahia também
utilizam softwares livres. O governo federal, bem como outras instâncias da esfera pública,
também já adotaram o software livre em seus terminais. À exemplo do Exército Brasileiro,
que em seu Plano de Migração Para Software Livre no Exército Brasileiro, publicado em
fevereiro de 2007, estabelece como objetivos:

a. Apresentar uma proposta de reformulação dos processos que envolvam a


utilização e a aquisição de software no Exército Brasileiro.
b. Propiciar uma substancial economia de custo de aquisição e manutenção de
softwares.
c. Incentivar a formação e consolidação de uma Comunidade Interna de Software
Livre no EB, sob a égide do Núcleo de Estudos em Software Livre – NESOL, com
procedimentos e ferramentas de colaboração bem definidos.
d. Restringir o crescimento do legado baseado em tecnologia proprietária.
e. Priorizar a aquisição de hardware compatível às plataformas livres.
f. Permitir o compartilhamento do conhecimento, fomentando a criação de uma Base
Interna de Conhecimento em Software Livre, prioritariamente focada em soluções
de problemas advindos da utilização das ferramentas de software recomendadas.
g. Fomentar a criação de um “Banco de Talentos em Software Livre”, sob
gerenciamento do NESOL, a fim de cadastrar as diversas capacidades e
conhecimentos, na área de SL, dos integrantes do EB.

Empresas de grande porte também começaram a adotar o software livre em seus


produtos. Lessig (2005) cita o caso da IBM:

A IBM está cada vez mais mudando seu foco para o sistema operacional
GNU/Linux, o mais famoso conjunto de software livre — e a IBM é uma entidade
enfaticamente comercial. Portanto, apoiar o software livre e o de código aberto não é
necessariamente o mesmo que ser contra entidades comerciais. É, de fato, apoiar um
modelo de desenvolvimento de software diferente do que é praticado, por exemplo,
pela Microsoft.

Nas universidades brasileiras o processo de migração também é recorrente. Moura e


Santos (2004), identificaram cinco universidades que fizeram sua migração para a plataforma
de softwares livres:

A migração para Software Livre não é um processo simples quando se trata de


empresas e instituições grandes. A mudança de cultura em um ambiente pode ser
traumática e gerar impactos desagradáveis. Porém, existem relatos de sucesso de
organizações que implantaram software livre. Contudo, para se alcançar o sucesso, é
necessário um planejamento do processo de migração. Esse processo de migração
envolve inúmeras etapas e responsabilidades e estas são importantes para evitar
transtornos ou que o processo de migração tome um escopo inviável.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) adotou uma proposta de mudança


gradual em seus computadores. Nos seus 900 terminais, equipados com softwares
proprietários e sistema operacional Windows, foram utilizados como servidor de
compartilhamento o SAMBA, o que permitiu que as estações de trabalho do sistema da
Microsoft se conectassem com os do GNU/Linux. A interface gráfica utilizada foi o KDE e os
5
critérios de escolha foram baseados no conhecimento técnico da equipe responsável pelo
projeto. O mesmo processo se deu como a Universidade Federal de Goiás (UFG) no seu
campus de Jataí. O processo envolveu questionário com alunos e funcionários para a escolha
do sistema. Como ambiente continuou com software proprietário, o servidor escolhido foi
também o SAMBA. As autoras ainda identificam as seguintes IES: UCS (Universidade de
Caxias do Sul), UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e UEG (Universidade
Estadual do Goiás).

As universidades analisadas, por apresentar limitações, adotaram o processo de


migração parcial, visto que este envolve um impacto menor na mudança, tanto para
usuários como para o operacional envolvido. As limitações apresentadas variam
desde a falta de uma equipe técnica treinada até a ausência de uma política de
migração. Se pode dizer que os processos, em maior ou menos grau, tiveram
resultado mais positivo que negativo. O maior ônus é a adaptação e mudança de
culturas necessária da parte de todos os envolvidos: usuários, administração de TI e
rede, e gestão.

Além de ser uma questão político-tecnológico-econômica, o uso de softwares livres


implica por parte do Estado políticas publicas de combate a exclusão digital. A idéia de
transformar a essa inclusão em praticas públicas consolida no mínimo quatro pressupostos.
(SILVEIRA, 2004).

