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BRASILEIRAS
Nota introdutória
1 INTRODUÇÃO AO TEMA
1
No mesmo sentido: ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. São Paulo: Saraiva,
2004; CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 21. ed. São Paulo:
Malheiros, 2005.
2
BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 7. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2005, p. 228.
3
Ibidem, p. 14.
4
Ibidem, p. 228-231.
3
sendo que esta nada suprime, mas auxilia na delimitação do campo em que o
Estado está autorizado a tributar os contribuintes. Sintetiza seu conceito da seguinte
forma:
5
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.
185.
6
TORRES, Ricardo Lobo. Os Direitos Humanos e a Tributação: imunidades e isonomia. Rio de
Janeiro: Renovar, 1995, p. 193.
7
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 169-
170. Este autor classifica as imunidades, isenções e incidência em três categorias: “Subjetiva é a
incidência, isenção e imunidade prevista em razão da pessoa: ratione personae. Objetiva é a
incidência, isenção e imunidade prevista em razão do objeto: ratione materiae. Sujetiva-objetiva – na
aplitude casuística das situações, às vezes deparamos com disposições que levam em conta não só
aspectos objetivos mas, concomitantemente, subjetivos. Nem sempre é fácil destacar a
predominância ou maior carga de um desses dois aspectos. Se na vontade objetivada da lei ordinária
ou na Constituição transparecem ambos é porque esses aspectos estão consorciados”.
4
Note-se que o STF decidiu que a palavra “impostos” deve ser interpretada
de forma ampla, estendendo-se a todos os impostos, inclusive aqueles que não
incidam sobre o patrimônio, renda e serviços, a exemplo do ICMS e IPI.
Particularmente, em relação aos impostos indireitos acolheu a tese da repercussão
econômica do tributo, ou seja, será imune ao pagamento de imposto se o patrimônio
onerado pertencer a ente público9. No entanto, em relação às contribuições, o
Pretório Excelso optou por fazer uma interpretação restritiva, não protegendo as
pessoas abrangidas pela regra da imunidade da incidência de referidas
contribuições, muito embora estas onerem o patrimônio público de forma
significativa destes entes10.
8
Conforme o parágrafo 3º, do inciso VI, do art. 150, da Constituição Federal brasileira de 1988.
9
Nesse sentido: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade recíproca – ICMS. Recurso
Extraordinário n.º 203755/ES. Recorrente: Estado do Espírito Santo. Recorrido: Instituto de Ensino
Superior Professor Nelson Abel de Almeida. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 8 de novembro
de 1996. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 ago. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária - repercussão. Recurso Extraordinário n.º
281433/SP. Recorrente: Assistência Social Assembléia de Deus. Recorrido: Estado de São Paulo.
Relator: Ministro Moreira Alves. Brasília, 14 de dezembro de 2001. Disponível em
<http://www.stf.gov.br>. Acesso em 30 ago. 2006.
10
Nesse sentido: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade recíproca – contribuição. Agravo
regimental n.º 378144/PR. Agravante: Município de Londrina. Agravado: União. Relator: Ministro Eros
Grau. Brasília, 22 de abril de 2005. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 ago. 2006.
5
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade recíproca – taxa. Recurso Extraordinário n.º
364202/RS. Recorrente: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Recorrido: Município de
Viamão. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 28 de outubro de 2004. Disponível em:
<http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 ago. 2006.
11
Exemplo disso é a decisão liminar proferida nos autos do Mandado de Segurança n.º
2006.71.00.030740-9 que tramita perante a Justiça Federal. Restou deferida liminar para sustar a
cobrança de contribuições sociais a ente imune.
12
CARRAZZA. Op. cit., 2005. p. 689-690.
6
13
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 18ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2005. p. 175. “No que concerne a esta modalidade de interferência do Estado no domínio
econômico, isto é, sua atuação empresarial (por si mesmo ou por criatura sua), uma vez que poderia
ser danosa para a “liberdade de iniciativa” – que é um dos fundamentos expressos da ordem
econômica brasileira, consoante dispõe o art. 170, caput, da Constituição – e perigosa para a “livre
concorrência” – que é um dos princípios obrigatórios de nosso sistema (art. 170, IV) -, o art. 173
tratou de balizar estritamente as possibilidades de o Estado atuar como empresário”.
7
quaisquer privilégios fiscais que não forem extensivos ao setor privado, é o que
determina o parágrafo 2º, do art. 173, da CF.
14
MELLO. Op. cit., p. 173.
8
15
“Art. 21. Compete à União:
[...]
X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”.
16
MELLO. Op. cit., p. 177.
17
MELLO. Op. cit., p. 185-186.
18
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
p. 355-356.
9
19
CARRAZZA. Op. cit., 2005. p. 698.
20
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
21
CARRAZZA, Roque Antonio. A Imunidade Tributária das Empresas Estatais Delegatárias de
Serviços Públicos: um estudo sobre a imunidade tributária da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 40.
