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O estudo feito por Iuri Lotman parte do pressuposto de que a

necessidade da arte (e do conhecimento) é congênita ao homem que ao longo


da sua história, mesmo em luta pela conservação da vida, encontra sempre
tempo para a atividade artística, sente essa necessidade. A arte, tal como para
Aristóteles, corresponderá a uma necessidade vital, assumindo uma dimensão
epistemológica, já que, no seu entender, trata-se de uma das formas de
conhecimento da vida.

“Foi demonstrado já há muito tempo que a necessidade da arte


assemelha-se à necessidade do saber e que a própria arte é uma das
formas de conhecimento da vida, uma das formas da luta da
humanidade por uma verdade que lhe é necessária.” (p.27)

O autor postula no Capítulo I que a arte pode ser entendida como uma
forma de linguagem por utilizar signos e implicar uma interação entre
emissor/receptor (dupla função que pode ser desempenhada por um único
sujeito). “A arte é um dos meios de comunicação. Ela realiza
incontestavelmente uma ligação entre um emissor e um receptor” (p. 33).
A obra de arte se configura como comunicação em linguagem artistica.
Segundo Lotman, as diversas manifestações artisticas, sejam elas teatro,
cinema, musica, pintura etc possuem uma linguagem que as organiza de modo
particular. (pag. 34).
O estudioso chama à atenção para o fato de uma tese a qual linguagem
é uma considerada como forma de comunicação entre dois indivíduos. Neste
caso, Lotman substitui o conceito de individuo por destinador e de receptor da
informação por destinatário. Assim, segundo Lotman, é permitido incluir no
esquema os casos em que a linguagem não une dois indivíduos, mas dois
mecanismos de transmissão (p.36).
Lotman faz uma leitura sobre a linguagem como um sistema e apresenta
os sistemas modelizantes como sendo Línguas naturais (inglês, português,
francês), as Línguas artificiais (ciência, sinais convencionais) e as Linguagens
secundárias (o mito, a religião, a arte etc) (p.37).
Então, linguagem para Lotman é todo o sistema de comunicação que
utiliza signos ordenados de modo particular (que servem para transmitir
informação), ou seja, “cada linguagem é não só um sistema de comunicação,
mas ainda um sistema modelizante, ou melhor dizendo, essas duas funções
estão indissoluvelmente ligadas” (p. 44). E mais ainda, “cada sistema de
comunicação pode realizar uma função modelizante e, inversamente, cada
sistema modelizante pode desempenhar um papel na comunicação. ” (p. 45).
Iuri Lotman estabelece como objetivo fundamental no artigo a
demonstração e explicitação da tese, segundo a qual “a arte pode ser descrita
como uma linguagem secundária e a obra de arte, como um texto nessa
linguagem" (p..37).
Trata-se de um sistema (secundário), um meio de comunicação, que,
como tal, é passível de ser estudado pela teoria dos sistemas de signos naquilo
que ela tem de geral, aproximando-a de qualquer outra linguagem. Por outro
lado, defende que o estudioso da arte deverá ter presente a sua especificidade,
a consciência de que se trata de uma estrutura complexa em que a
organização particular dos seus elementos obedece a um princípio que a
diferencia dos outros sistemas de signos.
A relação entre expressão/estrutura é exemplificada pela analogia com o
tipo de relação que se dá entre a vida e o tecido vivo, isto significa que o
conteúdo não preexiste à sua estrutura, daí a sua afirmação de que "o
pensamento de um escritor (se) realiza numa determinada estrutura artística".
Se a "ideia" em arte se define como um modelo do mundo, então não existe
qualquer possibilidade de se atingir essa mesma ideia fora da estrutura que a
suporta (tal como não é possível estudar a vida fora do organismo vivo, o
tecido vivo que a sustente). De qualquer maneira, o texto e sua pluralidade de
códigos, segundo o estudioso da semiótica e da cultura “comporta-se como um
organismo vivo que se encontra numa ligação inversa com o leitor e que o
esclarece” (55).

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