Primeiro, é o reconhecimento que a exclusão digital amplia a miséria e dificulta o


desenvolvimento humano local e nacional. A exclusão digital não se trata de uma
mera conseqüência da pobreza crônica, mas trata-se de fator de congelamento da
condição de miséria e de grande distanciamento das sociedades ricas. Segundo, é a
constatação que o mercado não irá incluir na era da informação os extratos pobres e
desprovidos de dinheiro. A própria alfabetização e escolarização da população não
seria massiva se não fosse pela transformação da educação em política pública
gratuita. A alfabetização digital e a formação básica para viver na cibercultura
também dependerão da ação do Estado para serem amplas ou universalistas.
Terceiro, a velocidade da inclusão é decisiva para que a sociedade tenha sujeitos e
quadros em número suficiente para aproveitar as brechas de desenvolvimento no
contexto da mundialização de trocas desiguais e, também, para adquirir capacidade
de gerar inovações. Quatro, é a aceitação de que a liberdade de expressão e o direito
de se comunicar seria uma falácia se ela fosse apenas para a minoria que tem acesso
a comunicação em rede. Hoje, o direito à comunicação é sinônimo de direito a
comunicação mediada por computador. Portanto, trata-se de uma questão de
cidadania.

A inclusão digital tem o objetivo de melhorar as condições de uma determinada região


através da tecnologia. Atualmente, usam-se termos como democratização da informação,
universalização das tecnologias e outras variantes parecidas. Entretanto, em outros termos,
não é apenas “alfabetizar” as pessoas, mas é principalmente melhorar as condições sociais a
partir do uso da informática.

6
Assim, inclusão digital é muito mais do que ter acesso às máquinas, é o exercício da
cidadania na interação com o mundo da informação e da comunicação. É sabido, portanto,
que as máquinas e a conexão são condições necessárias, claro, mas não são suficientes para
que se possa promover a verdadeira inclusão. (GUIMARÃES, VELOSO e SCHNEIDER,
2007).
O papel das universidades como vetor de disseminação de soluções ou produzindo
reflexões criticas é muito importante. Essas instituições, segundo Silveira (2004), podem
emprestar seus quadros para o amplo processo de formação dos segmentos mais carentes,
menos cultos e escolarizados. Ele ainda conclui:

Uma política pública não se resume ao papel desempenhado pelo Estado. Sem
duvida alguma, o Estado deve destinar a maior parte dos recursos, mas a
formulação, a execução e a avaliação necessariamente devem envolver as
comunidades locais, os movimentos sociais e as organizações não governamentais.