11
Sinalou o autor que há atividades que só podem ser exploradas pelo Estado,
ou seja, pelos entes da Administração Pública direta, uma vez que a Constituição
“entendeu que elas são tão essenciais, ou dizem tão de perto com a soberania
nacional, que não convém naveguem ao sabor da livre concorrência”25. Estas
atividades são basicamente aquelas relacionadas nos arts. 21, 25, 30 e 32 da CF,
que referem-se às competências administrativas da União, Estados-membros,
Municípios e Distrito Federal, respectivamente. Logo, se uma empresa pública
prestar qualquer destes serviços ou atividades, cuja realização em princípio cabe a
um ente político, a ela devem ser extensivos os privilégios destinados àquele ente26.
22
CARRAZZA. Op. cit., 2004. p. 40.
23
Ibidem, p. 40.
24
Ibidem, p. 40-41.
25
Ibidem, p. 39.
26
Ibidem, p. 39.
12
27
CARRAZZA. Op. Cit., 2004. p. 38.
28
CARRAZZA. Op. cit., 2005. p. 699.
29
CARRAZZA. Op. Cit., 2004. p. 41.
30
Ibidem, p. 41.
13
31
CARRAZZA. Op. cit., 2005. p. 694-695.
32
Ibidem, p. p. 695.
33
Ibidem, p. 695.
34
Ibidem, p. 709.
14
35
ÁVILA. Op. cit., p. 214-215.
36
Ibidem, p. 214-215.
37
Ibidem, p. 219.
38
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2005a. p. 297.
15
O autor referido sinala que o artigo 175 da Constituição Federal dispõe que
incumbe ao Poder Público prestar os serviços públicos, sendo possível fazê-lo de
forma direta ou indireta, sob o regime da concessão ou permissão, através de
licitação. Logo, não havendo permissão ou concessão, o serviço deve ser prestado
diretamente pelo Poder Público, e a quem incumbir executar as atividades será
considerado a longa manus do Estado, neste sentido:
39
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988: sistema tributário. 9. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 324.
40
COÊLHO. Op. cit., 2005b. p. 324.
41
“Art. 21. Compete à União:
[...]
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
[...]
c ) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária”
42
COÊLHO. Op. cit., 2005b. p. 326.
16
43
TORRES. Op. cit., p. 198.
17
1969, que criou a ECT, em seu art. 1244 ter estendido a ela os privilégios
concernentes à Fazenda Pública, determinando a impenhorabilidade de seus bens.
44
BRASIL. Decreto-lei n.º 509, de 20 de março de 1969. Dispõe sobre a transformação do
Departamento dos Correios e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Brasília, DF.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0509.htm>. Acesso em: 15 set.
2006. “Art. 12 - A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos
destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a
imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no
concernente a foro, prazos e custas processuais”.
45
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 220906/DF. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Ismar José da Costa. Relator: Ministro Maurício Corrêa. Brasília, 14 de novembro de 2002.
Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 225011/MG. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
18
Recorrido: Cláudio Rodrigues dos Santos. Relator: Ministro Marco Aurélio. Brasília, 19 de dezembro
de 2002. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 229696/PE. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Edgar Henrique da Silva. Relator: Ministro Ilmar Galvão. Brasília, 19 de dezembro de
2002. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2006; respectivamente.
46
Fundamentação dos Recursos Extraordinários 220.906, 225.011 e 229.696 anteriormente citados.
19
47
Fundamentação dos Recursos Extraordinários 220.906, 225.011 e 229.696 anteriormente citados.
20
econômica em regime de concorrência com o setor privado, não incidindo essa regra
nas hipóteses em que a empresa pública se destinar à prestação de serviço público
reservado à União, como seria exatamente o caso da ECT.
48
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 407099/RS. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Marcelo Guimarães da Silva e outro. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 6 de agosto
de 2004. Disponível em <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 set. 2006.
21
Por fim, consta do voto que a questão fundamental é que a empresa pública
é imune, por força do artigo 150, VI, a, da CF, independentemente da discussão
acerca da recepção do Decreto-Lei n.º 509 pela Constituição Federal de 1988.
49
Da mesma decisão da nota n.º 48.
50
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 354897/RS. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Município de Montenegro. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 3 de setembro de
2004. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 set. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 407099/SC. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Município de Imbituba. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 10 de setembro de 2004.
Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 set. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 398630/SP. Recorrente: Empresa Pública de Correios e Telégrafos - ECT.
Recorrido: Município de Estrela d”Oeste. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 17 de setembro de
2004. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 set. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Recurso
Extraordinário n.º 364202; respectivamente.
51
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Imunidade tributária recíproca – empresa pública. Agravo
regimental n.º 357291/PR. Agravante: Estado do Paraná. Agravado: Empresa Pública de Correios e
Telégrafos - ECT. Relator: Ministro Cezar Peluso. Brasília, 2 de junho de 2006. Disponível em:
<http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 26 set. 2006.
22
3 CONCLUSÃO