LINK RECÔNCAVO: A LIBERDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO


CONHECIMENTO
Link Recôncavo (www.ufrb.edu.br/linkreconcavo) é um Laboratório Virtual de
Comunicação, baseado no conceito de jornalismo cidadão, onde as pautas precisam ser do
interesse do leitor, até mesmo sugeridas pelo leitor, com base na proximidade de atuação,
neste caso, as cidades do Recôncavo da Bahia. Inicialmente o Laboratório foi aplicado como
Projeto de Ensino da Disciplina Jornalismo Online do curso de Jornalismo do Centro de
Artes, Humanidades e Letras da Federal do Recôncavo (UFRB). Esteve ativo como Projeto
de Ensino, de setembro de 2008 a janeiro de 2009, durante o semestre letivo 2008.2. Duas
turmas participaram do Projeto. Eram 58 estudantes, 23 do 5º semestre e 35 do 4º semestre.
Atualmente o Projeto está ativo com a ação de estudantes voluntários e diversos
colaboradores (leitores e jornalistas da região).
O portal tem atualmente7 416 matérias publicadas, com 36 podcasts e 36 vídeos
postados. Seguindo os conceitos regentes do jornalismo on-line como informação de
proximidade, interatividade e multimídia, esse veículo foi construído baseado em duas
plataformas não-proprietárias: O WordPress e o Audacity.
O WordPress é um sistema de gerenciamento de conteúdos na web. Em seu sistema
possuem 115.110 páginas8 na grande rede. As causas do seu rápido crescimento são, entre
outras, seu tipo de licença (de código aberto), sua facilidade de uso e suas características
7
Último acesso em 23 de agosto de 2009
8
Último acesso em 23 de agosto de 2009
7
como gerenciador de conteúdos. Criado por Ryan Boren e Matthew Mullenweg, é distribuído
sob a GNU General Public License, sendo gratuito.
O Audacity é um editor de áudio, programa não-proprietário, hospedado em um
SourceForge (um site de hospedagem de softwares livres), ou seja, de desenvolvimento
colaborativo, também licenciado pela GNU/GPL. Foi lançado em maio de 2000 e sua mais
recente versão (beta) 1.3.5, foi distribuida em maio de 2008. Utilizado para a edição dos
podcasts postados no Link Recôncavo, esse software possui recursos bastante apreciáveis, tais
como: copiar, recortar, colar, misturar; adicionar efeitos de amplificação, fade in e out,
reverberação, eco, e faz tratamento do som ao nível da equalização.
No processo de tratamento dos arquivos de audio foi utilizado esse aplicativo de forma
bem eficaz. Do momento de importação do arquivo até o trabalho com as diversas
ferramentas de edição, o exercício é feito com facilidade devido ao painel intuitivo que o
software possui. A necessidade de treinamento para o uso de tal é inexistente, visto que como
o processo de familiarização é muito simples e rápido, em pouco tempo seu usuário já poderá
dominar seu funcionamento. A possibilidade de poder ampliar os canais do audio (Zoom) é
uma ferramenta de muita importância pois pode determinar com precisão o local da edição,
não incorrendo em falhas em em cortes antes do tempo correto. O WordPress tambem foi de
agradável aceitação no processo de postagens das materias. Com a possibilidade de copiar o
texto de processador (Word ou OpenOffice) e colar na área reservada. As facilidades de
adicionar arquivos de mídia tambem foi relevante, pois a página de trabalho já oferece a
ferramenta para adicioná-los.
A internet já se consolidou como espaço de convergência midíatica, que reúne
recursos dos diversos media. No portal Link Recôncavo um dos suportes mais usados para as
matérias veiculadas no site foi o podcast. O termo Podcasting, foi criado pelo MTV DJ Adam
Cury9, resultou da fusão de Ipod com Broadcasting e é usado para descrever a tecnologia
utilizada para descaregar conteúdos de áudio das paginas Web. As potencialidades dessa
ferramenta tem sido aplicadas nas práticas educativas se transformando em um porta de
entrada para as novas tecnologias no âmbito educativo. Sobre a importância do podcast no
processo educacional, Sousa e Bessa (2008) nos esclarece:
A existência de algumas boas práticas, a nível nacional e internacional, leva-nos a
considerar o processo de podcasting como uma forma eficaz de aproximar o aluno
dos objetivos didáctico-pedagógicos que se pretendem ser alcançados, tendo em
conta, não só a vertente atrativa e emotiva própria das ferramentas audiovisuais, mas
também o lado pragmático da superação de dificuldades de nível espaço-temporal.

9
Cf. http://en.wikipedia.org/wiki/Podcasting
8
No processo comunicacional o podcast assume importância dentro do contexto
espaço-temporal devido a sua mobilidade e seu fácil acesso. Castro (2005) esclarece que o
podcasting pode ser entendido como um produto da nova fase da ciberculltura, marcada pela
mobilidade das tecnologias wireless. O aspecto comunicativo desse suporte também é fator
preponderante para o seu uso, além de congregar, como já dito, hipertexto e aspectos
multimídia no conteúdo noticioso. A instantaneidade dos fatos e a demanda por ferramentas
mais práticas são os motivos da disseminação do podcast. A pioneira nesse sentido foi a BBC,
apostando na viabilidade do podcasting comercial. Castro (2005) descreve o seguinte
panorama para a internet a inserção das ferramentas de áudio:
A Internet, que se consolidou como um meio eminentemente textual em seus
primeiros tempos, se torna um ambiente onde cada vez mais as funções de ver
(nesse caso, assistir) e ouvir vão substituindo as funções de ler e escrever. Para
capturar a sempre fugaz atenção dos internautas, conteúdos são oferecidos em
formatos atraentes, palatáveis e de forma cada vez mais amigável, sem importunar o
usuário ou exigir dele maiores esforços. [...] Os ritmos da leitura e o da escrita
diferem do imediatismo da escuta e da visão. Ininterruptos, estes últimos se dão
através de associações ouvido-cérebro ou olho-cérebro que funcionam através de
recortes perceptivos processados com extrema rapidez. Leitura e escrita utilizam
áreas e processos cerebrais diferentes, exigindo complexa integração entre diversas
estruturas corticais, motoras e sensoriais.

O Audacity é uma ferramenta para editar e mixar qualquer arquivo de áudio nos
formatos WAV, AIFF, MP3 e OGG. Então estes arquivos podem ser tanto gravados por meio
de microfone ou entrada de linha, quanto importados de algum lugar do computador.
No Link Recôncavo o recurso do podcast foi usado no sentido de tornar mais
perceptível, e, simultaneamente, mais atrativas as matérias produzidas para o portal. O uso de
software livre além de proporcionar aos estudantes experimentarem uma nova linguagem,
permitindo que os usuários tivessem acesso a um conteúdo até então inédito, trouxe também a
oportunidade de trabalhar com um aplicativo de forma simples e bem prática, realizando
assim suas edições nesse aplicativo que foi usado no tratamento dos podcasts contidos no
Link Recôncavo.
O domínio e aplicação de softwares livres em comunicação permite ainda que o
estudante de jornalismo, futuro profissional, domine ferramentas sem custo, capazes de torná-
lo mais independente e capacitado na era da informação. Com tais ferramentas ele pode
desenvolver blogs informativos, que integrem textos e audios, sem a necessidade de gastar
com os softwares proprietários usados nas grandes empresas de comunicação. Os blogs hoje
são veículos capazes de congregar múltiplas linguagens, gerar renda e dar visibilidade aos
profissionais do jornalismo.

9
A estratégia metodológica do laboratório virtual Link Recôncavo, baseado em
plataforma de software livre, permitiu ao aluno ampliar o universo de possibilidades na gestão
do próprio conhecimento, agregando valor a uma disciplina, pois trabalhou noções de
informática, de edição de audio e radiojornalismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de software livre envolve uma discussão contra-hegemônica, sobre o
domínio do software proprietário atualmente. As quatro liberdades (uso, estudo, alteração e
distribuição) que permeiam a base filósofica para a sua definição, formatam também as
atividades pedagógicas em torno da promoção e do incentivo ao seu uso. A reflexão de
Aguiar (2009) traz uma relação sobre o contexto em que a sociedade está hoje inserida:
Assim cada vez mais a rede mundial de computadores se afirma como uma base
tecnológica para a construção de agrupamento e organizações sociais, que acabam
por impactar diretamente a dinâmica econômica, política e cultural no mundo
moderno. Esse contexto atual de relações entre tecnologia e produção social acaba
se tornando um campo fértil para estudos e pesquisas científicas.

É nesse sentido que ao estudarmos o caso do Link Recôncavo, chegamos à conclusão


de que o processo comunicacional que tanto anseia por liberdade de expressão, antes de
qualquer coisa, deveria viabilizar a discussão sobre a liberdade na metodologia em que é feita
hoje seus principais veículos informativos. A possibilidade de mudança na práxis da produção
das mídias tanto é viável pelo aspecto econômico quanto pelo tecnológico. O Link Recôncavo
como instrumento laboratorial proporcionou aos estudantes de jornalismo o acesso a
ferramentas gratuitas que não geraram custo com licenças por serem já previamente
autorizadas pela GPL para seu estudo e uso. O incentivo a práticas educacionais voltadas ao
fomento da utilização de softwares livres, tanto é um método de alfabetização digital em
sistemas não proprietários como também um vetor de disseminação dessa ferramenta no
mercado. Como salienta Silveira, para o capitalista, a filantropia, a responsabilidade social, e
a solução dos problemas públicos estão subordinadas à dinâmica empresarial do lucro. O
sistema capitalista, que desde sua gênese sempre se ateve a acumular riqueza e não em
compartilhar, encontra no movimento de software livre, não a sua superação, mas uma forma
alternativa de se pensar a lógica de mercado vigente, baseada no monopólio industrial
exercido pela Microsoft, que cresceu devido a uma enculturação da sociedade imposta
conscientemente pelo mercado. Para tentar vencer esse jogo de domínio, cabe ao poder
público também o incentivo ao uso de softwares livres. Silveira (2004) é categórico ao
afirmar.
10
O movimento de software livre é a maior expressão da imaginação dissidente de
uma sociedade que busca mais do que sua mercantilização. Trata-se de um
movimento com base no principio do compartilhamento do conhecimento e na
solidariedade praticada pela inteligência coletiva conectada na rede mundial de
computadores [...] Não é correto utilizar dinheiro público para formar e alfabetizar
digitalmente os cidadãos em uma linguagem proprietária de um monopólio privado
transnacional. Mesmo que as licenças de uso de um sistema operacional proprietário
sejam doadas gratuitamente para os programas de inclusão digital, na realidade, o
Estado estaria pagando seus professores, monitores e instrutores para adestrar e
treinar usuários para aquela empresa.

A discussão sobre software livre envolve diversos temas, que por si só seriam objetos
de um estudo isolado. A questão do direito autoral já citado nesse artigo, a tentativa das
grandes corporações em barrar as discussões envolvendo o universo free/libre open source
software (FLOSS), bem como o crescimento do uso desses sistemas são elementos que
poderiam compor uma pesquisa mais completa sobre essa temática. Lessig (2005) alimenta o
debate sobre o direito autoral pregando o equilíbrio entre as correntes de pensamento opostas:
O que precisamos é de uma maneira de conseguirmos algo no meio termo — nem
“Todos os Direitos Reservados” nem “Nenhum Direito Reservado” mas sim
“Alguns Direitos Reservados” — e portanto uma forma de respeitar os copyright
mas que permita aos criadores liberarem conteúdo como eles acharem apropriado.
Em outras palavras, precisamos de uma forma de restaurar um conjunto de
liberdades que antes tínhamos como certas.

A heterogeneidade dos sistemas criados a partir de software livre seria também outro
tema para pesquisas. Segundo Machado (2009) existem mais de 1000 distribuições baseadas
na plataforma GNU/Linux em atividade no mundo.
Ao contrário do que alguns apregoam, o universo open source está longe de ser
homogêneo. Em torno de um objeto em comum – o software livre –, acham-se
diversos colaboradores que, considerando o grau de afinidade, ou determinado
ideário, dispõem-se em comunidades específicas.

Esse artigo se propôs a estudar alguns elementos conceituais sobre software livre,
assim como seu uso, para então mostrar como foi eficaz a adoção dessa ferramenta como
estratégia metodológica na prática da disciplina Jornalismo Online, e seu emprego no portal
Link Recôncavo. A defesa do software livre também faz parte dessa retórica, bem como a sua
implantação nos terminais da UFRB. A possibilidade para a migração além de viável
corrobora com o papel da universidade como centro gerador de conhecimento e sua aplicação
na sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AGUIAR, Vicente Macedo (org.). Software livre, cultura hacker e ecossistema da
colaboração. 1ª ed. São Paulo: Momento Editorial, 2009. 272p.

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CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, negócios e a
Sociedade. Rio de janeiro: Jorge Zarar editora, 2003.
CASTRO, Gisela G. S. Podcasting e consumo cultural. IN: Revista da Associação Nacional
dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Dezembro de 2005. 18 p.
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criação cultural e controlar a criatividade. 1ª ed. São Paulo: Editora Trama Universitário,
2005. 314 p.
MACHADO, Murilo Bansi. Distros e comunidades: a dinâmica interna de Debian, Fedora,
Slackware e Ubuntu. IN: AGUIAR, Vicente Macedo (org.). Software livre, cultura hacker e
ecossistema da colaboração. 1ª ed. São Paulo: Momento Editorial, 2009. 272p.
MOURA, Eugênia Cândida Oliveira de; SANTOS, Mauro Tapajós. Migração de Software
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PESQUISA SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
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PLANO DE MIGRAÇÃO PARA SOFTWARE LIVRE NO EXÉRCITO BRASILEIRO
(3ª Edição). Brasília, fevereiro de 2007. 24p.
SANTOS, Maria Gilvânia Guimarães dos; CARVALHO, Vana Hilma Veloso; SCHNEIDER,
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SILVEIRA, Sergio Amadeu da. Software Livre: A luta pela liberdade de conhecimento. 1ª
ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. 82 p.

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